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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pedagogia Fernanda Kelly de Mattos Rodrigues Lais da Silva Lutero A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA FORMAÇÃO DE PEQUENOS LEITORES NO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL LINS SP 2014

A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA … · Figura 1: Descobrindo a leitura Fonte: “A verdadeira liberdade, encontramos na leitura de um bom livro que nos remete a lugares

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pedagogia

Fernanda Kelly de Mattos Rodrigues

Lais da Silva Lutero

A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA

FORMAÇÃO DE PEQUENOS LEITORES NO 1º ANO

DO ENSINO FUNDAMENTAL

LINS – SP

2014

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FERNANDA KELLY DE MATTOS RODRIGUES

LAIS DA SILVA LUTERO

A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA FORMAÇÃO DE

PEQUENOS LEITORES NO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Pedagogia, sob a orientação da Profª Ma. Fatima Eliana Frigatto Bozzo.

LINS – SP

2014

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Rodrigues, Fernanda Kelly de Mattos; Lutero, Laís da Silva

A importância da contação de história para a formação de pequenos leitores do 1° ano do ensino fundamental / Fernanda Kelly de Mattos Rodrigues; Laís da Silva Lutero. – – Lins, 2014.

50p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Pedagogia, 2014.

Orientador: Fatima Eliana Frigatto Bozzo

1. Contação de história. 2. Metodologia para professores. 3. Formação de leitores. I Título.

CDU 37

R613i

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho principalmente a minha mãe,Fatima Dias de Mattos, que tanto lutou para que hoje eu fosse a mulher que sou, e que sempre me apoiou nesta difícil trajetória acadêmica

que enfrentei para alcançar o meu objetivo profissional. Dedico também aos meus irmãos Fábio, Luciano, Romoaldo, e ao meu

irmão e “pai” Ronaldo, o qual sempre esteve ao meu lado nos momentos mais complicados, naqueles que eu imaginei que não

pudesse superar, naqueles em que a saúde estava em jogo, e também a minha tata Selma Adriana, por tudo que fez e

continua fazendo para ver um sorriso estampado em meu rosto. E aqui vai uma dedicatória totalmente especial para todos

aqueles que julgaram a minha escolha profissional. Foi por vocês, meus queridos, que lutei para chegar onde cheguei, e para

mostrar que ser uma educadora não é para qualquer pessoa!

Fernanda.

Dedico este trabalho aos meus pais Aparecida e Antônio que sempre me instruirão a me manter firme nos estudos, e ao meu noivo Vinicius que esteve me apoiando e ajudando durante toda

minha trajetória acadêmica.

Lais.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado o dom da vida, por ter sempre me abençoado, e por ter me dado tanta

força, quando pensei que não possuía nem vestígios dela.

Obrigada Mãe, por me amar incondicionalmente, por ser esse exemplo de mulher guerreira, que luta por aquilo que quer, e que

dá a sua vida para ver seus filhos bem. Obrigada por sempre estar ao meu lado, e me guiar pelo melhor caminho. A senhora é

meu espelho! EU TE AMO!

Ronaldo, meu irmão, não sei o que seria de mim hoje se Deus não tivesse mandado você como meu anjo protetor! Não tenho

palavras para agradecer tudo o que fez por mim! Só eu, nossa família e você sabem que devo a minha vida a ti! Eu te amo!

Obrigada!

Obrigada Tata, minha irmã, por estar sempre ao meu lado, sempre pronta a fazer até o impossível por mim! Obrigada Fábio,

meu irmão, por tudo que pode fazer enquanto estava do meu lado, e por tudo que fez à distância! Obrigada Luciano, meu

irmão, pelo amor e carinho, e pelos puxões de orelha! Obrigada Romoaldo, meu irmão e meu amigo, por ter me ensinado a viver,

por ter tido tanta paciência quando eu era tão pequenina, obrigada pela filosofia de vida que você me ensinou! Eu amo cada

um de vocês incondicionalmente!

Agradeço a minha orientadora Fátima, que iluminou a minha mente, e que possuiu um papel essencial para a conclusão deste

trabalho!

E obrigada Lais, minha amiga, irmã, e companheira de TCC, pela paciência e dedicação que possuiu para que concluíssemos esse

trabalho com tal zelo! Eu Te Amo!

Fernanda.

6

Agradeço antes de qualquer coisa a Deus, que fortaleceu e me mostrou

que eu sou capaz de realizar meus sonhos.

A minha família, noivo e amigos que me incentivaram a me manter firme

durante toda a trajetória, embora os problemas e dificuldades que

surgiram durante minha caminhada.

Aos professores que tive durante esses três anos, pois foram eles que

deram todo o suporte para a minha excelente formação como educadora.

Meu obrigado também para minha orientadora que esteve sempre

presente para a realização deste trabalho.

Obrigada também a minha querida amiga e parceira Fernanda, que

juntas conseguimos realizar este trabalho com sucesso.

Lais

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EPÍGRAFE

Viajar pela leitura

“ Viajar pela leitura

sem rumo, sem intenção.

Só para viver a aventura

que é ter um livro nas mãos.

É uma pena que só saiba disso

quem gosta de ler.

Experimente!

Assim sem compromisso,

você vai me entender.

Mergulhe de cabeça

na imaginação!”

(Clarice Pacheco)

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RESUMO

Contar histórias pode ser um excelente meio utilizado pelos professores para promover o estimulo a leitura. A fantasia que se encontra na literatura infantil é fundamental para o desenvolvimento da criança. Ela encontra mais significado nesse mundo imaginário, no que no mundo da realidade adulta que é apresentado aos seus olhos. O trabalho realizado teve como objetivo sintetizar a importância da leitura no primeiro ano do ensino fundamental; definir a contação de histórias e as metodologias diversificadas para seu desenvolvimento; justificar a importância da utilização dos contos de fadas como estimulo a leitura e analisar como os professores do primeiro ano trabalham a contação de histórias. A metodologia usada foi a observação pela análise qualitativa dos dados obtidos em questionário respondido pelas professoras do 1º ano do ensino fundamental. A contação de histórias quando bem trabalhada e ainda com o gênero contos de fadas, tem um papel muito importante de estimular o gosto pela leitura das crianças de seis anos de idade. Os resultados mostram que contar histórias nessa fase escolar tem grande influência para formar leitores com competência. O professor deve abusar da criatividade e imaginação, podendo contar com o auxilio de diversos métodos e recursos materiais, variando de acordo com o conteúdo da história a ser contada. Após a pesquisa realizada pode-se concluir que é de suma importância que todos os professores das séries iniciais devem usufruir da contação e seus recursos para estimular os seus alunos. Ao formar pequenos leitores, o professor deve mostrar que a leitura é um caminho incrível, pelo qual se pode passar sem medo de chegar ao fim e ter que retoma-lo para cumprir com tarefas e obrigações.

Palavras - Chave: Contação de histórias. Metodologia para professores. Formação

de leitores.

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ABSTRACT

Storytelling can be an excellent means used by teachers to encourage stimulating reading. The fantasy that lies in children's literature is elementary to the child development. The child finds more meaning in this imaginary world than in the world of adult reality that is presented to their eyes. This work aimed to synthesize the importance of reading in the first grade of elementary school. Storytelling and different methodologies for their development Justify the importance of using fairy tales as motivation to read and analyze how teachers the first grade working at storytelling. The methodology chosen the observation by qualitative analysis of data from a questionnaire answered by the teachers of the first grade of elementary school. The storytelling when well crafted and together with the genre of fairy tales, has a very important way of encouraging a taste for reading of children six years old. The results show that storytelling in this stage school has great influence to form competent readers.The teacher should abuse of creativity and imagination, and can count on the help of several methods and materials resources, varying according to the content of the story to be told. After the research it can be conclude that it is paramount that all teachers of the initial series should make use of storytelling and its resources to stimulate their students. To form small readersthe teacher must show that reading is a amazing way which you can do without fear of coming to the end and having to resume it to accomplish tasks and obligations. Key words: Storytelling. Methodology of teachers. Formation of readers.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Descobrindo a leitura.......................................................................... 11

Figura 2: Leitura................................................................................................. 15

Figura 3: A magia dos livros.............................................................................. 18

Figura 4: A paixão de ler................................................................................... 20

Figura 5: Contando historia.............................................................................. 21

Figura 6: Tapetes de histórias.......................................................................... 25

Figura 7: Fantoches.......................................................................................... 26

Figura 8: Flanelógrafo ...................................................................................... 27

Figura 9: Avental contador de história............................................................... 27

Figura 10: Gravuras .......................................................................................... 28

Figura 11: O livro .............................................................................................. 29

Figura 12: Caixa de história .............................................................................. 29

Figura 13: Dobradura ........................................................................................ 30

Figura 14: A magia dos contos de fadas........................................................... 31

Figura 15: Livro Novos contos de Andersen ..................................................... 33

Figura 16: A menina dos fósforos ..................................................................... 34

Figura 17: A metodologia.............................................................................. 37

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Faixa etária e interesses ..................................................................17

11

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12

CAPÍTULO I – A IMPORTÂNCIA DA LEITURA....................................................... 16

1 LEITURA......................................................................................................... 16

CAPÍTULO II – A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS....................................................... 22

2 DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA....................................................................... 22

2.1 Métodos e recursos......................................................................................... 23

2.1.1 Tapete de histórias............................................................................................ 24

2.1.2 Fantoches......................................................................................................... 25

2.1.3. Flanelógrafo .................................................................................................... 26

2.1.4 Avental contador de histórias ........................................................................... 27

2.1.5 Gravuras ........................................................................................................... 28

2.1.6 O livro ............................................................................................................... 28

2.1.7 Caixa de histórias ............................................................................................. 29

2.1.8 Dobradura ........................................................................................................ 30

CAPÍTULO III – CONTOS DE FADAS...................................................................... 32

3 DEFINIÇÃO..................................................................................................... 32

3.1 Importância da leitura dos contos de fada no ensino fundamental...................... 35

CAPÍTULO IV – A PESQUISA ................................................................................. 38

4 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................. 38

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............................................................................. 43

CONCLUSÃO............................................................................................................ 44

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 46

APÊNDICE................................................................................................................. 48

12

Introdução

Figura 1: Descobrindo a leitura

Fonte: https://bibliocatolicasc.files.wordpress.com

“A verdadeira liberdade, encontramos na leitura de um bom

livro que nos remete a lugares lindos e por vezes, distantes da

realidade.”

Gil Nunes

12

INTRODUÇÃO

Através da contação de histórias pode-se desenvolver os aspectos cognitivo,

social e emocional dos alunos. Para tanto o professor pode usufruir de diversos

recursos, o que pode lhe abrir um leque de atividades, e assim estimular os seus

alunos a se tornarem leitores assíduos.

A contação de histórias ensina a respeitar regras, pois para se ouvir uma

história é preciso silêncio, atenção, concentração, respeitar quem está contando e

quem está ouvindo, e saber o momento certo de intervir.

A fantasia que se encontra na literatura infantil é fundamental para o

desenvolvimento da criança. Ela encontra mais significado nesse mundo imaginário,

no que no mundo da realidade adulta que é apresentado aos seus olhos. Assim,

desenvolve – se os sentimentos, as emoções, aprende a lidar com essas

sensações, pode observar de perto conflitos sendo resolvidos, por mais que estes se

distanciem da realidade, aprende valores, desenvolve sua moralidade, e com tudo

isso sua personalidade.

Ao ouvir histórias a criança entra em um mundo surreal, observa que aquilo

que ela tanto imagina pode realmente existir, afinal no mundo do faz de conta, vale

tudo. Com isso ela vai notando que a fonte disso tudo são os livros, e que eles

podem ser lidos para lhe dar prazer, para se emocionar, e também para aprender.

Partindo do objetivo geral que consiste em reconhecer a importância da

contação de histórias, focando nos contos de fadas, como um estímulo a formação

de pequenos leitores, realizamos a pesquisa esmiuçando – a nos seguintes

objetivos específicos: sintetizar a importância da leitura; definir a contação de

histórias e as metodologias diversificadas para seu desenvolvimento; justificar a

importância da utilização dos contos de fadas como estímulo a leitura; e analisar

como os professores do primeiro ano do ensino fundamental trabalham a contação

de histórias.

O presente trabalho procurou responder a seguinte questão: “Os professores

contam histórias de forma que estimule em seus alunos o gosto pela leitura?”. Hoje

se vê muitos dos professores utilizando da contação de histórias apenas como um

passatempo, uma forma de manter a classe quieta.

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Porém a contação tem por função despertar o gosto pela leitura. Levar o

aluno a compreender que nos livros ele pode criar um mundo só dele, ou reinventar

um mundo que ele pensa existir.

Por causa dessa visão distorcida sobre a contação de histórias que

atualmente o professor deixa perder a essência do que é contar história, e assim

perde a oportunidade de formar alunos leitores, alunos que leem porque isso lhe

causa prazer, que leem sem obrigatoriedade.

Em relação à metodologia, foi realizada uma pesquisa descritiva com revisão

bibliográfica e abordagem qualitativa, onde usufruímos do método histórico, o qual

apresenta dados sobre a evolução da contação de histórias, e o método qualitativo o

qual corresponde à um questionário composto de 8 questões direcionado à duas

professoras do 1° ano do ensino fundamental de uma escola municipal, que possui

por objetivo nos apresentar qual a visão das professoras em relação a contação de

histórias.

No capítulo I “A importância da leitura” trata da leitura verbal e não verbal

como algo essencial para a sociedade letrada em que vivemos hoje. Retrata

algumas formas do professor incentivar a leitura prazerosa, e define o nosso objeto

de estudo, que são crianças de seis anos de idade.

“A contação de histórias”, título dado ao capítulo II, descreve a evolução da

contação de histórias, a qual existe a milhares de anos, e possuía por função passar

os valores de uma geração para outra, compartilhar conhecimentos, e fazer com que

a cultura dos povos se mantivesse viva.

Ainda neste capítulo encontramos diversas metodologias que podem ser

aplicadas em sala de aula para incrementar o momento mágico da contação de

histórias. Materiais simples que os próprios professores podem fabricar, e alcança o

auge durante as contações, trazendo o encantamento desse universo maravilhoso

que está por trás das linhas escritas em cada livro.

O capítulo III “Contos de fadas” apresenta a importância dos contos de fadas

para a formação da moralidade e da personalidade dos pequenos leitores, sendo

que é esse gênero textual que é indicado para a faixa etária escolhida para se

trabalhar nessa pesquisa. Essa afirmação encontra – se no primeiro capítulo.

São abordados ainda neste capítulo a evolução dos contos de fadas, os quais

deixaram de ter um enredo assustador, para ter um enredo mais encantador e

fantasioso. Isso aconteceu para que os contos fossem melhor aceitos pela

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sociedade. Pensando nisso, alguns autores fizeram adaptações de contos famosos.

Neste capítulo encontra – se um exemplo de adaptação feito por Monteiro Lobato.

O capítulo IV “A pesquisa” trata da pesquisa realizada com duas professoras

do 1° ano do ensino fundamental, onde buscamos identificar o que elas entendem

por contação de história e sua influencia para a formação de leitores, se a utilizam

em sala de aula e qual a frequência, quais as metodologias aplicadas, se os alunos

gostam desse momento lúdico, e que tipo de intervenções ocorrem durante a

contação por parte delas e dos alunos.

15

Leitura

Figura 2: Leitura

Fonte: http://www.webquestfacil.com.br

Era uma vez

Um lugarzinho no meio do nada

Com sabor de chocolate

E cheiro de terra molhada...

(Era uma vez – Sandy e Junior)

16

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

1 A LEITURA

A leitura é de extrema importância para qualquer ação que se faça na

sociedade existente hoje. Isso é um fato inquestionável e que não se muda. “Leitura

é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda

à própria vida do ser humano.” (SILVA, 2005, p.42). Porém, a leitura não se restringe

apenas a ler para obter informações, para se comunicar, entre outras necessidades

de uma leitura social, não é dizer somente aquilo que está impresso no papel, é

conseguir compreender o que o autor do texto quis nos transmitir com aquelas

palavras. Ler vai além do que está expresso nas palavras escritas no texto, pois

cada um que lê-lo o interpretará de um jeito, pois cada um dá um significado

diferente diante da leitura de mundo que possui.

Sabe-se que a escola, por meio do trabalho do professor em sala de aula, é o

principal local de formação de leitores, pequenos leitores, pois ela tem o dever de

incentivar a leitura. Sua função é prepará-los para o mundo, ensinando-lhes a

importância que a leitura verbal e não verbal exerce em suas vidas, e que isso (ler)

será feito por toda a vida, mesmo que sem perceber.

Sempre que possível, os encontros com livros devem ser experiências realmente ativas para as crianças. Exposições de livros na sala de aula, desenhos de livros e composições escritas sobre eles são uma adição interessante ao currículo normal (BAMBERGER, 1977, P. 69)

As escolas atualmente, e na sala de aula, possuem uma enorme diversidade

de livros que o professor pode proporcionar muitas oportunidades para aprender a

ler, consequentemente levando a escrever também como afirma Oliveira:

Uma das principais propostas de inserção do aluno no mundo da leitura é a inserção deste aluno no mundo letrado. É participar de momentos de leitura, mesmo não sabendo ler convencionalmente, é oportunizar a ele o contato com textos diversificados e significativos socialmente, é fazer leitura de “ouvidos”, ou seja alguém lê o texto para ele. A leitura ouvida é uma das maneiras positivas do aprendiz compreender que o que esta sendo lido ali, no texto, a história, está ali, escrita e pode ser descoberta como uma mágica, é entrar no

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mundo dos autores, é apossar-se de sua criação: o texto. (2008, p.95).

Mas o professor pode, e deve lhe apresentar a leitura prazerosa, aquela que

se faz por paixão, por gosto e não por obrigatoriedade, pois é através do ouvir

histórias que a criança começa a sentir o gosto pela leitura, pelas letras e passa a

querer entender o que está escrito ali. Proporcionar momentos onde o aluno entre

na leitura, e a curta, sem se preocupar se alguma informação que contém naquele

texto lhe será cobrado posteriormente, e isso pode ser feito nas rodas de

leitura,onde elas se sentem mais a vontade para se expressarem e participarem. De

acordo com Teberosky e Colomer quando ocorre esse tipo de atividade de leitura,

isso faz que:

[...]”entrem” no mundo do texto, que participem da leitura de muitas maneiras: olhando as imagens enquanto o professor lê o texto, aprendendo a reproduzir as respostas verbais, imitando o escutado anteriormente, memorizando histórias, incorporando traços lingüísticos dos discursos escritos. Ao escutar a leitura, as crianças aprendem que a linguagem escrita pode ser reproduzida, repetida, citada e comentada (2003, p.127).

Outra sugestão para despertar o gosto das crianças pela leitura é a contação

de história. Com ela é possível desenvolver o senso crítico do aluno, pois ao escutar

as histórias ele é levado a questionar a ação dos personagens, e buscar o sentido

das palavras do texto, ampliando seus horizontes e instigando – o a, conforme

Borges (2010, p.81), “desvendar pistas deixadas pelo autor, a expressar os

conteúdos intelectuais, sensoriais e afetivos despertados pela obra. E também

aproximando os alunos de obras que superem as suas expectativas, os instiguem e

os desafiem”. É também uma forma do professor abordar vários conteúdos

importantes de forma lúdica, que causará grande encanto e fascino dos seus alunos

por uma boa leitura.

Para Busatto:

[...] contar histórias é uma atitude multidimesional. Ao contar histórias atingimos não apenas o plano prático, mas também o nível do pensamento, e, sobretudo, as dimensões do mítico-simbólico e do mistério (2008, p.45)

Voltando o olhar para essa afirmação de Busatto, é possível compreender

que contar história não é apenas pegar um livro qualquer e ler o que está escrito

18

nele, mas sim criar todo um clima em relação ao que está sendo lido, de modo que a

criança quando ouvir um conto de fadas, uma fábula ou qualquer outro tipo de

gênero textual possa conseguir chegar ao nível de viajar ao mundo da fantasia.

Assim, pode trazer a história para sua realidade.

Tendo objetivos diferentes, a leitura deve ser trabalhada de acordo com o gênero textual, e são diversas as maneiras de ler, assim como diversos são os textos e os objetivos de leitura. No que diz respeito ao gênero literário, a escola assume o importante papel não só de apresentar aos alunos um mundo lúdico, prazeroso, divertido e emocionante, como principalmente o de promover ações pedagógicas estruturadas e planejadas, que os levem a compreender e apreciar o universo da leitura e da literatura (BORGES et AL,2010,p.77).

Para aumentar ainda mais o interesse dos seus alunos, o professor deve

escolher com muito cuidado textos que sejam interessantes para eles e descartando

o que está carregado de falsos valores, e de acordo com a sua faixa etária para que

haja melhor compreensão, pois “A história é um alimento da imaginação da criança

e precisa ser dosada conforme sua estrutura cerebral” (COELHO, 2008, p.14).

Quando a leitura feita pelo professor está de acordo com o interesse dos seus

alunos, poderá proporcionar um momento divertido e mágico, de forma que

aumentará ainda mais a curiosidade de saber ler o que está escrito no livro.

Figura 3- A magia dos livros

Fonte: http://socialspirit.com.br

Abaixo segue o quadro de faixa etária e interesses, de acordo com Coelho

(2008, p.15) que pode servir de parâmetro para o professor ao escolher a história a

ser lida aos seus alunos:

19

Quadro 1: Faixa etária e interesses

Pré-escolares

Até 3 anos: fase pré

mágica

3 a 6 anos: fase

mágica

Histórias de bichinhos, brinquedos,

objetos, seres da natureza

(humanizados)

Histórias de crianças

Histórias de repetição e acumulativas

(Dona Baratinha, A formiguinha e a

neve etc.)

História de fadas

Escolares

7 anos

Histórias de crianças, animais e

encantamento

Aventuras no ambiente próximo:

família, comunidade

Histórias de fadas

8 anos

História de fadas com enredo mais

elaborado

Histórias humorísticas

9 anos Histórias de fadas

Histórias vinculadas à realidade

10 anos em diante

Aventuras, narrativas de viagens,

explorações, invenções

Fábulas, mitos e lendas

Fonte: Coelho, 2008, p.15

Observando a tabela identificamos que a criança de seis anos, objeto da

pesquisa, está na fase mágica que é aquela quando a criança solicita ouvir várias

vezes a mesma história e não perde o encanto e o interesse por tal, e passa

apreciar melhor os detalhes por já conhecer e saber o que vai acontecer, fazendo

assim, o prazer da leitura sempre se renovar. (COELHO, 2008)

Esse repetir de histórias deve ser levado a sério pelo professor, pois pode ser

usado como um grande instrumento incentivador de leitura.

Através do ouvir histórias que o aluno começa a perceber que além de

necessidade, a leitura pode-se tornar uma paixão. Que ele inventa, reinventa, brinca,

fantasia, vive e revive, um mundo que ele, como leitor autônomo, torna-se co autor.

20

Figura 4: A paixão de ler

Fonte: http://memoriaseleitura.blogspot.com.br

21

Contação de Histórias Figura 5: Contando histórias

Fonte: http://4.bp.blogspot.com

Pra gente ser feliz

Tem que cultivar as nossas amizades

Os amigos de verdade

Pra gente ser feliz

Tem que mergulhar na própria fantasia

Na nossa liberdade...

(Era uma vez – Sandy e Junior)

22

CAPÍTULO II

A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

2 DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA

A arte de contar histórias é uma atividade que faz parte da rotina humana há

milhares de anos. Pessoas de qualquer lugar, de qualquer tradição, qualquer cultura

ou raça, contam histórias para divertir, ensinar, relembrar, ou a apenas para passar

o tempo.

A contação de histórias surgiu muito antes da escrita. Hoje se encontram

histórias escritas em livros, que contam histórias de ficção, romance, suspense,

contos de fadas, ou ainda terror, entre outros tipos de histórias. Porém, todos os

povos ainda mantêm a tradição de contar histórias oralmente.

Antes da invenção da escrita, o meio mais importante para repassar

informações era o ato de contar histórias. As crenças, as histórias, as tradições, tudo

que era necessário manter viva em uma cultura era contado oralmente, e isso

perdurou por muitas gerações. Em algumas culturas qualquer pessoa podia passar

as informações, em outras tinha os contadores específicos, e destes eram exigido

uma excelente memória.

O professor que assume o papel de contador deve ler previamente a história,

deve fixar a sua sequência, para evitar improvisos e acabar com a essência da

história, e dispersar a atenção dos alunos.

O contar e ouvir histórias proporciona aos ouvintes uma oportunidade de

desenvolver a imaginação, os aspectos cognitivo, social e emocional, enriquecer o

vocabulário, completar experiências. Proporciona aos alunos ouvintes a convivência

com regras, pois para se ouvir uma história é preciso silêncio, atenção,

concentração, respeitar quem está lendo ou contando e quem está ouvindo, e saber

o momento certo de intervir.

A contação de histórias é um dos principais instrumentos no estímulo a

leitura, à leitura com prazer, ao desenvolvimento da linguagem e do senso crítico da

criança, e é um passaporte para a escrita.

Na formação de uma criança, ouvir histórias é o inicio para que aprenda a ser

um leitor, e assim descobrir um caminho infinito de prazer, o que a leva a ter uma

compreensão de mundo maior.

23

Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escuta – las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão de mundo [...] (ABRAMOVICH, 1991, p. 16)

Contação de histórias é algo que vai além da imaginação, é uma viagem sem

fim, recheada de aventuras o que prende a atenção da criança do início ao fim. Mas

para ter essa atenção total, os contadores de histórias precisam navegar no mundo

imaginário, embarcando nessa aventura.

2.1 Métodos e recursos

Ao ler uma história a criança entra no mundo da personagem, vivencia

aqueles momentos, faz questionamentos a certos pontos da história, desenvolve

assim seu potencial crítico, a capacidade de imaginar, sonhar, construir fantasias e

principalmente também acaba descobrindo vários sentimentos ao decorrer da

história.

Segundo Abramovich:

É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoção importante, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (1991, p.17)

Ao contar uma história não é preciso se converter em um ator para que seja

um momento agradável e divertido, basta ter estudado a história antecipadamente,

para que não haja dúvidas e improvisos e que ela perca o seu sentido. Usufruir das

modalidades e possibilidades da voz é essencial, pois este é o principal instrumento

para o contador de histórias, pois através dela há a transmissão de emoções, de

intensidade, de clareza e de conhecimento.

A força da história é tamanha que narrador e ouvintes caminham juntos na trilha do enredo e ocorre uma vibração recíproca de sensibilidades, a ponto de diluir-se o ambiente real ante a magia da palavra que comove e enleva. A ação se desenvolve e nós participamos dela, ficando magicamente envolvidos com os personagens; mas sem perder o senso crítico, que é estimulado pelos enredos (COELHO, 2008, p.11).

Após o domínio da história é recomendável que o professor ao contar a

história não fique preso a certos padrões e sim haja com naturalidade, mostrando

24

isso nos seus simples gestos corporais e em suas expressões, e esteja em sintonia

com o que está sendo contado.

Abramovich (1993, p. 23) afirma que “O ouvir histórias pode estimular o

desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o

livro, o escrever, o querer ouvir de novo afinal, tudo pode nascer dum texto!”

Além de todo esse preparo, o professor deve abusar da criatividade e

imaginação, podendo contar com o auxilio de diversos métodos e recursos

materiais, variando de acordo com o conteúdo da história a ser contada que fará

esse momento ser mais prazeroso, tanto para ele quanto para crianças, pois

despertará ainda mais o encantamento e a curiosidade delas pela história.

Abramovich apud Barcellos (1995, p.16) traz algumas afirmações referentes

às emoções que as histórias bem contadas são capazes de provocar nas crianças.

Ouvir histórias é viver um momento de gostosuras, de prazer, de divertimento dos melhores [...] É encantamento, maravilhamento, sedução [...] O livro da criança que ainda não lê é a história contada. E ela é (ou pode ser) ampliadora de referenciais, poetura colocada, inquietude provocada, emoção deflagrada, suspense a ser resolvido, torcida desenfreada, saudades sentidas, lembranças ressuscitadas, caminhos novos apontados, sorriso gargalhado, belezuras desfrutadas e as mil maravilhas mais que a história provoca... (desde que seja boa). Contar histórias é uma arte [...] e tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declamação ou teatro [...] Ela é o uso simples e harmônico da voz.

2.1.1 Tapetes de historias

Para confeccionar esse tipo de recurso não é preciso ser um excelente

costureiro ou até mesmo ter excelentes materiais, retalhos e sucata também servem,

o mais importante no momento de fazê-lo é deixar a criatividade tomar conta da

mente e deixar fluir.

Os tapetes são uma ótima alternativa para que a criança possa participar

durante a história e também despertar o seu encantamento pelo mundo da leitura,

pois ele pode ser utilizado de diversas formas e em vários lugares pela sua

praticidade.

25

Figura 6: Tapete de histórias

Fonte: http://www.orientapais.blogspot.com.br

2.1.2 Fantoches

O teatro de bonecos tem sua origem na antiguidade, onde os homens

começaram a modelar bonecos de barro sem movimentos e aos poucos foram

aprimorando tais bonecos, conseguindo posteriormente a articulação da cabeça e

membros. Com o passar do tempo, as técnicas de confecção foram se

aperfeiçoando e se adequando conforme as necessidades, possibilidades e

tradições de cada povo.

Para a confecção dos bonecos são usados vários tipos de materiais, inclusive

sucatas, que pode ser um recurso muito bem adotado pelo professor, com custos

muito reduzidos, tornando as atividades de confeccioná-los mais interessantes.

A arte de confeccionar fantoches dependerá também da criatividade de cada

professor, pois na falta de materiais, pode-se utilizar até as próprias mãos como

fantoches.

A utilização dos fantoches tem ainda como ponto positivo a estimulação do

aluno a explorar todos os movimentos dos dedos, mãos e braços, criando uma

atmosfera do conhecimento do próprio corpo.

26

Figura 7: Fantoches

Fonte: http://www.reciclagemearte.blogspot.com.br

2.1.3 Flanelógrafos

O flanelógrafo é um complemento muito útil para qualquer professor da

educação infantil e educação fundamental, pois podem ser usados para muitas

atividades diferentes, principalmente como instrumento de contação de histórias e

são fáceis de fazer.

Um flanelógrafo é uma prancha que normalmente é coberta com flanela ou

feltro, apoiado em um cavalete.

A utilização deste instrumento é importante, principalmente, para aprimorar a

narrativa, ele pode usar imagens dos personagens e outras partes importantes da

história para ilustrar enquanto lêem. Outro ponto interessante dos flanelógrafos é

que também podem ser utilizados em meio aos estudantes de modo que os alunos

possam manipular as peças, proporcionando uma aprendizagem prática.

27

Figura 8: Flanelógrafo

Fonte: http://www.bebebrincando.blogspot.com.br

2.1.4 Avental de contar histórias

Uma alternativa criativa é a contação de histórias por meio de um avental

colorido, com bolsos de onde saem as principais personagens da história.

As surpresas retiradas do avental conseguem despertar a atenção das

crianças e essa ferramenta pode ser utilizada como estimulante à prática de leitura.

Figura 9: Avental Contador de Histórias

Fonte: http://www.elo7.com.br

28

2.1.5 Gravuras

Quando o livro escolhido tiver figuras pequenas, que possa dificultar a

visualização da criança, pode-se ampliar às imagens do livro em outro material para

facilitar sua compreensão.

As imagens são importantes para que a criança veja os detalhes, o que irá

contribuir para melhor entendimento da história, e identificando os principais

elementos da narrativa.

Figura 10: Gravuras

Fonte:http://www.pedrocamachosalvador.blogspot.com

2.1.6 O livro

É importante também que o professor explore bem o próprio livro. Ao contar a

história deve se ter cuidado para manuseá-lo, como as imagens proporcionam uma

melhor compreensão da história é preciso que todos possam visualizar de modo

bem claro.

Afirma Coelho (2008, p.33), “Devemos mostrar o livro para a classe virando

lentamente as páginas com a mão direita, enquanto a esquerda sustenta a parte

inferior do livro, aberto de frente para o público”.

29

Figura 11: O livro

Fonte: http://www.amigadaedu2.blogspot.com

2.1.7 Caixa de historias

As caixas de histórias é outro recurso muito simples ao qual o professor pode

recorrer. Elas podem ser grandes ou pequenas, quadradas ou redondas, basta o

professor usar sua imaginação para customizá-las.

O segredo da caixa está dentro dela, pois conforme o professor vai narrando

a história é retirada as personagens e os elementos que fazem parte da história,

criando um clima de diversão e encantamento para os que ouvem.

Figura 12: Caixa de histórias

Fonte: http://www. Criandoartescomeva.blogspot.com

30

2.1.8 Dobradura

A dobradura pode ser um forte instrumento para a contação de histórias. É

uma prática que pode ser realizada pelo professor e, também pelo aluno, pois a arte

da dobradura pode ser feita pelas crianças. Quando isso acontece as crianças se

sentem mais motivadas a também contar as suas próprias histórias, e isso

desenvolve a sua oralidade.

Figura 13: Dobradura

Fonte: http://www. artesanato.culturamix.com

Quando o aluno conta história ele aprende a gostar desse hábito, e quando

seu repertório se encerra ele vai atrás de novas histórias a ser contadas, e é aí que

o hábito da leitura surge naturalmente.

31

Contos de Fadas Figura 14: A magia dos contos de fadas

Fonte:http:// laraunemat.blogspot.com

Uma história de amor

De aventura e de magia

Só tem a ver

Quem já foi criança um dia...

(Era uma vez – Sandy e Junior)

32

CAPÍTULO III

CONTOS DE FADAS

3 DEFINIÇÃO

Os contos de fadas, também são conhecidos como contos maravilhosos, são

variações de contos populares com uma magia a mais, onde se tem um motivo para

que tudo se discorra da forma descrita, e através de valentes heróis, com poderes

surreais que vivem em um mundo fantástico, são passados valores e conhecimentos

culturais de geração em geração. “Por lidar com conteúdos da sabedoria popular,

com conteúdos essenciais da condição humana, é que esses contos de fadas são

importantes, perpetuando-se até hoje [...]” (ABRAMOVICH, 1991, p. 120)

Algumas características são próprias dos contos de fada. Nem sempre

possuem fadas em seu enredo, animais falantes são muito mais comuns do que

elas, o herói ou heroína está sempre em busca de uma realização pessoal, e os

obstáculos que eles têm que enfrentar são sempre um ritual de iniciação, como se a

partir dali é que eles vão se tornar heróis.

Os contos de fada existem a milhares de anos, mas nem sempre tiveram essa

magia e encantamento que tem hoje. O bem não costumava vencer o mal, os

cenários descritos não eram coloridos, cheios de coisas que impressionam, cheios

de flores e muito menos belos, as personagens não eram doces, e o final do conto

não era um “Felizes para sempre!”.

Os que eram escritos inicialmente possuíam um enredo assustador,

assombroso, recheado de coisas malignas. Esse enredo foi modificado, pois o olhar

sobre a criança mudou. Conforme pesquisas realizadas durante tantos anos, hoje

podemos compreender o verdadeiro significado de infância, e respeitar as suas

peculiaridades e particularidades.

Para que os contos escritos há muitos anos atrás fossem hoje aceitos pela

sociedade, escritores como os Irmãos Grimm, o francês Charles Perrault e também

Hans Christian Andersen fizeram adaptações de suas obras. Atualmente os

escritores se preocupam com o impacto que seus contos podem produzir nos

pequenos leitores e em como suas histórias podem influenciar na vida deles. Por

esse motivo não encontramos mais contos de fada com temáticas violentas e pouco

33

lúdicas, apesar de que, nos principais contos ainda é possível encontrar vestígios de

um universo assustador que deu início a tudo.

Um dos escritores que se dedicou a fazer adaptações de contos de fadas

famosos foi José Bento Ribeiro Monteiro Lobato, o renomado Monteiro Lobato (18

de abril de 1882 – 4 de julho de 1948), que se preocupo com dois objetivos: levar às

crianças o conhecimento da tradição, e questionar as verdades feitas, os valores e

os não – valores que o passado apresentou e o presente renovou.

Uma de suas adaptações se encontra no livro “Novos Contos de Andersen –

Tradução e adaptação de Monteiro Lobato” (1962, p.15): “A menina dos fósforos”.

Figura 15: Livro Novos Contos de Andersen

Fonte: http//:encantamentosdaliteratura.blogspot.com.br

A menina dos fósforos Isto foi num dêsses países onde a neve cai durante o tempo de inverno – e fazia um horrível frio naquela noite, que era a última noite do ano. Dentro do frio e dentro do escuro da noite a menininha lá seguia, de pés descalços pela cidade deserta. Descalça? Sim. É verdade que saíra de casa com um par de chinelas muito grandes para seus pés, pois tinham sido de sua mãe. Ao atravessar a rua, porém, teve de correr para desviar-se duma carruagem na disparada, e perdeu as chinelas; quando voltou para procurá-las, viu que um moleque havia apanhado um pé, saindo a correr com êle na mão. “Vou fazer um berço desta chinela!” dizia êle. O outro pé não foi possível encontrar – com certeza sumiu enterrado na neve pelas patas dos cavalos. Por isso lá ia a menina de pés nus e já azuis do frio. Era uma vendedeira de fósforos, do tempo em que os fósforos se vendiam soltos e não em caixas; no avental trazia uma porção dêles e na mão um punhadinho. Mas ninguém lhe comprara ainda um só, e lá se ia ela, tiritando de frio, sem um vintém no bôlso. Verdadeiro retrato da miséria, a coitadinha!

34

Flocos de neve recobriam seu cabelo cor de ouro, todo cacheado, sem que a menina desse por isso. Em muitas casas a luz do interior saía pelas janelas misturada com um assombroso cheiro de ganso assado – porque era o dia de S. Silvestre, dia em que todos que podem comem um ganso assado. Em certo ponto a menina sentou-se encolhidinha rente a uma parede e cruzou os pés debaixo da saia. Nadas adiantou. Sentiu – os mais enregelados ainda. Como não tivesse vendido nenhum fósforo não se animava a voltar para casa. Sem dinheiro no bôlso estava proibida de aparecer lá. Seu pai com certeza que a surraria – além disso o frio era lá tanto ali. Uma casa velha, de teto esburacado e paredes rachadas por onde o vento entrava zunindo. Suas mãozinhas começaram a perder os movimentos. Teve uma idéia: acender um daqueles fósforos para aquecer os dedos entanguidos. Assim fêz. Riscou um fósforo na parede – chit! Que luz bonita e agradável quentura! O fósforo queimava qual velhinha, com a chama defendida do vento pela sua mão em concha. Que bom! A menina sentia como se estivesse sentada diante dum grande fogão, com ferros para mexer as brasas e uma caixa de lenha ao lado. Tão agradável aquêle calorzinho do fósforo, que ela espichou o pé para que também aproveitasse um pouco – mas nisto a chama foi morrendo e afinal apagou – se. Só ficou em sua mão um toquinho carbonizado. A menina riscou outro fósforo, e à luz dêle a parede da casa a que estava encostada tornou-se transparente como um véu, deixando ver tudo quanto se passava lá dentro. Estava posta uma grande mesa, com toalha alvíssima e prataria e porcelana; no centro, um ganso recheado com maçãs e ameixas, que rescendia um perfume delicioso. De repente o ganso ergueu – se da travessa e, ainda com a faca e o garfo de trinchar espetados no papo, veio na direção dela. Nisto o fósforo apagou – se e tudo desapareceu. A menina riscou outro fósforo, e imediatamente se achou sentada deixada da mais bela árvore de Natal que seus olhos ainda tinham visto nas casas de brinquedos. Mil velinhas ardiam na ponta dos galhos, e os enfeites dependurados pareciam olhar para ela. Mas êsse fósforo também se foi apagando, e à medida que se ia apagando a árvore de Natal ia crescendo, crescendo, e as velinhas subindo até ficarem como estrêlas no céu. Uma delas caiu, traçando um longo risco de luz. - Alguém está morrendo, pensou a menina com idéia em sua avó. A boa velhinha fôra a única pessoa na vida que lhe dera amor, e costumava dizer que quando uma estrêla cai é sinal de que alguém está morrendo e com a alma a ir para o céu. A menina acendeu outro fósforo – e desta vez o que apareceu foi a sua própria vovó, brilhante como um espírito e com o mesmo olhar meigo de sempre. - Vovó! Exclamou ela. Leve – me consigo! Eu sei que a senhora vai sumir – se quando êste fósforo chegar ao fim, como aconteceu com o ganso recheado e a linda árvore de Natal... E para que isso não acontecesse a menina tratou de acender um fósforo atrás do outro, sem esperar que a chama morresse. Era o meio de conservar a vovó perto de si. E os fósforos foram ardendo com luz brilhante como a do dia, e sua vovó nunca lhe pareceu tão bela, nem tão grande. Foi – se chegando, tomou a netinha nos braços e com ela voou, radiante, para as alturas onde não há neve, nem frio mortal, nem fome, nem cuidados – para o céu. Nooutro dia encontraram o corpo da menina entanguido na calçada, com as faces roxas e um sorriso feliz nos lábios. Havia morrido de fome e frio na última noite daquele dezembro. O sol do nôvo ano veio brincar sôbre o pequenino cadáver. Em sua mãozinha rígida estavam ainda os fósforos que não tivera tempo de

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acender. Os passantes olhavam e diziam: “A coitada procurou aquecer – se com os fósforos”, mas ninguém suspeitou as lindas coisas que ela viu, nem o deslumbramento com que começou o ano novo em companhia de sua vovó.

Figura 16: A menina dos fósforos

Fonte: http://espaco-horizontes.blogspot.com.br

3.1 Importância da leitura dos contos de fada no ensino fundamental.

Os contos de fadas são um caminho de descobertas, compreensão do

mundo, desenvolvimento da imaginação e fascínio. É segundo Bettelheim, “o

caminho pelo qual uma criança pensa e experimenta o mundo; por esta razão os

contos de fadas são tão convincentes para elas.”

Os contos partem de problemas bem simples como a pobreza de João e

Maria, a carência afetiva de Cinderela ou o conflito entre a filha e a madrasta em

Branca de Neve, que são encontrados ainda hoje na realidade de muitas crianças.

Com o desenrolar da história, vai mostrando a busca de soluções, e, nessa busca,

aparecem fadas, bruxas malvadas, anões, duendes, e no final o herói ou heroína

conquista o que quer e volta para a realidade. Tudo isso ajuda na construção da

36

personalidade, e contribuem para que as crianças entendam melhor o mundo que as

cercam.

Só partindo para o mundo é que o herói dos contos de fada (a criança) pode se encontrar; e fazendo-o, encontrará também o outro com quem será capaz de viver feliz para sempre; isto é, sem nunca mais ter de experimentar a ansiedade de separação. O conto de fadas é orientado para o futuro e guia a criança – em termos que ela pode entender tanto na sua mente inconsciente quanto consciente – a ao abandonar seus desejos de dependência infantil e conseguir uma existência mais satisfatoriamente independente. (BETTELHEIM, 2014, p.19)

Muitas das respostas para as perguntas das crianças sobre o mundo são

baseadas nessa fantasia que elas encontram nos contos de fadas, e isso acontece

porque o enredo das histórias se aproxima mais da forma como elas vêem, e

imaginam o mundo. Para elas as árvores espreguiçam, os animais falam, os

duendes existem, e claro, as bruxas realmente voam com suas vassouras.

Todos são capazes de ficar maravilhados com um belo conto de fadas e se a

apresentação foi significativa, ainda hoje se é capaz de passar horas a fio ouvindo

ou lendo uma boa história. Isso acontece porque os contos de fadas interpretam

questões do dia a dia, tais como os conflitos de poder e de aquisição de valores,

combinando realidade com fantasia.

“Os contos de fadas são tão ricos que têm sido fonte de estudo para

psicanalistas, sociólogos, antropólogos, psicólogos, cada qual dando sua

interpretação e se aprofundando no seu eixo de interesse”. (ABRAMOVICH, 1991,

P.121).

Por meio da contação de contos de fadas as crianças podem aprender sobre

alguns problemas que envolvem o mundo que a rodeia, sobre conflitos que seres

humanos enfrentam e suas soluções. Além disso é uma oportunidade para que a

cultura seja transmitida à criança, construindo assim a sua moralidade. Contribuem

também para a formação dos pequenos em relação a si mesmo e ao mundo que

vive, determinando valores e até mesmo sua personalidade.

37

Pesquisa

Figura 17 - Metodologia de pesquisa

Fonte: http://1papacaio.com.br

38

CAPÍTULO lV

A PESQUISA

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia deste Trabalho de Conclusão de Curso consistiu em pesquisa

bibliográfica e questionário de sondagem entregue a 02 (duas) professoras do 1º

ano do ensino fundamental.

O questionário foi preparado com 08 (oito) questões dissertativas referentes

às concepções teóricas e utilização da contação de histórias que norteiam a prática-

pedagógica dos professores.

Participaram dessa pesquisa apenas duas profissionais do sexo feminino,

com mais de 40 anos, sendo que uma delas possui formação no curso de Magistério

e, posteriormente Pedagogia e a outra formação apenas no Magistério. O tempo de

atuação profissional na área entre as participantes da pesquisa é de mais de 15

(quinze) anos.

Quanto ao questionário, a primeira pergunta feita aos professores foi “o que

você entende por contação de histórias”, obteve-se como respostas duas linhas de

raciocínio diferentes. A professora 1 respondeu que “é uma didática que estimula a

leitura, através da imaginação, mas tem que ser bem narrada para que a criança se

concentre durante a história”, já a professora 2 respondeu que “o contador trabalha a

linguagem oral abrindo caminhos para que aprendamos a falar, escrever, ler e

pensar melhor. Ele assume o papel de mediador, estabelecendo uma relação

dialógica com o ouvinte”.

Pode-se perceber que as concepções de contação de histórias são definidas

com raciocínios diferentes entre as participantes da pesquisa, pois no primeiro caso

percebemos que o conceito ilustrado teve o enfoque, principalmente, no estímulo à

leitura e a qualidade da narração. Já no segundo caso, percebemos uma definição

mais ampla, abordando um leque maior de funções que podem ser desempenhadas

através de uma atividade de contação de histórias.

O tempo é um fator importante no planejamento diário do educador. Define as

escolhas, escolhas essas que são pautadas na visão de aprendizagem e de

currículo do educador que intencionalmente elege atividades necessárias para o

aprender e o desenvolver da criança. O que baseiam as escolhas do educador

39

pode-se dizer que os princípios, as legislações curriculares, os parâmetros

educacionais nacionais, teorias de aprendizagem e desenvolvimento, desde que

esteja disposto a fazer uma articulação entre teoria e prática.

Quando perguntado aos professores se utilizam a contação de histórias em

suas aulas, as respostas foram afirmativas, sendo que a Professora 1 pautou que

utiliza o conteúdo programado, gerando uma sequência no estudo, já a Professora 2

citou que na maioria das vezes utiliza um apoio de textos escritos.

Através das respostas obtidas, temos a sensação que uma das participantes

aparenta se prender aos métodos pré-programados, demonstrando, como se a

utilização da contação de histórias fosse tratada como apenas uma execução de um

determinado currículo, já o segundo caso percebe-se uma dinâmica maior, não se

prendendo tanto aos conteúdos.

Quando perguntado aos professores com que frequência você conta histórias

em suas aulas, obteve-se como respostas:

“Todos os dias faço a leitura e uma vez por semana há uma contação de histórias”. “Todos os dias, no início das aulas, pois os alunos estão com maior disposição para uma roda de histórias”.

Ao entrevistar os educadores sobre a questão da frequência da contação de

histórias em suas aulas, é comprovada a análise feita na questão anterior,

demonstrando claramente que uma das participantes acaba se prendendo ao

conteúdo programático e citando que realiza “leitura diária” com a classe, deixando a

contação de histórias propriamente dita apenas em um dia da semana. Por outro

lado, percebemos que a outra participante realiza a contação de histórias

diariamente, analisando ainda a forma em que a introdução deste item se faz mais

proveitosa e prazerosa para os alunos.

É evidente que, no mundo atual abrangido de diversas fontes de

entretenimento, um método como a contação de histórias deve ser tratado de uma

forma em que se transforme em um momento de prazer para o aluno, não deixando

que o mesmo se confunda com os currículos obrigatórios de uma rotina de aulas,

pois há uma possibilidade muito maior que a criança desenvolva o interesse à

leitura, que é o objetivo principal da introdução da contação de histórias, quando

este for desenvolvido de uma forma mais atrativa.

40

Quando perguntado aos professores quais métodos você aplica, obteve-se

como respostas que são utilizados fantoches, máscaras, modulações de voz e

elementos que possam imitar o acontecido na história.

De uma maneira geral, as duas professoras foram parecidas em suas

respostas, porém uma delas fez chamar atenção pois citou que em seus momentos

de contação de história ela tenta melhorar o interesse da narrativa, com diferentes

tons de voz, sons de eventos que aconteçam na história, como barulho da água,

vento, etc. E ainda disse que é importante estabelecer um contato de olho no olho

com a criança, pois com isso ela consegue conquistar o ouvinte.

A importância de colocar a criança como um co-personagem da história é

fundamental, ela tem que sentir-se dentro da narrativa e esses métodos são

importantíssimos para que esse fator aconteça efetivamente. Contar uma história

sempre com métodos tradicionais acaba virando rotina para a criança, que necessita

de inovações e motivações sempre.

Quando perguntado aos professores se os seus alunos gostam de te ouvir

contar histórias, obteve-se como resposta que sim, porém com duas vertentes:

“Sim, desde que a história tenha sentido e seja uma aula diferente, usando

materiais que façam parte da história.”

“Acredito que sim, pois todos os dias eles querem saber que história teremos, aguardando com prazer.”

Com base nestas complementações às respostas, é interessante notar que

em um caso os alunos demonstram um condicional: somente gostam da história se

houver um diferencial, quando por outro lado os alunos demonstram grande

interesse independentemente dos diferenciais. É bem possível que essa diferença

de comportamentos tem base nos métodos utilizados pelas professoras, onde

percebemos que em um dos casos tal metodologia tem se mostrado mais eficaz.

Quando perguntado aos professores se você acha que a contação de

histórias é um estímulo à leitura, obteve-se uma resposta com a mesma linha de

raciocínio, as participantes responderam que sim e complementaram que a contação

de histórias é um estímulo muito grande e que quanto mais incentivado, maiores

serão os resultados. Citaram ainda que esse estímulo deve ser aplicado na

formação escolar, ou seja, nos anos iniciais.

41

O desenvolvimento de hábitos de leitura tem grande influência do professor.

Um docente que não trabalha ou dá pouca importância a este assunto tende a ter

alunos que não desenvolvam o prazer em ler. Na formação da criança, ouvir

histórias é o início da aprendizagem para ser um leitor e em conseqüência disso ser

leitor é ter um caminho de descobertas e compreensão do mundo. Além disso, a

contação de histórias traz outros benefícios como criar, experimentar, estimular a

memória, entre outros benefícios, sendo um bom recurso para o desenvolvimento

infantil, pois é um meio para eles aprenderem conceitos e atitudes de uma forma

diferenciada. (ABRAMOVICH, 1989)

Quando perguntado aos professores se os seus alunos se sentem motivados

a ler um livro após ouvir uma história, obteve-se como resposta sim, com vertentes

complementares interessantes a serem analisadas:

“Sim, porque eles também gostam de contar histórias, mesmo antes de serem

alfabetizados, só com a ilustração eles imaginam e contam histórias”

“Sim, o estímulo à leitura vem a partir de tenra idade e nós, na escola,

complementamos o que já vem sendo feito em anos ateriores de escolaridade

e além de ler com os alunos, levo livros que estou lendo para que eles

assimilem a minha paixão pela leitura”.

Durante a pesquisa com os professores em relação à resposta dessa

pergunta deixa claro uma diferenciação do trato com a leitura, comparando-se as

respostas. Por um lado conta-se com uma situação onde que a leitura é tratada

apenas como mais uma parte integrante do currículo escolar, em contrapartida

percebemos outra situação onde a professora que tenta transmitir aos alunos, além

do conteúdo curricular, um conceito sobre a leitura que vem através do contato, da

troca de experiências, de uma forma em que a criança possa entender que é

importante e prazeroso o ato da leitura.

É importante destacar ainda que o professor é um agente influenciador do

aluno, principalmente quando criança, em seus anos iniciais de escolaridade, onde

as idéias, pensamentos e definições de mundo estão iniciando sua formação. E essa

influência pode ser percebida tanto da vida escolar, quanto na vida pessoal do

aluno.

Quando perguntado aos professores que tipo de intervenções você e seus

42

alunos fazem durante a contação de histórias, como, obteve-se duas respostas

diferentes em termos dos métodos utlizados por cada uma das professoras.

“As intervenções vem depois que é contada a história, para que eles não percam a sequência, a coesão e coerência da história e saibam interpretá-la”. “Muitas vezes, ao ler, percebemos palavras ou termos de pouca compreensão aos alunos. Damos uma pausa para troca de informações, enriquecendo, fazendo reflexões, problematizando situações que façam as crianças pensar, fazendo descobertas e construindo aprendizagens”. Com base nas duas respostas, podemos perceber claramente a diferenciação

na metodologia utilizada na contação de histórias e, muito provavelmente, esta

diferenciação deve se expandir para todos os outros conteúdos trabalhados dentro

do currículo. Dentro desta especificidade da leitura, notamos duas formas bem

diferentes de como trabalhar, por um lado um método onde o aluno pode expor suas

idéias e dúvidas após o término da história, voltado para um ensino mais

conservador e de outro lado o aluno participando ativamente da história, tirando

dúvidas, intervindo durante o processo, vivenciando situações e aprendendo com

experiências.

Durante a realização da pesquisa e análise das respostas podemos notar

quantas diferenças há nos métodos de ensino de apenas um tema, podemos

confrontar, em apenas dois questionários, uma diversidade de metodologias e até

formas de pensamento quanto a produção dentro da aprendizagem. Conseguimos

captar características de uma metodologia tradicional de aprendizagem sendo

confrontada com inovações e traços de construtivismo. Com base nas informações

contidas na pesquisa e observando comportamentos das crianças, percebemos

ainda uma eficácia maior quando se tratada no segundo método de ensino.

É extremamente importante também que o Diretor e Coordenador da escola,

apóiem o educador para que o mesmo possa ter condições de trabalho, para que ele

possa criar mais momentos lúdicos dentro do próprio ambiente, e que seja

garantindo também capacitações para aprimorar os seus conhecimentos e seu

currículo.

43

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Após serem analisados os questionários de pesquisa entregue as

professoras, é possível perceber que ambas tem conhecimento sobre a contação de

histórias e aplicam de alguma forma um dos vários métodos em suas classes.

Ambas as professoras deixam esclarecido que contar histórias nessa fase escolar é

essencial na formação da criança, pois o interesse por histórias vem bem antes, e o

professor é quem deve alimentar esse interesse. O ouvir histórias tem grande função

de estimular os alunos a querer ler, pois eles começam a se envolver de tal forma

nesse mundo mágico que começam a se interessar em querer saber o que está

escrito nos livros, e com esse interesse que surge neles, provavelmente muitos fará

da leitura sua paixão.

Mediante pesquisa, podemos notar que as professoras que fizeram parte dela

já possuem uma visão ampla sobre a contação de histórias. Porém, é sempre

possível melhorar. O envolvimento da escola como um todo, principalmente da

coordenação pedagógica, pode ser um instrumento de grande relevância no

desenvolvimento do gosto pela leitura. Quando se trata de estimular e formar

pequenos leitores, não podemos envolver apenas o professor como o agente de

transformação, como o único e exclusivo ser que irá provocar os seus alunos a

lerem. Todo o ambiente escolar influencia nessa motivação e nessa formação de

pequenos leitores. O que se propõe então, é que tanto o professor, com suas

metodologias e recursos, quanto a equipe escolar, no apoio ao trabalho do

professor, e também buscando abrir caminhos para esse mundo da leitura, e

capacitando os seus professores, estejam sempre dispostos a realizar um bom

trabalho em prol da leitura.

44

CONCLUSÃO

A contação de histórias é um hábito que está presente na sociedade muito

antes da linguagem escrita e os livros existirem, quando era usada para transferir

conhecimentos, e preservar a cultura e a tradição de diversos povos, de geração em

geração.

Hoje, com a existência de livros de histórias de diversos gêneros, a função da

contação de histórias não mudou muito. Com essas histórias podemos passar aos

alunos valores, ética, direitos, deveres, e assim ajudar na construção da sua

personalidade e moralidade.

A contação de histórias é uma porta que se abre para que o aluno viaje na

história. Invente e reinvente um mundo que só ele pode criar, imaginar

características próprias de personagens, de lugares, como a floresta pela qual a

Chapeuzinho Vermelho passa e até de ambientes internos, como a casa de doces

de João e Maria. Neste mundo de faz de conta, quem manda é a imaginação

daquele que o cria.

O professor tem por dever levar o seu aluno à este mundo do faz de conta,

proporcionar momentos para que sua imaginação possa fluir sem medo, e assim

entrar de cabeça na história que lhe é contada.

Para que esta tarefa possa ser realizada com sucesso, o professor, que

assumirá o papel de contador de histórias, deve também entrar neste mundo, curtir

cada palavra que sair da sua boca para contar o que vai acontecer, usar das

modalidades da voz para ajudar o seu aluno a imaginar cada personagem, e utilizar

de recursos visuais, como aqueles citados no presente trabalho: fantoches, painéis,

aventais, etc., para motivar o seu aluno a prestar atenção em cada detalhe da

história.

O professor deve também estar preparado para repetir uma mesma história

inúmeras vezes, quantas lhe for solicitado. Pois é nessas repetições que o aluno

pode observar detalhes ainda não notados, recriar aquilo que ele já criou outras

vezes, e também sentir de novo as emoções sentidas anteriormente, e ele é capaz

de fazer tudo isso como se fosse pela primeira vez.

Quando o professor vai contar a história, sem a ajuda do livro, é importante

que ele mostre o livro, que ele apresente a fonte da história, para que o seu aluno

ouvinte, perceba que é dos livros que surge tudo aquilo que lhe encanta, e assim,

45

posteriormente, buscar por incentivo próprio livros para ler, ler com prazer e sem

obrigatoriedade.

A leitura na sociedade existente hoje é algo imprescindível. Não há como

viver sem estar conectado à este mundo letrado, ao mundo das palavras. Temos

que ler para nos informar, para informar alguém sobre algo, ler para buscar novos

conhecimentos, ler para poder comprar algo, ler para ser alguém, ler para se divertir,

ler para descansar, ler para fugir dos problemas, ou ler para soluciona-los.

Sendo assim, a escola, por meio do professor, é o principal agente nessa

construção do ler por prazer. Afinal, não podemos nos restringir apenas às leituras

obrigatórias, já que esta pode nos servir de lazer. E é com isso que o educador deve

se preocupar. Ao formar pequenos leitores, o professor deve mostrar que a leitura é

um caminho incrível, pelo qual pode-se passar sem medo de chegar ao fim e ter que

retoma-lo para cumprir com tarefas e obrigações.

46

REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e bobices. 2 ed.São Paulo: Scipione, 1991.. BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 1 ed. São Paulo: Cultrix, 1977. BARCELLOS, G. M. F.; NEVES, I. C. B. A Hora do Conto: da Fantasia ao Prazer de Ler. Porto Alegre: Sagra-Luzzatto, 1995. BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2004. BORGES, Ana Gabriela Simões (org.). Leitura: o mundo além das palavras. Curitiba: Instituto RC, 2010. BUSATTO, Cléo. Contar e encantar: pequenos segredos da narrativa. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2008. COELHO, Betty. Contar historia: uma arte sem idade. 10 ed. São Paulo: Ática, 2008. OLIVEIRA, Cleonice Maria Cruz de. Da leitura intensiva apresentada por Roger Chartier à leitura de memória defendida por Telma Weisz. Ano I, n. 1. Jussara,

GO: UEG, 2008. SILVA, Ezequiel Theodoro da. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma

nova pedagogia da leitura. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2005. TEBEROSKY, Ana. E COLOMER, Teresa.Aprender a ler e a escrever: uma

proposta construtiva. Porto Alegre: Artmed, 2003. ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil na escola. 6 ed. São Paulo: Global, 1987

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APÊNDICE

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APENDICE A

QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES

Idade:

Formação:

Tempo de carreira:

1. O que você entende por contação de histórias?

2. Você utiliza a contação de histórias em suas aulas?

3. Com que freqüência você conta histórias em suas aulas?

4. Quais métodos você aplica?

5. Os seus alunos gostam de te ouvir contar histórias?

6. Você acredita que a contação de histórias é um estimulo a leitura?

7. Os seus alunos se sentem motivados a ler um livro após ouvir uma história?

8. Que tipo de intervenções você e seus alunos fazem durante a contação de

histórias?