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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MEC – SETEC INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MARCOS GIOVANE DE QUEVEDO RIJO A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE PASSO FUNDO Cuiabá - MT Outubro de 2009

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MEC – SETEC

INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

MARCOS GIOVANE DE QUEVEDO RIJO

A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE PASSO FUNDO

Cuiabá - MT

Outubro de 2009

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INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO - IFMT

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO: "EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E

TECNOLÓGICA INCLUSIVA"

MARCOS GIOVANE DE QUEVEDO RIJO

A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE PASSO FUNDO

Cuiabá - MT

Outubro 2009

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Ficha Catalográfica Rijo, Marcos A Inclusão de Alunos Surdos nas Escolas Públicas de Passo Fundo Cuiabá -MT, 2009 Total de folhas do TCC: 48 Fortes, Maria Carolina Instituto Federal do Mato Grosso Trabalho de conclusão Curso de Especialização: "Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva”

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MARCOS GIOVANE DE QUEVEDO RIJO

A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE PASSO FUNDO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação do Curso de Especialização em "Educação Profissional E Tecnológica Inclusiva", do Instituto Federal do Mato Grosso, como exigência para a obtenção do título de Especialista.

Orientadora: Prof. MSc Maria Carolina Fortes

Cuiabá - MT

Outubro 2009

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MARCOS GIOVANE DE QUEVEDO RIJO

A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS NAS ESCOLAS

PÚBLICAS DE PASSO FUNDO

Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização Lato Sensu Educação

Profissional Tecnológica Inclusiva, submetido à Banca Examinadora composta pelos

Professores do Programa de Pós-Graduação do Centro Federal de Educação

Tecnológica de Mato Grosso como parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Especialista.

Aprovado em: ____________________

______________________________________________

Prof. MSc Maria Carolina Fortes (Orientadora)

______________________________________________

Prof. MSc Nádia Cristina Poletto (Membro da Banca)

_____________________________________________

Prof. Esp. Paulo Sergio Fochi (Membro da Banca)

Cuiabá - MT

Outubro 2009

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RESUMO

Todas as pessoas, portadoras ou não de necessidades especiais, têm o direito de acesso a saúde, lazer, trabalho, educação e demais recursos que são necessários ao pleno desenvolvimento do ser humano. No entanto, ao longo da história, as pessoas com necessidades especiais foram julgadas incapazes de realizarem atividades consideradas normais ao ser humano “normal”. Essas pessoas foram então excluídas da sociedade e seus direitos, principalmente os de acesso ao trabalho e educação, foram desrespeitados. O objetivo desta pesquisa é observar as práticas e estratégias didático-metodológicas e pedagógicas desenvolvidas pelos professores de escolas públicas de Passo Fundo. Para isso, realizou-se um aprofundamento teórico sobre o desenvolvimento histórico das diferentes abordagens educacionais de pessoas surdas e da inclusão de surdos no mercado de trabalho e no contexto escolar. Posteriormente, foi elaborado um roteiro para entrevistas com três alunos surdos atendendo uma sala regular da rede pública de ensino. Também foi aplicado um questionário ao intérprete e aos professores de Língua portuguesa e Matemática que trabalham com os sujeitos da pesquisa. A coleta de informações se encerrou com a observação das aulas de Língua portuguesa e Matemática. A partir das informações coletadas, constatou-se que o sistema de ensino regular não esta preparado para receber e lidar com os alunos com necessidades especiais auditivas. As escolas são carentes de recursos básicos necessários ao processo de inclusão e os professores não estão preparados para recebe-los. Como consequencia, não desenvolvem práticas e estratégias pedagógicas que atendam às necessidades educacionais desses alunos.

Palavras-chave: Estratégias didático-metodológicas, educação de surdos, inclusão.

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ABSTRACT

Everyone, disabled or not, has the right to health care, leisure, work, education and other resources which are necessary for a full human development. However, throughout history people with special needs have been considered unable to carry out activities considered ordinary for the so called normal people. They were then excluded from society, and their rights, particularly the right to employment and education, were denied. The objective of this research is to observe the educational, methodological and pedagogical practices and strategies developed by teachers in the public schools of Passo Fundo. In order to do so, a throughout theoretical study on the historical development of different approaches to education of deaf people and the inclusion of these people in the job market and in the school context was implemented. Afterwards, a guide to interview three deaf students attending a regular class at a public school was created. A questionary was also applyed to the interpreter and to the Portuguese and the Math teachers who worked with the students. Finally, the collecting of data ended with the observation of a Portuguese and a Math class. From the facts observed we can state that the official teaching system is not prepared to receive and to deal with special needs deaf students. The schools are lacking basic resources necessary for the inclusion process and teachers are not prepared to receive them. As a consequence, do not develop practices and teaching strategies that meet the educational needs of these students. Key Words: Educational and methodological strategies, education of deaf people, inclusion.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 10

2 APROFUNDAMENTO TEÓRICO SOBRE O TEMA ................................ 12

2.1 Descobrindo a surdez ............................................................................ 12

2.2 A inclusão de surdos no mercado de trabalho ....................................... 16

2.3 O Aluno surdo no contexto escolar ........................................................ 19

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................ 22

3.1 Metodologia ............................................................................................ 22

4 ANÁLISE DE DADOS .............................................................................. 24

4.1 Interação aluno, professor e interprete .................................................. 28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 30

6 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 33

ANEXOS .......................................................................................................... 36

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1 INTRODUÇÃO

“Os olhos com que revejo já não são os olhos com que vi”.

Paulo Freire

O interesse pela educação das pessoas surdas surgiu pela

percepção da necessidade de aprofundar conhecimentos e construir novos saberes

sobre a inclusão na rede regular de ensino e em especial no ensino técnico e

tecnológico.

Nessa perspectiva, Marre (1991, p.10) ponta que, ao escolher um

tema de pesquisa “não se pode dizer que se faz uma escolha neutra; pelo contrário

se faz porque está relacionado com um sistema de valores e com as convicções

últimas do sujeito que escolhe”.

A inclusão dessas pessoas se apresenta como um fato novo para a

maioria dos professores e profissionais ligados a educação, surgindo como um

grande desafio para todos, pois, uma escola inclusiva deve oferecer, ao aluno surdo

possibilidades reais de aprendizagem, caso contrário estará realizando uma inclusão

precária.

O presente trabalho constitui-se numa pesquisa qualitativa de

caráter exploratório, desenvolvido em uma escola pública regular de ensino médio

de Passo Fundo, que tem em suas turmas alunos surdos.

O objetivo dessa pesquisa é conhecer os processos de inclusão de

alunos surdos na perspectiva de ambiente de aprendizagem em contexto de uma

sala onde os sujeitos (professores e alunos) envolvidos são na sua maioria ouvintes.

Na construção desse trabalho, inicialmente buscou-se conhecer

teoricamente os temas “surdez” e inclusão, na perspectiva de perceber o

entrelaçamento existente, possibilitando assim construir o projeto de pesquisa.

A intenção inicial era observar o processo de inclusão de alunos com

algum tipo de necessidade especial em turmas regulares de ensino. Porém a

percepção de que existe em Passo Fundo um nº significativo de pessoas surdas

frequentando escolas regulares na modalidade EJA, foi determinante na presente

escolha. Essa modalidade de ensino nos mostra de forma clara uma possibilidade

inclusiva, amparada por políticas públicas especificas. A outra escolha deu-se pela

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categoria “pessoas adultas” e “trabalhadoras”, pois se acredita ser possível

estabelecer uma aproximação com a Educação Profissional e Tecnológica,

considerando o contexto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

Sul-Rio-Grandense (IFSul), campus de Passo Fundo.

Apresenta-se na sequencia do texto o processo metodológico, no

que se refere à coleta e análise dos dados e considerações finais.

Acredita-se que foi possível, dentro dos limites de um trabalho

monográfico, levantar elementos que merecem aprofundamento através de

pesquisas mais abrangentes.

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2 APROFUNDAMENTO TEÓRICO SOBRE O TEMA

2.1 Descobrindo a surdez

O surdo usuário de língua de sinais ainda é um desconhecido para a

grande maioria dos professores de ensino técnico e tecnológico. Sabe-se muito

pouco sobre a surdez, a educação de surdos e como eles se comunicam, quer seja,

através de comunicação gestual ou oral. Com intenção de esclarecer algumas

questões referentes à surdez, apresenta-se, a seguir, um breve histórico da

educação dos surdos. Abordando de maneira geral, as formas de comunicação

oralista, gestualista, total e bilingüismo.

Segundo Lacerda (1998), durante a Antiguidade e por quase toda a

Idade Média, pensava-se que os surdos não fossem educáveis. No início do século

XVI que se começou a admitir que os surdos pudessem aprender através de

determinados procedimentos pedagógicos.

Tal constatação encontra-se nos relatos de diversos pedagogos que

se dispuseram a trabalhar com surdos. Para Lacerda (1998), o propósito da

educação dos surdos era, então, fazer com que pudessem desenvolver o

pensamento, adquirir conhecimento e se comunicar com o mundo ouvinte. Para tal,

procurava-se ensiná-los a falar e a compreender a língua falada, mas a fala era

considerada uma estratégia, em meio a outras, de se alcançar tais objetivos. Nas

tentativas iniciais de educar o surdo, além da atenção dada à fala, a língua escrita

também desempenhava papel fundamental. Os alfabetos digitais eram amplamente

utilizados. Eles eram inventados pelos próprios professores, porque se argumentava

que se o surdo não podia ouvir a língua falada, então ele podia lê-la com os olhos.

Falava-se da capacidade do surdo em correlacionar as palavras escritas com os

conceitos diretamente, sem necessitar da fala. Muitos professores de surdos

iniciavam o ensinamento de seus alunos através da leitura-escrita e, partindo daí,

instrumentalizavam-se diferentes técnicas para desenvolver outras habilidades, tais

como leitura labial e articulação das palavras.

Para Lacerda (1998), a partir desse período podem ser distinguidas,

nas propostas educacionais vigentes, iniciativas antecedentes do que hoje

chamamos de “oralismo” e outras antecedentes do que chamamos de “gestualismo”.

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Segundo Sá (2002, p.63) no Brasil e no mundo ainda tem grande

força a abordagem educacional oralista. Oralismo é o nome dado àquelas

abordagens que enfatizam a fala e a amplificação da audição e que rejeitam, de

maneira explícita e rígida, qualquer uso da língua de sinais.

O oralismo perdurou como a filosofia educacional para ensino de surdos por mais de um século e que apregoa que o surdo deve adquirir a língua oral, devendo ser terminantemente proibido o uso de sinais no processo, essa postura foi fortemente criticada por pesquisadores e estudiosos da época, para esses autores, a língua oral não pode ser adquirida por este tipo de aprendiz pelo processo de aquisição de língua materna, pois, devido à ausência de audição, pode-se considerar que ele não foi exposto a uma primeira língua. Esse aprendiz, além de ficar privado, nessas condições, de adquirir a língua materna, também não tem acesso aos processos de desenvolvimento da linguagem de forma natural (FELIX, 2008, p.17).

Segundo Lacerda (1998), inicialmente no campo da pedagogia do

surdo, existia um acordo unânime sobre a conveniência de que esse sujeito

aprendesse a língua que falavam os ouvintes da sociedade na qual viviam; porém,

no bojo dessa unanimidade, já no começo do século XVIII, foi aberta uma brecha

que se alargaria com o passar do tempo e que separaria irreconciliavelmente

oralistas de gestualistas. Nesse contexto, os oralistas exigiam que os surdos se

reabilitassem, que superassem sua surdez, que falassem e, de certo modo, que se

comportassem como se não fossem surdos. Os proponentes menos tolerantes

pretendiam reprimir tudo o que fizesse recordar que os surdos não poderiam falar

como os ouvintes. Impuseram a oralização para que os surdos fossem aceitos

socialmente e, nesse processo, deixava-se a imensa maioria dos surdos de fora de

toda a possibilidade educativa, de toda a possibilidade de desenvolvimento pessoal

e de integração na sociedade, obrigando-os a se organizar de forma quase

clandestina. Para Lacerda (1998), os gestualistas eram mais tolerantes diante das

dificuldades do surdo com a língua falada e foram capazes de ver que os surdos

desenvolviam uma linguagem que, ainda que diferente da oral, era eficaz para a

comunicação e lhes abria as portas para o conhecimento da cultura, incluindo

aquele dirigido para a língua oral. Com base nessas posições, já abertamente

encontradas no final do século XVIII, configuram-se duas orientações divergentes na

educação de surdos, que se mantiveram em oposição até a atualidade, apesar das

mudanças havidas no desdobramento de propostas educacionais.

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Surge então na França a língua de sinais, inicialmente representada

como abordagem gestualista - o "método francês" de educação de surdos. O abade

Charles M. De L'Epée foi o primeiro a estudar uma língua de sinais usada por

surdos, com atenção para suas características linguísticas. O abade, a partir da

observação de grupos de surdos, verifica que estes desenvolviam um tipo de

comunicação apoiada no canal viso-gestual, que era muito satisfatória1.

Segundo Skliar (2006, p.92), as crianças surdas, pelo seu déficit

auditivo, não podem ser expostas dentro da língua oral; existe, de fato, um obstáculo

fisiológico para que isso ocorra. Para eles a língua oral não é a primeira língua,

embora seja a primeira, e inclusive a única, que lhes é oferecida.

Segundo Silva (2000, p.35), as primeiras pesquisas sobre Língua

Americana de Sinais, somadas à insatisfação com os resultados obtidos no oralismo,

deram origem a novas propostas pedagógicas. Nos anos 70, a tendência que

predominou foi a filosofia da Comunicação Total, que defendia o direito da criança

surda de ser exposta a todas as pistas e fazer uso das que melhor se adequassem à

suas habilidades comunicativas e as do interlocutor.

Segundo Favorito (apud FELIX, 2006, p.18), a “Comunicação Total” era uma abordagem educacional, idealizada nos Estados Unidos, que apregoava a utilização de todos os tipos possíveis de estratégias no processo de ensino-aprendizagem dos indivíduos surdos: sinais – inclusive alguns criados para marcar aspectos gramaticais da língua oral – desenhos, dramatizações, treino auditivo, escrita, expressão corporal. Porém, essa forma de comunicação, enfatiza a autora, também não logrou êxito.

Para Lacerda (1998), o objetivo da comunicação total, é fornecer à

criança a possibilidade de desenvolver uma comunicação real com seus familiares,

professores e coetâneos, para que possa construir seu mundo interno. A oralização

não é o objetivo em si da comunicação total, mas uma das áreas trabalhadas para

possibilitar a integração social do indivíduo surdo. A comunicação total pode utilizar

tanto sinais retirados da língua de sinais usada pela comunidade surda quanto sinais

gramaticais modificados e marcadores para elementos presentes na língua falada,

mas não na língua de sinais. Dessa forma, tudo o que é falado pode ser

acompanhado por elementos visuais que o representam, o que facilitaria a aquisição

da língua oral e posteriormente da leitura e da escrita.

1 A palavra Abade significa pai e tem sido utilizada como título clerical.

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No Brasil, a comunicação total ainda é uma concepção predominante na educação de surdos. Embora o acesso aos sinais tenha favorecido de maneira efetiva o contato entre surdos e ouvintes tornando menos sofrida a conversação entre eles, a comunicação total não resolveu a questão da língua, já que os alunos surdos continuaram a ser expostos ao português ainda que usado com sinais. As propostas educacionais sob esta orientação não defendem um espaço efetivo para a língua de sinais no trabalho educacional. Estão sim baseados na utilização de vários recursos semióticos para efetivar a comunicação, sem uma preocupação real com a falta de uma língua partilhada efetivamente (SILVA, 2000, p.36).

Segundo Felix (2006, p.18), na década de 90, dois outros modelos

de educação para as pessoas surdas começaram a emergir no Brasil: o modelo de

Educação Bilíngue e o modelo da Escola inclusiva.

O modelo de educação bilíngue contrapõe-se ao modelo oralista

porque considera o canal visogestual de fundamental importância para a aquisição

de linguagem da pessoa surda. E contrapõe-se à comunicação total porque defende

um espaço efetivo para a língua de sinais no trabalho educacional; para que cada

uma das línguas apresentadas ao surdo mantenha suas características próprias e

que não se "misture" uma com a outra. Segundo Lacerda (1998), o objetivo da

educação bilíngue é que a criança surda possa ter um desenvolvimento cognitivo-

linguístico equivalente ao verificado na criança ouvinte, e que possa desenvolver

uma relação harmoniosa também com ouvintes, tendo acesso às duas línguas: a

língua de sinais e a língua majoritária.

Segundo Sá (2002, p.68) uma educação bilíngue é muito mais que o

domínio ou uso, em algum nível, de duas línguas. É necessário ver a educação de

surdos sendo caracterizada tanto como uma educação bilíngue como também

enquanto uma educação multicultural. A autora continua dizendo que uma educação

bilíngue que não seja embasada em uma perspectiva multicultural corre o risco de

valorizar a questão linguística e esquecer todo os demais aspectos inter-

relacionados.

Para Lacerda (1998), as três principais abordagens de educação de

surdos (oralista, comunicação total e bilinguismo) coexistem, com adeptos de todas

elas nos diferentes países. Cada qual com seus prós e contras, essas abordagens

abrem espaço para reflexões na busca de um caminho educacional que de fato

favoreça o desenvolvimento pleno dos sujeitos surdos, contribuindo para que sejam

cidadãos em nossa sociedade.

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2.2 A inclusão de surdos no mercado de trabalho

A inclusão do surdo no mercado de trabalho faz parte de um

movimento inclusivo por parte de diversos setores da sociedade que visa promover

a inclusão dos deficientes, não somente na escola, mas em todos os âmbitos

sociais, entre eles o mundo do trabalho.

Percebe-se que ainda é lento esse processo, tanto em relação ao

acesso quanto a ascensão e valorização profissional. Esse fato foi possível

perceber através dos relatos dos sujeitos da presente pesquisa2.

João está trabalhando numa empresa organizando caixas de azeite. É o seu primeiro emprego e ele ganha aproximadamente R$ 500,00 por mês com carga de trabalho de oito horas por dia. Pedro está trabalhando na Frangosul, onde trabalha no corte de frango, encaixotamento e transporte das caixas até o caminhão. Segundo Gediel, ele trabalha das 02:30h até as 17:30h de segunda a sexta. Antônio trabalha com o seu tio consertando automóveis. Ele ganha aproximadamente R$ 20,00 por semana.

Tais, relatos reafirmam o que Sassaki analisa em relação ao

mercado de trabalho, no passado, pode ser comparado a um campo de batalha: de um lado, as pessoas com deficiência e seus aliados empenhando-se arduamente para conseguir alguns empregos; e de outro, os empregadores, praticamente despreparados e desinformados sobre a questão da deficiência, recebendo ataques furiosos por não preencherem as vagas com candidatos com deficiência tão qualificados quanto os candidatos sem deficiência (SASSAKI, 2006, p.23).

Esta comparação mostra o que sempre tem ocorrido ao longo das

fases que vão desde a exclusão, passam pela segregação e chegam à integração.

Trata-se de um mundo dividido em dois lados, fazendo diferentes coisas em

diferentes épocas. “Na atual fase da inclusão, o mundo do trabalho tende a não ter

dois lados. Agora, os protagonistas, em geral, parecem querer enfrentar juntos o

desafio da produtividade e competitividade” (Sassaki, 2006, p.24).

Para Antunes (apud SILVEIRA 2007, p.2), em nossa sociedade, o

trabalho é entendido como algo de imensa importância, seja porque confere

2 Os nomes João, Pedro e Antônio são fictícios e foram criados com o intuito de preservar a identidade dos sujeitos participantes da presente pesquisa.

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dignidade e status ao homem, seja porque, por meio dele, as necessidade básicas

do homem sejam satisfeitas.

Segundo Thoma & Lopes (2004, p.92) durante muito tempo,

principalmente na área da educação, foi fortemente aceita a Teoria do Capital

Humano, em que a educação estava diretamente relacionada com a “formação do

trabalhador” – educação: garantia de emprego.

Nas últimas décadas, as mudanças nos contextos socioeconômicas

e político afetaram a oferta de emprego no país. Na década de 80, as crises

econômicas agravaram-se, e o desemprego tornou-se um problema grave e geral

da sociedade brasileira. O desemprego já existia, mas, a partir da década de 80, foi

sendo constituído como um problema.

Segundo Klein (apud BORGES et al, 2002) atualmente, uma visão

mais integrada em relação ao deficiente auditivo tem substituído os velhos discursos

que enfocavam somente aspectos patológicos; considera-se o indivíduo surdo em

todas as suas dimensões, e isto inclui o âmbito social em que o trabalho está

inserido.

Segundo levantamento da Organização das Nações Unidas,

existem 500 milhões de deficientes no mundo, e 80% vivem em países em

desenvolvimento. No Brasil, estima-se que 2,4 milhões de pessoas vivem com

dificuldades físicas, auditivas, visuais ou mentais. Desse contingente, o equivalente

ao número de habitantes de uma cidade do tamanho de Salvador (BA), apenas

2,049% possui emprego formal com carteira assinada, pouco acima da cota mínima

exigida por lei (2%).

Esses dados fazem parte de estudo da Fundação Getúlio Vargas e

foram divulgados em janeiro de 2005 no sítio do ministério do trabalho, que mostra o

descaso de empresas privadas quando o assunto é contratação de portadores de

deficiência e o descumprimento da lei de cotas, principal instrumento de inclusão de

portadores no mercado formal de trabalho.

Segundo o ministério do trabalho e emprego (Brasil, 2007, p.20) a

legislação estabelece a obrigatoriedade de empresas com cem (100) ou mais

empregados preencherem uma parcela de seus cargos com pessoas com

deficiência. A reserva legal de cargos é também conhecida como lei de cotas (art.

93 da Lei n° 8213/91). A cota depende do número de empregados que a empresa

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tem no seu quadro, na seguinte proporção, conforme estabelece o art. 93 da Lei n°

8213/91:

I – de 100 a 200 empregados .......... 2%

II – de 201 a 500 .............................. 3%

III – de 501 a 1000 ............................4%

IV – de 1001 em diante .....................5%

Para fins de reserva de cargos para pessoas com deficiência no

Brasil, há duas normas internacionais devidamente ratificadas, o que lhes confere

status de leis internacionais, que são a Convenção n° 159/83 da OIT e a Convenção

Interamericana para a eliminação de todas as formas de discriminação contra as

pessoas com deficiência, também conhecida como convenção da Guatemala, que

foi promulgada pelo decreto n° 3.956, de 8 de outubro de 2001. Ambas conceituam

deficiência, para fins de proteção legal, como uma limitação física, metal, sensorial,

ou múltipla, que incapacite a pessoa para o exercício de atividades normais da vida

e que, em razão dessa incapacitação, a pessoa tenha dificuldades de inserção

social.

Há também essa obrigação de inclusão do deficiente auditivo no

setor público, conforme consta na Constituição Federal de 1988: Art. 37, VIII: A lei

preservará percentual de cargos e empregos públicos para as Pessoas Portadoras

de Deficiência e definirá os critérios de sua admissão.

De acordo com o Correio Braziliense (apud CAVALCANTI, 1999),

dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que "a deficiência auditiva

afeta 10% da população mundial". Deficiência auditiva é a perda bilateral, parcial ou

total, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de

500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (Decreto n° 5.296/04, art. 5°, § 1°,I, “b”, c/c

Decreto n° 5.298/99, art. 4°, II).

Porém, para Carreira (apud BORGES et al, 2002), apesar de

existirem tantas leis, muitos empresários ainda desconhecem a capacidade de

trabalho do surdo e as medidas administrativas para sua contratação (recrutamento,

seleção, treinamento, legislação).

Para Sassaki (2006, p.63), no Brasil, a inclusão vem sendo praticada

em pequenas escala por algumas empresas, mesmo sem saberem que estão na

realidade adotando uma abordagem inclusiva. A inclusão dos deficientes auditivos

nas empresas demonstra que há uma tendência atual de se julgar a diferença como

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algo inerente aos seres humanos, havendo, portanto, uma valorização da

diversidade.

2.3 O Aluno surdo no contexto escolar

No Brasil, historicamente, as pessoas surdas têm sido excluídas do

espaço escolar onde tem se efetivado a aquisição da linguagem oral e escrita

daqueles que frequentam as classes regulares. “Por muitos e muitos anos os surdos

foram atendidos em sua escolarização em instituições filantrópicas: institutos,

associações, etc”. (ARAÚJO & FONTE, 2009). Ser contrário à inclusão escolar de alunos com surdez é defender guetos normalizadores que, em nome das diferenças existentes entre pessoas com surdez e ouvintes, sectarizam, homogeneízam a educação escolar. As pessoas com surdez e/ou alguns profissionais que atuam na sua educação, em alguns momentos, usam o discurso multicultural, defendem as identidades não fixadas, o pluralismo cultural, mas, enfatizam as relações de poder de um grupo majoritário de ouvintes sobre o grupo minoritário de pessoas com surdez. A escolaridade guetificada tem sido defendida, pautada em cultura, língua e comunidade próprias para as pessoas com surdez e que essa posição se baseia em teorias que estão camuflando a visão segregacionista em nome das diferenças (DAMÁZIO, 2005, p.12).

Sabemos que é um grande desafio transformar a escola comum

existente, porém, esta é a escola para todos e de todos. Temos, pois, que

transformar suas práticas educativas, vencendo os desafios.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB, nº

9394/1996) estabelece que os sistemas de ensino deverão assegurar,

principalmente, professores especializados ou devidamente capacitados, que

possam atuar com qualquer pessoa especial na sala de aula.

Portanto, o aluno surdo tem o direito de ser atendido pelo sistema

regular de ensino. No entanto, este pode ser um processo lento, pois, a grande

maioria dos professores da rede regular de ensino não está preparada para atender

alunos com necessidades especiais.

Segundo Schwartzman (apud SILVA, 2000, p.39), os professores do

ensino regular não têm sido preparados para a tarefa de lidar com crianças com

necessidades educativas especiais e sem este preparo, por melhor que seja o

método utilizado, as chances de sucesso são muito limitadas.

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Em muitas “escolas inclusivas” da rede regular de ensino, a atual

inclusão dos alunos surdos se faz por intermédio de um intérprete. “Este tem por

função traduzir, para a língua de sinais, o que professor está falando. Neste sentido,

o professor continua explicando o conteúdo para os alunos ouvintes e espera que o

intérprete faça o seu trabalho para que os alunos surdos sejam incluídos”.

Para o aluno surdo, é fundamental a presença de um intérprete de

libras para mediar a comunicação em sala de aula. No entanto, não é possível incluir

o aluno surdo em uma sala de aula regular apenas com a presença do intérprete.

Para que o processo de inclusão seja consolidado, deve-se criar um ambiente

favorável, no qual, o aluno surdo possa desenvolver suas potencialidades. Neste

sentido, é preciso que o sistema de educação disponibilize para as escolas, os

recursos necessários a este processo. No entanto, muitas escolas que recebem

estes alunos não disponibilizam destes recursos. Sendo assim, o aluno surdo é

integrado nesta escola, porém, não é incluído.

Segundo Silva (2003, p.32), a integração escolar tem como objetivo

inserir o aluno com deficiência na escola regular, porém, essa escola permanece

organizada da mesma forma e é o aluno que foi inserido que deverá adaptar-se a

ela. No entanto no sistema de ensino inclusivo é a escola que se reorganiza para

atender a especificidade de cada aluno. Sendo assim, o foco da integração é o aluno

com deficiência e o foco da inclusão é o sistema de ensino que tem que oferecer um

ensino de qualidade a todos.

Segundo Spenassato (2009) a maioria das escolas não apresenta

um quadro de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, dentre

esses, os surdos. Ainda há carência de salas apropriadas, de materiais, de recursos

visuais, de metodologias e, principalmente, de professores especializados ou

intérpretes, entre outros.

Segundo Mühl (apud SPENASSATO, 2009), a educação inclusiva

consiste em um sistema de ensino de qualidade que atenda a todos, exigindo um

novo posicionamento das escolas quanto à reestruturação, o aperfeiçoamento dos

professores, de suas práticas pedagógicas, da reformulação das políticas

educacionais e implementação de projetos educacionais inclusivos.

Para que o aluno surdo construa o seu conhecimento em uma sala

de aula inclusiva, ele deve ser estimulado a pensar e raciocinar, assim como os

alunos ouvintes. Portanto, o professor deve desenvolver estratégias pedagógicas

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que despertem o interesse do aluno surdo. No entanto, em muitas escolas, o ensino

é transmitido pelos professores numa perspectiva tradicional, sem levar em

consideração as necessidades especiais do aluno surdo. Sendo assim, este aluno

não desenvolve uma aprendizagem significativa.

Segundo Spenassato (2009), em cada classe haverá uma

diversidade de cultura e conhecimentos. Portanto, caberá ao professor usufruir de

estratégias como: desenvolver novas metodologias de ensino; utilizar recursos

diferenciados e processos de avaliação adequados, como forma de tentar minimizar

a desigualdade e trabalhar a diversidade.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Metodologia

A metodologia adotada não é meramente uma opção de técnica, é uma postura epistemológica

Nídia Regina Limeira de Sá.

A metodologia não só contempla a fase de exploração de campo

como a definição de instrumentos e procedimentos para análise dos dados.

Segundo Minayo (2003, p.43), os principais elementos da metodologia podem ser

definidos, sistematicamente, a partir da definição da amostragem onde, uma

pergunta bem elaborada tem grande importância para o sucesso da pesquisa “quais

indivíduos sociais têm uma vinculação mais significativa para o problema a ser

investigado?(...)”. Nesse sentido, pode-se afirmar que uma boa amostragem é

aquela que possibilita abranger a totalidade do problema investigado em suas

múltiplas dimensões.

A opção pela abordagem qualitativa deu-se pelo caráter vivencial e

pela possibilidade de estabelecer uma relação dinâmica entre o mundo real e o

sujeito, uma interdependência viva entre este e o objeto, um vínculo indissociável

entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. Assim, o conhecimento não se

reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa e sim da

relação entre sujeitos - o sujeito-observador é parte integrante do processo de

conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes significado. O objeto não é

um dado inerte e neutro, é constituído por significados e relações que sujeitos

concretos criam em suas ações.

O processo de coleta de dados envolve a escolha das técnicas e

instrumentos de pesquisa. Deve-se definir as técnicas a serem utilizadas tanto para a pesquisa de campo (entrevistas, observações, formulários, história de vida) como para a pesquisa suplementar de dados, caso seja utilizada pesquisa documental, consulta a anuários, censos. Geralmente se requisita que seja anexado ao projeto o roteiro dos instrumentos utilizados em campo (MINAYO, 2004, p.43).

Assim, cabe salientar que o processo de coleta de dados utilizou

diferentes instrumentos e procedimentos.

Para analisar as propostas pedagógicas e as estratégias

metodológicas, desenvolvidas pelos professores, a fim de se verificar o processo de

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inclusão dos alunos surdos na rede regular de ensino, foram realizadas entrevistas

com os alunos e seus professores seguidas de um dia de observações da interação

professor ouvinte e aluno surdo em sala de aula.

As entrevistas foram realizadas com pessoas surdas na cidade de

Passo Fundo, no período de Julho a Outubro de 2009, numa escola pública de

ensino médio e fundamento Ernesto Tochetto.

Fizeram parte do trabalho, 3 pessoas do sexo masculino. São alunos

surdos matriculados no sistema regular de ensino na modalidade EJA (Educação de

jovens e adultos). Os alunos estão cursando a totalidade 5, o que seria equivalente a

7a série do ensino fundamental. Um dos alunos deveria esta cursando a totalidade 6,

no entanto, não havia alunos surdos neste nível e ele optou em cursar novamente o

nível T5 que tem outros dois alunos surdos.

Os participantes são solteiros e têm 19, 20 e 24 anos. Do grupo, o

mais jovem tem um filho com uma ex-namorada e a atual esta grávida.

As abordagens se realizaram através de observações em sala de

aula e entrevistas com os alunos e seus professores.

O critério da seleção dos alunos participantes teve como requisito

básico, pertencer à população surda e estar matriculado na rede regular de ensino.

A comunicação entre os alunos e o pesquisador ocorreu através da língua de sinais

com auxílio de uma interprete.

Para a entrevista com os alunos, foi elaborado um roteiro com

tópicos que objetivavam conhecer melhor o aluno, sua realidade de vida e a sua

inclusão escolar e social. Para a realização da entrevista buscou-se apoio teórico em

Morin (apud MOLL, 2000 31) define entrevista-diálogo: “É algo mais que uma

conversação mundana, é uma busca em comum. O entrevistado e o entrevistador

colaboram para obter uma verdade que afete ou bem a pessoa entrevistada ou bem

um problema”.

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4 ANÁLISE DE DADOS

Organização e análise de dados. Segundo Minayo (2003, p.43),

deve-se descrever com clareza como os dados serão organizados e analisados.

Como exemplo, a autora cita as análises de conteúdo, de discurso, ou análise

dialética que são procedimentos possíveis para a análise e interpretação dos dados

e cada uma destas modalidades preconiza um tratamento diferenciado para a

organização e sistematização dos dados.

Na sequencia, está relatado cada tópico abordado nesta entrevista.

Em relação ao nível de deficiência auditiva, o aluno João tem surdeira

profunda, Pedro é deficiente auditivo, mas consegue ouvir com uso de aparelho

auditivo e Antônio tem deficiência auditiva, sendo sua deficiência de 40% no ouvido

direito e 90% no ouvido esquerdo.

Quanto às possíveis causas da deficiência auditiva, dois alunos não

souberam informar com precisão o que havia acontecido. Antônio diz desconhecer a

causa da sua deficiência auditiva, João informou que foi em decorrência de

complicações no parto, mas não soube informar quais foram estas complicações e

Pedro informou que a mãe teve rubéola durante sua gravidez.

De maneira geral, a comunicação com pessoas ouvintes acontece

de forma oralizada. No entanto, os alunos relatam que não é fácil se comunicar

desta forma, pois, as pessoas ouvintes falam muito rápido e nem sempre eles

conseguem entender. De maneira geral, o aluno surdo prefere se comunicar através

da língua de sinais. Os alunos também relatam que não entendem muito bem a

leitura labial e acham necessária a ajuda da intérprete na sala de aula para auxílio

nas atividades escolares.

Em relação ao nível de leitura em português, de maneira geral os

alunos relataram que não entendem tudo que leem. Isso porque os verbos em

português são conjugados. Na língua de sinais (libras) não existe conjugação para

os verbos.

Dos três alunos participantes da pesquisa, dois estão trabalhando

com carteira assinada, o outro trabalha com o tio consertando automóveis e ganha

aproximadamente R$ 20,00 por semana. Um dos alunos trabalha das 02:30h até as

17:30h de segunda a sexta. Quando questionado sobre a carga horária alta de

trabalho, ele relatou que estava fazendo hora extra. O outro aluno está no seu

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primeiro emprego e ganha aproximadamente R$ 500,00 por mês para uma carga de

trabalho de oito horas por dia.

Ao serem questionados se surdos brasileiros têm seus direitos

respeitados, um dos alunos respondeu que os direitos das pessoas surdas não são

respeitados, mas se mostrou um pouco conformado, pois, acha que os direitos dos

ouvintes também não são respeitados. Um dos alunos respondeu que acha que os

surdos têm seus direitos respeitados, mas não demonstrou certeza do entendimento

do assunto. E o outro respondeu que desconhece os seus direitos.

O convívio social dos alunos se restringe aos familiares e colegas

surdos. Um dos alunos relatou que tem dificuldade de manter um convívio social

porque não entende tudo o que as pessoas ouvintes falam, ele acha que falta

comunicação. No trabalho ele mantém um convívio social maior com as pessoas

surdas.

Em relação às dificuldades de aprendizagem enfrentada pelo aluno,

todos disseram ter dificuldade nas disciplinas de matemática e português. Com

exceção de um aluno que gosta de português. Nas demais disciplinas todos

relataram que conseguem ter bom desempenho escolar. Os alunos também

relataram que tem sido mais fácil aprender com a ajuda da intérprete.

Um dos participantes da pesquisa deixou como sugestão para os

professores que trabalham com alunos surdos, que utilizem material didático que

seja visual, como por exemplo mapas e desenhos. Um participante não soube citar

sugestões que possam facilitar a aprendizagem do aluno surdo em sala de aula. O

outro não citou nenhuma sugestão em relação ao o que o professor pode fazer para

melhor o aprendizado do aluno surdo, mas salientou que a interprete é

indispensável, pois, com a sua ajuda é mais fácil aprender.

Também participaram deste estudo, professores e a interprete da

escola regular de ensino médio e fundamental Ernesto Tochetto, em cuja sala de

aula estudam os alunos surdos, sujeitos da entrevista.

Os professores foram selecionados, obedecendo aos seguintes

critérios: lecionarem para os alunos surdos sujeitos da entrevista; lecionarem

disciplinas nas quais os alunos surdos apresentam dificuldades, de acordo com a

entrevista realizada neste estudo.

Com base nos critérios acima, foram selecionados, para fazer parte

deste estudo, os professores de língua portuguesa e matemática. Após a seleção

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dos professores, entrou-se em contato com a escola, ocasião em que foi explicado

diretamente à vice-diretora o objetivo do estudo. Foi solicitada autorização da

direção da escola para realização do trabalho. Após a concordância da direção, a

própria vice-diretora e o pesquisador consultaram os professores e a interprete sobre

sua disponibilidade em responder um questionário.

O questionário foi elaborado com questões abertas com o objetivo

de buscar dados que fornecessem informações sobre os métodos de ensino usados

pelos professores no processo de ensino-aprendizagem do aluno surdo.

Na sequencia, está relatada cada pergunta abordada neste

questionário.

Em relação à integração entre alunos surdos e ouvintes, a

professora de língua portuguesa respondeu que os alunos surdos são integrados ao

grupo, mas falta muito para serem incluídos. Na opinião do professor de matemática,

existe dificuldade, o que pode acontecer durante esse processo. A intérprete

percebe que os alunos ouvintes, desta turma, são curiosos em relação à cultura

surda, segundo ela, eles tentam uma comunicação gestual ou escrita. Porém é

preciso uma ruptura de padrões tanto de ouvintes quanto de surdos. Ela acredita

que a sociedade precisa livrar-se de fronteiras para que todos sejam inclusos.

Quanto aos recursos necessários para que o professor promova

processos de ensino e aprendizagem para os alunos surdos, para a professora de

língua portuguesa, não há dúvidas de que deveriam ser visuais, no entanto ela

acredita que não há condições de trabalhar todo o conteúdo utilizando-se de meios

visuais como cartazes. O professor de matemática acredita que os processos de

ensino aprendizagem só podem ser possíveis com o auxílio de intérprete. A

intérprete acredita que em primeiro lugar é importante que o professor conheça a

cultura surda, como a língua brasileira de sinais (Libras) para que possa comunicar-

se com alunos surdos. Para ela, o professor deve aceitar que existem diferenças

dentro da escola. Se estas duas características forem compreendidas, o professor

será capaz de preparar aulas onde alunos diferentes poderão aprender.

Em relação às dificuldades de aprendizagem enfrentadas pelo aluno

surdo, a professora de língua portuguesa acredita que é a própria dificuldade de

entender a língua portuguesa e a falta de intérpretes. Para o professor de

matemática é a falta de comunicação direta com o professor. Segundo a intérprete, o

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problema é a falta de preparo da sociedade em aceitar o que está fora dos

“padrões”.

Considerando as potencialidades apresentadas pelo aluno surdo, a

professora de língua portuguesa respondeu que este tem as mesmas condições que

o aluno ouvinte. Na opinião do professor de matemática é a força de vontade em

superar as dificuldades e discriminações. Para a professora interprete, o surdo

apenas fala outra língua, mas as potencialidades são as mesmas.

Quanto às expectativas do professor em relação ao desempenho

escolar do aluno surdo, a professora de língua portuguesa considera que nos

aspectos formativos eles são exemplos, superando os alunos ouvintes. Para o

professor de matemática são as mesmas em relação aos alunos ouvintes.

Em relação à importância do intérprete no processo de construção

do conhecimento do aluno surdo, os professores de língua portuguesa e matemática

consideram indispensável sua presença. A intérprete faz uma síntese em sua

resposta dizendo: “Imagina você em uma sala de aula onde todos os alunos da

escola, professores e funcionários falassem uma língua que você não conhecesse. A

intérprete é a voz do surdo e a voz do ouvinte quando se quer interpretar uma

segunda língua seja ela qual for”.

Quanto às dificuldades enfrentadas pelo professor no processo de

ensino-aprendizagem do aluno surdo, os professores de língua portuguesa e

matemática consideram que seja falta de comunicação direta com o professor. Para

a intérprete, a dificuldade é a comunicação, a falta de preparo em aceitar

internamente a situação e ter ações em pesquisar sobre as diferenças que se

deparam em sala de aula.

Por fim, os professores responderam o seguinte questionamento:

Como você avalia o processo de inclusão de alunos surdos na rede regular de

ensino?

Para a professora de português não há inclusão e isto está longe de

acontecer. Os alunos surdos são integrados na turma. Na opinião da professora, a

exclusão é ainda maior. Por fim, ela encerra dizendo que o que está acontecendo é

um faz de conta. Segundo o professor de matemática a inclusão deve acontecer,

pois é necessária. Na opinião da intérprete a inclusão ainda não acontece. Em sua

opinião, colocar um aluno surdo dentro da escola não significa ter inclusão. Ela

encerra dizendo que estamos na área da integração, isto é, o surdo faz parte de

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uma sociedade, mas não está incluído, pois incluso significa ser compreendido e o

surdo não é compreendido pela comunidade escolar.

Ao final do questionário foi cedido um espaço para contribuições que

o professor julgasse pertinente. Neste espaço o professor de matemática conclui que

são necessários mais intérpretes, qualificar os professores e equipar as escolas.

4.1 Interação aluno, professor e interprete

[...] se o olhar transporta para a imagem daquilo que é olhado um pouco da pessoa que olha, se o olhar transporta para a imagem a relação entre o que vê e o que é visto, deduz que ver é

relacionar-se.

Luiz Eduardo Soares

Após a entrega dos questionários por parte dos professores, foi

realizada uma nova visita à escola com o objetivo de observar a interação dos

professores e intérprete com os alunos surdos.

A partir de observações realizadas através de diálogos com a

intérprete, definiram-se três grandes tópicos a serem observados, tais como;

estratégias pedagógicas desenvolvidas pelo professor; comportamento do aluno;

integração com os demais colegas. (O protocolo utilizado nas observações encontra-

se anexo).

As duas observações realizadas para o estudo foram transcritas de

acordo com os tópicos definidos, passando a fazer parte da análise de dados.

As observações tiveram a duração aproximada de quarenta e cinco

minutos e foram realizadas nas aulas de Português e Matemática. Com o objetivo de

não interferir no cronograma de aulas adotado pelo professor, foi observada a aula

que o mesmo estava ministrando no momento em que o pesquisador estava na

escola.

A partir desde momento, relatam-se algumas observações

realizadas durante as aulas. A primeira observação da integração aluno, professor e

interprete realizou-se na aula de língua portuguesa. Nesta aula, a professora propôs

a continuação de uma atividade de leitura que a turma havia iniciado na aula

anterior. Primeiramente a professora distribuiu aos alunos os livros que eles estavam

lendo, neste momento, notei que os alunos ouvintes se mostraram um pouco

dispersos e desinteressados. Enquanto os alunos surdos demonstraram interesse

em realizar a leitura. No entanto, observei que eles não entendem todas as palavras

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que estão lendo. Durante a leitura, por várias vezes a intérprete foi consultada para

esclarecer frases que os alunos não entendiam.

Durante a aula, a professora questionou os alunos ouvintes a

respeito de uma apresentação cultural que os mesmos deveriam preparar e

apresentar em um evento que seria realizado na própria escola. Os alunos

responderam que ainda não sabiam o que fazer, neste momento, a intérprete

sugeriu um sarau poético. Os alunos ouvintes aceitaram a idéia e sugeriam que os

alunos surdos participassem fazendo a representação do sarau também em libras.

Neste momento, pode-se perceber uma tentativa, por parte dos alunos ouvintes de

incluir os alunos surdos em um trabalho conjunto. Diante da situação favorável, a

professora procurou conscientizar os alunos ouvintes a continuar realizando ações

de inclusão do aluno surdo. Segundo a professora, os alunos surdos estão

integrados em uma turma regular, mas os mesmos ainda não estão incluídos. Como

forma de incentivar a inclusão, a professora socializou com os alunos um projeto de

inclusão realizado na própria escola, onde alunos ouvintes da primeira série do

ensino fundamental aprendem a língua de sinais (libras).

No mesmo dia, também se realizou a observação da integração

aluno, professor e interprete na aula de Matemática. Para esta aula, o professor

preparou um trabalho para ser realizado em grupo. Os dois alunos surdos presentes

na aula formaram grupo com uma aluna ouvinte. Os alunos surdos e a aluna ouvinte

se mostraram interessados durante a realização do trabalho. A comunicação entre

os alunos se deu através da intérprete, que também auxiliou os alunos surdos

através do uso de uma tabela pitagórica.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise dos instrumentos de pesquisa utilizados neste

trabalho, foi possível chegar a algumas conclusões as quais são discutidas abaixo.

Como foi referido no aprofundamento teórico sobre o tema,

observam-se, ao longo da história da educação de surdos, as formas de

comunicação oralista, gestualista, total e bilinguismo.

Na visão do Oralismo, a fala e a amplificação da audição devem ser

enfatizadas, sendo rejeitado, de maneira explícita e rígida, qualquer uso da língua de

sinais. No entanto, quando surgiu o oralismo, esse tipo de comunicação foi

fortemente criticada por pesquisadores e estudiosos da época; para esses autores, a

língua oral não podia ser adquirida por este tipo de aprendiz pelo processo de

aquisição de língua materna, pois, devido à ausência de audição, pode-se

considerar que ele não foi exposto a uma primeira língua.

Na visão gestualista, o surdo seria capaz de desenvolver uma

linguagem que, ainda que diferente da oral, fosse eficaz para a comunicação e que

lhes abriria as portas para o conhecimento da cultura, incluindo aquele dirigido para

a língua oral.

A Comunicação Total era uma abordagem educacional que

apregoava a utilização de todos os tipos possíveis de estratégias no processo de

ensino-aprendizagem dos indivíduos surdos. Com o objetivo de fornecer à criança a

possibilidade de desenvolver uma comunicação com seus familiares, professores e

coetâneos.

O modelo de educação bilíngue tem por objetivo que a criança surda

possa ter um desenvolvimento cognitivo-linguístico equivalente ao verificado na

criança ouvinte, tendo acesso às duas línguas: a língua de sinais e a língua

majoritária. Este modelo contrapõe-se ao oralista porque considera o canal

visogestual de fundamental importância para a aquisição de linguagem da pessoa

surda. E contrapõe-se à comunicação total porque defende um espaço efetivo para

a língua de sinais no trabalho educacional.

Diante das diferentes abordagens de educação de surdos

apresentadas neste trabalho, é possível concluir que cada qual possui seus prós e

contras. No entanto, todas foram muito importantes, pois, possibilitaram reflexões

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que contribuíram para o processo de desenvolvimento da educação de sujeitos

surdos.

Quanto à inclusão de surdos no mercado de trabalho, a constituição

federal prevê através de reserva legal de cargos, a obrigatoriedade de empresas

com cem (100) ou mais empregados preencherem uma parcela de seus cargos com

pessoas com deficiência, entre elas estão os deficiêntes auditivos. Essa reserva é

também conhecida como lei de cotas (art. 93 da Lei n° 8213/91).

Há também essa obrigação de inclusão do deficiente auditivo no

setor público, conforme consta na Constituição Federal de 1988: Art. 37, VIII: A lei

preservará percentual de cargos e empregos públicos para as Pessoas Portadoras

de Deficiência e definirá os critérios de sua admissão.

No entanto, percebe-se que ainda é lento esse processo, o indivíduo

surdo tem dificuldades de encontrar emprego, pois, o mercado de trabalho ainda

não está preparado para receber pessoas com necessidades especiais. Além disso,

a barreira da comunicação torna mais difícil a inclusão social dos deficientes

auditivos no ambiente de trabalho. Também é possível perceber através dos relatos

dos sujeitos da presente pesquisa, que o trabalhador surdo não é valorizado

profissionalmente. Infelizmente a maioria dos trabalhadores surdos são mal

remunerados e muitos são obrigados a cumprir uma alta carga horária de trabalho

para garantir seu emprego ou uma remuneração mais digna.

Em relação à inclusão do aluno surdo no contexto escolar, a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB, nº 9394/1996) estabelece que os

sistemas de ensino deverão assegurar, principalmente, professores especializados

ou devidamente capacitados que possam atuar com qualquer pessoa especial na

sala de aula.

Neste sentido, entende-se que o aluno surdo tem o direito de

frequentar uma sala de aula da rede regular de ensino e de ser atendido

pedagogicamente em suas necessidades. No entanto, a partir da análise dos

instrumentos de pesquisa utilizados neste trabalho, percebe-se grandes dificuldades

por parte das escolas para atender as necessidades educacionais destes alunos.

Entende-se que, de acordo com a perspectiva da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Brasileira, o professor deveria ser responsável por mediar e

incentivar a construção do conhecimento do aluno surdo, através da sua interação

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com os alunos e do desenvolvimento de práticas e estratégias pedagógicas que

atendam estes alunos em suas necessidades.

No entanto, a grande maioria dos professores continuam ministrando

suas aulas em uma perspectiva tradicional, ou seja, não existe uma mudança

didático-metodológica para atender as necessidades pedagógicas deste aluno.

Diante disso, entende-se que os processos de inclusão de alunos

surdos na perspectiva de ambiente de aprendizagem em contexto de uma sala

regular ainda estão em fase de implantação. Atualmente, o aluno surdo está sendo

“incluído” na rede regular que possui carência de salas de aula apropriadas,

recursos visuais, intérpretes e professores preparados e motivados para o

desenvolvimento de novas práticas pedagógicas que atendam todos os alunos em

suas peculiaridades educacionais.

A proposta de inclusão escrita nos documentos é muito importante, e

tem que sair do papel. No entanto, a inclusão dos alunos surdos se apresenta como

um fato novo para a maioria dos professores e profissionais ligados à educação.

Neste sentido, o Governo, através do ministério da educação, tem que possibilitar

condições favoráveis ao processo de inclusão. Nesta perspectiva, as escolas devem

ser reestruturadas para que os professores tenham condições de se capacitarem

para atender todos os alunos de modo igualitário. Neste sentido, os professores

devem estar abertos a compreender as diferenças educacionais dos alunos surdos e

ouvintes, para que possam auxiliá-los através do desenvolvimento de estratégias

pedagógicas que atendam essas diferenças.

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ANEXOS

Anexo A: Roteiro para entrevista com os alunos surdos da Escola Ernesto Tochetto.

Dados de identificação Nome: Idade: Sexo: Estado civil: Escolaridade: Escola: Roteiro da entrevista: 1) Nível da deficiência auditiva. (classificar a deficiência auditiva). 2) Possíveis causas da deficiência. 3) Como acontece a comunicação com pessoas que não conhecem a linguagem

de sinais. 4) Nível de leitura labial. 5) Nível de leitura em português. 6) Alunos que estão trabalhando. 7) Os surdos brasileiros tem seus direitos respeitados. 8) Maiores dificuldades enfrentadas pelos surdos no convívio social. 9) Dificuldades aprendizagem enfrentada pelo aluno. 10) Sugestões apresentadas pelos alunos surdos.

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Anexo B: Questionário dirigido aos professores e intérprete dos alunos sujeitos

da pesquisa.

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Anexo C: Observação em Sala de Aula. Data: _____/_____/_____ Horário: Aluno: Professor: Aula: Atividade: Estratégias pedagógicas desenvolvidas pelo professor

Comportamento do Aluno Integração com os Colegas

Outras Observações: _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________