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A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS ... · 1990/91 1992/93 1994/95 1996/97 1998/99 2000/01 2002/03 2004/05 2006/07 2008/09 2010/11 2012/13 2014/15 2016/17 2018/19

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A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

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A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

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RESUMO EXECUTIVO2

Diretor ExecutivoCesar Cunha Campos

Diretor TécnicoRicardo Simonsen

Diretor de ProjetosSidnei Gonzalez

CRÉDITOS

Equipe TécnicaEvandro FaulinFelippe SerigatiTalita Priscila Pinto

Coordenação Editorial Manuela Fantinato Coordenação de Comunicação Visual Patricia Werner Produção Editorial Talita Marçal Projeto GráficoJulia Travassos Tradução Rodrigo Rudge Ramos Ribeiro Revisão Sara Pais DiagramaçãoCafé.art.br Photoswww.shutterstock.com

Esta edição está disponível para down-load no site da FGV Projetos: www.fgv.br/fgvprojetos

Primeiro Presidente FundadorLuiz Simões Lopes

PresidenteCarlos Ivan Simonsen Leal

Vice-PresidentesSergio Franklin Quintella, Francisco Oswaldo Neves Dornelles, & Marcos Cintra Cavalcante de Albuquerque

CONSELHO DIRETOR

PresidenteCarlos Ivan Simonsen Leal

Vice-PresidentesSergio Franklin Quintella, Francisco Oswaldo Neves Dornelles & Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque

VogaisArmando Klabin, Carlos Alberto Pires de Carvalho e Albuquerque, Cristiano Buarque Franco Neto, Ernane Galvêas, José Luiz Miranda, Lindolpho de Carvalho Dias, Marcílio Marques Moreira, Roberto Paulo Cezar de Andrade.

SuplentesAldo Floris, Antonio Monteiro de Castro Filho, Ary Oswaldo Mattos Filho, Eduardo Baptista Vianna, Gilberto Duarte Prado, Jacob Palis Júnior, José Ermírio de Moraes Neto, Marcelo José Basílio de Souza Marinho, Mauricio Matos Peixoto.

CONSELHO CURADOR

PresidenteCarlos Alberto Lenz César Protásio

Vice-PresidenteJoão Alfredo Dias Lins (Klabin Irmãos e Cia)

VogaisAlexandre Koch Torres de Assis, Andrea Martini (Souza Cruz S.A.), Antonio Alberto Gouvea Vieira, Eduardo M. Krieger, Rui Costa (Governador do Estado da Bahia), José Ivo Sartori (Governador do Estado do Rio Grande Do Sul), José Carlos Cardoso (IRB - Brasil Resseguros S.A.), Luiz Chor, Marcelo Serfaty, Márcio João de Andrade Fortes, Murilo Portugal Filho (Federação Brasileira de Bancos), Orlando dos Santos Marques (Publicis Brasil Comunicação Ltda.), Pedro Henrique Mariani Bittencourt (Banco BBM S.A.), Raul Calfat (Votorantim Participações S.A.), Ronaldo Mendonça Vilela (Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Previdência Complementar e de Capitalização nos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo), Sandoval Carneiro Junior & Willy Otto Jorden Neto

SuplentesCesar Camacho, Clóvis Torres (Vale S.A.), José Carlos Schmidt Murta Ribeiro, LuizIldefonso Simões Lopes (Brookfield Brasil Ltda.), Luiz Roberto Nascimento Silva, Manoel Fernando Thompson Motta Filho, Nilson Teixeira (Banco de Investimentos Crédit Suisse S.A.), Olavo Monteiro de Carvalho (Monteiro Aranha Participações S.A.), Patrick de Larragoiti Lucas (Sul América Companhia Nacional de Seguros), Rui Barreto, Sergio Andrade e Victório Carlos de Marchi

SedePraia de Botafogo, 190, Rio de Janeiro – RJ, CEP 22250-900 ou Caixa Postal 62.591CEP 22257-970, Tel: (21) 3799-5498, www.fgv.br

Instituição de caráter técnico-científico, educativo e filantrópico, criada em 20 de dezembro de 1944 como pessoa jurídica de direito privado, tem por finalidade atuar, de forma ampla, em todas as matérias de caráter científico, com ênfase no campo das ciências sociais: administração, direito e economia, contribuindo para o desenvolvimento econômico-social do país.

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SUMÁRIO

RESUMO EXECUTIVO ....................................................................................................................... 05

1. A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO ........................... 31

2. BALANÇA COMERCIAL DOS SETORES DE CERVEJA E VINHO NO BRASIL ............. 51

3. BARREIRAS À COMERCIALIZAÇÃO DA CERVEJA E VINHO DO BRASIL ................... 61

ANEXOS ............................................................................................................................................................65

ANEXO 1 – APRESENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS PRODUTOS ANALISADOS

CONFORME SUA NOMECLATURA COMUM DO SUL - NCM .........................................65

ANEXO 2 – LISTA DE ABREVIAÇÕES ..................................................................................67

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RESUMO EXECUTIVO4

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5A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

RESUMO EXECUTIVO

Dentre os principais segmentos industriais brasileiros, a indústria de alimentos e bebidas é,

de longe, a maior. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação 1

(ABIA), em 2017, a indústria de alimentos e bebidas teve um faturamento total de R$ 642,6

bilhões. Desse montante, 81% foi gerado na produção de alimentos e 19% na fabricação

de bebidas. Além disso, esse segmento industrial abrange um contingente de 35,6 mil

empresas e gerando diretamente postos de trabalho para mais de 1,6 milhão de pessoas.

O presente relatório faz parte da série de estudos sobre a agroindústria brasileira da FGV

Projetos. Enquanto diversas cadeias agroindustriais já foram mapeadas nas edições an-

teriores, o presente estudo tem como foco a última grande cadeia ainda não detalhada:

a agroindústria de bebidas alcoólicas. Segundo a ABIA 2, as bebidas alcoólicas, em 2017,

responderam por 46.7% (R$ 57.0 bilhões) de todo o faturamento da indústria de bebidas

nacional (R$122.1 bilhões).

Ainda segundo a ABIA, a indústria brasileira de bebidas alcoólicas pode ser dividida em

três grandes categorias: cachaça, cerveja e vinho. Dentre essas três principais produtos,

a cerveja é a bebida mais consumida no país; por exemplo, em 2015, a cerveja respondeu

por praticamente 70% do consumo 3 (em volume) de bebidas alcoólicas no Brasil. Segundo

a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja 4 (CervBrasil), em 2016, apenas a cadeia

produtiva da cerveja, mobilizou cerca de 12 mil fornecedores de bens e serviços e cerca

de 8 milhões de profissionais de diversas áreas. Ao longo do processo foram envolvidos

diversos setores como: construção civil, transporte, energia, veículos, papel e celulose,

alumínio e vidro, entre outros, envolvendo mais de 1 milhão de pequenas e médias em-

presas e alcançando cerca de 99% dos lares do país.

Para apresentar um panorama da indústria da cerveja e viticultura brasileiras, foram usa-

das fontes de dados secundários, desde a produção primária do setor, passando pela

produção industrial até o mercado externo.

1 Disponível em: https://www.abia.org.br/vsn/tmp_1.aspx?id=32

2 Disponível em: https://www.abia.org.br/vsn/tmp_1.aspx?id=32

3 Disponível em: https://www.euromonitor.com/alcoholic-drinks-in-brazil/report

4 Disponível em: http://www.cervbrasil.org.br/novo_site/

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RESUMO EXECUTIVO6

PRODUÇÃO PRIMÁRIA DE CERVEJA: BRASIL CADA VEZ MAIS PRÓXIMO DA AUTOSSUFICIÊNCIA DE CEVADA

A cevada é um dos principais cereais produzidos no mundo, sua cultura é tipicamente de

inverno e a produção está mais concentrada na União Europeia e na Rússia. A germinação

artificial 5 do grão dá origem ao malte, que é utilizado para a fabricação de cerveja. Em

2018, a produção do grão esteve presente por mais de 50 países do mundo todo e atin-

giu um volume superior a 140 milhões de toneladas. Todo esse volume produzido veio de

uma área colhida de mais de 49 milhões de hectares, permitindo que a cultura atingisse,

na média, a produtividade de 2,84 toneladas por hectare colhido.

Gráfico I

EVOLUÇÃO MUNDIAL DA PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE E ÁREA COLHIDA DE CEVADA ENTRE 1990 E 2018 (MILHÕES DE TONELADAS, TONELADA/HA E MILHÕES DE HA)

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00

160,00

180,00

200,00

179,46

1990/9

1

1992/

93

1994/9

5

1996/9

7

1998/

99

2000/0

1

2002/

03

2004/0

5

2006/0

7

2008/

09

2010

/11

2012

/13

2014

/15

2016

/17

2018

/19

3,50

3,00

2,50

2,00

1,50

1,00

0,50

0,00

2,48

72,40

2,84

140,60

49,51

PRODUTIVIDADE (KG/HA)

PRODUÇÃO (MILHÕES TONELADAS)ÁREA(MILHÕES HA)

Fonte: USDA 6.

5 Germinação artificial da cevada é o processo em que há acréscimo de água ao grão para provocar uma germinação

controlada com temperatura ideal. Após chegar ao ponto, o processo é interrompido e o malte é secado, nascendo

assim o malte cervejeiro. É dessa forma que o malte é incluído no processo de produção das cervejas.

6 Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/advQuery

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7A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

O desempenho em 2018 revela que a produção de cevada foi relativamente estável ao se

comparar com a evolução observada desde meados de 1990, especificamente, a partir

de 1995, ano em que foram produzidas 141,17 milhões de toneladas do grão. O volume

recorde para o período, 179,46 milhões de toneladas, foi produzido na safra de 1990 e

foi caindo até a safra de 1995. A partir de então, o volume médio se manteve na casa de

140 milhões de toneladas produzidas ao ano, com a produção máxima de 155,05 milhões

em 2008 e a mínima em torno de 122,71 milhões em 2010.

A área colhida de cevada também apresentou queda nos primeiros anos da década de

90, saindo de 72,40 milhões de hectares colhido em 1990 para 66,38 em 1995. Entretanto,

diferentemente da produção, a utilização da área não se estabilizou ao longo das déca-

das seguintes e continua caindo gradativamente. Entre 1990 e 2018 houve uma queda

acumulada de 31,62%, representando uma redução média de 1,30% ao ano.

A estabilização dos níveis de produção, somada à redução da área colhida, indica que a

cultura da cevada, de um modo geral, tem se tornado mais produtiva ao longo dos anos.

Entre 1990 e 2018, houve elevação de 14,52% na produtividade do cereal, o que significa

um crescimento médio de 0,47% ao ano. Enquanto em 1990 se colhia 2,48 toneladas de

cevada por hectare, em 2018 esse valor chegou a 2,84 toneladas. Países como o Chile,

Nova Zelândia e Suíça lideram o ranking de produtividade do grão em 2018, tendo co-

lhido acima de 6 toneladas por hectare. Dentre os principais produtores mundiais estão

a União Europeia, Rússia, Canadá, Turquia, Ucrânia, Austrália, Argentina, Cazaquistão,

Estados Unidos e Irã, revelando o quanto a produção do cereal é dispersa.

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RESUMO EXECUTIVO8

Gráfico II

PRODUÇÃO MUNDIAL DE CEVADA EM 2018 (MILHÕES DE TONELADAS)

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00 100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

Resto

do M

undo Irã

Estad

os Uni

dos

Cazaq

uist

ão

Arg

entin

a

Aus

trália

Ucrân

ia

Turqui

a

Canad

á

Rússia

União

Eur

opéia

56,34

22,0316,60

8,40 7,40 7,40 7,30 4,50 4,20 3,33 3,10

Fonte: USDA 7.

O Brasil é apenas o 29º produtor mundial de cevada e, segundo a Embrapa Trigo 8, a ex-

pansão dessa cultura é relativamente recente no país. Além disso, essa expansão está

atrelada à iniciativa da indústria cervejeira, que fomentou a produção nacional para ga-

rantir a oferta, e pelo encarecimento do produto externo na década de 1970. A evolução

observada entre os anos de 1990 e 2018 foi possível, segundo a Embrapa, devido:

7 Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/advQuery

8 Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do139_4.htm

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9A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Ao incentivo oficial à construção de maltarias a partir de meados da década

de 70, que possibilitaram a ampliação da capacidade interna de malteação e

armazenagem do grão;

Ao financiamento e garantia de preços da produção; e

Finalmente, à intensificação e diversificação da pesquisa desenvolvida pela pró-

pria Embrapa. Esse esforço possibilitou cultivares adaptadas e desenvolvimento

de técnicas de manejo adequadas as condições locais de clima e solo.

Gráfico III

EVOLUÇÃO BRASILEIRA DA PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE E ÁREA COLHIDA DE CEVADA ENTRE 1990 E 2018 (MIL TONELADAS, KG/HA E MIL HA)

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

450,00

1990/9

1

1992/

93

1994/9

5

1996/9

7

1998/

99

2000/0

1

2002/

03

2004/0

5

2006/0

7

2008/

09

2010

/11

2012

/13

2014

/15

2016

/17

2018

/19

4.500,00

4.000,00

3.500,00

3.000,00

2.500,00

2.000,00

1.500,00

500,00

0,00

PRODUTIVIDADE (KG/HA)

PRODUÇÃO (MIL TONELADAS)ÁREA(MILHÕES HA)

208,60

111,90

353,493.159,00

2.126,40

98,10

Fonte: Conab 9.

9 Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/serie-historica-das-safras

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RESUMO EXECUTIVO10

Entre 1990 e 1995 a produção oscilou acima de cem mil toneladas. A partir de então

atingiu o patamar de 200 mil toneladas e se mostrou crescente até 2005, ano em que se

atingiu a safra recorde de quase 400 mil toneladas. Apesar do bom desempenho obser-

vado em 2005, a safra de 2006 produziu um volume 48,47% menor em relação a ante-

rior. Segundo o IBGE 10, essa contração ocorreu em função da redução da área plantada,

motivada pelos preços baixos obtidos com a safra anterior. A partir de 2010, a produção

voltou a crescer e atingiu o volume de 353 mil toneladas em 2018.

Para o período compreendido entre 2006 e 2018, a área colhida cresceu de forma mode-

rada, saindo de 90 mil para cerca de 112 mil hectares, o que representa um crescimento

acumulado de 24,33%. Para o mesmo período a produção cresceu 71,76%. Segundo a

Embrapa 11, o crescimento da produção é explicado pelo aumento de cerca de 38,13% da

produtividade, que atingiu seu pico em 2016, com 3,9 toneladas por hectare.

A produção brasileira está totalmente concentrada nos estados da região Sul do país,

basicamente no Paraná e Rio Grande do Sul. Em relação à safra de 2018, Paraná e Rio

Grande do Sul ocuparam praticamente a mesma área com o plantio de cevada, cerca de

55 mil toneladas, entretanto, o estado do Paraná se mostrou mais produtivo respondendo

por cerca de 62% da produção, enquanto o Rio Grande do Sul ficou com 37,4%.

Em termos de rendimento da produção, entre 2015 e 2017, a cevada apresentou renta-

bilidade negativa apenas em 2016, ano em que a produção foi alta e houve maior oferta

do cereal no mercado. Já para os demais anos, 2015 e 2017, houve rentabilidade positiva.

10 Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/

11 Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do139.pdf

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11A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Tabela I

RENDIMENTO MÉDIO POR TONELADA PARA A CEVADA PRODUZIDA NO ESTADO DO PARANÁ ENTRE 2015 E 2017 (R$ / HECTARE)

ANO RECEITA MÉDIA CUSTO MÉDIO LUCRO

2015 R$ 674,95 R$ 591,33 R$ 83,62

2016 R$ 650,03 R$ 655,50 R$ -5,47

2017 R$ 880,11 R$ 818,00 R$ 62,11

Fonte: IBGE 12, Conab 13.

PRODUÇÃO PRIMÁRIA DE VINHO: RIO GRANDE DO SUL FICA COM O PROTAGONISMO DO MERCADO NACIONAL

O Brasil com sua diversidade climática típica de um país continental conseguiu alcançar

uma vitivinicultura completamente original. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho 14

(IBRAVIN), o processo de imigração europeu, aliado ao investimento em inovação, resul-

taram em uvas que possibilitaram uma bebida com personalidade única.

A área de produção vitivinícola no Brasil atualmente soma 79,90 mil hectares. São mais

de 1,1 mil vinícolas espalhadas pelo país, a maioria instalada em pequenas proprieda-

des (média de 2 hectares de vinhedos por família). Embora presente em vários esta-

dos e regiões brasileiras, a produção se concentra em poucas unidades da federação.

Aproximadamente 90% da produção nacional está concentrada no Rio Grande do Sul,

se destina principalmente à agroindústria do suco e do vinho e é basicamente produzida

por pequenos agricultores. Nos últimos anos, segundo a Embrapa 15, houve a implemen-

tação das Indicações Geográficas no Brasil, dessa forma a viticultura tem contribuído

para o desenvolvimento dos territórios envolvidos, promovendo agregação de valor aos

produtos e valorização de seus respectivos insumos naturais.

12 Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/pesquisa/14/10193

13 Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/custos-de-producao/planilhas-de-custo-de-producao

14 Disponível em: https://www.ibravin.org.br

15 Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/9952204/artigo-desempenho-da-vitivini-

cultura-brasileira-em-2015

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RESUMO EXECUTIVO12

Gráfico IV

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE UVAS NO RIO GRANDE DO SUL ENTRE 2008 E 2018 (MIL TONELADAS)

UVAS VINÍFERASUVAS COMUNS

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

0,00

200,00

100,00

300,00

400,00

500,00

600,00

700,00

800,00

634,26

83,80534,12 526,89

709,62 696,93

611,81 606,08

703,27

300,30

752,50

664,21

550,46

462,02 480,82

626,95 620,61

537,68 540,08

632,71

267,97

675,09

598,55

72,10 46,07

82,67 76,32

74,13 66,00

70,56

32,33

77,40

65,65

Fonte: Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul 16.

Analisando a produção de uva do Rio Grande do Sul entre 2008 e 2018, é possível ob-

servar que houve uma forte quebra na safra de 2016. Nesse ano a produção total atingiu

pouco mais que 300 mil toneladas, somando-se uvas viníferas (mais amargas e destinadas,

principalmente à produção de vinho) e comuns (mais adocicadas, destinadas ao consumo

alimentar e a produção de vinhos mais suaves). Segunda a Embrapa 17 essa foi uma das

safras mais difíceis para o setor nos últimos anos. Eventos climáticos como geadas e ex-

cesso de chuvas contribuíram para que o todo o estado fosse afetado, comprometendo

a produtividade dos vinhedos.

16 Disponível em: http://www.uvibra.com.br/pdf/safra_uva2008-2018.pdf

17 Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/9103859/artigo-safra-da-uva-2016----o-

que-esta-acontecendo

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13A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Apesar do desempenho de 2016, o ano de 2017 foi o de maior produção para o período

analisado. Além disso, em 2017 houve rentabilidade positiva para os produtores, na média

o valor da produção superou os custos, resultando em lucro positivo.

Tabela II

RENDIMENTO MÉDIO POR TONELADA PARA A UVA PRODUZIDA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL EM 2017 (R$ / HECTARE)

ANO RECEITA MÉDIA CUSTO MÉDIO LUCRO

2017 R$1.272,15 R$1.080,00 R$192,15

Fonte: IBGE 18, Conab 19.

A DOMINANCIA DA CERVEJA NA INDUSTRIA NACIONAL DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

A indústria de bebidas alcoólicas é importante em diversos países do mundo, inclusive no

Brasil. De acordo com os dados mais recentes do IBGE 20, entre 2005 e 2014, a produção

de bebidas alcoólicas no país expandiu 48,41%. Esse desempenho vem principalmente da

fabricação de cervejas e chopes, que cresceu 56,88% no mesmo período. A fabricação

de vinho, apesar de apresentar uma taxa menos expressiva, também apresentou cresci-

mento de 17,41% no período.

18 Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/pesquisa/14/10193

19 Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/custos-de-producao/planilhas-de-custo-de-producao

20 Disponível em: https://www.economiaemdia.com.br/EconomiaEmDia/pdf/infset_industria_de_bebidas.pdf

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RESUMO EXECUTIVO14

Gráfico V

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE BEBIDAS ALCOÓLICAS DO BRASIL ENTRE 2005 E 2014 (BILHÕES DE LITROS)

FABRICAÇÃO DE AGUARDENTEE OUTRAS BEBIDASDESTILADAS

FABRICAÇÃO DE VINHOS FABRICAÇÃO DE CERVEJAS E CHOPES

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

2,00

0,00

6,00

4,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

10,73

12,35 12,1312,67

14,3414,95

15,81 16,02

15,07

15,93

Fonte: IBGE 21.

Em 2014 a fabricação de cervejas e chopes correspondeu a 90,75% do volume total de

bebidas alcoólicas produzido no Brasil. A participação desse seguimento, além de ser a

mais expressiva, vem crescendo ao longo dos anos, tanto em volume de produção quanto

em número de estabelecimentos produtores da bebida.

21 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br

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15A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Gráfico VI

NÚMERO DE FÁBRICAS DE CERVEJA NO BRASIL ENTRE 2010 E 2017

200

0

100

400

300

500

600

700

800

900

1.000

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

266 275 290318

356

418

483

889

679

Fonte: MAPA 22.

Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento 23 (MAPA), a expansão vem

sendo puxada pela produção de bebidas especiais (tipo premium e artesanais), reflexo de

uma alteração no padrão de consumo dos brasileiros, que vem buscando bebidas diferen-

ciadas e de maior qualidade em detrimento das marcas comuns que já existiam no mercado.

O crescimento do número de cervejarias no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Cerveja

Artesanal 24 (Abracerva), está relacionado à possibilidade de diversificação da bebida, que

adotou um caráter artesanal, atendendo uma demanda cada vez maior do mercado consu-

midor. Segundo a Abracerva 25, essas cervejarias artesanais costumam ser menores, ter atu-

ação regional e, embora, empreguem individualmente um número menor de funcionários, no

agregado, têm gerado uma expansão do do número de trabalhadores desse setor no Brasil.

22 Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/pasta-publicacoes-DIPOV/

anuario-da-cerveja-no-brasil-2018

23 Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/pasta-publicacoes-DIPOV/

anuario-da-cerveja-no-brasil-2018

24 Disponível em: http://abracerva.com.br/2018/10/04/numero-de-cervejarias-artesanais-no-brasil-ja-cres-

ceu-23-em-2018/

25 Disponível em: http://pages.abracerva.com.br/documento-mercado-da-cerveja

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RESUMO EXECUTIVO16

Os dados de contratações e demissões mostram que entre 2015 e 2018 as fábricas com

mais de 99 funcionários, cortaram cerca de 429 postos de trabalho, enquanto as empresas

com até 99 funcionários criaram 2,544 novas vagas para o setor. O resultado é um saldo

líquido de 2115 trabalhadores formais a mais no setor. Enfim, esse resultado é o reflexo

do aumento da demanda nacional por cervejas diferenciadas que, por sua vez, aquece

o mercado interno e incentiva o aumento da produção, além de atrair novos produtores.

Gráfico VII

SALDO DE CONTRATAÇÕES E DEMISSÕES POR PORTE DE EMPRESA ENTRE 2015 E JANEIRO DE 2018

200

600

800

1.000

0

400

200

600

800

1.000

0

400

2015 2016 2017 2018

ACIMA DE 99 FUNCIONÁRIOSATÉ 99 FUNCIONÁRIOS

-631

356

206

800

-832

1.114

828

274

Fonte: Abracerva 26.

26 Disponível em: http://pages.abracerva.com.br/documento-mercado-da-cerveja

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17A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Os números positivos em relação ao mercado de trabalho não são observados no volu-

me de vendas do setor. Apesar do consumo de cerveja artesanal ter ganhado cada vez

mais consumidores ao longo dos últimos anos, esse nicho específico do setor ainda é

modesto. A produção artesanal responde por cerca de 1% do volume e 2,5% da receita

total do setor, segundo a Abracerva. Além disso, a CervBrasil 27, que reúne as 3 maiores

marcas do mercado brasileiro (Ambev, Heineken e Petrópolis), estima que a bebida por

elas produzida respondeu por 95% de toda a produção brasileira no ano de 2017.

Gráfico VIII

VARIAÇÃO (%) ANUAL DO VOLUME DE VENDAS DE CERVEJA NO BRASIL ENTRE 2010 E 2017

2013201220112010 2014 2015 2016 2017

-10,00%

-5,00%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

14,70%

1,10%

-6,00%-5,00%

6,80%

-2,00%

-4,80%

-1,70%

Fonte: Nielsen 28.

27 Disponível em: http://cervbrasil.org.br/

28 Disponível em: https://www.nielsen.com/pt/pt/insights/news/2018/40-percent-beer-consumed-in-summer.html

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RESUMO EXECUTIVO18

Em 2017 houve redução de 1,7% no nas vendas totais de cerveja quando comparado

a 2016, ano em que o valor da produção industrial do setor atingiu R$ 55,72 bilhões.

Entretanto, segundo dados da Nielsen 29, o faturamento do setor cresceu 1,6% durante

o mesmo período. Parte desse crescimento foi impulsionado pelo crescimento de 13%

das vendas de cerveja do tipo premium e artesanais. Esse fato aponta para a alteração

dos padrões de consumo, em que consumidores optam por beber menos, mas com

mais qualidade. Ou seja, as empresas estão perdendo volume de vendas, já que as be-

bidas consideradas mais comuns estão sendo menos consumidas, mas há aumento da

demanda por rótulos mais caros de bebidas diferenciadas.

Tabela III

VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL E VENDAS DE CERVEJA EM 2016 (R$ BILHÕES)

PRODUTO VALOR PARTICIPAÇÃO

LEVEDURAS VIVAS OU MORTAS (INCLUSIVE

FERMENTOS BIOLÓGICOS) E OUTROS

MICRORGANISMOS MORTOS; LEVEDURA DE

CERVEJA

0,71 1,28%

CERVEJAS E CHOPE 26,91 48,29%

FABRICAÇÃO DE MALTE, CERVEJAS E

CHOPES28,10 50,43%

TOTAL 55,72 100,00%

Fonte: IBGE - Pesquisa Industrial Anual - Produto 30.

As cervejas especiais têm contribuído não só para o próprio segmento, mas também tem

afetado a indústria de bebidas alcoólicas como um todo. Segundo dados da Euromonitor

Internacional 31, os hábitos de consumo do brasileiro vêm se alterando ao longo do tempo

e o vinho, durante alguns anos, chegou a perder espaço para cervejas premium e arte-

sanais. Em 2016, para cada litro de vinho consumido no Brasil, quatro litros de cerveja

premium foram consumidos, em 2011 essa proporção era de um litro de vinho para cada

2,7 de cerveja, ou seja, um aumento de 49% em cinco anos.

29 Disponível em: https://www.nielsen.com/pt/pt/insights/news/2018/40-percent-beer-consumed-in-summer.html

30 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br

31 Disponível em: https://blog.euromonitor.com/cervejas-premium-substituem-os-vinhos-no-brasil/

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19A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Os dados ainda apontam que o vinho não é um produto considerado essencial na ces-

ta de consumo dos brasileiros e seu consumo é diretamente afetado pelo desempenho

econômico do país. As cervejas premium se tornaram um substituto para o vinho, prin-

cipalmente durante os anos de 2015 e 2016 em que o Brasil passou por uma severa crise

econômica. Em outras palavras, esse comportamento revela que o vinho não é um pro-

duto essencial para os brasileiros e que alterações no preço do produto ou na renda da

economia afetam diretamente o consumo da bebida.

Gráfico IX

PRODUÇÃO BRASILEIRA DE VINHO ENTRE 2008 E 2018 (MILHÕES DE LITROS)

UVAS VINÍFERASUVAS COMUNS

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

0,00

100,00

50,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

287,44

47,33

205,42

39,90

195,27

257,84

212,78196,90 196,17 210,31

86,32

255,02

218,38

24,81

47,60

45,2045,78 38,46

37,15

18,07

44,54

38,71

Fonte: Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul 32.

32 Disponível em: http://www.uvibra.com.br/pdf/safra_uva2008-2018.pdf

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RESUMO EXECUTIVO20

A produção nacional de vinhos entre 2008 e 2018 manteve uma trajetória equilibrada,

com exceção do ano de 2016, em que houve uma produção cerca de 57,82% inferior à

de 2015. Eventos climáticos mundiais, que impactaram mais fortemente países latino

americanos, contribuíram para que houvesse queda na produção mundial de uva. Nesse

ano, o valor da produção industrial de vinhos atingiu mais de R$ 1,28 bilhões, cerca de

58% do valor da produção da indústria da uva.

Tabela IV

VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL E VENDAS DA INDÚSTRIA DA UVA EM 2016 (R$ MILHÕES)

PRODUTO VALOR PARTICIPAÇÃO

MOSTO DE UVAS FERMENTADO 17,50 0,77%

VERMUTES E OUTROS VINHOS DE UVAS

FRESCAS AROMATIZADOS38,94 1,72%

AGUARDENTE DE VINHO OU DE BAGAÇO DE

UVA (CONHAQUE, BRANDE, ETC.)55,07 2,43%

REFRESCOS, SUCOS OU NÉCTARES DE UVA,

PRONTOS PARA CONSUMO141,02 6,23%

SUCOS CONCENTRADOS DE UVA

(INCLUSIVE MOSTO DE UVAS NÃO

FERMENTADO)

216,15 9,55%

VINHOS DE UVAS FRESCAS, TIPO

CHAMPANHA ("CHAMPAGNE")223,83 9,89%

SUCOS INTEGRAIS DE UVA 544,88 24,08%

VINHOS DE UVAS, EXCETO DO TIPO

CHAMPANHA1.025,39 45,32%

TOTAL 2.262,78 100,00%

Fonte: IBGE - Pesquisa Industrial Anual - Produto 33.

33 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br

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21A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Mas já no ano seguinte, de 2017, a produção nacional mostrou sinais de recuperação e

atingiu 752,50 milhões de litros da bebida, cerca de 150,58% que o volume produzido

em 2017. Atrelado a esse aumento da produção, e à medida que a economia do Brasil

começou um processo de estabilização, houve também um crescimento de 5,67% nas

vendas de vinho quando comparado com o ano anterior, segundo o Instituto Brasileiro

do Vinho (Ibravin). Em 2018, o setor já empregava cerca de 200 mil pessoas ao longo

de sua cadeia produtiva, movimentou mais de R$ 9 bilhões e contava com mais de 1100

vinícolas formalizadas.

CONSUMO MUNDIAL DE BEBIDAS ALCOÓLICAS E A REGIONALIZAÇÃO DOS PADRÕES DE CONSUMO

O Brasil foi o 3º maior consumidor de bebidas alcoólicas do mundo em 2018, atingindo 14

bilhões de litros. O país só ficou atrás da China e Estados Unidos, conforme um levanta-

mento desenvolvido pelo Statista 34. O destaque ficou para o país asiático, que consumiu

cerca de 54,29 bilhões de litros de bebidas alcoólicas em 2018. O volume consumido pelos

chineses é 78% superior ao consumo norte americano de 30,50 bilhões de litros. Apesar

de ser o terceiro colocado nesse ranking, a demanda brasileira é menos da metade da

demanda observada nos Estados Unidos.

Apesar da demanda absoluta da China ser a maior, ao se considerar em termos per capita

o país perde posições nesse ranking. Os Estados Unidos atingiram um consumo médio

de 93,8 litros por habitante em 2018, já para o Brasil o volume foi de 67,8 litros. Os chi-

neses apresentaram consumo per capita de 39,3 litros. A Alemanha fica com a liderança

desse ranking, o consumo per capita do país europeu atingiu um volume de 140,9 litros

de bebida por habitante em 2018.

Tanto o consumo absoluto, quanto o consumo per capita de bebidas alcoólicas varia

entre países. Além disso o tipo de bebida consumida também muda de acordo com a

localização geográfica. No ranking de maiores consumidores de cerveja, por exemplo,

o primeiro lugar fica com a República Tcheca, que em 2017 consumiu em média, 137,38

litros de cerveja por habitante.

34 Disponível em: https://www.statista.com/chart/12510/the-countries-drinking-the-most-beer/

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RESUMO EXECUTIVO22

Gráfico X

MAIORES CONSUMIDORES DE CERVEJA NO MUNDO EM 2017 (LITROS/HABITANTE/ANO)

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00

120,00

140,00

160,00

Repúb

lica

Theca

Polôni

a

Ale

man

ha

Aus

tria

Litu

ânia

Croac

ia

Irlan

da

Leto

nia

Eslove

nia

Romên

ia

Bulgár

ia

Estad

os Uni

dos

Aus

trália

Estôni

a

Bélgic

a

137,38

98,06 95,95 95,4692,00

81,19 79,22 76,78 76,52 75,63 75,53 74,9071,82 70,95 69,24

Fonte: Statista 35.

Os países do leste europeu dominam o consumo de cerveja. Os Estados Unidos ficam

em 12º lugar no ranking, com 74,90 litros por habitante em 2017. No total foram movi-

mentados US$ 281 bilhões no mercado cervejeiro em 2017. Na lista dos 15 maiores con-

sumidores mundiais de cerveja o Brasil sequer é citado, apesar desta ser a bebida mais

consumida no país. Segundo os dados do Statista, os brasileiros consumiram, em média,

65,27 litros da bebida em 2017.

35 Disponível em: https://www.statista.com/chart/12510/the-countries-drinking-the-most-beer/

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23A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Além disso há uma alteração de padrão no mercado nacional de cerveja. Os consumidores

têm trocado quantidade por qualidade, dando espaço para os tipos premium e artesa-

nal da bebida, fomentando o mercado interno. Além disso, o novo padrão de produção

nacional tem contribuído para que haja aumento das exportações, que têm crescendo

principalmente a partir de 2014, principalmente devido ao destaque que a bebida arte-

sanal nacional tem recebido no resto do mundo. A revista BeerArt 36 fez o levantamento

do número de premiações que cervejas artesanais brasileiras receberam entre 2007 e

2017 no mercado externo. Em 2007 foram apenas duas premiações, mas esse número

cresceu ano a ano, atingindo 255 premiações em 2017. Esse desempenho tem gerado cada

vez mais visibilidade para a bebida nacional e colaborado com o aumento da demanda

externa pela cerveja artesanal brasileira.

Gráfico XI

EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CERVEJA 37 ENTRE 1998 E 2018 (MIL TONELADAS)

4,00

2,00

0,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

VOLUME IMPORTADO VOLUME EXPORTADO

4,59

4,80

13,51

10,59

6,37

2,46

Fonte: Comex Stat (2018) 38.

36 Disponível em: https://revistabeerart.com/

37 Foram considerados os produtos listados no Anexo 1.

38 Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral

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RESUMO EXECUTIVO24

Entre 1998 e 2018 o Brasil se manteve na categoria de exportador líquido de cerveja,

atingindo o seu pico de exportações em 2015. Em 2018 foram exportadas 10,59 mil to-

neladas de cerveja pelo Brasil. Os principais destinos foram os países sul-americanos

Paraguai, Argentina, Bolívia e Uruguai, que importaram praticamente todo o volume co-

mercializado pelo Brasil. O Paraguai, principal destino da bebida brasileira, respondeu

por 51,79% de todo o volume embarcado pelo Brasil, representando cerca de 55,26% do

valor comercializado.

Gráfico XII

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE CERVEJA EM 2018 - PAÍSES DE DESTINO (MIL TONELADAS / US$ MILHÕES)

4,00

2,00

0,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

Paraguai Argentina Bolívia Uruguai Demais Países*

VOLUME (MIL TONELADAS) VALOR (US$ MILHÕES)

5,48

3,56

2,31

1,22

1,90

1,15

0,80

0,41

0,10 0,10

Fonte: Comex Stat (2018) 39.

(*) China, Estados Unidos, Holanda, Chile e Reino Unido.

39 Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral

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25A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Apesar de não depender do mercado externo para o consumo da cerveja, o mesmo ce-

nário não é observado para o vinho. Entre 1998 e 2018 a balança comercial da bebida

derivada da uva tem sido deficitária. O Brasil não só importa mais do que exporta, como

o volume importado vem crescendo ao longo dos anos.

Apesar do grande volume de vinho importado pelo Brasil, em 2018 o país foi o 15º maior

produtor do mundo e o 5º maior do hemisfério Sul, segundo a Organização Internacional

da Vinha e do Vinho (OIV) 40. O país produz cerca de 225 variedades de uva responsáveis

pela produção de diversificados tipos de vinho. Os produtos vinícolas brasileiros estão

presentes em 59 países e em 5 continentes e cerca de 90% do volume exportado tem

como origem empresas do Rio Grande do Sul.

Em 2018 as exportações brasileiras de vinho cresceram 29,62% em volume e 19,67% em

valor, em relação à 2017. Enquanto isso, para o mesmo período, houve queda de 1,40%

em volume e aumento de 6,65% no valor das importações do produto.

40 Disponível em: http://www.oiv.int/

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RESUMO EXECUTIVO26

Gráfico XIII

EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE VINHO ENTRE 1998 E 2018 (TONELADAS)

2.000,00

1.000,00

0,00

3.000,00

4.000,00

5.000,00

6.000,00

7.000,00

8.000,00

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

VOLUME IMPORTADO VOLUME EXPORTADO

1.6667,06

513,07

7.617,937.511,10

179,97

805,11

1.489,31

Fonte: Comex Stat 41.

O volume de vinho importado supera com folga as exportações do setor. Enquanto entre

1998 e 2018, as exportações caíram cerca de 65%, as importações por sua vez tiveram

um expressivo crescimento, de mais de 350%.

Grande parte desse volume importado tem como origem o Chile. O país sul americano

foi responsável por mais de 30% do volume e do valor das importações brasileiras de

vinho. Além do Chile, Portugal, Itália, Argentina e França foram os países responsáveis

pelos maiores volumes importados pelo Brasil. Juntos esses cinco países respondem por

cerca de 90% do volume e 87% do valor do vinho demandado pelo Brasil.

41 Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral

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27A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Gráfico XIV

IMPORTAÇÃO BRASILEIRA DE VINHO EM 2018 - PAÍSES DE ORIGEM (MIL TONELADAS / US$ MILHÕES)

3,00

1,00

2,00

0,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

Chile Portugal Itália Argentina França Espanha Uruguai Demais Países

VOLUME (MIL TONELADAS) VALOR (US$ MILHÕES)

2,72

1,26 1,261,01

0,52 0,410,18 0,16

8,40

4,033,78

3,41

2,27

1,77

0,72 0,72

Fonte: Comex Stat (2018) 42.

Dentre os países que compões o ranking de principais exportadores de vinho para o

Brasil, alguns também são grandes consumidores da bebida. Portugal, Itália, Argentina

e França estão entre os dez maiores consumidores per capita do mundo. Em 2018 o con-

sumo desses países superou os 30 litros por habitante. A França lidera esse ranking, o

país europeu teve um consumo per capita de 45,10 litros em 2018.

42 Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral

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RESUMO EXECUTIVO28

Gráfico XV

CONSUMO DE VINHO PER CAPITA NOS PRINCIPAIS PAÍSES CONSUMIDORES, EM 2018 (LITROS / HABITANTE / ANO)

25,0020,00 30,00 40,00 45,00 50,00

ARGENTINA

HUNGRIA

AUSTRIA

NOVA ZELÂNDIA

HOLANDA

URUGUAI

BÉLGICA

DINAMARCA

ALEMANHA

GRÉCIA

ÁUSTRIA

PORTUGAL

SUIÇA

ITÁLIA

FRANÇA

26,40

27,00

27,50

28,40

31,00

31,30

32,10

34,30

36,50

39,70

41,20

41,30

42,80

45,00

45,10

Fonte: Statisa 43.

O volume consumido pelos franceses é bastante próximo ao consumido pela Itália. Suíça.

Portugal e Áustria encerram a lista dos cinco principais consumidores mundiais. Além

disso, a Argentina é o único país sul-americano no ranking dos 10 maiores consumidores.

O país apresentou consumo per capita de 31,30 litros em 2018.

43 Disponível em: http://www.foodnewsoficial.com.br

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29A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

BARREIRAS A COMERCIALIZAÇÃO DE VINHO NO BRASIL: A DIFÍCIL COMPETIÇÃO COM O MERCADO EXTERNO

Dentro do mercado brasileiro, o consumo de vinho ainda é amplamente constituído de

bebidas importadas. A predominância externa alcançou a marca de 86,3% de todo o

mercado nacional no encerramento do primeiro semestre de 2017, maior índice desde os

últimos oito anos. A bebida nacional ficou com os restantes 13,7%, conforme dados da

Ibravin 44. Em 2011, os importados representavam cerca de 78,8% do mercado consumidor

brasileiro, enquanto os nacionais cerca de 21,2%.

O avanço dos importados gera preocupações para o setor, já que, ainda segundo dados

do Ibravin, mais de 85% do volume importado são produtos com valor abaixo de US$

4,00, e cujas maiores quantidades são trazidas por redes varejistas de grande porte. Além

disso os produtos nacionais recolhem muito mais impostos sobre a produção do que

produtos importados, gerando um desbalanceamento dentro do setor. Além das redes

varejistas, tradicionais importadores/distribuidores e um grupo de vinícolas brasileiras

também contam com vantagens tributárias superiores ao adquirirem produtos de fora.

Aliado a falta de competitividade frente ao produto importado, o vinho não é um item

básico na cesta de consumo dos brasileiros. Caso haja uma alta no preço do produto, ou

o país passe por períodos de crise econômica que afetem a renda do brasileiro, como

em 2015 e 2016, seu consumo é reduzido de forma relevante. Instituições e associações

ligadas ao setor tem desenvolvido parcerias e trabalhado no sentido de contornar essas

dificuldades 45. O objetivo é melhorar a qualidade do produto brasileiro e, além disso,

promovê-lo tanto no mercado interno quanto para o público externo. Nessa direção, têm

sido empregados esforços de capacitação de produtores e vinícolas, principalmente no

estado do Rio Grande do Sul, aliados à realização de minicursos e consultorias para im-

plementar procedimentos de redução de riscos de contaminação, de forma que se man-

tenha a qualidade, da matéria-prima ao produto final. Já na área de promoção do vinho

brasileiro, foram firmadas parcerias para levar informações sobre o produto nacional à

bares e restaurantes do país. Portanto, o setor vitivinícola brasileiro, tem trabalhado tan-

to para reduzir o impacto negativo da alta carga tributária, quanto para se tornar mais

competitivo e, assim, conquistar fatias maiores do mercado interno.

44 Disponível em: https://www.ibravin.org.br/

45 Fonte: https://sebraers.com.br/vitivinicultura/setor-vitivinicola-enfrenta-desafios-no-brasil-e-no-exterior/

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CAPÍTULO 1 A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO30

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31A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

1. A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO

Dentre os principais segmentos industriais brasileiros, a indústria de alimentos e bebidas é,

de longe, a maior. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação 46

(ABIA), em 2017, a indústria de alimentos e bebidas teve um faturamento total de R$ 642,6

bilhões. Desse montante, 81% foi gerado na produção de alimentos e 19% na fabricação

de bebidas. Além disso, esse segmento industrial abrange um contingente de 35,6 mil

empresas e gerando diretamente postos de trabalho para mais de 1,6 milhão de pessoas.

Segundo a ABIA 47, as bebidas alcoólicas, em 2017, responderam por 46.7% (R$ 57.0 bi-

lhões) de todo o faturamento da indústria de bebidas nacional (R$122.1 bilhões). Ainda

segundo a ABIA, a indústria brasileira de bebidas alcoólicas pode ser dividida em três

grandes categorias: Cachaça, cerveja e vinho. Dentre essas três principais produtos, a cer-

veja é a bebida mais consumida no país; por exemplo, em 2015, a cerveja respondeu por

praticamente 70% do consumo 48 (em volume) de bebidas alcoólicas no Brasil. Segundo

a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja 49 (CervBrasil), em 2016, apenas a cadeia

produtiva da cerveja, mobilizou cerca de 12 mil fornecedores de bens e serviços e cerca

de 8 milhões de profissionais de diversas áreas. Ao longo do processo foram envolvidos

diversos setores como: construção civil, transporte, energia, veículos, papel e celulose,

alumínio e vidro, entre outros, envolvendo mais de 1 milhão de pequenas e médias em-

presas e alcançando cerca de 99% dos lares do país.

Para apresentar um panorama da indústria da cerveja e viticultura brasileiras, foram usa-

das fontes de dados secundários, desde a produção primária do setor, passando pela

produção industrial até o mercado externo.

46 Disponível em: https://www.abia.org.br/vsn/tmp_1.aspx?id=32

47 Disponível em: https://www.abia.org.br/vsn/tmp_1.aspx?id=32

48 Disponível em: https://www.euromonitor.com/alcoholic-drinks-in-brazil/report

49 Disponível em: http://www.cervbrasil.org.br/novo_site/

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CAPÍTULO 1 A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO32

1.1. PRODUÇÃO PRIMÁRIA DE CERVEJA - CEVADA

A cevada é um dos principais cereais produzidos no mundo, sua cultura é tipicamente de

inverno e a produção está mais concentrada na União Europeia e na Rússia. A germinação

artificial 50 do grão dá origem ao malte, que é utilizado para a fabricação de cerveja. Em

2018 a produção do grão esteve presente por mais de 50 países do mundo todo e atingiu

um volume superior a 140 milhões de toneladas. Todo esse volume produzido veio de

uma área colhida de mais de 49 milhões de hectares, permitindo que a cultura atingisse,

na média, a produtividade de 2,84 toneladas por hectare colhido, conforme Gráfico 1.

Gráfico 1

EVOLUÇÃO MUNDIAL DA PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE E ÁREA COLHIDA DE CEVADA ENTRE 1990 E 2018 (MILHÕES DE TONELADAS, TONELADA / HA E MILHÕES DE HA)

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00

160,00

180,00

200,00

179,46

1990/9

1

1992/

93

1994/9

5

1996/9

7

1998/

99

2000/0

1

2002/

03

2004/0

5

2006/0

7

2008/

09

2010

/11

2012

/13

2014

/15

2016

/17

2018

/19

3,50

3,00

2,50

2,00

1,50

1,00

0,50

0,00

2,48

72,40

2,84

140,60

49,51

PRODUTIVIDADE (KG/HA)

PRODUÇÃO (MILHÕES TONELADAS)ÁREA(MILHÕES HA)

Fonte: USDA 51.

50 Germinação artificial da cevada é o processo em que há acréscimo de água ao grão para provocar uma germinação

controlada com temperatura ideal. Após chegar ao ponto, o processo é interrompido e o malte é secado, nascendo

assim o malte cervejeiro. É dessa forma que o malte é incluído no processo de produção das cervejas.

51 Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/advQuery

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33A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

O desempenho em 2018 revela que a produção de cevada foi relativamente estável ao se

comparar com a evolução observada desde meados de 1990, especificamente a partir

de 1995, ano em que foram produzidas 141,17 milhões de toneladas do grão. O volume

recorde para o período, 179,46 milhões de toneladas, foi produzido na safra de 1990 e

foi caindo até a safra de 1995. A partir de então, o volume médio se manteve na casa de

140 milhões de toneladas produzidas ao ano, com a produção máxima de 155,05 milhões

em 2008 e a mínima em torno de 122,71 milhões em 2010.

A área colhida de cevada também apresentou queda nos primeiros anos da década de

90, saindo de 72,40 milhões de hectares colhido em 1990 para 66,38 em 1995. Entretanto,

diferentemente da produção, a utilização da área não se estabilizou ao longo das déca-

das seguintes e continua caindo gradativamente. Entre 1990 e 2018 houve uma queda

acumulada de 31,62%, representando uma redução média de 1,30% ao ano.

A estabilização dos níveis de produção, somada à redução da área colhida, indica que a

cultura da cevada, de um modo geral, tem se tornado mais produtiva ao longo dos anos.

Entre 1990 e 2018, houve elevação de 14,52% na produtividade do cereal, o que significa

um crescimento médio de 0,47% ao ano. Enquanto em 1990 se colhia 2,48 toneladas de

cevada por hectare, em 2018 esse valor chegou a 2,84 toneladas. Países como o Chile,

Nova Zelândia e Suíça lideram o ranking de produtividade do grão em 2018, tendo colhi-

do acima de 6 toneladas por hectare.

A União Europeia, principal região produtora do mundo, também apresentou taxas de

produtividade acima da média mundial. Em 2018 foram colhidas 4,53 toneladas de ce-

vada por hectare na região, possibilitando uma produção de 56,34 milhões de tonela-

das. Já a Rússia em 2018 produziu um volume de 16,60 milhões de toneladas, e teve sua

produtividade abaixo da média, atingindo 2,16 toneladas por hectare. Dentre os princi-

pais produtores mundiais também estão Canadá, Turquia, Ucrânia, Austrália, Argentina,

Cazaquistão, Estados Unidos e Irã, conforme Gráfico 2.

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CAPÍTULO 1 A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO34

Gráfico 2

PRODUÇÃO MUNDIAL DE CEVADA EM 2018 (MILHÕES DE TONELADAS)

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00 100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

Resto

do M

undo Irã

Estad

os Uni

dos

Cazaq

uist

ão

Arg

entin

a

Aus

trália

Ucrân

ia

Turqui

a

Canad

á

Rússia

União

Eur

opéia

56,34

22,0316,60

8,40 7,40 7,40 7,30 4,50 4,20 3,33 3,10

Fonte: USDA 52.

O Brasil é apenas o 29º produtor mundial de cevada com 353,49 mil toneladas produzidas

em 2018, e segundo a Embrapa Trigo 53, com a expansão dessa cultura sendo relativamente

recente no país. Além disso, essa expansão está atrelada à iniciativa da indústria cerve-

jeira, que fomentou a produção nacional para garantir a oferta, e pelo encarecimento

do produto externo na década de 1970. O Gráfico 3 apresenta a evolução da cultura de

cevada no Brasil no período de 1990 a 2018.

52 Disponível em: https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/advQuery

53 Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do139_4.htm

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35A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Gráfico 3

EVOLUÇÃO BRASILEIRA DA PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE E ÁREA COLHIDA DE CEVADA ENTRE 1990 E 2018 (MIL TONELADAS, KG/HA E MIL HA)

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

450,00

1990/9

1

1992/

93

1994/9

5

1996/9

7

1998/

99

2000/0

1

2002/

03

2004/0

5

2006/0

7

2008/

09

2010

/11

2012

/13

2014

/15

2016

/17

2018

/19

4.500,00

4.000,00

3.500,00

3.000,00

2.500,00

2.000,00

1.500,00

500,00

0,00

PRODUTIVIDADE (KG/HA)

PRODUÇÃO (MIL TONELADAS)ÁREA(MILHÕES HA)

208,60

111,90

353,493.159,00

2.126,40

98,10

Fonte: Conab 54.

A evolução observada entre os anos de 1990 e 2018 foi possível, segundo a Embrapa, devido:

Ao incentivo oficial à construção de maltarias a partir de meados da década

de 70, que possibilitaram a ampliação da capacidade interna de malteação e

armazenagem do grão;

Ao financiamento e garantia de preços da produção; e

Finalmente, à intensificação e diversificação da pesquisa desenvolvida pela pró-

pria Embrapa. Esse esforço possibilitou cultivares adaptadas e desenvolvimento

de técnicas de manejo adequadas as condições locais de clima e solo.

54 Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/serie-historica-das-safras

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CAPÍTULO 1 A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO36

Entre 1990 e 1995 a produção oscilou acima de cem mil toneladas. A partir de então atingiu

o patamar de 200 mil toneladas e se mostrou crescente até 2005, ano em que se atingiu

a safra recorde de quase 400 mil toneladas. Apesar do bom desempenho observado em

2005, a safra de 2006 produziu um volume 48,47% menor em relação à anterior. Segundo

o IBGE 55, essa redução ocorreu em função da redução da área plantada, motivada pelos

preços baixos obtidos com a safra anterior. A partir de 2010, a produção voltou a crescer

e atingiu o volume de 353 mil toneladas em 2018.

Para o período compreendido entre 2006 e 2018, a área colhida cresceu de forma mode-

rada, saindo de 90 mil para cerca de 112 mil hectares, o que representa um crescimento

acumulado de 24,33%. Para o mesmo período a produção cresceu 71,76%. Segundo a

Embrapa 56, o crescimento da produção é explicado pelo aumento de cerca de 38,13% da

produtividade, que atingiu seu pico em 2016, com 3.92 toneladas por hectare.

A produção brasileira está totalmente concentrada nos estados da região Sul do país,

basicamente no Paraná e Rio Grande do Sul. Na década de 1990, segundo dados da

Conab 57, o estado do Rio Grande do Sul foi o maior produtor, 66,8% da produção total

do país, no entanto, na década seguinte o Paraná passou a ocupar esta posição com

49,8% da produção. No período de 2007-2011, 55,0% da área de cultivo concentrou-se

no Paraná, que deteve 62,6% da produção, enquanto no Rio Grande do Sul essa área foi

de 42,4% no Rio Grande do Sul, com 34,9% da produção. Em relação à última safra, de

2018, Paraná e Rio Grande do Sul ocuparam praticamente a mesma área com o plantio

de cevada, cerca de 55 mil toneladas, entretanto o estado do Paraná se mostrou mais

produtivo respondendo por cerca de 62% da produção, enquanto o Rio Grande do Sul

ficou com 37,4%. Essa diferença ocorreu via desempenho produtivo, enquanto a produ-

tividade da safra de 2018 atingiu cerca de 3,94 toneladas por hectare no Paraná, no Rio

Grande do Sul foi de apenas 2,38 ton/ha.

Em termos de rendimento da produção, entre 2015 e 2017, a cevada apresentou renta-

bilidade negativa apenas em 2016, ano em que a produção foi alta e houve maior oferta

do cereal no mercado. Já para os demais anos, 2015 e 2017, houve rentabilidade positiva,

de acordo com a Tabela 1.

55 Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/

56 Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do139.pdf

57 Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/serie-historica-das-safras

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37A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Tabela 1

RENDIMENTO MÉDIO POR TONELADA PARA A CEVADA PRODUZIDA NO ESTADO DO PARANÁ ENTRE 2015 E 2017 (R$/HECTARE)

ANO RECEITA MÉDIA CUSTO MÉDIO LUCRO

2015 R$ 674,95 R$ 591,33 R$ 83,62

2016 R$ 650,03 R$ 655,50 R$ -5,47

2017 R$ 880,11 R$ 818,00 R$ 62,11

Fonte: IBGE 58, Conab 59.

1.2. PRODUÇÃO PRIMÁRIA DE VINHO - UVA

O Brasil com sua diversidade climática típica de um país continental conseguiu alcançar

uma vitivinicultura completamente original. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho 60

(IBRAVIN), o processo de imigração europeu, aliado ao investimento em inovação, resul-

taram em uvas que possibilitaram uma bebida com personalidade única.

A área de produção vitivinícola no Brasil atualmente soma 79,90 mil hectares. São mais

de 1,1 mil vinícolas espalhadas pelo país, a maioria instalada em pequenas proprieda-

des (média de 2 hectares de vinhedos por família). Embora presente em vários esta-

dos e regiões brasileiras, a produção se concentra em poucas unidades de federação.

Aproximadamente 90% da produção nacional está concentrada no Rio Grande do Sul,

se destina principalmente à agroindústria do suco e do vinho e é basicamente produzida

por pequenos agricultores. Nos últimos anos, segundo a Embrapa 61, houve a implemen-

tação das Indicações Geográficas no Brasil, dessa forma a viticultura tem contribuído

para o desenvolvimento dos territórios envolvidos, promovendo agregação de valor aos

produtos e valorização de seus respectivos insumos naturais.

58 Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/pesquisa/14/10193

59 Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/custos-de-producao/planilhas-de-custo-de-producao

60 Disponível em: https://www.ibravin.org.br

61 Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/9952204/artigo-desempenho-da-vitivini-

cultura-brasileira-em-2015

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CAPÍTULO 1 A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO38

Gráfico 4

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE UVA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ENTRE 2008 E 2018 (MIL TONELADAS)

UVAS VINÍFERASUVAS COMUNS

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

0,00

200,00

100,00

300,00

400,00

500,00

600,00

700,00

800,00

634,26

83,80534,12 526,89

709,62 696,93

611,81 606,08

703,27

300,30

752,50

664,21

550,46

462,02 480,82

626,95 620,61

537,68 540,08

632,71

267,97

675,09

598,55

72,10 46,07

82,67 76,32

74,13 66,00

70,56

32,33

77,40

65,65

Fonte: Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul 62.

Analisando a produção de uva do Rio Grande do Sul entre 2008 e 2018, é possível ob-

servar que houve uma forte quebra na safra de 2016. Nesse ano a produção total atingiu

pouco mais que 300 mil toneladas, somando-se uvas viníferas (mais amargas e destinadas,

principalmente à produção de vinho) e comuns (mais adocicadas, destinadas ao consumo

alimentar e a produção de vinhos mais suaves). Segunda a Embrapa 63 essa foi uma das

safras mais difíceis para o setor nos últimos anos. Eventos climáticos como geadas e ex-

cesso de chuvas contribuíram para que o todo o estado fosse afetado, comprometendo

a produtividade dos vinhedos.

62 Disponível em: http://www.uvibra.com.br/pdf/safra_uva2008-2018.pdf

63 Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/9103859/artigo-safra-da-uva-2016----o-

que-esta-acontecendo

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39A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Apesar do desempenho de 2016, o ano de 2017 foi o de maior produção para o período

analisado. Além disso, houve rentabilidade positiva para os produtores. Na média o valor

da produção superou os custos, resultando em lucro positivo, conforme Tabela 2.

Tabela 2

RENDIMENTO MÉDIO POR TONELADA PARA A UVA PRODUZIDA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL EM 2017 (R$ / HECTARE)

ANO RECEITA MÉDIA CUSTO MÉDIO LUCRO

2017 R$1.272,15 R$1.080,00 R$192,15

Fonte: IBGE 64, Conab 65.

1.3. A INDUSTRIA DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NO BRASIL

A indústria de bebidas alcoólicas é importante em diversos países do mundo, inclusive no

Brasil. Os dados mais recentes do IBGE 66, apontam que entre 2005 e 2014, a produção

de bebidas alcoólicas no país expandiu 48,41%, saltando de 10,73 para 15,93 bilhões de

litros, conforme Gráfico 5. Esse desempenho vem principalmente da fabricação de cer-

vejas e chopes, que cresceu 56,88% no mesmo período, com produção que foi de 9,22

bilhões de litros em 2005 para 14,46 em 2014. A fabricação de vinho, apesar de apresentar

uma taxa menos expressiva, também apresentou crescimento para o período, saindo de

293,37 milhões de litros em 1995 para 344,45 milhões em 2015, crescimento acumulado

de 17,41% no período.

64 Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/pesquisa/14/10193

65 Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/custos-de-producao/planilhas-de-custo-de-producao

66 Disponível em: https://www.economiaemdia.com.br/EconomiaEmDia/pdf/infset_industria_de_bebidas.pdf

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CAPÍTULO 1 A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO40

1.3.1. A INDÚSTRIA DA CERVEJA

Em 2014 a fabricação de cervejas e chopes correspondeu à 90,75% do volume total de

bebidas alcoólicas produzido no Brasil, Gráfico 5. A participação desse seguimento, além

de ser a mais expressiva, vem crescendo ao longo dos anos. É possível observar não só

o aumento da produção de cerveja, bem como o crescimento da quantidade de cerveja-

rias no Brasil, conforme Gráfico 6. Em 2018 o número de cervejarias registradas no Brasil

totalizou 889 estabelecimentos e um total de 16.968 produtos. No total foram abertas

210 novas fábricas, em média uma a cada dois dias.

Gráfico 5

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA DE BEBIDAS ALCOÓLICAS DO BRASIL ENTRE 2005 E 2014 (BILHÕES DE LITROS)

FABRICAÇÃO DE AGUARDENTEE OUTRAS BEBIDASDESTILADAS

FABRICAÇÃO DE VINHOS FABRICAÇÃO DE CERVEJAS E CHOPES

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

2,00

0,00

6,00

4,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

10,73

12,35 12,1312,67

14,3414,95

15,81 16,02

15,07

15,93

Fonte: IBGE 67.

67 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br

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41A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento 68 (MAPA), a expansão vem

sendo puxada pela produção de bebidas especiais, reflexo de uma alteração no padrão

de consumo dos brasileiros, que vem buscando bebidas diferenciadas e de maior quali-

dade. Dentre os 5.570 municípios brasileiros 479 possuem cervejarias, o que representa

aproximadamente 10% do total.

Gráfico 6

NÚMERO DE FÁBRICAS DE CERVEJA NO BRASIL ENTRE 2010 E 2017

200

0

100

400

300

500

600

700

800

900

1.000

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

266 275 290318

356

418

483

889

679

Fonte: MAPA 69.

O estado do Rio Grande do Sul lidera a concentração de cervejarias com 186 estabeleci-

mentos, 20,92% do total nacional, seguido por São Paulo e Minas Gerais que contam com

165 e 115 estabelecimentos, respectivamente. O eixo Sul-Sudeste concentra, portanto,

cerca de 83,80% das cervejarias do Brasil, conforme Gráfico 7.

68 Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/pasta-publicacoes-DIPOV/

anuario-da-cerveja-no-brasil-2018

69 Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/pasta-publicacoes-DIPOV/

anuario-da-cerveja-no-brasil-2018

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CAPÍTULO 1 A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO42

Gráfico 7

NÚMERO DE CERVEJARIAS POR ESTADO NO BRASIL EM 2018

MINAS GERAIS

SANTA CATARINA

RIO GRANDE DO SUL

SÃO PAULO

PARANÁ

RIO DE JANEIRO

ESPÍRITO SANTO

GOIÁS

MATO GROSSO

DEMAIS ESTADOS

PERNAMBUCO

9,90%

18,56%

20,92%

12,94%

11,81%

10,46%

6,97%

2,81%2,14%

2,02%1,46%

Fonte: MAPA 70.

O crescimento do número de cervejarias no Brasil, segundo a Associação Brasileira de

Cerveja Artesanal 71 (Abracerva), está relacionado à possibilidade de diversificação da

bebida, que adotou um caráter artesanal, atendendo uma demanda cada vez maior do

mercado consumidor. Segundo a Abracerva 72, essas cervejarias artesanais costumam

ser menores, ter atuação regional e, embora, empreguem individualmente um número

menor de funcionários, no agregado, têm gerado uma expansão do do número de tra-

balhadores desse setor no Brasil.

70 Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/pasta-publicacoes-DIPOV/

anuario-da-cerveja-no-brasil-2018

71 Disponível em: http://abracerva.com.br/2018/10/04/numero-de-cervejarias-artesanais-no-brasil-ja-cres-

ceu-23-em-2018/

72 Disponível em: http://pages.abracerva.com.br/documento-mercado-da-cerveja

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43A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Os dados de contratações e demissões mostram que entre 2015 e 2018 as fábricas com

mais de 99 funcionários, cortaram cerca de 429 postos de trabalho, enquanto as empresas

com até 99 funcionários criaram 2,544 novas vagas para o setor. O resultado é um saldo

líquido de 2115 trabalhadores formais a mais no setor. Enfim, esse resultado é o reflexo

do aumento da demanda nacional por cervejas diferenciadas que, por sua vez, aquece

o mercado interno e incentiva o aumento da produção, além de atrair novos produtores,

conforme Gráfico 8.

Gráfico 8

SALDO DE CONTRATAÇÕES E DEMISSÕES POR PORTE DE EMPRESAS DE CERVEJA ENTRE 2015 E JANEIRO DE 2018

200

600

800

1.000

0

400

200

600

800

1.000

0

400

2015 2016 2017 2018

ACIMA DE 99 FUNCIONÁRIOSATÉ 99 FUNCIONÁRIOS

-631

356

206

800

-832

1.114

828

274

Fonte: Abracerva 73.

73 Disponível em: http://pages.abracerva.com.br/documento-mercado-da-cerveja

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CAPÍTULO 1 A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO44

Os números positivos em relação ao mercado de trabalho não são observados no volu-

me de vendas do setor, conforme Gráfico 9. Apesar do consumo de cerveja artesanal ter

ganhado cada vez mais consumidores ao longo dos últimos anos, esse nicho específico

do setor ainda é modesto. A produção artesanal responde por cerca de 1% do volume e

2,5% da receita total do setor, segundo a Abracerva. Além disso, a Associação Brasileira

da Indústria da Cerveja 74 (CervBrasil), que reúne as 3 maiores marcas do mercado brasi-

leiro (Ambev, Heineken e Petrópolis), estima que a bebida por elas produzida respondeu

por 95% de toda a produção brasileira no ano de 2017.

Gráfico 9

VARIAÇÃO (%) ANUAL DO VOLUME DE VENDAS DE CERVEJA NO BRASIL ENTRE 2010 E 2017

2013201220112010 2014 2015 2016 2017

-10,00%

-5,00%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

14,70%

1,10%

-6,00%-5,00%

6,80%

-2,00%

-4,80%

-1,70%

Fonte: Nielsen 75.

74 Disponível em: http://cervbrasil.org.br/

75 Disponível em: https://www.nielsen.com/pt/pt/insights/news/2018/40-percent-beer-consumed-in-summer.html

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45A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Em 2017 houve redução de 1,7% no nas vendas totais de cerveja quando comparado a 2016,

ano em que o valor da produção industrial do setor atingiu R$ 55,72 bilhões, conforme

Tabela 3. Entretanto, segundo dados da Nielsen 76, o faturamento do setor cresceu 1,6%

durante o mesmo período. Parte desse crescimento foi impulsionado pelo crescimento

de 13% das vendas de cerveja do tipo premium e artesanais. Esse fato aponta para a al-

teração dos padrões de consumo, em que consumidores optam por beber menos, mas

com mais qualidade. Ou seja, as empresas estão perdendo volume de vendas, já que as

bebidas consideradas mais comuns estão sendo menos consumidas, mas há aumento da

demanda por rótulos mais caros de bebidas diferenciadas.

Tabela 3

VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL E VENDAS DE CERVEJA EM 2016 (R$ BILHÕES)

PRODUTO VALOR PARTICIPAÇÃO

LEVEDURAS VIVAS OU MORTAS (INCLUSIVE

FERMENTOS BIOLÓGICOS) E OUTROS

MICRORGANISMOS MORTOS; LEVEDURA DE

CERVEJA

0,71 1,28%

CERVEJAS E CHOPE 26,91 48,29%

FABRICAÇÃO DE MALTE, CERVEJAS E

CHOPES28,10 50,43%

TOTAL 55,72 100,00%

Fonte: IBGE - Pesquisa Industrial Anual - Produto 77.

76 Disponível em: https://www.nielsen.com/pt/pt/insights/news/2018/40-percent-beer-consumed-in-summer.html

77 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br

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CAPÍTULO 1 A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO46

As cervejas especiais têm contribuído não só para o próprio segmento, mas também tem

afetado a indústria de bebidas alcoólicas como um todo. Segundo dados da Euromonitor

Internacional 78, os hábitos de consumo do brasileiro vêm se alterando ao longo do tempo

e o vinho chegou a perder espaço para cervejas premium e artesanais. Em 2016, para

cada litro de vinho consumido no Brasil, quatro litros de cerveja premium foram consu-

midos, em 2011 essa proporção era de um litro de vinho para 2,7 de cerveja, ou seja, um

aumento de 49% em cinco anos.

1.3.2. A INDÚSTRIA DO VINHO

Os dados da Euromonitor Internacional 79 ainda apontam que o vinho não é um produto

considerado essencial na cesta de consumo dos brasileiros e seu consumo é diretamen-

te afetado pelo desempenho econômico do país. As cervejas premium se tornaram um

substituto para o vinho, principalmente durante os anos de 2015 e 2016 em que o Brasil

passou por uma severa crise econômica. Em outras palavras, esse comportamento re-

vela que alterações no preço do produto ou na renda da economia afetam diretamente

o consumo da bebida. O Gráfico 10 apresenta a evolução da produção brasileira de

vinho entre 2008 e 2018.

78 Disponível em: https://blog.euromonitor.com/cervejas-premium-substituem-os-vinhos-no-brasil/

79 Disponível em: https://blog.euromonitor.com/cervejas-premium-substituem-os-vinhos-no-brasil/

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47A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Gráfico 10

PRODUÇÃO BRASILEIRA DE VINHO ENTRE 2008 E 2018 (MILHÕES DE LITROS)

UVAS VINÍFERASUVAS COMUNS

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

0,00

100,00

50,00

150,00

200,00

250,00

300,00

350,00

400,00

287,44

47,33

205,42

39,90

195,27

257,84

212,78196,90 196,17 210,31

86,32

255,02

218,38

24,81

47,60

45,2045,78 38,46

37,15

18,07

44,54

38,71

Fonte: Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul 80.

A produção nacional de vinhos entre 2008 e 2018 manteve uma trajetória equilibrada,

com exceção ao ano de 2016, em que houve uma produção cerca de 57,82% inferior à

de 2015. Eventos climáticos, que impactaram mais fortemente países latino americanos,

contribuíram para que houvesse queda na produção mundial de uva. Nesse ano, o valor

da produção industrial de vinhos atingiu mais de R$ 1,28 bilhões, cerca de 58% do valor

da produção da indústria da uva, conforme Tabela 4.

80 Disponível em: http://www.uvibra.com.br/pdf/safra_uva2008-2018.pdf

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CAPÍTULO 1 A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E NO MUNDO48

Tabela 4

VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL E VENDAS DA INDÚSTRIA DA UVA EM 2016 (R$ MILHÕES)

PRODUTO VALOR PARTICIPAÇÃO

MOSTO DE UVAS FERMENTADO 17,50 0,77%

VERMUTES E OUTROS VINHOS DE UVAS

FRESCAS AROMATIZADOS38,94 1,72%

AGUARDENTE DE VINHO OU DE BAGAÇO DE

UVA (CONHAQUE, BRANDE, ETC.)55,07 2,43%

REFRESCOS, SUCOS OU NÉCTARES DE UVA,

PRONTOS PARA CONSUMO141,02 6,23%

SUCOS CONCENTRADOS DE UVA

(INCLUSIVE MOSTO DE UVAS NÃO

FERMENTADO)

216,15 9,55%

VINHOS DE UVAS FRESCAS, TIPO

CHAMPANHA ("CHAMPAGNE")223,83 9,89%

SUCOS INTEGRAIS DE UVA 544,88 24,08%

VINHOS DE UVAS, EXCETO DO TIPO

CHAMPANHA1.025,39 45,32%

TOTAL 2.262,78 100,00%

Fonte: IBGE - Pesquisa Industrial Anual - Produto 81.

Mas já no ano seguinte, de 2017, a produção nacional mostrou sinais de recuperação e

atingiu 752,50 milhões de litros da bebida, cerca de 150,58% que o volume produzido

em 2017. Atrelado a esse aumento da produção, e à medida que a economia do Brasil

começou um processo de estabilização, houve também um crescimento de 5,67% nas

vendas de vinho quando comparado com o ano anterior, segundo o Instituto Brasileiro

do Vinho (Ibravin). Em 2018, o setor já empregava cerca de 200 mil pessoas ao longo

de sua cadeia produtiva, movimentou mais de R$ 9 bilhões e contava com mais de 1.100

vinícolas formalizadas.

81 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br

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49A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

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CAPÍTULO 2 BALANÇA COMERCIAL DOS SETORES DE CERVEJA E VINHO NO BRASIL50

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51A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

2. BALANÇA COMERCIAL DOS SETORES DE CERVEJA E VINHO NO BRASIL

O Brasil foi o 3º maior consumidor de bebidas alcoólicas do mundo em 2018. O país só

ficou atrás da China e Estados Unidos. O consumo brasileiro atingiu mais de 14 bilhões

de litros, conforme Gráfico 11.

Gráfico 11

PRINCIPAIS CONSUMIDORES DE BEBIDA ALCOÓLICA NO MUNDO EM 2018 (BILHÕES DE LITROS)

10,000,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00

ESPANHA

INDIA

REINO UNIDO

MÉXICO

JAPÃO

RÚSSIA

ALEMANHA

BRASIL

EUA

CHINA 54,29

30,50

14,04

11,56

9,50

8,89

8,81

7,47

5,14

6,51

Fonte: Statisa 82.

82 Disponível em: http://www.foodnewsoficial.com.br

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CAPÍTULO 2 BALANÇA COMERCIAL DOS SETORES DE CERVEJA E VINHO NO BRASIL52

O destaque fica para a China, o país asiático consumiu cerca de 54,29 bilhões de litros de

bebidas alcoólicas em 2018. O valor consumido pelos chineses é 78% superior ao consumo

norte americano de 30,50 bilhões de litros. Apesar de ser o terceiro colocado nesse ranking,

a demanda brasileira é menos da metade da demanda observada nos Estados Unidos.

Além disso, apesar da demanda absoluta da China ser a maior, ao se considerar em ter-

mos per capitas o país perde posições nesse ranking. Os Estados Unidos atingiram um

consumo médio de 93,8 litros por habitante em 2018, já para o Brasil o volume foi de 67,8

litros. Os chineses apresentaram consumo per capita de 39,3 litros. A Alemanha fica com

a liderança desse ranking, o consumo per capita do país europeu atingiu um volume de

140,9 litros de bebida por habitante em 2018. A revista BeerArt 83 fez um levantamento do

número de premiações que cervejas artesanais brasileiras receberam entre 2007 e 2017

no mercado externo. Em 2007 foram apenas duas premiações, mas esse número cres-

ceu ano a ano, atingindo 255 premiações em 2017. Esse desempenho tem gerado cada

vez mais visibilidade para a bebida nacional e colaborado com o aumento da demanda

externa pela cerveja artesanal brasileira.

2.1. BALANÇA COMERCIAL DA CERVEJA

Tanto o consumo absoluto, quanto o consumo per capita de bebidas alcoólicas varia

entre países. Além disso o tipo de bebida consumida também muda de acordo com a

localização geográfica. No ranking de maiores consumidores de cerveja, por exemplo, o

primeiro lugar fica com a República Tcheca. Em 2017 os tchecos consumiram em média,

137,38 litros de cerveja, conforme Gráfico 12.

83 Disponível em: https://revistabeerart.com/

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53A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Gráfico 12

PRINCIPAIS CONSUMIDORES DE CERVEJA NO MUNDO EM 2017 (LITROS/HABITANTE/ANO)

100,00

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00

120,00

140,00

160,00

Repúb

lica

Theca

Polôni

a

Ale

man

ha

Aus

tria

Litu

ânia

Croac

ia

Irlan

da

Leto

nia

Eslove

nia

Romên

ia

Bulgár

ia

Estad

os Uni

dos

Aus

trália

Estôni

a

Bélgic

a

137,38

98,06 95,95 95,4692,00

81,19 79,22 76,78 76,52 75,63 75,53 74,9071,82 70,95 69,24

Fonte: Statista 84.

Os países do leste europeu dominam o consumo de cerveja. Os Estados Unidos ficam

em 12º lugar no ranking, com 74,90 litros por habitante em 2017. No total foram movi-

mentados US$ 281 bilhões no mercado cervejeiro em 2017. Na lista dos 15 maiores con-

sumidores mundiais de cerveja o Brasil sequer é citado, apesar desta ser a bebida mais

consumida no país. Segundo os dados do Statista, os brasileiros consumiram, em média,

65,27 litros da bebida em 2017.

Além disso há uma alteração de padrão no mercado nacional de cerveja. Os consumi-

dores têm trocado quantidade por qualidade, dando espaço para os tipos premium e

artesanal da bebida, fomentando o mercado interno. As exportações de cerveja também

têm crescendo no Brasil, principalmente a partir de 2014, alguns picos podem ser obser-

vados, conforme Gráfico 13.

84 Disponível em: https://www.statista.com/chart/12510/the-countries-drinking-the-most-beer/

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CAPÍTULO 2 BALANÇA COMERCIAL DOS SETORES DE CERVEJA E VINHO NO BRASIL54

Gráfico 13

EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CERVEJA 85 ENTRE 1998 E 2018 (MIL TONELADAS)

4,00

2,00

0,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

VOLUME IMPORTADO VOLUME EXPORTADO

4,59

4,80

13,51

10,59

6,37

2,46

Fonte: Comex Stat (2018) 86.

Entre 1998 e 2018 o Brasil se manteve na categoria de exportador líquido de cerveja,

atingindo o seu pico de exportações em 2015. Em 2018 o país exportou cerca de 10,59

mil toneladas de cerveja. Os principais destinos foram os países sul-americanos Paraguai,

Argentina, Bolívia e Uruguai, que importaram praticamente todo o volume exportado

pelo Brasil, conforme Gráfico 14. O Paraguai, principal destino da bebida brasileira, res-

pondeu por 51,79% de todo o volume embarcado, representando cerca de 55,26% do

valor comercializado.

85 Foram considerados os produtos listados no Anexo 1.

86 Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral

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55A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Gráfico 14

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE CERVEJA EM 2018 - PAÍSES DE DESTINO (MIL TONELADAS / US$ MILHÕES)

4,00

2,00

0,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

Paraguai Argentina Bolívia Uruguai Demais Países*

VOLUME (MIL TONELADAS) VALOR (US$ MILHÕES)

5,48

3,56

2,31

1,22

1,90

1,15

0,80

0,41

0,10 0,10

Fonte: Comex Stat (2018) 87.

(*) China, Estados Unidos, Holanda, Chile e Reino Unido.

2.2. BALANÇA COMERCIAL DO VINHO

Apesar de não depender do mercado externo para o consumo da cerveja, o mesmo ce-

nário não é observado para o vinho. Entre 1998 e 2018 a balança comercial da bebida

derivada da uva tem sido deficitária. O Brasil não só importa mais do que exporta, como

o volume importado vem crescendo ao longo dos anos, conforme Gráfico 15.

87 Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral

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CAPÍTULO 2 BALANÇA COMERCIAL DOS SETORES DE CERVEJA E VINHO NO BRASIL56

Apesar do grande volume de vinho importado pelo Brasil, em 2018 o país foi o 15º maior

produtor do mundo e o 5º maior do hemisfério Sul, segundo a Organização Internacional

da Vinha e do Vinho (OIV) 88. O país produz cerca de 225 variedades de uva responsáveis

pela produção de diversificados tipos de vinho. Os produtos vinícolas brasileiros estão

presentes em 59 países e em 5 continentes e cerca de 90% do volume exportado tem

como origem empresas do Rio Grande do Sul.

Em 2018 as exportações brasileiras de vinho cresceram 29,62% em volume e 19,67% em

valor, em relação à 2017. Enquanto isso, para o mesmo período, houve queda de 1,40%

em volume e aumento de 6,65% no valor das importações do produto.

Gráfico 15

EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE VINHO ENTRE 1998 E 2018 (TONELADAS)

2.000,00

1.000,00

0,00

3.000,00

4.000,00

5.000,00

6.000,00

7.000,00

8.000,00

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

VOLUME IMPORTADO VOLUME EXPORTADO

1.6667,06

513,07

7.617,937.511,10

179,97

805,11

1.489,31

Fonte: Comex Stat 89.

88 Disponível em: http://www.oiv.int/

89 Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral

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57A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

O volume de vinho importado supera com folga as exportações do setor. Enquanto entre

1998 e 2018, as exportações caíram cerca de 65%, as importações por sua vez tiveram

um expressivo crescimento, de mais de 350%.

Grande parte desse volume importado tem como origem o Chile. O país sul americano foi

responsável por mais de 30% do volume e do valor das importações brasileiras de vinho,

conforme Gráfico 16. Além do Chile, Portugal, Itália, Argentina e França foram os países

responsáveis pelos maiores volumes importados pelo Brasil. Juntos esses cinco países

respondem por cerca de 90% do volume e 87% do valor do vinho demandado pelo Brasil.

Gráfico 16

IMPORTAÇÃO BRASILEIRA DE VINHO EM 2018 - PAÍSES DE ORIGEM (MIL TONELADAS / US$ MILHÕES)

3,00

1,00

2,00

0,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

9,00

Chile Portugal Itália Argentina França Espanha Uruguai Demais Países

VOLUME (MIL TONELADAS) VALOR (US$ MILHÕES)

2,72

1,26 1,261,01

0,52 0,410,18 0,16

8,40

4,033,78

3,41

2,27

1,77

0,72 0,72

Fonte: Comex Stat (2018) 90.

90 Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral

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CAPÍTULO 2 BALANÇA COMERCIAL DOS SETORES DE CERVEJA E VINHO NO BRASIL58

Dentre os países que compões o ranking de principais exportadores de vinho para o Brasil,

alguns também são grandes consumidores da bebida. Portugal, Itália, Argentina e França

estão entre os dez maiores consumidores per capita do mundo, conforme Gráfico 17. Em

2018 o consumo desses países superou os 30 litros por habitante. A França lidera esse

ranking, o país europeu teve um consumo per capita de 45,10 litros em 2018.

Gráfico 17

CONSUMO DE VINHO PER CAPITA NOS PRINCIPAIS PAÍSES CONSUMIDORES, EM 2018 (LITROS / HABITANTE / ANO)

25,0020,00 30,00 40,00 45,00 50,00

ARGENTINA

HUNGRIA

AUSTRIA

NOVA ZELÂNDIA

HOLANDA

URUGUAI

BÉLGICA

DINAMARCA

ALEMANHA

GRÉCIA

ÁUSTRIA

PORTUGAL

SUIÇA

ITÁLIA

FRANÇA

26,40

27,00

27,50

28,40

31,00

31,30

32,10

34,30

36,50

39,70

41,20

41,30

42,80

45,00

45,10

Fonte: Statisa 91.

O volume consumido pelos franceses é bastante próximo ao consumido pela Itália. Suíça.

Portugal e Áustria encerram a lista dos cinco principais consumidores mundiais. Além

disso, a Argentina é o único país sul-americano no ranking dos 10 maiores consumidores.

O país apresentou consumo per capita de 31,30 litros

91 Disponível em: http://www.foodnewsoficial.com.br

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59A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

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CAPÍTULO 3 BARREIRAS À COMERCIALIZAÇÃO DA CERVEJA E VINHO DO BRASIL60

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61A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

3. BARREIRAS À COMERCIALIZAÇÃO DA CERVEJA E VINHO DO BRASIL

Para o mercado consumidor de vinho, a predominância externa alcançou a marca de

86,3% no encerramento do primeiro semestre de 2017, maior índice nos últimos oito anos.

A bebida nacional ficou com os restantes 13,7%, conforme dados da Ibravin 92. Em 2011os

importados representavam cerca de 78,8% do mercado consumidor brasileiro, enquanto

os nacionais cerca de 21,2%.

O avanço dos importados gera preocupações para o setor, já que, ainda segundo dados

do Ibravin, mais de 85% do volume importado são produtos com valor abaixo de US$

4,00, e cujos maiores quantidades são trazidas por redes varejistas de grande porte. Além

disso os produtos nacionais recolhem muito mais impostos sobre a produção do que

produtos importados, gerando um desbalanceamento dentro do setor. Além das redes

varejistas, tradicionais importadores/distribuidores e um grupo de vinícolas brasileiras

também contam com vantagens tributárias superiores ao adquirirem produtos de fora.

Além disso, no ano de 2018 pelo menos 173 países impuseram barreiras tarifárias ao vi-

nho de origem brasileira, conforme Figura 1. A presença dessas barreiras foi mais forte

principalmente no Egito, mas também em países como Índia, Indonésia e Arábia Saudita.

92 Disponível em: https://www.ibravin.org.br/

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CAPÍTULO 3 BARREIRAS À COMERCIALIZAÇÃO DA CERVEJA E VINHO DO BRASIL62

Figura 1

TAMANHO DO COMÉRCIO E NÍVEIS DE PROTEÇÃO APLICADOS AO VINHO BRASILEIRO NO MERCADO INTERNACIONAL EM 2018

1 - 44 44 - 140 140 - 580 580 - 1.700

COMÉRCIO (US$ ‘000)

NÍVEL DE PROTEÇÃO

0%

DADONÃO DISPONÍVEL

<10% 20% 30% 40% 50%>

Fonte: Adaptado de Macmap (2018) 93.

Comparando o comércio internacional de vinho e cerveja de origem brasileira, a cer-

veja é taxada por um número menor de países. Em 2018, 134 países impuseram alguma

restrição tarifária à cerveja originada do Brasil. As tarifas mais altas foram impostas por

países da África e Ásia.

93 Disponível em: http://www.macmap.org/QuickSearch/FindTariff/FindTariff.aspx

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63A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Figura 2

TAMANHO DO COMÉRCIO E NÍVEIS DE PROTEÇÃO APLICADOS À CERVEJA BRASILEIRA NO MERCADO INTERNACIONAL EM 2018

1 - 630 630 - 1.300 1.300 - 5.900 5.900 - 64.000

COMÉRCIO (US$ ‘000)

NÍVEL DE PROTEÇÃO

0%

DADONÃO DISPONÍVEL

<10% 20% 30% 40% 50%>

Fonte: Adaptado de Macmap (2018) 94.

94 Disponível em: http://www.macmap.org/QuickSearch/FindTariff/FindTariff.aspx

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RESUMO EXECUTIVO64

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65A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

ANEXO 1APRESENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS PRODUTOS ANALISADOS CONFORME SUA NOMECLATURA COMUM DO SUL - NCM

CÓDIGO NCM DESCRIÇÃO

22030000 Cervejas de malte

22029100 Cerveja sem álcool

22042100Outros vinhos, mostos de uvas, fermentados, impedidos álcool, em recipientes de

capacidade não superior a 2 litros

22041010 Vinhos espumantes e vinhos espumosos, tipo champanha (champagne)

22041090 Outros vinhos de uvas frescas, espumantes e espumosos

22042211 Vinhos em recipientes de capacidade não superior a 5 litros

22042910 Vinhos em recipientes de capacidade superior a 10 litros

22082000 Aguardentes de vinho ou de bagaço de uvas

22042219 Vinhos em recipientes de capacidade superior a 5 litros

22042911 Vinhos em recipientes de capacidade não superior a 5 litros

22042919 Vinhos em recipientes de capacidade superior a 5 litros

22042900 Outros vinhos, mostos de uvas, fermentação impedida por adição de álcool

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RESUMO EXECUTIVO66

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67A INDÚSTRIA DA CERVEJA E DO VINHO NO BRASIL E SUAS INTERAÇÕES COM O COMÉRCIO INTERNACIONAL

ANEXO 2LISTA DE ABREVIAÇÕES

ACRÔNIMO DESCRIÇÃO

ABIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE ALIMENTAÇÃO

ABIRASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE REFRIGERANTES E DE

BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS

ABRACERVA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CERVEJA ARTESANAL

CERVBRASIL ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CERVEJA

CONAB COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

IBRAVIN INSTITUTO BRASILEIRO DO VINHO

IPCA ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO

MAPA MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

NCM NOMENCLATURA COMUM DO SUL

OIV ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DA VINHA E DO VINHO

PAC PESQUISA ANUAL DE COMÉRCIO

PIB PRODUTO INTERNO BRUTO

PIM PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL

UE UNIÃO EUROPEIA

USDA UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE

VBP VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO

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RIO DE JANEIROPraia de Botafogo 190/6º andar

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