A Inclusão de Alunos Surdos na visão dos professores: uma realidade da rede regular de ensino do Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROCentro de Filosofia e Cincias HumanasFaculdade de Educao

THEREZA CRISTINA RAQUEL SANTOS FERREIRA

A INCLUSO DE ALUNOS SURDOS NA VISO DOS PROFESSORES:Uma realidade da rede regular de ensino do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro2016

THEREZA CRISTINA RAQUEL SANTOS FERREIRA

A INCLUSO DE ALUNOS SURDOS NA VISO DOS PROFESSORES:Uma realidade da rede regular de ensino do Rio de Janeiro

Trabalho de Concluso de Curso apresentado Faculdade de Educao da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessrios obteno do grau de Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Prof. M. Adriana Ramos Silva

Rio de Janeiro2016THEREZA CRISTINA RAQUEL SANTOS FERREIRA

A INCLUSO DE ALUNOS SURDOS NA VISO DOS PROFESSORES:Uma realidade da rede regular de ensino do Rio de Janeiro

Trabalho de Concluso de Curso apresentado Faculdade de Educao da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessrios obteno do grau de Licenciatura em Pedagogia.

Banca Examinadora:

_________________________________________Orientadora: Prof. M. Adriana Ramos Silva(Universidade Federal do Rio de Janeiro)

_________________________________________Examinadora 1: Prof. Dr. Celeste Azulay Kelman(Universidade Federal do Rio de Janeiro)

_________________________________________Examinadora 2: Prof. Dr. Ana Ivenicki(Universidade Federal do Rio de Janeiro)DEDICATRIA

Dedico a todos que acreditam na Educao.

AGRADECIMENTOS

Agradeo primeiramente a Deus, por ter me proporcionado todas as oportunidades que me fizeram chegar at aqui. Por ter cuidado de cada mnimo detalhe da minha vida, como s Ele poderia cuidar.Aos meus pais, Telma e Amauri, que ao longo dos meus 22 anos se dedicaram a minha formao e contriburam para me tornar uma pessoa melhor. Obrigada pelo cuidado, pelas noites sem dormir, e pelas oraes que foram de grande efeito.Ao meu irmo, Douglas, meu segundo pai, amigo, e exemplo de professor e pesquisador. Obrigada pela cumplicidade e amor que dedicas a mim desde que nasci. Pelas palavras de conforto sempre que precisei e pela f no meu futuro.Ao meu noivo, Anderson, pelo amor e pelas palavras de incentivo nos momentos que precisei. Obrigada pela compreenso nos momentos que me mantive ausente e por correr comigo pelos meus sonhos. minha orientadora, Adriana Ramos, que me orientou durante este trabalho, alm de contribuir com seu conhecimento para o meu aprendizado.s minhas amigas de graduao, companheiras que passaram por diversos momentos ao meu lado ao longo desses anos na UFRJ. Obrigada pela amizade e carinho. A todos os meus professores da UFRJ, que de alguma forma contriburam para a minha formao acadmica, meu amadurecimento intelectual e crtico. Pela dedicao e pela transmisso da vontade e incentivo de lutar pela Educao.s professoras da banca, professora Celeste Azulay, por ter me apresentado logo no incio da graduao Educao Especial. E professora Ana Ivenicki, professora que ministra suas aulas de uma forma encantadora e com disposio em ensinar.

RESUMO

O presente trabalho possui como objetivo principal discutir a viso dos professores em relao incluso de alunos surdos em salas de aulas regulares. A pesquisa possui carter qualitativo e partiu de uma anlise bibliogrfica, para ento ir ao campo realizar entrevistas semiestruturadas com professores que vivenciam a realidade da incluso. A pesquisa de campo foi realizada em um ambiente escolar do municpio do Rio de Janeiro considerado inclusivo, e a partir de entrevistas a perspectiva dos professores foi discutida. No primeiro momento, so apresentados os objetivos e a justificativa da pesquisa. No segundo momento, discutida a educao de alunos surdos frente a algumas questes histricas e sociais. Em seguida, os resultados da pesquisa so analisados a partir da percepo dos prprios docentes. Por fim, so apresentadas as consideraes finais do trabalho. Os resultados obtidos apontam para a necessidade de um maior estudo a respeito das especificidades que envolvem a incluso de alunos surdos por parte dos docentes.

Palavras chave: Incluso escolar; Educao de Surdos; Prtica docente.

SUMRIO

1.INTRODUO..........................................................................................................81.1Justificativa.................................................................................................101.2 Objetivos....................................................................................................121.3 Metodologia...............................................................................................131.3.1 O mtodo................................................................................................131.3.2 Participantes da pesquisa.......................................................................151.3.3 Local da pesquisa...................................................................................162. BREVE HISTRIA DA EDUCAO INCLUSIVA NO BRASIL..............................172.1 A educao de alunos surdos...................................................................203. INCLUSO DE ALUNOS SURDOS EM UMA ESCOLA REGULAR......................263.1 Relao famlia e escola............................................................................313.2 O desafio da formao de professores para a educao inclusiva ..........313.3 Escola bilngue e suas adaptaes...........................................................34CONSIDERAES FINAIS ......................................................................................38APNDICE ................................................................................................................40REFERNCIAS .........................................................................................................41

1. INTRODUO

O presente trabalho tem como tema central de discusso a incluso de alunos surdos em turmas regulares, como estes alunos so vistos por seus professores, e como a sua relao com o ambiente escolar dito inclusivo que os acolhe.O interesse pelo tema surgiu aps muitas reclamaes por parte dos professores com os quais tive contato durante a realizao dos estgios que realizei ao longo do curso de Pedagogia, por meio de discusses acadmicas ocorridas durante as aulas, e de minhas observaes a respeito da incluso de pessoas com deficincias em turmas regulares. A partir destas experincias, senti a necessidade de pesquisar para me aprofundar mais no assunto, e tambm contribuir para a discusso que envolve uma melhor formao de professores e, consequentemente, para uma maior qualidade na escolarizao dos alunos surdos includos.Em 2011, ano em que iniciei a graduao no curso de licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pude estagiar em uma escola da Secretaria Municipal de Educao Rio de Janeiro (SME/RJ), atuei como mediadora de crianas com alguma deficincia no processo de ensino-aprendizagem, mediao essa que ocorria em turmas regulares. Porm, as dificuldades em relao incluso de alunos com deficincia em turmas regulares no foi algo que observei somente neste estgio inicial, nos estgios obrigatrios posteriores do curso de Pedagogia tambm presenciei, e ainda presencio. Tais experincias me trouxeram muitos questionamentos a respeito do processo de incluso nas escolas municipais do Rio de Janeiro, tanto em relao eficincia dessa incluso, bem como a forma como esta incluso vem sendo compreendida e efetivada por professores dentro das instituies. Afinal, para algumas instituies, o fato de receber o aluno especial, e matricul-lo representa uma forma de incluso, quando de fato no assim que pode ser denominada. (SERRA, 2006, p.33). Sabe-se que a educao nem sempre foi um direito de todos, assim como a educao para pessoas com alguma deficincia no era. Por muito tempo as pessoas negras, pobres, ou com alguma deficincia fsica ou sensorial eram comumente excludas da sociedade, porm neste estudo vamos nos deter a discutir a problemtica dos alunos surdos.Pode-se dizer que a educao inclusiva se estabelece historicamente a partir de 1994,quando foi divulgada a declarao de Salamanca, neste documento o termo criana especial foi substitudo por crianas com necessidades educativas especiais. Ao longo dos anos a educao inclusiva tem se tornado um tema cada vez mais polmico, devido a toda histria que a ele pertence, e cada vez mais polticas pblicas so direcionadas para a definio de seu espao na sociedade. Vale ressaltar que para autores como Santos e Paulino (2006), no h como existir uma sociedade que reconhece a necessidade de incluso sem admitir a presena de excluses, pois incluso e excluso so conceitos intrinsecamente ligados, e a incluso compreendida como um processo. No caso dos surdos, so muitos anos de valores culturais desprezados, e que aos poucos esto conseguindo enfrentar e resgatar.Atualmente no Brasil temos leis que regem a incluso escolar, porm, como veremos mais a frente, a questo da incluso ainda uma situao que cria muitas divises de pensamento e diferentes posturas.No desenvolver do trabalho abordaremos o significado de incluso educacional, que abrange no somente a questo intelectual, mas cultural e estrutural do espao escolar. A pesquisa discute como tem sido a atuao dos professores no processo de incluso de alunos surdos, se de fato o ideal de incluso tem sido promissor e atingido o seu significado.

1.1 JustificativaDurante as ltimas dcadas foi possvel observar novas ideias e especulaes a respeito da educao inclusiva, bem como a reviso de prticas escolares que pudessem estar dificultando o acesso de pessoas que historicamente sofreram processos de excluso na sociedade, inclusive sendo privadas do acesso a instituies de ensino e, assim, do direito a uma educao formal. Para ser mais precisa, esse processo de incluso escolar somente passou a ser mais praticado a partir da dcada de 70, e ganhou fora apenas a partir do ano de 1990, quando comearam a surgir convenes para tratar os modos de acesso e da qualidade de uma Educao que abrangesse a todas as pessoas, independentemente de suas diferenas. Como exemplos, destacamos a Conferncia Mundial de Educao para Todos (1990) e aConferncia Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais (1994).Um dos ideais estabelecidos pela Declarao de Salamanca (UNESCO,1994), foi que a partir da perspectiva de educao inclusiva as escolas deveriam acolher todas as crianas, independentemente de suas condies fsicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingusticas, culturais ou outras.Ao dissertar sobre a incluso em educao Serra (2006) defende o seu valor social. Para a autora a ideia da incluso de extrema importncia, pois tem como princpio a minimizao da excluso, atravs de ideais democrticos, considera-se as ideias inclusivas revolucionrias ao buscar construir uma sociedade menos hierarquizada e excludente. Ainda segundo Serra (2006), a escola reflete e reproduz as desigualdades e desrespeitos do mbito social.Assim como no caso dos demais grupos excludos, a educao de surdos esteve marcada por conflitos e controvrsias, mas a maior dessas ainda se encontra sobre a questo lingustica e, paralelamente, de qual forma o surdo dever aprender. Por muito tempo discute-se o uso da lngua oral neste processo, e se este deve estar ou no acompanhado da lngua de sinais e de que forma. A educao dos surdos dever ser pensada atravs da lngua dos ouvintes ou eles devem aprender por intermdio da lngua de sinais? Por esta questo, Lacerda e Lodi (2009) afirmam que a educao de surdos tem se mostrado um assunto inquietante.Lacerda e Lodi (2009) ainda relatam que embora haja propostas educacionais voltadas para o indivduo surdo com o objetivo de valorizar seu desenvolvimento, muitos ainda acabam chegando ao final de sua escolarizao fundamental sem conseguir ler e escrever de forma satisfatria. Esta realidade se deve ao fato das propostas educacionais acabarem determinando uma srie de limitaes para estes indivduos. No Brasil, ainda existem escolas/classes especiais que estimulam o mtodo oralista, ou seja, o uso da leitura labial como base de comunicao e aprendizado, ou ainda o mtodo bimodal, pelo uso combinado da leitura labial e da lngua brasileira de sinais (Libras). Contudo, aps as ltimas conquistas legais, como o Decreto 5.626/05, por exemplo, muitas escolas especiais para surdos e as escolas inclusivas que recebem alunos surdos avanam no discurso de uma educao que seja bilngue. A educao bilngue respeita a Libras como primeira lngua (L1) do surdo e a lngua portuguesa (LP) como sua segunda lngua (L2). As duas devero ser compreendidas como lnguas de instruo durante o processo de ensino-aprendizagem dos alunos surdos, porm a LP dever ser ensinada em sua modalidade escrita e com metodologias de ensino de segunda lngua.De acordo com Lacerda e Lodi (2009), o conceito de incluso busca desenvolver uma pedagogia da diversidade. Deste modo todos os alunos devero estar em turmas regulares, independentemente das suas diferenas sociais, tnicas ou lingusticas. Entretanto, para uma insero de qualidade dos alunos surdos na escola regular, seria necessria a garantia do direito de acesso aos conhecimentos que esto sendo transmitidos, portanto faz-se imprescindvel o respeito a sua condio lingustica.Os modos de avaliao na incluso escolar de alunos surdos tambm devem ser repensados sob a perspectiva de uma educao bilngue. Padilha (2009, p. 113) tambm expressa seu conceito a respeito do processo de incluso e acrescenta que o cotidiano em sala de aula, as relaes estabelecidas face a face, a escolha dos contedos e dos modos de ensin-los, a avaliao, a ateno a necessidade dos alunos so esferas que no se separam [...].Em relao s leis que respaldam a incluso em educao, destacamos as que se seguem:

- Constituio Federal, de 1988 (art. 208, inciso III);- Lei n 7.853, de 1989 (art. 2, inciso I);- Estatuto da Criana e do Adolescente, de 1990 (cap.IX, art. 54, inciso III);- LDB 9.394, de 1996 (cap. V, art. 58).

Das leis que reforam em seu texto o direito a uma educao bilngue para surdos destacamos: - Lei n 10.436, de 2002;- Decreto n 5.626, de 2005.

Das polticas pblicas que versam a respeito tanto da incluso escolar quanto da especificidade de uma educao bilngue para surdos enfatizamos as seguintes:- PNE, Lei 13.005, de 2014;- Lei n 13.146, de 2015.De acordo com observaes das polticas de educao vigentes destacadas acima, e de prticas escolares, possvel enxergar a validade da problematizao da incluso destes alunos em turmas regulares. A questo gira em torno de como esta incluso vem sendo aplicada.

1.2 ObjetivosO presente trabalho tem como objetivo geral investigar e analisar a viso e a prtica docente em um ambiente escolar considerado inclusivo, onde exista a presena de aluno surdo.Esta pesquisa possui os seguintes objetivos especficos:1- Compreender o que o professor entende por educao inclusiva;2- Identificar o nvel de formao dos professores para atuarem com alunos surdos includos em turmas regulares;3- Identificar metodologias e recursos utilizados em sala de aula com o fim de escolarizar o aluno surdo.

1.3 Metodologia

1.3.1 O mtodoUma pesquisa, de forma geral, tende a um esforo para a descoberta de novas informaes, contudo, esta questo depende de qual o objetivo da pesquisa. A pesquisa pode ser dividida em qualitativa ou quantitativa, porm os mtodos oferecem diferentes abordagens.No modelo quantitativo priorizado a medio objetiva e a quantificao do trabalho. Busca-se uma preciso para garantir uma margem de segurana em relao s informaes obtidas para o trabalho (GODOY, 1995).Por outro lado, as pesquisas voltadas para as reas humanas tendem a ser pesquisas qualitativas. Estas no enfatizam uma base com dados estatsticas, ou procura enumerar e medir todos os acontecimentos. Por meio da pesquisa qualitativa possvel desenvolver ideais ao longo do processo, entende-se como importante a construo de dados na relao com pessoas, lugares e acontecimentos. O pesquisador deve estar em contato com o meio e analisar sempre o olhar do sujeito participante (GODOY,1995).Sendo assim, a abordagem qualitativa foi a escolhida para a realizao do presente trabalho, tendo em vista que esta se apresenta mais adequada e pode contribuir de melhor forma para a anlise de dados de uma pesquisa que tem a incluso escolar de alunos surdos como objeto de estudo. Godoy (1995, p.62) faz referncia a algumas caractersticas do modelo de pesquisa qualitativa:

1- ambiente natural como fonte direta de construo de dados, tendo o pesquisador como instrumento fundamental;2- possui um carter descritivo;3- o significado que as pessoas do aos fenmenos essencial para a pesquisa.

Por intermdio deste modelo, buscamos compreender a questo da incluso de alunos surdos em uma escola inclusiva, e a escolarizao destes em classes regulares de ensino.O trabalho apresentado a seguir um recorte de um estudo de caso de uma pesquisa maior denominada: O Desafio do Bilinguismo para Alunos Surdos no Contexto da Incluso: o que a escola municipal do Rio de Janeiro tem a revelar?. Tal pesquisa est sujeita ao parecer de aprovao n 964.286, do CEP/CFCH, de 25 de fevereiro de 2015.Nossa pesquisa foi desenvolvida com base em um estudo bibliogrfico, e em uma pesquisa de campo que contou com a participao de alguns profissionais de uma escola pbica do Rio de Janeiro. Para a construo de dados, escolhemos a entrevista semiestruturada como instrumento. Foram realizadas entrevistas com trs professores que tm alunos surdos includos em suas salas de aula.Para nos ajudar a discutir melhor a temtica e alcanar os objetivos que foram traados, na pesquisa bibliogrfica partimos de materiais como artigos cientficos e livros, alm de monografias e dissertaes que versam sobre o assunto estudado. Foi importante o contato com estes conhecimentos pr-existentes para compreender e analisar a temtica que nos empenhamos a pesquisar de maneira mais consciente e crtica (VERGARA, 2000; LAKATOS e MARCONI, 2001).A etapa da pesquisa em campo correspondeu realizao de entrevistas semiestruturadas. A entrevista semiestruturada consiste em uma elaborao de um roteiro inicial, partindo de questionamentos iniciais que sejam baseados nas teorias que servem de base para a pesquisa. Sendo assim, questes podem ser complementadas ao decorrer da entrevista, de acordo com as circunstncias, fazendo com que surjam informaes de formas mais livres, sem condicionar as respostas a uma forma padronizada. Com o uso da entrevista semiestruturada podem surgir novas hipteses, de acordo com a resposta dos entrevistados (MANZINI, 2004; TRIVIOS, 1987). A utilizao da entrevista como forma de construo de dados bastante utilizada, sendo uma tcnica adequada para obteno de informaes a respeito do que as pessoas entrevistadas pensam, esperam ou acreditam, bem como seus motivos para cada resposta (GIL, 1999). A visita escola ocorreu em um nico dia, no ms de outubro do ano de 2015. As entrevistas foram registradas em dirio, e somente para uma delas foi autorizada a gravao em udio.

1.3.2 Participantes da pesquisa

As participantes desta pesquisa foram trs professoras do primeiro segmento do Ensino Fundamental. Por uma questo tica o nome da instituio bem como os nomes das participantes sero mantidos em sigilo. Assim sendo, as professoras sero identificadas neste trabalho, consecutivamente, como Professora A, Professora B e Professora C. vlido ressaltar ainda que todas as professoras assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa.A partir de dez perguntas semiestruturadas foi possvel estabelecer uma flexibilidade maior na fala das entrevistadas, uma vez que a entrevista semiestruturada nos possibilita a reestruturao e a formulao de novas hipteses. A soma de todas as entrevistas contabilizou cerca de uma hora, e apesar de todas as professoras terem aceitado participar da pesquisa, uma delas demonstrou certa resistncia durante a realizao da entrevista. Com frequncia a docente afirmou no conhecer muito a respeito do tema de incluso, portanto no poderia ajudar muito. Apesar disso, aos poucos a professora se mostrou disposta a relatar suas opinies, pois a entrevista foi empregada sob a forma de uma conversa informal.A professora A leciona no 1 ano do Ensino Fundamental, trabalha h quatro anos como professora, possui o Curso Normal, Graduao em Direito e Ps Graduao em Direito Empresarial. A entrevista durou cerca de trinta minutos, e pude ouvir muitas de suas opinies a respeito da incluso dos alunos surdos. A professora B atua no 5 ano do Ensino Fundamental e possui Graduao em Pedagogia. Esta foi a professora citada anteriormente, a que apresentou uma maior barreira inicial para dar a entrevista.A professora C, e ltima entrevistada, foi a nica que permitiu que o udio fosse gravado. A docente trabalha h oito anos como professora, atualmente leciona para o 3 ano do Ensino Fundamental. Possui Curso Normal e Graduao em Psicologia. Durante as entrevistas eu pude ouvir e compreender melhor as falas das profissionais e suas concepes a respeito da incluso dos alunos surdos. A instrutora de Libras no pde estar presente durantes as entrevistas.

1.3.3 Local da pesquisaA pesquisa foi realizada no prprio ambiente escolar, na sala das professoras, durante momento de intervalo. A escola fica situada na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e uma escola inclusiva considerada uma escola-piloto de educao bilngue para alunos surdos. Esse projeto foi implementado pelo Instituto Municipal Helena Antipoff (IHA) desde o ano de 2012. Portanto, entende-se que os alunos surdos recebem uma educao com base tanto na lngua brasileira de sinais (Libras) quanto na lngua portuguesa (LP). A instituio possui Educao Infantil, Ensino Fundamental e Educao Especial por intermdio da Sala de Recursos Multifuncionais (SRM). A escola composta por dois prdios, o principal possui as salas de aula regulares e uma rampa para acesso de cadeirantes na porta de entrada. O segundo prdio onde fica localizada a SRM, porm este prdio no possui rampa para o acesso autnomo de alunos cadeirantes.A escola composta por dois turnos, manh e tarde. A oferta da Sala de Recursos Multifuncional ocorre no contraturno para alunos com diferentes deficincias. As SRMs so espaos fsicos organizados dentro da escola onde realizado Atendimento Educacional Especializado (AEE) para alunos com deficincias, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, que esto matriculados em turmas de ensino regular. As SRMs contam com materiais especficos adaptados, oferecem equipamentos, mobilirios e materiais pedaggicos especficos (MEC, 2010).Na escola visitada, os alunos surdos que desejam recebem acompanhamento educacional quase todos os dias da semana em um horrio separado. A professora do AEE domina a Libras e busca desenvolver tanto a lngua de sinais quanto a lngua portuguesa escrita com os alunos.

2. BREVE HISTRIA DA EDUCAO INCLUSIVA NO BRASIL

A histria da Educao Inclusiva se iniciou no Brasil a partir do sculo XIX, por intermdio de ideias trazidas por brasileiros, ideias vindas principalmente da Europa e Estados Unidos. Nesta poca comearam a ser atendidas pessoas com deficincias fsicas, sensoriais e mentais em institutos especializados (MONTOAN, 2002).Destacamos que no ano de 1854 foi criado o Instituto Imperial dos Meninos Cegos, pelo ento imperador D. Pedro II, que em 1891 passou a ser chamado de Instituo Benjamin Constant (IBC). Em 1857, D. Pedro II ainda incentivou a criao do Instituto Imperial dos Surdos-Mudos, a partir de um projeto desenvolvido pelo professor francs Huet[footnoteRef:1]. Mais tarde, em 1957, a instituio passou a ser denominada de Instituto Nacional de Educao dos Surdos (INES) (MIRANDA, 2008).Segundo Miranda (2008), por volta de 1872, a Educao Especial no Brasil prezava por duas vertentes, a mdico-pedaggica e a psicopedaggica. A mdico-pedaggica tinha uma preocupao com a higienizao da comunidade brasileira, principalmente em relao s pessoas com deficincias mentais. A pessoa com deficincia mental era comumente estigmatizada como sendo uma pessoa relacionada criminalidade. A percepo de que a deficincia mental tambm gerava problemas escolares acabou contribuindo para a criao da Educao Especial. Inicialmente estimulou-se a criao de escolas em hospitais, esse atendimento contribuiu ainda mais para a segregao dessas pessoas. [1: Professor surdo francs, que veio ao Brasil a convite de D. Pedro II. Teve forte influncia na criao da primeira escola para meninos surdos, Imperial Instituto de Surdos Mudos (BISOL et al., 2008).]

Em alguns estados brasileiros se deu inicio inspeo mdico-escolar, interessados na identificao e educao dos anormais de inteligncia. Alm das iniciativas pblicas comearam a surgir iniciativas privadas, principalmente de ordem religiosa, estas atendiam as camadas mais baixas da populao, reconhecidas por um carter assistencialista, o que contribuiu para que essa educao, por muito tempo, permanecesse no mbito da caridade pblica.Com o tempo, a educao ligada medicina foi perdendo espao para a educao compreendida pela perspectiva da psicologia e da pedagogia. Os defensores desta tendncia utilizavam recursos pedaggicos alternativos, porm criavam e adaptavam escalas de inteligncia que eram utilizadas para diagnosticar os diferentes nveis intelectuais das crianas. Os que eram diagnosticados como anormais, eram direcionados para escolas ou classes especiais, onde receberiam atendimento especializado.A partir de 1920, foi institudo um movimento conhecido como Escola Nova que defendia que a escola tinha o poder de transformao social, preocupado em diminuir a desigualdade social estimulava a igualdade e liberdade da criana. O movimento escolanovista criticava os princpios tradicionais de educao e propunha uma renovao do sistema educacional brasileiro, defendia a democratizao da educao e a igualdade de oportunidade para todos. Montessori foi uma das principais percussoras deste movimento no Brasil, pois j havia trabalhado com crianas com deficincia mental e pde, atravs dos estudos da Psicologia na Educao, aplicar prticas e repensar a educao de pessoas com deficincias mentais (MIRANDA, 2008). O movimento escolanovista trouxe uma srie de mudanas na educao brasileira. Em 1929, Helena Antipoff chegou ao Brasil, psicloga e educadora, e criou os servios de diagnsticos, escolas e classes especiais. Em 1932, a mesma, criou o primeiro Instituto Pestalozzi, em Minas Gerais, para atender as pessoas com deficincia. Deste modo, as crianas com deficincias mentais eram direcionadas a uma classe especial, e os que tinham outros distrbios, por exemplo, como hiperatividade, problemas emocionais, dentre outros, que eram considerados problemas mais leves, eram permitidos continuar na classe regular de ensino (MIRANDA, 2008). Embora este movimento tenha contribudo para uma maior discusso a respeito da democratizao da escola, as desigualdades geradas por alguma deficincia ainda eram compreendidas como uma barreira para a insero de alguns alunos, pois estes no se adaptavam ao modelo exigido pela escola.Em 1957 foi quando o atendimento educacional aos indivduos com deficincia foi assumido pelo Governo Federal, e foram criadas campanhas para este fim, assim como foi a Campanha para a Educao do Surdo, com o objetivo de promover medidas necessrias para a educao dos alunos surdos brasileiros. No decorrer da dcada de 1960 o nmero de classes especiais se expandiu como jamais havia sido visto. Segundo Miranda (2008), em 1967, o Brasil contava com cerca de 800 escolas de educao especial.A partir de 1960, tambm se propagou o crescimento de organizaes de natureza filantrpica para atender essas pessoas, devido demanda da populao que era grande. Instituies sem fins lucrativos j possuam diversas filiais, como as Associaes de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) e o Instituto Pestalozzi.Em 1973 foi criado o Centro Nacional de Educao Especial (CENESP), este foi o primeiro rgo para definir as polticas de educao especial no pas. Em 1986 criada a Coordenadoria Nacional para a Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia (CORDE), com o objetivo de coordenar as aes da Educao Especial. Ainda no ano de 1987 s crescia o nmero de crianas indicadas s classes especiais, devido ao sistema avaliativo da poca, o que de certo modo aumentou a segregao e excluso destes alunos (RODRIGUES e MARANHE, 2008). Desde ento surgiram algumas leis visando uma melhor democratizao da educao brasileira.A Constituio Federal (1988) tambm garante o atendimento educacional especializado, preferencialmente, na rede regular de ensino. O Decreto n 3.298 de 1999, regulamenta a Lei n 7853/89 e dispe sobre a Poltica Nacional para a Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia e consolida as normas de proteo. No ano de 1994 implementada a Declarao de Salamanca e, enfim, a incluso de alunos com diferentes deficincias em escolas regulares ganhou fora. A partir de novas discusses compreendeu-se que a escola teria que sofrer alteraes e se adaptar s necessidades dos alunos, a fim de garantir uma educao de qualidade para todos.A Declarao de Salamanca passou a ser considerado um ponto crucial para a evoluo desse processo educacional. A declarao veio para reafirmar a Declarao Mundial de Educao para Todos, de 1990, que previa uma educao mais equitativa para todos: as naes do mundo afirmaram na Declarao Universal dos Direitos Humanos que toda pessoa tem direito educao" (UNESCO,1990).A Declarao de Salamanca (1994, p.2) disserta sobre o princpio, polticas e prticas a respeito da educao inclusiva, e assim afirma:

[...] reafirmamos, por este meio, o nosso compromisso em prol da Educao para Todos, reconhecendo a necessidade e a urgncia de garantir a educao para as crianas, jovens e adultos com necessidades educativas especiais no quadro do sistema regular de educao, e sancionamos, tambm por este meio, o Enquadramento da Aco na rea das Necessidades Educativas Especiais, de modo a que os governos e as organizaes sejam guiados pelo esprito das suas propostas e recomendaes.

A educao inclusiva no Brasil vem ganhando mais fora desde os documentos mundiais como a Declarao de Salamanca, e a poltica de Educao para Todos, que tm como objetivo a incluso escolar de forma abrangente. A educao das pessoas com deficincia passa a ser reforada como algo a ser desenvolvido preferencialmente num ambiente inclusivo (CAMPOS, 2011).No ano de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao (Lei n 9394/96) tambm apontou para uma educao inclusiva, reforando a garantia de que as pessoas com deficincia tivessem acesso escolarizao preferencialmente na rede regular de ensino.A Resoluo CNE/CEB n 4, de 2 de Outubro de 2009, institui diretrizes operacionais para o atendimento educacional especializado na educao bsica, e em seu artigo 1 estabelece que Para a implementao do Decreto n 6.571/2008, os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotao nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pblica ou de instituies comunitrias, confessionais ou filantrpicas sem fins lucrativos.O atual Plano Nacional de Educao, Lei n 13.005/14 e o novo Estatuto da Pessoa com Deficincia, Lei n 13.146/15, vem corroborar ainda mais para a incluso das pessoas com deficincia nas escolas regulares. Apesar das polticas que garantem o direito incluso, muitos desses alunos ainda enfrentam dificuldades quanto a diferentes prticas de ensino. Em relao aos surdos, comum que o enfrentamento das barreiras lingusticas ainda resulte em dificuldades educacionais, mesmo nas escolas que buscam desenvolver uma escolarizao bilngue.

2.1. A educao de alunos surdos

Campos (2011) descreve o indivduo surdo como aquele que apreende o mundo por meios de contatos visuais, que capaz de se apropriar da lngua de sinais e da lngua escrita e de outras, de modo a propiciar seu pleno desenvolvimento cognitivo, cultural e social (p. 48).A educao de surdos como parte da educao especial j passou por diversos momentos histricos, vem discutindo metodologias diferentes, metodologias que sempre estiveram atreladas questo do uso ou no de sinais no processo de escolarizao e do ensino da fala. O aprendizado da fala e da leitura labial ficou conhecido como oralizao, mtodo ainda utilizado por alguns educadores, mas que com a regulamentao da lngua de sinais (Lei n 10.436/02) e com as novas polticas de educao bilngue (Decreto n 5.626/05) vem sendo mais alvo de crticas e divide as opinies.Existem relatos antigos de que alguns surdos foram includos na categoria de pessoas com condio intelectual limitada. Como consequncia, os surdos foram deixados margem da sociedade, e acreditava-se que nada eles poderiam fazer, inclusive no seriam capazes de serem educados como os demais indivduos da sociedade, devido a sua anormalidade (PERLIN e STROBEL, 2006). Skliar (1998) defende que preciso uma ruptura entre a educao especial e a educao de surdos, na viso do autor os surdos devem ser compreendidos como pessoas com uma diferena lingustica, e que precisam ser valorizados e receber metodologias de ensino especficas. O autor enfatiza que incluir representaes sobre a surdez como deficincia auditiva e como construo visual nos obriga a conduzir a nossa reflexo numa dimenso especificamente poltica (p.10). De acordo com Strobel (2008), na Roma antiga, os romanos carregavam consigo uma viso iluminista de adorao ao corpo e beleza fsica, portanto muitos que nasciam com visveis imperfeies eram sacrificados. Assim sendo, acredita-se que muitos surdos tambm foram vtimas de tal barbaridade. Como citado anteriormente, no Brasil, em 1857, foi fundada a primeira escola para surdos, o Instituto Nacional de Educao de Surdos (INES), localizada no bairro de Laranjeiras no Rio de Janeiro. Apesar de ensinar a fala, a escola inicialmente tambm utilizava sinais, uma juno da lngua de sinais francesa com outras formas de expresso gestual j usadas pelos surdos do Brasil, dando origem posteriormente Lingua Brasileira de Sinais (Libras) (STROBEL, 2009). A instituio possua uma base curricular que atendesse a necessidade dos mesmos para que pudessem desenvolver a linguagem e o conhecimento, e tambm oferecer uma base educacional slida para que pudessem aprender a ler e a escrever de acordo com a lngua majoritria da sociedade ouvinte (CAMPOS, 2011, p. 39).No ano de 1880 houve o Congresso de Milo, este foi um momento histrico e significativo para a luta da comunidade surda e a educao das pessoas surdas, pois definiu a educao Oralista como sendo a mais eficaz para a escolarizao dos alunos surdos. Esta prtica, conhecida como Oralismo consistia no treinamento da fala, atravs de exerccios para mobilidade e tonicidade dos rgos e msculos envolvidos na fala e na tcnica de leitura orofacial, que consiste no treino para identificar a palavra falada atravs da decodificao da articulao da boca durante a fala do outro, alm do treinamento auditivo, atravs do treino fonoaudiolgico da discriminao de rudos, muitas vezes acompanhado pelo aparelho de Ampliao Sonora Individual (AASI), que possibilita que o sujeito surdo perceba alguns sons devido ao aumento do som que o aparelho proporciona, dependendo do seu grau de perda auditiva.O mtodo Oralista era defendido pelo modelo clnico, os adeptos afirmavam que o indivduo teria mais chances de se inserir na comunidade ouvinte, portanto ele precisaria oralizar bem.

O oralismo, ou filosofia oralista, usa a integrao da criana surda comunidade de ouvintes, dando-lhe condies de desenvolver a lngua oral (no caso do Brasil, o Portugus). O Oralismo percebe a surdez como uma deficincia que deve ser minimizada atravs da estimulao auditiva. (GOLDFELD, 1997, p. 30 e 31, apud PERLIN e STROBEL, 2006).

Durante o Congresso de Milo, foram avaliados os mtodos gestual de ensino para surdos, que consistia no uso de sinais, o mtodo oralista, que consista no treino da fala e da leitura labial, e o misto, que era uma juno dos dois mtodos anteriores. O congresso foi composto pela maioria de professores ouvintes, ento foi decidido por votao, que a lngua de sinais deveria ser proibida, sendo assim aprovado o Oralismo como mtodo mais ideal. Segue um dos argumentos utilizados para a proibio da lngua de sinais na ocasio do Congresso: Todos sabem que as crianas so preguiosas, e por isso, sempre que possvel, elas mudariam da difcil lngua oral para a lngua de sinais (WIDELL, 1992, p.26).Aps o congresso, a utilizao da lngua de sinais foi banida da maioria das escolas, diferentes pases acataram a deciso, embora algumas instituies tenham continuado a utilizar, mesmo que ainda no conferindo status de lngua, mas apenas um apoio de comunicao. Em seguida, muitos professores surdos perderam seus empregos, e a qualidade da educao de surdos passou a enfrentar muitas crises. Desde ento, a comunidade surda vem tentando se reerguer, lutando por seus direitos, inclusive o do uso da lngua de sinais, e de sua identidade cultural. De acordo com Skliar (1998, p. 7):

Foram mais de cem anos de prticas pedaggicas enceguecidas pela tentativa de correo, normalizao e pela violncia institucional; instituies especiais que foram reguladas tanto pela caridade e pela beneficncia, quanto pela cultura social vigente que requeria uma capacidade para controlar, separar e negar a existncia da comunidade surda, da lngua de sinais, das identidades surdas e das experincias visuais, que determinam o conjunto de diferenas dos surdos em relao a qualquer outro grupo de sujeitos.

No Brasil, a lngua de sinais j comea a ser garantida em nvel nacional em 1996, pela Lei 9.394. Posteriormente, no ano de 2004, o Projeto de Lei n 180 que altera a LDB 9.394/96, dentre outras medidas, visa garantir a oferta da lngua de sinais para as pessoas surdas durante a educao bsica. Consta no artigo 26 o seguinte texto: Ser garantida s pessoas surdas, em todas as etapas e modalidades da educao bsica, nas redes pblicas e privadas de ensino, a oferta da Lngua Brasileira de Sinais-LIBRAS, na condio de lngua nativa das pessoas surdas. Anteriormente, em 24 de abril de 2002, a Libras foi oficializada como lngua dos surdos brasileiros, e meio legal de comunicao e expresso, por intermdio da Lei n 10.436.Outra medida poltica importante foi o Decreto n 5.626/05 que regulamenta a Lei de 2002 e torna obrigatria a disciplina de Libras nos cursos de formao de professores. O decreto ainda discute a formao do professor e do intrprete de Libras, alm de estabelecer o direito a uma educao bilngue e no apenas o direito pelo uso da lngua. A partir deste momento a acessibilidade e a incluso educacional do aluno surdo passam a ser discutidas sob tal perspectiva. Para complementar, o novo Plano Nacional de Educao (PNE), Lei n 13.005/14, tambm se comprometeu com uma educao inclusiva para todos e com uma educao bilngue para os alunos surdos. possvel encontrar na recente lei a seguinte redao:

Priorizar o acesso educao infantil e fomentar a oferta do atendimento educacional especializado complementar e suplementar aos (s) alunos (as) com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotao, assegurando a educao bilngue para crianas surdas e a transversalidade da educao especial nessa etapa da educao bsica.

Embora, os direitos de incluso estejam regidos em diferentes leis, no h impedimento para que crianas surdas sejam atendidas em escolas especializadas. Entretanto, a luta contnua para que a igualdade e o respeito social entre todos seja algo crescente. Dentro dessa luta por respeito e igualdade, a comunidade surda defende tambm o respeito lngua de sinais e a uma educao bilngue de qualidade. Sem o respeito lngua e o direito a uma educao bilngue, os ideais da incluso no podero ser concretizados na educao dos alunos surdos. Dentre outras questes, faz-se necessrio repensar mtodos de ensino, currculo, formas de avaliao e formao de professores. Na viso de Santos e Paulino (2008, p.32):

[...] incluso e integrao escolar seriam sinnimas. Na verdade, a integrao insere o sujeito na escola esperando uma adaptao deste ao ambiente escolar j estruturado, enquanto a incluso escolar implica redimensionamento de estruturas fsicas da escola, de atitudes e percepes dos educadores, adaptaes curriculares, entre outros.

A questo discutida a forma como a incluso dos alunos surdos tem ocorrido no cotidiano das escolas regulares, uma vez que esses alunos no apenas tm direito incluso no espao escolar comum, como tm direito ao acesso aos contedos escolares por intermdio da Libras, como sua L1, e da modalidade escrita da lngua portuguesa, como sua L2. Esse o conceito bsico de uma educao bilngue para surdos. Como os professores tm recebido esses alunos? Ser que as escolas e os professores esto prontos para incluir os alunos surdos e acessibilizar a escolarizao por intermdio de uma educao bilngue? De acordo com Lacerda e Lodi (2009, p. 17):

..., para atender aos anseios da atual poltica nacional de incluso escolar se faz necessrio o desenvolvimento de uma srie de reflexes no interior da escola pblica visando alterar profundamente seu modo de atender e atuar com sujeitos com necessidades educativas especiais. Essas reflexes, todavia, no podem ser realizadas apenas no plano terico j que, cotidianamente, as escolas recebem um significativo nmero de sujeitos que precisam ser atendidos. Assim, entendemos que com a realizao de uma experincia prtica de incluso na abordagem bilngue que se pode formar equipes escolares capazes de atuar adequadamente com estes alunos e multiplicar sua experincia junto a outros equipamentos escolares.

3. INCLUSO DE ALUNOS SURDOS EM UMA ESCOLA REGULAR

Como dito anteriormente, o objetivo principal deste trabalho foi observar e avaliar a percepo docente da prtica da incluso dos alunos surdos na rede regular. Das entrevistas realizadas, destacamos neste captulo algumas falas e discusses apresentadas.A Professora A possui 28 alunos em sala de aula e disse ter dois alunos includos, sendo um surdo e um que possui Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade (TDAH). Segundo ela, o aluno surdo aparenta ter algo mais alm da surdez, porm, ainda no foi diagnosticado. Fui informada de que o aluno surdo possui um intrprete de Libras e que frequenta a SRM. O outro aluno includo possui o acompanhamento de uma estagiria que atua como mediadora.A docente trabalha h quatro anos na rea da educao, sendo esta a primeira vez que trabalha com um aluno surdo. Anteriormente teve uma experincia com um aluno autista, quando lecionou na Educao Infantil. Sobre sua formao, possui o Curso Normal, atual Educao de Professores, Graduao em Direito e Ps-Graduao em Direito Empresarial. A turma em questo possui aulas de Libras uma vez na semana voltada para os alunos ouvintes.Sobre adaptaes pedaggicas, a professora afirmou fazer adequaes nos materiais do modo que ela consegue ensinar bem, e em caso de provas, a SRM disponibiliza as avaliaes adaptadas. Ela disse que busca informaes para poder trabalhar melhor com os alunos includos. Para a docente, a incluso melhora a parte social, pois deste modo faz com que todos os alunos interajam entre si.Por fim, a docente refletiu acerca do que seria uma escola adaptada. Na sua viso houve melhoras, mas ainda falta muito a ser feito. Como, por exemplo, a importncia da colocao de rampas no prdio anexo: as rampas, por exemplo, o prdio anexo no tem (Professora A). E professora diz ainda no se sentir preparada para trabalhar com alunos includos. No caso do aluno surdo, por exemplo, ela relatou que s vezes ele se irrita e ela no consegue entend-lo. A professora B teve certa resistncia para falar sobre o assunto, e afirmou no saber muito sobre incluso. Porm, aos poucos, foi expressando sua opinio e relatando algumas situaes que foram ou ainda so vivenciadas na escola.Quando questionada a respeito das adaptaes de metodologia de ensino, a professora disse que estas so recentes, porm acha que a instituio est avanada em relao s outras escolas. Ainda assim, atentou para a falta de material adaptado, de acordo com a professora a escola ... est avanada em relao s outras, mas falta um pouco de material.A docente disse que trabalha h trs anos com alunos surdos includos em turma regular, sendo que ano passado teve uma experincia interessante com dois alunos surdos oralizados em sua turma, e afirmou ter feito uso da leitura labial de devido sua limitao com a Libras. A professora disse que os alunos tinham uma tima interao com os demais, e isso facilitava, pois os colegas de turma das crianas surdas a ajudava a compreender melhor o que as crianas queriam, diferentemente da experincia atual.A respeito de sua formao, a docente tem Graduao em Pedagogia, e embora no se sinta preparada para trabalhar com alunos includos, ela diz que consegue lidar com a situao e defende a incluso. A professora diz que pelo convvio todos podem crescer junto com o outro, inclusive os surdos, desenvolvendo uma melhor participao, segundo a fala da docente, a incluso veio para melhorar.A atual aluna surda que a professora tem em sala de aula, possui auxlio de uma intrprete que chegou h pouco tempo. A Intrprete de Libras tambm auxilia a aluna na hora das provas e na interpretao da leitura de livros.Por fim, a professora diz que a escola favorece, porm alguns pais tambm no colaboram.A professora C permitiu que fosse gravado um udio da sua entrevista. A docente possui dois alunos surdos includos em sua turma, sendo que um deles faz uso do aparelho auditivo para identificar sons. A respeito da sua experincia, ela diz trabalhar h 10 anos com alunos includos em turmas regulares. Formada no Curso Normal e Graduada em Psicologia, a professora disse no se sentir preparada para atuar com alunos includos, e atenta para o fato de que o municpio no dispe de formaes especificas. Segundo a professora, os prprios professores que vo se preparando e se aperfeioando para aprender a lidar com a situao. A primeira vez que recebeu um aluno surdo em sala de aula, ela afirmou que no tinha auxlio de intrprete de Libras, o que dificultava ainda mais o ensino desses alunos. A professora j teve experincia com aluno com baixa audio, alunos que faziam uso da leitura labial, e outros uso da Libras, ela disse que foi aprendendo com eles.A respeito da educao inclusiva, a docente compreende que so alunos que esto em uma determinada classe regular, mas que possuem uma certa dificuldade, portanto os professores precisam fazer adaptaes para o ensino das matrias com eles, tendo tambm o apoio do intrprete e da SRM. A professora afirma que os alunos surdos so tratados por igual, no existindo diferena.A professora diz ser a favor da incluso, embora, segundo ela, o municpio do Rio no d nenhum preparo ou crie uma infraestrutura que viabilize uma incluso de qualidade, condies adequadas para se poder trabalhar com os alunos includos. Mesmo tendo a SRM, tendo oferta de cursos espordicos pelo IHA, muitas vezes os cursos so no horrio de trabalho, e ela diz que suas faltas no so abonadas, ou seja, para ir ao curso, teria que ser fora do seu tempo de trabalho. Ela ressalta ainda a questo da famlia que no d apoio aos professores, que muitos pensam e veem as crianas includas com um olhar paternalista. Na viso da professora o correto no ter pena, mas permitir que eles se percebam na mesma realidade que os demais. O tratamento por igual de todas as crianas, inclusive as surdas, tambm auxilia na viso dos demais alunos de que todos so iguais, e que um precisa do outro, e estimula a ajuda mtua.Sobre os recursos que a escola dispe, existe a SRM e a presena de intrprete, alm do instrutor de Libras (surdo) que d aula de Libras para as turmas que tem alunos surdos includos. Questionei se os professores tambm tm essas aulas de Libras e a professora disse que no, porm, ela fica em sala de aula para aprender um pouco. O instrutor fez uma presena muito rpida durante a entrevista, apenas apresentando-se.A docente disse tambm fazer adaptaes de alguns trabalhos e que sua sala repleta de desenhos, figuras e datilologia[footnoteRef:2] para que a turma tambm possa compreender um pouco do assunto e se familiarizar. A SRM, por sua vez, auxilia na adaptao das avaliaes e ajuda no ensino do portugus. Durante a realizao da prova de leitura em portugus a intrprete de Libras realiza a traduo em sinais para os alunos surdos, porm os dois alunos surdos, de acordo com a percepo da professora, no esto alfabetizados completamente na lngua portuguesa, somente na Libras.Por fim, a professora diz que faz algumas adaptaes em sala de aula para que todos acompanhem, usando imagens e datilologia. E, ressalta que atualmente os professores ainda contam com o auxilio do intrprete, mas que h algum tempo atrs eles no tinham, e que as crianas acabavam ficando parte. A docente questiona como o governo quer fazer uma escola com incluso, se os professores no so preparados: ...Como eles vo fazer uma escola que tem incluso, se no preparam o professor pra isso, n?. [2: Forma de representao manual do alfabeto escrito, frequentemente empregada na soletrao de palavras em lngua oral (CORREIA e LIMA, 2010).]

Ao perguntar se a docente considera a escola inclusiva, a resposta foi negativa, pelo fato de o professor mesmo no tendo preparo receber forosamente o aluno com alguma necessidade educacional especial em sua sala de aula. A docente diz que: eles pegam o aluno, colocam na escola, e o professor acaba se virando. Embora ainda haja muitas falhas no municpio, como ponto positivo a professora destacou que atualmente algumas crianas com deficincia j tem o auxlio de estagirios ou intrpretes de Libras. Mas o municpio tem muita coisa falha, muita coisa... fora de vontade realmente do profissional de educao (Professora C).

ProfessorFormaoSabe LibrasConcorda com a InclusoFaz adaptaesSente-se preparadaConsidera a escola inclusiva

Professora ANormal e DireitoNoSimSimNoNo

Professora BPedagogiaNoSimSimNoSim

Professora CNormal e PsicologiaNoSimSimNoNo

Tabela 1- Resumo das entrevistas

A seguir iremos discutir alguns pontos que mais foram abordados pelas professoras entrevistadas, que foram: a importncia da relao da famlia com a escola, a formao docente, e as mudanas necessrias para a escolarizao de alunos surdos. A partir do discurso das professoras, iremos dialogar com autores como Fogli, Silva Filho e Oliveira (2006). A educao inclusiva cada vez mais tem se tornado um assunto discutido, segundo os autores, a educao tem sido abordada em diversos mbitos, como poltico, econmico, e social.O processo de incluso ainda algo que divide opinies. Na perspectiva da integrao, o papel do aluno se adequar estrutura vigente, aceitando as normas expostas pelo sistema, sendo considerado objeto do currculo. (Fogli, et al., 2006, p.111). Ainda segundo os autores, na perspectiva da incluso, a escola precisa estar preparada para trabalhar com as necessidades individuais dos alunos (p.112). Os autores alertam para a diferenciao entre incluso e integrao, estas duas prticas, embora almejem a diminuio das diferenas, possuem pontos de partida distintos, e isto algo que tem confundido as escolas e a muitos que nela esto envolvidos.Uma educao inclusiva no deve ser sinnimo de tentativa de nivelamento, isto , de uma formao homogenia dos alunos, que desconsidere as diferenas, sejam elas de quais ordens forem. Muitas vezes, a escola acaba adquirindo um modelo de integrao, onde o aluno que deve se adaptar ao padro engessado da escola, sem que haja adaptao por parte da escola, seja em sua estrutura fsica ou curricular. Ao contrrio disso, as diferenas devem ser valorizadas, ... Levar em conta as diferenas pode fazer com que elas se transformem em recursos. (FOGLI, et al., 2006, p. 14).As instituies devem se preocupar com a necessidade de educar seus alunos com base em um currculo contextual e funcional. A fim de ser inclusiva, a escola deve ainda realizar adaptaes, adaptaes que se preocupem com a diversidade dentro das instituies escolares.Fogli et al.(2006) ainda nos alerta que embora a incluso seja algo que est previsto e regulamento por lei, ainda h a resistncia por parte de alguns docentes ou instituies. Algumas vezes, embora o acesso seja realizado, o aluno integrado na escola de forma que este tenha que se adaptar ao modelo j existente na instituio, sem que a escola oferea condies para um pleno acesso ao processo de escolarizao. No caso dos alunos surdos, a incluso fica limitada quando os professores no sabem Libras ou no esto preparados para o ensino de portugus como segunda lngua.Um aspecto que destacamos das entrevistas realizadas o discurso comum presente nas trs professoras a respeito da incluso. Ao serem questionadas a respeito da funo e importncia da incluso, se a prtica favorvel educao do aluno surdo, todas disseram que a incluso melhora o convvio social, porm os demais pontos, como a aprendizagem, no foram sequer mencionados.

3.1 Relao da famlia com a escolaDentre as questes mais discutidas durante as entrevistas, as professores B e C relataram a dificuldade da relao entre famlia e escola. Ambas as professoras disseram que a falta de envolvimento da famlia nas atividades acadmicas, como por exemplo, o no comparecimento s reunies, e o no auxlio nos deveres de casa, acabam limitando o processo de ensino e aprendizagem. Porm, as professoras acreditam que esta relao com a famlia importante para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. As professoras compreendem tambm como um dever essa participao. Todos que estejam envolvidos no processo de aprendizagem da criana precisariam estar unidos. essencial o cumprimento da responsabilidade da do Estado e tambm da famlia junto ao aluno, assim como est disposto na LDB 9.394/96 (art. 2):

A educao, dever da famlia e do Estado, inspirada nos princpios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. Durante o dilogo com a professora C, ela falou acerca da paternalizao das crianas que possuem algum tipo de dificuldade ou limitaes. Porm, de acordo com Fogli, et al. (2006), a criana com deficincia no deve receber privilgios e nem to pouco desprezo, mas sim ser uma criana considerada. O importante discutir um modelo de aprendizagem sem rtulos, classificaes, levando-se em conta o potencial do aluno (ibid., p.116). importante ressaltar a influncia da famlia na educao. O papel da escola auxiliar no desenvolvimento da criana, preparao e formao do individuo, porm a escola no deve ignorar o papel da famlia.

3.2 O desafio da formao de professores para a educao inclusivaA respeito da formao e da qualificao destes professores, podemos nos basear nos estudos de Padilha (2009), que discute a importncia de uma educao continuada voltada para os docentes. A autora trz a questo dos grandes desafios do ser professor. De acordo com a autora, a formao inicial dos professores no consegue abarcar todos os conhecimentos e capacitaes prticas que a profisso exige. Muitas vezes, a formao continuada tambm no tem conseguido preparar esses profissionais, tendo em vista a vasta gama de capacitao que a proposta de incluso escolar demanda. Padilha (2009) ainda observa que [...] dvidas e principalmente os mitos tm acompanhado os professores, causando confuses tericas, prticas pedaggicas inadequadas e frustraes (ibid., p.113).Campos (2011) concluiu por intermdio de seus estudos que os professores no esto preparados para trabalhar com alunos surdos, devido a falta de conhecimentos metodolgicos adequados. Outro aspecto limitante a dificuldade de comunicao entre os professores e os alunos surdos, devido diferena lingustica existente entre surdos e ouvintes. Por anos foram utilizadas prticas de oralizao e de leitura labial com alunos surdos, embora nem todos os alunos surdos conseguissem ser bem-sucedidos, e muitas vezes o contedo escolar ficar em segundo plano. Com o estabelecimento do direito a uma educao bilngue os professores se veem obrigados a se adaptarem a essa nova realidade ao invs de esperar que os alunos se adaptem.A linguagem algo essencial para a comunicao, construo de aprendizagem e desenvolvimento do indivduo, mas a educao bilngue vai alm da questo do uso da lngua de sinais, preciso que a Libras seja lngua de instruo e a primeira lngua do aluno surdo, e a LP ensinada na modalidade escrita com metodologia diferente da utilizada para ensinar alunos ouvintes. Alm disso, materiais didticos, currculo e processos de avaliao devem ser adaptados.A Professora A ainda relata: eu no me sinto preparada para lidar com alunos includos, e o aluno surdo por vezes tem comportamentos que no consigo compreender. No discurso da Professora B, percebemos sua insegurana para falar sobre o tema da incluso. Algo que foi unnime na entrevista das trs professoras, foi a afirmao de no se sentirem preparadas. Assim como a professora C, ao relatar a falta de investimento do governo em sua formao para lidar com alunos surdos. Sendo assim, mais que o acesso do aluno surdo s escolas regulares, deve ser ofertado formao inicial e continuada especfica, a fim de preparar os docentes para o ensino de acordo com as especificidades dos alunos (CAMPOS, 2011).Para compreender questes que envolvem a incluso de surdos, alguns autores como Dorziat (1999), discutem a importncia de se conhecer o aluno surdo para, a partir disto, podermos escolher o mtodo de ensino-aprendizagem mais adequado ao individuo. O educador deve respeitar o surdo em sua diferena e necessidades.Dorziat (1999), destaca que algumas pessoas tratam os surdos como se estes no possussem uma limitao auditiva, na tentativa de reverter os preconceitos existentes nas representaes do sujeito ouvinte sobre os surdos. Podemos observar que este pensamento se encontra presente no discurso da professora C ao dizer que: no coitadinho, no ter pena, eles esto na mesma realidade de todos. possvel que mesmo inconscientemente a professora tenha utilizado esta expresso para no transparecer algum tipo de preconceito ou excluso, porm, segundo Dorziat (1999), esta uma forma superficial e parcial de encarar a questo. S atravs do reconhecimento dessas diferenas, h chance de se promover uma igualdade de condies de vida entre surdos e ouvintes, ou seja, pelo confronto com a realidade relativa do aluno. (ibid., p.29). Ao tratar o aluno surdo como ouvinte, o professor estar negando-o, negando suas especificidades, negando-lhe o aprendizado.A chance de constituir uma sociedade mais igualitria atravs do reconhecimento e da valorizao destas diferenas. Dorziat (1999) diz que este assunto j vem sendo tratado por estudiosos em outros pases, e que para eles, conhecer as diferenas dos surdos estar reconhecendo suas limitaes sim, mas suas capacidades tambm, para isto, essencial que a lngua de sinais seja respeitada.De acordo com os estudos de Souza e Ges (1999), a partir da concepo de escola para todos, muitas escolas passaram a abrir as portas para as minorias excludas, porm, a escola j no conseguia oferecer boas condies para os que anteriormente estavam dentro dela. As autoras ainda fazem uma anlise e apontam a precariedade da escola regular como fator crucial para a dificuldade da efetivao de uma educao inclusiva.A respeito da formao dos professores. Sendo os professores protagonistas do processo de insero dos alunos surdos em sala de aula, a realidade que, segundo Padilha (2009) muitos no se sentem preparados ou ainda nem recebem algum tipo de auxlio para dar conta do desafio de trabalhar com diversas crianas, tendo cada qual uma especificidade. No caso da educao de alunos surdos em sala de aula regular, muitas vezes o professor abre mo do aluno, e espera que o intrprete d conta da educao desse aluno, ou aceita manter uma educao precria desses alunos. De acordo com Glat (2011, p. 8):

[...] uma das principais barreiras para a transformao da poltica de Educao Inclusiva em prticas pedaggicas especficas, a falta de preparao dos professores e demais agentes educacionais, para trabalhar com a diversidade, sobretudo com alunos com significativos problemas cognitivos, sensoriais, psicomotores e/ou emocionais, na complexidade de uma turma comum.

3.3 Escola bilngue e suas adaptaesAdaptar no significa a reduo dos contedos curriculares, como por vezes ocorre devido as baixas expectativas de desenvolvimento dos alunos, simplificao do processo de aprendizagem, justificao do fracasso escolar devido surdez. Por outro lado, s vezes nos deparamos com um esforo em tentar igualar o tempo e desenvolvimento do aluno surdo ao do aluno ouvinte em relao lngua portuguesa, o que gera desconforto, sentimento de constante inadequao e desvalorizao da sua condio lingustica. Como vimos de forma breve no captulo 2 deste trabalho, a questo da educao de surdos tambm envolveu durante muito tempo a relao entre reeducao e reabilitao clnica. Este movimento de reabilitao fez com que a reflexo a respeito das metodologias de ensino-aprendizagem para surdos tivessem foco no desenvolvimento da fala. Neste cenrio a lngua de sinais era ainda mais desvalorizada em comparao com a aprendizagem da lngua portuguesa.Contudo, podemos perceber que a educao de surdos tambm marcada por metodologias de ensino gestualistas, onde a modalidade de comunicao viso-gestual, que ainda no era reconhecida como a Libras, era valorizada por alguns educadores (Skliar, 1998). De modo crescente vemos o debate acerca da aquisio de duas lnguas nas escolas, devido s novas leis que garantem um ensino bilngue (lngua portuguesa e lngua brasileira de sinais) para surdos. Ambas as lnguas devem ser ensinadas e utilizadas como lnguas de instruo no processo educacional dos alunos surdos.No Bilinguismo a lngua de sinais respeitada como primeira lngua, e em seguida a lngua oficial do pas inserida, na modalidade escrita (Perlin e Strobel, 2006). Porm, a questo da lngua no o nico fator a ser repensado, preciso atentar para as questes do projeto poltico pedaggico da escola atendam as necessidades dos alunos surdos, tanto em recursos, currculo, quanto na organizao escolar. importante que no s os alunos sejam contemplados com o aprendizado da lngua de sinais, pois o aprendizado da Libras por todos os membros da comunidade escolar possibilita uma maior interao entre todos, e a efetivao de uma incluso escolar de qualidade. necessrio investimento para o aprendizado destes alunos e dos profissionais envolvidos neste processo.A presena de intrprete para realizar a comunicao entre professor e aluno, no deve acomodar o professor para o no aprendizado dessa lngua. Como podemos observar, na Lei n 10.098 de 2009 garantido o direito acessibilidade do surdo aos diferentes meios sociais e, no artigo 17, determinado que o poder pblico deve promover a eliminao de barreiras na comunicao e garantir o acesso educao, trabalho, informao, lazer e transporte.De acordo com Santos (2005), a escola deve discutir qual oferta educativa seria melhor para determinado grupo de alunos, uma classe especial ou a insero na sala regular, com apoio da Sala de Recursos Multifuncionais. A autora tambm ressalta a importncia da valorizao da lngua de sinais para a educao dos surdos, mas embora seja essencial, tambm defende que este no o nico fator a ser observado e melhorado na incluso educacional dos surdos. Skliar (1998) enfatiza a importncia de que quanto mais precoce o acesso da criana lngua de sinais melhor ser o desenvolvimento cognitivo e intelectual dela. essencial o desenvolvimento de linguagem desde cedo por intermdio de brincadeiras, passeios, jogos e diversas interaes sociais, o que muitas vezes ocorre tardiamente para esta criana, pois grande parte das crianas surdas no possuem acesso a lngua de sinais desde bebs j que os pais so em sua maioria ouvintes.Lacerda e Lodi (2009), coordenaram recentes estudos a respeito da escolarizao de surdos no Brasil. As autoras procuraram identificar problemticas existentes na educao destes alunos, j que so poucos os resultados efetivos de progresso escolar de alunos surdos. Na percepo das autoras, a lngua de sinais seria a nica ferramenta verbal plenamente acessvel aos surdos, portanto defendem que ela deveria ser incorporada s prticas educacionais. Desta forma, so a favor de uma educao bilngue, e defendem que os alunos surdos devem ter contato com este meio o mais precocemente possvel. Alm de criar o acesso a lngua de sinais, importante criar condies para que o aluno surdo se desenvolva na mesma proporo que o ouvinte.Alm da presena de intrprete de Libras e instrutor de Libras, as Salas de Recursos Multifuncionais tambm fazem parte do processo de adaptao das escolas para o recebimento de alunos includos, surdos ou no. As SRMs surgiram com a ideia de apoiar as atividades pedaggicas que so desenvolvidas nas salas de aulas regulares, porm, a SRM no deve ser apenas um espao de apoio, e sim um espao que auxilia no desenvolvimento mediante o aprofundamento dos conhecimentos. Neste espao so utilizados recursos de acordo com cada necessidade especfica dos alunos. As aes do professor desse Atendimento Educacional Especializado (AEE) devem estar articuladas com o trabalho pedaggico da escola e com os professores regentes. Embora de acordo com as professoras entrevistadas, as mesmas realizem adaptaes dentro da sala de aula, no ficou claro que tipo de metodologias so empregadas e sua eficcia. Principalmente porque todas admitiram desconhecer a Libras e no conseguir se comunicar muito bem com seus alunos surdos. A cooperao entre os professores das salas regulares e da SRM, bem como intrpretes e instrutores de Libras deve ser buscado sempre. Santos (2005), sugere algumas propostas educacionais para escolas que possuem alunos surdos, como:- elaborao de um projeto poltico pedaggico que contemple adaptaes necessrias ao aluno surdo;- estimulao da participao dos professores nos cursos de capacitao;- adequao dos espaos fsicos, para o desenvolvimento do aluno;- solicitao de cursos de capacitao de lngua de sinais para os professores;- participao de um professor surdo no desenvolvimento das prticas na SRM, e a presena de um intrprete junto ao aluno e ao professor para que seja possvel uma melhor interao entre todos e o desenvolvimento educacional do aluno.

A autora ainda aponta outras questes, como a divulgao da Libras no espao escolar e a importncia do envolvimento da famlia no trabalho pedaggico. Segundo Perlin e Strobel (2006):A educao de surdos, seja na escola de surdos, seja a incluso, deve determinar e controlar, segundo a lei, a presena da lngua de sinais, garantindo sua proficincia entre os professores, funcionrios e demais membros do contingente escolar.

Os discursos das trs docentes entrevistadas nesta pesquisa revelam a dificuldade de comunicao entre alunos surdos e professores ouvintes. Como previsto no PNE de 2014 que tambm versa sobre o bilinguismo para surdos, na meta 4, a Libras deve ser oferecida aos alunos surdos como primeira lngua.

CONSIDERAES FINAISAo longo deste trabalho foi possvel observar e analisar a viso de trs professoras do municpio do Rio de Janeiro a respeito da incluso escolar e da prpria prtica docente. A escola visitada compreende a uma das atuais 23 escolas-piloto bilngues para surdos, implantadas pelo Instituto Helena Antipoff a partir do ano de 2012.Ao indagarmos a compreenso destas professoras a respeito da educao inclusiva, notou-se que as trs profissionais entrevistadas disseram no saber Libras e que no se sentem preparadas para lidar com a diversidade desses alunos em sala de aula. A compreenso de cada professora a respeito do que educao inclusiva e como ela se faz se mostrou um reflexo do pequeno nvel de preparao delas, o que por sua vez explica a dificuldade de utilizar metodologias adequadas para lidarem com os alunos surdos. Mostrou-se a dificuldade para trabalhar com alunos que apresentam especificidades que as professoras no conhecem ou no se sentem preparadas para ensinar. Com base nestes resultados, a formao bsica dos professores se apresenta insuficiente para lidar com a incluso de alunos surdos. Duas das trs professoras entrevistadas possuem apenas o Curso Normal, sendo a graduao em outra rea. Uma possvel soluo para o problema seria a educao continuada dos docentes, porm deveria existir um incentivo governamental, condies para que os docentes fossem capacitados sem precisarem estender sua carga horria de trabalho.A escola em questo caminha para o processo de incluso destes alunos surdos, porm no pode ser considerada uma instituio bilngue, uma vez que grande parte dos professores no sabe Libras, que as aulas de Libras so oferecidas somente para as classes em que h a presena de alunos surdos, e que as aulas de lngua portuguesa no ocorrem com estratgias de ensino de segunda lngua, a no ser na SRMs. Embora esteja previsto em lei, que a Libras dever contemplar todas as modalidades e nveis de ensino, ainda uma prtica incomum, mesmo nas escolas com alunos surdos includos.Durante as ltimas dcadas, a educao de surdos teve avanos, como o direito a intrprete de Libras nas escolas. Porm, a partir das entrevistas com as professoras da instituio, foram notadas crticas em relao prtica desses profissionais, alm da presena de uma limitao na interao entre os alunos surdos e os professores e dificuldades para uma adequao no mtodo de ensino. Embora as trs professoras tenham respondido que so de acordo com o processo de incluso, elas apontam para a incluso social, porm no discutiram a respeito do desenvolvimento educacional das crianas surdas. Alm disso, duas, das trs entrevistadas, no consideram a escola inclusiva. Por fim, verifica-se a importncia da formao continuada dos professores para que estes possam ensinar aos alunos com deficincias. Alm da valorizao e do estmulo da formao continuada para os profissionais da rea, a escola deve repensar seu currculo e suas prticas a fim de garantir uma incluso de qualidade e resguardar o direito do aluno surdo a uma educao bilngue.

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APNDICE

Roteiro de perguntas das entrevistas.

1- Quantos alunos includos voc tem em sala de aula?

2- Qual(is) (so) a(s) especificidade(s) do seu aluno (surdo, cego, mltiplas deficincias, etc.)? Destes, quantos so surdos?

3- Voc sabe Libras?

4- H quanto tempo voc atua com alunos surdos includos?

5- Qual a sua formao? Voc se sente preparado(a) para ensinar para alunos surdos em uma turma de incluso?

6- O que voc entende por educao inclusiva?

7- Em sua concepo, a poltica de incluso favorvel educao do aluno? Por qu?

8- Quais so os recursos* disponveis na escola que concorrem para o processo de escolarizao desses alunos includos?*espaciais, materiais e humanos (SRM, materiais adaptados, intrprete de Libras, etc.).

9- Voc realiza alguma adaptao metodolgica em suas aulas? Quais so suas maiores dificuldades?

10- Voc considera a escola onde trabalha, em sua amplitude, inclusiva?

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