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8/8/2019 A Imagem de Deus e a Frustrao do Atesmo Cientfico
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A Imagem de Deus e a Frustrao doAtesmo Cientfico
Por: J. P. Moreland
Traduo: Eliel Vieira
Este ensaio o segundo captulo do livro Good is Great, God is God: Why Believing in
God is Reasonable and Responsible (IVP, 2009).
E Deus criou o homem a sua prpria
imagem, na imagem de Deus ele o criou;
macho e fmea ele os criou. Genesis 1:27
Um dos papis mais importantes de uma cosmoviso fornecer uma explicao
para os fatos e para a realidade, da maneira como ela verdadeiramente . Na verdade,cabe a uma cosmoviso explicar o que existe e o que no existe, de maneira coerente
com os comprometimentos explanatrios centrais desta cosmoviso. Neste sentido, ns
podemos considerar uma cosmoviso uma hiptese explicativa.
Das explicaes de uma cosmoviso sobre fatos para a teorizao cientfica que
objetiva explicar pequenas coisas em nosso dia a dia, todos ns nos engajamos bem de
forma apropriada em um raciocnio do tipo se-ento, ou o que os filsofos chamam de
mtodo hipottico-dedutivo: se a lua estivesse em tal e tal lugar, ento a mar estaria
assim e assado. Mas a mar no est assim, ento a lua no pode estar naquele local. Se
minha filha no veio direto para casa da escola, ela no teve tempo para arrumar seu
quarto. O quarto est uma baguna, ento provvel que ela no veio para casa logo
aps sua aula terminar. E assim por diante. E se os fatos so da forma como ns
deduzimos que eles deveriam ser, dada nossa hiptese, ento eles fornecem evidencias
convincentes de que nossa hiptese verdadeira a melhor explicao para os fatos.
Todos os direitos da traduo reservados.
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Uma teoria pode explicar muito bem alguns fatos, mas existem fatos
recalcitrantes que obstinadamente resistem em ser explicados por uma teoria. No
importa o que o defensor de uma teoria faa, o fato recalcitrante simplesmente se
acomoda em seu canto e no incorporado facilmente teoria. Neste caso, o fato
recalcitrante fornece evidncias falsificativas para a teoria e algum nvel de confirmao
para as teorias rivais.
A Bblia ensina que os seres humanos foram criados conforme a imagem de
Deus (Gn 1:27). Isto implica que existem coisas sobre nossa composio que so da
forma como Deus . No incio de suas Institutas Religio Crist, Joo Calvino
observa:
Nenhum homem consegue examinar a si mesmo sem imediatamente voltar seus
pensamentos para o Deus em quem ele vive e se movimenta; porque
perfeitamente bvio que os dons que ns temos no podem ter vindo de ns
mesmos.1
Como portadores da imagem de Deus, os seres humanos tm todos aqueles dons
necessrios para representar e serem representantes de Deus, realizar as tarefas
designadas e exibir a relacionalidade existente colocado ante eles: dons da razo,
autodeterminao, ao moral, personalidade, formao relacional, etc. Neste sentido, a
imagem de Deus diretamente fundamentada na natureza ou ontologia de Deus.
A natureza ontolgica da imagem de Deus implica, entre outras coisas, que a
composio dos seres humanos deve fornecer um conjunto de fatos recalcitrantes para
outras cosmovises. O raciocnio por trs desta afirmao o seguinte:
(1)Se a f crist verdadeira, ento certos aspectos deveriam caracterizar osseres humanos.
(2)Estes aspectos, de fato, caracterizam os seres humanos.(3)Assim, estes aspectos fornecem um nvel de confirmao para a f crist.
Estes aspectos caracterizam Deus e, alm disto, vm dele. Ele nos fez para
que os tivssemos.
O cristo oferece, ento, um desafio para as outras cosmovises em particular
o naturalismo cientfico: mostrar que voc tem uma explicao melhor para estes
1John Calvin, Institutes of the Christian Religion, 1.1.1.
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aspectos do que a explicao crist (com sua doutrina da imagem de Deus), ou mostrar
que estes aspectos no so na verdade reais, mesmo que eles paream ser.
A natureza recalcitrante dos seres humanos para o naturalismo cientfico j foi
largamente observada. Desta forma, o filsofo de Berkley John Searle recentementeobservou,
Existe exatamente uma questo predominante na filosofia contempornea. [...]
Como ns nos ajustamos? [...] Como ns podemos enquadrar esta
autoconcepo que temos de ns mesmos de agentes criadores de sentido,
livres, racionais, atentos, etc., com um universo que consiste inteiramente de
partculas brutas sem sentido, sem liberdade, sem razo e negligente?2
Para o naturalismo cientfico a resposta No bem assim. Notveis ateus
falharam em observar a dificuldade que o naturalismo cientfico encontra em prover
uma explicao para estes aspectos comuns dos seres humanos. Na verdade, a natureza
dos seres humanos levou alguns a abraar o tesmo. No ssmico livro que narra a
aceitao do tesmo pelo famoso ateu Antony Flew Deus Existe Roy Abraham
Varghese observa que,
a racionalidade [conscincia, liberdade de vontade e eu] que nsinequivocamente experimentamos que vai desde as leis da natureza at nosso
pensamento racional no pode ser explicada se ela no tiver um fundamento
ltimo, que no pode ser nada menos do que uma mente infinita.3
Neste ensaio eu vou primeiro apresentar um breve esboo do naturalismo
cientfico contemporneo e ento comentar cinco aspectos dos seres humanos que
configuram evidncia contra o naturalismo emfavordo tesmo bblico. Vou empregar
citaes mais diretas do que o que tpico para um ensaio como este, e isto pode tornara leitura um pouco incmoda. Mas eu ajo assim para mostrar que minha representao
destes cinco aspectos reconhecida pelos mais famosos ateus como problemas srios
para o atesmo e como fundamentos para a crena em Deus. Ao citar diretamente ateus
reconhecidos, ser difcil me acusar de ter criado um espantalho do naturalismo
contemporneo.
2John Searle, Freedom & Neurobiology(New York: Columbia University Press, 2007), p. 4-5.
3
Antony Flew e Roy Abraham Varghese, Deus Existe (Ediouro, 2007). No contexto, apenas aracionalidade mencionada, mas em outras partes do livro, algumas referncias so feitas
conscincia, livre-arbtrio e o eu.
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A NATUREZA DO NATURALISMO CIENTFICO
A fim de ter um maior insight sobre porque a conscincia to problemtica
para os naturalistas, ser sensato analisar brevemente a natureza do naturalismo como
cosmoviso. Usualmente o naturalismo inclui:
diferentes aspectos de um entendimento naturalista sobre o que constituiconhecimento (por exemplo, uma rejeio da chamada primeira filosofia
junto com uma aceitao de um cientificismo forte ou fraco a viso de que a
cincia o paradigma da verdade e da racionalidade);4
uma Grande Histria equivalente a um relato etiolgico de como todas asentidades, sejam elas quais forem, vieram a existir, explicada em termos de
uma historia evento-causal, descrita em termos cientficos naturais, com um
papel central dado teoria atmica da matria e biologia evolucionria;
uma ontologia geral na qual as nicas entidades permitidas so aquelas queou (a) carregam uma similaridade relevante com aquelas que, acredita-se,
caracterizam uma forma completa de fsica ou (b) so dependentes a, ou
determinadas por, entidades fsicas e que podem ser explicadas de acordo
com condies causais necessrias (isto , dado uma organizao adequada
da matria, ento a entidade emergente tem que surgir) nos termos da Grande
Histria e da atitude epistmica naturalista.
O cientificismo constitui o corao do entendimento naturalista sobre o que
constitui o conhecimento, sua epistemologia. Wilfrid Sellars diz que no que se refere
descrio e explicao do mundo, a cincia a medida de todas as coisas, sobre o que
o que, e sobre o que no .5 Os naturalistas contemporneos abraam ou a forma fraca
ou a forma forte de cientificismo. De acordo com os primeiros, campos de pesquisa no-
cientficos no so destitudos de valor ou no oferecem resultados intelectuais, mas
eles so vastamente inferiores cincia em sua epistemologia e no merecem crdito.
De acordo com o segundo, valores cognitivos invlidos esto presentes na cincia e em
nada mais. De qualquer forma, naturalistas so extremamente cticos em relao a
4A verso forte do cientificismo sustenta que a cincia nos d a nica base para o conhecimento; a
verso mais fraca afirma que a cincia nos fornece a base mais certa do conhecimento; mesmo seoutras disciplinas fornecerem justificaes ou conhecimento mais fracas.5
Wilfrid Sellars, Science, Perception, and Reality(London: Routledge & Kegan Paul, 1963), p. 173.
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afirmaes sobre a realidade que no so justificadas pelos mtodos cientficos nas
cincias rgidas.
Como tenho usado esta frase, a Grande Histria o relato naturalista da
criao. Toda a realidade espao, tempo e matria vieram do big bang. Muitoscorpos pesados foram desenvolvidos com a expanso do universo. Pelo menos na Terra,
algum cenrio de sopa prebitica explica como seres vivos vieram a existir a partir de
uma qumica sem vida. E os processos da evoluo, entendidos em termos
neodarwinianos ou do equilbrio pontuado, trouxeram existncia todas as formas de
vida que ns conhecemos, incluindo os seres humanos. Desta forma, todos os
organismos e suas partes existem e so o que so porque eles contriburam (ou pelo
menos no atrapalharam) na luta pelo avano reprodutivo, mais especificamente, porqueeles contriburam com as tarefas de comer, lutar, fugir e reproduzir.
A Grande Histria possui trs aspectos-chave. Primeiro, existem duas teorias
fundamentais em seu centro: a teoria atmica da matria e a teoria da evoluo. Se
tomarmos John Searle como representante dos naturalistas aqui, isto vai significar que
as explicaes causais so centrais para a (alegada) superioridade explanatria da
Grande Histria.6
Segundo, a Grande Histria expressa o monismo filosfico cientfico, de acordo
com o qual, qualquer coisa que existe ou acontece no mundo suscetvel a explicaes
por mtodos cientficos naturais. primeira vista, a maneira mais consistente de
entender o naturalismo neste ponto enxerg-lo como carregando alguma verso forte
do fisicalismo: tudo o que existe , fundamentalmente, matria, mais provavelmente
partculas elementares (seja tomadas como pontos de potencialidade, centros de
massa/energia, unidades de matrias/ondas espacial, ou reduzidas a [ou eliminadas em
favor de] campos), organizadas de vrias formas de acordo com as leis da natureza.
Nenhuma entidade no-fsica existe, incluindo entidades emergentes.7
Terceiro, a histria do universo uma histria sobre revelar cadeias de eventos,
na qual pequenas partculas constantemente se reorganizam para formar conjuntos
maiores e mais complicados (por exemplo, tomos, molculas, organismos, planetas).
6John Searle, The Rediscovery of the Mind(Cambridge, MIT Press, 1992), pp. 83-93.
7
Mesmo quando os naturalistas se aventuram para longe do fisicalismo forte, eles ainda argumentamque adies para uma ontologia fisicalista forte precisam ser representadas como fundamentas,
emergentes e dependentes de estados fsicos e eventos da Grande Histria.
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Os nicos tipos de causas no universo so mecnicas/eficientes (do tipo que um efeito
produzido) e materiais (o material do qual alguma coisa feita). No h propsito,
objetivos, causas finais ou teleologia irredutvel. E no existem agentes livres com
poder ativo para serem as causas reais originrias de suas prprias aes, sem terem
sido antes determinados a agir pelas leis da natureza e fatores ambientais externos.
Na verdade, a Grande Histria determinista em dois sentidos. Primeiro, atravs
do tempo o estado do universo (e tudo o que h nele) em qualquer momento particular,
juntamente com as leis da natureza, so suficientes para determinar ou estabelecer as
possibilidades do estado do universo no momento seguinte. Segundo, em um ponto no
tempo, as caractersticas e os comportamentos de objetos de tamanho comum como
pedras e seres vivos (incluindo seres humanos) so determinadas pelas caractersticas ecomportamentos de suas partes menores, de nvel microfsico.
Em resumo, so trs as restries para desenvolver uma ontologia naturalista, e
alocar entidades nela:
As entidades devem se sujeitar epistemologia naturalista. As entidades devem se sujeitar Grande Histria naturalista.
As entidades devem carregar uma similaridade relevante a aquelasencontradas na qumica e na fsica, ou serem demonstradas como
necessariamente dependentes de entidades qumicas ou fsicas.
CINCO ASPECTOS RECALCITRANTES DA IMAGEM DE DEUS
Uma vez que os aspectos metafsicos do tesmo so fundamentais em sua
existncia Deus, o Ser bsico, uma autoconscincia unificada com racionalidade,livre arbtrio e valor intrnseco dificilmente ser surpresa que eles apaream em outros
lugares na ordem criada, especialmente em associao com seres que alegam ter sido
criados para ser como Deus. Desta forma, o tesmo bblico prediz que estes cinco
aspectos so aspectos irredutveis e ineliminveis dos seres humanos, e que o fato deles
parecerem ser desta forma fornece confirmao do tesmo bblico.
Mas as coisas no vo to bem para o naturalismo cientfico. Ele ou ela no
comea com o Logos, mas com as partculas (cordas, ondas) que so brutas, mecnicas,
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inconscientes, irracionais, sem propsito, e servilmente sujeitas s leis e carentes de
valor. E ento uma histria contada sobre como estas partculas continuam a se
reorganizar em agregaes maiores e maiores do mesmo material. Nesta viso, os
organismos vivos incluindo os seres humanos so estruturas relacionais de partes
que foram ajuntadas por vrias foras no unificadas e impessoais. Por sessenta anos ou
mais os naturalistas tm tentado reduzir ou eliminar estes cinco aspectos dos seres
humanos a fim de represent-los em vias naturais para uma cosmoviso cientfica
atesta, dentro da estrutura de suas restries. Rotular estes aspectos como fenmenos
emergentes apenas nomear o problema que precisa ser resolvido, no uma soluo (p.
ex., a conscincia simplesmente emerge quando a matria alcana uma forma de
complexidade apropriada). Como, por exemplo, elas podem ter emergido em primeiro
lugar? Mas os seres humanos tm resistido a tais esforos naturalistas eles so fatos
recalcitrantes para os naturalistas e isto exatamente o que esperaramos que
acontecesse caso o tesmo bblico fosse verdadeiro. No o que seria esperado na
Grande Histria. Vamos investigar estas questes mais profundamente.
1. Conscincia e estados mentais. Muitos acreditam que mentes finitas
constituem evidncia para uma mente divina como sua criadora. Se ns limitarmos
nossas opes a tesmo e naturalismo, fica difcil entender como uma conscincia finitapoderia ser o resultado da reorganizao da matria bruta; muito mais fcil entender
como um Ser consciente poderia produzir conscincias finitas.
Este argumento presume o entendimento comum de estados de conscincia,
como sensaes, pensamentos, crenas, desejos e volies. Desta forma, estados
mentais implcitos no so, em nenhum sentido, fsicos, uma vez que eles possuem
quatro aspectos que no so propriedades de estados fsicos:
Existe um sentimento qualitativo cru ou um como isto para ter um estadomental tal como uma dor.
Muitos estados mentais possuem intencionalidade direcionada a um objeto.(p. ex., um pensamento sobre a lua).
Estados mentais so internos, particulares e imediatos ao indivduo que ostm.
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Estados mentais falham em ter aspectos cruciais (p. ex., extenso especial,localizao) que caracterizam estados fsicos e, em geral, no podem ser
descritos usando linguagem fsica.
Uma vez que estados mentais so imateriais e no fsicos, ao menos duas razesforam oferecidas sobre porque no pode haver nenhuma explicao cientfica natural
para a existncia de estados mentais.
Primeiro, algo surgindo do nada. Antes de a conscincia aparecer, o universo
no continha nada alm de agregaes de partculas/ondas em campos de foras. A
histria naturalista da evoluo do cosmo envolve a reorganizao das partes atmicas
em estruturas cada vez mais complexas de acordo com a lei natural. A matria bruta,
mecnica, fsica. A emergncia da conscincia parece ser um caso de alguma coisa
surgindo do nada.
Em geral, reaes fsico-qumicas no geram conscincia. Alguns dizem que
elas geram sim, no crebro, ainda que o crebro parea similar a outras partes do
organismo (p. ex., ambos so colees de clulas, totalmente descritas em termos
fsicos). Como causas similares podem produzir efeitos to radicalmente diferentes? O
surgimento da mente completamente imprevisvel e inexplicvel. Estadescontinuidade radical parece ser uma ruptura no mundo natural.
Segundo, a inadequao das explicaes evolucionrias. Os naturalistas
afirmam que as explicaes evolucionrias podem ser oferecidas para o surgimento de
todos os organismos e suas partes. A princpio, um relato evolucionrio pode ser
apresentado para o aumento progressivo de complexidade nas estruturas fsicas que
constituem diferentes organismos. Entretanto, organismos so como caixas-pretas, na
medida em que a evoluo levada em conta.
Conquanto que um organismo, quando recebe certos inputs, gere os outputs
comportamentais corretos, em concordncia com as exigncias feitas pela vantagem
reprodutiva, o organismo ir sobreviver. O que acontece dentro do organismo
irrelevante. Ele se torna significante para o processo evolutivo apenas quando um output
produzido. Estritamente falando, o output, no o que o causou, que suporta a luta
pela vantagem reprodutiva. Alm do mais, as funes que os organismos executam
conscientemente poderiam tambm ser feitas inconscientemente. Desta forma, tanto a
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existncia simples de estados conscientes quanto o contedo mental preciso que os
constitui esto fora dos limites da explicao evolucionria.
As explicaes evolucionrias no fazem o suficiente para que possamos afirmar
que a conscincia simplesmente emergiu da matria quando ela alcanou certo nvel decomplexidade. Emergncia no uma explicao para o fenmeno que precisa ser
explicado. simplesmente uma indicao.
2. Livre arbtrio. amplamente aceito que o entendimento comum e espontneo
sobre livre arbtrio humano que as pessoas em geral tm, o que os filsofos chamam
de liberdade libertria: a ao de algum livre se esta ao no tiver sido determinada
direta ou indiretamente por foras externas ao controle deste algum, e este algum
deve ter sido livre para agir ou no agir como agiu; a escolha desta pessoa deve ser
espontnea, sendo originada com o agente, e apenas com ele.
No meu objetivo argumentar em favor do libertarianismo. Eu simplesmente
ofereo duas observaes razoavelmente bvias.
De um lado, como John Searle recentemente observou, a experincia da
liberdade libertria to convincente, mas to convincente na verdade, que as pessoas
no podem agir pensando que esta experincia uma iluso, mesmo se fosse.8 Ele nos
lembra que quando o garom nos apresenta uma escolha entre carne de porco ou vitela,
ns no respondemos, Olha, eu sou um determinista. Eu vou apenas esperar e ver o
que acontece!
De acordo com o entendimento majoritrio no cristianismo, Deus tem liberdade
libertria e Ele criou os seres humanos para possuir esta liberdade. Em contraste, a
maioria dos filsofos concorda que a liberdade libertria e a teoria do agente que ela
implica so incompatveis com a representao geralmente aceita do naturalismo,
apresenta h pouco. John Searle diz que nossa concepo da realidade fsica
simplesmente no nos permite a liberdade radical [libertria].9 E se a responsabilidade
moral (e intelectual) tem esta liberdade como condio necessria, ento reconciliar as
perspectivas ticas e naturais impossvel.
8John Searle, Freedom & Neurobiology(New York: Columbia University Press, 2007).
9John Searle, Minds, Brains, and Science (Cambridge, Mass: Havard University Press, 1984), p. 98.
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No que talvez seja a melhor tentativa naturalista de efetuar tal reconciliao,
John Bishop francamente admite que
a ideia de um agente responsvel, com a habilidade originativa de iniciar
eventos no mundo natural, no se adqua facilmente com a ideia de [um agentecomo] um organismo natural [...]. Nosso entendimento cientfico do
comportamento humano parece estar em tenso com a pressuposio da posio
tica que ns adotamos para este comportamento.10
Existem muitas razes pelas quais os atestas admitem que o livre arbtrio
incompatvel com o naturalismo cientfico. Mas aqui vai a principal delas. Todas as
coisas particulares e seus comportamentos na ordem naturalista so nomolgicas e,
portanto, submissas s mesmas leis da natureza.11
Alm disto, uma ao livre envolveum exerccio de poder ativo por um primeiro motor, uma causa no causada, um agente
no determinado. Em contraste, uma vez que todos os eventos na ontologia naturalista
so acontecimentos passivos, todos eles so exemplos de motores movidos. Alguma
coisa tem que acontecer primeiro com um objeto um evento que desencadeia seus
poderes causais passivos antes que ele possa gerar qualquer acontecimento. Neste
sentido, toda causao naturalista envolve alteradores alterados. Mas um primeiro motor
pode ativamente produzir uma mudana sem ter sido mudado primeiro.
Deve ser bvio porque tal agente no um objeto que pode ser localizado na
ontologia natural. Motores no movidos com poder ativo so quintessencialmente no
naturais! De fato, neste ponto eles so exatamente como o Deus da Bblia.
3. Racionalidade. De acordo com o cristianismo, Deus o ser fundamental
racional e criou os seres que carregam sua imagem com equipamentos mentais que
apresentam racionalidade e que so aptos para apreender a verdade e seus vrios
ambientes. Mas racionalidade uma entidade bizarra em um mundo cientificamente
naturalista. O filsofo cristo Victor Reppert concorda: As condies necessrias para
10John Bishop, Natural Agency(Cambridge: Cambridge University Press, 1989), p. 1.
11De fato, todos eles esto sujeitos ao determinismo sincrnico e diacrnico neste sentido: Em relao
ao determinismo sincrnico, em certo tempo t, as condies fsicas so suficientes para determinar ou
estabelecer as chances do prximo evento envolvendo o objeto e seu meio. Em relao ao
determinismo diacrnico, em certo tempo t, os estados e os movimentos do objeto so determinadosou tm suas chances estabelecidas pelos estados microscpios do objeto e do seu meio. Esta
determinao posterior da essncia ao topo.
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a racionalidade no existem em um universo naturalista.12 De acordo com o naturalista
Thomas Nagel:
O problema ento no ser como, se participamos dela, a razo pode ser
validada, mas como, se ela for universalmente vlida, ns podemos participardela. No existem muitos candidatos a esta questo. Provavelmente a resposta
no-subjetivista mais popular atualmente um naturalismo evolucionista: Ns
podemos raciocinar desta forma porque isto uma consequncia de uma
capacidade mais primitiva de formao de crenas que teve valor de
sobrevivncia durante o perodo em que o crebro humano estava evoluindo.
Esta explicao sempre me pareceu ser ridiculamente inadequada. [...] A outra
resposta bem conhecida a religiosa. O universo inteligvel a ns porque ele e
nossa mente foram feitos um para o outro.13
Existem pelo menos duas razes para acreditarmos que os seres humanos no
podem ser agentes racionais em uma cosmoviso cientificamente naturalista, e que so
preditos de ser do jeito que so em uma cosmoviso bblica: (1) a necessidade do eu
racional e contnuo e (2) a necessidade de um espao para fatores teleolgicos (objetivo-
direo) durante o processo.
preciso no apenas um eu unificado em cada tempo em uma sequnciadeliberada, mas tambm um eu idntico que permanece durante o ato racional.
Considere o argumento de A. C. Ewing:
Para compreender a verdade de qualquer proposio ou mesmo entret-la como
algum com sentido, o mesmo ser precisa estar ciente de seus elementos
constituintes. Para estar ciente da validade de um argumento, o mesmo ser
precisa entreter premissas e concluso; para comparar duas coisas, o mesmo ser
precisa, pelo menos na memria, estar ciente de ambos simultaneamente; e umavez que todos estes processos acontecem durante algum tempo, a existncia,
literalmente, continuada mesma entidade exigida. Nestes casos, um evento
que consista em refletir sobre A, seguido por outro evento que consiste em
refletir sobre B, no suficiente. Eles precisam ser eventos de reflexo que
ocorrem no mesmo ser. Se um ser pensar em lobos, outro pensar em comer e
outro pensar em cordeiros, certamente isto no significaria que uma pessoa
refletiu na proposio lobos comendo cordeiros. [...] necessrio que exista
12Victor Reppert, C. S. Lewiss Dangerous Idea (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 2003), p. 70.
13Thomas Nagel, The Last Word(New York: Oxford University Press, 1997), p. 75.
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Existem duas razes bsicas para acreditarmos que uma alma simples e
individual no uma opo para o naturalista. Primeiro, o naturalista est
comprometido com o fechamento fsico. Todos os eventos fsicos que possuem causas
possuem apenas causas fsicas; quando algum for traar as causas antecedentes de um
evento fsico, este algum no precisa e, na verdade, no pode sair do campo da
fsica. Se por algum tipo de mgica uma alma simples pudesse ser uma entidade
emergente, ento a alma no seria uma entidade com poderes causais. Entretanto, a
maioria dos naturalistas bane de sua ontologia entidades que no tenham poderes
causais, desta forma uma alma sem poderes causais equivalente uma entidade no-
existente. Jaegwon Kim fala pela maioria dos naturalistas quando diz que:
Se a mente imaterial vai fazer um neurnio emitir um sinal, [...] ento ela vai dealguma forma intervir neste processo eletroqumico. Mas como isto pode
acontecer? Na prpria interface entre mente e fsica, onde uma interao mente-
corpo acontece direta e imediatamente, a mente no-fsica precisa de alguma
forma influenciar o estado de algumas molculas, talvez gerando descargas
eltricas nelas ou as cutucando de uma forma ou de outra. Isto realmente
concebvel? [...] Mesmo que a ideia de uma alma influenciando o movimento de
uma molcula [...] fosse coerente, a postulao de um agente causal no
pareceria nem necessria nem til compreenso dos motivos pelos quais ecomo nossos membros se movem.15
Segundo, dado a Grande Histria, aparte da simplicidade atmica (se existir tal
coisa), todos os maiores conjuntos (como crebros e corpos) so agregaes de partes
substanciais separveis que se colocam em vrias relaes externas umas com as outras.
Em tal ontologia, macrosubstncias so trocadas por estruturas constitudas por mirades
de partes separadas. No existe um eu unificado e substancial conectado ao corpo.
Daniel Dennett diz, Ns agora entendemos que a mente no est [...] em comunicao
com o crebro de alguma forma milagrosa; o crebro, ou, mais especificamente, um
sistema ou organizao interior ao crebro.16 E Carl Sagan terminantemente disse: Eu
sou uma coleo de gua, clcio e molculas orgnicas chamado Carl Sagan. Voc
15Jaegwon Kim, Philosophy of Mind (Boulder, Co.: Westview, 1996), pp. 131-132. A maioria dos
Fisicalistas [] aceitam o fechamento causal fsico no apenas como uma doutrina metafsica
fundamental, mas como uma pressuposio metodolgica indispensvel para as cincias fsicas (PP.
147-148).16Daniel C. Dennett, Breaking the Spell: Religion as a Natural Phenomenon (New York: Viking Press,
2006), p. 107.
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uma coleo de molculas quase idnticas, com um selo diferente.17 Os termos
configurao, sistema, organizao e coleo capturam muito bem a natureza relacional
no-substancial de tais agregaes. Em contraste ao naturalismo cientfico, o Ser
fundamental do cristianismo um esprito unificado e substancial, bem como aqueles
que foram feitos imagem deste Ser.
5. Valor igual intrnseco e direitos. Na viso crist Deus, o ser fundamental,
possui valor intrnseco, e seu amor constitui a fonte de obrigao moral objetiva para os
seres humanos. Alm disto, uma vez que todos os seres humanos compartilham a
imagem de Deus igualmente, todos eles tm igualmente alto valor e tambm direitos,
simplesmente por terem a imagem de Deus. Desta forma, uma cosmoviso crist possui
naturalmente um lugar para (e prov uma), explicao sobre (1) a existncia de valorintrnseco, (2) a realidade de obrigao moral objetiva e (3) alto valor igual e direitos
para todos os seres humanos. Mas estes trs pontos no podem ser explicados
adequadamente pelo naturalismo cientfico.
Vamos olhar primeiro a existncia de valor intrnseco e a existncia de uma lei
moral objetiva. O evolucionista naturalista Michael Ruse observa que,
moralidade uma adaptao biolgica, no menos que mos, ps e dentes.
Considerada como uma justificao racional para afirmaes que objetivam
algo, a tica ilusria. Eu aprecio quando algum diz Ame seu prximo como
a ti mesmo e se refira a algum coisa alm dela prpria. Contudo, tal referncia
na verdade no tem fundamento algum. Moralidade apenas um auxlio para a
sobrevivncia e reproduo [...] e qualquer sentido mais profundo ilusrio.18
Dado o naturalismo cientfico, fica difcil entender como poderia existir valor
intrnseco e ordem moral objetiva ou porque esta ordem teria alguma coisa a ver com os
seres humanos. Alm disto, os processos combinatrios da Grande Histria no podem
explicar o surgimento de valor intrnseco simples; assim sua existncia conta contra o
naturalismo e a favor do tesmo cristo. Como o ateu J. L. Mackie reconhece:
Propriedades morais constituem um grupo to bizarro de propriedades e relaes que
17
Carl Sagan, Cosmos (New York: Randon House, 1980), p. 105.18Michael Ruse, Evolutionary Theory and Christian Ethics, in The Darwinian Paradigm (London:
Routlegde, 1989), pp. 262-269.
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muito improvvel que elas tenham surgido no curso ordinrio dos eventos sem um deus
todo-poderoso que os tenha criado.19
Em adio ao valor intrnseco e uma ordem moral objetiva, o naturalismo
cientfico no pode explicar o valor igual e intrnseco e os direitos dos seres humanos,simplesmente pelo que so. Os naturalistas Peter Singer e Helga Kuhse reconhecem que
a melhor, talvez nica, maneira de justificar a crena de que todos os seres humanos
possuem o mesmo valor nico luz do fundamento metafsico da doutrina judaico-
crist da imagem de Deus.20 Esta afirmao de Singer e Kuhse foi reconhecida por um
grande nmero de pensadores durante algum tempo. Por exemplo, no incio dos anos
60, Joel Feinberg, indiscutivelmente o maior filsofo poltico e legal daquele tempo,
apresentou o argumento abaixo.21
De acordo com Feinberg, um direito natural um direito humano inaltervel,
incondicional e que possua certas propriedades epistemolgicas (p. ex., seja percebido
pela intuio racional direta) e metafsicas. Se os direitos humanos so direitos naturais
que se aplicam a toda humanidade igualmente, ento eles pressupem o valor humano
igual, no o mrito equivalente. O mrito humano (p. ex., talentos, dons, carter,
personalidade, vrias habilidades) classificado, mas o valor humano no. Os direitos
iguais so revertidos aos indivduos independentemente de seus mritos classificados.
A questo ctica a seguir, Feinberg acredita, nunca foi respondida de forma
adequada: por que deveramos tratar todas as pessoas igualmente em qualquer rea em
face das desigualdades existentes ou dos mritos entre eles? A resposta simples Porque
ns simplesmente temos tal valor no responde pergunta do ctico. Se o valor
humano real e genrico, diz Feinberg, ento ele deve sobrevir a alguma base (1) que
todos ns temos em comum e (2) no-trivial e de valor moral supremo. Trabalhando
dentro do campo naturalista, Feinberg considera vrias tentativas de delinear tal base, e
ele julga todas elas falhas porque elas:
exigem uma entidade como a inestimaveidade, para a qual ns no temosnenhuma resposta sobre de onde ela vm e ainda com relao a qual seria
19J. L. Mackie, The Miracle of Theism (Oxford: Clarendon, 1982), p. 115. Cf. J. P. Moreland and Kai
Nielsen, Does God Exist?(Buffalo, N.Y.: Prometheus, 1993), chaps. 8-10.20Helga Kuhse and Peter Singer, Should the Baby Live?(Oxford University Press, 1985), pp; 118-139.
21Joel Feinberg, Social Philosophy(Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, 1973), pp. 84-97.
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preciso postular-se uma faculdade intuitiva de conscincia direta, misteriosa e
problemtica como tal entidade;
so fundamentadas em graus de propriedade (algum que possui, para umgrau maior ou menor) tanto quanto a racionalidade (Feinberg toma a
potencialidade para a racionalidade como na forma de graus) tem, no
podendo, portanto, fazer o trabalho de fundamentar o valor igual a todos;
simplesmente d nome ao problema a ser resolvido e no fornece umaexplicao para o prprio problema.
Ao fim do dia Feinberg reconhece que as noes de valor igual e de direitos a
todos os seres humanos no tm fundamento e talvez simplesmente expressem uma
atitude, no-cognitiva e no-justificada, de respeito pela humanidade presente em cadapessoa.
Meu objetivo ao mencionar Feinberg no de avaliar suas afirmaes, mas
simplesmente ilustrar o quo difcil ser justificar o valor igual e os direitos de todos os
seres humanos se algum tomar o rumo do naturalismo.
A teoria evolucionria tambm tornou difcil justificar o valor igual e os direitos.
David Hull talvez o maior maior filsofo da teoria evolucionria no sculo XX faz aseguinte observao:
As implicaes para espcies que se movem da categoria metafsica que podem
apropriadamente serem caracterizadas em termos naturais para uma categoria
para a qual tais caracterizaes so inapropriadas, so extensivas e
fundamentais. Se as espcies se evoluram de alguma forma parecida com a
forma como Darwin imaginou que elas evoluram, ento elas no podem ter o
tipo de natureza que os filsofos tradicionais afirmavam que elas tinham. Se as
espcies em geral carecem de naturezas, o mesmo acontece com os Homo
sapiens, como espcies biolgicas. Se o Homo sapiens carece de uma natureza,
ento nenhuma referncia biologia pode ser feita para suportar as afirmaes
de algum sobre a natureza humana. Talvez todas as pessoas que so pessoas
compartilham personalidade, etc., mas tal afirmao precisa ser explicada e
defendida sem referncias biologia. Porque muitas teorias polticas, morais e
ticas dependem de alguma noo ou algo parecido da natureza humana, e a
teoria de Darwin trouxe questo todas estas teorias. As implicaes no esto
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vinculadas. Algum sempre pode desassociar Homo sapiens de seres
humanos, mas o resultado uma posio muito menos plausvel.22
De forma similar o ateu James Rachels afirma que a abordagem darwinista para
a origem dos seres humanos, embora no implique a falsidade destas noes, aindaassim fornece um invalidador interno para a ideia de que os seres humanos so feitos
imagem de Deus e que os seres humanos tem dignidade intrnseca e valor como seres.
De fato, de acordo com Rachels, o darwinismo o solvente universal que dissolve
qualquer tentativa de defender a noo de dignidade humana intrnseca:
Os suportes tradicionais para a ideia de dignidade humana morreram. Eles no
sobreviveram colossal mudana de perspectiva trazida tona pela teoria de
Darwin. Pode-se pensar que este resultado no precisa ser devastador para aideia da dignidade humana, porque mesmo se os suportes tradicionais tiverem
de fato morrido, ainda assim a ideia precisar ser defendida em algumas outras
bases. Novamente, entretanto, uma perspectiva evolucionria torna algum
ctico. A doutrina da dignidade humana diz que o ser humano merece um nvel
de cuidado moral completamente diferente daquele reconhecido aos simples
animais; se isto for verdade, deveria existir algum tipo de diferena moral
significante entre eles. Portanto, qualquer defesa adequada da dignidade
humana vai exigir algum conceito sobre os seres humanos que seja radicalmente
diferente do conceito dos outros animais. Mas isto precisamente o que a teoria
evolucionria traz questo. Ela nos deixa suspeitos em relao a qualquer
doutrina que enxergue grandes hiatos de qualquer tipo entre os seres humanos e
todas as outras criaturas. Sendo assim, um darwinista pode concluir que uma
defesa bem sucedida da dignidade humana muito improvvel.23
CONCLUSO
Eu argumentei que na cosmoviso crist, Deus, o ser fundamental, possui e
compartilha com as criaturas criadas conforme sua imagem (1) conscincia, (2) livre
arbtrio libertrio, (3) racionalidade, (4) um eu unificado (e, como Trindade, trs
eus unificados) e (5) valor intrnseco. Em contraste, dadas as restries
22
David Hull, The Metaphysics of Evolution (Albany: State University of New York, 1989), pp. 74-75.23James Rachels, Created from Animals (Oxford: Oxford University Press, 1990), pp. 171-172. Cf. pp. 93,
97, 171.
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epistemolgicas e a Grande Histria da ontologia naturalista cientfica, nenhum destes
cinco pontos se adapta naturalmente de forma que no constitua ad hoc.
Os naturalistas no podem apelar para a emergncia para solucionar seus
problemas porque (1) este apenas um nome dado para o problema a ser resolvido, eno uma soluo real e (2) faz petio de princpio contra o tesmo cristo da forma
mais escandalosa possvel. Parece, ento, que os aspectos importantes que nos
caracterizam como seres humanos fornecem evidncia de que existe um Deus Criador
que nos criou. E isto exatamente o que algum iria esperar encontrar, caso o ensino
bblico da imagem de Deus fosse correto.
PARA LEITURA ADICIONAL
Moreland, J. P. Consciousness and the Existence of God. London: Routledge, 2008.
_________. The Recalcitrant Imago Dei: Human Persons and the Failure of
Naturalism. London: SCM Press, 2009.
Reppert, Victor. C. S. Lewiss Dangerous Idea. Downers Grove, Ill: InterVarsity Press,
2003.
Swinburne, Richard. The Evolution of the Soul, rev. ed. Oxford University Press, 1996.