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UNIVERSIDADE PAULISTA CLAUDINEIS TELLES DOS REIS A IMPORTÂNCIA DO ASSISTENTE SOCIAL NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE SAÚDE MENTAL

A importância do Assistente Social na Equipe Multiprofissional de Saúde Mental

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Trabalho de Conclusão de Curso da Aluna Claudineis Telles dos Reis.Pós-Graduação em Saúde Mental para Equipes Multiprofissionais.

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INTRODUO

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UNIVERSIDADE PAULISTA

CLAUDINEIS TELLES DOS REIS

A IMPORTNCIA DO ASSISTENTE SOCIAL NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE SADE MENTALSO PAULO

2013CLAUDINEIS TELLES DOS REIS

A IMPORTNCIA DO ASSISTENTE SOCIAL NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE SADE MENTAL

Trabalho de concluso de curso para obteno do ttulo de Ps-Graduao em Sade Mental para Equipe Multiprofissional apresentado Universidade Paulista UNIP.Orientadores: Dr. Hewdy Lobo Ribeiro e Prof Dra. Ana Carolina Schmidt.SO PAULO2013Quero dedicar este momento a minha me Maria Inez por ter sido sempre um referencial de vida para mim.Aos meus irmos que muito mais do que os laos sanguneos a amizade e o companheirismo que nos une.

Aos meus filhos Thiago e Thais por serem o motivo de todas as minhas melhores alegrias.

A minha tia Nilda por ser essa companheira sem igual.

A finalmente a esse pequeno ser que ainda nem sei o sexo, porm, tenho certeza que independente de netinho ou netinha ser simplesmente a razo de tudo na minha vida.

Agradeo primeiramente a Deus por ter me permitido chegar at aqui.A todos os Professores do Curso pelos valores ministrados; em especial ao Coordenador Prof. Dr. Hewdy Lobo Ribeiro e a minha Orientadora Prof Dra. Ana Carolina Schmidt.

No a conscincia do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrrio, o seu ser social que lhe determina a conscincia.

Karl MarxRESUMO

A atuao da equipe multiprofissional no atendimento a sade mental deve abarcar a interao de muitos fatores, onde cada profissional deve exercer seu trabalho com competncia e qualidade, contribuindo para sanar, ou pelo menos, minimizar o problema. Nesse sentido, surge o seguinte questionamento: como o assistente social pode contribuir de maneira satisfatria nesse processo? Este estudo tem como principal objetivo abordar a importncia da equipe multiprofissional no atendimento a sade mental, com destaque ao trabalho do Assistente Social. A metodologia adotada se deu atravs de reviso bibliogrficos e peridicos que abordam o tema, sendo ele, de carter descritivo. Concluiu-se que a posio dos Assistentes Sociais nas equipes de sade mental vem mudando a cada momento histrico, sendo o atual momento de implementao da reforma psiquitrica uma oportunidade de ampliao das possibilidades para o trabalho do assistente social. Porm, todas as questes que envolvem o portador de transtorno mental no se encontram apenas a figura do Assistente Social, desta forma, a atuao da equipe multiprofissional no atendimento a sade mental deve abarcar a interao de muitos fatores, onde cada profissional deve exercer seu trabalho com competncia e qualidade, contribuindo para sanar, ou pelo menos, minimizar o problema.Palavras-chave: Portador de Deficincia Mental; Equipe Multiprofissional; Assistente Social.

ABSTRACT

The role of the multidisciplinary team in mental health care must involve the interaction of many factors, where each professional must perform their work with competence and quality, contributing to remedy, or at least minimize the problem. Accordingly, the following question arises: how social workers can contribute satisfactorily in this process? This study's main objective is to address the importance of the multidisciplinary team in mental health care, especially to the work of the social worker. The methodology adopted was through literature review and periodicals that address, he being descriptive in character. It was concluded that the position of Social Workers in mental health teams is changing every moment in history, and the current state of implementation of psychiatric reform an opportunity to expand the possibilities for the work of social workers. However, all matters involving the mentally ill are not only the figure of the social worker in this way, the role of the multidisciplinary team in mental health care must involve the interaction of many factors, where each professional must perform their work with competence and quality, contributing to remedy, or at least minimize the problem.

Keywords: Bearer of Mental Retardation, Multidisciplinary Team, Social Worker.

SUMRIO

1. INTRODUO082. METODOLOGIA203. RESULTADOS21

4. DISCUSSO28CONCLUSO31REFERNCIAS321. INTRODUOInicialmente, cabe destacar o que seja sade mental. De acordo com a Organizao Mundial de Sade (OMS) no existe definio oficial de sade mental. Isso depende das diferenas culturais e teorias que definem o que seja sade mental. De uma maneira mais simples, pode-se dizer que a sade mental est ligada qualidade de vida cognitiva ou emocional do indivduo (OMS, 2012).Antigamente, as pessoas com transtornos mentais, eram consideradas loucas. De acordo com Oliveira et al (2012) nenhuma outra categoria humana sofreu ao longo de toda a Histria, tantos preconceitos e tantos estigmas como as pessoas com algum tipo de transtorno mental. Acrescentam ainda que foram-lhe atribudas vrias caracterizaes: como dos deuses, como experincia trgica de vida, como possesso de demnios, como poderes sobrenaturais.Ainda levando-se em considerao o contexto histrico de loucura, de acordo com Fernandes e Moura (2009), data de antes do sculo XIX e no havia o conceito dedoena mentalnem uma diviso entre razo e loucura, a partir do Renascimento at a atualidade tem o sentido da progressiva separao e excluso da loucura do seio das experincias sociais.

At a Reforma Psiquitrica no Brasil, as pessoas com transtornos mentais, eram tratadas em hospcios e manicmios, ficavam isoladas da famlia e da comunidade. Ainda de acordo com Fernandes e Moura (2009) at hoje a segregao no apenas fisicamente, permeia o corpo social numa espcie de barreira invisvel que impede a quebra de velhos paradigmas. Porm, a partir da Reforma Psiquitrica houve um certo avano nesse sentido.

Esta teve incio na dcada de 1970, em favor da mudana dos modelos de ateno e gesto nas prticas de sade at ento adotadas, na defesa da sade coletiva, eqidade na oferta dos servios, e protagonismo dos trabalhadores e usurios dos servios de sade nos processos de gesto e produo do cuidado (MINISTRIO DA SADE, 2005).

A Reforma Psiquitrica brasileira iniciou um processo de mudanas, pois o modelo de assistncia at ento adotado dizia respeito ao hospital psiquitrico. Passaram a surgir ento, esforos dos movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquitricos, onde resultou que o processo da Reforma Psiquitrica brasileira era maior do que a sano de novas leis e normas e maior do que o conjunto de mudanas nas polticas governamentais e nos servios de sade (MINISTRIO DA SADE, 2005).

Porm, a Reforma Psiquitrica no Brasil no se deu de forma tranqila, foi marcada por impasses, tenses, conflitos e desafios que envolveram, segundo o Ministrio da Sade (2005):Foi um processo poltico e social complexo, composto de atores, instituies e foras de diferentes origens, e que incidiu em territrios diversos, nos governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no mercado dos servios de sade, nos conselhos profissionais, nas associaes de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, e nos territrios do imaginrio social e da opinio pblica.

O incio efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquitricos no Brasil se deu no ano de 1978. O Movimento dos Trabalhadores em Sade Mental (MTSM), foi composto por trabalhadores integrantes do movimento sanitrio, associaes de familiares, sindicalistas, membros de associaes de profissionais e pessoas com longo histrico de internaes psiquitricas. Este Movimento passou a protagonizar e a construir a partir deste perodo a denncia da violncia dos manicmios, da mercantilizao da loucura, da hegemonia de uma rede privada de assistncia e a construir coletivamente uma crtica ao chamado saber psiquitrico e ao modelo at ento adotado na assistncia s pessoas com transtornos mentais (BRASIL, 2005).

Em maro de 1986 foi inaugurado o primeiroCentro de Ateno Psicossocial (CAPS)do Brasil, na cidade de So Paulo (BRASIL, 2005). Em 1987 aconteceu em Bauru, SP o II Congresso Nacional do MTSM que adotou o lema Por uma Sociedade sem Manicmios. Neste mesmo ano, foi realizada a I Conferncia Nacional de Sade Mental no Rio de Janeiro (BRASIL, 2005).

Em 1989 a Secretaria Municipal de Sade de Santos (SP) deu incio h um processo de interveno em um hospital psiquitrico, a Casa de Sade Anchieta, local de maus-tratos e mortes de pacientes. esta interveno, com repercusso nacional, que demonstrou a possibilidade de construo de uma rede de cuidados efetivamente substitutiva ao hospital psiquitrico. Neste perodo, no municpio de Santos, foram implantados Ncleos de Ateno Psicossocial (NAPS) que funcionavam 24 horas; foram criadas cooperativas; residncias para os egressos do hospital e associaes (BRASIL, 2005).A partir do ano de 1992, os movimentos sociais, inspirados pelo Projeto de Lei Paulo Delgado, conseguiram aprovar em vrios estados brasileiros as primeiras leis que determinam a substituio progressiva dos leitos psiquitricos por uma rede integrada de ateno sade mental. A dcada de 1990 foi marcada pelo compromisso firmado pelo Brasil na assinatura da Declarao de Caracas e pela realizao da II Conferncia Nacional de Sade Mental, que passam a entrar em vigor no pas as primeiras normas federais regulamentando a implantao de servios de ateno diria, fundadas nas experincias dos primeiros CAPS, NAPS e Hospitais-dia, e as primeiras normas para fiscalizao e classificao dos hospitais psiquitricos (MINISTRIO DA SADE, 2005).A Reforma Psiquitrica incentivou medidas protetivas atravs de leis que amparam os portadores de transtornos mentais, dentre elas pode-se citar a Lei 10.216, de 6 de abril de 2001 (Lei Paulo Delgado) que possibilitou aos portadores de transtornos mentais no pas, o reconhecimento dos mesmos como portadores de direitos no que se refere desistitucionalizao e define que estes devem ser tratados em ambientes teraputicos visando reinsero social atravs do convvio com a famlia, trabalho e comunidade. Em face da caracterizao do novo modelo de assistncia em sade mental que se contrape aos manicmios, o assistente social tem garantido seu espao uma vez que esse profissional capacitado para intervir a favor da garantia dos direitos sociais e promoo da cidadania (SILVA; SILVA, 2007).

Alm da Lei que d amparo aos portadores de transtornos mentais pode ser citada a Lei n 10.708, de 31 de julho de 2003, conhecida como Programa de Volta para Casa. Este Programa tem por objetivo a insero social de pessoas acometidas de transtornos mentais, incentivando a organizao de uma rede ampla e diversificada de recursos assistenciais e de cuidados. Regulamenta o auxlio-reabilitao psicossocial para assistncia, acompanhamento e integrao social, fora da unidade hospitalar, de pessoas portadoras de transtorno mentais com histria de longa internao psiquitrica, ou seja, de dois anos ou mais (VITAL, 2007).

O usurio de Sade Mental alm de utilizar o auxlio-reabilitao psicossocial, presente na legislao psiquitrica, no programa De volta para Casa, tambm utiliza o Benefcio de Prestao Continuada da Lei Orgnica da Assistncia Social (LOAS), Lei Federal n. 8.742 de 1993. Esta lei indicou uma direo para a assistncia psiquitrica e estabeleceu uma gama de direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais; regulamentando as internaes involuntrias, colocando-as sob a superviso do Ministrio Pblico (VITAL, 2007).Conforme se observa, a Reforma Psiquitrica trouxe grandes avanos, apesar de ainda nos dias de hoje, sofrer certa fragilidade em virtude da sociedade que est longe do consenso sobre essas prticas e valores, ou seja, apesar de pessoas no estarem mais trancadas em manicmios, ainda hoje muitos so excludos da comunidade em que vivem ou representam um fardo para seus familiares.Quanto questo da quantidade de pessoas que se encontram em leitos psiquitricos, em estudo realizado por Alves (2012), demonstrou que no perodo de 2002 a 2012 houve uma queda no quantitativo de leitos psiquitricos de 51.393 para 29.958 e uma reduo do percentual de gastos com a rede hospitalar de 75,24% para 28,91%. Por outro lado, a quantidade de Centros de Ateno Psicossocial (CAPS) subiu de 424 para 1.981 e o percentual de gastos extra-hospitalares aumentou de 24,76% para 71,09%. Em 2012 houve ainda um importante investimento financeiro nos CAPS, que passou de 460 milhes no ano anterior, para 776 milhes, representando um aumento de 68%.A Reforma da Assistncia Psiquitrica defende, uma nova forma de pensar o processo sade/doena mental/cuidado. Fortalece a substituio da concepo de doena pela de existncia-sofrimento, na valorizao do cuidar e na adoo do territrio como espao social de busca constante do pleno exerccio de cidadania (BRDA el al, 2005).Porm, alguns desafios ainda tm se apresentado como cruciais para a Reforma, onde de acordo com o Ministrio da Sade (2005) so:

Estima-se que 3% da populao necessitam cuidados contnuos em sade mental, em funo de transtornos severos e persistentes (psicoses, neuroses graves, transtornos de humor graves, deficincia mental com grave dificuldade de adaptao). A magnitude do problema exige uma rede de cuidados densa, diversificada e efetiva. Uma parte da populao no sofrem transtornos severos, mas precisam de cuidados em sade mental, na forma de consulta mdico-psicolgica, aconselhamento, grupos de orientao e outras formas de abordagem.

O modelo hospitalocntrico e tambm o dos ambulatrios de especialidades, por ser concentrador de recursos e de baixa cobertura, incompatvel com a garantia da acessibilidade.

Sem a potencializao da rede bsica ou ateno primria de sade, para a abordagem das situaes de sade mental, no possvel desenhar respostas efetivas para o desafio da acessibilidade. Transtornos graves associados ao consumo de lcool e outras drogas atingem um grande nmero da populao, sendo o impacto do lcool dez vezes maior que o do conjunto das drogas ilcitas. A criminalizao do consumo agrava a vulnerabilidade dos usurios de drogas, exigindo uma articulao efetiva e inventiva entre a rede de cuidados e outras polticas setoriais, como justia, segurana pblica, trabalho, educao e ao social. Sem esta articulao e cooperao intersetorial, um acesso efetivo preveno e ao tratamento no est assegurado. A qualidade do atendimento deve ser garantida em todas as regies do pas, mesmo as mais carentes e distantes dos centros universitrios, e pode ser assegurada atravs de um forte programa de capacitao, superviso e formao de multiplicadores. O distanciamento entre as instituies de formao e pesquisa e a sade pblica, no Brasil, agrava as carncias de formao e qualificao de profissionais.

Brda et al (2005) acrescenta outros desafios a serem superados quanto reabilitao psicossocial:

sua operacionalizao tem revelado a relao conflituosa entre o discurso e a prtica cotidiana;

a verticalizao e normatividade do programa reforam o carter prescritivo e autoritrio, tpico dos tradicionais programas desenvolvidos pelo Ministrio da Sade, dificultando a adequao da assistncia s realidades locais e ao controle social;

o despreparo dos profissionais para lidar com contedos ligados emoo e s necessidades subjetivas no cotidiano da assistncia tem se tornado cada vez mais evidente;

o despreparo da famlia e do entorno social em lidar com a pessoa que necessita de ajuda;

a medicalizao dos sintomas percebida, muitas vezes, como uma indisponibilidade aos problemas psquicos; e

a ausncia ou ineficincia dos servios de referncia.

Dentro do contexto da Reforma, nota-se dentre outras coisas, a importncia do acompanhamento e do apoio das famlias dos pacientes no tratamento, no processo de desospitalizao e na reinsero desses indivduos na sociedade. Mas, para que essa participao tenha resultado positivo, necessrio o preparo e a orientao da famlia. A insero dos familiares e dos pacientes no acompanhamento do cuidado, faz com que os pacientes tenham sua autoestima elevada, melhorando consideravelmente sua contribuio no processo de reabilitao. Acrescenta-se ainda que, esta dinmica transmite mais segurana e responsabilidade famlia e/ou paciente, pois no os julga como pessoas submissas, material inerte que nada tem a oferecer. Ao contrrio, o profissional numa atitude de respeito busca a participao destes durante o processo de assistncia, e, ao mesmo tempo, procura ajud-lo a ter a compreenso real dos motivos que desencadearam o episdio de desequilbrio e as formas ao seu alcance para minimizar ou evitar outros. necessria a preocupao com sua famlia, e aproximao desta, verificando o que a doena e a desospitalizao do seu familiar est significando (MACEDO; ANDRADE; SILVA, 2009).No momento em que se coloca a ateno psiquitrica em estreita vinculao com a ateno bsica, preciso considerar e refletir sobre as estratgias de sade adotadas pela equipe multiprofissional (BRDA et al, 2005).

Em se tratando de equipe multiprofissional de ateno bsica a sade, pode-se citar os seguintes profissionais que fazem parte da equipe: mdicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, agentes comunitrios de sade, equipe de sade bucal, fisioterapeuta, psiclogo, servio social, nutricionista, terapeuta ocupacional e farmcia (CASTRO; ARAUJO; PARENTE, 2012).

Brda et al (2005) assinalam importncia das intervenes inovadoras, tanto no campo da Sade da Famlia como no da Sade Mental, destacando:1. fortalecer o processo de mudana do modelo mdico-privatista para a construo de um novo modelo;2. ampliar a participao e controle social;3. resgatar a relao dos profissionais de sade e usurios do SUS;4. oportunizar a diminuio do abuso de alta tecnologia na ateno em sade;

5. fortalecer a importncia da escuta, do vnculo e do acolhimento. Sem deixar de frisar que tem oportunizado ao profissional de enfermagem a possibilidade de revitalizao do seu papel de cuidador, com independncia profissional.Observa-se se tratar de um grande desafio onde o viver social e emocional integrado deve-se constituir na meta do cuidado sade e da convivncia e funcionamento entre os diferentes servios de sade (BRDA el al, 2005).Rosa e Melo (2009) fazem referencias h vrios elementos que assumem papel de destaque na estratgia da interveno em sade mental. Estes elementos podem ser divididos em variveis fortes e variveis sombra. As variveis fortes so delimitadas pelo diagnstico; idade; agudeza ou cronicidade do quadro e histria da enfermidade. As variveis denominadas como sombra referem-se a uma gama de fatores que se relacionam com os recursos individuais da pessoa com transtorno mental, ou seja, o nvel de capacidade intelectual e o grau de informao da pessoa com transtorno mental, seu status social, sua condio de solido ou no e o sexo. Entre os recursos do contexto, so destacados o nvel de comprometimento relacional dos familiares; nvel de solidariedade ou hostilidade da rede de parentesco ou de vizinhana; o status social do grupo familiar e nvel de integrao ou desintegrao social do meio em que vive. Desta forma, a pessoa com transtorno mental restituda em sua integralidade e o foco da ateno dos profissionais de sade mental se amplia para alm dos sintomas e dos medicamentos, para as dimenses sociais da vida. Assim, os determinantes sociais do processo sade-doena ganham nfase e o social passa a ser uma dimenso que ganha evidncia na interveno de todos os profissionais de sade mental.

Desse modo, atravs da interveno do CAPS possvel propiciar laos sociais e melhorar a qualidade de vida da pessoa com transtorno mental. O cuidado oferecido vai alm do diagnstico dos sintomas, abarcando o lazer, as relaes sociais, as condies de moradia, as atividades da vida diria, a esfera da gerao de renda/trabalho, dentre outras (ROSA; MELO, 2009).O novo Modelo de Assistncia em Sade Mental prope um desafio atual do Assistente Social, o manuseio de novas tcnicas e a adoo de novas perspectivas tericas e ticas. Esses servios necessitam da participao do Servio Social em proporo maior do que na internao. O Movimento de Reforma Psiquitrica trouxe uma abertura muito grande para a atuao do Servio Social em sade mental devido formao social e poltica dos assistentes sociais (BSSULA; OLIVEIRA, 2012).

Nos dias atuais, os assistentes sociais atuam junto aos portadores de transtornos mentais de forma participativa, num processo educativo atravs do esclarecimento e orientaes visando otimizar a ressocializao social desses indivduos. O assistente social precisa ser capacitado para orientar indivduos e grupos de diferentes seguimentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos, como preconiza a Lei de Regulamentao da Profisso (SILVA; SILVA, 2007).

Nesse sentido, em pesquisa realizada por Oliveira et al (2012) visou prtica do Servio Social no CAPS da cidade de Cajazeiras. O local conta com uma equipe multiprofissional composta por trs psiclogos, um assistente social, um psiquiatra, uma terapeuta ocupacional, um arteso, duas enfermeiras, trs tcnicos em enfermagem, quatro monitores, duas recepcionistas, uma cozinheira, um vigia, um motorista e um agente administrativo. A proposta da instituio acolher o usurio com transtornos mentais, e estimular sua integrao social e familiar, apoi-los em suas iniciativas de busca de autonomia, oferecer-lhes atendimento mdico e psicolgico, constituindo-se como instrumento estratgico de Reforma Psiquiatra. Quanto aos usurios inseridos na instituio so cerca de 200, que so divididos em: Intensivo (que freqentam todos os dias, semi-intensivo de 2 a 3 vezes por semana) e os no intensivos (que freqentam apenas no dia da consulta). Foram entrevistados apenas os usurios intensivos. Em um universo de 40 usurios intensivos foram entrevistados 10 como amostra, sendo 50% do sexo masculino e 50% do sexo feminino. O CAPS atende homens e mulheres sem que se criem especificidade para a anlise, sendo assim, caracteriza-se em um estabelecimento misto. Oliveira et al (2012) concluram com seu estudo que o CAPS configura-se como um novo modelo de atendimento populao de sua rea de abrangncia, realizando acompanhamento clnico e a reinsero social dos usurios pelo acesso ao trabalho, lazer exerccio dos direitos civis e fortalecimento dos laos familiares e comunitrios.Pode-se observar ento, a importncia da equipe multiprofissional atuando com um objetivo em comum no que se refere s questes relacionadas aos transtornos mentais, porm, importante destacar o trabalho do assistente social no sentido da compreenso e fortalecimento das relaes sociais e vnculos familiares do portador de transtornos mentais, algo que vai alm do processo de sade-doena, sendo uma das principais metas dos CAPS (BSSULA; OLIVEIRA, 2012).A realidade vivenciada pelo usurio dos servios de ateno em sade mental exige uma interveno profissional crtica e competente, que s poder se concretizar atravs de uma anlise crtica da realidade e comprometida com a democracia e a cidadania contempladas pelo projeto tico poltico. Como o profissional do Servio Social trabalha com as mazelas da questo social, preciso compreender que o trabalho do Assistente Social no campo da sade mental abrange a compreenso das questes sociais imbricadas no processo de sade/doena e de sua configurao nas relaes, familiares, culturais e econmicas dos sujeitos envolvidos, objetivando sua incluso social, atravs da ateno integral dispensada a eles (SILVA; SILVA, 2007).Os processos atuais de trabalho junto a esse pblico so requeridos exigindo novas tcnicas e tecnologias, alm de novas formas de trabalho em sade e, particularmente em sade mental, destacando a importncia do trabalho, no que tange a equipe multiprofissional e interdisciplinar, no territrio de vida da pessoa enferma, atuao em rede scio-assistencial, intersetorial, calcada no controle social, na promoo da cidadania e da autonomia possvel de usurios e familiares (ROSA; MELO, 2009).

O Servio Social faz-se parte essencial neste processo, utilizando mecanismos que possam garantir a socializao da informao aos usurios. Em estudos realizados por Bredow e Dravanz (2010) onde o objetivo principal consistia em identificar como a informao acerca do processo de sofrimento psquico, seu tratamento e suas interlocues sociais, culturais, econmicas e polticas podem atuar como estratgia efetiva de autonomia e exerccio de cidadania na promoo de sade e na construo de uma rede resolutiva de cuidados em sade e sade mental. Os autores concluram que a participao nos espaos somente se concretiza havendo algum grau de informao acerca deste. Assim, atravs da disponibilizao de informao sobre os servios, direitos e demais processos. A compreenso sobre o funcionamento possibilita ainda a desconstruo do atendimento atrelado figura do mdico. Com a identificao destes dados, o servio social no CAPS busca a superao destes desafios para a efetivao da rede e melhora na qualidade dos servios oferecidos, trabalhando em conjunto com as UBSs, partindo da lgica da criao de meios de acesso informao, visando desta forma ao tratamento do usurio dentro da sua comunidade, conhecendo a realidade e as redes que podem ser acessadas em cada comunidade. Ainda sobre o papel do assistente social neste processo de socializao da informao como mecanismo de prtica profissional. Quanto ao assistente social, este deve conhecer a realidade do seu campo de atuao, compreendendo o contexto no qual est inserido, e com isso superar a execuo de medidas paliativas, destinadas a auxiliar tanto o paciente, quanto famlia (BREDOW; DRAVANZ, 2010).

No que se refere famlia, esta representa fator determinante na ateno ao portador de transtornos mentais. Para isso, necessrio compreend-la a partir da totalidade, sendo assim, ressaltando suas potencialidades, mas tambm as fragilidades, essas ltimas, no raramente, acabam por se sobressarem quando a famlia encontra-se desamparada material e/ou emocionalmente, refletindo intensamente em suas relaes (BUSSULA; OLIVEIRA, 2012).O acompanhamento e o apoio s famlias dos pacientes no tratamento, no processo de desospitalizao e na reinsero da comunidade so de suma importncia, mas, para que essa participao tenha resultado positivo, necessrio o preparo e a orientao da famlia. Portanto, torna-se fundamental o trabalho da equipe multiprofissional no acompanhamento do cuidado, pois, faz com que os clientes tenham sua autoestima elevada, melhorando consideravelmente sua contribuio no processo de reabilitao. Acrescenta-se ainda que, esta dinmica transmite mais segurana e responsabilidade famlia e/ou paciente, pois no os julga como pessoas submissas, material inerte que nada tem a oferecer. Ao contrrio, o profissional numa atitude de respeito busca a participao do cliente durante o processo de assistncia, e, ao mesmo tempo, procura ajud-lo a ter a compreenso real dos motivos que desencadearam o episdio de desequilbrio e as formas ao seu alcance para minimizar ou evitar outros. Dessa forma, a famlia e o paciente encontraro solues para os seus problemas, descobrindo novas formas para a reinsero social do indivduo portador de transtorno mental, sem o comprometimento do seu estado mental e do relacionamento familiar. (MACEDO; ANDRADE; SILVA, 2009).Na sade mental, vem sendo dirigido aos assistentes sociais, o trabalho com famlias. Embora esse tipo de trabalho no seja atribuio exclusiva do Servio Social pode-se dizer que entre as categorias profissionais tpicas da equipe de sade mental, esta profisso quem tem o maior conhecimento e trato nessa rea. O Servio Social se encontra ainda apto a realizar o trabalho junto comunidade em que o portador de transtornos mentais est inserido, uma vez que este tem acmulo terico operativo para realizar o mapeamento e a articulao com as tradies culturais locais, lideranas comunitrias, equipamentos comunitrios, relaes de vizinhana, intervenes no imaginrio social sobre a loucura, entre outros (ROBAINA, 2010).Assim, pode-se dizer que a Reforma Psiquitrica tem como foco demonstrar que possvel que as pessoas portadoras de transtornos mentais possam assumir diversos papis na sociedade, pois a doena no resulta apenas de uma contradio entre homem e meio natural, mas tambm entre indivduo e sociedade, ou seja, o peso de assumir unicamente o papel de doente mental em uma sociedade estigmatizante, assim ele deve ser reconhecido acima de tudo como individuo, sendo respeitadas as suas diferenas. Assim, em termos prticos, os assistentes sociais precisam dar apoio ao movimento de Reforma Psiquitrica e as suas propostas de polticas sociais.A atuao da equipe multiprofissional no atendimento a sade mental deve abarcar a interao de muitos fatores, onde cada profissional deve exercer seu trabalho com competncia e qualidade, contribuindo para sanar, ou pelo menos, minimizar o problema. Nesse sentido, surge o seguinte questionamento: como o assistente social pode contribuir de maneira satisfatria nesse processo.Justifica-se a escolha desse tema por acreditar que seja de suma importncia que os profissionais que atuam com esse pblico os vejam com uma concepo humanstica, procurando estabelecer mecanismos de interao que permitam observar as verdadeiras necessidades de cada um. Dessa forma, os profissionais que compem a equipe multidisciplinar devem assumir uma posio de igualdade, respeito e confiana em relao ao paciente.

Desta forma, este estudo tem como principal objetivo abordar a importncia da equipe multiprofissional no atendimento a sade mental, com destaque ao trabalho do Assistente Social.

2. METODOLOGIAA metodologia adotada para este estudo se deu atravs de reviso bibliogrfica e peridicos que abordam o tema, sendo ele, de carter descritivo.Em seu contexto geral, foram encontradas 220 artigos nos sites pesquisados (Scielo, Google Acadmico e Lilacs), porm, foram selecionados 13 (treze) referncias bibliogrficas referentes produo cientfica de atendimento a sade mental, envolvendo trabalhos cientficos, realizados por assistentes sociais, enfermeiros e psiquiatras, concludos no perodo de 2005 a 2012 e publicados em banco de dados da Scielo Brasil, Google Acadmico e Lilacs.O critrio de incluso adotado usou como palavras-chave: portador de deficincia mental, equipe multiprofissional e assistente social.Os indicadores para realizar a anlise dos dados, selecionados com base no estudo de GAMBOA; ANGELO (1998) foram: pesquisa e pesquisador.Pesquisa no que se refere pesquisa, foram identificadas como variveis: a produo anual, o tipo de publicao (artigo cientfico, dissertao de mestrado ou tese de doutorado) e o tipo de pesquisa (ex: exploratria e descritiva, dialtica experimental e estudo de caso).Pesquisador referente a este indicador, as variveis selecionadas foram: rea de atuao profissional (docncia, assistencial e docncia/assistencial,), nvel acadmico (assistente social entre outros, mestre ou doutor), procedncia e nmero de autores da produo cientfica (nico, dois ou mais).3. RESULTADOSForam selecionados 13 (treze) referncias bibliogrficas referentes produo cientfica de atendimento a sade mental, envolvendo trabalhos cientficos, realizados por assistentes sociais, enfermeiros e psiquiatras, concludos no perodo de 2005 a 2012 e publicados em banco de dados da Scielo Brasil, Google Acadmico e Lilacs.O critrio de incluso adotado usou como palavras-chave: portador de deficincia mental, equipe multiprofissional e assistente social.Tabela 1 Distribuio dos artigos pesquisados

AutoresAnoTtuloMetodologiaResultadosConcluso

BRDA, Mrcia Zeviani et al.2005Duas estratgias e desafios comuns: a reabilitao psicossocial e a sade da famlia.Reviso bibliogrficaO processo de cura substitudo pelos de inveno da sade e de reproduo social dos sujeitos, contribuindo para a desconstruo do conjunto de aparatos construdo em torno do objeto doena.Para a efetivao do novo paradigma de sade, torna-se imprescindvel que a Reabilitao Psicossocial e a Sade da Famlia, envolvam servios

de sade, trabalhadores da sade, usurios, familiares, instituies e populao civil

SILVA, Danielle Marinho Barros da; SILVA, Amanda Alves da.2007A reforma psiquitrica e o trabalho do assistente social.Reviso bibliogrficaA atuao profissional do assistente social ainda se insere nas prticas hospitalocntricas, mas j se consolida nas experincias das novas formas de ateno em sade mental, especialmente nos centros de ateno psicossocial (CAPS), muitas vezes at coordenando o servio (como constatamos na pesquisa realizada).A posio dos assistentes sociais nas equipes de sade mental vem mudando a cada momento histrico, sendo o atual momento de implementao da reforma psiquitrica uma oportunidade de ampliao das possibilidades para o trabalho do assistente social, ainda que esteja muito presente a atuao rotineira e subordinada figura do mdico.

VITAL, Natlia Silva.2007Atuao do servio social na rea de sade mental frente ao neoliberalismo.Reviso bibliogrficaMudanas tm ocorrido que nos permite a esperana e a expectativa de que novos modelos assistenciais serviro para multiplicar uma nova filosofia assistencial privilegiando o cidado e a pessoa portadora de transtornos mentais.O Movimento de Reforma Psiquitrica representa um grande avano nas prticas em Sade Mental, contratando novos assistentes sociais e ressaltando a necessidade de se estabelecer uma cidadania efetiva para os usurios da rede de Sade Mental.

MACEDO, Fabiana Marques da Silva; ANDRADE, Marilda; SILVA, Jorge Luiz Lima da.2009A reforma psiquitrica e implicaes para a famlia: o papel do enfermeiro no programa sade da famlia.Reviso bibliogrficaA estratgia sade da famlia, por sua vez, um importante articulador da rede de sade mental para superar o modelo

tradicional, centrando o cuidado na famlia e no somente no indivduo, trabalhando com questes relacionadas com vigilncia em sade e atividades que atuem nos determinantes sociais do adoecimento.A ajuda da famlia na assistncia do indivduo com doena mental fundamental, mas para que essa ajuda seja efetiva necessrio que a famlia seja orientada e estimulada, principalmente pelos profissionais de sade e, nesse caso, imprescindvel destacar que cabe Enfermagem uma parte dessa responsabilidade, sempre buscando desenvolver um trabalho multiprofissional.

OLIVEIRA, Jullymara Las Rolim et al.2009CAPS e servio social: um novo paradigma no campo da sade mental.Reviso bibliogrficaRefletir, conhecer e estudar o Centro de Ateno Psicossocial uma alternativa em busca de perscrutar essa problemtica e compreend-la de forma pragmtica, no no sentido objetivo, mas sim eficiente, tendo em vista que o CAPS uma instituio destinada acolher o usurio com transtornos mentaisO CAPS trabalha em uma perspectiva de desenvolvimento de autonomia e cidadania dos usurios sendo assim CAPS e Servio Social configuram-se

como um novo paradigma no campo da sa.de mental.

ROSA, Lucia Cristina dos Santos; MELO, Tnia Maria Ferreira Silva.2009Inseres do assistente social em sade mental: em foco o trabalho com as famlias.Reviso bibliogrficaO movimento da reforma psiquitrica possibilitou mltiplas inseres dos assistentes sociais em sade mental, ainda pouco explorada na literatura da categoria.Os assistentes sociais tem que investir mais na sistematizao de suas experincias em sade mental e, sobretudo com o grupo familiar, aprofundando os

diferentes ngulos implicados na matria.

FERNANDES, Flora; MOURA, Joviane A.2009Institucionalizao da Loucura: enquadramento nosolgico e polticas pblicas no contexto da sade mental(parte II)Reviso bibliogrficaObservando o percurso da doena mental verifica-se que antes do sculo XIX no havia o conceito de doena mental nem uma diviso entre razo e loucura.

O portador de transtorno mental apresenta formas anti-convencionais de fazer-estar no mundo, sendo parte de uma minoria. A declarao universal dos direitos humanos prev a ampla e irrestrita aplicao de seus princpios, entretanto, existe ainda a necessidade da implantao de leis que assegurem direitos universais dessas pessoas.

BREDOW, Suleima Gomes; DRAVANZ, Glria Maria.2010Atuao do Servio Social na Sade Mental: entre os desafios e perspectivas para efetivao de uma poltica intersetorial, integral e resolutiva.Reviso bibliogrficaTrata-se de uma breve reflexo a cerca de conceitos bsicos para a discusso do processo de intersetorialidade e integralidade do atendimento na sade mental.

Embora haja o entendimento de que a ao profissional do assistente social na sade mental, como em qualquer campo, no se concretiza somente em uma ao, mas sim em inmeras, expressas no complexo quadro em que se mostra o cotidiano profissional, todas estas devem ser permeadas pela busca da integralidade do atendimento, do desenvolvimento da autonomia dos usurios, da participao popular e, consequentemente, da melhoria da qualidade de vida do usurio e da superao de expresses da questo social.

ROBAINA, Conceio Maria Vaz.2010O trabalho do Servio Social nos servios substitutivos de sade mental.Reviso bibliogrficaFoi reproduzido de forma mais fundamentada, a palestra realizada no Seminrio Nacional de Sade, promovido pelo CFESS no ano de 2009, na cidade de Olinda (PE) e reflete um momento em que a atuao do Servio Social na sade mental est em questo.A insero do assistente social nos servios substitutivos de sade mental leva em conta que a contribuio da profisso ao campo deve estar orientada por seu mandato social e pelos fundamentos que amparam o projeto tico-poltico da profisso.

ALVES, Domingos Svio N.2012Reforma PsiquitricaQuantitativaDe 2002 a 2012 houve uma queda no quantitativo de leitos psiquitricos de 51.393 para 29.958 e uma reduo do percentual de gastos com a rede hospitalar de 75,24% para 28,91%.Dentre os desafios da Reforma h consenso sobre a necessidade da sociedade conviver de forma mais harmnica com os diferentes e o reconhecimento das potencialidades dessas pessoas, que no esto margem do projeto de Nao, que tm capacidade de trabalhar e de produzir.

BUSSULA, Danila Aparecida; OLIVEIRA, Dayane Aparecida Lacerda.2012O trabalho do assistente social junto aos portadores de transtorno mental e sua respectiva famlia.Reviso bibliogrficaA partir da pesquisa realizada percebe-se o quanto ainda tem que se avanar no que diz respeito sade mental, principalmente quando o assunto relaciona-se ao preconceito e discriminao aos quais esto submetidos pessoa portadora de transtorno mental.Faz necessria a interveno do assistente social enquanto um profissional que contempla a importncia da famlia em todos os momentos de sua atuao.

CASTRO, Marlia Gurgel de; ARAJO, Eliezer Magno Digenes; PARENTE, Jos Reginaldo Feijo.2012Atuao interdisciplinar da psicologia na ateno sade mental na estratgia sade da famlia.Como forma de atender estas demandas e atravs de reunies participativas com profissionais das diferentes equipes envolvidas, foi proposta uma reorganizao da ateno sade mental buscando a efetivao da integralidade do cuidado, atravs da superao do modelo medicamento e procedimento centrado e estimulando a intersetorialidade e a interdisciplinaridade.Esta experincia avana no iderio da reforma psiquitrica, pois valoriza os aspectos subjetivos do processo sade-doena, privilegiando o acompanhamento dos usurios em seu prprio contexto e territrio como parte importante do recurso teraputico.

A Tabela 1 representa a distribuio dos artigos pesquisados, onde atravs dos autores, ano de publicao, ttulo, metodologia, resultados e concluso podem-se ter conhecimento dos trabalhos utilizados para este estudo.Tabela 2 - Distribuio da produo cientfica pesquisada.ANON PRODUO CIENTFICA%

20050215%

20070215%

2008017%

20090324%

20100215%

20120324%

13100%

A Tabela 2 demonstra um intervalo de tempo considervel entre as publicaes identificadas, no perodo determinado para o estudo. Observa-se que os anos de 2009 e 2012 se destacaram com nmero maior de produes cientificas ou publicaes em relao aos demais anos, representando quase a metade (48%) de todas aquelas identificadas no perodo. Destaca-se que a soma das publicaes feitas nos demais anos (52%) ultrapassa pouco o percentual obtido em 2009 e 2012. Ao contrrio, nos anos de 2006 e 2011 no foram identificadas publicaes.

Tabela 3- Tipo de produo cientficaTIPO DE PUBLICAON%

Artigo Cientfico0646.15%

Dissertao de Mestrado0538.46%

Tese de Doutorado0215.39%

TOTAL13100%

A Tabela 3 demonstra que 46.15% das publicaes referem-se a artigos cientficos. As dissertaes de mestrado em enfermagem ocupam o segundo lugar com 38.46% das publicaes e, no perodo analisado, foram encontradas 15.39% de teses de doutorado sobre o assunto pesquisado.Tabela 4- Distribuio da produo cientfica segundo o tipo de pesquisa realizada.TIPO DE PUBLICAON%

Exploratria e Descritiva538.46%

Bibliogrfica861.54%

TOTAL13100%

A Tabela 4 evidencia que 38.46% das publicaes cientficas identificadas so pesquisas do tipo exploratria e descritiva, percentual esse dividido entre as dissertaes realizadas (03) e teses de doutorado (02); a pesquisa bibliogrfica (08) representou 61.54% divididas entre artigos cientficos (06), dissertaes de mestrado (02).Tabela 5- Distribuio da produo cientfica segundo a rea de atuao.

TIPO DE PUBLICAON%

Psiquiatria0323.01%

Assistncia Social0646.15%

Enfermagem0430.71%

TOTAL13100%

Na Tabela 5 encontrou-se que em 23.01% dos pesquisadores, so voltados a psiquiatria; 46.15% referem-se assistncia social e 30.71% so voltados enfermagem.Tabela 6- Distribuio da produo cientfica segundo o nmero de autores envolvidos.AUTORESN%

1 Autor0323.07%

2 Autores0538.46%

3 Autores 0323.07%

Acima de 3 autores0215.38%

TOTAL13100%

A Tabela 6 aponta, para finalizar a anlise referente ao pesquisador, o nmero de autores dos estudos envolvidos na produo cientfica, no perodo designado para o estudo. Observa-se que 23.07% das produes tiveram a autoria de, apenas, um autor, incluindo nesse percentual a presena de dois estudos voltados psiquiatria, dois em assistncia social e dois em enfermagem; no que se refere a 2 autores, os resultados apresentaram 38.46% divididos entre um de psiquiatria e trs de assistncia social; no que tange a 3 autores os resultados apontaram para 23.07%, sendo um assistente social e dois enfermagem; no que se refere a mais de trs autores os resultados apontaram para 15.38% sendo ambos da rea de servio social.

4. DISCUSSONo que tange ao contexto histrico, a admisso do assistente social em sade mental no Brasil teve incio em 1946 em instituies voltadas para a infncia. A partir de ento o assistente social passou a ser incorporado aos hospitais psiquitricos, atuando na porta de entrada e sada dos servios. As aes dos assistentes sociais no espao hospitalar voltou-se preponderantemente para levantamentos de dados sociais dos PTMs e seus familiares; confeco de atestados sociais; encaminhamentos para a rede scio-assistencial e difuso de informao e orientao social, sobretudo para regularizar a documentao e acessar benefcios sociais, aposentadorias. Gradativamente, no interior dos prprios hospitais psiquitricos os assistentes sociais passam a atuar em vrios setores: planto psiquitrico, pavilhes - divididos por sexo e faixa etria; hospitais-dia e ambulatrios. Entre os servios tpicos da reforma psiquitrica, CAPS; CAPS infanto-juvenil, CAPS-lcool e drogas, residncias teraputicas e ateno primria, observa-se os assistentes sociais assumindo uma multiplicidade de funes, sobretudo como gestores, coordenadores, planejadores, tcnicos, supervisores, dentre outras (ROSA; MELO, 2009).A trajetria da assistncia psiquitrica no Brasil, marcada por isolamentos, teraputicas repressoras e desumanas, foi modificada com a humanizao da assistncia e a gradativa desativao dos manicmios. Este processo possibilitou a ampliao da qualidade dos tratamentos, proporcionada por uma ateno efetiva, em regime de liberdade e convivncia social atravs dos CAPS, hospitais-dia, centros de convivncia, entre outros (VITAL, 2007).Nesse sentido, refletir sobre a atuao da equipe multiprofissional no atendimento a sade mental uma alternativa em busca de explorar esse problema e compreend-lo, no no sentido objetivo, mas sim eficiente, tendo em vista que o CAPS uma instituio destinada a acolher o usurio com transtornos mentais, alm de oferecer atendimento mdico e psicolgico, buscando a construo da cidadania e autonomia dos usurios, estimulando a integrao social e familiar (OLIVEIRA et al, 2012).Na sade mental, a integralidade do cuidado um princpio tico e poltico que implica organizar e efetivar o atendimento e os servios de forma que o usurio seja atendido na sua integralidade (BREDOW; DRAVANZ, 2010).A admisso do Assistente Social em sade mental tem por determinante o processo de desinstitucionalizao da pessoa com transtorno mental, alm de todo arcabouo legal, tcnico, administrativo e interventivo (ROSA; MELO, 2009).

As transformaes operadas pela Reforma Psiquitrica foram fundamentais para alterar o modelo de assistncia, onde a rea da sade mental exigiu abordagens mais comprometidas terico e politicamente, principalmente pela proposta de desinstitucionalizao, de retirada da ateno em sade mental do mbito do manicmio, atribuindo ao doente mental condio de sujeito portador de transtorno mental, digno de receber uma ateno baseada em direitos sociais (SILVA; SILVA, 2007). Historicamente, os assistentes sociais no Brasil vm participando da trajetria da psiquiatria e de suas sucessivas reformas. As perspectivas terico-metodolgicas foram se conformando em consonncia com as mudanas societrias e com o processo de amadurecimento da prpria profisso, do qual as mudanas do prprio Cdigo de tica so exemplos (ROBAINA, 2010).

Levando-se em conta a desinstitucionalizao do paciente, trazendo-o de volta a sociedade, a famlia exerce um fundamental. Embora a instituio familiar seja cercada de complexidade, no se nega a importncia que esta tem perante seus membros e tambm sociedade como um todo, seja qual for maneira que ela estiver constituda; por isso chamada a participar efetivamente do cotidiano de seus membros, participao esta que um processo constante, pois est relacionada a todos os momentos da vida do indivduo e tambm s fragilidades que traz consigo (BUSSOLA; OLIVEIRA; VOLPATO, 2012).Com a manifestao da doena mental em uma famlia, ela inicialmente se sente angustiada e sofre muito porque percebe que o seu familiar necessita de um cuidado especial, que na maioria das vezes, ela no est preparada para prestar. Se a famlia for considerada a base da vida, deve-se tambm pensar no paciente como um indivduo que tem uma vida fora do hospital (trabalho, lazer, amigos, famlia), no bastando assisti-lo apenas dentro do contexto institucional. necessria a preocupao com sua famlia, e aproximao desta, verificando o que a doena e a desospitalizao do seu familiar est significando. preciso que os entes sejam orientados sobre o que est ocorrendo com o paciente e que sejam estimulados a participar de tudo o que desejarem (MACEDO; ANDRADE; SILVA, 2009).Nesse contexto, tal trabalho vem sendo dirigido aos assistentes sociais. Embora esse tipo de trabalho no seja atribuio exclusiva do Servio Social, seguro afirmar que entre as categorias profissionais tpicas da equipe de sade mental, esta profisso quem tem o maior lastro de conhecimento e trato nessa rea (ROBAINA, 2010).Em suma, o processo de desospitalizao e reabilitao psicossocial so muito mais complexos. Envolve no s a qualidade da assistncia prestada por toda equipe multiprofissional, mas tambm a importncia da sociedade de um modo geral, mudar seus conceitos de bem estar social, de sade-doena e da maneira de entender e acolher os doentes mentais. Logo, se houver considerao pelo paciente psiquitrico inserido em um contexto social de vida, valorizando questes que transcendem ao seu estado clnico, como seus relacionamentos afetivos, trabalho, lazer, considerando a sade em um conceito ampliado, se estar estendendo as aes aos familiares desse indivduo, contribuindo para resgatar sua cidadania e para construo de uma prtica de sade humanizada (MACEDO; ANDRADE; SILVA, 2009).CONCLUSOO principal objetivo deste estudo foi abordar a importncia da equipe multiprofissional no atendimento a sade mental, com destaque ao trabalho do Assistente Social.A ressocializao e a proteo dos direitos dos pacientes psiquitricos se do atravs de prticas do Servio Social baseada na Reforma Psiquitrica.

A atuao profissional do Assistente Social j se encontra consolidada nas experincias das novas formas de ateno em sade mental, especialmente nos centros de ateno psicossocial (CAPS). No que se refere famlia, interveno do Assistente Social de suma importncia, principalmente no que tange ao processo de ressocializao, pois enquanto um profissional que contempla a importncia da famlia em todos os momentos de sua atuao, ele possui o poder de vislumbr-la como um espao de cuidados e proteo que deve ser merecedora de ateno.

Assim, conclui-se que a posio dos Assistentes Sociais nas equipes de sade mental vem mudando a cada momento histrico, sendo o atual momento de implementao da reforma psiquitrica uma oportunidade de ampliao das possibilidades para o trabalho do assistente social. Porm, todas as questes que envolvem o portador de transtorno mental no se encontram apenas a figura do Assistente Social, desta forma, a atuao da equipe multiprofissional no atendimento a sade mental deve abarcar a interao de muitos fatores, onde cada profissional deve exercer seu trabalho com competncia e qualidade, contribuindo para sanar, ou pelo menos, minimizar o problema.REFERNCIAS ALVES, Domingos Svio N. Reforma Psiquitrica. Instituto Franco Basaglia (IFB). Disponvel em www.ccs.saude.gov.br. Acesso em 03/08/2013.

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