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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A Vez do Mestre PSICOPEDAGOGIA A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL RIO DE JANEIRO JULHO 2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A Vez do Mestre

PSICOPEDAGOGIA

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

RIO DE JANEIRO

JULHO 2004

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CYNTIA CRISTINA DE BRITO TEIXEIRA A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Esta Monografia está sendo apresentada pela aluna Cyntia Cristina para a Universidade Cândido Mendes ao curso de Pós Graduação Psicopedagogia “Lato Sensu” projeto A Vez do Mestre. Orientadora : Profª Mary sue

RIO DE JANEIRO

JULHO 2004

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AGRADECIMENTOS

Ao Criador e Mestre superior pela Benção da Vida, e por ter me concedido a oportunidade

de concluir este curso de Pós-Graduaçáo.

Aos educadores que partilham suas vidas, acreditando na evolução do Lúdico na educação.

A grande profissional Mary Sue pelo acompanhamento deste estudo, possibilitando-me

crescer profissionalmente.

Em especial aos meus pais Sônia Regina e Carlos Augusto pelo esforço, estímulo e apoio

durante o curso.

Ao meu noivo Anderson de Jesus pelo carinho e grande incentivo, sendo meu condutor

nesta jornada difícil e brilhante ao mesmo tempo.

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RESUMO

Esta monografia estudou a ludicidade e sua importância para o processo de

construção da inteligência da criança enfocando a visão institucional, assim como o valor

do brincar em cada etapa do desenvolvimento infantil, seus jogos de interesses, o trabalho

feito por educadores em brincadotecas e escolas.

Visou resgatar o valor do brincar como facilitador no processo psicopedagógico,

tendo em vista que a brincadeira é uma forma da criança comunicar ao mundo seus valores,

possibilitando o desenvolvimento emocional e motor.

Concluiu-se com uma leitura das manifestações lúdicas dentro de instituições

englobando os recursos utilizados para mudar e promover mudanças no ato de educar,

respeitando a criança, visando sanar as dificuldades no aprendizado de forma prazerosa e

criativa.

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SUMÁRIO

PÁGINAS

INTRODUÇÀO 6

CAPÍTULO 1- A VISÃO DO LÚDICO EM UMA SOCIEDADE 7

CAPÍTULO 2- A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR 12

CAPÍTULO 3- O SIGNIFICADO DO LÚDICO PARA A APRENDIZAGEM

16

CAPÍTULO 4- O USO DO LÚDICO NA PSICOPEDAGOGIA 19

CAPÍTULO 5- A PROPOSTA DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

23

CONCLUSÃO 26

BIBLIOGRÁFIA 27

ÍNDICE 28

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INTRODUÇÃO

A Presente monografia reflete a importância da ludicidade como um aspecto

facilitador do resgate ao prazer de aprender. Esta questão, de modo bastante peculiar, não

tem sido bem entendido pela sociedade que parece ainda estar vinculada a uma visão

ultrapassada, simplista e ingênua, vendo-a como desnecessária e que não interfere no

processo de aprendizagem.

O lúdico é a base da relação didática do ser humano consigo, com o outro e o meio

ambiente, no processo de sua construção como sujeito.

Segundo Winnicott “ É no brincar e, somente, no brincar que o indivíduo, criança

ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo

que o indivíduo descobre o eu ”.

É na brincadeira que a criança constrói um espaço de experimentação, de transição

entre o mundo interno e externo. Torna-se um suporte terapêutico para diferencia a forma

de aprender e de ensinar do contexto escolar em que a criança está inserida, pois a sua

própria natureza requer um ambiente descontraído, rico em estímulos e em possibilidades

de expressar, descobrir, interagi e relaciona-se com a atividade. Assim é o principal

instrumento da relação entre o cliente e o psicopedagogo, pois ao realizar uma sessão lúdica

é importante que esta seja diversificada, utilizando jogos, brincadeiras, dramatizações, onde

a criança releve espontaneamente seus modelos de aprendizagem e em conseqüência o

profissional estará direcionando o seu trabalho a um objeto específico.

O trabalho psicopedagogo objetiva o diagnóstico e a intervenção nas dificuldades de

aprendizagem, buscando o prazer de construir o seu próprio conhecimento e o bom

desempenho.

Neste estudo, pretende-se aprofundar os seguintes temas: o brincar e a sua

influência no desenvolvimento infantil, aspectos cognitivo, afetivo e social destacando-se

na clínica psicopedagógica o uso do lúdico; as contribuições da brincadeira na escola

refletindo a forma de comunicação, valores e expressões de sentimentos; concluindo com a

valorização do brincar no resgate ás dificuldades no aprendizado, através do prazer de

aprender.

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1 – VISÃO DO LÚDICO EM UMA SOCIEDADE

A sociedade esquece de oferecer às crianças as coisas de crianças. As coisas mais

simples são aquelas que transmitem a elas uma aprendizagem espontânea.

Quando uma determinada instituição educacional apresenta um planejamento

escolar voltado para o lúdico, ela desperta maior atenção por parte dos pais; pois estes

necessitam de esclarecimentos dessa proposta, vista como novo.

Algumas instituições até conseguem esclarecer de forma correta o lúdico, pois o tem

como instrumento de apoio sério e necessário para o desenvolvimento infantil. Já outras

que não conseguem Ter esta visão construtivista, não conseguem clareza ao apresentar o

objetivo da “proposta”.

Assim fica difícil para a sociedade entender o lúdico, porque algumas instituições

têm com objetivo fazer do lúdico uma diversão e um passatempo desvinculado da

aprendizagem e outras, mais responsáveis com a proposta, usam o lúdico valorizando

realmente a aprendizagem..

Nas primeiras séries do ensino fundamental começa a polêmica por parte dos pais;

brincar ajuda ou atrapalha? O tempo que se passa brincando, não será desperdiçado? São

questionamentos e dúvidas da sociedade, que até tem como característica o ser extrovertido,

mas que necessita do ensino ‘sério”.

Nessas séries iniciais citadas acima, o lúdico nada mais é do que um prêmio para os

alunos que terminam rapidamente uma tarefa de difícil concretização, tanto de aula como

de casa. Desta forma o professor atrai uma maior atenção por parte dos alunos.

Nas últimas séries do ensino fundamental, no ensino médio e superior, o lúdico fica

absolutamente esquecido, pois agora todos têm que trabalhar muito seriamente! Como se a

intenção do lúdico na educação infantil fosse realmente apenas a brincadeira

descompromissada.

Embora o construtivismo, ao lado do lúdico, venha aos poucos sendo aceito pela

sociedade, ainda assim a visão da sociedade é tradicional, por motivos históricos e até

políticos, sempre o método tradicional de ensino predominante. A proposta de mudança

dificilmente é aceita; pois o desafio provoca medo.

Para o lúdico caminhar paralelamente à aprendizagem em uma instituição de ensino

é necessário que:

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• A escola tenha argumentos para convencer a comunidade a qual ela atende, da

necessidade que os alunos têm de um novo modo de ensinar, atrativo e

construtivo, e que só através do lúdico será obtida uma maior construção de

conhecimentos para a realidade dos mesmos;

• O educador tenha domínio e faça o uso do ato lúdico, para que o aluno construa

os seus conhecimentos através do prazer, induzindo-o a buscar seus ideais;

• Os pais precisam estar em constante diálogo com instituição e professores, para

um maior entendimento da necessidade que seu filho tem de aprender utilizando

o método lúdico, que se mostra novo.

1.1 – Escola x Aprendizagem

Entende-se que a escola não tem o poder de mudar a sociedade, mas,

simultaneamente, ela não tem o mero papel de conservar mecanicamente essa

sociedade. A escola tem a função de contribuir, junto com as demais instâncias da

vida social, para as transformações necessárias no sentido de tornar a comunidade

a qual ela atende mais democrática.

O lúdico é apresentado para a escola, como um instrumento facilitador à

contribuição de um trabalho. Trabalho esse, que o objetivo é Ter como resultado, a

construção do saber.

Para algumas instituições, construir no modo lúdico a fórmula de ensinar é

facilmente aceira por pais e educadores. Já para outras instituições o desafio é

muito maior, passando por diversas barreiras, que muitas vezes, ela própria

constrói. É o medo de que essa sociedade a qual ela atende rejeite sua iniciativa,

principalmente quando ela já construiu o seu nome, em prol do tradicionalismo.

A adaptação do professor também é uma das barreiras a serem enfrentadas.

A instituição precisa promover cursos de atualização, expandindo os

conhecimentos constantemente, em função do progresso educacional, atraindo-os

para o conhecimento. Assim, o processo de ensino-aprendizagem será contínuo.

A exigência dos pais de uma aprendizagem rápida é normal. O que importa é

estabelecer uma comunicação constante com os pais, através de reuniões, para

esclarecimento de alguma eventual demora no aprendizado.

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O desafio da instituição, que adapta o lúdico, é conscientizar sua clientela

para a facilidade que o aluno terá em assimilar os conhecimentos sem Ter que de

corar os mesmos, para avaliações como, por exemplo, o ENEM(Exame nacional

do Ensino Médio)

O lúdico é o instrumento facilitador da autodescoberta, da auto-avaliação, da

valorização dos demais e do convívio com a s diferenças. Motiva uma postura de

desafio para novas conquistas e aprendizagem.

1.2 – Situação dos Educadores

Será que os educadores estão preparados para lidar com estas questões do

mundo infantil? Ao levar em consideração o papel do professor, não pretende-se

estabelecer uma visão unilateral da relação ensino-aprendizagem, porém é

evidente a sua parcela de responsabilidade no processo educativo.

As estruturas conscientes e/ou inconscientes existentes nesse adulto que

ensina, refletem fundamentalmente na sua prática. Assim, um professor que não

sabe e/ou não gosta de brincar, dificilmente desenvolverá um “olhar sensível” para

a prática lúdica do seu aluno, tão pouco reconhecerá o valor das brincadeiras na

vida da criança.

Wassermann diz que, para que o professor utilize as brincadeiras no âmbito

do espaço escolar com a devida “seriedade”, considerando a importância de que

ele reflita na e sobre a prática (WASSERMANN,1990). De acordo com Schon, o

professor tem que saber relacionar o processo de desenvolvimento infantil ao

surgimento das brincadeiras, considerando que o brincar vai além das questões

estritamnente cognitivas, sendo, culturalmente, uma atividade humana ( SCHON,

1995).

Todos os educadores afirmam que o jogo é importante para a educação, pois

todos reconhecem, mesmo aqueles que habitualmente não lidam com crianças, que

o “brincar” é parte integrante do dia-a-dia delas.

No decorrer de toda uma vida de magistério, o educador cria obstáculo para

a aceitação de propostas novas sugeridas pela direção , mesmo sabendo que é

assim a melhor maneira de se ensinar e aprender. Ele infelizmente construiu

vícios educacionais que o tradicional impôs a ele.

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Isso ocorre, até mesmo, no curso superior de educação. Os professores

apresentam conteúdos que relatam “ o lúdico, como o caminho mais fácil para a

construções do conhecimento!” Porém, alguns deles sempre chegam a conclusão

que é nas instituições tradicionais que estão os melhores alunos.

A diferença entre os educadores é que, para alguns, o jogo, a brincadeira fica

muito bem quando a “parte séria” acaba, o que quer dizer: vamos estudar, fazer as

tarefas e quando tudo estiver pronto, vocês estarão “livres para brincar”. E para a

minoria dos educadores o jogo de mesclar dentro do processo de ensino-

aprendizagem, isso quer dizer que o jogo é parte integrante da ação educadora.

Como brincar na sala de aula e aprender do mesmo jeito, ou até aprender melhor e

mais ?

È necessário que o educador esteja realmente convencido de que esta é uma

ferramenta útil, e que ele não deve se limitar a determinados tipos de informações

neutras. Ele precisa ser aquele educador “meio menino”, que também se diverte

com o brincar e trabalha viajando na imaginação dele e de seus alunos. Além de

tudo deverá conhecer as preferências da faixa etária com a qual trabalha.

Este desenvolvimento pode ser obtido através de situações comuns

decorrente da aplicações de jogos como o exercício da vivência em equipe, da

criatividade, da imaginação, de oportunidades de auto-conhecimento, de

descobertas de potencialidades, de formação da auto-estima e de exercícios de

relacionamento social.

Portanto, cabe ao educador tornar a realidade das crianças como ponto de

partida para o trabalho, reconhecendo sua diversidade; observar as ações infantis e

as interações entre as crianças, valorizando essas atividades; confiar nas

possibilidades que todas as crianças têm de se desenvolver e aprender,

promovendo a construção de sua auto-imagem positiva; propor atividades

significativas e prazerosas, incentivando sempre a descoberta, a criatividade e a

criticidade; enfatizar a participação e a ajuda mútua, possibilitando a construção da

autonomia e da cooperação.

1.3 – O Papel dos Pais e Responsáveis

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O papel do pai é acompanhar seu filho nas atividades de casa, tomar

conhecimento das necessidades da criança na escola, Ter com o professor um

diálogo permanente, oferecer à criança materiais educativos.

Os pais não estão conseguindo cumprir essa função importante, devido a

atual situação social que a família se encontra. Este acaba sendo o maior e mais

específico motivo do afastamento dos pais das necessidades educacionais de seus

filhos.

A independência da mulher e a necessidade da família de aumentar o

orçamento, fez com que o filho ficasse longe dos pais, pois estes precisam trabalhar.

Não conseguindo tempo para acompanhar seu filho, os pais acabam, exigindo da

instituição uma aprendizagem rápida. Além de querer uma atenção individual e

especial para os “seus”, o que seria a sua função. Quando ouve que seu filho sabe

menos “fica triste”. Vai a procura de psicopedagogos, psicólogos e até mesmo

psicanalistas. Tendo perdido a posição de pai presente, estes entra em desespero.

Este momento paterno é vivido pelos pais ausente, por causa do “ideal” que eles

sonharam para seus filhos. Ideal este que levaria seu filho a uma carreira

profissional brilhante, trazendo a esses pais a tranquilidade de Ter cumprido seu

dever.

Os pais precisam se conscientizar, que no seu dia-a-dia, os espaços para

colaborar com a educação do seu filho, tem que existir. Dessa forma, o estudo

proposto pela instituição seria viável e alcançaria objetivos positivos. A proposta do

lúdico teria resultado, todos brincando juntos em socialização, aprendendo

seriamente a desafiar o “novo” sem ter medo.

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2 – A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR

E afinal, porque é tão importante brincar ? As brincadeiras e jogos que surgem gradativamente na vida do ser, desde os

mais funcionais até os de regra mais elaboradas. Esses elementos propiciam a diversas experiências, que possibilitam a conquista da identidade de cada ser.

Sobre isto, Bettelheim (Bettelheim,1988) diz que os primeiros esforços para se tornar um eu, começa no jogar cosas do berço, isto é, demonstrar a si própria que tem o domínio de ações. Seu esforço demonstra a si mesma que pode fazer coisas e atingir aos seus propósitos.

Estas mesmas atividades possibilitam que as crianças ultrapassem sentimentos e fatos; combinando-os entre si, reelaborando-os criativamente e edificando novas possibilidades de interpretação e de representação do real. Tudo só seria possível se estiver relacionado com suas afeições, suas necessidades, seus desejos e suas paixões.

Piaget deixa isso bem claro, quando diz que: “(...) essas formas de jogo que consistem, pois, em liquidar uma situação

desagradável revivendo-a ficticiamente, mostram, com particular clareza, a função do jogo simbólico, que é as de assimilar o real ao eu, libertando este das necessidades de acomodação (Piaget,1994).”

As situações as brincadeiras possibilitam às crianças também, o encontro com seus pares, fazendo com que interajam socialmente, que seja no espaço escolar ou não. No grupo descobrem que não são os únicos sujeitos da ação, e que para alcançar seus objetivos precisam levar em conta o fato de que outros também têm objetivos próprios que querem satisfazer.

Os jogos infantis, no dizer de (PIAGET,1994), constituem-se em “admiráveis instituições sociais” e através deles as crianças vão desenvolvendo a noção de autonomia e de reciprocidade, de ordem e de ritmo.

Ao ponderar, extensivamente, sobre o tipo de jogo que querem utilizar, as crianças escolhem as condições do ambiente, bem como as regras que devem ser aplicadas. Assim, satisfeitas com seus próprios propósitos, construtor de idéias.

Dessa forma as crianças desenvolvem sua capacidade de raciocinar, de julgar, de argumentar, de chegar a um consenso e de reconhecer o quanto isto é importante para dar início à atividade em si. De acordo com o dizer de (Bettelheim,1988) “ aprender isso tudo é infinitamente mais relevante para o desenvolvimento da criança como ser humano do que qualquer que possa desenvolver no jogo em si”.

Permitir à criança espaço para brincar, é demonstrar-lhes “respeito”. Proporciona-lhes interações que vêm realmente, ao encontro do que ela é, tentando compreendê-la efetivamente nestas atividades. Assim, fica-nos evidente a importância do brincar no âmbito escolar.

Através do lúdico, a criança adquire diversos papéis na sociedade. A aprendizagem que ele faz, vai muito além da proposta de conhecimento que as instituições costuma pregar. Sendo assim, a amplitude do seu saber ultrapassará toda e qualquer barreira tradicional e social.

A aprendizagem de forma rígida não permite que os verdadeiros objetivos da educação sejam atingidos. O ser humano precisa gostar daquilo que faz para fazer bem feito. O lúdico aparece para modificar o modo de aprendizagem,

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transformando-a em um ato prazeroso e atrativo facilitando uma mudança no ser humano e auxiliando na melhora dos resultados educacionais para que ajude o indivíduo a ter consciência de si mesmo, dos outros e da sociedade.

As regras direcionam ao prazer de desafiar e o desafio proporciona o prazer de jogar. Então jogar e brincar normalmente leva ao prazer, porém precisa acompanhar a idade e classe social de cada criança com o objetivo de não facilitar e nem dificultar, porém alcançar bons resultados.

2.1 – O Que Precisa no Ambiente Escolar ?

Para a organização de um espaço escolar precisa ser entendido, que não é

suficiente obter móveis e materiais didáticos adequados ou um espaço amplo e

iluminado. Esses são ítens necessários, mas, além disso, deve existir uma

articulação flexível e coerente entre eles, de modo que seja possível pôr em

prática a proposta do lúdico e atingir as suas metas educativas.

O trabalho pedagógico se desenvolve no espaço de toda a escola e também

fora dela; esse espaço deve ser seguro e favorecer a ampla circulação das crianças,

tanto na sala de aula, quanto no pátio externo, na sala de refeições, banheiros, etc.

É necessário que as crianças conheçam o espaço e nele se movimentem livre e

organizadamente.

Na sala de aula, as crianças precisam ter acesso direto aos materiais

pedagógicos, introduzidos gradativamente, e dispostos de forma organizada para

possibilitar as explorações e atividades infantis. Com a visão de viabilizar as

atividades planejadas por professores e crianças se desenvolvem de maneira

flexível, criativa e cooperativa. É importante que as próprias crianças sejam as

responsáveis pela manutenção e conservação da sala e de seus materiais.

O ambiente da sala deve favorecer a mobilidade e iniciativa das crianças,

promovendo a realização das brincadeiras de forma coletiva e organizada, e

simultaneamente, possibilitando a exploração e a descoberta.

2.2 – Aprender pelo Prazer

O uso do lúdico na educação prevê principalmente a utilização de

metodologias agradáveis e adequadas às crianças, fazendo com que o aprendizado

aconteça dentro do “seu mundo”, das coisas que lhes são importantes e naturais de

se fazer. O método deverá respeitar as características próprias das crianças, seus

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interesses e seus esquemas de raciocínio. Não havendo outra forma de aprender

que as interessem tanto quanto a brincadeira.

Quando se fala em lúdico e no brincar não se está referindo a algo fútil e

superficial, mas a uma ação que a criança faz de forma autônoma e espontânea,

com o auxilio do adulto para um direcionamento, porém este, não dominaria a

ação infantil.

Utilizar metodologia lúdica, como jogos, histórias, dramatizações e

manifestações artísticas, atrai e motiva a criança a participar destas

“brincadeirinhas”. Brincadeirinhas essas que permitem a construção do saber

como um todo, por meio do seu próprio estímulo.

Os alunos precisam querer brincar, pois se for de modo obrigatório, será

perdido a característica de voluntariado. O fato de ocorrer uma participação

espontânea está diretamente ligada à atividade ser atraente, adequada à faixa

etária, com o propósito de desafiantes e desafios.

Piaget no livro Juízo moral da criança (PIAGET,1994), demonstrou que o

jogo proporciona relações sociais completas, onde a pequena comunidade age sob

o domínio de regras que aprenderam ou que ela mesma desenvolveu:

O jogo de bolinhas, entre os meninos, por exemplo, comporta, um sistema

muito complexo de regras, isto é, todo um código e toda uma jurisprudência. Entre

as meninas a brincadeira com bonecas resulta em responsabilidades e

compromissos de adultos, proporcionando regras.

A organização da sala de em áreas é muito importante, pois favorece a

movimentação das crianças e a sua participação em atividades que venham ao

encontro de seus interesses. Essa divisão atende, ainda, à própria diversidade das

ações das crianças, que, em gera, alternam seu engajamento, em movimentos

diversos, na busca de satisfação de suas necessidades de desenvolvimento e

conhecimento.

Neste tipo de trabalho o professor observa permanentemente a atuação de

cada criança e, ao mesmo tempo, dos diferentes grupos, a fim de oferecer novos

materiais, desafios ou situações capazes de enriquecer as experiências e ampliar os

conhecimentos em jogo

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3 – O SIGNIFICADO DO LÚDICO PARA A APRENDIZAGEM

O ser humano, desde o início de sua vida, é movido pelo prazer se ser e de

fazer, portanto o jogo e a aprendizagem necessariamente devem estar relacionado,

não por meio de apostam mas através de uma corrida em busca de idéias educativas.

Ainda existe uma carência de estudos sobre esta temática. Pensar na

importância do brincar nos remete às mais diversas abordagens existentes, tais como

a cultural, a educacional e a psicológica.

A sociedade visa o lúdico na maioria das vezes como brincadeiras sem

fundamentos. Cabe a instituição de ensino esclarecer a idéia, fazendo com que a

comunidade a qual ela atende, não tenha dúvida da sua importância. Porém, na

maioria das vezes, as instituições têm medo de que ocorra rejeição da comunidade,

com o questionamento de que seu filho não passaria em provas qualificativas,

aprendendo desta maneira.

Os professores, através do lúdico, entram em contato com atividades

fundamentais para o desenvolvimento de suas condições físicas, psicológica e

intelectuais. O que os levará, de forma tranquila, a qualquer sucesso futuro.

3.1 – A Estrutura do Pensamento da Criança

No Período sensório-motor, de zero a dois anos, a inteligência é prática; o

pensamento está confinado às ações na realidade; a criança percebe o ambiente

(sensório) e ela age (motor) sobre ele; não evoca pessoas, objetos e fatos na

ausência deles.

De dois a seis anos, ela encontra-se no pré-operatório, a intelectualidade é

representativa; a ação é interiorizada; evoca pessoas, objetos e fatos na ausência dos

mesmos, porém não estabelece relações entre eles; focaliza sua atenção num aspecto

do todo (situação); percebe um aspecto e abandona os demais; seu pensamento

fundamenta-se na percepção; é intuitivo.

No operatório concreto, de seis a doze anos, o pensar é indutivo; as ações

interiorizadas tornam-se móveis e reversíveis; coordena-se em estruturas totais;

estabelece relações entre objetos, pessoas e fatos; as operações concretas tomam

como foco a realidade concreta; ela é capaz de realizar operações mentais sobre

objetos, imaginado como eram antes ou como serão depois.

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Quando chega ao operatório formal, de doze anos em diante, o pensamento é

hipotético-dedutivo; é capaz de uma lógica dedutiva (formar teoria, formular

hipóteses) raciocinar em torno de símbolos e proposições; as operações formais tem

como centro o raciocínio abstrato; o jovem torna-se introspectivo, consegue abstrair;

levanta hipótese para um acontecimento qualquer e, através do processo dedutivo

testa a hipótese e determina sua verdade ou falsidade.

3.2 – Os Aspectos Sócio-afetivos na Infância

O bebê até um ano explora tudo que está ao seu redor através de sensações e

movimentos. Para ele, ao que interessa são os objetos atraentes, agradáveis ao tato,

de fácil manipulação e de cores suaves, como por exemplo, móbiles, cubos, bonecos

de espuma e borracha.

A criança de um a três anos vai se apropriando dos materiais por uma

manipulação mais ativa, descobrindo diferentes formas de exploração. Ao ampliar

sua motricidade e começar a andar, ela preferirá explorar o espaço livremente;

bolas, carrinhos e outros de puxar, empurrar ou rolar.

A época do faz-de-conta se dá dos três aos cinco anos. O uso de fantoches,

acessórios, fantasias e animais em miniatura enriquecem bastante as atividades

infantis. Os bonecos e carrinhos são os brinquedos prediletos. Aos poucos os livros

de pano, usados anteriormente, vão sendo substituídos pelos livros de papel com

letras grandes e ilustrações.

Na faixa dos seis aos nove anos, o interesse se dá por jogos que estabelecem

regras definidas de utilização, tendo o prazer de compartilhar umas com as outras e

com adultos. Ela passa a entender o conceito de normas de brinquedo e organizar

seu comportamento social.

A partir dos dez anos, à medida que chega à pré-adolescência, estes desafios

passam a ser mais complexos, exigindo mais habilidades, tempo de concentração e

maior capacidade de abstração. O prazer está, acima de tudo, no convívio com os

outros. Devem ser estimulados, o teatro, a dança e os jogos coletivos.

3.3 – O Brincar e sua Influência no Desenvolvimento Infantil

Brincadeira de criança virou objeto de estudo de adulto, isto é, a ciência dos brinquedos e jogos está gerando conhecimentos práticos que podem ser úteis aos educadores, aos pais e até mesmo às próprias crianças na hora da escolha destes

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objetos, essenciais ao desenvolvimento infantil. Afinal, é brincando que a criança começa a se introduzir no universo social.

Segundo Winnicott, é no brincar e, talvez apenas no brincar, que a criança

ou adulto fluem sua liberdade de criação.

O brincar e o jogar facilitam a aprendizagem escolar. “È no brinquedo que a

criança projeta suas vivências.”

Quando brinca de escola, por exemplo, exercita o papel de aluno e professor;

quando brinca de casinha, faz às vezes de mãe, de pai e de filho. A atividade lúdica

é a melhor forma de uma criança colocar para fora suas dúvidas.

Aos poucos, a manifestação lúdica da primeira idade vai dando vez ao faz-

de-conta , assim, aflora a personalidade do futuro adulto.

Segundo a escola piagetiana o desenvolvimento resulta de combinações

entre aquilo que o organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio. O eixo

central, portanto, é a interação organismo / meio que se dá através de dois processos

simultâneos: a organização interna e adaptação ao meio, funções exercidas pelo

organismo ao longo de toda a vida.

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4 – O USO DO LÚDICO NA PSICOPEDAGOGIA

A psicopedagogia se efetua na sobreposição do aluno e a do professor, portanto

tratra-se de duas pessoas que brincam juntas, porém quando o brincar não é possível, o

trabalho efetuado pelo profissional é dirigido então no sentido de trazer a criança de um

estado em que ela não é capaz de brincar para um estado em que o é. Desta maneira estaria

estimulando desenvolvimento da área afetiva, cognitiva e social e viabilizando seu

aprendizado.

O brincar facilita o conhecimento e, portanto, a saúde; conduz aos relacionamentos

grupais, pode ser um eixo de vinculação na tarefa clínica psicopedagógica e é uma forma

altamente especializada de brincar a serviço da comunicação consigo mesmo e com os

outros.

A brincadeira é por si mesmo terapêutica, ou seja, consegue que as crianças

brinquem e possui uma aplicação imediata e universal, inclui o estabelecimento de uma

atitude social positiva com respeito ao brincar.

Os jogos psicopedagógicos adequados aos estágios de desenvolvimento são aqueles

que favorecem também a projeção do mundo simbólico da criança, do seu imaginário,

visando a articulação dos aspectos cognitivos e afetivos na aprendizagem. Estes jogos

podem ser usados na clinica psicopedagógica ou em escolas. Para cada situação a

abordagem será diferente. Neste estudo destacam-se as seguintes caixas:

a) Lógico-simbólica, que obedece critérios que facilitam a construção e a expansão

das categorias lógicas e do pensamento. Por ser também um material simbólico

figural, possibilita a criação de estórias pelas crianças, enriquecendo assim tanto

a sua lógica como a sua linguagem; faixa etária dos quatro aos onze anos.

b) Sensório-simbólica, trabalha a passagem do estágio de pensamento sensório-

motor para o estágio de pensamento simbólico. Favorece tanto os jogos motores

como os jogos simbólicos, levando também a criança a estabelecer as primeiras

relações de cor, forma, tamanho e base para os futuros conceitos de classe, série,

quantidade numérica; faixa etária dos dezoitos meses aos quatro anos.

c) Casa, permite que a criança interfira ludicamentoe no espaço de sua casa,

ajudando-a apropriar-se deste espaço nas suas dimensões reais e simbólicas;

faixa etária dos quatro aos nove anos.

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d) Escola, aprova a interferência lúdica do cliente no espaço de sua escola,

auxiliando-o a conquistá-lo nas suas dimensões reais e simbólicas; faixa etária

dos cinco aos nove anos.

Outros materiais significativos são:

• o bairro – busca a integração dos aspectos cognitivos e afetivos na construção do

conhecimento. O indivíduo passará do lúdico ao lógico e vice-versa, permitindo

ao psicopedagogo ou professor observar como o simbólico e o lógico se

articulam e também interferir nesta articulação através de propostas e

desequilibrações; faixa etária de sete aos quatorze anos;

• tangram – estimula o raciocínio espacial e a análise e síntese; faixa etária dos

oito anos em diante

• casas lógicas – trabalha categorias lógico-matemáticas da classificação e suas

implicações: dicotomia, inclusão e interseção de classes; faixa etária dos oito aos

onze anos;

• onde moro – usa jogos de construção, relações topológicas, jogo simbólico,

correspondência termo e início de jogo de regra; faixa etária dos dois aos seis

anos;

• boliche temático – introduz a noção de número e das operações numéricas

básicas, através de uma situação dramática, envolvendo captura dos

personagens, vencedores e perdedores; faixa etária de quatro a oito anos.

4.1 – A Brinquedoteca como Resignação do Conhecimento

A palavra brinquedoteca surgiu no Brasil em 1982, para denominar uma

biblioteca de brinquedos de uma escola. Também chamada de ludoteca é um

espaço onde essencialmente os alunos vão para brincar com estímulo à

manifestação de suas potencialidades e necessidades lúdicas. A brinquedoteca

exerce função psicopedagógica preventiva na aprendizagem através do brincar e

dos brinquedos, possibilitando a interação entre a criança e o objeto lúdico

adequadamente, além de desenvolver o relacionamento intragrupal precocemente

(socialização). Esta age como um agente interventor e facilitador de mudanças

sócios-afetivas e cognitivas.

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O papel da brinquedoteca é garantir o direito à brincadeira, com as crianças

livres para interagir com o brinquedo e com o outro; porém pode apresentar-se não

só como um espaço onde encontram-se um acervo de materiais lúdicos mas, sim,

como um local em que há manifestações e estímulos às atividades prazerosas.

Conforme o momento (tempo), o mesmo espaço transforma-se em vários

ambientes na semana, permitindo que se vivencie brincando, experiências bem

próximas da futura realidade quando mais maduro.

Sob o olhar psicopedágogico, se apresenta como recurso facilitador na

construção de vínculos entre as pessoas Resgata-se o brincar prazeroso e o

trabalho do professor lentamente vai se transformando; brincar para produzir

textos orais e escritos, reorganizar compartilhar, aprender, são os elementos para

essa construção.

O critério de seleção e aceitação dos objetos passam pela avaliação dos

usuários em conjunto, ensinantes e aprendentes, portanto encontram-se materiais

para a escrita para a leitura, brinquedos, sucatas, fantoches, roupas, enfim, tudo o

que se compra ou ganha, com possibilidade de fazer um trabalho vinculado. Dessa

forma, nas atividades da brinquedoteca as crianças, correlacionam as situações da

casinha, dos jogos e outras, com as sociais vividas, construindo e verificando as

noções: espaço, tempo, regras, acaso e causa, além de provarem o valor positivo

da competição sem rivalidade.

A brinquedoteca apresenta-se como um espaço psicopedagógico, onde o

conhecimento a ser adquirido tem a possibilidade de ser trabalhado em suas

significações e também de ser resignado, permitindo desta forma, a apropriação

deste saber, portanto, esses diversos ambientes que são criados facilitam a

mudança comportamental individual e a generalização de interesses por quaisquer

brincadeiras Esta, então, favorece o aprender de maneira sadia ao possibilitar o

crescimento da auto-estima individual, efetivando a cooperação e a socialização,

porque atua como fonte estimuladora e aceleradora da aprendizagem, a criança

motivada se permite a desafios pelo prazer constante de conhecer e poder criticar,

por estar inserida em ambiente onde tudo lhe é significante e tem significado,

terminado interessada além de satisfeita, pois aprendeu brincando.

É importante citar que em 1984 fundou-se no Brasil a Associação Brasileira

de Brinquedotecas, com o objetivo de assessorar pessoas e instituições filiadas,

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informando-as dos avanços da área, auxiliando na criação e manutenção destes

espaços, fomentando recursos para a realização de estudos e pesquisas,

promovendo cursos, seminários e congressos para divulgar os trabalhos nesta área.

Pode-se encontrar brinquedotecas em escolar e comunidades ou bairros, para

crianças portadoras de deficiências físicas e mentais, em hospitais, em

universidades para testagem de brinquedos, clínicas psicológicas, centros culturais

junto à biblioteca temporária e outros.

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5 – A PROPOSTA DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

Através da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) e do Referencial Curricular, o MEC (Ministério da Educação e Cultura) tem como proposta a qualidade de ensino, com o mérito de propiciar ao educador e Instituição instrumentos qualificadores para a educação. O lúdico surgi como um instrumento de amparo ao aprendizado através da brincadeira.

O MEC, junto com os professores, no decorrer de vários anos, constatou que o brincar e o educar, partem do mesmo principio, a brincadeira se torna aprendizagem e o aprendizado se torna uma brincadeira. O lúdico apresenta-se como uma forte alternativa para experimentar o “saber” conhecimento e diversão. A LDB, os PCNs e o Referencial Curricular são entregues a instituições e educadores, para que a educação seja organizada e qualificada em todo o país, dando a todos a mesma qualidade de ensino. 5.1 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação a favor do lúdico A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n.º 9.394/96), aprovada em 20 de dezembro de 1996, consolida e amplia o dever do poder publico para a educação em geral. No que diz respeito a função da escola, o artigo 1º diz:

“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e das manifestações culturais. § 1º. Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e a pratica social.

Em relação a Educação Infantil, no artigo 31º, afirma-se que:

“Na educação infantil, primeira etapa da educação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental”.

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De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil são exigidos alguns princípios norteadores a serem respeitados nas propostas pedagógicas nas instituições, como: Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e o Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturas. Com base nesta Lei, entende-se que o aprender pode ser um processo lúdico. Se a aprendizagem puder ser feita com prazer, tanto melhor. As instituições de ensino mesmo tendo conhecimento da lei, desviam o seu propósito, quando na verdade deveria efetivamente incentivar a convivência humana, interiorizar as regras da vida familiar e social e sedimentar a socialização.

5.2 – A participação dos Parâmetros Curriculares Nacionais e Referencias

Curriculares na educação

Os PCNs e os Referenciais Curriculares constituem referenciais de qualidade para a educação de todo o país. Sua função é orientar a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicas e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual. Por sua natureza aberta, configuram uma proposta flexível a ser concretizadas nas diferentes regiões e locais, decidindo sobre currículos e programas de transformação da realidade educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos professores. Esses referenciais não configuram, portanto, um modelo curricular homogêneo e impositivo, que se sobreporia à competência política-executiva dos estados e municípios, à diversidade sócio-cultural das diferentes religiões do país ou à autonomia de professores e equipes pedagógicas. Os PCNs e os Referenciais têm como proposta responder às necessidades a partir das quais o sistema educacional do país deve se organizar a fim de garantir que, respeitadas as diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas de uma sociedade múltipla, estratificada e complexa, a educação possa atuas decisivamente no processo de construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma crescente igualdade de direito entre os cidadãos baseado nos princípios democráticos. Essa igualdade implica necessariamente no acesso a totalidade dos bens públicos, entre os quais etá o conjunto dos conhecimentos socialmente relevantes. Entretanto, se estes Referenciais podem funcionar como elemento catalisador de ações na busca de uma melhoria da qualidade da educação brasileira, de modo algum pretendem resolver todos os problemas que afetam a qualidade do ensino e da aprendizagem no país. A busca da qualidade impõe a necessidade de investimentos em diferentes frentes, como a formação inicial e continuada de professores, uma política de salários dignos, planos de carreira, a qualidade do livro didático, de recursos televisivos e de multimídia, a disponibilidade de materiais didáticos.

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Porém a qualificação almejada, implica colocar também, no centro do debate, as atividades escolares de ensino e aprendizagem e a questão curricular como de inegável importância para a política educacional da nação brasileira. O jogo e as atividades em geral podem ser o principal veiculo para atender estas propostas, isto porque as diferentes combinações que um jogo pode encerrar, o uso de elementos desafiantes e externos, as interações entre os alunos em diferentes combinações em equipes facilitam a abordagem em diferentes temas, de forma interdisciplinar.

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CONCLUSÃO Na monografia apresentada não se pretendeu esgotar os estudos sobre o trabalho com o lúdico, porém, enfatizar a influencia do brincar prazeroso e criativo no espaço psicopedagógico, facilitando a relação didática do ser humano consigo, com o outro e com o próprio mundo, no processo de construção de aprendizagem. Sendo assim, apontou-se o lúdico como auxiliar no processo de estruturação da aprendizagem do sujeito.

Constatou-se, também, que essa questão não tem sido bem entendida pela sociedade que parece ainda estar vinculada a uma visão ultrapassada, simplista e ingênua da mesma, vendo-a como algo desnecessário e que não interfere no aprendizado da criança.

Concluiu-se que são muitas as fontes que se tem por estudar, refletir, pesquisar e

resgatar, colocando o valor do brincar como facilitador, na atuação da Psicopedagogia. O compromisso do psicopedagogo é fazer a interação do conhecimento com a

aprendizagem buscando nela o prazer de construir o seu próprio aprender e o bom desempenho no processo de ensino-aprendizagem.

Em síntese, pode-se dizer que a Psicopedagogia veio muito contribuir com as

ciências paramédicas e educacionais onde acredita que o aluno é capaz de vencer obstáculos e ultrapassar os limites de suas dificuldades escolares.

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BIBLIOGRAFIA

GARCIA, Regina Leite. Revisitando a pré-escola. São Paulo: Cortez, 1993. GIMENES, Beatriz Picolo. Brincadoteca: o mesmo principio em duas realidades. Psicopedagogia, São Paulo, v. 17, n. 45, p. 44-47, nov. 1998. NOFFS, Neide de Aquino. A brinquedoteca e a Psicopedagogia institucional. Psicopedagogia, São Paulo, v. 16. n. 41, p. 16-18, ago. 1997. CURY, C. R. J. Lei de Diretrizes e Base da Educação. Rio de Janeiro, Brasiliense: DP&A, 2001. JACQUIN, Guy. Educação pelo jogo. São Paulo: Flamboyant, 1963. KRAMER, Sonia (org.). Com a pré-escola nas mãos. 14. ed. São Paulo: Ática, 2001. MIRANDA, S. de. Do fascínio do jogo à alegria de aprender nas séries iniciais. Campina, São Paulo: Papirus, 2001. OLIVEIRA, Z. de M., MELLO, A. M., VITÓRIA, T. e FERREIRA, M. C. R. Creches: Crianças, Faz de conta & cia. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1999. SANTOS. Santa Marli Pires dos (org.). O lúdico na formação do educador. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

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ÍNDICE

PÁGINAS

INTRODUÇÀO 6

CAPÍTULO 1- VISÃO DO LÚDICO EM UMA SOCIEDADE 7

1.1- Escola x Aprendizagem......................................................... 8

1.2- Situação dos educadores........................................................ 9

1.3- O papel dos pais e responsáveis............................................ 11

CAPÍTULO 2- A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR 12

2.1- O que precisa no ambiente escolar......................................... 13

2.2- Aprender pelo prazer.............................................................. 14

CAPÍTULO 3- O SIGNIFICADO DO LÚDICO PARA A APRENDIZAGEM

16

3.1- A estrutura do pensamento da criança.................................... 16

3.2- Os aspectos sócio-afetivos na infância................................... 17

3.3- O brincar e sua influência no desenvolvimento infantil......... 18

CAPÍTULO 4- O USO DO LÚDICO NA PSICOPEDAGOGIA 19

4.1- A brinquedoteca como resignação do conhecimento............. 20

CAPÍTULO 5- A PROPOSTA DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

23

5.1- Lei de Diretrizes e Bases da educação a favor do lúdico........ 23

5.2- A participação dos parâmetros curriculares nacionais e referências curriculares na Educação......................................

24

CONCLUSÃO 26

BIBLIOGRAFIA 27

ÍNDICE 28

FOLHA DE AVALIAÇÃO 29

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