A INCLUSÃO SOCIAL E O ENSINO DA MATEMÁTICA AOS · PDF fileEncarando esse desafio, ... O que não se aplica ao ensino da matemática, pois a disciplina ... com o instituto Nacional

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  • A INCLUSO SOCIAL E O ENSINO DA MATEMTICA AOS PORTADORES DE DEFICINCIAS VISUAIS NO DISTRITO FEDERAL

    Marcelo Oliveira Arajo

    Licenciando em Matemtica Universidade Catlica de Braslia

    Resumo: O ensino da matemtica requer ateno especial quando se trata da educao de pessoas portadoras de deficincias visuais, mas muitas vezes isso no acontece. O presente artigo mostra como o Governo do Distrito Federal encara esse desafio que, por sua vez, primordial no processo de incluso dos deficientes visuais, j que toda incluso comea pela educao. Depoimentos orais, transcritos no trabalho, mostram pessoas portadoras de deficincias visuais que venceram todas as barreiras e obtiveram sucesso no processo de incluso. So profissionais que exercem sua cidadania como qualquer outro cidado scio-economicamente-ativos e que, de forma visvel e exemplar, mostram que os deficientes visuais s precisam de uma justa condio social para usufruir, como todos, dos direitos e deveres sociais. Palavras-chave: Ensino da Matemtica; Educao; Incluso Social; Cidadania; Justa condio social; direitos e deveres. 1- INTRODUO A inteno desse trabalho mostrar o ensino da matemtica no processo educativo das pessoas portadoras de deficincias visuais (PPDV) e como, numa sociedade cheia de desigualdades, as PPDV, conseguem exercer seus direitos e deveres no que tange as necessidades bsicas de um cidado scio-economicamente ativo, bem como investigar como se d o processo de incluso desse grupo social no DF. Portanto, pretende-se mostrar as possibilidades e caminhos percorridos pelas pessoas portadoras de deficincias visuais rumo a uma satisfatria, bem como suficiente, participao scio-econmica, ou seja, rumo Incluso Social. A incluso social um desafio cotidiano na vida dos portadores de necessidades especiais. Embora a Constituio Federal garanta a igualdade de todos perante a lei, direitos totais educao ainda so negados a esse segmento social, que encontra dificuldades para ser aceito nos parmetros regulares. O que contradiz a Constituio Federal, Capitulo II, Seo I, art. 205, a educao, direito de todos dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade(...). Por si, este artigo j valeria para os deficientes. Alm disso, o artigo 208, inciso III reassegura o atendimento educacional especializado aos portadores de deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino. Por ltimo, a Lei Federal 7853 dispe sobre o apoio aos deficientes e sua integrao social, definindo o preconceito como crime. Nesse sentido, nenhuma escola ou creche pode recusar, sem justa causa, o acesso do deficiente instituio. Desde que a ltima Lei de Diretrizes e Bases anunciou a obrigatoriedade das escolas pblicas aceitarem alunos especiais em suas turmas regulares, muitas dvidas e mitos cercam os pais e educadores da rea em todo o pas. Dvidas parte, quase consenso entre os especialistas que a

  • educao inclusiva s pode ser benfica para os estudantes em geral e no Distrito Federal esse processo, levando-se em conta que h uma preocupao poltica por se tratar da Capital Federal, conduzido de maneira exemplar para o resto do pas. Adotar uma postura positiva e incentivar o desenvolvimento das habilidades dos estudantes so passos importantes para que eles comecem a se conhecer e a perceberem o que tm de bom. Contudo, mesmo sendo exemplar, o trabalho realizado pelo DF junto aos portadores de deficincias visuais, no consegue atingir a todos os cidados que necessitam desse amparo. Isso se d, tambm, pelas diferenas que envolvem as famlias desses deficientes que, por sua vez, tm papel fundamental nesse processo. Dificuldades como ampla divulgao e aplicao dos projetos de amparo aos portadores de deficincias visuais, no so problemas que acontecem somente na Capital Federal. Em um trecho de entrevista feita por Caiado (2005) a uma cega congnita, em Campinas-SP, podemos perceber essas caractersticas: Minha famlia sempre me deu toda assessoria, mas h muito deficiente abandonado. Ns precisamos de uma associao forte, formada por uma diretoria sria, com estatuto, Uma associao que faa um trabalho de conscientizao, de luta pelos nossos direitos. Direitos de estudar, de trabalhar. O processo de incluso de qualquer pessoa comea pela escola e o grande desafio dos educadores e responsveis pelo ensino especial para deficientes visuais no DF conseguir promover uma escola que consiga ensinar de forma concreta as disciplinas necessrias para uma justa e competitiva condio intelectual, como tambm o convvio, dos mesmos, com os ditos normais em um ambiente comum a todos, que possa favorecer o desenvolvimento, em todos os aspectos, de todos os alunos. Encarando esse desafio, profissionais competentes, nas mais diversas reas da educao, buscam condies favorveis para que os portadores de deficincias visuais, no caso, possam gozar dos conhecimentos a eles passados, da mesma maneira que os alunos ditos normais o fazem, ou deveriam fazer. Tm-se a conscincia, bem como o conhecimento de que a deficincia visual, que uma deficincia sensorial, no compromete o desenvolvimento cognitivo, no impedindo assim, e muito pelo contrrio, a incluso desses alunos em salas de aulas do ensino regular, pois tambm papel da escola ensinar o aluno a praticar o respeito s diferenas, dando oportunidades a crianas, jovens e adultos de reconhecer seus limites, como os do prximo. E, acima de tudo, destacar o que h de bom em si e nas pessoas que o cercam. Aconteceu, no ltimo dia 16 de outubro, aqui em Braslia o primeiro festival Ser Diferente Normal dando inicio a campanha nacional de incluso de deficientes, de acordo com matria publicada por S (2005) no site do MEC. O objetivo dessa festa dar continuidade no combate ao preconceito vivido pelos portadores de necessidades especiais, bem como aproximar cada vez mais esses cidados do convvio com os demais grupos sociais, bem como, das atividades que normalmente no so comuns a essas pessoas. O que mais um passo para que todos consigam aceitar as diferenas de cada indivduo e aprenderem o mximo possvel com as mesmas.

  • A gente quer ajudar de todas as formas a incluso das pessoas com deficincia na escola, no trabalho, na sociedade. A gente quer ajudar em todo esse processo e principalmente no combate ao preconceito. O que mais incomoda em quem tem deficincia ouvir um comentrio maldoso ou receber um olhar enviesado. Se houvesse mais oportunidade de conviver com pessoas com dificuldades, no haveria esse tipo de situao, acredita Patrcia Almeida, coordenadora do evento. Mesmo com toda a mobilizao para tanto, a maior dificuldade em se educar os deficientes visuais jovens e adultos sempre foi a falta de livros, que em muitos casos a nica, quando transcrito para o Braille, ferramenta para que o portador de deficincia visual (PDV) tenha acesso a informao impressa podendo, tambm, aprender as mais diferentes disciplinas do currculo escolar. O que no se aplica ao ensino da matemtica, pois a disciplina requer material concreto para a sua assimilao. O nico material concreto utilizado hoje, no DF, no trabalho com os deficientes visuais, a no ser por iniciativa de seus professores, o baco ou sorob, mas devido suas restries em relao ao estudo de alguns contedos, no pode ser o nico material didtico utilizado para o ensino da matemtica. No DF dado aos portadores de necessidade especiais visuais, dentre outros, o satisfatrio amparo material, estrutural e psicolgico necessrios para que suas capacidades sejam desenvolvidas e aprimoradas. Trazendo assim oportunidades de crescimento intelectual e formao profissional desses, que por muito tempo foram totalmente excludos, mas que j comeam, pela escola, a alcanar espao e reconhecimento social. O processo de incluso social dessas pessoas, no DF, comea pela escola que , na maioria dos casos, o primeiro contato dos deficientes visuais com a educao, bem como com a matemtica. Atravs do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais (CEEDV), que a nica unidade de ensino especializada no atendimento ao aluno cego e de baixa viso no Distrito Federal e Entorno, essa incluso se inicia. 2- REFERENCIAL TERICO Numa matria do Correio Brasiliense publicada por Borges (2003), ressalta-se a iniciativa de um professor que deveria ser, e , exemplo de dedicao educao. Rubens Ferronato desenvolveu no ano de 2000, no interior da Paraba, um instrumento para que cegos possam criar imagens onde pretendia apenas cumprir a promessa de ajudar um aluno seu, portador de deficincia visual, a aprender matemtica. Trs anos depois, Ferronato j havia produzido cerca de 200 placas artesanalmente e capacitado mais de 200 professores para utilizar a ferramenta pedaggica. Em novembro de 2003, sua iniciativa foi vencedora, na regio Sul, do Prmio Fundao Banco do Brasil de Tecnologia Social. O que deixa uma clara inspirao e conscincia que para se mudar alguma situao, por exemplo a educao, o primeiro passo se d com iniciativas pessoais. tarefa da educao ajudar a definir bases e diretrizes da humanizao das relaes humanas e por isso, dentre outros fatores, pode ser vista como de primordial importncia no processo de incluso social, o que hoje uma preocupao nacional, evidenciada, tambm, pelos meios de comunicao em massa. clara a noo de que uma sociedade justa no deve erguer barreiras de

  • apartao a pessoas de classes, raas, gneros e origens diferentes, muito menos s pessoas com deficincias. Nela se busca uma igualdade de direitos, amparados por leis, a todos os cidados que formam uma sociedade onde todos podem participar efetivamente dos processos sociais, econmicos e polticos que constituem um sistema social de governo. De acordo com Cavalcante (2004), trabalhar com uma turma de incluso, de qualquer nvel, envolvendo o tema identidade pode ser, primeira vista, uma tarefa rdua. A questo como contribuir para que alunos que muitas vezes se sentem diferentes e que tm a auto-est