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CLÍNICA www.jornaldentistry.pt 26 l A R T I GO O R I G I N A L l O J o r n a l D e n t i s t r y Introdução A implantologia é nos dias de hoje uma prática comum no âmbito da medicina dentária 1,2,3 . Cada vez mais ocorre o recurso à cirurgia de colocação de implantes para substituição de peças dentárias perdi- das, de forma a preservar o equilíbrio de todo o sistema estomatognático 1,3,4,5,6 . Tal como qualquer procedimento realizado em saúde, tem limitações associadas e obedece a protocolos e fatores de influência relacionados com o paciente e com as componen- tes ambientais onde este está inserido 1,3, 4,5,6,7 . Torna-se cada vez mais evidente a presença de pato- A IMPORTÂNCIA DAS CONSULTAS DE CONTROLO DE HIGIENE ORAL NA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS PERI-IMPLANTARES Dra. Silvana Guerra Higienista Oral a exercer em clínica privada com licencia- tura em Higiene oral pela FMDUL Introdução: A implantologia é nos dias de hoje é uma prática clínica comum no âmbito da medicina dentária. Cada vez mais ocorre o recurso à cirurgia de colocação de implantes para substituir peças dentárias perdidas, de forma a preservar o equilíbrio de todo o sistema estoma- tognático. Tal como qualquer procedimento realizado em saúde, obedece a protocolos e fatores de influência relacio- nados com o paciente e com as componentes ambientais onde este está inserido. Materiais e métodos: Realizou-se uma pesquisa na base de dados medline, ebsco e lilacs, tendo como principais cri- térios de inclusão artigos em língua inglesa, portuguesa e espanhola e o conteúdo científico. Dos cerca de 560 artigos foram selecionados para o estu- do 28 artigos. Na escolha dos mesmos utilizaram-se as seguintes palavras chaves: oral hygiene, peri implantitis e mucositis. Foi dada principal importância a revisões sistemáticas de ensaios clínicos, revisões sistemáticas de estudos coortes e estudos coortes, revisões sistemáticas de casos controlo e estudos de caso controlo, séries de casos e opinião sem avaliação crítica explícita. Discussão: A maioria dos estudos mostram que muitos casos de peri-implantite resultam de mucosites não trata- das, que têm a presença de placa bacteriana como principal factor de risco. As consultas de controlo de higiene oral devem primar pela motivação constante para as técnicas de remoção de placa bacteriana e para a pesquisa de sinais e sintomas com- patíveis com estados patológicos, assim como uma efetiva remoção de depósitos e cessação de fatores retentivos. Conclusão: É fundamental informar e consciencializar o paciente portador de implantes para a necessidade de realizar uma higiene oral correta e adaptada para pre- venir o aparecimento e desenvolvimento de patologias peri-implantares, assim como a realização de consultas de controlo profissionais. RESUMO logias periodontais e peri-implantares em pacientes por- tadores de implantes dentários, o que leva os autores deste artigo a afirmar que a prevenção de patologias peri-implantares e a monitorização controlada de pacien- tes devem estar integradas no conceito de reabilitação fixa com implantes 5,6,7,8 . O paciente deve estar informado dos fatores de risco para as doenças peri-implantares, garan- tindo a compliance necessária com o profissional de saúde para a prevenção das mesmas. As doenças peri-implantares (tais como as doenças perio- dontais) são patologias multifatoriais e subdividem-se em duas categorias: 1) Mucosite Definida como a presença de inflamação na mucosa peri-implantar adjacente ao implante induzida por bacté- rias. Não existe perda óssea, caracteriza-se pela presença de edema gengival, hemorragia e aumento da profundidade à sondagem 1,6,7,8 . 2) Peri-implantite Definida como infecção induzida por bactérias, onde ocor- re perda óssea em torno do implante. Pode existir também edema gengival, hemorragia e aumento da profundidade à sondagem, supuração e recessão dos tecidos adjacentes ao implante 1,6,7,8,9,10,11,12 . Em qualquer um dos processos pode ocorrer ou não sinto- matologia dolorosa. O diagnóstico das patologias peri-implantares é obtido tendo em conta parâmetros como: profundidade de sondagem; presença de hemorragia; presença de supuração; análises microbiológicas; radiografias; mobilidade. Considera-se a existência e progressão da doença, em implantes que são colocados, osteointegrados e colocados em carga 1,6,7,8,9,10,11,12 . Vários estudos apontam como fatores de risco para a peri- -implatite: 2,6,7,11,12 a história passada de doenças periodontais; biofilme bacteriano; hábitos tabágicos; doenças sistémicas como diabetes, osteoporose, entre outras; consumo excessivo de álcool; fatores genéticos; superfície do implante; relação oclusal ou causa protética; condição da mucosa no que respeita a mucosa querati- nizada; medicação; comprometimento ósseo. É importante referir que a saúde dos tecidos peri-implan- tares deve ser descrita como uma situação em que a mucosa não apresenta inflamação nem perda de osso. Não ocorre edema nem eritema dos tecidos, não há aumento da profundidade de sondagem, hemorragia, supu- ração ou perde de osso radiológica 6 . Nesta revisão bibliográfica, incide-se na presença da placa bacteriana como fator principal no aparecimento e progres- são das patologias peri-implantares. Metodologia Este artigo assenta numa revisão bibliográfica para a qual se realizou uma pesquisa na base de dados medline, ebsco e lilacs, tendo como principais critérios de inclusão artigos em língua inglesa, portuguesa e espanhola e o conteúdo científico. Na escolha dos artigos considerados utilizaram-se as seguintes palavras chaves: oral higiene, peri-implantitis, mucositis. Dos cerca de 560 artigos e após leitura dos abstractos, foram selecionados para o estudo 28 artigos. Foi dada principal importância a revisões sistemáticas de ensaios clínicos, revisões sistemáticas de estudos coortes e Prof. Doutor Fernando Almeida PhD FMDUP 2006; Administrador da Clínica Dentária Infante Sagres, Clínica Dentária dos Carvalhos e Labdent - Laboratório de Prótese Dentária e Centro de Formação FA; Orador convidado de várias conferências nacionais einternacionais; Autor de vários Artigos Científicos publicados em revistas Nacionais e Internacionais; Co- ordenador do Curso Privado em Implantologia, no Porto e Lisboa; Consultor Científico de vários produtos de Implantologia. OJDentistry N23.indd 26 23/11/15 11:03

A IMPORTÂNCIA DAS CONSULTAS DE CONTROLO DE … · tes devem estar integradas no conceito de reabilitação fixa com implantes . O paciente deve estar informado dos fatores de risco

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CLÍNICA

www.jornalden tistry.pt26

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Introdução

A implantologia é nos dias de hoje uma prática comum no âmbito da medicina dentária1,2,3.

Cada vez mais ocorre o recurso à cirurgia de colocação de implantes para substituição de peças dentárias perdi-das, de forma a preservar o equilíbrio de todo o sistema estomatognático1,3,4,5,6.

Tal como qualquer procedimento realizado em saúde, tem limitações associadas e obedece a protocolos e fatores de influência relacionados com o paciente e com as componen-tes ambientais onde este está inserido1,3, 4,5,6,7.

Torna-se cada vez mais evidente a presença de pato-

A IMPORTÂNCIA DAS CONSULTAS DE CONTROLO DE HIGIENE ORAL NA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS PERI-IMPLANTARES

Dra. Silvana GuerraHigienista Oral a exercer em clínica privada com licencia-tura em Higiene oral pela FMDUL

Introdução: A implantologia é nos dias de hoje é uma prática clínica comum no âmbito da medicina dentária.

Cada vez mais ocorre o recurso à cirurgia de colocação de implantes para substituir peças dentárias perdidas, de forma a preservar o equilíbrio de todo o sistema estoma-tognático. Tal como qualquer procedimento realizado em saúde, obedece a protocolos e fatores de influência relacio-nados com o paciente e com as componentes ambientais onde este está inserido.

Materiais e métodos: Realizou-se uma pesquisa na base de dados medline, ebsco e lilacs, tendo como principais cri-térios de inclusão artigos em língua inglesa, portuguesa e espanhola e o conteúdo científico.

Dos cerca de 560 artigos foram selecionados para o estu-do 28 artigos. Na escolha dos mesmos utilizaram-se as seguintes palavras chaves: oral hygiene, peri implantitis e mucositis.

Foi dada principal importância a revisões sistemáticas de

ensaios clínicos, revisões sistemáticas de estudos coortes e estudos coortes, revisões sistemáticas de casos controlo e estudos de caso controlo, séries de casos e opinião sem avaliação crítica explícita.

Discussão: A maioria dos estudos mostram que muitos casos de peri-implantite resultam de mucosites não trata-das, que têm a presença de placa bacteriana como principal factor de risco.

As consultas de controlo de higiene oral devem primar pela motivação constante para as técnicas de remoção de placa bacteriana e para a pesquisa de sinais e sintomas com-patíveis com estados patológicos, assim como uma efetiva remoção de depósitos e cessação de fatores retentivos.

Conclusão: É fundamental informar e consciencializar o paciente portador de implantes para a necessidade de realizar uma higiene oral correta e adaptada para pre-venir o aparecimento e desenvolvimento de patologias peri-implantares, assim como a realização de consultas de controlo profissionais.

RESUMO

logias periodontais e peri-implantares em pacientes por-tadores de implantes dentários, o que leva os autores deste artigo a afirmar que a prevenção de patologias peri-implantares e a monitorização controlada de pacien-tes devem estar integradas no conceito de reabilitação fixa com implantes5,6,7,8. O paciente deve estar informado dos fatores de risco para as doenças peri-implantares, garan-tindo a compliance necessária com o profissional de saúde para a prevenção das mesmas.

As doenças peri-implantares (tais como as doenças perio-dontais) são patologias multifatoriais e subdividem-se em duas categorias:

1) MucositeDefinida como a presença de inflamação na mucosa

peri-implantar adjacente ao implante induzida por bacté-rias. Não existe perda óssea, caracteriza-se pela presença de edema gengival, hemorragia e aumento da profundidade à sondagem1,6,7,8.

2) Peri-implantiteDefinida como infecção induzida por bactérias, onde ocor-

re perda óssea em torno do implante. Pode existir também edema gengival, hemorragia e aumento da profundidade à sondagem, supuração e recessão dos tecidos adjacentes ao implante1,6,7,8,9,10,11,12.

Em qualquer um dos processos pode ocorrer ou não sinto-matologia dolorosa.

O diagnóstico das patologias peri-implantares é obtido tendo em conta parâmetros como: • profundidade de sondagem; • presença de hemorragia; • presença de supuração; • análises microbiológicas; • radiografias; • mobilidade.

Considera-se a existência e progressão da doença, em implantes que são colocados, osteointegrados e colocados em carga1,6,7,8,9,10,11,12.

Vários estudos apontam como fatores de risco para a peri--implatite: 2,6,7,11,12

• a história passada de doenças periodontais; • biofilme bacteriano; • hábitos tabágicos; • doenças sistémicas como diabetes, osteoporose, entre

outras; • consumo excessivo de álcool; • fatores genéticos; • superfície do implante; • relação oclusal ou causa protética; • condição da mucosa no que respeita a mucosa querati-

nizada; • medicação; • comprometimento ósseo.

É importante referir que a saúde dos tecidos peri-implan-tares deve ser descrita como uma situação em que a mucosa não apresenta inflamação nem perda de osso.

Não ocorre edema nem eritema dos tecidos, não há aumento da profundidade de sondagem, hemorragia, supu-ração ou perde de osso radiológica6.

Nesta revisão bibliográfica, incide-se na presença da placa bacteriana como fator principal no aparecimento e progres-são das patologias peri-implantares.

MetodologiaEste artigo assenta numa revisão bibliográfica para a qual

se realizou uma pesquisa na base de dados medline, ebsco e lilacs, tendo como principais critérios de inclusão artigos em língua inglesa, portuguesa e espanhola e o conteúdo científico.

Na escolha dos artigos considerados utilizaram-se as seguintes palavras chaves: oral higiene, peri-implantitis, mucositis.

Dos cerca de 560 artigos e após leitura dos abstractos, foram selecionados para o estudo 28 artigos.

Foi dada principal importância a revisões sistemáticas de ensaios clínicos, revisões sistemáticas de estudos coortes e

Prof. Doutor Fernando AlmeidaPhD FMDUP 2006; Administrador da Clínica Dentária Infante Sagres, Clínica Dentária dos Carvalhos e Labdent - Laboratório de Prótese Dentária e Centro de Formação FA; Orador convidado de várias conferências nacionais einternacionais; Autor de vários Artigos Científicos publicados em revistas Nacionais e Internacionais; Co-

ordenador do Curso Privado em Implantologia, no Porto e Lisboa; Consultor Científico de vários produtos de Implantologia.

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Fig. 4 e 5 – Depósitos agregados em prótese sobre implantes.

Fig. 2 e 3 – Superfloss.Fig. 1 – Escovilhões interproximais de diâmetros variados.

estudos coortes, revisões sistemáticas de casos controlo e estudos de caso controlo, séries de casos e opinião sem ava-liação crítica explicita.

DiscussãoA maioria dos estudos aponta para uma prevalência de

mucosite e peri-implatite cada vez maior1,6,10,14,15. Segundo grande parte dos autores, os microorganismos mais obser-vados nas bolsas peri-implantares são gram negativos e espiroquetas, tais como Porphyromonas gingivalis, Provete-lla intermedia, Tannerella forsythia e Fusobacterium3,6,10,11,14.

Salvi et. al. (2007)27 afirma ainda quem além da peri-im-plantite ser maioritariamente uma infeção aeróbica polimi-

crobiana, existem microorganismos, como o Staphylococcus aureus, que têm um papel importante na dinâmica destas patologias devido à sua elevada afinidade com o titânio1.

A maioria dos estudos mostram que não existe uma dife-rença microbiológica muito significativa entre os colonizado-res na mucosite e peri-implantite, permitindo assim afirmar que muitos casos de peri-implantite resultam de mucosi-tes2,3,6,10,13,14,16.

Todos os estudos evidenciam a presença de placa bacte-riana como um fator de risco para o aparecimento e desen-volvimento das patologias periimplantares 1-3,5-24.

Segundo a pesquisa de Smeets et. al. (2014)1, a prevenção das patologias começam na explicação dos fatores de risco associados à placa bacteriana e na importância da respon-sabilidade do paciente como elemento ativo e soberano na manutenção da higiene oral. Assim, torna-se fundamental a existência de ensinos de remoção de placa bacteriana, rea-lizados por profissionais de saúde oral, individualizados e adaptados a cada paciente ou a cada estrutura para garan-tir índices de depósitos baixos e compatíveis com a saúde periodontal1,6,24.

Embora autores como Renverts et. al. (2009)25 defendam a relação entre a presença de patologias peri-implantares e história passada de doença periodontal, é importante garan-

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(p<0.0001 vs controlo)1

57%MAIOR REDUÇÃO NO ÍNDICE DE SANGRAMENTO

*56%, p=0.0007*56%, p=0.0007

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8%

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lingual dos dentes posteriores

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Interproximal lingual dos

dentes anterioresFace vestibular dos dentes anteriores

Face lingual dos dentes posteriores

Interproximal vestibular dos

dentes posteriores

Face vestibular dos dentes posteriores

Interproximal vestibular dos

dentes anteriores

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Redução média no índice de sangramento5

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Variação dos valores base do Índice de Placa de Turesky Modificado com parodontax®, em comparação com uma pasta dentífrica sem bicarbonato de sódio, por localização nos dentes8

Referências :1. Ghassemi A, et al. J Clin Dent 2008;19(4):120–6. 2. Thong S, et al. J Clin Dent 2011;22(5):171–8.3. Data on file, E5931015, January 2011.4. Data on file, RH01530, January 2013.5. Data on file, RH01763, October 2013.6. Data on file, January 2014.7. Data on file, RH01455, November 2012.8. Akwagyriam I, et al. Poster 174485 presented at the International Association of Dental Research, Seattle, Wash. March 2013.

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tir que nestes pacientes, além de um esquema de técnicas de higiene oral em ambulatório, existam consultas de con-trolo regulares com os profissionais de saúde oral especiali-zados para garantir um protocolo de remoção de depósitos eficaz e um diagnóstico precoce de patologias11,14, 24,26.

As consultas de controlo devem primar pela motivação constante para as técnicas de remoção de placa bacteriana e para a pesquisa de sinais e sintomas compatíveis com esta-dos patológicos.

É importante que o paciente esteja elucidado para a exis-tência e função dos meios de remoção de placa bacteriana em reabilitações fixas sobre implantes como escovilhões, escovas unitufo, fio dentário, superfloss, jacto de água, entre outros.

Muitos estudos defendem ainda a anatomia das estrutu-ras sobre implantes, quer sejam coroas unitárias, pontes ou estruturas híbridas mais longas, como um factor crucial, tan-to no aumento da retenção de placa bacteriana como na rea-lização da própria higiene oral. Gosau et. al. (2010)19 men-ciona ainda que as superfícies implantares rugosas expostas são mais propícias à adesão bacteriana20,22,24.

Na opinião de autores como Mombelli e Lang, os principais critérios de diagnóstico passam por avaliar sinais de infeção na mucosa, como alterações de cor ou volume, presença de exsudado ou hemorragia, presença de dor ou de alterações na relação tecidos-implantes. Salientam ainda a pesquisa de mobilidade ou falhas mecânicas associadas ao implante e a realização de examinação radiográfica que deve ser feita com suporte adequado, garantindo o paralelismo e conse-quentemente imagens adequadas para folow up15,16,24.

Todas estas técnicas visam a preservação da selagem bio-lógica em redor dos implantes23.

Como já foi referido, é fundamental em cada consulta instruir e motivar o doente, perceber as suas dificuldades, avaliar o padrão de higiene oral mantido (índices de depósi-tos) e instrumentos utilizados. Pacientes com dificuldades de destreza manual devem, com a ajuda do profissional, adap-tar e recriar métodos e técnicas de higiene que facilitem e permitam a remoção máxima de depósitos.

A consulta de controlo e higiene oral inclui ainda a remo-ção de depósitos duros e moles com instrumentos específi-cos (pontas e curetas em plástico, teflon ou carbono, cúpulas e pasta não abrasiva, irrigações com anti-sépticos e controlo radiográfico). É relevante garantir que o desenho e anato-mia da estrutura protética sobre o implante não potencia a empacotação alimentar e dificulta a higiene.

Nestas situações, o contorno das estruturas deve ser alterado e realizado um polimento adequado, garantindo que todos os critérios correspondentes à manutenção da saúde dos implantes são garantidos. Na abordagem proté-tica, deve ser feita ainda uma rigorosa avaliação dos con-tactos oclusais.

Aquando de manifestações de patologias peri-implanta-

res, torna-se fundamental a avaliação e realização de um plano de tratamento para evitar a progressão de doença e consequente perda precoce do implante. Neste âmbito, os estudos são unânimes em demonstrar que o tipo de aborda-gem a ter pode ser não cirúrgica ou o doente pode avançar para a fase de tratamento cirúrgico25-28.

ConclusãoCom esta revisão bibliográfica conclui-se que se torna

imprescindível informar e consciencializar o paciente porta-

dor de implantes para a necessidade de realizar uma higiene oral correta e adaptada.

A existência de níveis de higiene oral deficientes e con-sequente acumulação de placa bacteriana em torno dos implantes mostra-se como um dos principais factores no desenvolvimento de doenças peri-implantares, o que nos leva a afirmar que as consultas de controlo profissional regu-lares são fundamentais e a principal forma de prevenção e deteção precoce de doenças. n

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Referências Bibliográficas

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