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Web-Revista SOCIODIALETO www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 Volume 5 Número 13 julho 2014 Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 5, nº 13, jul. 2014 34 A IMPORTÂNCIA DAS LÍNGUAS INDÍGENAS NO BRASIL Patricia Damasceno Fernandes 1 [email protected] Natalina Sierra Assêncio Costa 2 [email protected] RESUMO: a preservação da cultura de um povo depende do mantimento de suas ideologias, tradições, costumes e principalmente sua língua materna. Na língua está presente a história de um povo, como os antepassados se comunicavam, como nomeavam os seres e as coisas a sua volta, as lendas e crenças que motivaram suas vidas, e que como forma de identidade nacional deve ser passada de geração a geração. Os índios são um dos povos que assim como nós querem a preservação de sua língua, no entanto o que acontece na atualidade é a morte das línguas indígenas e não apenas delas, mas da tradição, pois são diversas vezes pressionados a negar sua cultura para poder ter melhores oportunidades e serem mais aceitos em sociedade não índia. Por falta de terras são obrigados a irem para as cidades e lá é que pressionados acabam deixando de praticar suas tradições, pelo preconceito da própria sociedade. Ao estudar sobre algumas tribos no Brasil é observável que a língua indígena raramente é falada por indivíduos jovens, sendo a maioria dos falantes de mais idade. Por isso neste trabalho discorreremos sobre a importância das línguas indígenas em nosso país para tentar preservar o que ainda restou dessa tradição e fazer a pessoas a conhecerem e apreciá-la. PALAVRAS-CHAVE: Línguas indígenas. Importância. Preservação. RESUMEN: la preservación de la cultura de un pueblo depende de mantener sus ideologías, tradiciones, costumbres y sobre todo su lengua materna. En el idioma es presente: la historia de un pueblo, como los antepasados se comunicavan, como se nombrava los seres y las cosas que los rodeava, leyendas y creencias que motivan a sus vidas, y que como una forma de identidad nacional se debe pasar de generación en generación. Los indios son uno de los pueblos que así como nosotros quieren preservar su lengua, sin embargo lo que sucede hoy en día es la muerte de las lenguas indígenas y no sólo de ellas, pero de la tradición, porque varias veces fueran presionados a negar su cultura para teneren mejores oportunidades y seren más aceptados en la sociedad no indígena. Por falta de tierra están obligados a ir a las ciudades y por la presión absoluta terminan dejando de practicar sus tradiciones motivados por los prejuicios de la sociedad. Al estudiar acerca de algunas tribus en Brasil se observa que la lengua indígena es raramente hablada por personas jóvenes, la mayoría de los hablantes son más viejos. Así que en este artículo vamos a analiza la importancia de las lenguas indígenas en nuestro país para tratar de preservar lo que aún queda de esta tradición y hacer que la gente sepa y la aprecian. PALABRAS CLAVE: Las lenguas indígenas; Importancia; Preservación. 1 Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) 2 Professora Doutora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)

A IMPORTÂNCIA DAS LÍNGUAS INDÍGENAS NO BRASIL · O Brasil é um país de grande diversidade linguística e é tarefa da sociolinguística estudar essa diversidade, registrar línguas

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A IMPORTÂNCIA DAS LÍNGUAS INDÍGENAS NO BRASIL

Patricia Damasceno Fernandes1

[email protected]

Natalina Sierra Assêncio Costa2

[email protected]

RESUMO: a preservação da cultura de um povo depende do mantimento de suas ideologias, tradições,

costumes e principalmente sua língua materna. Na língua está presente a história de um povo, como os

antepassados se comunicavam, como nomeavam os seres e as coisas a sua volta, as lendas e crenças que

motivaram suas vidas, e que como forma de identidade nacional deve ser passada de geração a geração.

Os índios são um dos povos que assim como nós querem a preservação de sua língua, no entanto o que

acontece na atualidade é a morte das línguas indígenas e não apenas delas, mas da tradição, pois são

diversas vezes pressionados a negar sua cultura para poder ter melhores oportunidades e serem mais

aceitos em sociedade não índia. Por falta de terras são obrigados a irem para as cidades e lá é que

pressionados acabam deixando de praticar suas tradições, pelo preconceito da própria sociedade. Ao

estudar sobre algumas tribos no Brasil é observável que a língua indígena raramente é falada por

indivíduos jovens, sendo a maioria dos falantes de mais idade. Por isso neste trabalho discorreremos sobre

a importância das línguas indígenas em nosso país para tentar preservar o que ainda restou dessa tradição

e fazer a pessoas a conhecerem e apreciá-la.

PALAVRAS-CHAVE: Línguas indígenas. Importância. Preservação.

RESUMEN: la preservación de la cultura de un pueblo depende de mantener sus ideologías, tradiciones,

costumbres y sobre todo su lengua materna. En el idioma es presente: la historia de un pueblo, como los

antepasados se comunicavan, como se nombrava los seres y las cosas que los rodeava, leyendas y

creencias que motivan a sus vidas, y que como una forma de identidad nacional se debe pasar de

generación en generación. Los indios son uno de los pueblos que así como nosotros quieren preservar su

lengua, sin embargo lo que sucede hoy en día es la muerte de las lenguas indígenas y no sólo de ellas,

pero de la tradición, porque varias veces fueran presionados a negar su cultura para teneren mejores

oportunidades y seren más aceptados en la sociedad no indígena. Por falta de tierra están obligados a ir a

las ciudades y por la presión absoluta terminan dejando de practicar sus tradiciones motivados por los

prejuicios de la sociedad. Al estudiar acerca de algunas tribus en Brasil se observa que la lengua indígena

es raramente hablada por personas jóvenes, la mayoría de los hablantes son más viejos. Así que en este

artículo vamos a analiza la importancia de las lenguas indígenas en nuestro país para tratar de preservar lo

que aún queda de esta tradición y hacer que la gente sepa y la aprecian.

PALABRAS CLAVE: Las lenguas indígenas; Importancia; Preservación.

1 Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)

2 Professora Doutora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS)

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1. Introdução

Na época do descobrimento do Brasil de acordo com McCleary (2007) estima-se

que existia cerca de 1.175 línguas indígenas diferentes espalhadas por todo o país,

atualmente permanecem apenas 15% (175) deste valor que sobreviveu a exterminação

dos povos e que ainda sofre com o descaso da sociedade, gerada pela falta de

conhecimento e preconceito.

O Brasil é um país de grande diversidade linguística e é tarefa da

sociolinguística estudar essa diversidade, registrar línguas que ainda não foram

estudadas, mostrar para a sociedade o valor e importância delas e com isso minimizar o

preconceito social em relação às diferentes línguas.

Se pensarmos apenas em quantas línguas indígenas foram extintas sem antes

terem sido estudadas e registradas, talvez não conseguiremos agir a tempo de impedir a

extinção do que restou da tradição de um povo que faz parte de nossas raízes étnicas.

De acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), apenas 37,4% dos 896.917 brasileiros que se declararam como

índios falam a língua de sua etnia e somente 17,5% desconhecem o português.

O censo também mostrou que 42,3% dos índios brasileiros já não vivem em suas

reservas e que 36% se estabeleceram em cidades. Dos indígenas que não estão nas

reservas, apenas 12,7% falam sua língua.

A morte das línguas indígenas acarreta outros fatores que também trazem

impacto na tradição desse povo como a extinção de conhecimentos culturais, as

histórias e lendas de antepassados, ensinamentos a respeito de ervas medicinais, crenças

e cerimônias tradicionais.

A ideologia que é o conjunto de ideias, pensamentos, doutrinas ou de visões de

mundo de um indivíduo ou de um grupo aos poucos se perde quando a língua deixa de

estar em plena atividade.

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A Língua Portuguesa possui grande variabilidade, essa diferença entre as

realizações de falas é visível se compararmos pessoas de diferentes regiões, falantes

inseridos em diferentes situações podendo usar registros informais e formais, falantes de

gêneros, idades, escolaridade e classes diferentes possuem realizações também

diferentes. Nossas tradições variam de região para região do país.

Os índios possuem também essas características tanto na língua quanto nas

tradições. As línguas indígenas são adequadas à expressão comunicativa de acordo com

cada realidade vivenciada por seus falantes.

Para a sociolinguística não existe língua melhor ou pior, o que existe é a

diversidade linguística, pesquisar e descrever esta diversidade trás resultados mais ricos

e importantes para a sociedade, porque por meio dos estudos sociolinguísticos os

indivíduos ampliarão seus conhecimentos a respeitos de línguas e culturas diferentes,

minimizando assim as concepções sociais preconceituosas.

2. As Línguas Indígenas

Os historiadores contam que o continente americano antes da chegada dos

colonizadores tinha por volta de 10.000 milhões de índios. No Brasil os índios

brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco linguístico ao qual

pertenciam:

Tupi-guaranis (região do litoral);

Macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central);

Aruaques (Amazônia);

Caraíbas (Amazônia).

A explicação para a diversidade de línguas indígenas é a mesma das demais

línguas do mundo. O Linguística brasileiro Aryon Dall'Igna Rodrigues em seu livro

Línguas brasileiras explana que as línguas possuem tendência a uma constante

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alteração, que é balanceada pela necessidade de ajuste entre os falantes de uma mesma

comunidade para manter a comunicação explícita.

Quando uma comunidade humana de divide em duas ou mais comunidades, o

contato entre as pessoas passa a ser mais reduzido, aumentando a diferenciação

linguística e diminuindo a necessidade de ajustes entre as comunidades.

A partir do momento em que as comunidades passam a não ter contato nenhum

entre os indivíduos, se distanciando no espaço geográfico desaparece a necessidade de

ajuste comunicativo entre elas, as alterações linguísticas não são reajustadas em comum

e sim separadamente se transformando em línguas cada vez mais diferentes.

Mesmo sendo diferentes as línguas indígenas possuem a mesma capacidade das

demais seis mil línguas existentes no mundo: a capacidade de comunicar-se pela

linguagem.

Apesar das diferenças é possível encontrar semelhanças entre algumas línguas

indígenas, no entanto a semelhança vai desaparecendo ao longo dos anos, o que torna

tão complexo o estudo que busca descrever a qual língua mãe pertence as línguas

atuais.

O que motivou a morte de muitas línguas indígenas na época do descobrimento

foram as campanhas de extermínio a escravização de índios, o colonizador além de

roubar a liberdade dos nativos os impedia de falar sua língua materna e continuar

seguindo suas tradições.

Atualmente as línguas indígenas continuam morrendo, e o que motiva isso é a

desvalorização da cultura indígena, os mais jovens não aprendem com os mais idosos a

manter a língua viva. Em busca de melhores condições de vida muitos índios vão para

os grandes centros urbanos e simplesmente escondem sua origem para não serem

descriminados pela sociedade não índia.

É de grande importância a conscientização tanto da sociedade indígena quanto

não indígena a respeito da emergência de preservar a cultura de se manter as línguas

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indígenas em atividade e renovação, o ideal seria que as crianças indígenas aprendessem

na escola as duas línguas: a de sua etnia e Língua Portuguesa.

Existem tribos que mantém de maneira firme sua cultura e língua, e criam

escolas que ensinam os pequenos indígenas as duas línguas e não apenas isso, eles

continuam com as cerimônias tradicionais e explicam as novas gerações o valor de

passar isso para as gerações futuras.

Além disso, há também tribos que são extremamente fechadas e que não

dominam a Língua Portuguesa, não tendo contato nenhum com a sociedade não índia,

para preservação tanto da integridade dos membros das tribos quando a defesa das

tradições.

No entanto não é grande a quantidade de etnias que conseguem proteger e

sustentar suas tradições e isso é preocupante porque causa problemas sociais que se

refletem nos estudos linguísticos.

2.1 A classificação das línguas indígenas no Brasil

Desde o século XVI começaram as tentativas de classificar as línguas indígenas

existentes no Brasil, Renato Nicolai (1997 apud Aryon 1996) classifica as línguas

indígenas brasileiras em três grupos: Tronco Tupí, Troco Macro-Jê e Famílias

linguísticas não filiadas ao tronco tupi ou ao tronco macro-jê como podemos ver nas

tabelas abaixo:

TRONCO TUPÍ

FAMÍLIAS LÍNGUAS DIALETOS

FAMÍLIA TUPÍ-GUARANÍ

Akwáwa Parakanã

Suruí do Tocantins

Amanayé

Anambé

Apiaká

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Araweté

Asuriní do Xingu

Asurini do Tocantins

Avá-Canoeiro

Guajá

Guarani

Kaiowá

Mbyá

Nhandéva

Kaapór (Urubu-Kaapór)

Kamayurá

Kayabí

Kawahíb

Parintintin

Diahói

Juma

Karipúna

Tenharin

Uru-Eu-Wau-Wau

Kokáma Kokáma

Omágua (Kambeba)

Língua Geral Amazônica (Nheengatú). É

Amazônica para distinguir da outra Língua

Geral, a Paulista, agora já extinta; Nheengatú é

um nome um tanto artificial, que lhe deu o

Gen. Couto de Magalhães em seu livro O

selvagem, de 1876.

Tapirapé

Tenetehára Guajajara

Tembé

Wayampí (Waiãpi, Oiampi)

Xetá

Zo’é (Puturú)

FAMÍLIA ARIKÉM Karitiána

FAMÍLIA AWETÍ Awetí

FAMÍLIA JURUNA Juruna (Yuruna)

Xipaia

FAMÍLIA MAWÉ Mawé (Sateré-Mawé)

FAMÍLIA MONDÉ Aruá

Cinta-Larga

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Gavião (Ikôro)

Mondé

Suruí (Paitér)

Zoró

FAMÍLIA PUROBORÁ

Puroborá. É um povo de cuja língua há

documentos dos anos 20 (Koch-Grünberg) e

dos anos 50 (W. Hanke) e de que há ainda

alguns remanescentes dispersos de Porto Velho

até o Guaporé (RO/MT). A equipe do Setor

Lingüístico do Museu Goeldi tem feito contato

com alguns e gravado dados lingüísticos)

FAMÍLIA MUNDURUKÚ Kuruáya

Mundurukú

FAMÍLIA RAMARAMA Káro (Arara)

FAMÍLIA TUPARÍ

Ajurú (Wayoró)

Makuráp

Mekém

Sakirabiár

Tuparí

TROCO MACRO-JÊ

FAMÍLIAS LÍNGUAS DIALETOS

FAMÍLIA BORÓRO Boróro

Umutina

FAMÍLIA KRENÁK Krenák

FAMÍLIA GUATÓ Guató

FAMÍLIA JÊ

Akwén

Xakriabá

Xavánte

Xerénte

Apinayé

Kaingáng

Kaingáng do Paraná

Kaingáng Central

Kaingáng do Sudoeste

Kaingáng do Sudeste

Kayapó

Gorotíre

Kararaô

Kokraimoro

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Kubenkrankegn

Menkrangnoti

Mentuktíre (Txukahamãe)

Xikrín

Panará (Kren-akore, Kren-akarore)

Suyá Tapayúna

Timbira

Canela Apaniekra

Canela Ramkokamekra

Gavião do Pará (Parkateyé)

Gavião do Maranhão (Pukobiyé)

Krahô

Krenjê (Kren-yé)

Krikatí (Krinkati)

Xokléng (Aweikóma)

FAMÍLIA KARAJÁ

Javaé

Karajá

Xambioá

FAMÍLIA MAXAKALÍ

Maxakalí

Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe (já não falam

mais suas línguas)

FAMÍLIA OFAYÉ Ofayé (Opayé, Ofayé-Xavante)

FAMÍLIA RIKBAKTSÁ Rikibaktsá (Erikpksá)

FAMÍLIA YATÊ Yatê (Iatê, Fulniô, Carnijó)

FAMÍLIAS LINGUÍSTICAS

NÃO FILIADAS AO TRONCO TUPI OU AO TRONCO MACRO-JÊ

FAMÍLIAS LÍNGUAS DIALETOS

FAMÍLIA AIKANÁ Aikaná (Masaká, Kasupá)

FAMÍLIA ARAWÁ

Banawá-Yafi

Dení

Jarawára

Kanamantí

Kulína

Paumarí

Yamamadí

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Suruahá (Zuruahá)

FAMÍLIA ARÚAK (Arawak,

Maipure)

Apurinã (Ipurinã)

Baníwa do Içana (cf.Sasha)

Baré

Kampa (Axininka)

Mandawáka

Mehináku

Palikúr

Paresí (Arití, Haliti)

Piro Manitenéri

Maxinéri

Salumã (Enawenê-Nawê)

Tariana Yurupari-Tapúya (Iyemi)

Terena (Tereno)

Wapixana

Warekena (cf Sasha)

Waurá

Yawalapití

FAMÍLIA GUAIKURU Kadiwéu

FAMÍLIA IRANXE Iránxe (Mynky)

FAMÍLIA JABUTÍ Arikapú

Jabutí (Jeoromitxí)

FAMÍLIA KANOÊ Kanoê (Kapixaná)

FAMÍLIA KARIB

Aparaí (Apalaí)

Arara do Pará

Bakairí

Galibí do Oiapoque

Hixkaryána

Ingarikó (Kapóng)

Kalapálo

Kaxuyána

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Kuikúru

Makuxí

Matipú

Mayongong (Makiritáre, Yekuána)

Nahukwá (Nafukwá)

Taulipáng (Pemóng)

Tiriyó (Tirió, Trio)

Txikão (Ikpeng)

Waimirí (Waimirí-Atroarí)

Warikyána

Wayána

Wai-Wai

FAMÍLIA KATUKíNA

Kanamarí

Katawixí

Katukina do rio Biá (Pedá Djapá)

Txunhuã-Djapá (Tsohom-Djapá)

FAMÍLIA KOAZÁ (KWAZÁ) Koazá (Koaiá)

FAMÍLIA MÁKU Máku

FAMÍLIA MAKÚ

Bará (Makú-Bará)

Dow (Kamã)

Guariba (Wariía-tapúya)

Húpda

Nadab

Yuhúp

FAMÍLIA MURA Mura

Pirahã

FAMÍLIA NAMBIKWÁRA

Nambikwara do Norte

Tawandê

Lacondê

Latundê

Mamaindê

Negarotê

Nambikwara do Sul

Galera

Kabixí

Mundúka

Nambikwára do Campo

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Sabanê

FAMÍLIA PANO

Amawáka (estes índios vivem no Peru,

não é certeza se alguns vivem no Brasil)

Katukina do Acre (Xanenawá) (cf.Aguiar)

Kaxararí

Kaxinawá

Korúbo

Marúbo

Matís

Matsé (Mayoruna)

Nukini

Poyanáwa

Yamináwa

Yawanáwa

FAMÍLIA TRUMÁI Trumái

FAMÍLIA TIKÚNA Tikúna

FAMÍLIA TUKANO

Arapaço

Bará

Desána

Karapanã

Kubewa (Kubeo)

Makúna

Pirá-Tapuya (Waíkana)

Siriáno

Tukano

Tuyúka

Wanano

FAMÍLIA TXAPAKÚRA

Orowari

Torá

Urupá

Warí (Pakaanova)

FAMÍLIA YANOMAMI Ninam

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Sanumá

Yanomám

Yanomami

3. Extinção das Línguas Indígenas

Os inúmeros eventos organizados com a temática de levar ao conhecimento

tanto de especialistas quanto de pessoas leigas sobre a língua e cultura indígena do

Brasil é prova de que estamos correndo contra o tempo, pois as línguas indígenas estão

sendo extintas e cabe a comunidade linguísta incentivar estudos nessa área.

A Língua Portuguesa e as Línguas Indígenas por meio de estudos descritivos e

comparativos mostraram a mescla de vocábulos, palavras de origem indígena na Língua

Portuguesa e vice-versa, este fato comprova que também fazemos parte da cultura

indígena e eles na nossa e é justamente por isso que a luta por preservar as línguas

indígenas também é nossa.

A pesquisa nesta área é ação de extrema necessidade conforme nos afirma

Aryon:

Há apenas uma língua com pouco mais de 30.000 falantes, duas entre 20.000

e 30.000, outras duas entre 10.000 e 20.000, três entre 5.000 e 10.000, 16

entre 1.000 e 5.000, 19 entre 500 e 1.000, 89 de 100 a 500 e 50 com menos

de 100 falantes. A metade destas últimas, entretanto, tem menos de 20

falantes. Em resumo: das 180 línguas apenas 24, ou 13%, têm mais de 1000

falantes; 108 línguas, ou 60%, têm entre 100 e 1000 falantes; enquanto que

50 línguas, ou 27%, têm menos de 100 falantes e metade destas, ou 13%, têm

menos de 50 falantes [...]. Em qualquer parte do mundo línguas com menos

de 1000 falantes, que é a situação de 87% das línguas indígenas brasileiras,

são consideradas línguas fortemente ameaçadas de extinção e necessitadas,

portanto, de pesquisa científica urgentíssima, assim como de fortes ações

sociais de apoio a seus falantes, que como, comunidades humanas, estão

igualmente ameaçados de extinção cultural e, em não poucos casos, de

extinção física (RODRIGUES, 1999, p.14).

Aryon nos dá algumas sugestões de como preservar as línguas indígenas: por

meio de demarcações de áreas indígenas; mudanças na educação dos pequenos índios

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que devem ter na escola um ensino bilíngue: Língua Portuguesa e a língua da etnia

correspondente e por ultimo o incentivo a pesquisas cientificas com fortes ações sociais

de apoio aos falantes.

4. Considerações Finais

O legado indígena faz parte de nossa história, por mais estudos que tenham sido

feitos na área, sempre haverá descobertas a respeito da língua e cultura desse povo. Os

estudos linguísticos que pesquisam as línguas indígenas possuem grande contribuição

para a valorização da cultura brasileira e a valorização da diversidade linguística.

A influência dos índios em nossa cultura está presente na língua, costumes,

culinária etc. Estamos cercados de traços de origem indígenas no cotidiano e se

pararmos para pensar muitas pessoas nem sabem disso.

A relevância de ampliar a divulgação da tradição dos povos que são parte nossa

origem deve começar na escola regular, assim as crianças chegarão à universidade

cientes da diversidade étnica existente em nosso país e também do papel de cidadão

brasileiro que tem o dever se conhecer sobre seu próprio país.

Impedir a extinção das línguas indígenas no Brasil é valioso para manutenção e

preservação da identidade Nacional.

Referências Bibliográficas

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:

http://censo2010.ibge.gov.br/resultados Acesso em: 02 de maio de 2014.

MCCLEARY. Leland. Sociolinguística.Curso de Licenciatura em Letras Libras. UFSC.

2007, p.9

NICOLAI. Renato. Línguas indígenas brasileiras. Disponível em: <

http://www.geocities.ws/indiosbr_nicolai/outras.html>acesso em:01 de maio de 2014.

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RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas brasileiras. Para o conhecimento das línguas

indígenas. São Paulo: Edições Loyola, 2002.

_______. A originalidade das línguas indígenas brasileiras. Conferência feita na

inauguração do Laboratório de Línguas Indígenas do Instituto de Letras da

Universidade de Brasília, em 8 de julho de 1999.

Recebido Para Publicação em 14 de junho de 2014.

Aprovado Para Publicação em 20 de julho de 2014.