3
XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. A IMPORTÂNCIA DO JOGO ENQUANTO RECURSO PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Cayo dos Santos Souza 1 , Alexandre Basto Alves Costa 2 Giselle Maria Nanes Correia dos Santos³ INTRODUÇÃO As principais instituições responsáveis pelo cuidado e educação das crianças, em nossa sociedade atualmente, continuam sendo a família e a escola. Considerando todas as mudanças e alterações, que por sua vez estas sofreram ao longo do tempo, especialmente os pais, que por diversas vezes, não têm tempo, para dar a devida atenção a seus filhos, pelo frenético ritmo de trabalho que adotam, acabam deixando a desejar, no que diz respeito a interação e inter-relação social, e consequentemente acabam deixando de contribuir ativamente para sua evolução e crescimento social. Sob essa perspectiva, admitindo que a vida da criança gira em torno do brincar e que este ato é importantíssimo no processo de formação e construção do ser humano, vê-se a necessidade de resgatar a brincadeira, o brinquedo e jogo enquanto ferramenta lúdica e pedagógica na escola, de maneira, que estas por sua vez, possam estimular nos alunos o prazer de aprender brincando, levando-os a buscar novos caminhos que venham a contribuir para o seu desenvolvimento social, intelectual, cognitivo, afetivo, não encarando-os como adultos em miniatura. Tendo em vista que as brincadeiras e os jogos são imprescindíveis ao desenvolvimento saudável da criança, bem como em áreas como interação, construção de habilidades especificas, socialização, conhecimento do espaço ao seu redor e do próprio corpo, destaca-se a importância do brincar enquanto instrumento e ferramenta pedagógica. Atualmente é comum observarmos que as brincadeiras infantis, tão comuns a 10 ou 15 anos atrás, vêm perdendo espaço de maneira gradativa e veloz para o uso excessivo de tecnologias, de modo que boa parte das crianças parece nem saber mais como brincar, sem utilizarem instrumentos tecnológicos. Este processo por sua vez, vem acarretando vários problemas como, dificuldades na interação e inter-relação social, dificuldades de socialização e aprendizagem, déficit de atenção, imperatividade em sala de aula e problemas de gênero. Ao dialogarmos a respeito da formação da criança ou sobre o processo de ensino-aprendizagem na formação infantil, o jogo não deve ser encarado como um mero entretenimento para a criança onde este por sua vez, é utilizado como ferramenta para extravasar a energia, sem nenhum sentido ou aspiração pedagógica. Conforme Borba (2007, p. 36): Quando a criança brinca de ser “outros” (pai, mãe, médico, fada, bruxa, ladrão, policia. etc.) refletem sobre as suas relações com esses outros e tomam consciência de si e do mundo, estabelecendo, outras lógicas e fronteiras de significação da vida. Sob esse prisma, é indispensável que se resgate e que se preserve esse mundo encantado, no qual a criança aprende a sonhar, aprende a projetar-se, nas mais variadas formas e posições, onde coloca-se no lugar de pessoas que gostaria de ser, vivenciando as experiências de outros indivíduos por alguns instantes. Assim, a brincadeira, o brinquedo e o jogo devem ser encarados como algo que possibilita tanto o prazer do brincar, como também possibilita o desenvolvimento das potências e capacidades intelectuais do aluno, trabalhando-o em diversas áreas distintas do conhecimento, como afetividade, socialização, inserção e interação social, utilizando o lúdico em sala de aula como uma ferramenta prazerosa de aprender brincando. Como defende Kishimoto (2001, p. 36): O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo, adquire noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê- la. Sob essa perspectiva Kishimoto (2001), diz que o jogo ao assumir a dimensão lúdica e educativa, merece algumas considerações: Função lúdica: o brinquedo propicia diversão prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente. Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. 1. Primeiro Autor é aluno de graduação do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns. Av. Bom pastor, s/n, Garanhuns, PE, CEP 55290000. E-mail: [email protected] ou [email protected] 2. Segundo Autor é aluno de graduação do curso de História da Universidade de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns. Rua Capitão Pedro Rodrigues –São José, s/n, Garanhuns, PE, CEP 55293000. 3. Terceira Autora e Orientadora.

A IMPORTÂNCIA DO JOGO ENQUANTO RECURSO … · na educação infantil, parecem apenas relacioná-lo ao espontâneo, “não-sério”, a futilidade desassociando-o da realidade educativa,

Embed Size (px)

Citation preview

XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.

A IMPORTÂNCIA DO JOGO ENQUANTO RECURSO PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Cayo dos Santos Souza1, Alexandre Basto Alves Costa2 Giselle Maria Nanes Correia dos Santos³

INTRODUÇÃO

As principais instituições responsáveis pelo cuidado e educação das crianças, em nossa sociedade atualmente, continuam sendo a família e a escola. Considerando todas as mudanças e alterações, que por sua vez estas sofreram ao longo do tempo, especialmente os pais, que por diversas vezes, não têm tempo, para dar a devida atenção a seus filhos, pelo frenético ritmo de trabalho que adotam, acabam deixando a desejar, no que diz respeito a interação e inter-relação social, e consequentemente acabam deixando de contribuir ativamente para sua evolução e crescimento social. Sob essa perspectiva, admitindo que a vida da criança gira em torno do brincar e que este ato é importantíssimo no processo de formação e construção do ser humano, vê-se a necessidade de resgatar a brincadeira, o brinquedo e jogo enquanto ferramenta lúdica e pedagógica na escola, de maneira, que estas por sua vez, possam estimular nos alunos o prazer de aprender brincando, levando-os a buscar novos caminhos que venham a contribuir para o seu desenvolvimento social, intelectual, cognitivo, afetivo, não encarando-os como adultos em miniatura.

Tendo em vista que as brincadeiras e os jogos são imprescindíveis ao desenvolvimento saudável da criança, bem como em áreas como interação, construção de habilidades especificas, socialização, conhecimento do espaço ao seu redor e do próprio corpo, destaca-se a importância do brincar enquanto instrumento e ferramenta pedagógica. Atualmente é comum observarmos que as brincadeiras infantis, tão comuns a 10 ou 15 anos atrás, vêm perdendo espaço de maneira gradativa e veloz para o uso excessivo de tecnologias, de modo que boa parte das crianças parece nem saber mais como brincar, sem utilizarem instrumentos tecnológicos. Este processo por sua vez, vem acarretando vários problemas como, dificuldades na interação e inter-relação social, dificuldades de socialização e aprendizagem, déficit de atenção, imperatividade em sala de aula e problemas de gênero. Ao dialogarmos a respeito da formação da criança ou sobre o processo de ensino-aprendizagem na formação infantil, o jogo não deve ser encarado como um mero entretenimento para a criança onde este por sua vez, é utilizado como ferramenta para extravasar a energia, sem nenhum sentido ou aspiração pedagógica. Conforme Borba (2007, p. 36):

Quando a criança brinca de ser “outros” (pai, mãe, médico, fada, bruxa, ladrão, policia. etc.) refletem sobre as suas relações com esses outros e tomam consciência de si e do mundo, estabelecendo, outras lógicas e fronteiras de significação da vida.

Sob esse prisma, é indispensável que se resgate e que se preserve esse mundo encantado, no qual a criança aprende a sonhar, aprende a projetar-se, nas mais variadas formas e posições, onde coloca-se no lugar de pessoas que gostaria de ser, vivenciando as experiências de outros indivíduos por alguns instantes. Assim, a brincadeira, o brinquedo e o jogo devem ser encarados como algo que possibilita tanto o prazer do brincar, como também possibilita o desenvolvimento das potências e capacidades intelectuais do aluno, trabalhando-o em diversas áreas distintas do conhecimento, como afetividade, socialização, inserção e interação social, utilizando o lúdico em sala de aula como uma ferramenta prazerosa de aprender brincando. Como defende Kishimoto (2001, p. 36):

O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo, adquire noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la.

Sob essa perspectiva Kishimoto (2001), diz que o jogo ao assumir a dimensão lúdica e educativa, merece algumas considerações:

• Função lúdica: o brinquedo propicia diversão prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente.

• Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.

1. Primeiro Autor é aluno de graduação do curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns.Av. Bom pastor, s/n, Garanhuns, PE, CEP 55290000. E-mail: [email protected] ou [email protected] 2. Segundo Autor é aluno de graduação do curso de História da Universidade de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns. Rua Capitão PedroRodrigues –São José, s/n, Garanhuns, PE, CEP 55293000.3. Terceira Autora e Orientadora.

XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2012 – UFRPE: Recife, 26 a 30 de novembro.

Assim, o brincar dotado de natureza livre, parece incompatibilizar-se com a busca de resultados, de modo que, o simples ato de brincar, não representa nenhuma aspiração pedagógica ou educativa, hora que, o brinquedo só torna-se um recurso pedagógico, quando utilizado com um sentido prático pré-definido e uma metodologia pré-estabelecida.Nesse contexto, fica explicita a relevância do jogo no processo de construção e difusão do conhecimento, na educação infantil. O jogo potencializa e promove a exploração do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, utilizando como recursos estímulos internos e a influência de parceiros, bem como a sistematização de conceitos, ao utilizar de modo metafórico a forma lúdica, para estimular a busca e a curiosidade da criança.

É a partir de tais considerações que surge a questão: qual importância está sendo dada ao brincar e ao resgate das tradições socioculturais na educação infantil?

O objetivo geral da pesquisa foi verificar a relação entre o brincar e a aquisição do conhecimento na educação infantil, observando suas propostas e aplicações, na sua dimensão sociopolítica/cultural, levando em consideração as dimensões instrucional/pedagógica e a institucional/organizacional (ANDRÉ, 1995). Especificamente buscamos analisar as práticas educacionais, relacionadas à utilização do jogo enquanto ferramenta pedagógica; observando suas possíveis propostas e aplicações; identificando e distinguindo os aspectos dinâmicos das relações sociais, ocorridas no contexto escolar.

Material e métodos

O presente trabalho foi desenvolvido em uma escola pública, localizada no município de Garanhuns–PE, tendo como objeto de estudo a importância do jogo enquanto recurso pedagógico na educação infantil, observando seus estímulos externos juntamente coma influência de parceiros comuns, bem como a sistematização de conceitos dinâmicos nas relações sociais, observando sua relevância sob o âmbito educacional. Para tanto, realizamos uma pesquisa etnográfica, com abordagem qualitativa, conforme André (2008, p.27). Os dados foram coletados por meio de observação participante, aplicação de 5 entrevistas, 30 questionários específicos, conversas informais e análise de imagens e documentos.

Nas discussões a respeito do contexto estudado, levamos em consideração as três dimensões da escola sendo essas: Institucional/organizacional; Instrucional/pedagógica; Sociopolítico/cultural.

Resultados e discussão

A preocupação com o tema se dá pelo fato de que o jogo, a brincadeira e o brinquedo vêm perdendo espaço de maneira gradativa e veloz para o uso excessivo de tecnologias, de modo que boa parte das crianças parece nem saber mais como brincar, sem utilizarem instrumentos tecnológicos. . Este processo por sua vez, vem acarretando vários problemas como, dificuldades na interação e inter-relação social, dificuldades de socialização e aprendizagem, déficit de atenção, hiperatividade em sala de aula e problemas de gênero, conforme colocações anteriores.

Tendo em vista que o jogo, a brincadeira e o brinquedo, exercem um papel fundamental no processo de construção e difusão do conhecimento, eximir a criança de conviver nesse mundo “encantado” durante as aulas, é equivalente a privá-las de parte essencial no seu processo de evolução e construção social, não só enquanto educandos, mas também enquanto indivíduos transformadores de sua realidade social, conforme Freire (1991, p. 12):

Dá para imaginar o que representa para uma criança que passou vários anos se movimentando, ser subitamente amarrada e amordaçada para, como se diz, aprender o que é, para ela, uma linguagem, às vezes totalmente estranha? A linguagem da imobilidade e do silêncio? ... O interessante é que nós professores, não suportamos a mobilidade da criança, mas queremos que elas suportem a nossa imobilidade.

Sob essa perspectiva, embora por diversas vezes, seja construído um conceito operatório de jogo, o seu significado e utilização na prática cotidiana não é discutida, de modo que, os paradigmas sobre o jogo enquanto recurso pedagógico na educação infantil, parecem apenas relacioná-lo ao espontâneo, “não-sério”, a futilidade desassociando-o da realidade educativa, utilizando um modelo heurístico, sem questionar suas atribuições e aplicações no âmbito escolar.

Assim imerso neste processo metafórico que compreende a expressão do jogo educativo, qualquer peça ou objeto pode tornar-se um instrumento educativo-pedagógico, desde que, o mesmo seja utilizado com um sentido previamente estudado, dotado de aplicações que possibilitem a construção e aquisição do conhecimento por parte dos alunos, contribuindo para a sua evolução nas mais variadas áreas do conhecimento, como afetividade, socialização, inserção e interação social, utilizando o lúdico em sala de aula como uma ferramenta prazerosa de aprender brincando.

AGRADECIMENTOS

À escola municipal investigada, pela acolhida à realização desta pesquisa, bem como pela disponibilidade da equipe que a compõem. À professora orientadora, Giselle Maria Nanes Correia dos Santos por toda a dedicação e orientação. A todos os docentes da Unidade Acadêmica de Garanhuns/UFRPE.

Referências

[1] BORBA, Ângela Mayer. O brincar como um modo ser e estar no mundo. Brasília. Ministério da Educação, 2007

[2] FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo. Scipione 1991.

XII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2012 – UFRPE: Recife, 26 a 30 de novembro.

[3] KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo. Cortez, 2001.

[4] KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo. Thomson Learning, 1994.

[5] MARCELINO, Nelson Carvalho. Pedagogia da animação. Campinas. Papirus, 1990.

[6] NIZA, Sergio. A formação da escola moderna. PA. Cooperativa, 2001.

[7] TRINDADE, Syomara Assuite. A educação na modernidade e a modernização da escola. SP. Revista.

Apêndices

Figura 1 – Jogo – Conhecendo seus limites. Figura 2 – Jogo – Espelho, espelho meu.

Figura 3 – Representação de espaço. Figura 4 – Representação de pessoas.