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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Lucinéia Valverde de Freitas dos Santos Orientadora: Professora Mary Sue Carvalho Pereira Rio de Janeiro 2009

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL · passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição deixou de

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Lucinéia Valverde de Freitas dos Santos

Orientadora: Professora Mary Sue Carvalho Pereira

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Lucinéia Valverde de Freitas dos Santos

Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” da Universidade Candido Mendes em Educação Infantil e Desenvolvimento.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais que sempre estiveram ao meu lado e me

incentivaram na conquista de um sonho que hoje é uma

realidade.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, porque Ele tem sido meu refúgio e fortaleza, um

socorro bem presente em todas as horas da minha vida.

Aos meus parentes e amigos pelas palavras de ânimo e

apoio.

À professora orientadora, pela atenção e incentivo

durante esse período.

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RESUMO

Esta pesquisa objetivou coletar dados que comprovassem a

importância do lúdico na Educação Infantil, visto que jogos e brincadeiras são,

conforme os estudiosos, experiências afetivas que se correlacionam ao

ambiente e devem ser aplicadas nas crianças em fase escolar. Dessa forma,

buscou-se o verdadeiro sentido do “brincar”, como ferramenta pedagógica.

Algumas considerações importantes sobre os jogos e brinquedos foram

apresentadas e esperamos ter alcançado um trabalho de pesquisa consciente

acerca da importância do ato de brincar na vida do ser humano, e em especial

na vida da criança. A evolução da leitura e da escrita, tendência natural,

expressiva e criativa da criança, pode ser promovida pelo educador por meio

de atividades lúdicas como apoio ao processo de aquisição da linguagem

escrita e falada. Estas atividades que, bem dirigidas, certamente contribuirão

no desenvolvimento da psicomotricidade e no processo cognitivo.

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METODOLOGIA

Foram utilizadas as pesquisas bibliográficas. Constituída

principalmente de artigos científicos e livros, visto que permitiu, com segurança,

abordar e paralelamente comprovar a importância do lúdico na Educação

Infantil.

A intenção primeira foi corroborar a tese de que a atividade lúdica

facilita e desenvolve a aprendizagem.

Sendo a pesquisa bibliográfica a principal fonte, o instrumento de

coleta de dados foi o fichamento de informações retiradas desta, objetivando a

otimização do estudo realizado.

Os dados coletados foram dispostos em fichas bibliográficas. Após a

coleta dos dados foi feita a leitura crítica e interpretativa das fontes, foram

observados os pontos mais importantes que serviram de embasamento teórico

do trabalho.

Após a organização das fichas, foram realizadas anotações das

considerações e comentários pertinentes, expostos por cada autor. Foram

relacionadas entre si, e outros autores. Dessa forma, foi possível desenvolver

uma análise fundamentada e expor considerações pessoais.

O método utilizado para a análise dos dados consistiu no método

indutivo, ou seja, partindo de princípios particulares e chegando à

generalização como um produto posterior do trabalho de coleta dos dados

particulares. Dessa forma, foi possível a observação e a comprovação dos

fatos e/ou fenômenos que corroboraram a importância do lúdico na Educação

Infantil.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA DO LÚDICO 11

CAPÍTULO II

A CAPACITAÇÃO DOS PROFESSORES 19

CAPÍTULO III

OS BENEFÍCIOS DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL26

CONCLUSÃO 39

ANEXO 42

BIBLIOGRAFIA 43

ÍNDICE 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 48

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INTRODUÇÃO

Nas sociedades antigas, já encontrávamos práticas lúdicas diversas.

Os jogos e as brincadeiras entre crianças e adultos eram voltados à formação

do indivíduo. Na Grécia e em Roma, a formação do menino nas artes da guerra

e da pesca envolvia elementos lúdicos. Os jogos olímpicos representam uma

antiga tradição de manifestação do lúdico que associa o esporte, a competição,

a festa e o espetáculo a um conteúdo religioso, de culto aos deuses.

Nas sociedades medievais, o lúdico estava intensamente presente

entre adultos em suas festas religiosas e profanas, ou nas feiras, confundindo

trabalho e lazer, público e privado.

No Brasil colonial, os jesuítas utilizavam iconografia, teatro, canto,

dança e tradições indígenas para catequizar os índios.

Atualmente, educação lúdica é um instrumento de unificação, de

libertação e de transformação para o educando. É uma prática desafiadora,

inovadora, possível de ser aplicada em sala de aula, assim como fizeram

nossos antepassados. Os resultados positivos desse importante instrumento

pedagógico foram observados ao longo dessa pesquisa.

Ressaltamos que para chegarmos ao resultado positivo e eficiente

há necessidade de um profissional da educação também preparado em

assumir a responsabilidade de facilitador dos jogos, das brincadeiras, da

utilização dos brinquedos e principalmente da organização dos espaços lúdicos

para criança de 0 a 6 anos.

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O professor precisa estar preparado. Não pode aplicar uma

brincadeira sem saber por que deve aplicá-la. Precisa saber se está adequada

à faixa etária que está trabalhando. E, principalmente, precisa ter um objetivo.

Levantamos alguns aspectos considerados importantes para facilitar

a relação da criança e do professor nas atividades lúdicas. Estas informações

foram tiradas do projeto "Brincar é coisa séria" desenvolvido pela Fundação

Samuel - São Paulo, em campanha realizada em 1991, p.8, 9 e 10.

Nos jogos de regras, o professor tem a possibilidade de estimular

valores éticos que serão importantes para sempre na vida dos pequenos

cidadãos. A competição não deve ter mais importância do que as atitudes

cooperativas entre as crianças. O respeito às regras e ao direito do outro são

atitudes que ultrapassam o muro da escola.

Registramos nesse trabalho as teorias de importantes

pesquisadores da Educação que escreveram sobre o lúdico na Educação

Infantil. Tais como: Piaget, Vygotsky, Negrine e Paulo Freire, entre outros.

Foi inevitável a associação família/atividades lúdicas/escola, porque

em estudos realizados sobre aprendizagem e desenvolvimento infantil,

encontramos que "quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma

pré-história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas através

da atividade lúdica". Sendo assim, o aspecto do histórico familiar também deve

ser considerando para chegarmos a um resultado eficiente ao final de um ciclo

com atividades lúdicas.

A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade

e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto

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lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, cultural e social e

ajuda na boa saúde física e mental.

O trabalho de pesquisa, aqui realizado, concluiu que a atividade

lúdica além de ser uma ferramenta pedagógica pode chegar a resultados

terapêuticos até na vida adulta. O pesquisador belga Godelieve Denys-Struyf,

em seu livro Cadeias musculares e articulares: o método GDS, trata da leitura,

da postura, dos gestos e das formas do corpo e utiliza o movimento como

princípio para a reeducação deles próprios.

O trabalho realizado pela Intrépida Trupe foi apontado por

especialistas como uma aplicação prática desses ensinamentos teóricos. A

solução para resgatar um equilíbrio corporal pode ser através de tratamento

fisioterápico, mas também de forma lúdica: subindo em um pano, aprendendo a

dar cambalhota, se equilibrando no trapézio, se reorganizando. A acrobata e

coordenadora do Espaço de Criação da Intrépida Trupe, Vanda Jacques

afirmou: “A criança mesmo se corrige, se descobre, quando brinca consigo

mesma, com o outro, com diferentes texturas, diferentes posições do corpo e

tem visões mais amplas do espaço”. Segundo Tizuko Kishimoto:

“As ciências do cérebro e a medicina descobrem o impacto do estresse na vida do homem e os efeitos do bem-estar no desenvolvimento do bebê. Essas descobertas mudam o rumo de nossas concepções. Se há impacto na vida – não só das crianças, mas também do adulto -, o riso, o humor, a metacomunicação, o ócio começam a fazer parte da mais-valia dos tempos atuais”.

(Revista Nós da Escola. No. 36/2006, pág. 31)

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CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA DO LÚDICO

Algumas escolas têm trabalhado a atividade lúdica com as crianças

restringindo-as a exercícios repetidos de discriminação viso-motora e auditiva,

através do uso de brinquedos, desenhos coloridos e músicas ritmadas.

Fazendo isso, bloqueiam a organização independente das crianças para a

brincadeira.

“É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços

para que o caráter lúdico do lazer seja vivenciado com intensidade capaz de

formar a base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo

para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a canção... como se fora

brincadeira de roda...” (MARCELINO, Nelson.C.,1996.p.38).

Através da Educação devemos formar pessoas criticas e criativas,

que inventem, descubram, que sejam capazes de construir conhecimento. Não

devendo aceitar simplesmente o que os outros já fizeram. Esta aí a grande

importância de termos alunos que sejam ativos, que cedo aprendam a

descobrir, adotando assim uma atitude mais de iniciativa do que de

expectativa.

A Educação Infantil deve promover o desenvolvimento global da

criança, para tanto é preciso considerar os conhecimentos que ela já possui e

proporcionar a criança vivenciar seu mundo, explorando, respeitando e

reconstruindo. Nesse sentido, a Educação Infantil deve trabalhar a criança a

partir de suas características individuais, estimulando-as para crescerem

criativas, inventivas e acima de tudo se tornarem pessoas críticas.

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Quando o aluno chega à escola traz consigo conhecimentos

oriundos da própria atividade lúdica. A escola deve aproveitar esses

conhecimentos.

A ação de brincar, segundo ALMEIDA (1994), é algo natural na

criança e por não ser uma atividade sistematizada e estruturada, acaba sendo

a própria expressão de vida da criança. RIZZI e HAYDT convergem para a

mesma perspectiva quando afirmam: “O brincar corresponde a um impulso da

criança, e dessa forma, satisfaz uma necessidade interior, pois o ser humano

apresenta uma tendência lúdica” (1987 p. 14).

É responsabilidade do educador, na Educação Infantil, auxiliar a

criança para ampliar de fato as suas possibilidades de ação, proporcionando à

criança brincadeiras que possam contribuir para o seu desenvolvimento

psicossocial e conseqüentemente para a sua educação.

Emília Ferreiro (1989) cita a importância de se oferecer à criança

ambientes agradáveis onde se sinta bem e à vontade, pois a criança deverá se

sentir como integrante do meio em que está inserida.

Idealizar o lúdico como atividade apenas de prazer e diversão,

negando seu caráter educativo é uma concepção errônea e sem fundamento.

1.1 - A origem do lúdico

A origem da palavra lúdico é latina "ludus" que significa "jogo”. Se

nos prendêssemos a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao

jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo.

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A evolução semântica da palavra "lúdico", entretanto, não parou apenas nas

suas origens e acompanhou as pesquisas de Psicomotricidade. O lúdico

passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do

comportamento humano. De modo que a definição deixou de ser o simples

sinônimo de jogo.

As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações

do brincar espontâneo. Na atividade lúdica, o que importa não é apenas o

produto da atividade, mas a própria ação, o momento vivido. Possibilita a quem

a vivencia, momentos de encontro consigo e com o outro, momentos de

fantasia e de realidade, de percepção, momentos de autoconhecimento e

conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro, momentos de vida.

Uma aula com características lúdicas não precisa ter jogos ou brinquedos. O

que traz ludicidade para a sala de aula é muito mais uma "atitude" lúdica do

educador e dos educandos. Assumir essa postura implica sensibilidade,

envolvimento, uma mudança interna, e não apenas externa, implica não

somente uma mudança cognitiva, mas, principalmente, uma mudança afetiva.

A ludicidade exige uma predisposição interna, o que não se adquire apenas

com a aquisição de conceitos, de conhecimentos, embora estes sejam muito

importantes. Uma fundamentação teórica consiste em dar o suporte necessário

ao professor para o entendimento dos porquês de seu trabalho. Trata-se de ir

além, ou talvez melhor dizendo, um pouco mais fundo. Trata-se de formar

novas atitudes, daí a necessidade de que os professores estejam envolvidos

com o processo de formação de seus educandos. Isso não é tão fácil, pois,

implica rescindir com um modelo, com um padrão já instituído, já internalizado.

Por meio da brincadeira a criança envolve-se no jogo e sente a

necessidade de partilhar com o outro. Ainda que em postura de adversário, a

parceria é um estabelecimento de relação. Esta relação expõe as

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potencialidades dos participantes, atinge as emoções e põe à prova as

aptidões testando limites. Brincando e jogando a criança terá chance de

desenvolver capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional, tais

como atenção, afetividade, o hábito de permanecer concentrado e outras

habilidades perceptuais psicomotoras. Brincando a criança torna-se operativa.

Observamos que quando existe representação de uma determinada situação

(especialmente se houver verbalizado) a imaginação é desafiada pela busca de

solução para problemas criados pela vivência dos papéis assumidos. As

situações imaginárias instigam a inteligência e desenvolvem a criatividade.

O ato de criar permite uma Pedagogia do Afeto na escola. Permite

um ato de amor, de afetividade cujo território é o dos sentimentos, das paixões,

das emoções, por onde transitam medos, sofrimentos, interesses e alegrias.

Uma relação educativa que pressupõe o conhecimento de sentimentos próprios

e alheios que exige do educador a disponibilidade corporal e o envolvimento

afetivo, como também, cognitivo de todo o processo de criatividade que

envolve o sujeito-ser-criança. A afetividade é estimulada por meio da vivência,

a qual o educador estabelece um vínculo de afeto com o educando. A criança

necessita de estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem. O

afeto pode ser uma maneira eficaz de se chegar perto do sujeito e a ludicidade,

em parceria, um caminho estimulador e enriquecedor para se atingir uma

totalidade no processo do aprender.

1.2 - As fases do desenvolvimento da criança

Vários autores se dedicaram ao estudo do jogo, entretanto Piaget

elaborou uma "classificação genética baseada na evolução das estruturas”.

Piaget classificou os jogos em três grandes categorias que

correspondem às três fases do desenvolvimento infantil, são elas:

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Fase sensório-motora (do nascimento até os 2 anos aproximadamente): a

criança brinca sozinha, sem utilização da noção de regras.

Fase pré-operatória (dos 2 aos 5 ou 6 anos aproximadamente): As crianças

adquirem a noção da existência de regras e começam a jogar com outras

crianças jogos de faz-de-conta.

Fase das operações concretas (dos 7 aos 11 anos aproximadamente): as

crianças aprendem as regras dos jogos e jogam em grupos. Esta é a fase dos

jogos de regras como futebol, damas, etc. Assim Piaget classificou os jogos

correspondendo a um tipo de estrutura mental:

1.2.1 - Jogos de exercício sensório-motor

Como já foi dito antes, o ato de jogar é uma atividade natural no ser

humano. Inicialmente a atividade lúdica surge como uma série de exercícios

motores simples. Sua finalidade é o próprio prazer do funcionamento. Estes

exercícios consistem em repetição de gestos e movimentos simples como

agitar os braços, sacudir objetos, emitir sons, caminhar, pular, correr, etc.

Embora estes jogos comecem na fase maternal e durem predominantemente

até os 2 anos, eles se mantêm durante toda a infância e até na fase adulta. Por

exemplo, andar de bicicleta, moto ou carro.

1.2.2 - Jogos simbólicos

O jogo simbólico aparece predominantemente entre os 2 e 6 anos. A

função desse tipo de atividade lúdica, de acordo com Piaget, "consiste em

satisfazer o “eu” por meio de uma transformação do real em função dos

desejos", ou seja, tem como função assimilar a realidade. (PIAGET, 1997)

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A criança tende a reproduzir nesses jogos as relações

predominantes no seu meio ambiente e assimilar dessa maneira a realidade e

uma maneira de se auto-expressar. Esse jogo-de-faz-de-conta possibilita à

criança a realização de sonhos e fantasias, revela conflitos, medos e angústias,

aliviando tensões e frustrações.

Entre os 7 e 11-12 anos, o simbolismo decai e começam a aparecer

com mais freqüência desenhos, trabalhos manuais, construções com materiais

didáticos, representações teatrais, etc. Nesse campo o computador pode se

tornar uma ferramenta muito útil, quando bem utilizada. Piaget não considera

este tipo de jogo como sendo um segundo estágio e sim como estando entre

os jogos simbólicos e de regras. O próprio Piaget afirma: "... é evidente que os

jogos de construção não definem uma fase entre outras, mas ocupam, no

segundo e, sobretudo no terceiro nível, uma posição situada no meio do

caminho entre o jogo e o trabalho inteligente...".

1.2.3 - Jogos de regras

O jogo de regras, entretanto, começa a se manifestar por volta dos

cinco anos, desenvolve-se principalmente na fase dos 7 aos 12 anos. Este tipo

de jogo continua durante toda a vida do indivíduo (esportes, trabalho, jogos de

xadrez, baralho, RPG, etc.).

Os jogos de regras são classificados em jogos sensório-motor

(exemplo futebol), e intelectual (exemplo xadrez).

O que caracteriza o jogo de regras é a existência de um conjunto

de leis imposto pelo grupo, sendo que seu descumprimento é normalmente

penalizado, e uma forte competição entre os indivíduos. O jogo de regras

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pressupõe a existência de parceiros e um conjunto de obrigações (as regras), o

que lhe confere um caráter eminentemente social. Este jogo aparece quando a

criança abandona a fase egocêntrica possibilitando desenvolver os

relacionamentos afetivo-sociais.

1.3 - O lúdico na perspectiva dos teóricos

Entender o papel do jogo na relação afetivo-emocional e de

aprendizagem requer que percebamos estudos de caráter psicológico, como

mecanismos mais complexos, típicos do ser humano, como a memória, a

linguagem, a atenção, a percepção e a aprendizagem.

Elegendo a aprendizagem como processo principal do

desenvolvimento humano, enfocamos Vygotsky (1984) que afirma: a zona de

desenvolvimento proximal é o encontro do individual com o social, sendo a

concepção de desenvolvimento abordada não como processo interno da

criança, mas como resultante da sua inserção em atividades socialmente

compartilhadas com outros, atividades interdisciplinares que permitem a troca e

a parceria. Ser parceiro é sê-lo por inteiro. Nesse sentido, o conhecimento é

construído pelas relações interpessoais e as trocas recíprocas que se

estabelecem durante toda a vida formativa do indivíduo.

Machado (1966) salienta que a interação social implica

transformação e contatos com instrumentos físicos e/ou simbólicos mediadores

do processo de ação. Esta concepção reconhece o papel do jogo para

formação do sujeito, atribuindo-lhe um espaço importante no desenvolvimento

das estruturas psicológicas.

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De acordo com Vygtsky (1984), é no brinquedo que a criança

aprende a agir numa esfera cognitiva. Segundo o autor, a criança comporta-se

de forma mais avançada do que nas atividades da vida real, tanto pela vivência

de uma situação imaginária, quanto pela capacidade de subordinação às

regras.

Segundo Snyders (1988), o despertar para o valor dos conteúdos

das temáticas trabalhadas é que fazem com que o sujeito aprendiz tenha

prazer em aprender. Esses conteúdos são despertados pelo prazer de querer

saber e conhecer. Devemos despertá-los para, com sabedoria, podermos

exteriorizá-los na nossa vida diária. A alegria, a fé, a paz, a beleza e o prazer

das coisas estão dentro de nós. Por entender e concordar com o autor

percebemos que se o professor não aprende com prazer não poderá ensinar

com prazer.

Sala de aula é um lugar de brincar se o professor consegue conciliar

os objetivos pedagógicos com os desejos do aluno. Para isso é necessário

encontrar equilíbrio sempre móvel entre o cumprimento de suas funções

pedagógicas e contribuir para o desenvolvimento da subjetividade, para a

construção do ser humano autônomo e criativo.

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CAPÍTULO II

A CAPACITAÇÃO DOS PROFESSORES

Apesar de a brincadeira ser uma atividade espontânea nas crianças,

isso não significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela,

inclusive, uma atitude de observação que lhe possibilitará conhecer muito

sobre as crianças com que trabalha.

A criação de espaços e tempos para as brincadeiras é uma das

tarefas mais importantes do professor, principalmente na escola de educação

infantil. Cabe-lhe preparar os espaços de modo a possibilitar as diferentes

formas de jogos, de forma, por exemplo, que as crianças que estejam

desempenhando uma atividade mais sedentária não sejam atrapalhadas por

aquelas que realizam uma atividade que exige mais mobilidade e expansão de

movimentos.

O professor precisa estar atento à idade e às capacidades de seus

alunos para selecionar e deixar à disposição materiais apropriados. O material

deve ser suficiente tanto quanto à quantidade, como pela diversidade, pelo

interesse que despertam pelo material de que são feitos. Lembrando sempre

da importância de respeitar e propiciar elementos que favoreçam a criatividade

das crianças. A sucata é um exemplo de material que atende vários destes

requisitos.

Uma observação atenta pode mostrar ao professor que sua

participação seria interessante para enriquecer a atividade desenvolvida,

introduzindo novos personagens ou novas situações que tornem o jogo mais

rico e interessante para as crianças, aumentando suas possibilidades de

aprendizagem.

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Valorizar as atividades das crianças, interessando-se por elas,

animando-as pelo esforço, evitando a competição, pois em brincadeiras não

competitivas não existem ganhadores ou perdedores. Outro modo de estimular

a imaginação das crianças é servir de modelo, brincar junto ou contar como

brincava quando tinha a idade delas.

O professor pode proporcionar aos alunos situações de brincar livre

e de brincar dirigido, auxiliando assim, significativamente na aprendizagem do

educando, desta forma estará exercendo o papel de mediador, observador e

avaliador deste processo.

O brincar livre num primeiro momento é essencial para que a criança

possa descobrir tudo à sua volta e experimentar por ela mesma o pensar, o

falar e o agir. É através deste brincar que o educador pode observar a

manifestação da aprendizagem da criança; também é neste momento que

pode entender os interesses reais do educando e assim esquematizar e avaliar

com mais eficiência seu trabalho pedagógico. Apesar disso, estes momentos

devem ser combinados com atividades orientadas, para que a aprendizagem

seja cada vez mais ampliada. Quando o professor passa a orientar uma certa

atividade, em concordância com Moyles (2002), canaliza a exploração e a

aprendizagem do brincar livre levando as crianças a um estágio mais avançado

de entendimento.

Sendo assim, podemos citar como exemplo atividades com os

chamados blocos lógicos. Num primeiro momento, durante o brincar livre, as

crianças podem perceber de antemão as formas que rolam e outras que não

rolam, relacioná-las com objetos conhecidos por elas, espessuras diferentes,

cores, etc. Num segundo momento, orientados pelo professor, podem

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sistematizar alguns destes conceitos, avançando desta forma na

aprendizagem.

2.1- A escolha da atividade lúdica

Conforme Aléxis N. Leontiev (2001), um estudioso da abordagem

histórico cultural, a brincadeira não é um ato instintivo, mas sim, genuinamente

humano, cheio de significação social e histórica. Este ato lúdico começa por

volta dos três anos de idade. Na idade pré-escolar a brincadeira possui um fim

em si mesmo, isto é, a criança não brinca para alcançar algum resultado, a

satisfação está na realização do processo deste ato. Com o desenvolvimento, a

criança vai adquirindo uma maior consciência do mundo objetivo, criando

assim, a necessidade cada vez maior de agir sobre os objetos humanos e de

imitar os adultos, no entanto estas ações ainda são limitadas por seu

desenvolvimento psíquico e motor. A forma de brincar também vai se

modificando com o passar dos anos. Uma criança pré-escolar brinca de uma

maneira diferente de uma criança em idade escolar.

Podemos dizer que a atividade lúdica de uma criança é real e

imaginária ao mesmo tempo. Por exemplo, quando brinca com uma boneca,

cuida como se fosse um bebê de verdade, preocupando-se para que não caia,

dando a ela, até mesmo comida de verdade, porém, tem a consciência de que

este objeto não é real. Durante a brincadeira as crianças agem reproduzindo o

mundo adulto.

Outro exemplo que ilustra bem esta questão do real e do imaginário

são as constantes batalhas travadas pelos alunos em sala de aula. Geralmente

usam como armas blocos de montar ou mesmo as próprias mãos. Eles rolam

pelo chão como se estivessem escapando das balas dos revólveres.

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As escolas, através de práticas educativas conscientes, podem

tornar-se lugares prazerosos e que realmente promovam o desenvolvimento

integral destes indivíduos e não um lugar onde lhe são roubados o verdadeiro

prazer de viver.

Em alguns brinquedos está implícita a intenção de preparar a

criança para o mundo adulto, e não proporcionar a ela a vivência desta fase

tão singular da vida. As meninas brincam de casinha, passam roupa com ferros

de plástico, varrem o chão com mini vassourinhas e cuidam das bonecas (dos

filhos) e os meninos consertam objetos utilizando ferramentas plásticas,

constroem casas com blocos de montar e dirigem carros. “... Desta forma, o

brinquedo é considerado como ‘microcosmo adulto’. E assim entendido passa a

ser, do meu ponto de vista, mais um instrumento de dominação de grandes

sobre pequenos... para a mera demonstração de uma falsa felicidade adulta.”

(MARCELLINO, 1990, p. 67).

Muitas vezes, como professores ou pais, tudo isso passa-nos

despercebido. É primordial que os professores tenham isto em mente ao

planejar as aulas, para que possam formar indivíduos completos, trabalhando

equilibradamente as dimensões corporal, afetiva e cognitiva.

Outro fato que se opõe à verdadeira vivência do lúdico e da

produção da cultura infantil é o consumo exagerado de produtos (brinquedos)

que a sociedade moderna nos impõe, fazendo com que as crianças muitas

vezes deixem de lado o prazer e o gosto de criar, de fazer seus próprios

brinquedos, de descobrir seu potencial criativo, pois afinal os apelos da mídia

são intensos. A cada dia surgem nos meios de comunicação brinquedos

eletrônicos, jogos cheios de detalhes, muitos totalmente vazios de conteúdo. O

apelo comercial desenfreado angustia cada vez mais as crianças, deixando-as

iludidas com promessas de alegria e satisfação. Estas questões foram muito

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bem ilustradas na História em Quadrinho do autor Joaquim Salvador Lavado,

conhecido como Quino (1993) vide anexo 1.

Assim sendo, devemos proporcionar às crianças momentos de

reflexão para que aos poucos entendam que a mídia muitas vezes nos faz

pensar que algumas pessoas são mais felizes do que outras apenas por

possuírem mais objetos, no caso brinquedos, e que isso não é

necessariamente verdade.

2.2- brincadeiras sócio-educativas

Os jogos que dão início às brincadeiras pré-escolares na visão de

Leontiev (2001) são os chamados jogos de enredo ou teatrinho; neste tipo de

jogo a criança atribui a si própria o papel principal da brincadeira, possuindo

este uma função social. Como exemplo podemos citar brincadeiras onde as

funções de professor, motorista e outras são representadas. Este jogo tem

como características principais o papel e a situação imaginária explícita; a

regra permanece oculta, subentendida.

Outro tipo de jogo classificado por ele são os jogos de regras,

decorrentes do jogo de enredo; neste, a regra é que é explícita, incluindo algum

objetivo, já o papel e a situação são imaginários, subentendidos. Neste tipo de

jogo é que as relações sociais começam a ser mais evidenciadas, introduzindo

assim um elemento moral nas atividades, pois a criança, além de respeitar as

regras, deve agir respeitando os companheiros.

No ensino da leitura e da escrita, deve-se levar em conta o

relacionamento da estrutura da língua e a estrutura do lúdico. Podem-se

também estabelecer relações entre o brinquedo sócio dramático das crianças,

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sua criatividade, desenvolvimento cognitivo e as habilidades sociais. Entre elas

destacam-se: criação de novas combinações de experiências; seletividade e

disciplina intelectual; concentração aumentada; desenvolvimento de

habilidades de cooperação entre outros.

Para Suntton & Smith (1971), as crianças classificadas como mais

lúdicas são mais aplicadas em atividades físicas durante a brincadeira,

podendo tornar-se mais alegres, bem humoradas e mais flexíveis com o grupo.

Afirma ainda que todas as matérias escolares permitem aproveitar a ludicidade

para cada tipo de conhecimento. Sendo assim, para a criança fazer a

transposição entre a língua oral e a escrita, é necessário trabalhar

primeiramente o concreto, pois para ela a alfabetização torna-se mais fácil

através da ludicidade.

A função dos brinquedos, na obtenção de melhor equilíbrio

emocional de crianças, foi percebida e utilizada na área educacional, pois

atividades físicas e recreativas influenciam positivamente em vários outros

aspectos afetivo-sociais das crianças.

O brinquedo, como atividade agradável, não pode ser confundido

com um jogo de sentido de “competições”, que podem significar obrigação,

treinamento, atividade difícil, fanatismo, ansiedade, etc.

Toda vez que a competitividade ou a agressividade superam os

demais atributos do jogo, este passa a ser jogo-vício ou jogo-obrigação. O

jogo-brinquedo é, em essência, de natureza criativa. Pessoas criativas como os

escritores e artistas apresentam uma atitude bem humorada e lúdica diante da

vida.

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As crianças com curiosidades mais altas tiveram melhores respostas

quando podiam manipular objetos através das atitudes lúdicas, encontrando

correlação entre o brinquedo e o comportamento de busca de informação.

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CAPÍTULO III

OS BENEFÍCIOS DO LÚDICO PARA O

DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Estudos e pesquisas têm evidenciado a importância das atividades

lúdicas no desenvolvimento das potencialidades humanas das crianças,

proporcionando condições apropriadas ao seu desenvolvimento emocional,

físico, motor, cognitivo, e social. Resumidamente, podemos dizer que atividade

lúdica é toda e qualquer animação que tem como intenção causar prazer e

entretenimento a quem pratica. Sendo assim, são lúdicas as atividades que

propiciam a experiência completa do momento, associando o ato, o

pensamento e o sentimento. A criança se expressa, assimila conhecimentos e

constrói a sua realidade quando pratica alguma atividade lúdica. Também é

uma característica da criança espelhar a sua experiência, modificando a

realidade de acordo com seus gostos e interesses.

Na Educação Infantil é possível comprovar a influência positiva das

atividades lúdicas em um ambiente agradável, desafiador, rico em

oportunidades e experiências para o crescimento sadio das crianças. Os

primeiros anos de vida são decisivos na formação da criança, pois se trata de

um período em que a identidade e grande parte de sua estrutura física, sócio

afetiva e intelectual está sendo construída. É, sobretudo, nesta fase que se

deve adotar várias estratégias, entre elas as atividades lúdicas, que são

capazes de intervir de forma positiva no desenvolvimento da criança,

completando suas necessidades biopsicossociais, garantindo-lhe condições

apropriadas para desenvolver suas competências.

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As instituições que atendem crianças de 0 a 5 anos, devem

promover o seu desenvolvimento integral, aumentando suas experiências e

conhecimentos, de forma a instigar o interesse pela dinâmica da vida social e

colaborar para que sua integração e convivência na sociedade sejam

produtivas e marcadas pelos valores de liberdade, solidariedade, cooperação e

respeito. As instituições infantis precisam ser acolhedoras, encantadoras,

estimuladoras, acessíveis às crianças e ainda proporcionar condições de

atendimento às famílias, permitindo a realização de ações sócio educativas.

3.1 - O movimento do corpo e o desenvolvimento intelectual

Creches e escolas devem ser espaços onde todas as linguagens e

formas de expressão e de interação aconteçam. Desde o nascimento, as

crianças gesticulam, se comunicam com o corpo, com o olhar, com as mãos

para demonstrar o que desejam. O olhar dessas mesmas crianças da

educação infantil também indica satisfação, idéias, felicidade, incertezas e

conflitos. Os corpos falam e eles têm suas razões. O educador deve cuidar de

sua expressão e posturas corporais ao se relacionar com as crianças. Sendo

assim, concluímos que o corpo é um veículo expressivo que deve ser usado

valorizando e adequando os próprios gestos, mímicas e movimentos na

comunicação com o educando.

As crianças têm um corpo que age integrado às suas emoções e às

estruturas cognitivas. Afinal, sabemos que a parte motora está conectada às

estruturas mentais de pensamento e estas, das emoções e da história de cada

criança. As práticas educativas devem sustentar todos esses aspectos de

forma integrada, como:

““Serra, serra serrador”, envolvendo o movimento e o contato do corpo. Os comandos neurológicos, os afetos, as funções mentais superiores já adquiridas ou em via de estruturação

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articulados com os músculos do corpo, com o ritmo da criança, se completam e brincam juntos. A organização do trabalho com o corpo e o movimento deverá respeitar as diferentes capacidades das crianças em cada faixa etária, bem como as diversas culturas corporais presentes em muitas regiões do país. O trabalho deve ser um processo contínuo e integrado que envolva múltiplas experiências corporais, possíveis de serem realizadas pelas crianças sozinhas ou em situações de interação. Jogos, danças, atividades esportivas e outras práticas sócias, brincadeiras que envolvam o canto e o movimento, simultaneamente, possibilitam a percepção rítmica, a identificação de segmentos do corpo e o contato físico. Guardar elementos menores em recipientes maiores, encaixar, empilhar, construindo torres, dar cambalhotas, pôr a cadeira sob a mesa, recolher lápis de cera, brincar de piques variados são situações em que o psicomotor está sendo, diretamente usado”.

(Revista Multieducação temas em debate. Prefeitura do RJ,1996).

Alguns materiais que a criança utiliza nas atividades lúdicas podem

proporcionar experiências significativas à sensibilidade corporal. Diferentes

texturas de tecidos, manusear objetos com diferentes pesos e temperaturas

tornam-se uma experiência prazerosa. Mímica facial e gestos são importantes

na expressão de sentimentos e para a comunicação. Fazer caretas ou imitar

bichos propicia a descoberta das possibilidades expressivas deles mesmos e

dos outros.

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Quanto menos idade tiver a criança, maior é a responsabilidade do

educador de lhe oferecer experiências posturais variadas. Um simples espelho

nessa fase é capaz de permitir a criança se ver refletindo ao mesmo tempo e

desta forma vivenciar e compartilhar descobertas. Em torno disso, o educador

deve organizar atividades que exijam aperfeiçoamento das capacidades

motoras e novos desafios para as crianças. Um exemplo de atividade que

propicie descoberta e exploração de movimento: a utilização de materiais que

rolem pelo chão, como cilindros e bolas de vários tamanhos. Tal atividade vai

permitir as crianças engatinharem, arrastarem ou caminharem atrás dos

objetos. A bola é um objeto que permite diversos movimentos e normalmente

proporciona exercícios que utilizam a força dos músculos, dos braços e das

pernas.

“No Brasil existem inúmeras danças, folguedos, brincadeiras de roda e cirandas: maracatu, frevo, chula e a quadrilha, entre outras. As brincadeiras de roda, além do caráter de socialização, trazem a possibilidade de realização de movimentos de diferentes qualidades expressivas e rítmicas. Participar de brincadeiras de roda ou de danças circulares, como “A galinha do vizinho” ou “Ciranda, cirandinha”, favorece o desenvolvimento da noção de ritmo individual e coletivo. Brincadeiras como “Seu Lobo” e “Siga o Mestre” favorecem a imitação e o reconhecimento do corpo”.

(Revista Multieducação temas em debate. Prefeitura do RJ,1996).

Após as brincadeiras que exigem muitos movimentos das crianças

é possível pedir que observem seus sinais vitais e suas alterações, como a

respiração, os batimentos cardíacos e as sensações de prazer. Podemos levá-

las a refletir sobre esses sinais e ampliar seus conhecimentos sobre o corpo

humano.

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3.2- A ludicidade no processo de alfabetização

Leitura (funcional) é o reconhecimento e compreensão das palavras e frases

composta por:

a)Código grafêmico, refere-se às correspondências entre os sons e os sinais

gráficos, ou seja, entender o que se escreve e o que se fala.

b)Código sintático trata do problema das ligações entre palavras e frases.

c)Código semântico relaciona-se à questão do significado, ao conteúdo das

mensagens escritas, sendo que este modelo vale para a leitura e para a

linguagem como um todo.

A facilidade com que a criança aprenderá a usar os três códigos

dependerá da linguagem oral e da semelhança entre a linguagem da instrução.

A leitura é um processo aprendido de reconhecimento e compreensão de

palavras e frases que se apóiam mutuamente, levando a criança a se

interessar por materiais impressos, brincando, recreando-se e descobrindo

significados, melhorando dessa forma sua linguagem e sua comunicação com

outras pessoas.

Segundo Vygotsky (1987), a escrita é muito mais difícil do que

parece, embora sua aprendizagem interaja com a da leitura. Ao incluir a escrita

junto com a leitura, vê-se que aprender a ler é uma tarefa complexa para uma

criança de 6 anos. Neste momento, as habilidades psicomotoras incluem

exercício manual e digital, coordenação mãos-olhos, resistência à fadiga e

equilíbrio físico. Fica claro que a escrita é, enquanto conjunto de movimentos

coordenados, um exemplo de complexidade para a criança. No entanto, se

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para a criança, a escrita é uma atividade complexa, a atividade lúdica, ao

contrário, é um comportamento ativo, cuja estrutura ajuda na apropriação

motora necessária para a escrita. Ao lado das atividades de integração da

criança à escola, deve-se promover a leitura e a escrita juntamente, utilizando-

se para isto a dramatização, conversas, recreação, desenho, música, histórias

lidas e contadas, gravuras, contos e versos.

Para alguns pensadores, as atividades lúdicas realizadas pelas

crianças permitem que elas se desenvolvam, alcançando objetivos como a

linguagem, a motricidade, a atenção e a inteligência.

Foi Gouvêa (1967) quem utilizou a frase: antes das descobertas das

numerosas vitaminas, já haviam encontrado a mais importante para as

crianças; a vitamina “R” (recreação); para ela a recreação ou atividade lúdica é

tudo quanto diverte e entretém o ser humano e envolva a ativa participação.

Bontempo (1972) lembra que as crianças que falam mal são também

as crianças que brincam pouco, pois existe uma estrita relação entre a

brincadeira e a linguagem.

Resumindo, a escola deve aproveitar as atividades lúdicas para o

desenvolvimento físico, emocional, mental e social da criança. Linguagem e

brinquedo mostram sua origem comum em diversos aspectos. Através do

símbolo lúdico corporal e concreto, orienta-se a criança para as palavras.

É primordial que as crianças recebam nas instituições de educação

infantil:

a) Ações sistemáticas e continuadas que visem fornecer informações;

b) Vivências através de atividades lúdicas;

c) Conhecimentos.

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Os benefícios das atividades lúdicas são muitos, entre eles estão:

a) Assimilação de valores;

b) Aquisição de comportamentos;

c) Desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento

d) Aprimoramento de habilidades;

e) Socialização.

Entre as atividades lúdicas que podem ajudar a despertar o

interesse das crianças e conseqüentemente na alfabetização, podemos citar:

a)Desenhos;

b) Jogos;

c) Danças;

d) Construção coletiva;

e) Leituras;

f) Softwares educativos;

g) Passeios monitorados;

h) Dramatizações;

i) Cantos;

j) Teatro de fantoches, etc.

Todas estas atividades lúdicas permitem uma situação de interação.

Porém, mais importante do que o tipo de atividade lúdica é a forma como é

dirigida e como é vivenciada, e o porquê de estar sendo realizada. Toda

criança que participa de atividades lúdicas, adquire novos conhecimentos e

desenvolve habilidades de forma natural e agradável, o que provoca um forte

interesse em aprender e garante o prazer.

Na educação infantil, por meio das atividades lúdicas, a criança

também age, sente, pensa, aprende e se desenvolve. As atividades lúdicas

podem ser consideradas, tarefas do dia-a-dia na educação infantil.

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De acordo com Teixeira (1995), vários são os motivos que induz os

educadores a apelar às atividades lúdicas e utilizá-las como um recurso

pedagógico no processo de ensino-aprendizagem.

Segundo Schwartz (2002), a criança é automotivada para qualquer

prática, principalmente a lúdica, sendo que tendem a notar a importância de

atividades para o seu desenvolvimento. Assim sendo, favorece a procura pelo

retorno e pela manutenção de determinadas atividades.

Huizinga (1996), diz que numa atividade lúdica existe algo “em jogo”

que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à

ação.

Para Schaefer (1994), as atividades lúdicas promovem ou

restabelecem o bem estar psicológico da criança. No contexto de

desenvolvimento social da criança é parte do repertório infantil e integra

dimensões da interação humana necessária na análise psicológica (regras,

cadeias comportamentais, simulações ou faz-de-conta, aprendizagem

observacional e modelagem).

Toda a atividade lúdica pode ser aplicada em diversas faixas

etárias, mas pode sofrer intervenção em sua metodologia de aplicação, na

organização e no prover de suas estratégias, de acordo com as necessidades

peculiares das faixas etárias.

O educador deverá proporcionar a exploração da curiosidade infantil,

estimular o desenvolvimento da criatividade, das diferentes formas de

linguagem, do senso crítico e da progressiva autonomia. Como também ser

ativo, criativo e interessado em ajudá-las a crescerem e serem felizes, desta

forma, fará das atividades lúdicas na educação infantil, excelentes instrumentos

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facilitadores do ensino-aprendizagem. A união das atividades lúdicas com a

boa pretensão dos educadores contribui para o bem-estar e entretenimento das

crianças, assegurando-lhes uma agradável estadia na creche ou escola.

Certamente, a experiência dos educadores irá contribuir para maior alcance de

objetivos em seu plano educativo.

3.3 – Atividades lúdicas como estratégias de Ensino e aprendizagem

Todos os seres humanos podem receber os benefícios das

atividades lúdicas, tanto pelo aspecto de diversão e prazer, quanto pelo

aspecto da aprendizagem. Através das atividades lúdicas desenvolvemos

várias capacidades, exploramos e refletimos sobre a realidade, a cultura na

qual vivemos, acumulamos e, ao mesmo tempo, questionamos regras e papéis

sociais. Podemos dizer que nas atividades lúdicas ultrapassamos a realidade,

transformando-a através da imaginação. A incorporação de brincadeiras, jogos

e brinquedos na prática pedagógica podem desenvolver diferentes atividades

que contribuem para inúmeras aprendizagens e para a ampliação da rede de

significados construtivos tanto para crianças como para os jovens.

Durante as atividades lúdicas, os educadores podem perceber

traços de personalidade do educando, de seu comportamento individual e em

grupo e o ritmo de seu desenvolvimento. O ato de divertir-se na Educação

Infantil vai oportunizar as crianças vivências lúdicas que podem possibilitar: o

aumento da auto-estima, o auto conhecimento de suas responsabilidades e

valores, a troca de informações e experiências corporais e culturais, por meio

das atividades de socialização. Ainda é oportunizado às crianças o

enriquecimento de suas próprias capacidades, mediante estímulo à iniciativa, à

melhoria nos processos de comunicação e principalmente a optar por ações

que incentivem a criatividade, que é certamente uma característica e um

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objetivo fundamental da atividade lúdica, seja ela uma brincadeira, jogo ou

brinquedo em suas diversas formas de realização.

Toda a atividade lúdica pode ser aplicada em diversas faixas etárias,

mas pode sofrer interferência em seu procedimento de aplicação, na

metodologia de organização e no ministrar de suas estratégias, de acordo com

as necessidades específicas das faixas etárias. Podemos observar as crianças

de:

2 a 3 anos

• Possuem necessidade de manipular materiais variados;

• Precisam desenvolver seus músculos e sua imaginação;

• Precisam estimular a sua criatividade;

• Necessitam conviver com outras crianças;

• Precisam que sua observação seja ativada e que o conhecimento de

objetos que as cercam seja despertado;

• Gostam de brincar mais sozinhas e seu principal interesse é descobrir

seu próprio corpo.

4 a 6 anos

• Gostam de ser elogiadas e têm tendência a emoções extremas;

• Adoram novidades (lugares, pessoas e objetos). Ficam pouco tempo

realizando uma atividade, exigem troca constante e rápida de ações;

• Precisam de regras e limites que desafiem sua imaginação;

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• Constantemente, necessitam de motivação e quando motivadas,

conseguem se entreter mais tempo em uma atividade, vivendo assim suas

emoções com bastante facilidade;

• Começam a ter curiosidade sexual e preocupam-se com as diferenças;

• Apegam-se a familiares;

• Necessitam de autocontrole das emoções diante de medos de coisas ou

de situações como, escuro, bicho e, portanto, devem ter oportunidade para

vencer temores.

• Adoram mostrar o que sabem fazer, nesta fase estão descobrindo o

prazer de brincar junto com outras crianças.

7 a 9 anos

• Tem grande precisão de movimentos, sendo uma etapa totalmente

viável para o incentivo às atividades desportivas e àquelas que demandam

esforço físico;

• Precisam de motivação no desenvolvimento do seu intelecto, com ações

que possam proporcionar reflexões e descobertas;

• Necessitam de motivação para o convívio social;

• Requerem reforço nas atividades sobre as diferenças entre grande e

pequeno, direita e esquerda, claro e escuro ou outros elementos.

• As atividades sobre as diferenças entre grande e pequeno, direita e

esquerda, claro e escuro ou outros elementos, devem ser reforçadas nas

atividades lúdicas.

10 a 12 anos

• Têm grande interesse e necessidade de atividades ao ar livre, jogos de

equipes;

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• Necessitam de autonomia e oportunidades de aceitação dentro de um

grupo;

• Precisam de atividades específicas para meninos ou meninas, devido á

diferença de interesse e ao ritmo de amadurecimento;

• Necessitam de atividades que possam contribuir para autocrítica e o

reconhecimento de suas dificuldades;

• Possuem grande interesse em jogos atividades de grupo, músicas do

momento e ações de humor;

• Precisam trabalhar a sensibilidade e o ciúme com o uso de técnicas e

dinâmicas individuais e em grupo.

13 anos em diante

• Possuem interesse por assuntos culturais e religiosos, buscando assim

seus ideais;

• Tendem a aperfeiçoar suas habilidades motoras enfatizando as

atividades esportivas;

• Os meninos necessitam de atividades de maior intensidade, com ações

que exigem força, resistência, velocidade e coragem;

• As meninas se interessam mais por atividades esportivas de menor

esforço e de maior habilidade;

• Apreciam atividades ao ar livre, rítmicas que estão inseridas no seu

contexto social. É de grande importância a reflexão entre meninos e meninas

sobre as atividades que tenham contato do corpo;

• Necessitam de atividades que trabalhem os grandes grupos musculares,

os movimentos gerais e a flexibilidade.

Levando em consideração as necessidades físicas e psicológicas

das crianças e dos jovens, devemos buscar atividades que trabalhem com o

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intelecto, com o corpo e com o social. Essas atividades objetivam ajudar as

crianças a entrarem em contato com o mundo do conhecimento e da

informação e desenvolver suas habilidades de criar e relacionar conhecimentos

adquiridos, pois só assim elas serão capazes de desenvolver uma linguagem e

aprender a dominar todo tipo de informação. As atividades lúdicas funcionam

como exercícios necessários e úteis à vida. Possibilitar estes exercícios é

assegurar a sobrevivência de sonhos e promover a construção de

conhecimentos vinculados ao prazer de viver e aprender de uma forma natural,

divertida e agradável.

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CONCLUSÃO

Compreendemos que o brincar é essencial para as crianças que se

encontram ou não na educação infantil e que deve fazer parte da prática

pedagógica dos professores que nela se encontram. Agora a viabilização disso

também deve ocorrer, ou seja, políticas públicas que ofereçam estrutura, tanto

física quanto de formação, para que ocorra verdadeiramente a efetivação do

que está previsto nos parâmetros curriculares. Quando tratamos então da

importância do lúdico, do brincar na Educação Infantil parece ser redundante

uma vez que brincar de maneira generalizada é inerente às várias espécies

enquanto filhotes, mas em se tratando de seres humanos podemos encontrar

vários elementos que compõem o brincar e suas contribuições para o

desenvolvimento infantil.

Nesse trabalho, verificou-se o quanto é importante o resgate

histórico-cultural dos brinquedos e jogos tradicionais, pois, retrata a realidade

vivida de um povo e suas contribuições na formação do cidadão.

No brincar a criança consegue executar papéis que normalmente em

seu cotidiano não o faz, além disso, ocorre um resgate das brincadeiras

culturais, ou seja, a criança é entendida como um ser social e que para tal se

faz necessário entender como foi construída sua história.

É interessante entender que a cultura é dinâmica, mesmo que a

criança hoje brinque as mesmas brincadeiras que seus pais ou avós brincaram

um dia. Provavelmente, não será da mesma maneira, porque precisará de

adequações aos dias de hoje, pois o momento presente corresponde a uma

outra realidade. Durante a realização desse trabalho percebemos que é

unânime o reconhecimento da importância do brincar e suas contribuições na

formação da criança.

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O lúdico apresenta valores específicos para todas as fases da vida

humana. Assim, na idade infantil a finalidade é essencialmente pedagógica. A

criança e mesmo o jovem, algumas vezes, apresenta uma resistência à escola

e ao ensino, porque acima de tudo ela não é lúdica, não é prazerosa.

Estudos demonstram que através de atividades lúdicas, o educando

explora muito mais sua criatividade, melhora sua conduta no processo de

ensino-aprendizagem e sua auto-estima. O indivíduo criativo é um elemento

importante para o funcionamento efetivo da sociedade, pois é ele quem faz

descobertas, inventa e promove mudanças.

A escola tradicional há séculos vinha difundindo um ensino

enciclopédico, imaginando quanto mais conteúdos passasse, mais os alunos

se desenvolveriam, o que comprovamos não ser verdade. Para uma

informação ser assimilada, deve fazer sentido. Isso se dá quando ela incide, no

que Vygotsky (2001) chamou de desenvolvimento proximal, ou seja, a distância

entre aquilo que a criança sabe fazer sozinha (o desenvolvimento real) e o que

é capaz de realizar com a ajuda de alguém mais experiente ( o

desenvolvimento potencial). Assim, o bom ensino é o que incide na zona

proximal.

No entanto, o sentido verdadeiro da educação lúdica, só estará

garantido se o professor estiver preparado para realizá-lo e tiver um profundo

conhecimento sobre os fundamentos da mesma.

Assim, podemos perceber que o lúdico apresenta uma concepção

teórica profunda e concepções práticas, atuantes e concretas. Não podemos

desvincular as relações entre o lazer, a escola e o processo educativo, eles são

encadeados.

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A versatilidade do lúdico, isto é, a possibilidade de variar de acordo

com os momentos, facilita uma participação ativa das crianças. Ressaltamos

nesse momento a figura do professor que na instituição infantil, ajuda a

estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. Conseqüentemente

é ele que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados

objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e

do tempo para brincar.

Por meio das brincadeiras os professores podem observar e

constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em

conjunto e de cada uma em particular. É preciso que o professor tenha

consciência que, brincando as crianças recriam e estabilizam aquilo que sabem

sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em uma atividade

espontânea e imaginativa.

É preciso que o professor tenha um suporte teórico e acima de tudo

acredite que o jogo e a brincadeira se constituem ferramentas indispensáveis

no processo de alfabetização, possibilitando a aquisição dos conhecimentos de

forma prazerosa. É necessário proporcionar momentos de estudos com os

professores voltados para esta temática, buscando oferecer diretrizes para que

o trabalho a ser desenvolvido incorpore uma proposta metodológica onde o

lúdico ocupe um espaço de relevância no processo de ensino-aprendizagem.

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ANEXO

(QUINO 1993, p. 222)

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POURTOIS & DESMET. A educação pós-moderna. Loyola, 1999.

REGO, Teresa Cristina. Brincar é coisa séria. São Paulo: Fundação Samuel,1992.

RIZZI, Leonor & HAYDT, Regina Célia. Atividades Lúdicas na educação da

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SCHWARTZ, G. M. Emoção, aventura e risco - a dinâmica metafórica dos novos estilos. In: BURGOS, M. S.; PINTO, L. M. S. M. (Org.) Lazer e estilo de vida. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2002, p. 139-168.

TEIXEIRA, Carlos E. J. A ludicidade na escola. São Paulo: Loyola, 1995.

VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes. 1989

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ATIVIDADES CULTURAIS

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

DEDICATÓRIA 3

AGRADECIMENTOS 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA PEDAGÓGICA DO LÚDICO 11

1.1 - A origem do lúdico 12

1.2 - As fases do desenvolvimento da criança 14

1.2.1 - Jogos de exercício sensório-motor 15

1.2.2 - Jogos simbólicos 15

1.2.3 - Jogos de regras 16

1.3 - O lúdico na perspectiva dos teóricos 17

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CAPÍTULO II

A CAPACITAÇÃO DOS PROFESSORES 19

2.1 - A escolha da atividade lúdica 21

2.2 - Brincadeiras sócio-educativas 23

CAPÍTULO III

OS BENEFÍCIOS DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL26

3.1- O movimento do corpo e o desenvolvimento intelectual 27

3.2- A ludicidade no processo de alfabetização 30

3.3 – Atividades lúdicas como estratégias de ensino e aprendizagem 34

CONCLUSÃO 39

ANEXO 42

BIBLIOGRAFIA 43

ATIVIDADES CULTURAIS 45

ÍNDICE 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 48

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

Curso :Educação Infantil e Desenvolvimento

Título :A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Aluna :Lucinéia Valverde de Freitas dos Santos

Data da entrega: 31/01/2009.

Orientadora : Professora Mary Sue Carvalho Pereira

Avaliador(a) : _______________________________________________

Conceito : ________________