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A IGREJA MEDIEVAL A IGREJA MEDIEVAL RAYNOR, Henry. RAYNOR, Henry. História social da História social da música. Rio de Janeiro, Ed. música. Rio de Janeiro, Ed. Zahar, 1981, pp: 26-33 Zahar, 1981, pp: 26-33

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A IGREJA MEDIEVALA IGREJA MEDIEVAL

RAYNOR, Henry. RAYNOR, Henry. História social da História social da música. Rio de Janeiro, Ed. Zahar, música. Rio de Janeiro, Ed. Zahar,

1981, pp: 26-331981, pp: 26-33

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Qualquer história da música nos Qualquer história da música nos primeiros dias da Europa cristã primeiros dias da Europa cristã começa inevitavelmente com a igreja começa inevitavelmente com a igreja pois só esta oferece dados pois só esta oferece dados verificáveis em registros precisos. verificáveis em registros precisos.

A música como elemento do culto, A música como elemento do culto, ocupando lugar indispensável no ocupando lugar indispensável no ritual, tem de ser cantada ritual, tem de ser cantada corretamente. corretamente.

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Métodos de notação tiveram de ser inventados e Métodos de notação tiveram de ser inventados e aperfeiçoados para ajudar a memória dos músicos, de aperfeiçoados para ajudar a memória dos músicos, de modo que a história da evolução da notação ocidental modo que a história da evolução da notação ocidental é a história dos esforços de musicistas eclesiásticos no é a história dos esforços de musicistas eclesiásticos no sentido de assegurar o rigor do ritual. sentido de assegurar o rigor do ritual.

Ao mesmo tempo, só a Igreja possuía os recursos e Ao mesmo tempo, só a Igreja possuía os recursos e meios intelectuais para o ensino que possibilitou não meios intelectuais para o ensino que possibilitou não apenas a notação de melodias, mas também a apenas a notação de melodias, mas também a codificação de técnicas e algumas normas dos estilos. codificação de técnicas e algumas normas dos estilos.

Os registros, disponíveis para o nosso estudo, vêm da Os registros, disponíveis para o nosso estudo, vêm da Igreja, porque dificilmente se encontram fora dela Igreja, porque dificilmente se encontram fora dela dados escritos, até mesmo de coisas de importância dados escritos, até mesmo de coisas de importância prática mais imediata que a música. prática mais imediata que a música.

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É provável que por volta do ano 1000 a música É provável que por volta do ano 1000 a música secular começasse a exercer poderosa influência na secular começasse a exercer poderosa influência na evolução da música religiosa; o novo interesse dos evolução da música religiosa; o novo interesse dos músicos de igreja por instrumentos pertencentes â músicos de igreja por instrumentos pertencentes â música secular e por ritmos ligeiros de dança música secular e por ritmos ligeiros de dança parecia sugerir uma brecha no muro que manteve a parecia sugerir uma brecha no muro que manteve a música secular afastada dos propósitos do culto. música secular afastada dos propósitos do culto.

Mas qualquer coisa que desejemos afirmar sobre as Mas qualquer coisa que desejemos afirmar sobre as técnicas e estilos da música secular em fins da técnicas e estilos da música secular em fins da Idade Média só pode ser por inferência de fatos na Idade Média só pode ser por inferência de fatos na música codificada e registrada da Igreja. música codificada e registrada da Igreja.

Originariamente a música era de utilidade para fixar Originariamente a música era de utilidade para fixar os ritmos em que se devia trabalhar, e para os ritmos em que se devia trabalhar, e para embelezar os ritmos de danças que eram embelezar os ritmos de danças que eram obrigações rituais mais que meros prazeres sociais. obrigações rituais mais que meros prazeres sociais.

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A Igreja cristã utilizou a música, como o culto A Igreja cristã utilizou a música, como o culto pagão o fizera, para fins de uma atmosfera pagão o fizera, para fins de uma atmosfera extraterrena que ela podia criar, e para extraterrena que ela podia criar, e para afastar o afastar o culto do reino da experiência e sentimento culto do reino da experiência e sentimento subjetivos pessoais.subjetivos pessoais.

O canto da Igreja católica devia ser a voz da Igreja, O canto da Igreja católica devia ser a voz da Igreja, e não a de algum crente individual: a recitação de e não a de algum crente individual: a recitação de rezas, lições, epístolas e evangelhos, com suas rezas, lições, epístolas e evangelhos, com suas fórmulas de entonação para assinalar a pontuação, fórmulas de entonação para assinalar a pontuação, como os cantos de salmos ou a austera alternância como os cantos de salmos ou a austera alternância da participação da congregação na Missa, tinham da participação da congregação na Missa, tinham por fim dar objetividade às palavras que podiam por fim dar objetividade às palavras que podiam muito facilmente cair no sentimento pessoal muito facilmente cair no sentimento pessoal subjetivo. subjetivo.

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Tão logo a música foi admitida como uma Tão logo a música foi admitida como uma utilidade, começou a reivindicar utilidade, começou a reivindicar independência. independência.

De modo bastante natural o cantochão da De modo bastante natural o cantochão da Igreja revelou as suas próprias Igreja revelou as suas próprias subjetividades, o seu devocionismo subjetividades, o seu devocionismo romântico. romântico.

O hino, poema métrico, só podia convidar o O hino, poema métrico, só podia convidar o seu poeta a exprimir-se liricamente e a seu poeta a exprimir-se liricamente e a estimular a música lírica do compositor estimular a música lírica do compositor incumbido de fazê-Ia. incumbido de fazê-Ia.

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A magnificente A magnificente Vexilla regis prodeunt Vexilla regis prodeunt do final da do final da Quaresma, cuja melodía flui como os estandartes Quaresma, cuja melodía flui como os estandartes que ela descreve, data de fins do século VI, época que ela descreve, data de fins do século VI, época em que o papa Gregório, o Grande, organizava e em que o papa Gregório, o Grande, organizava e racionalizava a música oficial da Igreja. racionalizava a música oficial da Igreja.

Se legítimos acréscimos à liturgia possibilitaram a Se legítimos acréscimos à liturgia possibilitaram a expansão da sua música, essas expansões por expansão da sua música, essas expansões por sua vez levaram à elaboração de simples cantos, sua vez levaram à elaboração de simples cantos, sobretudo na música da missa, com tropos, sobretudo na música da missa, com tropos, melismas elaboradamente decorativos que os melismas elaboradamente decorativos que os aumentavam às vezes a mais que o dobro da aumentavam às vezes a mais que o dobro da extensão original. extensão original.

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Por vezes os tropos recebiam Por vezes os tropos recebiam palavras próprias que se ajustavam palavras próprias que se ajustavam como parênteses no texto, talvez como parênteses no texto, talvez para ajudar os cantores a manter para ajudar os cantores a manter unanimidade nas execuções. unanimidade nas execuções.

O processo de expansão foi O processo de expansão foi acelerado pela estabilização da acelerado pela estabilização da liturgia por toda a Europa após a liturgia por toda a Europa após a criação de um governo central por criação de um governo central por Carlos Magno. Carlos Magno.

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O governo do Sacro Império Romano, O governo do Sacro Império Romano, embora sempre um mito conveniente, embora sempre um mito conveniente, meio político e meio religioso, dava meio político e meio religioso, dava ênfase à posição central do papado e ênfase à posição central do papado e assuntos romanos da vida religiosa assuntos romanos da vida religiosa européia. européia.

Continuaram a existir vários desvios Continuaram a existir vários desvios locais quanto ao ritual romano, e alguns locais quanto ao ritual romano, e alguns deles diferiam consideravelmente. deles diferiam consideravelmente.

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O padrão da missa romana tornou-se O padrão da missa romana tornou-se virtualmente o modelo da Europa. virtualmente o modelo da Europa.

O invariável Comum da Missa, repetido em O invariável Comum da Missa, repetido em toda celebração, daí por diante consistiu toda celebração, daí por diante consistiu para o músico no para o músico no Kyrie, Gloria, Credo, Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus, Benedictus e Agnus Dei, Sanctus, Benedictus e Agnus Dei, nos dias nos dias comuns e, durante a Quaresma e o comuns e, durante a Quaresma e o Advento, o Advento, o GloriaGloria e o Credo e o Credo eram eram omitidos. omitidos.

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Do ponto de vista musical, o "Próprio" da missa, Do ponto de vista musical, o "Próprio" da missa, escolhido para celebrar as festas eclesiásticas ou dias escolhido para celebrar as festas eclesiásticas ou dias santificados consistia no:santificados consistia no:

INTRÓITOINTRÓITO – uma antífona, salmo que veio a ser – uma antífona, salmo que veio a ser representado por um único verso, o representado por um único verso, o Gloria Patris Gloria Patris e e uma repetição da antífona – o uma repetição da antífona – o GRADUALGRADUAL, uma , uma antífona e verso de salmo cantado entre a Epístola e antífona e verso de salmo cantado entre a Epístola e o Evangelho, o o Evangelho, o OFERTÓRIOOFERTÓRIO, uma antífona cantada , uma antífona cantada enquanto o pão e o vinho eram preparados para enquanto o pão e o vinho eram preparados para consagração, e a consagração, e a COMUNHÃOCOMUNHÃO, cantada à medida , cantada à medida que o celebrante (e talvez o público) recebia os que o celebrante (e talvez o público) recebia os elementos consagrados. elementos consagrados.

Talvez seja possível explicar a evolução do tropo Talvez seja possível explicar a evolução do tropo mediante algo mais tangível que o fato óbvio de que mediante algo mais tangível que o fato óbvio de que os músicos nunca sejam facilmente impedidos de os músicos nunca sejam facilmente impedidos de utilizar plenamente os materiais a seu dispor. utilizar plenamente os materiais a seu dispor.

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Era possível que os primeiros cantos Era possível que os primeiros cantos sem tropos deixassem eventuais sem tropos deixassem eventuais vazios na celebração da liturgia. vazios na celebração da liturgia.

O Intróito e o O Intróito e o Kyrie Kyrie são cantados pelo são cantados pelo coro enquanto o celebrante e seus coro enquanto o celebrante e seus coadjuvantes dizem as preces coadjuvantes dizem as preces preparatórias ao pé dos degraus do preparatórias ao pé dos degraus do altar. altar.

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Os materiais disponíveis aos homens Os materiais disponíveis aos homens responsáveis pelo canto correto da liturgia é que responsáveis pelo canto correto da liturgia é que possibilitaram tudo o mais a partir da evolução possibilitaram tudo o mais a partir da evolução dos tropos, sua aplicação â música de livros dos tropos, sua aplicação â música de livros especiais e fatos litúrgicos como os codificados especiais e fatos litúrgicos como os codificados no no Processionale Processionale e outros serviços religiosos. e outros serviços religiosos.

Os mesmos materiais tornaram inevitável o Os mesmos materiais tornaram inevitável o aparecimento de certa forma de harmonia e aparecimento de certa forma de harmonia e possibilitaram os inícios da polifonia. possibilitaram os inícios da polifonia.

Tudo isso dependeu de uma organização musical Tudo isso dependeu de uma organização musical que evoluiu durante o século VII nos centros que evoluiu durante o século VII nos centros cristãos e que era comum por toda a Europa em cristãos e que era comum por toda a Europa em fins do século X. fins do século X.

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A missa e os ofícios diários nas igrejas A missa e os ofícios diários nas igrejas monásticas, nas igrejas colegiadas e nas monásticas, nas igrejas colegiadas e nas catedrais eram invariavelmente cantados. catedrais eram invariavelmente cantados.

Nas catedrais e igrejas colegiadas era dever Nas catedrais e igrejas colegiadas era dever dos cônegos ou seus vigários – os dos cônegos ou seus vigários – os substitutos clericais então empregados para substitutos clericais então empregados para atender às funções dos cônegos no coro atender às funções dos cônegos no coro enquanto eles se ocupavam de outras enquanto eles se ocupavam de outras tarefas que iam desde o cuidado paroquial tarefas que iam desde o cuidado paroquial até os deveres administrativos ou políticos até os deveres administrativos ou políticos na corte de um senhor feudal ou mesmo de na corte de um senhor feudal ou mesmo de um rei. um rei.

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Cada cônego era obrigado a servir na sua Cada cônego era obrigado a servir na sua catedral, ser "residente", por certo tempo catedral, ser "residente", por certo tempo num ano, e nesse período o vigário era seu num ano, e nesse período o vigário era seu empregado doméstico. empregado doméstico.

Embora os vigários tivessem de tomar Embora os vigários tivessem de tomar ordens sacerdotais, às vezes diáconos e ordens sacerdotais, às vezes diáconos e subdiáconos tinham permissão de integrar subdiáconos tinham permissão de integrar o Colégio de Vigários na catedral e, em fins o Colégio de Vigários na catedral e, em fins da Idade Média, quando o canto dos da Idade Média, quando o canto dos serviços era tarefa de músicos serviços era tarefa de músicos especialistas, admitiam-se "vigários leigos" especialistas, admitiam-se "vigários leigos" ou “cantores”.ou “cantores”.

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A mais antiga organizaçao musical de que A mais antiga organizaçao musical de que possuímos uma história ininterrupta é o Coro possuímos uma história ininterrupta é o Coro Papal, cujos integrantes eram cantores Papal, cujos integrantes eram cantores preparados na Spreparados na Scholla Cantorum cholla Cantorum Romana que Romana que assumiu a sua forma definitiva durante o papa assumiu a sua forma definitiva durante o papa Greregório, o Grande, que durou de 590 a 604. Greregório, o Grande, que durou de 590 a 604.

A sua história recua pela tradição ao pontificado A sua história recua pela tradição ao pontificado de são Silvestre, entre 314 e 335, mas sem de são Silvestre, entre 314 e 335, mas sem dúvida existia e foi aparentemente reorganizada dúvida existia e foi aparentemente reorganizada durante o pontificado de Santo Hilário, de 461 a durante o pontificado de Santo Hilário, de 461 a 468. 468.

Após a destruição da Abadia de São Benedito de Após a destruição da Abadia de São Benedito de Monte Cassino, a comunidade beneditina fugiu Monte Cassino, a comunidade beneditina fugiu para Roma em 580 e inaugurou seminários para Roma em 580 e inaugurou seminários próximos à Igreja de São João Latrão. próximos à Igreja de São João Latrão.

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Tendo reformado e codificado o canto cristão, Gregório, Tendo reformado e codificado o canto cristão, Gregório, o Grande, confiou-lhes a administração da o Grande, confiou-lhes a administração da Schola Schola Cantorum, Cantorum, e o dever dos beneditinos era manter e e o dever dos beneditinos era manter e ensinar o canto autêntico como Gregório o estabelecera. ensinar o canto autêntico como Gregório o estabelecera.

A A Schola Cantorum Schola Cantorum forneceu tutores a toda a Europa, forneceu tutores a toda a Europa, cujo dever era cuidar não só de manter o elevado cujo dever era cuidar não só de manter o elevado padrão da execução, mas também assegurar que só padrão da execução, mas também assegurar que só fosse cantado o canto reformado e não as músicas fosse cantado o canto reformado e não as músicas tradicionais locais ou variantes da nova música. tradicionais locais ou variantes da nova música.

A autenticidade longe de Roma, porém, durava A autenticidade longe de Roma, porém, durava enquanto permaneciam claras na memória as lições enquanto permaneciam claras na memória as lições obtidas em Roma, pois a vagueza das notações obtidas em Roma, pois a vagueza das notações mediante mediante neumasneumas significava que a música não podia significava que a música não podia ser escrita com suficiente clareza para ser mantida com ser escrita com suficiente clareza para ser mantida com rigor, e a música memorizada é freqüentemente rigor, e a música memorizada é freqüentemente modificada pelos gostos e pelas tradições de cantores modificada pelos gostos e pelas tradições de cantores individuais. individuais.

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Era tal o prestígio do coro romano e da Era tal o prestígio do coro romano e da Scholla Scholla Cantorum Cantorum de onde ele era recrutado que em 650 de onde ele era recrutado que em 650 o abade Benedito de Wearmouth mandou buscar o abade Benedito de Wearmouth mandou buscar em Roma um cantor que "ensinasse durante um em Roma um cantor que "ensinasse durante um ano em seu mosteiro o sistema de canto tal como ano em seu mosteiro o sistema de canto tal como praticado na Catedral de São Pedro em Roma". praticado na Catedral de São Pedro em Roma".

Menos de um século depois, no Concílio de Menos de um século depois, no Concílio de Cloveshoe, a Igreja na Inglaterra tornou Cloveshoe, a Igreja na Inglaterra tornou compulsório o uso do canto romano em todo o compulsório o uso do canto romano em todo o país. país.

Evidentemente, encarregado do dever de manter Evidentemente, encarregado do dever de manter a pureza absoluta do cantochão romano, o coro a pureza absoluta do cantochão romano, o coro papal tomou-se o mais conservador dos papal tomou-se o mais conservador dos organismos para o qual por muito tempo toda organismos para o qual por muito tempo toda inovação era anátema [inovação era anátema [excomunhãoexcomunhão]. ].

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No entanto, primeiro os mosteiros e No entanto, primeiro os mosteiros e depois as catedrais, criaram a depois as catedrais, criaram a organização que tomou inevitável organização que tomou inevitável novos fatos. novos fatos.

Os mosteiros eram, desde o início, Os mosteiros eram, desde o início, centros educacionais. centros educacionais.

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Tinham o dever de ensinar aos seus recrutas, muitos dos Tinham o dever de ensinar aos seus recrutas, muitos dos quais eram meninos de voz vigorosa e que deviam cantar quais eram meninos de voz vigorosa e que deviam cantar nas missas e ofícios diários.nas missas e ofícios diários.

A complicada música dos tropos estendia-se muitas vezes A complicada música dos tropos estendia-se muitas vezes além da gama que impossibilitava cantar em uníssono a além da gama que impossibilitava cantar em uníssono a oitava com os homens, de modo que os meninos cujas oitava com os homens, de modo que os meninos cujas vozes não podiam atingir as notas mais altas ou mais vozes não podiam atingir as notas mais altas ou mais baixas eram levados quase ao acaso a uma tonalidade baixas eram levados quase ao acaso a uma tonalidade harmônica – ao acaso porque as notas fora da gama de harmônica – ao acaso porque as notas fora da gama de certos cantores não eram necessariamente parte de certos cantores não eram necessariamente parte de qualquer cadência a que certo grau de harmonização seja qualquer cadência a que certo grau de harmonização seja lógica aos nossos ouvidos. lógica aos nossos ouvidos.

Mas parece ter sido o efeito arbitrário de coros vocais Mas parece ter sido o efeito arbitrário de coros vocais mistos de meninos e adultos forçados a executar a mistos de meninos e adultos forçados a executar a complicada música o que criou o desejo de harmonia que complicada música o que criou o desejo de harmonia que veio a dar no veio a dar no órgano, faux bourdon órgano, faux bourdon [[falso bordãofalso bordão]] e outras e outras formas primitivas de harmonia. formas primitivas de harmonia.

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O enriquecimento da música litúrgica O enriquecimento da música litúrgica nos mosteiros difundiu-se às nos mosteiros difundiu-se às catedrais e igrejas colegiais, a muitas catedrais e igrejas colegiais, a muitas das quais se juntaram escolas de das quais se juntaram escolas de canto por considerável tempo. canto por considerável tempo.

Essas escolas viram-se no dever de Essas escolas viram-se no dever de ensinar. ensinar.

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Isso por sua vez implicava o ensino da música, Isso por sua vez implicava o ensino da música, pois em 1003 a pois em 1003 a Patrologia Latina Patrologia Latina [[escritos de escritos de padrespadres] declarava que "em toda escola deve ] declarava que "em toda escola deve haver meninos para cantar, e eles devem ser haver meninos para cantar, e eles devem ser separados e educados na escola de canto". separados e educados na escola de canto".

A escola de canto existia para preparar A escola de canto existia para preparar meninos em música antes de examinar até meninos em música antes de examinar até que ponto e de que modo dar-lhes educação que ponto e de que modo dar-lhes educação geral. geral.

A A Thomasschule Thomasschule de Leipzig dava ensino a de Leipzig dava ensino a meninos pobres dotados de boas vozes que meninos pobres dotados de boas vozes que pudessem ser instruídos para participar da pudessem ser instruídos para participar da música litúrgica. música litúrgica.

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Os meninos dessa escola Os meninos dessa escola cooperavam nos funerais e nas cooperavam nos funerais e nas procissões para levantamento de procissões para levantamento de verbas na cidade; verbas na cidade;

Eram pensionistas e os seus prédios Eram pensionistas e os seus prédios de moradia começaram em 1254, de moradia começaram em 1254, embora suas salas de aula embora suas salas de aula continuassem a ser nos edifícios da continuassem a ser nos edifícios da catedral. catedral.

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A medida que Leipzig crescia, a A medida que Leipzig crescia, a Thomasschule Thomasschule via-se forçada a via-se forçada a desempenhar dupla função: escola de desempenhar dupla função: escola de canto para meninos pobres, que canto para meninos pobres, que continuavam internos, e escola elementar continuavam internos, e escola elementar para os filhos dos comerciantes da cidade, para os filhos dos comerciantes da cidade, que eram externos. que eram externos.

Desse modo, em fins do século X o preparo Desse modo, em fins do século X o preparo musical de meninos convertera-se numa musical de meninos convertera-se numa necessidade litúrgica e as escolas de canto necessidade litúrgica e as escolas de canto tornaram-se uma forma de educação que tornaram-se uma forma de educação que era em geral o primeiro passo para o era em geral o primeiro passo para o eventual preparo ao sacerdócio. eventual preparo ao sacerdócio.

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A música dos compositores de Notre Dame A música dos compositores de Notre Dame pressupõe a presença de vozes vigorosas no pressupõe a presença de vozes vigorosas no coro, assim como o livro coral de Worchester e os coro, assim como o livro coral de Worchester e os livros corais de várias catedrais espanholas.livros corais de várias catedrais espanholas.

O ensino da música era ainda em quase sua O ensino da música era ainda em quase sua totalidade um ensino decorado; havia já totalidade um ensino decorado; havia já aperfeiçoamento na notação musical realizado aperfeiçoamento na notação musical realizado por Hucbaldo, Guido d'Arezzo e Notker Balbulus, por Hucbaldo, Guido d'Arezzo e Notker Balbulus, o que permitia grafar rigorosamente o cantochão o que permitia grafar rigorosamente o cantochão em papel, mas os livros eram ainda caros e raros, em papel, mas os livros eram ainda caros e raros, de modo que o livro do coro era o mais das vezes de modo que o livro do coro era o mais das vezes um livro de referência, para o chantre que um livro de referência, para o chantre que preparava o coro;preparava o coro;

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A iconografia dos coros medievais mostra A iconografia dos coros medievais mostra os cantores aglomerados em torno de uma os cantores aglomerados em torno de uma estante sustentando um gigantesco livro estante sustentando um gigantesco livro de coro para o qual o dirigente aponta, de coro para o qual o dirigente aponta, aparentemente levando as suas forças aparentemente levando as suas forças através de uma obra nota por nota. através de uma obra nota por nota.

Em maioria, as escolas de canto Em maioria, as escolas de canto continuaram pequenas instituições continuaram pequenas instituições especializadas onde pouco mais além de especializadas onde pouco mais além de música se ensinava. música se ensinava.

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A organização e os métodos dessas A organização e os métodos dessas escolas variavam pouquíssimo pela escolas variavam pouquíssimo pela Europa. Europa.

Um precentor [Um precentor [o cantor encarregado da o cantor encarregado da organização dos cantos litúrgicos numa organização dos cantos litúrgicos numa igrejaigreja] encarregava-se da música litúrgica, ] encarregava-se da música litúrgica, e um chantre preparava os músicos; e um chantre preparava os músicos;

O chanceler da catedral, originariamente o O chanceler da catedral, originariamente o diretor da escola, em geral designava um diretor da escola, em geral designava um reitor ou diretor como chefe disciplinar e reitor ou diretor como chefe disciplinar e da organização. da organização.

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A princípio, os meninos moravam com os A princípio, os meninos moravam com os cônegos e os serviam como criados, à cônegos e os serviam como criados, à semelhança dos vigários adultos, semelhança dos vigários adultos,

Mas a adoção mais ou menos universal do Mas a adoção mais ou menos universal do sistema colegial salvou-os disso e foram sistema colegial salvou-os disso e foram transferidos para seus próprios colégios ou transferidos para seus próprios colégios ou pensionatos sob a direção do pensionatos sob a direção do chantrechantre. .

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Durante toda a Idade Média a Durante toda a Idade Média a educação extramusical educação extramusical proporcionada a eles melhorou até proporcionada a eles melhorou até atingir um ponto em que podiam atingir um ponto em que podiam matricular-se em universidades e matricular-se em universidades e freqüentá-Ias. freqüentá-Ias.

Na Idade Média não havia intenção Na Idade Média não havia intenção de criar o que um músico dos últimos de criar o que um músico dos últimos 300 anos pudesse considerar um 300 anos pudesse considerar um coro equilibrado.coro equilibrado.

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Exemplos da Inglaterra podem ser tomados como Exemplos da Inglaterra podem ser tomados como típicos de organizações corais de toda a Europa. típicos de organizações corais de toda a Europa.

York tinha, por estatuto, 36 cônegos e sete York tinha, por estatuto, 36 cônegos e sete meninos; meninos;

Wells tinha 54 cônegos e, às vezes, no máximo 12 Wells tinha 54 cônegos e, às vezes, no máximo 12 meninos; meninos;

Havia 34 cônegos em Exeter, e os estatutos de Havia 34 cônegos em Exeter, e os estatutos de 1337 exigiam 12 meninos; 1337 exigiam 12 meninos;

Lichfield,com 21 cônegos, tinha 12 meninos; Lichfield,com 21 cônegos, tinha 12 meninos; Em fins do século XV, a Catedral de São Paulo, com Em fins do século XV, a Catedral de São Paulo, com

30 vigários coristas, tinha apenas oito meninos na 30 vigários coristas, tinha apenas oito meninos na escola de canto, distintos da escola elementar de escola de canto, distintos da escola elementar de Colet. Colet.

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A função primordial do coro era cantar o A função primordial do coro era cantar o cantochão;cantochão;

Como a presença de cantores preparados Como a presença de cantores preparados estimulava os compositores a criar mais obras estimulava os compositores a criar mais obras polifônicas para festivais e serviços especiais, a polifônicas para festivais e serviços especiais, a ocasional música polifônica era dada a pequenos ocasional música polifônica era dada a pequenos grupos escolhidos de cantores com talvez apenas grupos escolhidos de cantores com talvez apenas uma voz para cada parte. uma voz para cada parte.

Em fins do século XII, o acompanhamento Em fins do século XII, o acompanhamento instrumental tornou-se mais ou menos instrumental tornou-se mais ou menos costumeiro, como o mostram as obras dos costumeiro, como o mostram as obras dos compositores de Notre Dame como Pérotin e seu compositores de Notre Dame como Pérotin e seu predecessor Léonin. predecessor Léonin.

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Os órgãos vinham-se tornando cada Os órgãos vinham-se tornando cada vez mais comuns nos últimos 200 vez mais comuns nos últimos 200 anos. anos.

Em pouco tempo esses instrumentos Em pouco tempo esses instrumentos passaram a ser partes freqüentes do passaram a ser partes freqüentes do mobiliário das catedrais. mobiliário das catedrais.

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OS MODOS OS MODOS ECLESIÁSTICOSECLESIÁSTICOS

JEPPESEN, Knud. JEPPESEN, Knud. Counterpoint. Counterpoint. New York, New York,

Prentice-Hall, INC., 1939, pp: Prentice-Hall, INC., 1939, pp: 59-8259-82

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A música do século XVI é baseada nos assim A música do século XVI é baseada nos assim chamados modos eclesiáticos;chamados modos eclesiáticos;

Um sistema que existiu na música da Um sistema que existiu na música da Europa Latina Ocidental e dominou até o Europa Latina Ocidental e dominou até o século XVII, quando a transição sub-reptícia século XVII, quando a transição sub-reptícia para o sistema maior-menor começa a para o sistema maior-menor começa a ocorrer.ocorrer.

A evidência prática mais antiga dos modos A evidência prática mais antiga dos modos eclesiásticos encontra-se nos cantos eclesiásticos encontra-se nos cantos gregorianos — aparentemente a primeira gregorianos — aparentemente a primeira arte musical produzida pela cultura arte musical produzida pela cultura ocidental.ocidental.

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Em música, como em todos os ramos da Em música, como em todos os ramos da atividade humana, a prática antecede a atividade humana, a prática antecede a teoria;teoria;

Da mesma forma que as diferentes línguas Da mesma forma que as diferentes línguas faladas não têm sua origem no faladas não têm sua origem no estabelecimento do alfabeto.estabelecimento do alfabeto.

Modos: certos princípios de organização Modos: certos princípios de organização que nos ajudam a compreender um que nos ajudam a compreender um material originalmente algo desorganizado material originalmente algo desorganizado e intratável.e intratável.

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OKTOECHOSOKTOECHOS

Princípio fundamental de organização Princípio fundamental de organização fundado num sistema de oito notas;fundado num sistema de oito notas;

Originalmente somente 4 modos eram Originalmente somente 4 modos eram realmente usados: realmente usados: protus, deuterus, protus, deuterus, tritus tritus e e tetrardus;tetrardus;

Mais tarde, cada um desses foi dividido Mais tarde, cada um desses foi dividido em duas formas: uma inferior (plagal) e em duas formas: uma inferior (plagal) e uma superior (autêntico).uma superior (autêntico).

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Apesar de terem diferentes extensões (o Apesar de terem diferentes extensões (o plagal começa na 4ª abaixo do plagal começa na 4ª abaixo do autêntico), ambos têm a mesma nota autêntico), ambos têm a mesma nota final.final.

O sistema de oito notas parece ter O sistema de oito notas parece ter surgido no tempo do Papa Gregório o surgido no tempo do Papa Gregório o Grande, entre 590 e 604;Grande, entre 590 e 604;

Aparentemente daí o nome “gregoriano”;Aparentemente daí o nome “gregoriano”; Desde então manteve a mesma forma:Desde então manteve a mesma forma:

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First Mode First Mode (authentic (authentic protus, protus, later Dorian) later Dorian)

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Second Mode (plagal Second Mode (plagal protus, protus, later later Hypodorian) Hypodorian)

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Third Modc Third Modc (authentic (authentic deuterus, deuterus, later Phrygian) later Phrygian)

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Fourth Mode (plagal Fourth Mode (plagal deuterus, deuterus, later later Hypophrygian) Hypophrygian)

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Fifth Fifth Mode (authentic Mode (authentic tritus, tritus, later later Lydian) Lydian)

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Sixth Mode (plagal Sixth Mode (plagal tritus, tritus, later later Hypolydian) Hypolydian)

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Seventh Mode (authentic Seventh Mode (authentic tetrardus, tetrardus, later Mixolydian) later Mixolydian)

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Eighth Mode (plagal Eighth Mode (plagal tetrardus, tetrardus, later later Hypomixolydian) Hypomixolydian)

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ImbroglioImbroglio ( (cf. cf. Chailley)Chailley)

Essas oito escalas receberam nomes Essas oito escalas receberam nomes emprestados das antigas escalas gregas emprestados das antigas escalas gregas — aparentemente entre os séculos IX e X, — aparentemente entre os séculos IX e X, ou até antes, em Bizâncio — mas agora ou até antes, em Bizâncio — mas agora empregadas de uma maneira diferente;empregadas de uma maneira diferente;

IDADE MÉDIA: dórico-frígio-lídio-mixolídio IDADE MÉDIA: dórico-frígio-lídio-mixolídio = 4 séries de tons = 4 séries de tons ascendentesascendentes começando do começando do DD;;

GRÉCIA ANTIGA: começavam no GRÉCIA ANTIGA: começavam no EE e eram e eram descendentesdescendentes

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ESCALA X MODOESCALA X MODO

MODO é música viva.MODO é música viva. ESCALA é uma abstração.ESCALA é uma abstração. A noção de MODO só pode ser A noção de MODO só pode ser

explicada precariamente através da explicada precariamente através da abstração das escalas;abstração das escalas;

Dos doze tons da oitava, selecionamos Dos doze tons da oitava, selecionamos as notas com as quais os nossos as notas com as quais os nossos modos modos maiormaior e e menormenor lidam; lidam;

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ESCALA X MODOESCALA X MODO

ESCALAS são meras coleções de ESCALAS são meras coleções de material da qual um modo dado material da qual um modo dado toma as notas de que precisa para toma as notas de que precisa para suas finalidades particulares;suas finalidades particulares;

MODO: soma de impulsos motívicos MODO: soma de impulsos motívicos melódicos e harmônicos relacionados melódicos e harmônicos relacionados a certas notas para certas a certas notas para certas inclinações de extensão em direção inclinações de extensão em direção ao tom principal ou final.ao tom principal ou final.

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DIFERENÇASDIFERENÇAS

O que determina o modo O que determina o modo principalmente é a maneira como principalmente é a maneira como certas notas são enfatizadas enquanto certas notas são enfatizadas enquanto outras ficam a ela subordinadas:outras ficam a ela subordinadas:

Por exemplo, o que diferencia o Por exemplo, o que diferencia o Dórico do Hipomixolídio são as Dórico do Hipomixolídio são as circunstâncias em que as notas D e A circunstâncias em que as notas D e A são enfatizadas no primeiro e as notas são enfatizadas no primeiro e as notas G e C no segundoG e C no segundo

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DIFERENÇASDIFERENÇAS

Hipodórico: A-A, evitando o B (2º Hipodórico: A-A, evitando o B (2º tom)tom)

Hipofrígio (B-B): as melodias neste Hipofrígio (B-B): as melodias neste modo quase nunca usam o B grave;modo quase nunca usam o B grave;

Para conhecer a natureza dos modos Para conhecer a natureza dos modos gregorianos é necessário gregorianos é necessário compreender as leis da condução compreender as leis da condução melódica que governam seu uso.melódica que governam seu uso.

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Pilares básicos da melodia e dos Pilares básicos da melodia e dos modos:modos:

Tônica: nota principal; também Tônica: nota principal; também “nota de resolução”;“nota de resolução”;

Dominante: nota de suspensão; nota Dominante: nota de suspensão; nota de tensão;de tensão;

Essas duas idéias são inseparáveis Essas duas idéias são inseparáveis tanto para o canto gregoriano quanto tanto para o canto gregoriano quanto para o conceito de “Modo”.para o conceito de “Modo”.

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Se ouvimos uma melodia, somos inclinados Se ouvimos uma melodia, somos inclinados a procurar nas notas graves a nota principal a procurar nas notas graves a nota principal (na qual a melodia parece repousar) e (na qual a melodia parece repousar) e prestamos menos atenção nas notas agudas;prestamos menos atenção nas notas agudas;

Provavelmente porque associamos a idéia de Provavelmente porque associamos a idéia de repouso e resolução à região grave.repouso e resolução à região grave.

Parece-nos impensável que uma melodia Parece-nos impensável que uma melodia possa terminar fora da tônica ou da tríade de possa terminar fora da tônica ou da tríade de tônica;tônica;

Sensação de incompletude...Sensação de incompletude...

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Devido a uma tradição gradualmente Devido a uma tradição gradualmente estabelecida de que a terminação na estabelecida de que a terminação na tônica tem o efeito de um sinal tônica tem o efeito de um sinal convencional que anuncia com clareza convencional que anuncia com clareza absoluta que a música chegou ao fim.absoluta que a música chegou ao fim.

Essa tradição repousa numa concepção Essa tradição repousa numa concepção de Música como uma espécie de de Música como uma espécie de desdobramento de energia;desdobramento de energia;

Explicável fisiologicamente (fala)Explicável fisiologicamente (fala)

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Modos modernos x modos Modos modernos x modos medievaismedievais

Modernos: dominante 5ª acimaModernos: dominante 5ª acima Medievais: mais livres e variados a Medievais: mais livres e variados a

esse respeitoesse respeito Exemplo: fórmulas recitativas dos Exemplo: fórmulas recitativas dos

Salmos gregorianos:Salmos gregorianos:

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Primeiro modo Primeiro modo (Protus autêntico, depois Dórico)(Protus autêntico, depois Dórico)

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Segundo modo Segundo modo (Protus plagal, depois Hipodórico)(Protus plagal, depois Hipodórico)

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Terceiro modo Terceiro modo (Deuterus autêntico, depois Frígio)(Deuterus autêntico, depois Frígio)

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Quarto modo Quarto modo (Deuterus plagal, depois Hipofrígio)(Deuterus plagal, depois Hipofrígio)

In the fourth mode, E is the tonic and A the dominant. Originally G was the dominant of this mode; In the fourth mode, E is the tonic and A the dominant. Originally G was the dominant of this mode; but it was changed at the same time as that of the preceding mode:but it was changed at the same time as that of the preceding mode:

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Quinto e sexto modosQuinto e sexto modos(Tritus autêntico, depois Lídio; (Tritus autêntico, depois Lídio; Tritus plagal, depois HipolídioTritus plagal, depois Hipolídio

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Sétimo e oitavo modos Sétimo e oitavo modos (Tetrardus autêntico, depois Mixolídio; (Tetrardus autêntico, depois Mixolídio; Tetrardus plagal, depois Hipomixolídio)Tetrardus plagal, depois Hipomixolídio)

In the seventh mode the tonic is G, the dominant D:In the seventh mode the tonic is G, the dominant D:

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ResumoResumo

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MNEMÔNICAMNEMÔNICA

Nos modos autênticos, a dominante Nos modos autênticos, a dominante é uma quinta acima da tônica; o B, é uma quinta acima da tônica; o B, no entanto, não é usado como no entanto, não é usado como dominante mas substituído pelo C;dominante mas substituído pelo C;

Nos modos plagais, a dominante é Nos modos plagais, a dominante é uma terça abaixo da dominante do uma terça abaixo da dominante do autêntico correspondente; aqui autêntico correspondente; aqui também o B é substituído pelo C. também o B é substituído pelo C.

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Elemento pentatônico implícitoElemento pentatônico implícito

Além da relação tônica-dominante, o Além da relação tônica-dominante, o salto melódico de semi-tom é salto melódico de semi-tom é evitado, ao que tudo indica, evitado, ao que tudo indica, conscientemente de duas maneiras:conscientemente de duas maneiras:

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Sem ser realmente pentatônico, o canto Sem ser realmente pentatônico, o canto gregoriano é marcado por um alto grau de gregoriano é marcado por um alto grau de sentido pentatônico;sentido pentatônico;

Reconhecível nas linguagens tonais dos Reconhecível nas linguagens tonais dos povos “exóticos” [povos “exóticos” [primitivosprimitivos], ], principalmente no Extremo Oriente* [principalmente no Extremo Oriente* [cfcf. . OxfordOxford], na música popular européia da ], na música popular européia da Escócia, Hungria e os Russo-Tártaros.Escócia, Hungria e os Russo-Tártaros.

Canto gregoriano: relação tônica-Canto gregoriano: relação tônica-dominante + “timidez pentatônica” dominante + “timidez pentatônica” (evitação dos semitons E-F e B-C)(evitação dos semitons E-F e B-C)

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Motivos melódicos característicos Motivos melódicos característicos dos modos (apesar das exceções)dos modos (apesar das exceções)

Primeiro modo:Primeiro modo:

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ConclusãoConclusão Há vários caminhos para se chegar da Há vários caminhos para se chegar da

dominante à tônica e é preciso penetrar dominante à tônica e é preciso penetrar no estilo para identificá-los.no estilo para identificá-los.

Os modos sofrerão alterações com a Os modos sofrerão alterações com a prática polifônica por exigência de um prática polifônica por exigência de um novo princípio — a Harmonia vertical — e novo princípio — a Harmonia vertical — e serão forçados a se subordinar a ele;serão forçados a se subordinar a ele;

O que culminará no sistema maior-menor, O que culminará no sistema maior-menor, baseado em acordes.baseado em acordes.

Os modos eclesiásticos em polifonia são a Os modos eclesiásticos em polifonia são a transição entre os modos gregorianos e o transição entre os modos gregorianos e o sistema maior-menor. sistema maior-menor.

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Modificações dos modos Modificações dos modos eclesiásticos na Polifoniaeclesiásticos na Polifonia

A transição dar-se-á ainda com uma A transição dar-se-á ainda com uma combinação dos pensamentos horizontal e combinação dos pensamentos horizontal e vertical;vertical;

A primeira modificação importante será a A primeira modificação importante será a introdução da cadência de sensível de introdução da cadência de sensível de semitom em quase todos os modos semitom em quase todos os modos (exceção: Frígio);(exceção: Frígio);

Unificação da dominante, doravante fixada Unificação da dominante, doravante fixada no quinto grau da escala.no quinto grau da escala.

O uso da terça maior na dominante torna-O uso da terça maior na dominante torna-se regra;se regra;

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Redução do número dos modos eclesiásticos pela Redução do número dos modos eclesiásticos pela fusão dos autênticos com os plagais é fusão dos autênticos com os plagais é compensada na polifonia pela adição do Eólio e compensada na polifonia pela adição do Eólio e do Jônicodo Jônico

Embora utilizados na prática desde muito tempo, Embora utilizados na prática desde muito tempo, não estavam incluídos na teoria oficial gregoriana não estavam incluídos na teoria oficial gregoriana até o séc. XVI;até o séc. XVI;

Glareanus, no Glareanus, no Dodecachordon Dodecachordon (1547), adiciona os (1547), adiciona os 9º, 10º, 11º e 12º modos: Eólio, Hipoeólio, Jônico 9º, 10º, 11º e 12º modos: Eólio, Hipoeólio, Jônico e Hipojônico — que tiveram muita importância na e Hipojônico — que tiveram muita importância na prática musical do seicentos, e que, prática musical do seicentos, e que, gradualmente, suplantaram todos os outros;gradualmente, suplantaram todos os outros;

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Não podemos esquecer que todos os modos Não podemos esquecer que todos os modos eclesiásticos têm à sua disposição muito mais eclesiásticos têm à sua disposição muito mais possibilidades de acordes do que as escalas possibilidades de acordes do que as escalas maiores e menores.maiores e menores.

Os modos eclesiásticos têm mais variedade e Os modos eclesiásticos têm mais variedade e menos lógica do que os modos modernos;menos lógica do que os modos modernos;

A falta de lógica encontrada nesse aspecto da A falta de lógica encontrada nesse aspecto da música medieval, como em outros aspectos, é música medieval, como em outros aspectos, é vista hoje como um charme peculiar, expressão vista hoje como um charme peculiar, expressão de uma agradável naturalidade sem afetação, um de uma agradável naturalidade sem afetação, um irrestrito senso musical, em oposição à irrestrito senso musical, em oposição à esquematização pedantemente exata e esquematização pedantemente exata e desinteressante dos tempos posteriores.desinteressante dos tempos posteriores.