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ISTITUTO A VEZ DO MESTRE – AVM CURSO: Auditoria e Controladoria A IMPORTÂCIA DA AUDITORIA IDEPEDETE O BRASIL ALUA: Fernanda Martins Coelho de Almeida ORIETADOR: Luciano Gerard RIO DE JAEIRO, MARÇO, 2010.

A IMPORTÂC IA DA AUDITORIA ID EPED ETE O BRASIL · evolução do sistema capitalista. Com a industrialização, grandes grupos econômicos foram surgindo, e o número de empresas

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ISTITUTO A VEZ DO MESTRE AVM

CURSO: Auditoria e Controladoria

A IMPORTCIA DA AUDITORIA IDEPEDETE O BRASIL

ALUA: Fernanda Martins Coelho de Almeida

ORIETADOR: Luciano Gerard

RIO DE JAEIRO, MARO, 2010.

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ISTITUTO A VEZ DO MESTRE AVM

CURSO: Auditoria e Controladoria

A IMPORTCIA DA AUDITORIA IDEPEDETE O BRASIL

ALUA: Fernanda Martins Coelho de Almeida

ORIETADOR: Luciano Gerard

RIO DE JAEIRO, MARO, 2010.

2

Aos meus pais, por terem acreditado em mim.

Aos meus colegas, pelo apoio e incentivo nos momentos difceis.

3

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus; minha famlia, pelo apoio e carinho. A todos que, de uma forma ou de outra, colaboraram

com a elaborao dessa monografia.

4

RESUMO

Trata-se da importncia da auditoria independente no Brasil, desencadeada pela evoluo do sistema capitalista. Com a industrializao, grandes grupos econmicos foram surgindo, e o nmero de empresas pblicas aumentando em todas as partes do mundo. Por determinao legal, algumas dessas empresas passam a ter o dever de prestar contas de sua gesto administrativa e financeira sociedade. A forma pela qual essas organizaes se comunicam com o pblico, em geral, ocorre por meio das demonstraes financeiras ou contbeis. Assim, valendo-se de normas e padres de natureza tcnica e tica claramente determinados, a auditoria independente torna-se elemento fundamental no sistema de informaes, mediao de desempenho e prestao de contas da administrao. Por sua vez, o auditor desenvolve o seu trabalho por meio do estudo e da avaliao sistemticos de transaes, procedimentos, operaes e das demonstraes financeiras resultantes, tendo por finalidade de determinar o grau de observncia dos critrios estabelecidos e emitir um parecer sobre o assunto.

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SUMRIO

A IMPORTNCIA DA AUDITORIA INDEPENDENTE NO BRASIL

1 ITRODUO ..................................................................................................... 08

2 DA AUDITORIA: ASPECTOS GERAIS ........................................................... 12

2.1 DEFINIO DE AUDITORIA ............................................................................ 12

3 DOS TIPOS DE AUDITORIA .............................................................................. 16

3.1 AUDITORIA CONTBIL...................................................................................... 16

3.2 AUDITORIA DE BALANO ............................................................................... 17

3.3 AUDITORIA DE GESTO .................................................................................. 17

3.4 AUDITORIA DE SISTEMAS ............................................................................... 17

3.5 AUDITORIA DO PLANEJAMENTO ESTRATGICO ...................................... 17

3.6 AUDITORIA ESPECIAL ...................................................................................... 18

3.7 AUDITORIA INDEPENDENTE .................................................................... 18

3.8 AUDITORIA FINANCEIRA ................................................................................ 18

3.9 AUDITORIA INTERNA ....................................................................................... 19

3.10 AUDITORIA OPERACIONAL .......................................................................... 19

4 PRICIPAIS DIFEREAS ETRE AUDITORIA ITERA, IDEPEDETE E COSULTORIA ............................................................... 21

4.1 AUDITORIA INTERNA ....................................................................................... 21

4.1.1 Definio ............................................................................................................ 21

4.1.2 ova Conceituao de Auditor Interno .......................................................... 22

4.1.3 Estruturao ..................................................................................................... 23

4.1.4 Objetivos da Auditoria Interna ....................................................................... 23

4.1.5 Campo de Trabalho .......................................................................................... 23

4.1.6 Funes da Auditoria Interna .......................................................................... 23

4.1.7 Independncia .................................................................................................. 24

6

4.1.8 Responsabilidades e Qualificaes do Auditor Interno ............................... 25

4.2 AUDITORIA INDEPENDENTE ........................................................................ 26

4.3 AUDITORIA INTERNA E INDEPENDENTE .................................................... 26

4.3.1 Principais Diferenas entre as Auditorias Interna e Independente ............. 26

4.3.2 Principais Diferenas entre Auditor Interno e Independente ...................... 27

4.4 AUDITORIA E CONSULTORIA ........................................................................ 28

4.4.1 Principais Diferenas entre Auditoria e Consultoria ................................... 28

4.4.2 Empresas de Auditorias Independentes Incumbidas de Consultoria.......... 29

5 DA AUDITORIA IDEPEDETE .................................................................. 33

5.1 ORIGEM DA AUDITORIA INDEPENDENTE ................................................. 33

5.2 AUDITORIA INDEPENDENTE NO BRASIL .................................................. 34

5.2.1 Evoluo das Auditorias Independentes ....................................................... 34

5.2.2 A Funo das Auditorias Independentes ...................................................... 35

5.3 RGOS RELACIONADOS COM OS AUDITORES ..................................... 37

5.3.1 Comisso de Valores Mobilirios CVM .................................................... 37

5.3.2 Instituto Brasileiro de Contadores IBRACO ......................................... 38

5.3.3 Instituto dos Auditores Internos do Brasil OIO ........................................ 38

5.3.4 Conselho Federal de Contabilidade CFC e Conselho Regional de Contabilidade CRC ...................................................................................... 38

6 A IMPORTCIA DA AUDITORIA IDEPEDETE O BRASIL ......... 39

6.1 FATORES QUE EXIGEM ATUALMENTE ATUAO DO AUDITOR NO BRASIL ................................................................................................................ 39

6.2 A IMPORTNCIA DA AUDITORIA INDEPENDENTE NO BRASIL .......... 40

6.2.1 A Atitude do Estado em Relao s Atividades Econmicas das Empresas Privadas .......................................................................................... 40

6.2.2 A Importncia da Auditoria Independente no Brasil .................................. 42

6.3 A CREDIBILIDADE DAS AUDITORIAS INDEPENDENTES E DESCONFIANA DOS INVESTIDORES ......................................................... 42

6.3.1 Credibilidade das Auditorias Independentes ............................................... 42

6.3.2 Agravamento da Desconfiana dos Investidores .......................................... 44

6.3.3 Desafios das Auditorias Ps Enron ................................................................ 45

6.3.3.1 Crticas auto-regulao ............................................................................... 46

6.3.3.2 Atividades de auditoria e consultoria ............................................................. 47

6.3.3.3 Rotao de auditores independentes .............................................................. 47

6.3.4 A Falncia do Sistema de Reviso das Auditorias ........................................ 50

6.3.5 Fraude nas Auditorias .................................................................................... 51

7

6.3.6 Empresas de Auditoria Adotam Mudanas para Reduzir Desgaste na Imagem ....................................................................................................... 55

7 COCLUSO ....................................................................................................... 57

8 REFERCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................ 63

8

1 ITRODUO

Este trabalho tem como objetivo mostrar a importncia da auditoria independente

no Brasil, dentro de uma viso global, desde o incio de sua implantao at os dias

atuais. Tomando por base a premissa de que o mrito das informaes contbeis

depende da capacidade que elas tenham em ajudar o usurio a adotar as melhores

decises econmico-financeiras, o presente trabalho objetiva discutir possveis rumos

que devam ser perseguidos pela auditoria independente no incio do sculo XXI.

Conforme se pretende demonstrar, na medida em que o ambiente scio-

econmico se torna mais complexo, tanto o leque de usurios das informaes contbeis

se amplia, como tambm as prprias demonstraes precisam se ajustar com maior

rapidez s novas necessidades. Para se ter uma idia dos desafios que esto surgindo,

pode-se citar o exemplo das dificuldades no reconhecimento dos ativos intangveis. Em

muitas organizaes, os recursos econmicos que mais contribuem para a gerao de

riqueza esto concentrados justamente na massa de ativos intangveis. Essa nova

realidade, por si s, j enseja amplas discusses sobre reformulao de princpios,

conceitos, metodologias de mensurao, currculos acadmicos, entre outros assuntos

relacionados ao progresso do conhecimento de auditoria. De antemo, nota-se que

alguns mecanismos devero ser aprimorados para contemplar novos eventos que afetam

o potencial econmico das entidades. Nesse particular, sero discutidas tambm

algumas contribuies que podero ser oferecidas pelas tecnologias da informao para

que a auditoria independente se mantenha altura das expectativas dos usurios.

Por outro lado, no se pode perder de vista que fatores de cunho social tambm

devero influenciar de forma mais incisiva o desenvolvimento da auditoria

9

independente. Nesse ponto, adota-se a premissa de que a empresa, como um sistema

aberto, deve ser induzida, seno compelida, a prestar contas sociedade sobre sua

atuao. De maneira geral, busca-se tambm contribuir para fortalecer a conscincia de

que as informaes contbeis precisam evoluir no apenas para prestar apoio mais

eficaz maximizao da riqueza, mas tambm para colaborar na promoo do bem-

estar social.

Justifica-se a delimitao do tema em estudo, pelo fato de que em todo mundo

discutem-se os desafios que as transformaes scio-econmicas atuais impem ao

futuro da contabilidade e ao desenvolvimento da funo do auditor independente.

Porm, observa-se que a preocupao central no , apenas, a de instrumentalizar-se

para interpretar e atender a novas necessidades de usurios tradicionais, como

investidores e administradores, mas tambm a de identificar e satisfazer outros agentes

interessados em informaes de natureza contbil. Considerando que estes j despontam

com expectativas diferenciadas e talvez mais sofisticadas, a exemplo dos rgos de

controle ambiental, institutos de pesquisas tecnolgicas, organizaes no

governamentais, etc. Se o leque de usurios se amplia cada vez mais e os modelos

decisrios so fortemente impactados por diversos fatores, no difcil prever que se

exigir mais dos auditores independentes em termos de quantidade e qualidade das

informaes. Por isso, considera-se oportuno procurar identificar os novos cenrios a

definir e as tendncias que se delineiam sobre o uso da informao contbil.

Assim como as empresas precisam de flexibilidade e agilidade para sobreviver em

ambientes altamente competitivos, entende-se que a contabilidade tambm precisar

evoluir a fim de acompanhar esse passo, aproximando-se mais do usurio, para se

adaptar rapidamente s suas necessidades informativas, sob pena de perder a utilidade e

a prpria razo de existir.

Portanto, uma das principais motivaes deste trabalho contribuir para

demonstrar que, desde a sua origem, a auditoria se encontra numa rota de desafios e

evoluo, e que, por se tratar de um conhecimento essencialmente utilitrio, como

salientam muitos autores, ela chamada a acompanhar o homem em toda a sua

trajetria, buscando oferecer subsdios para que ele seja racional em suas decises

econmicas.

Os procedimentos operacionais utilizados no desenvolvimento da pesquisa, com o

intuito de satisfazer os objetivos levantados no que tange metodologia de abordagem,

sero trabalhados conforme os mtodos histrico e funcionalista.

10

Histrico, porque se faz necessria a abordagem histrica da profisso de contador

com funo de auditor independente, em busca da sua respectiva origem, para se saber

como foi implantada e quais os objetivos e finalidades primeiras de sua concepo.

Tambm para se compreender como se deu o processo evolutivo para alcanar sua

postura atual, seus patamares hodiernos e para que se entenda e se interprete sua

natureza e sua funo social. Parte-se, pois, do princpio de que as atuais formas de vida

social e seus institutos originam-se no passado, tornando-se, em razo de um processo

histrico de evoluo, imprescindvel pesquisar suas razes e sua origem, para melhor

compreenso de sua respectiva natureza e funo.

Funcionalista, considerando-se a sociedade como um sistema para o qual o

equilbrio depende da integrao de seus membros, que assumem a condio de

componentes diversos, mas interligados; bem como levando em considerao que a

sociedade formada por partes componentes, diferenciadas, inter-relacionadas e

interdependentes, exercendo, cada uma, funes essenciais e diversas na vida em

sociedade. Partes que so mais compreendidas se visualizadas e absorvidas as funes

que cada uma desempenha no todo.

Como mtodo de abordagem, utilizar-se- o dedutivo, posto se tratar de uma

dissertao embasada em estudos tericos, de natureza reflexiva, ordenando conceitos e

idias sobre a funo de auditoria independente.

Por melhor se adequar aos objetivos deste estudo, ter como instrumental tcnico

bsico, a pesquisa bibliogrfica. A pesquisa utilizar as doutrinas disponveis acerca do

tema, eis que este tipo de abordagem necessita de um embasamento terico para sua

estruturao didtica.

Na fase de pesquisa e de relato, reuniu-se o material, analisou-se o tema

delimitado, bem como se levantou questionamentos direcionados a promover a

adequada problematizao, manipulando-se os fatores e variveis de acordo com as

hipteses levantadas. Ao final, coligiu-se e ordenou-se o material segundo a

metodologia necessria para a elaborao da monografia.

Para atender o proposto e responder s hipteses levantadas, dividiu-se o trabalho

em seis captulos.

No primeiro captulo, aborda-se a auditoria em seus aspectos gerais de definio e

desenvolvimento histrico. Por sua vez, o captulo segundo apresenta os diversos tipos

de auditoria de forma sucinta, apenas para situar a auditoria independente em um espao

11

doutrinrio. No captulo terceiro trata-se das principais diferenas entre a auditoria

interna, a independente e consultoria.

Mais adiante, no quarto captulo, aborda-se a auditoria independente, desde sua

origem, como foi implantada no Brasil, a evoluo e funo das auditorias

independentes, bem como os rgos relacionados com os auditores.

O captulo quinto destinado s normas de auditoria independente, englobando as

normas profissionais, as de auditoria independente e interna relativas ao parecer ou

relatrio, as condies para o exerccio da funo de auditor, a contratao do auditor

independente, os principais motivos que levam uma empresa a contratar um auditor

independente e como se d essa contratao, a competncia tcnico-profissional,

independncia, a execuo dos servios de auditoria e suas responsabilidades.

Por fim, o captulo sexto ressalta a importncia da auditoria independente, bem

como os fatores que exigem atualmente a atuao do auditor no Brasil e a atitude do

Estado em relao s atividades econmicas das empresas privadas. Tambm

apresentam-se consideraes sobre a credibilidade das auditorias independentes e

desconfiana dos investidores. Ainda nesse captulo, uma anlise crtica s empresas de

auditoria, resultado da quebra de algumas Companhias internacionais, que desencadeou

o agravamento da desconfiana dos investidores, chegando-se a questionar uma possvel

falncia do sistema de reviso das auditorias.

Por fim, as consideraes finais sobre o estudo.

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2 DA AUDITORIA: ASPECTOS GERAIS

2.1 DEFINIO DE AUDITORIA

Auditoria a tecnologia contbil que tem por objetivo a verificao ou reviso de

registro, demonstraes e procedimentos adotados para a escriturao, visando avaliar a

adequao e veracidade das situaes memorizadas e expostas.

Trata-se de uma avaliao, por reviso, anlise, estudo, com a finalidade de opinar

sobre o comportamento patrimonial, sobre a gesto de administradores, sobre a conduta

de pessoas s quais se confiam bens ou riquezas, sobre o destino de fundos e recursos.

Em suma, conhecer pelos registros, documentos, controles, como sucederam

feitos que produziram peas contbeis, atravs de registros, embrenhando-se por

investigaes amplas, quando o objetivo descobrir a fraude ou coibir a corrupo.

Em outras palavras, pode-se dizer que auditoria o exame das operaes,

atividades e sistemas de determinada entidade, com vistas a verificar se so executados

ou funcionam em conformidade com determinados objetivos, oramentos, regras e

normas.

Existem notcias de que a auditoria tem suas origens em pocas muito remotas.

Ao contrrio da contabilidade, a histria da auditoria se perdeu no tempo, e o nome do

primeiro auditor talvez nunca seja conhecido.

Supe-se que a auditoria se estabeleceu como profisso distinta da atividade

contbil para um nico usurio, no momento em que o especialista em escriturao

deixou de pratic-la para prestar assessoria aos demais especialistas, transformando-se

em consultor pblico liberal.

13

Como j de conhecimento, os italianos foram os arquitetos da contabilidade

moderna. Luca Paccioli, frade matemtico franciscano, 1494, publicou sua teoria das

partidas dobradas, conhecida hoje como o alicerce da contabilidade. O interesse do clero

pela contabilidade no foi por acaso, uma vez que os principais empreendimentos

estruturados na Europa moderna ou medieval foram dirigidos pela Igreja, e a primeira

dvida pblica organizada de que se tem notcia, foi incorrida pelo Vaticano, mediante

colocao de ttulos imobilirios.

A escriturao mercantil e seu reconhecimento como forma de ocupao

especializada tambm aflorou nos italianos, mais especificamente em Veneza, onde em

1581 foi constitudo o primeiro Colgio de Contadores, atravs do qual a admisso do

candidato estava condicionada complementao de aprendizado de seis anos como

contador praticante e submeter-se a exame.

Mais tarde, com a Revoluo Industrial que influenciou a demanda de capital e a

expanso das atividades, desencadearam-se problemas contbeis mais complexos na

Inglaterra. Mudou-se o eixo de desenvolvimento prtico dessa disciplina para aquele

pas, com o aumento de atividades empresariais e de complexidade nos sistemas

contbeis.

A Inglaterra, dominadora dos mares e controladora do comrcio mundial, foi a

primeira a possuir as grandes companhias de comrcio e a primeira tambm a instituir a

taxao do imposto de renda, baseado nos lucros das empresas.

O aparecimento da auditoria como prtica sistematizada somente ocorreu no

sculo XIX, no perodo em que comearam a surgir as primeiras associaes de

contadores pblicos, profissionais que exercem as funes de auditor.

Neste contexto, os exames de auditoria, que antes eram pormenorizados, se

tornaram proibitivos, devido a seu elevado custo. Alm disso, chegou-se a concluso de

que o objetivo de detectarem erros e falhas poderia ser atingido mais efetivamente

atravs de um bom sistema de controle interno.

Desta forma, o papel do auditor sofre profundas mudanas, passando da busca de

erros e confirmao da exatido do balano, para o exame do sistema de testes de

evidncias, de modo que se pudesse emitir um parecer sobre a fidedignidade de todas as

demonstraes financeiras.

Entretanto, a real necessidade da auditoria somente se manifestou a partir da

institucionalizao do investidor capitalista, que passou a exigir relatrios imparciais

14

sobre a integridade do seu investimento e dos resultados econmicos do

empreendimento.

Disso extrai-se que o bero da auditoria moderna foi a Inglaterra, que a exportou

para outros pases, inclusive o Brasil, juntamente com os seus investimentos,

principalmente para a construo de estradas de ferro e outros servios de utilidade

pblica.

Inexistem divulgaes de pesquisas sobre os primrdios da auditoria no Brasil,

sendo somente certo que teve origem inglesa.

O que se sabe que, j em 1909, a firma de auditoria denominada Anderson

S/C mantinha estabelecimento do Rio de Janeiro; e mais tarde, em 1915, a Price

Waterhouse tambm instalou-se naquele Estado, embora com outras denominaes.

Apesar de formalmente organizada em 26 de maro de 1957, quando formado o

Instituto de Contadores Pblicos no Brasil, em So Paulo, a auditoria foi oficialmente

reconhecida apenas em 1968, por ato do Banco Central do Brasil.

Todavia, o fortalecimento da atividade ocorreu em 1972, por regulamentao do

Banco Central do Brasil, Conselho Federal de Contabilidade e pela formao de um

rgo nacional para congregao e autodisciplinao dos profissionais, o Instituto dos

Auditores Independentes do Brasil.

Como se v, a auditoria surgiu como conseqncia da necessidade de confirmao

dos registros contbeis, em virtude do aparecimento das grandes empresas e da taxao

do imposto de renda, baseado nos resultados apurados em balanos. Sua evoluo

ocorreu paralelamente ao desenvolvimento econmico, que gerou as grandes empresas,

formadas por capitais de muitas pessoas, que tem a confirmao dos registros contbeis

a proteo ao seu patrimnio.

As mesmas causas responsveis pelo surgimento da auditoria so hoje

determinantes de sua extraordinria evoluo. A grandeza econmica e comercial da

Inglaterra e da Holanda, bem como dos Estados Unidos da Amrica, onde na atualidade

a profisso mais desenvolvida, foram fatores determinantes da evoluo da auditoria,

como conseqncia do crescimento das empresas, do aumento de sua complexidade e

do desenvolvimento do interesse da economia popular nos grandes empreendimentos.

Enfim, a exportao de capitais, por parte das naes economicamente mais

evoludas, responsvel pelo gigantismo atingido pela profisso nos pases de origem e

sua disseminao pelo mundo. De fato, ao criarem subsidirias no exterior, as grandes

empresas mandavam tambm seus auditores, para que estes fiscalizassem a correta

15

aplicao dos capitais, apurao dos lucros e retorno dos capitais investidos. Essa

situao propiciou a abertura de filiais das firmas de contadores nos pases importadores

de capital. Esses auditores, por sua vez, concorreram decisivamente para a criao e o

desenvolvimento da profisso, com as caractersticas do chamado contador, que inclui

a funo de auditor independente, nos pases onde se estabeleceram.

16

3 DOS TIPOS DE AUDITORIA

Antes de abordar a auditoria independente importante apresent-la, apenas para

efeitos didticos, no contexto em que est inserida. No captulo anterior verificou-se a

definio de auditoria em seu aspecto geral, e as origens histricas desse intuito

contbil.

Agora, passaremos apresentao dos diversos tipos de auditoria e suas principais

peculiaridades, seguida de breve comparao entre auditoria interna e independente,

objeto especfico deste estudo.

3.1 AUDITORIA CONTBIL

A auditoria contbil aquela relativa ao plano da organizao, dos procedimentos

e documentos referentes salvaguarda dos ativos e fidedignidade das contas. Esta

auditoria , conseqentemente, concebida com a finalidade de fornecer uma garantia

razovel de que:

as operaes e o acesso aos ativos se efetuem em conformidade com as

autorizaes;

as operaes sejam registradas quando necessrio;

a contabilizao dos ativos seja comparada com a existncia fsica e intervalos

razoveis, e que sejam tomadas as medidas adequadas relativamente a todas as

diferenas no justificadas.

17

3.2 AUDITORIA DE BALANO

Diz-se auditoria de balano aquela que se realiza para a verificao da exatido

dos saldos apresentados por um balano, auditoria de fim de exerccio que se realiza

para observar a exatido da escrita, partindo do balano; o mesmo que auditoria geral ou

sinttica.

3.3 AUDITORIA DE GESTO

A auditoria de gesto objetiva emitir opinio com vistas a certificar a regularidade

das contas, verificar a execuo de contratos, convnios, acordos ou ajustes; a probidade

na aplicao dos dinheiros pblicos e na guarda ou administrao de valores e outros

bens da Unio ou a ela confiados.

3.4 AUDITORIA DE SISTEMAS

A auditoria de sistemas tem como objetivo maior analisar os fluxogramas dos

controles internos feitos na pr-auditoria, visando dar segurana ao plano de auditoria e

a mensurar a profundidade das amostragens.

Consiste no tipo de auditoria atravs da qual os auditores recorrem ao estudo dos

sistemas e, em especial, ao estudo do controle interno da entidade fiscalizada e

identificao dos eventuais pontos fortes e/ou deficincias desse controle interno, com o

fim de definir o local, a natureza e o mbito dos trabalhos de auditoria que julguem

necessrios para reformularem o seu parecer.

3.5 AUDITORIA DO PLANEJAMENTO ESTRATGICO

a auditoria que consiste em verificar se so atingidos os grandes objetivos

(habitualmente a longo prazo) da entidade e se so respeitadas as polticas e estratgias

em matria de aquisio, utilizao e alienao dos recursos.

18

3.6 AUDITORIA ESPECIAL

A auditoria especial nada mais que a verificao contbil de auditoria com a

finalidade de observar um acontecimento de natureza especial como por exemplo, um

desfalque, um desgoverno de uma diretoria, etc. As auditorias especiais tm sempre um

objeto certo e no se confundem com as gerais ou normais, que se processam buscando

uma verificao de natureza ampla, sem visar a um fato determinado.

3.7 AUDITORIA INDEPENDENTE

A auditoria independente difere das demais pelo fato de ser feita por profissional

liberal no empregado da empresa ou entidade que verifica. As auditorias independentes

so quase sempre promovidas por empresas de profissionais ou por entidades especiais,

visando sempre a penetrar nas empresas ou nos rgo pblicos com a independncia

necessria para pesquisar.

Em outras palavras, aquela executada por profissional habilitado ou organizao

profissional especializada, sem vinculaes com a empresa auditada.

Ou ainda, auditoria realizada por um organismo externo e independente da

entidade fiscalizada, tendo por objetivo, por um lado, emitir um parecer sobre as contas

e a situao financeira, a legalidade e regularidade das operaes e/ou sobre a gesto e,

por outro lado, elaborar os relatrios correspondentes.

3.8 AUDITORIA FINANCEIRA

Anlise das contas, da situao financeira e da legalidade e regularidade das

operaes, realizada por um auditor, com vista a emitir ou no um parecer.

Este tipo de auditoria inclui:

a) anlise das contas e da situao financeira da entidade fiscalizada com vistas a verificar se todas as operaes foram corretamente autorizadas, liquidadas, ordenadas, pagas e registradas; e se foram tomadas medidas apropriadas com o objetivo de registrar com exatido, e a proteger todos os ativos, por exemplo: tesouraria, investimento, inventrio dos valores imobilirios, existncia; b) anlise da legalidade e regularidade, com vista a verificar se todas as operaes registradas esto em conformidade com a legislao

19

geral e especfica em vigor; se todas as despesas e receitas so, respectivamente, efetuadas e arrecadadas com observncia dos limites financeiros e ao perodo autorizados, e se todos os direitos e obrigaes so apurados e geridos segundo as normas aplicveis.

3.9 AUDITORIA INTERNA

A auditoria interna visa a verificao dos fatos contbeis, pelos processos tcnicos

da auditoria, realizada por funcionrios da prpria azienda. A auditoria interna

tambm uma denominao que se d seo encarregada de realizar as tarefas de tal

natureza. Geralmente a seo de auditoria fica subordinada ao conselho fiscal, nas

sociedades annimas, ou a um controlador geral da empresa, o qual tem a seu cargo a

superviso da tesouraria, contadoria e auditoria.

Nas empresas privadas, a auditoria interna aquela que se executa por iniciativa

prpria ou atravs de departamentos especficos ou servios contratados. No setor

pblico, a que efetuada atravs dos rgos de controle interno.

Em outras palavras, a auditoria interna consiste no servio ou departamento de

uma entidade incumbido pela direo de efetuar verificaes e de avaliar os sistemas e

procedimentos de entidades com vista a minimizar as probabilidades de fraudes, erros

ou prticas ineficazes. A auditoria interna deve ser independente no seio da organizao

e prestar contas diretamente direo.

3.10 AUDITORIA OPERACIONAL

A auditoria operacional atua nas reas inter-relacionadas do rgo/entidade,

avaliando a eficcia dos seus resultados em relao aos recursos materiais, humanos e

tecnolgicos internos, existentes para a gesto dos recursos pblicos. Sua filosofia de

abordagem dos fatos de apoio, pela avaliao do atendimento s diretrizes e normas,

bem como pela apresentao de sugestes para seu aprimoramento.

Por outro lado, verifica o desempenho ou forma de operar dos diversos rgos

e funes de uma empresa. Tal auditoria testa como funcionam os diversos setores,

visando, principalmente, eficincia, segurana no controle interno e obteno

20

correta dos objetivos. Pode tal reviso ser feita em conjunto com as demais, no caso de

auditoria integral, ou isoladamente, inclusive em perodos mais curtos1.

Em suma, a auditoria que incide em todos os nveis de gesto, sob o ponto de

vista da economia, eficincia e eficcia, nas suas fases de programao, execuo e

superviso.

1 (S, A. Lopes de; S, Ana M. Lopes de, op. cit., p. 28)

21

4 PRICIPAIS DIFEREAS ETRE AUDITORIA ITERA,

IDEPEDETE E COSULTORIA

4.1 AUDITORIA INTERNA

4.1.1 Definio

A auditoria interna uma funo de avaliao independente, criada dentro da

organizao para examinar e avaliar suas atividades, como um servio a essa mesma

organizao.

Surgiu da necessidade da administrao da empresa, com a expanso dos

negcios, de dar maior nfase s normas e procedimentos internos, devido ao fato de

que o administrador, ou, em alguns casos, o proprietrio da empresa, no poder

supervisionar pessoalmente todas as atividades.

Alm disso, o auditor independente j existente, mais do que dar seu parecer sobre

as demonstraes contbeis, passaram a emitir um relatrio-comentrio, no qual

apresentavam sugestes para solucionar os problemas da empresa. Entretanto, esse

auditor independente passava um perodo de tempo muito curto na empresa, e seu

trabalho estava direcionado para o exame das demonstraes contbeis. Assim, para

atender administrao da empresa, fez-se necessria uma auditoria mais peridica,

com maior grau de profundidade e visando tambm s outras reas no relacionadas

com a contabilidade. Em conseqncia surgiu o auditor interno, como uma ramificao

da profisso do auditor independente e, por extenso, do contador.

22

por isso que a auditoria interna est relacionada com a auditoria contbil e

operacional, tendo como objetivo principal verificar se as normas internas esto sendo

seguidas ou se h necessidade de novas normas. Na auditoria interna, o auditor efetua

auditoria das diversas reas das demonstraes contbeis e em reas operacionais,

emitindo um relatrio no trmino do trabalho.

O auditor interno, por sua vez, o profissional que desempenha as funes de

auditor, porm como empregado da empresa ou como seu dependente econmico. O

que diferencia o auditor interno do independente exatamente a dependncia de

emprego para com a firma ou empresa na qual se executa o trabalho de auditoria2.

Em outras palavras, o auditor interno um empregado da empresa, e dentro de

uma organizao no deve estar subordinado quele cujo trabalho examina. Alm disso,

no deve desenvolver atividades que possam vir um dia a examinar, como, por exemplo,

elaborar lanamentos contbeis.

4.1.2 ova Conceituao de Auditor Interno

A funo do moderno auditor interno fazer aquilo que a direo gostaria de fazer

se tivesse tempo para realizar e soubesse como fazer.

O auditor tem sua ateno voltada para a anlise dos atos de gesto praticados no

perodo de seu exame. Interessa-lhe verificar e confrontar se os atos praticados o foram

em atendimento legislao vigente, s regras estatutrias, do contrato social e do

regimento interno e s normas internas vigentes. Ao auditor cabe, tambm, recomendar

alteraes em regimentos, em normas internas, nos procedimentos que contenham

disposies contrrias s leis e/ou a regulamentos editados por rgos pblicos, ou s

tcnicas de administrao geral, de produo, de recursos humanos, etc.

O conceito tradicional de auditor interno est sendo h muito modificado pelas

novas concepes de gesto empresarial, que vem na auditoria interna um importante

aliado para a reviso das operaes desenvolvidas pelas reas operacionais e de apoio.

Alm de, com base no exame minucioso das rotinas e procedimentos internos, avaliar a

eficincia e a eficcia do funcionamento dos sistemas de controle interno da empresa.

importante ressaltar que o auditor interno, cada vez mais, tem que se

profissionalizar, ou seja, se tornar um profissional de mercado. Para tanto, tem que se

dedicar mais sua formao como profissional da rea.

2 (S, A. Lopes de; S, Ana M. Lopes de, p. 28)

23

Em suma, tem que ser um tcnico na sua rea de competncia, para auditar

qualquer atividade econmica ou empresarial. O conhecimento de ferramentas e

tcnicas de auditoria o coloca apto para disputar o mercado. Esse fato, infelizmente,

ficou por longo tempo adormecido no mbito das empresas, o que dificultava sua

absoro como mo-de-obra especializada.

4.1.3 Estruturao

Na empresa, a auditoria interna consiste na unidade de assessoria

preferencialmente subordinada ao mais alto escalo da organizao. Sua estruturao

varia de empresa para empresa. Existem auditorias com divises especficas e outras

sem divises. As denominaes de cargos mais usuais so: gerentes, supervisores,

seniors, plenos, juniores e trainees.

4.1.4 Objetivos da Auditoria Interna

Vrios so os objetivos da auditoria interna, tais como:

a) revisar e avaliar a integridade, adequao e aplicabilidade dos controles

financeiros, econmicos, contbeis e operacionais exercidos pela companhia;

b) verificar a observncia das polticas, planos, procedimentos e resolues da

alta administrao;

c) assegurar que os ativos da empresa esto registrados contabilmente e

salvaguardados adequadamente; e

4.1.5 Campo de Trabalho

A auditoria interna deve ter trnsito livre todas as atividades da empresa,

registros, propriedades e pessoas.

4.1.6 Funes da Auditoria Interna

A auditoria interna a parte integrante da organizao, com funes

independentes dos demais setores. De forma genrica as funes mais comuns so:

24

a) programar, planejar, e controlar todos os trabalhos a serem executados na

auditoria interna;

b) desenvolver trabalhos de auditoria nos vrios sistemas da empresa,

compreendendo: interao aos procedimentos da atividade via normas ou manuais;

levantamento de procedimentos; anlise do controle interno; execuo de exames de

auditoria/comprovaes; elaborao de relatrios de sugestes e efetuar repasses aos

nveis gerenciais envolvidos; prestar informaes e dar assessoria s atividades

examinadas; e avaliar as providncias tomadas com relao s recomendaes feitas em

relatrios de auditoria;

c) verificar a observncia s polticas, planos, procedimentos e normas legais

em vigor e detectar os desvios de sua aplicao pela organizao;

d) avaliar as diretrizes de gesto e dispositivos de controle, com vistas ao

aprimoramento do desempenho operacional;

e) assessorar a alta administrao em assuntos tcnicos, econmicos, contbeis,

fiscais, administrativos e afins;

f) participar de trabalhos visando a aquisio ou incorporao de outras

companhias;

g) participar de trabalhos especialmente determinados pela alta administrao;

h) colaborar com os auditores independentes na execuo de exames de

balanos e demais demonstraes financeiras da organizao; e

i) treinamento de auditores e empregados da organizao.

4.1.7 Independncia

essencial que a unidade de auditoria interna tenha independncia para o

desenvolvimento de suas funes. Para tanto, necessita de alguns pr-requisitos, tais

como:

a) estar subordinado aos mais altos escales da organizao;

b) no exercer autoridade direta sobre os membros da organizao, cujo

trabalho revisa;

c) no escriturar registros;

d) o seu trabalho no deve isentar os demais membros da organizao de suas

responsabilidades;

25

e) deixar de escalar auditorias onde no existia completa independncia para

crtica. Exemplo: existncia de parentes;

f) no solicitar favores a rgos da empresa, empregados, fornecedores,

empreiteira, clientes e outros; e

g) ter autoridade suficiente para exercer suas funes.

4.1.7 Responsabilidades e Qualificaes do Auditor Interno

O auditor interno deve fazer sempre auto-anlise, ou seja, o auditor, cuja funo

principal a crtica do trabalho alheio, deve, constantemente, submeter seu trabalho a

uma autocrtica. Deve considerar cada anotao contida nos papis de trabalho,

procurando, acima de tudo, verificar se estas anotaes oferecem um suporte bastante

evidente para seu relatrio.

Alm disso, o auditor deve ser imparcial, evitando influncia de terceiros ou

qualquer inclinao sentimental, a fim de evitar fornecer informaes incompletas ou

exagerar a realidade dos fatos.

Tambm o sigilo profissional uma das armas mais importantes com que conta o

auditor para obter xito na concluso de seu trabalho. Assuntos de natureza confidencial

devem ser discutidos somente com as pessoas autorizadas em momentos e locais

adequados.

Por outro lado, nada daquilo que chega ao conhecimento do auditor por fora de

seu trabalho, nenhuma das informaes que lhe so facultadas, podem jamais ser

invocadas pelo auditor em seu proveito ou benefcio prprio a discrio deve nortear

suas aes. A base de todo servio profissional a confiana. Essa a base

irrevogavelmente destruda onde a confiana violada.

Por fim, o bom senso tem suas prprias caractersticas que repousam em

princpios, tais como: tolerncia dentro do que justo, abandono de detalhes que no

prejudiquem a finalidade; acomodao desde que beneficie os fins; equilbrio e

serenidade; ausncia completa de paixo; mensurao justa dos atos e ponderao da

predominncia das virtudes sobre os erros.

26

4.2 AUDITORIA INDEPENDENTE

A auditoria nada mais do que uma tcnica autnoma entre as tcnicas da Cincia

Contbil, razo pela qual tem objeto perfeitamente identificado e definido, sendo este

no apenas nico, mas tambm mltiplo, conforme entendimento unanimamente

consagrado nos dias de hoje.

Na auditoria independente, o trabalho do auditor apenas de auditoria, tendo

como objetivo principal emitir um parecer sobre as demonstraes contbeis.

Verificando se estas refletem a posio patrimonial e financeira, os resultados das

operaes e as origens e aplicaes de recursos da empresa examinada; e

principalmente, se essas foram elaboradas de acordo com os princpios fundamentais de

contabilidade e se esses princpios foram aplicados com uniformidade em relao ao

exerccio anterior.

Auditor independente aquele profissional que desempenha as funes de

auditoria em carter liberal. Auditor que no empregado ou dependente da empresa ou

entidade na qual executa os trabalhos de auditoria. Os auditores independentes esto,

atualmente, no Brasil, congregando-se atravs de associaes de contadores pblicos.

Do exposto, conclui-se que a auditoria independente uma das tcnicas utilizadas

pela contabilidade, ou seja, aquela destinada a examinar a escriturao e demonstraes

contbeis, a fim de confirmar sua adequao. Dessa forma, a auditoria aperfeioa a

utilidade das informaes fornecidas e d credibilidade contabilidade, valorizando

seus objetivos.

4.3 AUDITORIA INTERNA E INDEPENDENTE

4.3.1 Principais diferenas entre as Auditorias Interna e Independente

Ambas as auditorias esto voltadas para o controle interno como ponto inicial de

seus exames e produzem sugestes de melhorias para as falhas/deficincias detectadas.

Num estudo comparativo entre auditoria interna e independente, pode-se dizer que

a auditoria independente tem como objetivo opinar sobre as demonstraes financeiras,

com profissional independente, com responsabilidade civil e contratao por perodo

pr-determinado.

27

obrigatria em determinadas empresas, e interessam s empresas, aos rgos

governamentais, e aos credores e investidores em geral. O produto final resume-se na

edio de um parecer sobre demonstraes financeiras.

Por sua vez, a auditoria interna objetiva assessorar a administrao da empresa no

efetivo desempenho de sua funo.

Quanto aos profissionais, h relao de dependncia com responsabilidades

trabalhistas entre as partes. facultativa e interessa apenas s empresas. O produto final

consiste no relatrio de recomendaes/sugestes administrao.

4.3.2 Principais Diferenas entre Auditor Interno e Independente

Dentre as diferenas, coleciona-se as principais, que, com base nos ensinamentos

de ALMEIDA3 sero, a seguir, especificadas.

Enquanto o auditor interno empregado da empresa e possui menor grau de

independncia, o auditor independente no tem vnculo empregatcio com a empresa

auditada e independente desta.

O auditor interno executa auditoria contbil e operacional. J o auditor

independente executa apenas auditoria contbil.

Por ser empregado da empresa, o auditor interno tem mais tempo na empresa para

executar os servios de auditoria e apresenta um grande volume de teste.

Em contra partida, o auditor independente est mais interessado em erros que

individualmente ou cumulativamente possam alterar de maneira substancial as

informaes das demonstraes contbeis; apresentando, ao final, um volume bem

menor de testes.

Em relao aos principais objetivos, o auditor interno visa verificar se as normas

internas esto sendo seguidas, se existe a necessidade de aprimoramento das normas

internas vigentes ou mesmo a instituio de normas novas; e efetuar a auditoria das

diversas reas das demonstraes contbeis, e em reas operacionais, para ao final

emitir relatrio-comentrio.

Por sua vez, o auditor independente objetiva apenas emitir um parecer ou opinio

sobre as demonstraes contbeis, no sentido de verificar se estas refletem, de forma

3 ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. 5. ed. So Paulo: Atlas, 1996, p. 6.

28

adequada, a posio patrimonial e financeira, o resultado das operaes e as origens e

aplicaes de recursos da empresa examinada.

Alm disso, verificar se essas demonstraes foram elaboradas de acordo com os

princpios contbeis, e se esses princpios foram aplicados com uniformidade em

relao ao exerccio social anterior.

4.4 AUDITORIA E CONSULTORIA

4.4.1 Principais Diferenas entre Auditoria e Consultoria

Nos pases mais adiantados como Estados Unidos da Amrica, Inglaterra,

Alemanha, Frana, Japo, dentre outros, a ao da auditoria independente relevante

para todos os acionistas que tm em seus relatrios uma forma de controle dos

dirigentes. Esse acompanhamento permite que os interessados possam agir no sentido

de exigir dos dirigentes a correo de erros ou omisses que conduzam a insucessos do

empreendimento4.

No Brasil, a situao diferente, pois a existncia de grupos empresariais

controlados por famlias as quais alm de comandarem os negcios, bem ou mal

contratam os prprios auditores , traz certo prejuzo independncia dessa atividade.

No esto esquecidos os casos dos bancos que quebram, todos com a marcante presena

dos donos como seus dirigentes e sempre tendo seus negcios auditados, prejudicando

sua independncia.

O consultor deve indicar ao seu cliente alternativas para atos da gesto, seja para

aumento de produo, para diminuio de custos; seja na linha de produo, com

alterao ou eliminao de produtos; seja na rea fiscal, propondo mudana de

comportamento tributrio, aproveitando-se de brechas legais, visando pagar menos

impostos, todas conduzindo maior lucratividade.

Enquanto isso, o auditor, diferentemente, tem sua ateno voltada para a anlise

dos atos de gesto praticados no perodo de seu exame. Interessa-lhe verificar e

4 CITADINI, Antonio Roque. O controle externo da administrao pblica. So Paulo: Max limonad, 1999, p. 18.

29

confrontar se os atos praticados o foram em atendimento legislao vigente, s regras

estaturias, do contrato social e do regimento interno, e normas internas vigentes.

Ao auditor cabe tambm, recomendar alteraes em regimentos, normas internas de

procedimentos que contenham disposies contrrias lei e/ou a regulamentos editados

por rgos pblicos, ou s tcnicas de administrao geral, de produo, de recursos

humanos, etc.

A consultoria deve indicar alternativas para a obteno de maior lucro. A auditoria

ao contrrio, fotografa o modus operandi e presta informaes alta direo da

empresa, aos seus acionistas, sociedade interessada e at s autoridades, atos de

gesto atenderam s leis, regulamentos e normas editadas pelo alto escalo da empresa;

podendo at indicar recomendaes de ajuste, mas no como faria uma consultoria.

4.4.2 Empresas de Auditorias Independentes Incumbidas de Consultoria

Segundo CITADINI, a concordata da empresa Enron Corporation, conhecida

como gigante da energia nos EUA e no mundo, deve ser motivo de reflexo e no s

para os americanos, diretamente prejudicados. Tal fato traz repercusso no mercado de

modo geral, para os funcionrios da empresa e tambm para os milhes de poupadores

que confiaram na gesto do fundo de penso por ela gerido.

A Enron, stima maior empresa americana, um gigante no ramo energtico, e

administrada com mtodos irregulares de maquiagem contbil, e foi falncia quando

no conseguiu mais esconder sua verdadeira situao financeira. Como vai terminar,

est difcil prognosticar. O escndalo, que tem uma vertente poltica e outra financeira,

no pra de se espraiar, como uma praga.

Neste caso, a preocupao maior est pautada na pssima atuao da empresa

responsvel pela auditoria, a Arthur Andersen LLC, que, como noticiado, no

detectou registros contbeis questionveis; os quais, ao que tudo indica, j ocorriam

desde ao menos 1997, conforme confisso da prpria Enron. No apontou, como era de

seu dever, a prtica irregular de transaes sem o devido registro contbil.

Todos os analistas, inclusive o ex-presidente da comisso de valores americana, a

SEC, reconhecem a gravidade do problema. No de hoje que o sistema de auditorias

independentes vem-se tornando um problema angustiante para o poder pblico e para o

mercado financeiro. Este prega a hipottica liberdade de agir do setor; aquele tem a

30

responsabilidade de estabelecer regras claras e firmes a serem seguidas, e que

possibilitem um efetivo controle, destinado a dar um mnimo de garantia aos

investidores, em especial os minoritrios.

Nem mesmo a auto-regulamentao, conhecida nos EUA como reviso pelos

pares, mostra-se suficiente para dar a garantia exigida pela sociedade. V-se que a

Arthur Andersen se submeteu avaliao feita por uma concorrente, a Deloitte &

Touche LLP, e dela recebeu aprovao, porque seus sistemas de contabilidade e de

controle de qualidade de auditoria davam garantia razovel submisso a padres

profissionais. No de estranhar, pois o interesse comum: todas as empresas de

auditoria independente agem de igual modo. No h razo para criticar o trabalho

concorrente.

O que efetivamente aflora de exemplos como o escndalo da Enron

Corporation, a constatao da necessidade de serem estabelecidas regras claras e

precisas de auditoria, de modo que o auditor se sinta seguro no exerccio de sua misso

e os dirigentes das empresas auditadas, desestimulados da prtica de retaliao.

Ressalta-se aqui, a inconvenincia de as empresas de auditoria realizarem,

tambm, os servios de consultoria, uma vez que o resultado constante de

promiscuidade entre a empresa auditora e as auditadas, quando tambm se incumbem da

consultoria.

No podem, as empresas de auditoria independentes, prestar consultoria a seus

clientes aos quais auditam.

J se defende, agora, nos Estados Unidos, que a SEC - Securities and Exchange

Commission, que corresponde Comisso de Valores Mobilirios no Brasil,

regulamente as atividades das empresas de auditoria; proibindo-as de vender aos seus

clientes outros servios, principalmente os de consultoria. No Brasil, a CVM

Comisso de Valores Mobilirios, adotou regulamentao nesse sentido que foi

questionada judicialmente e, possivelmente por falta de clareza nas contra-razes

apresentadas, foi concedida liminar. Espera-se que, no mrito, o julgamento mantenha a

proibio em to boa hora aplicada.

Diferente no poderia acontecer, uma vez que o trabalho da auditoria fiscalizar,

e o da consultoria apontar caminhos para a ao do gestor na busca de melhores

resultados para seus investimentos. incompatvel, pois, fiscalizar tarefa da auditoria

e, ao mesmo tempo, oferecer conselhos alternativos para tomada de decises tarefa

da consultoria.

31

Quem aponta alternativas tem co-participao na deciso tomada, e isso

conflitante com a responsabilidade que tem o fiscal de apontar eventuais erros nas

decises. No se pode deixar que o mercado regule a atuao das auditorias. A

esperana dos milhes de investidores que perderam seus recursos na pirmide montada

nesse esquema, est depositada na ao que venha a tomar o Congresso americano,

regulamentado apropriadamente a atividade.

de aguardar que, no Brasil, se busquem, o quanto antes, medidas eficazes com

regras claras que impeam essa promiscuidade. Assim como no h, em outros setores

da economia, restries para operaes casadas, como o caso dos bancos e suas

financeiras, das empresas pertencentes a um mesmo grupo, das montadoras de veculos

e lojas de autopeas, no se pode aceitar que as empresas de auditoria tenham permisso

para realizar, tambm, as atividades de consultoria.

Tal regulamentao deve abranger ainda aqueles analistas que no revelam com

quais empresas mantm contratos de auditoria, e oferecem opes de investimentos,

como se nenhum interesse tivessem as empresas que apontam como favorveis.

Elaborando o ranking de cada setor. Se o investidor souber do vnculo contratual que o

analista tem com a empresa recomendada, saber, por certo, melhor avaliar o risco.

Assim como os rgos de controle externo tribunais de contas e controladorias

agem de acordo com suas leis orgnicas, seus regimentos e manuais de fiscalizao,

tornando pblico o resumo dos relatrios das auditorias que realizam, a mesma

transparncia deveria ser exigida das auditorias independentes.

No h como negar que a derrocada da Enron abalou um dos sustentculos do

capitalismo financeiro: o conceito de que as regras do jogo so as mesmas para todo o

mundo, e que sempre haver um auditor para garantir isso. A Enron escondia dvidas e

turbinava lucros em associao criminosa, segundo alegam os processos de acionistas

lesados, com os auditores Arthur Andersen. Quando uma empresa gigantesca e sua

auditoria mentem para enganar os acionistas, como se suspeita, o risco de contaminao

sistmica grave. Os mercados tremeram com essa febre.

As empresas mais afetadas so as que tm sistemas contbeis muito complexos e

as muito endividadas, ou seja, segundo CITADINI:

Tudo o cheirasse a Enron. a teoria barata, resumiu um corretor americano, Anthony Maramarco. Segundo essa teoria, os investidores acreditam que, tal como acontece com as baratas, nunca existe s uma empresa enrolada com prticas contbeis ou grandes dvidas. O

32

resultado que todo mundo sai vendendo papis contaminados pela mesma suspeita.

Ainda existe espao para uma propagao da crise? Nenhuma pessoa

moderadamente equilibrada pode fechar uma previso. O que se afirma, desde j, no

entendimento de CITADINI, que o caso Enron tem uma dimenso nica:

Nos prximos anos, o escndalo da Enrom, e no o de 11 de setembro, ser visto como o grande divisor de guas na histria da sociedade dos Estados Unidos, escreveu o economista Paul Krugman, na coluna que assina no jornal The New York Times. O guru de Princeton explica por que o escndalo excepcional da seguinte firma: j houve antes empresas grandes e admiradas que faliram, j hou empresas que se revelaram fraudulentas. Mas no consigo imaginar um outro caso em que a empresa mais admirada de um pas se tivesse revelado ser uma fraude. Krugman, que recebeu 50.000 dlares da Enron por um trabalho de consultoria antes de comear a colaborar com o jornal, um dos defensores de reformas urgentes. O governo j est preparando mudanas para aumentar a transparncia das empresas e reforar a credibilidade do mercado. O escndalo, enquanto isso, continua se desdobrando.

preciso estabelecer no s as regras, mas tambm as penalidades pelo seu no

cumprimento, com a responsabilizao quanto aos efeitos desastrosos suportados pelos

investidores e pela sociedade.

33

5 DA AUDITORIA IDEPEDETE

5.1 ORIGEM DA AUDITORIA INDEPENDENTE

Da mesma forma que a auditoria em geral, a auditoria independente surgiu como

parte da evoluo do sistema capitalista.

A princpio, as empresas eram fechadas e pertenciam a grupos familiares. Com a

expanso do mercado e o acirramento da concorrncia, as empresas familiares sentiram

a necessidade de ampliao, e passaram a investir no desenvolvimento tecnolgico, e a

aprimorar os controles e procedimentos internos em geral, principalmente visando a

reduo de custos e, portanto, tornando mais competitivos seus produtos no mercado,

vencendo a concorrncia e mantendo-se em atividade.

Em um curto prazo precisavam processar todas essas mudanas, o que exigia um

volume de recursos impossvel de ser obtido em pouco tempo por meio das operaes

lucrativas naturais da empresa ou do patrimnio de seus proprietrios.

A soluo foi recorrer a terceiros, principalmente mediante emprstimos bancrios

a longo prazo, e abrindo o capital social para novos acionistas.

Por seu turno, os futuros investidores precisavam de segurana em seus negcios.

Solicitavam conhecimento prvio da posio patrimonial e financeira da empresa, bem

como a capacidade de gerar lucros e como estava sendo efetuada a administrao

34

financeira dos recursos da empresa, ou seja, a natureza das fontes de recursos e o

destino que se dava a estes.

A necessidade de informao dos investidores, era para que pudessem avaliar a

segurana e os riscos, bem como a liquidez e a rentabilidade de seu futuro investimento.

Descobriu-se, ento, que a melhor forma de um investidor obter essas informaes

era por meio das demonstraes contbeis da empresa, ou seja, o balano patrimonial, a

demonstrao do resultado do exerccio, das mutaes do patrimnio lquido, das

origens e aplicaes de recursos, e as notas explicativas.

Conseqentemente, as demonstraes contbeis passaram a ter importncia mpar,

at ento no conhecida, para os futuros aplicadores de recursos.

Para isso, como medida de segurana contra a possibilidade de manipulao de

informaes, os futuros investidores passaram a exigir que as referidas demonstraes

fossem examinadas por um profissional independente da empresa e de conhecida

capacidade tcnica.

Surge, desta forma, a figura do auditor independente que o profissional

encarregado para examinar as demonstraes contbeis da empresa e emitir sua opinio

sobre estas.

5.2 AUDITORIA INDEPENDENTE NO BRASIL

5.2.1 Evoluo das Auditorias Independentes

Pela legislao norte americana, os investimentos realizados no exterior precisam

ser auditados. Em razo disso, diversas empresas daquele pas, ao se instalarem no

Brasil nas ltimas dcadas, trouxeram com elas associaes internacionais de auditoria

independente.

Foram essas empresas que praticamente iniciaram a auditoria no Brasil, e

trouxeram todo um conjunto de tcnicas de auditoria, que vm sendo aperfeioadas ao

longo do tempo.

Sob essa influncia internacional, em 1965 a Lei n 4.728, que disciplinou o

mercado de capitais e estabeleceu medidas para seu desenvolvimento, mencionou, pela

primeira vez na histria legislativa brasileira, a expresso auditores independentes.

Tempos depois, o Banco Central do Brasil estabeleceu uma srie de regulamentos,

tornando obrigatria a auditoria independente em quase todas as entidades integrantes

35

do Sistema Financeiro Nacional e companhias abertas. Foi o Banco Central que, por

meio da Circular n 179, de 11 de maio de 1972, estabeleceu as normas gerais de

auditoria.

Nesse mesmo ano, o Conselho Federal de Contabilidade, atravs da Resoluo n

321, aprovou as normas do Banco Central sobre auditorias, e tambm os procedimentos

de auditoria, elaborados pelo Instituto dos Auditores Independentes de Auditoria,

atualmente denominado Instituto Brasileiro de Contadores.

J em 1976, a Lei das Sociedades por Aes, n 6.404, em seu artigo 177,

determinou que as demonstraes financeiras ou contbeis das companhias abertas, ou

seja, as aes negociadas em Bolsas de Valores, fossem obrigatoriamente auditadas por

auditores independentes, devidamente registrados na Comisso de Valores Mobilirios.

Na continuidade evolutiva da auditoria independente no Brasil, a referida Comisso de

Valores Mobilirios emitiu, no dia 13 de setembro em 1984, a Instruo n 38, que

vigora at os dias atuais, com disposies sobre os impedimentos ao se realizar uma

auditoria, e deveres e responsabilidade do auditor. Segundo a citada instruo, esto

impedidos de exercer a funo de auditoria independente os auditores que tiverem

qualquer tipo de dependncia em relao companhia a ser auditada, como hipteses

de: vnculo conjugal, vnculo de parentesco, vnculo como scio, vnculo como

administrador ou qualquer outra situao de conflito de interesses.

Em relao aos deveres e responsabilidades dos auditores, enumera: zelo

profissional, aplicar as normas de auditoria, verificar a observncia pela companhia dos

limites das emisses dos seus valores mobilirios, atentar para a existncia de garantias

no caso de emisses de debntures, observar quanto a atos praticados pela

administrao em desacordo com as disposies legais pertinentes, elaborar relatrio,

guardar papis de trabalho de auditoria pelo prazo de trs anos, assinalar eventos

subseqentes no divulgados, assinalar falta de divulgao de informaes relevantes e

a inobservncia dos princpios contbeis, obter a carta de representao da

administrao e estar atento quanto continuidade dos negcios da companhia.

5.2.2 A Funo das Auditorias Independentes

Ao abordar o tema do papel das auditorias, cita um exemplo curioso para

melhor compreenso. Segundo Villas:

36

Existem bens e servios, bem como mercadorias, imprescindveis. Assim com o transporte areo. Rpido, seguro, preciso e, dependendo das necessidades, insubstituvel. Por esse motivo, mesmo com a ocorrncia de acidentes, grande parte deles fatais, continuamos a andar de avio.

Segundo ele, quando ocorre um acidente grave, o fato torna-se assunto

obrigatrio em qualquer conversa. Mas cm condies normais, com milhares de vos

sem problemas, por bvio, no existe assunto a ser comentado.

Continua dispondo que, de todo modo, as causas dos acidentes tm de ser

apuradas, pois o objetivo das investigaes, mais do que punir os responsveis, tornar

possvel o aperfeioamento de sistemas de preveno. O fato que andar de avio faz

parte do cotidiano das pessoas.

Segundo seus entendimentos, o mesmo ocorre com outros setores, incluindo a

atividade de auditoria, criada e desenvolvida para trazer transparncia nas informaes

prestadas pelas empresas e instituies, e auxiliar na tomada de decises. O objetivo foi

atingido e o resultado visvel. O crescimento dos mercados de capitais e os

organismos nacionais e internacionais de fomento esto lastreando suas decises com

base na atividade das empresas de auditoria.

Na auditoria, depois de um exaustivo trabalho, no qual so aplicados

metodologias sofisticadas de estatstica, etc., o auditor julga se o registro contbil feito

ou a divulgao dada o melhor e mais adequado luz das regras existentes e dos

princpios de contabilidade aplicveis queles casos. Muitas dessas operaes ou

transaes so criadas e desenvolvidas diariamente.

Portanto, muitas dessas operaes ou transaes so novssimas e exigem do

contador e auditor o estudo detalhado e contnuo da cincia contbil e dos mtodos de

divulgao. Desta forma, a empresa opera e transaciona; os administradores informam ao contador os detalhes das operaes e transaes; o contador analisa, registra

contabilmente as operaes e transaes, e elabora balanos e notas explicativas,

tornando-os disponveis para o auditor; com base nisso tudo, o auditor realiza o seu

trabalho e emite o seu parecer sobre essas peas informativas. O parecer, muitas vezes,

contm ressalvas ou outras qualificaes; podendo, em algumas situaes, ser emitido

sem ressalvas. Muitas opinies de auditoria com ressalvas de importantes instituies

jamais foram objeto de matria jornalstica. As empresas auditadas, com parecer de

auditoria sem ressalvas, so exatamente as que mais pagam impostos, as que mais

37

distribuem lucros, as que mais empregam, sendo as que tm mais responsabilidade

social.

Existe uma infinidade de negcios e de operaes estranhas ou escusas que

deixaram de ser realizados porque seus impactos no balano produziriam ressalvas no

parecer dos auditores independentes. Por essa razo, ou seja, pela existncia da

auditoria, negcios perniciosos deixam de se concretizar e sonegaes fiscais deixam de

ser feitas.

Muito embora as crticas que afloraram em decorrncia dos ltimos

acontecimentos, a auditoria, na maioria das vezes, atinge seus objetivos sem problemas.

Entretanto, auditores erram, como no caso da Enron, assim como mdicos,

advogados e jornalistas. E avies caem. Mas vamos continuar, cada vez mais, a andar de

avio, a consultar mdicos, a contratar advogados e a fazer auditoria.

No se pretende, em absoluto, com essas consideraes, defender nenhum fato

isolado envolvendo auditores, como o ocorrido com a norte-americana Enron, e sim

fazer uma autocrtica global da atividade de auditoria e dos auditores independentes.

Por se tratar de um trabalho cientfico, objetiva-se levantar hipteses e buscar sua

confirmao baseada em fundamentos doutrinrios e legais, sem conjecturas ou crticas

infundadas; afinal, a auditoria independente de extrema importncia para as atividades

econmicas e financeiras do mundo globalizado. No se pode permitir que erros

isolados destruam a credibilidade dessa delicada e imprescindvel profisso, mas

permitir aprender com as experincias desastrosas e, baseado nelas, evoluir, revendo

princpios, funes e reformulando normas.

5.3 RGOS RELACIONADOS COM OS AUDITORES

Os principais rgos relacionados com os auditores so: CVM Comisso de

Valores Mobilirios; IBRACON Instituto Brasileiro de Contadores; OIO Instituto

dos Auditores Internos do Brasil; CFC Conselho Federal de Contabilidade e CRC

Conselho Regional de Contabilidade.

5.3.1 Comisso de Valores Mobilirios CVM

A Comisso de Valores Mobilirios uma entidade de poder absoluto, vinculada

ao Ministrio da Fazenda. Foi criada pela Lei n 6.385/1976, e funciona como um rgo

fiscalizador no mercado de capitais no Brasil.

38

Para exercer suas atividades no mercado de valores mobilirios (companhias

abertas), o auditor independente dever estar registrado nesse rgo.

Para obter esse registro o auditor independente deve, cumulativamente:

a) estar registrado no Conselho Regional de Contabilidade;

b) haver exercido atividade de auditoria por um perodo no inferior a cinco

anos contados a partir da data do registro no Conselho Regional de Contabilidade;

c) estar exercendo atividade de auditoria, mantendo escritrio profissional

legalizado, em nome prprio, com instalaes compatveis com o exerccio da atividade

de auditoria independente.

5.3.2 Instituto Brasileiro de Contadores IBRACO

O Instituto Brasileiro de Contadores uma pessoa jurdica de direito privado

sem fins lucrativos. Os principais objetivos desse instituto so:

a) fixar princpios de contabilidade;

b) elaborar normas e procedimentos relacionados com auditoria independente e

interna, e percias contbeis.

5.3.3 Instituto dos Auditores Internos do Brasil OIO

O Instituto dos Auditores Internos do Brasil tem como objetivo principal

promover o desenvolvimento da auditoria interna, com o intercmbio de reunies,

palestras, congressos, etc.

5.3.4 Conselho Federal de Contabilidade CFC e Conselho Regional de

Contabilidade CRC

Os conselhos Federal e Regional de Contabilidade so os que representam a classe

dos contadores.

Esses conselhos tm a finalidade do registro e da fiscalizao do exerccio da

profisso de contabilista.

39

6 A IMPORTCIA DA AUDITORIA IDEPEDETE O BRASIL

6.1 FATORES QUE EXIGEM ATUALMENTE ATUAO DO AUDITOR NO

BRASIL

Os motivos que levam uma empresa a contratar um auditor independente so os

mais variados. Vo desde a obrigao legal, nas companhias abertas, at o simples

controle interno como medida de segurana.

Desses variados motivos, os mais comuns so:

a) imposio de um banco para fazer um emprstimo;

b) imposio de um fornecedor para financiamento de compras;

c) para efeito de compra da empresa, quando o futuro comprador exige saber o

valor contbil correto do patrimnio lquido da empresa a ser comprada; e

d) para efeitos de incorporao, fuso e ciso da empresa.

Como a auditoria a tcnica contbil atravs da qual so confirmados os registros

procedidos pela contabilidade, sua atuao interessa principalmente aos executivos de

empresas, que no podem fiscalizar todos os atos de seus subordinados; aos investidores

que no tomam parte ativa na administrao de uma sociedade; aos financiadores e

fornecedores que desejam ver confirmada a possibilidade de liquidao de seus crditos;

ao Fisco, que tem na auditoria independente uma colaborao til para orientao dos

contribuintes e para evitar sonegao de impostos; e, por fim, ao Poder Pblico, quando

40

se trata de empresas ou entidades de interesse coletivo que devem sofrer controles e

fiscalizao do Estado.

A auditoria, como valioso instrumento de aferio da eficincia desses controles,

tem evoludo e expandido, tornando-se indispensvel em inmeros setores de

atividades.

6.2 A IMPORTNCIA DA AUDITORIA INDEPENDENTE NO BRASIL

6.2.1 A Atitude do Estado em Relao s Atividades Econmicas das

Empresas Privadas

Na maioria dos pases do mundo moderno, seja qual for o regime poltico

adotado, socialismo ou capitalismo, verifica-se um dirigismo econmico caracterizado

ora pela interveno branda do Estado, apenas em carter supletivo, ora por uma ao

drstica no campo econmico e financeiro.

Em relao ao Brasil, por ser de tradio liberal, filiou-se aos pases de regime

capitalista. Porm, vem acontecendo nos ltimos tempos uma crescente interveno do

Estado nas atividades econmicas, a ponto de identific-lo, em certos setores, com

pases socialistas.

Existem trs motivos principais que tm influenciado nessa crescente interveno.

Por um lado a necessidade de suprir setores de prestao de servios de interesse

pblico; por outro, a grande deficincia de capitais privados para grandes

empreendimentos de interesse da Nao. Ou ainda, da necessidade de regular a

produo, incluindo o controle dos preos, a proteo dos consumidores, a defesa dos

interesses sociais, o controle dos meios de pagamentos e outros.

Atualmente o Estado intervm na economia privada, tanto para regular, dirigir,

como at mesmo para executar atividades econmicas e financeiras. Como exemplo

citam-se algumas delas:

a) a edio de leis comerciais, que regulam a constituio, o funcionalismo e a

extino das sociedades comerciais, fixando direitos e obrigaes;

b) as leis fiscais, atravs das quais se estabelecem os direitos e as obrigaes, de

todas as pessoas fsicas e jurdicas que exercem atividades econmicas, em relao ao

fisco;

41

c) a instituio de leis sociais, chamadas de trabalhistas, que regulam as

relaes entre capital e trabalho, intervindo diretamente nos contratos de trabalho,

determinando salrio mnimo, salrio educao e garantias de estabilidade sociais, por

exemplo;

d) tambm a criao de leis de defesa da economia popular, com o intuito de

evitar abusos do poder econmico, como a lei do inquilinato e a lei de usuram, dentre

outras;

e) a criao de organismos nacionais e regionais para o incentivo do

desenvolvimento econmico como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e

o Banco Nacional da Habitao;

f) alm disso, intervm quando oferece estmulos fiscais concedidos para

investimentos regionais e em setores da economia nacional;

g) ainda, executa atividade industrial, como acontece com o petrleo e a

siderurgia. Oferece, tambm, servios pblicos, como os de eletricidade e transportes,

bem como o controle das atividades de prestao desses servios pblicos por

particulares;

h) no mercado financeiro, intervm atravs da fiscalizao junto aos bancos,

companhias de investimentos; bem como da regulamentao das atividades das

empresas privadas no mercado de capitais; e

i) por fim, o monoplio de certas atividades financeiras, como a que realiza

atravs do Banco Central do Brasil, e o financiamento das empresas atravs de vrios

fundos controlados pelo Estado.

Trata-se de diferentes formas de interveno Estatal, nem sempre efetivamente

benficas, mas sempre feitas com o intuito de proteger a sociedade, da sobrevivncia

financeira do Estado e da regularizao da vida econmica da Nao.

Entretanto, para que os efeitos dessa necessria interveno Estatal resultem mais

benficos que malficos, faz-se necessrio o acompanhamento de efetiva fiscalizao,

que nem sempre possvel ou aconselhvel seja feita diretamente pelo prprio Estado.

A utilizao dos servios de auditor independente, auditando as demonstraes

contbeis das empresas, pode dar ao Estado a segurana necessria efetivao dos

controles desejados, poder ser o meio mais objetivo de se alcanar a fiscalizao da

maioria das atividades econmicas sob o controle do Estado.

Essa uma das visveis importncias da auditoria independente no Brasil, cuja

prtica j vem sendo adotada em autarquias, entidades paraestatais, sociedades de

42

economia mista e mesmo empresas privadas sujeitas fiscalizao de rgos oficiais,

como, por exemplo, as sociedades abertas.

6.2.2 A Importncia da Auditoria Independente no Brasil

O Brasil, em condio de pas em desenvolvimento, tem oferecido vasto campo

para o surgimento de grandes empresas com ramificaes pelo exterior. Aliada a isso, a

mentalidade empresarial tem evoludo extraordinariamente, adotando atitudes

avanadas, bem em sincronia com os tempos vivenciados hoje.

O rpido progresso em todos os setores, nas comunicaes, nos transportes, na

construo civil, nas finanas e em vrios outros campos de atividade econmica,

propiciou, por um lado, a complexidade e a interligao de negcios e transaes, e, por

outro, a necessidade de evoluo dos sistemas de controle.

Como valioso e indispensvel instrumento de aferio de eficincia desses

controles, surgiu a auditoria independente, que tem evoludo e se expandido por todo o

pas.

6.3 A CREDIBILIDADE DAS AUDITORIAS INDEPENDENTES E

DESCONFIANA DOS INVESTIDORES

6.3.1 Credibilidade das Auditorias Independentes

sabido que a ao dos rgos fiscalizadores pode ser preventiva. No bastasse a

quebra da Enron, j analisada neste estudo, tem-se, tambm, a noticia de fraudes

praticadas nas no menos gigantes americanas WorldCom e Xerox, alm de rumores de

fraude na francesa Vivendi Universal.

Tais notcias abalam o mercado de aes, com graves reflexos na economia do

pas, e trazem descrdito ao trabalho realizado pelas empresas de auditoria, as quais tm

uma reserva legal de mercado. Vez que todas as empresas de capital aberto so

obrigadas a submeter seus balanos patrimoniais e demonstrativos, periodicamente, ao

crivo de auditores independentes.

Infelizmente, na nova ordem econmica, a busca por maior lucro foi de tal modo

perseguida que os fez esquecer certos cuidados exigidos na tomada de decises, e at

desprezar os riscos delas decorrentes.

43

No foi diferente o que aconteceu com as empresas de auditoria. Foram

envolvidas pela mesma idia de obter maior lucro e, para isso, encontraram o caminho

da consultoria, entre outros servios. Deu-lhes, at agora, bom resultado financeiro, pois

o noticirio de que a atividade de consultoria permite quelas empresas um

faturamento quatro vezes superior ao da auditoria.

, no entanto, condenvel por ser contrrio tica, dado o conflito de interesses.

Os analistas econmicos j previam o resultado da falcia que agora se est

comprovando com os enganos cometidos por aquelas empresas, ao oferecerem

consultoria aos seus prprios clientes de auditoria.

Como normal dar-se maior ateno ao trabalho que maior resultado oferece, os

servios inerentes atividade-fim da auditoria acabaram sofrendo um certo desprezo, a

ponto de se deixar passar uma fraude to simplista como a que ocorreu na WorldCom:

lanar-se despesas como investimentos, alterando, assim, o lucro.

No mnimo, os problemas enfrentados pelas empresas americanas e, acredita-se,

no est ocorrendo de forma diversa em outros pases, incluindo-se entre eles o Brasil,

cinge-se na falta de ateno e de exame dos documentos que servem de base para o

lanamento contbil. Faltou, por certo, superviso no trabalho. Os executivos das

auditorias devem ter entendido que teriam que envolver mais nos projetos dos clientes,

pois isso lhes traria maior lucro.

O resultado desastroso est a. O lucro de uma empresa repercute no preo de sua

ao na bolsa, e precisa estar alicerado em dados tecnicamente confiveis. Eis a a

exigncia da auditoria, dita independente. Os escndalos abalam a credibilidade no

trabalho das auditorias e atingem, mortalmente, o mercado de capitais, pela perda da

confiana nos balanos publicados, os quais deixam de trazer a certeza dos lucros

anunciados.

Se o lucro publicado no balano no confivel, ficar o mercado sem parmetro

para atribuir valor de negociao em bolsa para a ao da empresa.

Fica difcil para a economia e para a sociedade em geral, conseguir dominar os

efeitos nefastos produzidos por uma situao criada pela falta de credibilidade nos

dados tornados pblicos, e relativos receita, s despesas, aos investimentos e aos

lucros gerados.

As autoridades governamentais bem como os rgos de controle do exerccio

profissional, devem estar atentos a esses acontecimentos. No s para aplicar a punio

44

devida e merecida em cada caso, mas, tambm, para agir preventivamente, buscando

evitar tais fatos.

Mais uma vez se ressalta a importncia da auditoria independente nas relaes

econmicas e financeiras dos tempos de hoje. Mais do que isso, a necessidade e

imprescindibilidade de um trabalho idneo, tico e srio, no s para surtir efeitos

satisfatrios aos contratantes, como tambm na busca da credibilidade do auditor

independente, bastante abalada, principalmente depois dos ltimos acontecimentos.

6.3.2 Agravamento da Desconfiana dos Investidores

Os investidores do mercado de capitais ainda nem conseguiram se refazer do susto

que lhes deu a quebra da Enron, e j foram surpreendidos com a notcia da fraude

contbil praticada pela WorldCom, empresa americana e tambm de grande porte.

Significativo notar que o balano fraudado tenha sido auditado pela mesma empresa

independente, a Arthur Andersen.

Desta forma, a fraude praticada e de considervel valor, revestiu-se de tamanha

singeleza que, talvez por isso, nem tenha sido imaginada pelos profissionais da

auditoria, responsveis pela validao do balano patrimonial da WorldCom. Entre

outras, fica a lio que auditoria uma tarefa que no permite cega confiana nos dados

apresentados pela empresa auditada.

importante ressaltar que o auditor precisa certificar-se de que os documentos

que originaram os lanamentos das receitas e das despesas guardam fidelidade e

merecem crdito.

No restam dvidas que se torna impraticvel ao auditor examinar todos os

documentos, mas precisar aplicar tcnica apropriada e usar de perspiccia para detectar

e impedir a prtica de fraudes.

Alm disso, o auditor precisa ter convico que os lanamentos esto de acordo

com as normas tcnicas aplicveis, e ter de fazer isso para no oferecer um laudo de

auditoria enganoso.

Por outro lado, sabendo-se que a Arthur Andersen era, tambm, a empresa que

prestava servios de consultoria para a WorldCom, fica consolidada a lio da

incompatibilidade que existe entre as atividades de auditoria e de consultoria, j

abordada nesse estudo.

45

A evoluo dos meios de comunicao, proporcionando imensa rapidez na

divulgao e troca de informaes, hoje globalizadas, de tamanha grandeza que causa

um certo desespero aos executivos e profissionais que precisam tomar decises. No h

tempo a perder. O ganho precisa ser cada vez maior e sempre de modo mais rpido.

Na linha da obteno do lucro cada vez maior, caminharam, tambm, as empresas

de auditoria independente, e encontraram como filo a atividade de consultoria que

prestam s suas clientes auditadas. Prova disto a notcia de que a Arthur Andersen

cobrou da WorldCom US$4,4 milhes pelos servios de auditoria e US$12,4 milhes

pela consultoria5.

Embora o mercado de capitais seja de risco que maior, mdio ou mnimo,

dependendo das inmeras variveis aplicadas ao sistema , o investidor h de ter certos

parmetros nos quais confie. Os investidores no podem, de forma alguma, contar com

qualquer tipo de truque contbil, que , de longe, muito diferente do risco a que se

propem. A existncia de truques compromete a confiabilidade, e precisam ser

combatidos e banidos, sob pena de desestruturao do mercado.

Todos os servios precisam estar atentos para isto, a fim de impedir sua prtica e

os eventuais culpados devem ser severamente punidos. o que se espera.

6.3.3 Desafios das Auditorias Ps Enron

sabido que o sucesso e o fracasso de empresas fazem parte do jogo capitalista.

Porm, o golpe nos investidores com o beneplcito dos auditores independentes, seja

por inpcia, seja por m-f, no.

As conseqncias do caso Enron so de tal monta que, pode-se dizer, equivalem

s de um terremoto ou ao 11 de setembro do setor da auditoria independente. Alm de

colocar uma importante firma de auditoria como uma das principais personagens do

episdio, levou a atividade como um todo ao escrutnio pblico, com inmeras de suas

prticas e padres sendo duramente questionados pela imprensa, pelos polticos e pela

opinio pblica.

Infelizmente, muitas das crticas so fundadas, em detrimento de poucas sem

substncia. De qualquer modo, preciso analisar o problema com serenidade e sem

esprito corporativo para identificar suas causas estruturais. 5 Informao extrada do artigo escrito por CITADINI, Antonio Roque. A Desconfiana dos Investidores. Dirio Comrcio & Indstria, 10 jul. 2002. Opinio, p. A -2.

46

Para o julgamento imparcial do acontecido, mister se faz reconhecer que a

concentrao da atividade em torno de poucas e gigantescas empresas de auditoria, que

dominam a profisso em nvel mundial, indispensvel; e que o enfrentamento dessa

questo essencial para formular mudanas que efetivamente minimizem a

probabilidade de fatos como este voltarem a ocorrer. Elas concentram tal poder, que

influenciam decisivamente os organismos que estabelecem os princpios contbeis, os

padres e os procedimentos a serem aplicados pelos auditores independentes, e a

sistemtica de avaliao da qualidade do trabalho de auditoria externa.

Ao longo dos anos 90, o argumento utilizado para justificar essa despropositada

concentrao foi o de que, com a globalizao, surgiram empresas globais, que

precisavam aplicar princpios de contabilidade globais e que, conseqentemente, teriam

de ser auditadas por auditorias tambm globais. Esse argumento, aparentemente lgico,

foi comprado pelos mercados financeiros, pois foi apresentado como a nica maneira

de garantir a transparncia das informaes, e, portanto, a segurana dos investidores.

Na prtica, foi decisivo para excluir empresas menores e profissionais independentes do

mercado, o que redundou no domnio de mais de 90% do mercado mundial de auditoria

por cinco empresas.

foroso admitir que, enquanto esse domnio perdurar, dificilmente se adotaro

cursos de ao que atinjam o mago do problema. preciso ampliar o nmero de

auditores nesse mercado, fomentando o aprimoramento de empresas e de profissionais.

E para atingir esse objetivo, o papel dos organismos internacionais, dos governos e dos

organismos de regulao da profisso fundamental.

Algumas mudanas aventadas para evitar a repetio desse tipo de episdio

apontam na direo correta, mas s atingiro seus objetivos se os problemas estruturais

da profisso forem enfrentados.

Dentre as crticas e inovaes necessrias, enumera-se, as seguintes:

6.3.3.1 Crticas auto-regulao

A auto-regulao est sendo duramente questionada, e novos mecanismos de

controle da qualidade do trabalho dos auditores sero colocados em prtica, na medida

em que o processo de reviso por pares no foi capaz de evitar o que aconteceu.

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Esse processo, to preciosamente desenvolvido e mantido pela maioria das

profisses liberais que, no Brasil, so obrigadas a se vincular aos seus conselhos

regionais e organizaes, no pode ser aplicado num campo de atividade dominado

globalmente por no mais de cinco empresas.

Em verdade, s far sentido quando a profisso for pulverizada, ou seja,

composta por um grande nmero de profissionais e de empresas independentes. Reviso

por pares entre poucos no um procedimento razovel, como o episdio Enron o

demonstra. Se a concentrao da profisso no for reduzida, a soluo ser a criao de

agncia independente de controle.

6.3.3.2 Atividades de auditoria e consultoria

A prestao de servios de auditoria independente e de consultoria ao mesmo

cliente, principalmente a companhias abertas, desaconselhvel. No s porque afeta a

independncia do auditor, mas tambm porque contribui decisivamente para o

gigantismo das empresas de auditoria.

6.3.3.3 Rotao de auditores independentes

A rotao obrigatria de auditores outra proposta razovel para evitar que

relaes auditor-cliente que perdurem por tempo demasiado acabem levando a uma

intimidade indesejvel. Enquanto a profisso for dominada por poucas e gigantescas