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A importância da orientação farmacêutica ao paciente asmático Dezembro/2013
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 6ª Edição nº 006 Vol.01/2013 –dezembro/2013
A importância da orientação farmacêutica ao paciente asmático
Gislaine de Godoy Peres [email protected]
Atenção Farmacêutica e Farmacoterapia Clinica
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
São Paulo- SP (24/03/2013)
RESUMO
A asma é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas, o descontrole desencadeia uma
crise caracterizada por sibilância, tosse, sensação de aperto no peito com freqüentes idas ao
pronto socorro e durante as crises mais graves podem ocorrem hospitalização,
consequentemente falta á escola e/ou emprego prejudicando a vida social do paciente, muitas
vezes é sub-diagnosticada desencadeando um tratamento incorreto promovendo novas crises
e internações gerando um grande impacto nos cofres públicos.A falta de conhecimento da
gravidade da doença, dificuldade para utilizar os medicamentos e não entendimento da
necessidade de terapia constante faz com que o paciente não adere à prescrição médica
adequada. Com o uso correto das medicações para o controle da crise, normalmente beta-
agonista de longa duração, associado ao corticoide inalatório, raramente os pacientes
desencadeiam a crise asmática e necessitam utilizar classes farmacológicas para o resgate,
como por exemplo, o corticoide sistêmico comumente utilizado quando o paciente chega à
unidade de saúde. Por meio da orientação farmacêutica é possível evitar falhas na terapia,
através de esclarecimentos quanto ao uso adequado dos fármacos de controle,
principalmente habilidades no uso dos dispositivos, melhorando a qualidade de vida e
promovendo a saúde.
Palavras-chave: Asma. Crise asmática. Dispositivos inalatório.
1 INTRODUÇÃO
A asma é uma doença crônica inflamatória das vias aéreas inferiores (ASBAI 2009) de caráter
genético, cujo descontrole desencadeia a crise levando as freqüentes hospitalizações e visitas
ao pronto-socorro, com grande impacto na vida social e econômica dos pacientes, piorando
sua qualidade de vida, de acordo com MUNIZ et al., 2002 o mais preocupante é o tratamento
inadequado devido ao sub-diagnostico, pois os pacientes em crise utilizam os serviços de
emergências dos hospitais, como um local regular de consultas, gerando falhas no tratamento
e no controle da doença. (SARINHO et al., 2007)
O impacto econômico por internações também afetam os cofres públicos, tanto que em Abril
de 2012 o governo federal, decidiu incluir no programa FARMÁCIA POPULAR os
medicamentos para o controle da Asma, de acordo com o Ministério da Saúde, a doença
responde como a segunda principal causa de internação em crianças com até seis anos de
idade (PORTAL BRASIL,2012).
Um estudo aplicado em um ambulatório de Pneumologia do Hospital São Paulo
(Unifesp/EPM) por BETTENCOURT e seus colegas em 2002, demonstrou uma melhora
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significante nos problemas relacionados à asma, melhor adesão ao tratamento e identificação
do descontrole da doença e uma melhora na qualidade de vida, após o uso correto da
medicação para o controle da crise.
Através de um levantamento bibliográfico o objetivo deste trabalho é auxiliar o profissional
farmacêutico para que possa orientar o uso correto da terapia farmacológica para uma melhora
na qualidade de vida, descrevendo a relevância dos métodos preventivos para evitar as crises
asmáticas.
2 CRISE ASMÁTICA
De acordo com Paro, (2000) a crise de asma é caracterizada pela dificuldade respiratória, há
também o aparecimento e piora progressiva de dispneia, tosse, sibilância (chiado) ou sensação
de aperto no peito, As crises de asma refletem, geralmente, uma falência no manejo da doença
ao longo do tempo ou exposição aguda a um desencadeante.
Em alguns casos, a crise pode se manifestar apenas por tosse, predominantemente noturna, ou
induzida por exercícios físicos, sinais de rinite, ou prurido nos olhos, garganta, pescoço ou
tórax, pode ocorrer também, mudança do humor, ou alteração no apetite. Mesmo em estado
grave as crises de asma respondem bem ao tratamento médico. Devido à habitual boa resposta
ao tratamento, à mortalidade por asma é baixa. (SOUZA-1998).
Segundo o Departamento de Biologia e Imunologia da Universidade de Èvora (2002)
alérgenos do ar ou transportados pelo sangue, pólen, pó, fumos, produtos de insetos, antigenos
virais, exercícios físicos ou ar frio provocam crises asmáticas independente da estimulação do
alérgeno, a crise é desencadeada pela desgranulação dos mastócitos com a liberação dos
mediadores. Esta reação desenvolve-se nos tratos respiratórios inferiores.
A crise asmática apresenta a fase imediata: causada por espasmo da musculatura lisa
brônquica, a interação do alérgeno com IGE fixada aos mastócitos causa liberação de
histamina, leucotrieno B4 e prostaglandina D2, várias quimiotaxinas e quimiocinas atraem
leucócitos para aérea, inicia-se a fase tardia: caracterizada por influxo de leucócitos, células
inflamatórias que liberam proteínas tóxicas que causam dano e perda de epitélio, onde
receptores de irritante e fibras C ficam mais acessíveis a estímulos irritantes, conforme o
figura 1(RANG & DALE,2007).
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Fase Imediata Fase Tardia
Agente desencadeante
alérgeno ou estimulo
inespecífico
Mastócitos , células
mononucleares
CysLTS-espasmogenicos
H, PGD2
Quimiotaxinas
Quimiocinas
BRONCOESPASMO
Infiltração de células Th2 liberadoras
de citocinas e monócitos, e ativação
de células inflamatórias,
particularmente eosinófilos
Mediadores
p.ex. cysLTs,
EMBP , ECP
DANO
EPITELIAL
L
Inflamação
das vias
aéreas
da
Hiperatividade das
vias aéreas
Broncoespasmo,sibilos,
tosse
Reversão pelos antagonista
dos receptores
adrenergicosB2,
antagonistas do receptor
CysLT e teofilina
INIBIDAS POR GLICOCORTICOIDES
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Figura 1 – Fase imediata e tardia da asma e ações dos principais fármacos
Fonte: Rang & Dale (2007, pag 360)
3 CLASSIFICAÇÃO DA ASMA
A asma pode ser classificada quanto à gravidade em intermitente, persistente leve, moderada e
grave. A avaliação usual da gravidade da asma pode ser feita pela análise da frequência e
intensidade dos sintomas conforme a classificação do III CONSENSO BRASILEIRO NO
MANEJO DA ASMA (2002) mostrada no quadro abaixo
CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DA ASMA
Intermitente Persistente
Leve
Persistente
Moderada
Persistente
Grave
Sintomas: falta de
ar, aperto no peito,
sibilância e tosse.
2x/semana
ou menos
Mais de
2x/semana,
mas
não
diariamente
Diários mas não
contínuos
Diários ou
Contínuos
Atividades Normais
falta ocasional na
escola ou
trabalho
Limitações
para grandes
esforços
falta ocasional
na escola ou
trabalho
Prejudicadas Algumas faltas
ao trabalho e/ou
escola, Sintomas
com exercícios
moderados.
Limitação
diária falta
frequente ao
trabalho e/ou
escola,
sintomas com
exercícios leves
(caminhar
plano).
Crises* Ocasionais
Leves- controlada com
broncodilatador
sem idas a
emergência
Infrequentes algumas
requerentes ao
uso de
corticoide
Frequentes Algumas com
idas a
emergência, uso
de corticoide
sistêmico e
internação.
Frequentes-
Grave Uso de
corticoide
sistêmico,
internação com
risco de morte
Sintomas
Noturnos**
2x/ no mês
ou menos
3-4x/mês Mais de
1x/semana
Quase diários
Uso do
broncodilatador
para alivio
2x/semana
ou menos
Menos de
2x/semana
Diário Diário
*Paciente com crises infrequentes, mas que coloquem a vida em risco deve ser classificado
como portador de asma persistente grave.
** Despertar noturno regular com chiado ou tosse é considerado sintoma grave
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Quadro 1 - Principais parâmetros para classificação da gravidade da asma
Fonte: III consenso brasileiro no manejo da asma (2002)
4 CLASSES FARMACOLÓGICAS UTILIZADAS PARA ALIVIO DOS SINTOMAS
NA CRISE AGUDA
Durante a crise aguda da asma, paciente apresenta-se com algum grau de dispneia, opressão
torácica e sibilância, pode ser acompanhados de tosse e expectoração. (PIZZICHINI et al
2009) Os sintomas apresentam duração variável de horas ou dias, há o relato de episódios
semelhantes previamente, podendo haver identificação de fatores desencadeantes e descrição
de resposta sintomática favorável a medicações broncodilatadoras (PERIM 2009)
Segundo o Manual de Condutas Médicas do Departamento de Pediatria da Universidade da
Bahia (2003), o tratamento atual da crise asmática fundamenta-se no uso de drogas que
promovam broncodilatação, conhecidos como fármacos de resgate. A terapia deve focalizar
de forma especial a redução da inflamação. Deve-se iniciar o tratamento de acordo com a
classificação da gravidade da asma. A manutenção do tratamento deve variar de acordo com o
estado de controle do paciente (IV Diretrizes Brasileira de Asma, 2006)
4.1 – Beta-2 agonista inalatório de curta duração
São os medicamentos de escolha para alívio dos sintomas de broncoespasmo durante as
exacerbações agudas de asma e como pré-tratamento do broncoespasmo induzido por
exercícios físicos. (IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma, 2006)
Dilatam os brônquios por uma ação direta sobre os receptores adrenérgicos Beta -2 no
músculo liso, aumentam a remoção do muco por ação sobre os cílios (RANG & DALE, 2006)
Geralmente são utilizados por inalação de aerossol, pó ou solução nebulizada, mas podem ser
utilizadas via oral e parenteral, disponíveis o salbutamol, o fenoterol e a terbutalina. Seus
efeitos colaterais incluem tremores, cefaleia, taquicardia, palpitações, poderá ocorrer
broncoespasmo paradoxal, com aumento imediato da dificuldade respiratória (INFARMED,
2012).
4.2 Anticolinérgicos inalatório
No protocolo de asma do Programa Respira Londrina (2006) o brometo de ipratrópio é droga
de escolha no tratamento de broncoespasmo na crise aguda, porém o triatropio também faz
parte dessa classe. Possui ação de início lento, com efeito máximo entre trinta minutos e uma
hora, não é bem absorvido na circulação com maior ação sobre os receptores muscarinicos
dos brônquios, por isso tem poucos efeitos indesejáveis (RANG & DALE, 2006)
4.3 Teofilina
Possui uma ação broncodilatadora e propriedades antiinflamatórias, relaxa a musculatura lisa,
mas seu efeito na asma não é bem definido por isso deve ser utilizada apenas como
medicamento adicional aos corticoide inalatório, em pacientes não controlados. Tem como
efeitos colaterais estimulação do sistema nervoso central, tremor, nervosismo, vasodilatação
generalizada e constrição nos vasos cerebrais (RANG & DALE, 2006)
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4.4 Glicocorticoides oral
Devem ser utilizados no tratamento das exacerbações graves da asma, pois reduz mortalidade,
recaída e hospitalização seu início de ação é de pelos menos quatro horas, na dose média de 1
a 2 mg/kg/dia, com o máximo de 60mg de prednisolona, seu uso é de cinco a dez dias e a
suspensão pode ser abrupta (GINA).Os efeitos colaterais estão ligados à dose e ao tempo de
uso, geralmente surgem após o uso prolongado, como por exemplo: ganho de peso, acne,
insônia, osteoporose, supressão adrenal, síndrome de Cushing, diabetes tipo II,entre outros
(INFARMED, 2012)
5 CLASSES FARMACOLÓGICAS UTILIZADAS PARA PREVENÇÃO DA CRISE
ASMÁTICA
A Asma não tem cura, mas pode ter as crises prevenidas através de alguns fármacos,
reduzindo sintomas e melhorando a qualidade de vida do paciente. (CATES 2012) O
tratamento ideal é o que mantém o paciente controlado e estável com a menor dose de
medicação possível. Uma vez obtido o controle sintomático por um período mínimo de três
meses, pode-se reduzir as medicações e suas doses, monitorando o paciente (IV Diretrizes
Brasileiras para o Manejo da Asma)
5.1 Beta-agonista de ação longa (LABA)
Os fármacos salmeterol e formoterol, são eficazes no tratamento e manutenção em pacientes
com asma que apresentam sintomas noturnos ou requerem uso frequente de B2-agonitas de
curta ação, o inicio de ação do formoterol é mais rápido que o salmeterol e persiste por no
mínimo doze horas, sendo uma alternativa no manejo da crise aguda de asma. (RUBIN et al.,
2006). De acordo com Lommatssh 2009 o uso regular de salmeterol como monoterapia, pode
causar uma perda do controle da asma paradoxal e aumento do fator neurotrófico derivado do
cérebro (BDNF) um dos mediadores da hiper-responsividade das vias aéreas na asma.
Segundo um levantamento bibliográfico realizado por SOLÉ em 2002, esses agentes beta-2-
agonistas, são recomendados pelos vários consensos para o tratamento da asma, associados a
doses moderadas de corticosteróide inalados (CI), ocasionam a redução de sintomas de asma e
reduzem o consumo de medicação de alívio. Todavia, são menos efetivos que os CI como
monoterapia e não devem ser utilizados isoladamente.
Apesar da IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma preconizar que a associação dos
LABA ao CI pode ser utilizada como terapia inicial na asma classificada como moderada ou
grave, pois resulta em melhor controle de sintomas, podendo preservar a função pulmonar em
longo prazo e prevenir ou atenuar o remodelamento das vias aéreas, CHATKIN et al.,
constatou em seu estudo realizado em 2006 que os pacientes tem medo de efeitos adversos,
principalmente dos CI, dúvidas quanto à efetividade do esquema proposto, devido às poucas
orientações recebidas fazem com que em fase assintomática da doença há tendência de
subutilização dos fármacos e nos períodos de exacerbação o doente tende a tornar-se
completamente aderente às prescrições médica do fármaco de resgate.
5.2 Corticoide inalatório (CI)
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Os principais CI utilizados na prevenção da crise asmática são beclometasona,
mometasona,budesonida e fluticasona.
Capazes de reverter à inflamação das via aéreas são efetivos na manutenção da função
pulmonar, os atualmente utilizados são bioestáveis nas vias aéreas, sendo inativados pelo
CYP 450-3A a fração do corticoide que se deposita na orofaringe é deglutida e absorvida e
sofre efeito de primeira passagem, uma pequena fração é depositada nos brônquios e pulmões
e transportada ao coração pela circulação brônquica e pulmonar e distribuída pelo corpo.
(FILHO, 2013)
“A absorção sistêmica ocorre de forma diferente de acordo com o dispositivo
utilizado, quando é usado o spray, somente 10% distribui-se topicamente no
pulmão, e 80% na orofaríngea. Com o uso de espaçadores, 20% vão para as vias
aéreas e 70% a 80% para a orofaringe. Com o dispositivo Turbohaler, 40% vão
para a orofaringe e maior porção é absorvida no pulmão, aumentando a eficácia
do CI e diminuindo a absorção sistêmica”.(Arend et al 2005)
Os efeitos colaterais incluem a sensação de sede, disfonia, candidíase oral, que podem ser
significativamente reduzidos com bochechos e/ou escovação dos dentes após cada inalação
(MOURA, 2002)
5.3 Antagonistas de receptores de leucotrienos cisteínicos
Bloqueiam os receptores de leucotrienos e evitam que esses mediadores provoquem reações
inflamatórias nas vias aéreas (BARACAT, 2006) utilizado como adjuvante nos portadores de
asma controlada de forma inadequada (INFARMED, 2012), está também indicado na
profilaxia da asma quando a componente predominante é a broncoconstrição induzida pelo
exercício (INFARMED, 2012) podem ser úteis como medicação substitutiva aos LABA e
adicional à associação entre LABA e CI (IV Diretrizes Brasileira).Exemplo: montelucaste
seus efeitos colaterais mais comum são: dor abdominal, tonturas, cefaleia (DEF, 2002)
6 MONITORIZAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA
Em sua tese de mestrado a Dra. Frade verificou em diversos estudos baseado no modelo de
Fórum Europeu que os farmacêuticos podem contribuir para o aumento de conhecimentos,
desenvolvimento de habilidades no manejo dos dispositivos inalatório e monitorar o controle
da Asma através do dispositivo Peak Flow, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos
com asma.(FRADE, 2006)
6.1 Peak flow
É um aparelho utilizado para medir o fluxo de ar que é expelido dos pulmões, chamada de
taxa de pico de fluxo expiratório (PFE), pode revelar estreitamento das vias aéreas com
antecedência de um ataque de asma.(WEXNER, 2010)
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Quanto maior for o valor do Peak flow, maior, ou melhor, será o fluxo aéreo expiratório e
quanto menor, pior será este fluxo aéreo, representando a permeabilidade ou obstrução das
vias aéreas pulmonares (ROMANO, 2007).
Uma das formas de avaliação do PFE é a comparação dos valores de PFE dos indivíduos com
valores de referência normais de PFE, baseadas em cálculos que levam em consideração a
idade, o sexo e a altura de cada pessoa (R0MANO,2007). No entanto, o melhor mesmo é
calcular qual o melhor valor para cada pessoa baseado na medida diária - pela manhã e à
noite, por duas semanas. Encontra-se a média aritmética e obtém-se o melhor valor pessoal
(ABRA,2012). No quadro abaixo observamos as referencias utilizadas para caracterizar a
gravidade da crise asmática.
CRISE Valor do PFE
Leve Entre 80 á 100% do seu melhor valor
Moderada Entre 60 a 80% do seu melhor valor
Grave Abaixo de 50% do seu melhor valor
Quadro 2 – Classificação da Crise de acordo com valores de PFE
Fonte: Associação Brasiliera dos Asmático (2012)
7 DISPOSITIVOS INALATÓRIO
No quadro abaixo estão descritos os principais dispositivos utilizados no tratamento da asma.
(CERNADA, 2006)
Os fabricantes disponibilizam vídeos na internet de como utilizar esses dispositivos além de
fornecerem amostras com placebo para que o farmacêutico possa orientar na prática seus
pacientes a correta utilização.
Aerossol
Dosimetrado
Spray Nasal
Dispositivos aerolizer
para cápsulas de inalação
Respimat
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Turbohaler Diskus Espaçador
Pressurizador de ar par
inalação
Quadro 3 principais dispositivos utilizados no tratamento da asma
(CERNADA 2006)
7.1 Aerossol dosimetrado – conhecido como “bombinha” neste dispositivo o medicamento
na forma de pó está dentro de um frasco pressurizado, que é ativado pela pressão dos dedos, o
que libera o medicamento pela válvula e permite a inalação pelo paciente. (BOEHRINGER
INGELHEIM, 2012)
7.2 Spray nasal - um dos mais comuns, composto por um frasco plástico com uma válvula na
ponta, onde o paciente posiciona na narina e pressiona com o dedo indicador até que o liquido
seja vaporizado (LIBBS,2012)
7.3 Aerolizer – dispositivo com compartimento na base contendo pequenas lâminas para
perfurar as cápsulas com pó micronizado, dotado de um bocal no qual o paciente inspira a
nevoa formada (NOVARTIS,2012)
7.4 Respimat® é um inalador multidose, que não necessita de eletricidade e opera
mecanicamente, por meio de uma mola, seu principal diferencial é o jato de movimento lento
e suave, que dura mais tempo, com presença de partículas finas, que proporciona melhor
absorção do medicamento pelos pulmões. (BOEHRINGER INGELHEIM,2012)
7.5 Turbohaler – é um inalador de múltiplas doses contendo pó seco que é ativado durante a
inspiração. O mecanismo de separação das doses localiza-se na base do aparelho dispensa a
droga com exatidão. Ao girá-lo, pequenos buracos cônicos são preenchidos com a dose exata
do medicamento (FILHO, 2001).
7.6 Diskus – é um dispositivo para administração de medicações inalatórias na forma de pó
seco, dosimetrado permite a aplicação de múltiplas dose, composto de uma capa protetora
giratória que protege o bocal e uma alavanca que prepara a dose que dever ser inspirada pelo
paciente (GSK, 2012)
7.7 Espaçador - É um dispositivo que pode ser acoplado ao aerossol dosimetrado para
facilitar o seu uso e melhorar o aproveitamento da medicação, muito utilizado em crianças
para coordenar a respiração durante o uso dos medicamentos inalatórios. (RIBEIRO, 2010)
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7.8 Pressurizador de ar para inalação – Conhecido como aparelho de inalação, neste
equipamento o medicamento em gotas é adicionado a um solvente, como soro fisiológico,
através de um motor o ar é pressurizado transformado em uma nuvem de gotículas, sendo
inalado pelo paciente. (BOEHRINGER INGELHEIM, 2012)
8 PROGRAMA DE BENEFICIOS DE MEDICAMENTOS (PBM)
Existem vários programas que facilitam o acesso a medicamentos aumentando a persistência e
aderência ao tratamento (ORIZON 2012). Muitas indústrias farmacêuticas e também o
programa Farmácia Popular disponibilizam esse beneficio aos medicamentos para o controle
da asma (PORTAL BRASIL, 2012). O quadro abaixo demonstra os principais fármacos,
nome comercial, dispositivos e alguns PBM disponíveis.
CLASSE PRINCIPIO
ATIVO
NOME
COMERCIAL DISPOSITIVO PBM
Beta 2
Agonista de
ação curta
Salbutamol Aerolim Aerossol
Pressurizado
FARMACIA
POPULAR 100%
DESCONTO
Fenoterol Berotec Aerossol
Pressurizado --------------------
Anticolinérg
icos
Ipratrópio Atrovent Aerossol
Pressurizado
FARMACIA
POPULAR 100%
DESCONTO
Tiatrópio Spiriva
Respimat Pó para inalação ------------------------
LABA
Salmoterol Serevent
Diskus
Pó seco para
inalação
------------------------
-----
Formoterol Fluir Caps Capsulas com
pó para inalação
Indústria
Farmacêutica 30%
desconto
Indústria
Farmacêutica 50%
de desconto Formocaps
Corticóides
Beclometasona Clenil Spray
Oral
Aerossol
Dosimetrado
FARMACIA
POPULAR 100%
DESCONTO
Budesonida Budecort Suspensão
Aquosa Nasal
FARMACIA
POPULAR 90% Busonid
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Noex DESCONTO
Fluticasona Avamys Spray Nasal
Aquoso ----------------------
Mometasona Nasonex Spray Nasal
Aquoso
Indústria
Farmacêutica 50%
desconto
LABA + CI
Fluticasona +
Salmoterol Seretide Diskus
Pó seco para
inalação
------------------------
-------
Formoterol+Budeso
nida
Foraseq Cápsulas com
pó para inalação Indústria
Farmacêutica 50%
desconto
Alenia
Symbicort
Turbohaler Pó para inalação
Formoterol+Momet
asona Zenhale
Aerossol
Dosimetrado
------------------------
----
Quadro 4 – Principais Fármacos, nomes comerciais, dispositivos e PBM disponível para o tratamento da asma
Fonte: FRADE ,2006;GINA, 2009;ZIEGENWEID, 2011.
9 CONCLUSÃO
A partir do levantamento bibliográfico efetuado verifiquei assim como diversos autores a
queixa dos pacientes sobre a dificuldade para usarem os medicamentos, o que contribui para
baixa aderência ao plano terapêutico e consequentemente o não controle da asma no dia a dia.
A asma é uma doença crônica e necessita de farmacoterapia adequada. É obrigação do
farmacêutico, no ato da dispensação, intervir, orientar, educar, e principalmente ensinar o uso
correto dos dispositivos inalatório, posologia adequada e finalidade da terapia de controle
para evitar a crise asmática e melhorar a qualidade de vida dos pacientes asmáticos.
REFERÊNCIAS
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http://www.asbai.org.br/secao.asp?s=81&id=310> acesso em 28/07/2012
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