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7/24/2019 A Idia de Justia - Parte 1 Para Entender Aula Do Odir
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A Idia de Justia
A complexidade e abrangncia dos temas abordados pela filosofiacondicionam a dificuldade de dar solues definitivas para osproblemas que suscita; sua preocupao parece ser muito maislevantar questes e refletir sobre elas, do que dar solues acabadas.
Em nosso tempo, a grande preocupao da filosofia com a liberdadeleva a que a filosofia do direito proponha a questo da possibilidadeda liberdade no contexto social. A liberdade e a igualdade so idias,que, desde !ant, fundamentam o conceito de "ustia. Essa idia de
"ustia pretende efetivar#se, dialeticamente, isto , acompanhando odesenvolvimento material e espiritual da humanidade. o que !antpretendeu foi delinear o ideal do direito, para uniformi$ar qualquerlegislao que quisesse ser considerada "usta, ainda que se saiba quenenhuma legislao conhecida tenha alcanado esse ideal.
A idia de "ustia corresponde a momentos de penetrao do %&ogos'na sociedade pol(tica; assim, pertinente que a acompanhemos emsua tra"et)ria hist)rica.
*esde a +rcia clssica, a idia de igualdade apareceu como oprincipal subs(dio da idia de "ustia. -onsequentemente,recorreremos a alguns textos importantes que se reportaram "ustiacomo igualdade.
/# A "ustia, na +rcia pr#socrtica, era vista como ordem natural aque o homem deveria submeter#se; a in"ustia seria a inverso daordem pela sub"etividade ou particularidade do indiv(duo que sepretende, como em 0rotgoras, %a medida de todas as coisas' e
capa$, portanto, de "ulgar essa ordem; na medida em que a ordemnatural pass(vel de "ulgamento, ela deixa de ser %medidatranscedental' do homem; sendo a "ustia %a' medida 1limite2 impostaao homem, "ulg#la ou dela discordar desmedida, orgulho quedesencadeia contra os homens %a ira dos deuses'. *a( nasce atragdia, o castigo o homem rompe com a ordem e, portanto, com osdeuses # a in"ustia que origina o trgico.
3# 4)crates "ulgando o %nomos'da cidade, rompeu a ordem da polis,dando lugar a uma nova ordem que seria# proposta por 0lato. o
pensamento plat5nico introdu$iu a idia de "ustia como igualdade,
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voltada para e comprometida com a realidade'.19egel, +rundlinien der0hilosophie des =echts, 9amburg, ?elix @einer, /BB,p./C2.
D# Arist)teles p5s o conceito de felicidade como o ponto central de suatica. > homem deve atingir a eudemonia 1a felicidade6 principalfundamento da vida moral2; como se pode ver, existe forte vinculaoentre o conceito de "ustia plat5nico e a eudemonia aristotlica; almdisso, Arist)teles tambm considerou a "ustia uma virtude 1nostornamos "ustos agindo com "ustia2, embora com bastante diferenado conceito plat5nico.
*iscordou de 0lato quanto "ustia ser uma idia ontologicamentetranscendente 1ra$o te)rica2, mas concordou quanto a ela ser umavirtude 1ra$o prtica2 que deve ser exercitada no plano pol(tico;
procurou, a(, a base de uma vinculao entre tica e pol(tica. A "ustia para Arist)teles um dos bens que ele chamou de virtudes, vistascomo qualidades.
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A idia de igualdade aparece, no plano ontol)gico, como parteintegrante de qualquer ato moral em geral, isto , como elementoconstituidor da virtude; sendo a "ustia uma virtude, a igualdade estpresente na pr)pria constituio do ato "usto6 a igualdade que define
a virtude da "ustia; se a ao inclui outro ser humano, a ao, paraser "usta, deve respeitar a igualdade entre o su"eito que age e o quesofre a ao.
Arist)teles descreveu dois tipos de "ustia6 a universal, que aobservGncia da lei 1virtude universal2 e a particular, que o hbito dereali$ar a igualdade 1virtude particular2.
A "ustia uma virtude que s) pode ser praticada em relao ao outro,conscientemente, para chegar igualdade, ou observGncia das leis,
tendo como fim :ltimo o bem comum, ou se"a a felicidade da polis.> conceito aristotlico de "ustia se compe de cinco elementosestruturais6 o outro, a conscincia do ato, a conformidade com a lei, obem comum e a igualdade6
/# > >utro # " acentuamos que a "ustia a :nica virtude que s) praticada em relao ao outro. Essa a alteridade 1refere#se a outrosseres distintos do su"eito agente2 da "ustia, que a fa$ ser a maior dasvirtudes, a virtude perfeita, pois, como disse Arist)teles, %o que a
possui pode execut#la em relao com o outro e no s) consigomesmo' 1tica a
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e condu$ igualdade "ur(dica formal, que encontraremos mais tardeno Estado romano. 0ara o estagirita, "usto o que observa a lei e aigualdade, isto , o que conforme a lei e a equidade; para ele, "ustiae equidade no se distinguem e parece que ele no distingue o
equitativo da lei natural, uma ve$ que ditado pela ra$o # a ra$o,para Arist)teles, a pr)pria forma da nature$a humana. Husto o que conforme a lei e a equidade # a lei e a equidade procuram reali$ar aessncia da "ustia # a igualdade.
D# > Iem -omum # o bem comum alcanado na pol(tica; o bemsupremo, a felicidade na comunidade, se d com a reali$ao do bempol(tico, que a "ustia # %aos iguais deve corresponder sempre algoigual' 10ol(tica2. Assim se expressou Arist)teles6 %..."usto o quebeneficia a comunidade'1tica a
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nature$a um escravo'. 1grifo nosso2. -omo se v, a "ustia distributivafica bastante vaga, a partir das diferenas que Arist)teles afirmavaexistir entre os homens, dificultando inclusive, a determinao do que "usto em cada caso. Esse problema foi resolvido por !ant, que
sustentou ser a liberdade dado essencial e %a priori' de todo serracional.
B# > estoicismo foi o pensamento filos)fico caracter(stico do Jmprio=omano; as condies de vida no Jmprio, suas conquistas dediferentes povos, a viso dos indiv(duos como que isolados no imensoterrit)rio romano, levaram a um desenvolvimento do conceito de
"ustia como igualdade de todos perante a lei. Esse individualismoalienado da comunidade levou a que o estoicismo, para recuperar aunidade perdida com a dissoluo do mundo tico grego, ensinasse a
insero na ordem c)smica e a obedincia sua lei universal # seguira ra$o seguir o universal e, no , desenvolver pensamentosindividuais isolados. Jnspirando#se no %logos' 1a ra$o2 de 9erclito,afirmaram ser ela 1a ra$o2, a pr)pria ordem que existe em toda arealidade. erdadeiro e bom aquilo que nos indica a ra$o6 aindaque o indiv(duo no se"a livre, poder s#lo no pensamento. Essaforma de pensar inspirou o direito romano a considerar a escravidocomo anti#natural.
A liberdade apenas em pensamento abstrata e torna as pessoas
iguais, tambm abstratamente, como pessoas do direito, iguaisperante a lei. A "ustia ser a f)rmula abstrata que fa$ a lei tratar atodos com igualdade. > "usto ser submeter#se lei natural, retara$o 1recta ractio2 que existe em todos os homens e que a vontadede *eus # esse *eus impessoal 1diferente do deus cristo e dodemiurgo de 0lato, que interferem com a ordem2, um princ(pio queanima a matria 1como o %logus'em 9erclito2; cada ser humano uma centelha da ra$o c)smica e, portanto, todos so iguais. *eve#sedar a cada um o que lhe devido, conforme definido pela lei 1natural
ou positiva2 e no, como em 0lato, de acordo com a idia de "ustia.-omo vemos, nesse tema, os estoicos seguiram Arist)teles e no0lato.
0ara -(cero, em %As &eis', a %lei natural a reta ra$o, conforme anature$a, gravada em todos coraes, imutvel, eterna' que deve seaplicar a todos os povos em todas as pocas e que determina o ob"etoda "ustia, que, tambm para -(cero, manda %dar a cada um o que seu'.
C# Embora, quanto s leis e ao direito, 4anto Agostinho tenhaconcordado com -(cero e com o pensamento est)ico, confrontou#se
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com o problema de adaptar tais idias crena na existncia de um*eus pessoal e criador; todos os homens so iguais porque todos sofilhos de *eus # eis a "ustia divina. @as eles sero tratadosdesigualmente, de acordo com seu mrito, que consiste na
observGncia da lei divina 1lex aeterna2, da lei natural 1lex naturalis2 e,depois, da lei dos homens 1lex humana2.
> supremo ato de "ustia do homem ser a submisso lei de *eus,seu criador e senhor, a quem devemos submisso; o homem s) podeesperar de *eus a graa, que gratuita, porque *eus nada lhe deve.
A igualdade absoluta e, portanto, a "ustia perfeita, s) existe na-idade de *eus 1reino do intelig(vel2 # ante *eus, todo homem servo. A -idade dos 9omens 1reino do sens(vel2, tem que se submeter
-idade de *eus # sua finalidade apenas a pa$ temporria,enquanto que a -idade de *eus ob"etiva a pa$ eterna, *eus.
> homem deve ser ordenado para alcanar seu fim :ltimo; se algumsubverter essa ordem dever ser punido, para conter sua maldade. Aservido explicada como expiao dos pecados. A servido nascedo pecado 1por ex., da guerra2 e vista como expiao do pecado #sendo assim, o escravo no deve se revoltar, embora 4anto Agostinhoressalte em A -idade de *eus que, %por nature$a, tal como *eus, noprinc(pio, criou o homem, ningum escravo do homem, nem do
pecado'.
Kambm para 4anto Agostinho "ustia dar a cada um o que seu, deacordo com a hierarquia da ordem natural criada por *eus6 o corpodeve submeter#se alma, a alma a *eus e as paixes ra$o.
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0ara alcanar seu fim individual o homem tem que se valer dos outrose visar o bem comum, que o fim :ltimo do homem no mundo e ara$o de ser do direito; tal fim orienta para6 a perfeio do homem; obem comum; a orientao :ltima para *eus, que fim transcendente
e felicidade perfeita # o bem que, como em Arist)teles, a reali$aoperfeita da nature$a 1essncia2 do ser.
4anto Koms distingue a alteridade e a igualdade, como os doiselementos da "ustia, ou de seu ob"eto, o direito6 o homem devereali$ar sua procura por *eus, com os outros, que, igualmente,alme"am a perfeio.