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1 Aniversário da Folha A importância da imprensa local Abril é um mês importante para a Folha de Montemor. É neste mês que para nós muda o calendário e, como tal, é sempre um tempo de reflexão e de balanço sobre o que já fizemos e sobre o que pretendemos fazer. Em relação ao passado, é com alegria que olhamos para o caminho trilhado ao longo de 22 anos de existência, as mais de 5.000 páginas já impressas, a forma como conseguimos chegar junto das pessoas e o retorno que temos tido sobre o que fazemos. Para quem realiza este trabalho apenas com base no voluntariado, e vê nesta actividade um exercício de cidadania, ter algum retorno sobre o que efectuamos é a nossa única recompensa e, de facto, esse retorno tem existido. Ao longo dos últimos doze meses foram várias as edições que tiveram impacto na cidade e no concelho, com destaque para a edição de Agosto que revelou o renascimento dos licores de Poejo e Granito de Montemor e que praticamente todos os leitores elogiaram. Em Portugal, a imprensa escrita perdeu cerca de 100.000 leitores nos últimos dez anos, o que não é uma boa notícia para aqueles que fazem jornais. Os níveis de difusão de imprensa, por mil habitantes, são em terras lusas cerca de 55% da situação existente na Espanha e na Itália e 42% da situação francesa. As razões para esta situação são difíceis de explicar e custosas de entender. A internet pode ter mudado alguns hábitos, mas será que as notícias locais estão mesmo todas na internet, ou os internautas só se interessam por notícias com pouco mais de um parágrafo e que pouco contribuem para o debate de ideias? A internet democratizou a informação, tornando-a acessível a todas as pessoas, mas ainda não substituiu os jornais em papel, porque estes ainda não estão por completo na internet.

A importância da imprensa local

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Folha de Montemor - 22 aniversário

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Aniversário da Folha

A importância da imprensa local

Abril é um mês importante para a Folha de Montemor. É neste mês que para nós muda o calendário e, como tal, é sempre um tempo de reflexão e de balanço sobre o que já fizemos e sobre o que pretendemos fazer. Em relação ao passado, é com alegria que olhamos para o caminho trilhado ao longo de 22 anos de existência, as mais de 5.000 páginas já impressas, a forma como conseguimos chegar junto das pessoas e o retorno que temos tido sobre o que fazemos. Para quem realiza este trabalho apenas com base no voluntariado, e vê nesta actividade um exercício de cidadania, ter algum retorno sobre o que efectuamos é a nossa única recompensa e, de facto, esse retorno tem existido. Ao longo dos últimos doze meses foram várias as edições que tiveram impacto na cidade e no concelho, com destaque para a edição de Agosto que revelou o renascimento dos licores de Poejo e Granito de Montemor e que praticamente todos os leitores elogiaram. Em Portugal, a imprensa escrita perdeu cerca de 100.000 leitores nos últimos dez anos, o que não é uma boa notícia para aqueles que fazem jornais. Os níveis de difusão de imprensa, por mil habitantes, são em terras lusas cerca de 55% da situação existente na Espanha e na Itália e 42% da situação francesa. As razões para esta situação são difíceis de explicar e custosas de entender. A internet pode ter mudado alguns hábitos, mas será que as notícias locais estão mesmo todas na internet, ou os internautas só se interessam por notícias com pouco mais de um parágrafo e que pouco contribuem para o debate de ideias? A internet democratizou a informação, tornando-a acessível a todas as pessoas, mas ainda não substituiu os jornais em papel, porque estes ainda não estão por completo na internet.

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A página da Folha no ‘Facebook’, que já conta com mais de um ano de actividade, tem permitido manter um contacto de proximidade com os leitores, e tem sido um bom complemento à edição impressa, mas não substitui a edição em papel. Numa sociedade que se pretende cada vez mais instruída, onde os níveis de escolaridade aumentaram ao longo da última década, paradoxalmente, os níveis de consumo e de leitura de jornais baixaram! Mesmo com o aumento da escolaridade da população e com todas as certificações de competências que as escolas revelaram, o facto é que as pessoas, apesar de mais instruídas, não passaram a ter mais interesse pelo que se passa ao seu redor e não utilizaram mais os jornais para perceber melhor esta comunidade que é a nossa. Pelo contrário, até parece que estamos num estado de letargia, onde nada interessa para além do efémero, nada tem valor e nada se pode mudar! Os jornais, tanto a nível nacional como a nível local, podem e devem ser um sustentáculo da democracia, partilhando e debatendo ideias que possam, de uma ou de outra forma, contribuir para melhorar o estado em que nos encontramos. Mas será que a sociedade actual vê nos jornais este tipo de intervenção? E será que os jornais estão a trabalhar nesse sentido, levantando questões, revelando ideias e participando na vida da comunidade em que estão inseridos? Será que os jornais ainda são indispensáveis para uma vida em sociedade? Aqueles que conseguirem ser activos e essenciais manter-se-ão no futuro, os que não se revelarem indispensáveis terão muitas dificuldades em sobreviver neste mundo globalizado. Apesar da crise que afecta toda a imprensa escrita em Portugal, à qual a Folha também não tem sido imune, conseguiu-se, contudo, manter aqui um conjunto de leitores fieis e que, de uma ou de outra forma, são a razão de ser para quem escreve neste jornal. Na Folha continuamos a acreditar que a imprensa local tem um papel de proximidade a desempenhar que complementa o papel da imprensa a nível nacional. Por um lado, é através da imprensa local que os mais pequenos têm voz, que as minorias podem expressar o seu ponto de vista, e quando há independência, a crítica ao poder vigente pode e deve ser feita. Por outro lado, é também através da imprensa local que as pessoas que vivem e que trabalham fora dos grandes centros podem igualmente ser notícia, devido às suas acções que muitas vezes não ultrapassam o nível local, mas por isso mesmo, só num jornal local podem e devem ter cabimento. Para este ano que já está a decorrer, a Folha elegeu a diáspora montemorense espalhada pelo mundo para, através do jornal, se dar a conhecer na terra natal. Deste modo, vamos revelar um conjunto de pessoas que tem tido sucesso além-fronteiras, a sua forma de vida e o caminho percorrido ao longo dos últimos anos. No momento actual, onde praticamente só se fala de situações negativas, vamos fazer a diferença relatando factos positivos. Neste jornal mantemos como divisa a frase proferida na década de 60 pelo escritor Arthur Miller: “um bom jornal é uma sociedade a falar com ela própria”. Deste modo, iremos continuar a trabalhar para merecer a sua confiança e manter a Folha de Montemor como um espaço de debate onde tudo pode e deve ser discutido, por isso, principalmente para si que nos tem acompanhado neste caminho, parabéns a você.

A.M. Santos Nabo Abril 2011