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SABRINA DE CASTRO BRASIL A INFLUÊNCIA DA DIETA HIPERLIPÍDICA NA PROGRESSÃO DAS LESÕES PERIRRADICULARES 2017 Programa de Pós-Graduação em Odontologia Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, Cobertura 22790-710 Rio de Janeiro, RJ Tel. (0XX21) 2497-8988

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SABRINA DE CASTRO BRASIL

A INFLUÊNCIA DA DIETA HIPERLIPÍDICA NA PROGRESSÃO DAS LESÕES

PERIRRADICULARES

2017

Programa de Pós-Graduação em Odontologia

Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, Cobertura 22790-710 – Rio de Janeiro, RJ

Tel. (0XX21) 2497-8988

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SABRINA DE CASTRO BRASIL

INFLUÊNCIA DA DIETA HIPERLIPÍDICA NA PROGRESSÃO DAS LESÕES PERIRRADICULARES

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Estácio de Sá, visando a obtenção do grau de Doutor em Odontologia (Endodontia).

Orientadora:

Prof.ª Dra. Luciana Armada Dias

Co-orientadora:

Prof.ª Dra. Rachel Moreira Moraes Santos

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ RIO DE JANEIRO

2017

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, o autor da minha vida

e consumador da minha Fé.

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço de todo o meu coração, pois estou certa que pessoas

especiais fizeram parte da minha trajetória, e porque sei que nenhuma grande

conquista é obtida apenas com o próprio esforço. Vale destacar que não é pelo

“valor de p” que descobrimos a significância de cada uma na nossa jornada,

portanto, cada participação deve ser considerada como importante e especial

nesta fase tão desafiadora e intensa da minha vida.

Agradeço primeiramente ao Professor Dr. José Freitas Siqueira Júnior,

coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPGO), por ter

me presenteado com a possibilidade de realizar o sonho do Doutorado na

instituição que considero “Minha Casa Endodôntica”. Agradeço também pela

sua dedicação e comprometimento na formação de seus alunos. Obrigada por

nos ensinar que excelência é a nossa missão.

Agradeço aos meus pais Celi Brasil e Robenildo Brasil, especialmente à

minha mãe pelo apoio incondicional, por sonhar os meus sonhos, e por ter me

ensinado que todas as nossas conquistas requerem muito esforço, bom humor,

ética e honestidade.

Agradeço ao meu esposo Luciano Corrêa Netto, alguém que sei que

ainda dividirei muitos outros momentos de felicidade como este. Agradeço de

coração a ele que não mediu esforços para me ajudar e me motivar em todos

estes anos, por ter compreendido minha ausência em tantos momentos e por

ser tão amigo e companheiro nos momentos difíceis. Obrigada por você ser

v

esta pessoa tão especial.

Agradeço ao lindo presente que Deus me deu, meu filho amado Rafael

Brasil por tentar compreender tantas vezes as minhas faltas e momentos de

afastamento, por me incentivar mesmo sem entender direito o que eu estava

fazendo, por me fazer sorrir nos momentos de tristezas e incertezas, e por ser

a minha motivação, minha garra e vontade de vencer.

Agradeço a minha irmã, Paula Brasil, pelas palavras e atitudes de apoio

e motivação, e ao meu cunhado Julio Rocha, por me ajudar sempre com tanta

prontidão nos momentos em que o computador travava, os arquivos apareciam

como corrompidos, impressora que parava de funcionar, conversão de

imagens, enfim, todo esse caos tecnológico.

Agradeço a minha orientadora Luciana Armada, pela parceria, por toda a

dedicação, paciência, confiança e por sua admirável competência. Agradeço

por me desafiar a ir além, por ter me conduzido em todo o caminho diante das

adversidades, e pelas boas risadas nos bons momentos. Obrigada pela

disponibilidade, pela mão estendida e por ser a pessoa incrível que você é.

Tenho um orgulho enorme de ter sido orientada por você.

Ao professor e coordenador adjunto do PPGO Flávio Alves, meu “pai

endodôntico”, pelo ensino da Endodontia com tanta paixão e excelência desde

a especialização, e por ter me ensinado e guiado pelo caminho da docência.

Obrigada por ser um mestre de excelência e uma referência, pela sua

motivação contagiante e por fazer parte de forma tão direta da minha formação

vi

de especialista à Doutora, motivo de muito orgulho e alegria para mim.

Agradeço aos demais professores que compõem e que fizeram parte da

equipe PPGO- Estácio: professores Isabela Rôças, Milton de Uzeda, Hélio

Lopes, Lúcio Gonçalves, Fábio Vidal, Mônica Schultz, José Cláudio

Provenzano, Fábio Ramôa e Dennis Carvalho por todo o conhecimento

compartilhado.

Agradeço a minha co-orientadora, professora Rachel, por toda a

paciência ao me conduzir no trabalho, considerando minha decisão em

trabalhar com o modelo animal desde o Mestrado. Agradeço pelo exemplo de

profissional e de ser humano, pela amizade, disponibilidade, e por me ensinar

tanto com sua grande experiência.

Agradeço aos funcionários da Universidade Federal Fluminense,

especialmente a Arlete Santos, parceira incansável em todos os trabalhos e ao

bioterista Redinei Laurindo por todo o apoio.

Agradeço ao Laboratório de Nutrição Experimental da Universidade

Federal Fluminense, que nos abriu as portas para a realização do trabalho,

especialmente ao professor Carlos Alberto Soares pela parceria, e a

doutoranda Daniele Ribeiro pela ajuda na etapa de confecção da ração.

Agradeço aos professores Monique Sandin e Leonardo Tostes,

coordenadores do Curso de Odontologia do UNIFESO, o qual faço parte como

docente, pelo tremendo apoio e compreensão nas minhas ausências. Aos

meus colegas de trabalho, especialmente a querida Thaís Labuto pela

vii

compreensão e ajuda em tantos momentos.

Agradeço a minha secretária Rosilene por me apoiar sempre em tudo,

por me ajudar na difícil tarefa de cuidar da minha agenda e dos meus pacientes

em meio a tantas remarcações e ausências.

Agradeço a querida secretária do Programa de PPGO- Estácio Angélica

Pedrosa pelo apoio, amizade e “maternidade” todos esses anos, e pela sua

alegria, competência e disponibilidade para ajudar sempre.

Agradeço aos amigos que fiz nesta longa caminhada no PPGO- Estácio

Renata Val, Andrea Campello e Fábio Barcellos pela grande amizade que

fizemos. Amigos para uma vida inteira.

viii

ÍNDICE

RESUMO ..........................................................................................................ix

ABSTRACT .......................................................................................................x

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... ..xi

LISTA DE TABELAS ........................................................................................xiii

LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................... xiv

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 3

3. JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 20

4. HIPÓTESE ................................................................................................. 21

5. OBJETIVOS ............................................................................................... 22

6. MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................... 23

7. RESULTADOS ........................................................................................... 28

8. DISCUSSÃO .............................................................................................. 39

9.CONCLUSÃO.................................................................................................45

10.REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................46

11. ANEXOS .....................................................................................................54

ix

RESUMO

Objetivo: Avaliar os efeitos da dieta hiperlipídica na progressão das lesões

perirradiculares.

Materiais e Métodos: Foram utilizados ratos Wistar (n=24), isogênicos, com 8

semanas de idade. Metade dos animais foi submetida a dieta hiperlipídica (H) e

a outra metade a dieta normal (C). Após 8 semanas, foi estimulado o

desenvolvimento de lesão perirradicular nos primeiros molares inferiores

esquerdos através da exposição pulpar. A massa corporal foi verificada

semanalmente. Ao final dos períodos experimentais (21 e 40 dias), os animais

foram sacrificados. Sangue, fígado e mandíbula foram coletados para a

realização da análise bioquímica (colesterol total, HDL, VLDL e triglicerídeos

séricos); avaliação hepática (massa hepática total, massa hepática relativa,

triglicerídeos e colesterol); e análise radiográfica (tamanho de lesões

perirradiculares).

Resultados: A dieta hiperlipídica promoveu aumento significativo na massa

corporal (p<0,02), nos níveis séricos de triglicerídeos (p<0,03) e VLDL (p<0,04)

no grupo H 40 dias, nas massas hepáticas total (p<0,01) e relativa (p<0,005),

nos níveis de triglicerídeos hepáticos (p<0,02) e no tamanho de lesões

perirradiculares (p<0,0008).

Conclusão: As alterações metabólicas provocadas pela dieta hiperlipídica

foram capazes de influenciar a progressão de LP.

Palavras- chave: Dieta hiperlipídica; Periodontite apical; Mandíbula.

x

ABSTRACT

Aim: Evaluate the effects of high-fat-diet in the progression of periapical

lesions.

Materials and Methods: Winstar rats (n=24), isogenics and virgins, 8-weeks

old were used. Half of the animals received a high-fat-diet (H) and the other half

a control diet (C). 8 weeks after the periapical lesions were induced by pulp

exposure of their mandibular left first molars. Body weight was checked weekly.

At the end of the experimental periods (21 days and 40 days of injury), the

animals were sacrificed and blood, liver and jaws were collected for serum

analysis of total cholesterol, HDL and triglycerides, liver triglyceride and

cholesterol analysis and radiographic analysis of jaws.

Results: The high-fat-diet resulted in significant increased body mass (p<0,02),

high serum levels of triglycerides (p<0,03) and VLDL (p<0,04) H 40 group, liver

mass (p<0,01), fractioned liver (p<0,005), liver triglycerides (p<0,02) and in

periapical lesions size (p<0,0008).

Conclusions: The results showed that the high-fat-diet acted as a disease

modifier, influencing the progression of periapical lesions.

Keywords: High-fat-diet; Jaw; Periapical lesion.

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.

Análise comparativa dos níveis séricos de

colesterol total (mg/dL).............................................

PÁGINA

29

Figura 2. Análise comparativa dos níveis séricos de HDL

(mg/dL).....................................................................

30

Figura 3. Análise comparativa dos níveis séricos de VLDL

(mg/dL).....................................................................

31

Figura 4. Análise comparativa dos níveis séricos de

triglicerídeos (mg/dL)..............................................

32

Figura 5. Análise comparativa da massa hepática total (g)......

33

Figura 6. Análise comparativa da massa hepática relativa (g).

34

Figura 7. Análise comparativa do colesterol hepático

(mg/dL).....................................................................

35

xii

Figura 8. Análise comparativa de triglicerídeos hepáticos

(mg/dL) ...................................................................

36

Figura 9.

Figura 10.

Análise comparativa do tamanho de lesões

perirradiculares........................................................

Radiografias de mandíbulas de ratos......................

38

38

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Composição das dietas experimentais (AIN 93-G)............. 24

Tabela 2. Médias dos valores de massa corporal (g) por

grupo..................................................................................

28

Tabela 3. Médias dos valores séricos de colesterol total, HDL,

VLDL e triglicerídeos (mg/dL) por grupo........................

32

Tabela 4. Médias dos valores das massas hepáticas total e relativa

(g) por grupo......................................................................

34

Tabela 5. Médias dos valores de colesterol e triglicerídeos

hepáticos (mg/dL) por grupo..............................................

36

Tabela 6. Médias dos tamanhos das lesões perirradiculares (pixel)

por grupo.............................................................................

37

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS

ABC ATP- binding cassete transporters

Apo Al Alipoproteína A

C Controle

FcϒR Receptor celular de superfície gama

FcϒRIIIa Receptor celular de superfície gama IIIa

H Hiperlipídico

HDL Lipoproteína de alta densidade

HIV Síndrome da imunodeficiência adquirida

Hs-CRP Proteína C reativa de alta sensibilidade

IFN- ϒ Interferon gama

IL Interleucina

LDL Lipoproteína de baixa densidade

LP Lesão perirradicular

ml Mililitro

OPG Osteoprotegerina

PG Prostaglandinas

PMNs Monócitos polimorfonucleares

RANK L Receptor activator of nuclear kappa ligant

RNA Ácido ribonucleico

TNF Fator de necrose tumoral

VLDL Lipoproteína de baixa densidade

1

1. INTRODUÇÃO

A lesão perirradicular (LP) é uma doença de etiologia essencialmente

microbiana, cujo avanço possui forte relação com a resposta imunológica do

hospedeiro, que ocorre no intuito de conter o avanço da infecção (RÔÇAS &

SIQUEIRA, 2008).

Apesar da utilização de técnicas e protocolos considerados eficazes e

altamente recomendados, falhas na terapia endodôntica ou diferentes

respostas às infecções endodônticas podem transcorrer (QUESNELL et al.,

2005). Tais situações ocorrem porque alguns indivíduos apresentam condições

que podem influenciar na susceptibilidade à doença (SEGURA-EGEA et al.,

2005; SEGURA-EGEA et al., 2015).

Diversos estudos têm sido desenvolvidos no intuito de relacionar fatores

sistêmicos ou hábitos adquiridos com o desenvolvimento, diagnóstico,

severidade e cura das LP (SEGURA-EGEA et al., 2005; ARMADA-DIAS et al.,

2006; SEGURA-EGEA et al., 2015; BRASIL et al., 2016). Estas condições são

referidas como modificadores da doença e podem esclarecer o surgimento de

sintomatologia dolorosa em casos assintomáticos, a cura tardia de algumas

lesões, e explicar porque alguns canais adequadamente tratados podem

resultar em fracasso (SEGURA-EGEA et al., 2015).

A associação entre estilo de vida, dieta e fatores genéticos pode ser

responsável pelo desenvolvimento de um estado hiperlipidêmico, que é

considerado um fator de risco ao desenvolvimento e progressão de algumas

doenças (HAGH et al., 2014). A hiperlipidemia viabiliza o desenvolvimento de

2

um estado inflamatório, caracterizado pelo aumento dos níveis plasmáticos de

citocinas pro-inflamatórias tanto em animais como em seres humanos,

comprometendo e reduzindo significativamente a qualidade e a densidade

óssea (CLEMENTE-POSTIGO et al., 2012; SANGWAN et al., 2016).

Estudos sobre a influência de fatores sistêmicos na doença periodontal

apontam que as alterações no lipidograma provocadas por dietas hiperlipídicas

atuam como possíveis causas de fracasso na terapia periodontal (CLEMENTE-

POSTIGO et al., 2012; FUJITA & MAKI, 2016).

É provável que esta condição também altere a fisiopatologia das LP, que

são processos inflamatórios caracterizados por destruição óssea. Porém, na

literatura, ainda são escassos os relatos sobre a influência da dieta hiperlipídica

na progressão de LP.

3

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Infecção Endodôntica

As principais patologias que acometem a polpa e os tecidos

perirradiculares são de natureza inflamatória e etiologia infecciosa. Estudos

clássicos (KAKEHASHI et al., 1965; SUNDQVIST, 1976; MÖLLER et al., 1981)

indicam que microrganismos são os principais responsáveis pela progressão e

manutenção da LP.

No intuito de tentar impedir que a infecção no sistema de canais se

dissemine através dos tecidos moles, instala-se um processo inflamatório

promovido pela relação entre as defesas do hospedeiro e a agressão causada

pelos patógenos endodônticos, originando assim a LP crônica (RÔÇAS &

SIQUEIRA, 2008).

A intensidade da resposta inflamatória varia conforme o tipo de agressão

e, principalmente, a sua intensidade. Após rompimento da integridade tecidual,

a resposta inflamatória prepara os tecidos alterados para o reparo. Na

persistência do estímulo agressor, as respostas de defesa do hospedeiro,

específicas ou inespecíficas, podem gerar o dano tecidual. No caso de doenças

pulpares e perirradiculares, a destruição tecidual causada pelas defesas do

hospedeiro parece ser mais significativa do que os próprios efeitos diretos

proporcionados pelos microrganismos (SARAF et al., 2014).

A infecção endodôntica difere de outras infecções que ocorrem em

qualquer local do corpo, pois microrganismos penetram no sistema de canais

4

radiculares além do alcance das defesas do hospedeiro e de antibióticos

sistêmicos. A falta de suprimento sanguíneo na polpa necrosada ou em dentes

tratados endodonticamente impede o transporte de células/moléculas de

defesa ao sítio infectado (CHÁVEZ DE PAZ, 2007; JUNGERMANN et al.,

2011).

A infecção normalmente é restrita ao espaço intrarradicular, e pode ser

classificada como primária ou pós-tratamento endodôntico (secundária ou

persistente). Em alguns casos, um biofilme extrarradicular pode ser formado

sobre a superfície externa da raiz em torno do forame apical, caracterizando a

infecção extrarradicular (RICUCCI et al., 2016).

2.2. Mediadores Químicos Envolvidos na Progressão das Lesões

Perirradiculares

Os mediadores químicos endógenos da inflamação são substâncias que

agem na destruição de bactérias, além de serem responsáveis pela indução,

controle e amplificação dos eventos vasculares e celulares da inflamação.

Podem ser vasoativos, causando vasodilatação e aumento da permeabilidade

vascular e quimiotáticos (RADICS et al., 2003).

Diversos mediadores químicos, dentre eles as citocinas, têm sido

associadas às LPs (STASHENKO et al., 1998; KAWASHIMA & STASHENKO,

1999; RADICS et al., 2003).

5

É possível verificar que, em resposta a infecção endodôntica, o papel

das citocinas pró-inflamatórias é de grande importância no controle da

reabsorção óssea e destruição tecidual (MORSANI et al., 2011).

Diversas citocinas, como interleucinas (IL-1β, IL-6, IL-11, IL17) e fator de

necrose tumoral alfa (TNF-α) são liberados aos tecidos perirradiculares, e

regulam o processo de formação da LP. Ao atingirem níveis críticos, ocorre o

estímulo de células do estroma e de osteoblastos para expressarem Receptor

Activator of Nuclear Kappa Ligant (RANKL), e reduzirem a produção de

osteoprotegerina (OPG), dando início a osteoclastogênese (TAKAYANAGI,

2005a; TAKAYANAGI, 2005b).

A IL-1 é um regulador chave de defesa a infecções microbianas e o

maior modulador de catabolismo de matriz extracelular e reabsorção óssea.

Existem basicamente duas formas de IL-1: α e β. IL 1-β é 15 vezes mais

potente que a IL-1α e mil vezes mais que TNF em induzir reabsorção.

Macrófagos são os principais produtores de IL-1. Células endoteliais e algumas

epiteliais também podem produzir essa citocina (KAWASHIMA &

STASHENKO, 1999). A IL-1 pode induzir a expressão de TNF e IL-6 que

também estão envolvidas no processo inflamatório (COIL et al., 2004).

O TNF pode existir nas formas α e β. TNF-α é um polipeptídeo

sintetizado predominantemente por macrófagos e linfócitos T, estes últimos

tipos celulares em menor quantidade. TNF-β, também conhecido como

linfotoxina, é uma glicoproteína produzida exclusivamente por linfócitos T e B

ativados. Ambas as moléculas induzem a formação de osteoclastos a partir dos

precursores e estimulam a função de osteoclastos maduros. Seus efeitos sobre

6

os osteoclastos também são indiretos, sendo mediados por osteoblastos. Além

disso, TNF também inibe a neoformação óssea (TAKAYANAGI, 2005a;

TAKAYANAGI, 2005b).

HENRIQUES et al. (2011) encontraram níveis significantes de TNF-α em

LPs refratárias em dentes com tratamento endodôntico, quando comparadas a

dentes saudáveis. Como é um potente mediador das respostas imunológicas

aguda e crônica, o TNF-α tem a capacidade de aumentar a reabsorção óssea.

A IL-6 é uma citocina sintetizada por macrófagos, células endoteliais,

fibroblastos e outras células. É produzida por osteoblastos em resposta a

outros agentes envolvidos na reabsorção como o paratormônio (PTH),

prostaglandina (PG) e IL-1. A IL-6 pode estimular a formação de osteoclastos a

partir de precursores hematopoiéticos (HUANG et al., 2001).

A IL-17 atua principalmente em células endoteliais estromais e epiteliais,

bem como no subconjunto de monócitos para induzir a secreção de

mediadores pró-inflamatórios. Esta citocina está associada tanto na fase ativa e

reabsortiva, quanto na fase crônica da LP. A correlação positiva entre

Interferon gama (IFN-γ) e IL-17 foi demonstrada em culturas de LPs, sugerindo

que ambas as citocinas são importantes para a exacerbação da inflamação

(HENRIQUES et al., 2011).

2.3. Modificadores da Doença Endodôntica

Embora existam protocolos altamente eficazes à erradicação das

doenças pulpares e perirradiculares, diferentes respostas à infecção podem

7

ocorrer ao mesmo tipo de tratamento endodôntico. Acredita-se que isto ocorra

devido a presença de fatores que, embora não sejam a causa, possam

influenciar na susceptibilidade, desenvolvimento ou severidade da doença,

principalmente por deficiências na resposta do sistema imunológico. Tal fato

pode esclarecer o surgimento de sintomatologia dolorosa em casos

assintomáticos, a cura tardia de algumas lesões, e explicar o fracasso de

canais radiculares bem tratados. Os modificadores da doença com potencial de

influenciar a LP incluem condições sistêmicas (diabetes e infecções virais),

genéticas (polimorfismo genético) e hábitos adquiridos (tabagismo) (SEGURA-

EGEA et al., 2015).

2.3.1. Diabetes mellitus

Diabetes mellitus é um transtorno no metabolismo dos carboidratos,

lipídios e proteínas caracterizado pela hiperglicemia, que ocorre pela

inadequada secreção de insulina, pela resistência insulínica ou por ambas as

situações (LIMA et al., 2013; WOLLE et al., 2013). A doença pode se

apresentar de formas distintas.

A diabetes mellitus tipo 1 é uma condição autoimune desenvolvida

durante a infância ou adolescência, e é responsável por 5 a 10% dos casos.

Ocorre como resultado de uma profunda deficiência de insulina pela destruição

das células beta de Langerhans, por uma resposta autoimune, infecção viral ou

toxicidade, requerendo a necessidade de insulina exógena para o controle da

glicemia (BENDER & BENDER, 2003).

8

Diabetes mellitus tipo 2, a mais comum, é caracterizada por um

comprometimento metabólico e alteração nos níveis de insulina no sangue,

apresentando-se de forma mais elevada que o normal (SEGURA-EGEA et al.,

2015). O tipo 2 da doença é responsável por 85 a 90% dos casos, tendo início

na meia-idade ou mais tarde, embora também possa ocorrer em jovens. A

diabetes também pode se manifestar como intolerância aos carboidratos no

período da gravidez, sendo então conhecida como diabetes gestacional

(VERNILLO, 2001).

Diabetes é uma doença crônica, complexa, progressiva e debilitante. Ao

se instalar, sintomas clássicos como polidipsia, poliúria e polifagia podem se

manifestar e serem seguidos por letargia e até coma (BENDER & BENDER,

2003; LIMA et al., 2013). Angiopatia, hipertensão, aterosclerose e alterações da

permeabilidade vascular também podem ser encontradas nos diabéticos. Além

disso, estes pacientes podem desenvolver comprometimento nas funções dos

neutrófilos, nefropatia, retinopatia, neuropatia e redução da síntese e

maturação de colágeno (WOLLE et al., 2013).

Os diabéticos são particularmente propensos ao desenvolvimento de

inflamação crônica. As complicações orais mais frequentes são xerostomia,

infecções, dificuldade na cicatrização, aumento da incidência e severidade de

cáries, candidíase, gengivite e doença periodontal (SEGURA-EGEA et al.,

2005).

Os resultados dos diversos estudos sugerem forte associação entre o

diabetes mellitus e a LP (SEGURA-EGEA et al., 2005; ARMADA–DIAS et al.,

2006; CINTRA et al., 2014). Existem evidências associando a doença com

9

maior prevalência de LPs primárias e pós-tratamento endodôntico, maior

tamanho de lesões, maior probabilidade de infecções perirradiculares

assintomáticas e pior prognóstico. No entanto, novos estudos epidemiológicos

prospectivos são necessários a fim de esclarecer melhor tal relação (SEGURA-

EGEA et al., 2015).

2.3.2. Polimorfismo genético

Consiste em uma variação genética na sequência de bases

nucleotídicas ou na estrutura cromossômica, que ocorre com uma frequência

maior que 1% na população. O tipo mais comum de polimorfismo é o que

envolve um único nucleotídeo, chamado de polimorfismo de nucleotídeo único

ou polimorfismo de transição. Nesta condição, ocorre a substituição de um

nucleotídeo por outro durante a replicação, resultando na troca de um único par

de bases. Observa-se alteração na estrutura e na função de um gene,

consequentemente afetando a expressão de proteína (KINANE & HART, 2003).

A susceptibilidade e/ou gravidade das doenças inflamatórias podem ser

afetadas na presença de polimorfismos em genes relacionados com a

inflamação, como por exemplo, no gene receptor celular de superfície gama

(FcϒR) (SIQUEIRA et al., 2009).

A relação do polimorfismo com sintomatologia de doenças pulpares

também tem sido avaliada (SÁ et al., 2007; AMAYA et al., 2013). Estudos

sugerem que fatores genéticos podem influenciar no desenvolvimento de

abscessos perirradiculares agudos, e que polimorfismos de citocinas pró-

10

inflamatórias podem induzir a ocorrência de LP aguda ou crônica. Por outro

lado, SIQUEIRA et al. (2011) investigaram a associação do polimorfismo

genético do receptor FcϒRIIIa com LP pós-tratamento e concluíram que esta

condição não influencia a resposta do tratamento endodôntico em dentes com

LP.

A resposta ao tratamento também foi avaliada por RÔÇAS et al. (2014),

ao investigarem a associação dos polimorfismos dos genes CD14-260C > T e

TLR4 + 896A > G e LP pós-tratamento. Os resultados sugerem que os

polimorfismos em genes CD14 e TLR4 não influenciam a resposta ao

tratamento endodôntico de dentes com LP.

2.3.3. Vírus da imunodeficiência humana

Os efeitos do vírus da imunodeficiência humana (HIV) no sistema

imunológico são conhecidos e bem documentados (BRITO et al., 2009;

FONTES et al., 2014). No período de 8 a 12 semanas após a infecção, o HIV

atinge níveis muito elevados como milhões de moléculas de RNA/mL, e em

seguida, atingem níveis muito baixos (5.000-15.000 moléculas/mL) ou até

mesmo indetectáveis, sugerindo o controle da infecção (BRITO et al., 2009).

Supostamente, a infecção pelo HIV também pode ser considerada como

um fator modificador da LP. O alvo primário do HIV, as células T CD4, são mais

predominantes nas fases agudas da lesão, enquanto as células T CD8

predominam na fase crônica, havendo um declínio gradual no número de

células T CD4. A falta de células T-Helper também constitui importante razão

11

para deficiência na defesa contra vários agentes microbianos, e pode contribuir

para o atraso no reparo tecidual após tratamento endodôntico. Considerando

que células T CD4 têm um papel vital na ativação de células B, macrófagos e

outras células T, suspeita-se que pacientes com uma baixa contagem dessas

células podem ter dificuldades em apresentar uma defesa imunológica efetiva

contra os microrganismos (QUESNELL et al., 2005).

Em contrapartida, a terapia antirretroviral tem permitido que o RNA do

HIV atinja e mantenha níveis abaixo dos detectáveis, tornando assim, a

infecção por HIV uma doença crônica com grande demanda para o tratamento

médico e odontológico (CAMPO et al., 2007; BRITO et al., 2009). GAMA et al.

(2016) comprovaram a hipótese de que o perfil de células inflamatórias (CD3,

CD4, CD8, CD20 e células CD68-positivas) e a expressão de marcadores

imunológicos (TNF-α, IFN-γ, IL-6, e IL-18) em LPs são semelhantes entre

pacientes não-infectados e infectados pelo HIV sob terapia antirretroviral

altamente ativa (HAART).

A prevalência de lesões perirradiculares em indivíduos brasileiros

infectados pelo HIV foi verificada por FONTES et al.(2014). Foram avaliados

2.214 dentes e os resultados demonstraram que a prevalência de LP em

indivíduos infectados não estava relacionada ao HIV.

2.3.4.Tabagismo

Embora ainda existam controvérsias a respeito da relação entre o

tabagismo e LP, alguns autores consideram este hábito um potencial fator de

12

risco à doença, além de considerarem que esta associação pode exercer papel

relevante no curso da doença (KIRKE VAN & WENZEL, 2003; SEGURA-EGEA

et al., 2015).

O tabagismo crônico exerce efeitos deletérios sobre os aspectos

morfológicos e funcionais da microcirculação como comprometimento da

vasodilatação, agregação plaquetária, disfunção celular e alterações nos níveis

de mediadores químicos da inflamação (DUNCAN & PITT FORD, 2006).

Nos indivíduos fumantes, ocorrem alterações na resposta à infecção

pela supressão das funções dos leucócitos polimorfonucleares, macrófagos,

linfócitos T, anticorpos e imunoglobulinas A, G e M, além de apresentarem

elevado nível de mediadores da fase aguda da resposta inflamatória, como

TNF-α e IL-6 (KRALL et al., 2006).

O tabagismo também induz a uma resposta inflamatória sistêmica

crônica que persiste mesmo após cessado o uso do cigarro. O nível de

proteína C-reativa no sangue é mais elevado em tabagistas do que em não-

tabagistas, particularmente em pessoas que consomem mais de 1 maço por

dia. Estas observações sugerem que uma vez que uma infecção bacteriana

comece na polpa e nos tecidos adjacentes, é menos provável que os

tabagistas consigam limitar a destruição tecidual (KRALL et al., 2006).

Um estudo transversal realizado por BUKMIR et al. (2015), avaliou o status

perirradicular de dentes tratados endodonticamente e não tratados em

indivíduos fumantes e não fumantes. Os resultados revelaram, após

pareamento por sexo, idade e o número total de dentes, que fumantes

apresentaram, em média, dois dentes com LPs a mais quando comparados

13

aos não-fumantes. Porém, em dentes tratados endodonticamente não houve

diferença entre fumantes e não fumantes, quanto ao número de dentes com

presença de LPs. Estes achados corroboram os resultados de Segura- Egea et

al. (2008), ao avaliarem a prevalência de periodontite apical em pacientes

fumantes e não fumantes. Na população avaliada, o tabagismo foi

significativamente associado com uma maior frequência de tratamento

endodôntico e com um aumento da prevalência de LPs.

LÓPEZ-LÓPEZ et al. (2012) concluíram em estudo que, após analisar sexo,

idade, número de dentes, estado endodôntico, qualidade da obturação e

estado diabético como co-variáveis, a presença de LPs está fortemente

associada ao tabagismo. No entanto, novos estudos devem ser desenvolvidos

a fim de esclarecer esta relação.

2.3.5. Osteoporose

A osteoporose é a doença mais comum do metabolismo ósseo.

Caracteriza-se por redução de massa óssea e deterioração tecidual,

conduzindo a um aumento da fragilidade óssea e um consequente aumento ao

risco de fratura. Tal condição ocorre principalmente pelas alterações no

metabolismo ósseo, provenientes da deficiência de esteroides sexuais em

mulheres no período pós-menopausa (LIU et al., 2012).

Poucos são os estudos que correlacionam a osteoporose com as LPs

(GILLES et al., 1997; LIU et al., 2012; BRASIL et al., 2016).

14

LÓPEZ-LÓPEZ et al. (2015) relataram uma associação entre baixa

densidade mineral óssea e aumento da frequência de LPs em mulheres pós-

menopausa. Os resultados de BRASIL et al. (2016) também demonstraram

alterações ósseas resultante de longo período de deficiência de estrogênio,

influenciando na progressão de LPs que após 40 dias em ratas.

Os resultados dos diferentes trabalhos demonstraram forte associação

entre a osteoporose e a LP. Entretanto, a comparação entre os achados é

dificultada pela diferença existente entre as metodologias (GILLES et al., 1997;

LIU et al., 2012; LÓPEZ-LÓPEZ et al., 2015; BRASIL et al., 2016).

2.3.6. Hiperlipidemia

Os lipídeos são moléculas orgânicas que apresentam funções

estruturais, que atuam como precursores de hormônios e como reserva

energética e promovem o transporte de vitaminas. Após a ingestão de

alimentos ricos em lipídeos, quilomícrons são produzidos pela mucosa

intestinal e englobam seus núcleos, os triglicerídeos, viabilizando a absorção

de lipídeos via circulação linfática (BARRIOS et al., 2017). Após a absorção no

intestino e síntese no fígado, triglicerídeos são envolvidos por lipoproteínas

especializadas de baixa densidade (VLDL) e são transportados de diferentes

locais como sistema digestivo, fígado e tecido adiposo. VLDL são produzidos

no fígado e atuam como carreadores de triglicerídeos e colesterol. A formação

de triglicerídeos também pode ser considerada um processo de desintoxicação

celular (PANIAGUA, 2016). As lipoproteínas de alta densidade (HDL) removem

o excesso de colesterol dos tecidos periféricos e o transporta para o fígado

15

para sua reutilização ou excreção, o que é conhecido como transporte reverso

de colesterol. Esta condição se inicia quando pequenos precursores de HDL

(Apo Al/ HDL e pré-ß/HDL) recebem colesterol e fosfolipídeos através da

interação com os transportadores ABC (ATP- binding cassete transporters)

(PANIAGUA, 2016). A redução da concentração de colesterol intracelular induz

a expressão do receptor de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) na

membrana celular de hepatócitos resultando no aumento da extração de LDL

do sangue e redução das concentrações de LDL no plasma (BARRIOS et al.,

2017).

A associação entre estilo de vida, dieta e fatores genéticos pode ser

responsável pelo desenvolvimento de um estado hiperlipidêmico, que é

considerado um fator de risco ao desenvolvimento e progressão de algumas

doenças (HAGH, 2014).

A hiperlipidemia está associada a um estado de inflamação crônica, com

aumento de TNF-α e IL- 6, que interferem na diferenciação de células adiposas

e no mecanismo de ação de adiponectinas e leptinas até o tecido adiposo se

tornar disfuncional. Neste estado, o indivíduo pode apresentar resistência

insulínica e hiperinsulinemia, provavelmente o primeiro passo para disfunção

no sistema metabólico. Quando um processo inflamatório é estabelecido no

tecido adiposo, o metabolismo lipídico é alterado, iniciando o processo de

hipertrigliceridemia pós-prandial devido à sobreprodução de VLDL pelo fígado e

por sua permanência prolongada no plasma. A associação entre obesidade,

resistência à insulina, hiperglicemia, hipertrigliceridemia, hipertensão e

16

esteatose hepática viabilizam o desenvolvimento da síndrome metabólica

(PANIAGUA, 2016).

Alterações cardiovasculares, cânceres e diabetes são responsáveis por

cerca de 65% das mortes e, de forma geral, a hiperlipidemia e o acúmulo de

gordura abdominal estão associados com o aumento do risco do

desenvolvimento destas doenças (PANIAGUA, 2016). A dieta hiperlipídica

pode aumentar o pico de insulina pós-prandial, de glicose e dos níveis de

triglicerídeos, afetando o transporte reverso de colesterol, e diminuindo os

níveis séricos de HDL (ZHOU, et al., 2016).

A resistência à insulina e hiperglicemia em pré-diabéticos e diabéticos

está frequentemente acompanhada pela dislipidemia. Estudos têm

demonstrado que níveis de triglicerídeos elevados e HDL mais baixos podem

ser a causa da resistência insulínica (SALAZAR et al., 2014; ZHOU, et al.,

2016).

A patogênese da esteatose hepática também pode estar relacionada ao

consumo de dieta hiperlipídica. O acúmulo hepático de lipídios predispõe a

ocorrência de estresse oxidativo, peroxidação lipídica, disfunção mitocondrial e

produção de citocinas pró-inflamatórias, contribuindo para inflamação, fibrose e

morte celular (TESSARI et al., 2009).

A origem da doença cardiovascular também pode estar relacionada ao

aumento nos níveis séricos de colesterol. OSIPOV et al. (2009) afirmam que

pacientes com miocárdio hipercolesterolêmico apresentam vulnerabilidade a

isquemia, principalmente nos casos de hipercolesterolemia crônica. Tal

condição pode ocorrer pelo comprometimento dos mecanismos

17

cardioprotetores, como o aumento da expressão de proteínas pro-apoptóticas,

aumento de respostas inflamatórias miocárdicas, estresse oxidativo e inibição

da síntese de óxido nítrico (LI et al., 2015).

O desenvolvimento da aterosclerose, apesar de considerado

multifatorial, também tem demonstrado estreita relação com a

hipercolesterolemia. Lesões ateroscleróticas são precedidas por uma camada

de gordura e acúmulo de células lipídicas abaixo do endotélio. Além disso,

outros tipos celulares como macrófagos, que ao migrarem através das paredes

dos vasos, podem fagocitar partículas de LDL presentes no sangue e que ficam

depositados nas paredes das artérias, formando as placas ateroscleróticas

(SLUTZKY-GOLDBERG et al., 2013).

A hipercolesterolemia também tem demonstrado associação com a

doença periodontal (CLEMENTE-POSTIGO et al., 2012; HAGH et. al., 2014;

FUJITA & MAKI, 2016). Historicamente, esta doença tem sido relatada como

infecciosa, considerando as bactérias do biofilme dental seu principal agente

etiológico. Entretanto, a resposta inflamatória do hospedeiro pode exercer

papel fundamental no desenvolvimento e na progressão da doença. Alterações

no metabolismo ósseo e aumento de mediadores pró-inflamatórios têm sido

apontados como fatores que podem influenciar na resposta local do hospedeiro

(MULUKE et al., 2016).

Sugere-se que o estado hiperlipidêmico também pode atrasar ou

dificultar a cicatrização periodontal pós-tratamento pelo aumento da secreção

de citocinas pró-inflamatórias, tais como TNF-α e IL-1β a partir de monócitos

18

polimorfonucleares (PMNs) bem como uma redução na produção do fator de

crescimento por macrófagos (SANGWAN et al., 2016).

Estudos em ratos têm relacionado à dieta hiperlipídica com diabetes tipo

2 e doença periodontal (CLEMENTE-POSTIGO et al., 2012; FUJITA & MAKI,

2016). Os resultados demonstram que esta dieta viabiliza o desenvolvimento

de um estado inflamatório, caracterizado pelo aumento dos níveis plasmáticos

de citocinas pro-inflamatórias tanto em animais como em seres humanos,

comprometendo e reduzindo significativamente a qualidade e densidade

ósseas (CLEMENTE-POSTIGO et al., 2012).

A perda óssea alveolar também pode ser provocada por endotoxinas

bacterianas (LPS), que são um potencial mediador inflamatório nos casos de

dieta hiperlipídica induzida. Em geral, as endotoxinas bacterianas estão

presentes em grandes quantidades no intestino. Em uma refeição rica em

gordura, o desenvolvimento de endotoxemia pós-prandial pode ocorrer devido

à translocação de endotoxinas bacterianas a partir do intestino para a

circulação, onde estimulam a inflamação periodontal e perda óssea alveolar

(CLEMENTE-POSTIGO et al., 2012; FUJITA & MAKI, 2016). A progressão da

periodontite estimula a ação de endotoxinas e outros produtos bacterianos a

entrarem no tecido periodontal e na circulação sanguínea causando reações

inflamatórias sistêmicas ou locais (HAGH et al., 2014).

Apenas o trabalho de KIMAK et al. (2015) correlaciona LP e alterações

lipídicas. Os autores avaliaram a relação entre o tamanho da LP e marcadores

inflamatórios (hsCRP, IL-6, TNF-α) e lipídeos e lipoproteínas (fosfolipase

lisossomal, ApoAI, e alipoproteína B) no soro sanguíneo de pacientes com LPs

19

acima de 50 anos e abaixo de 50 anos. Os resultados sugerem que ApoAI e

LpPLA2 em HDL têm ação anti-inflamatória, e que pacientes com idade

superior a 50 anos apresentaram lesões perirradiculares de maior tamanho. Os

dados da literatura sobre a distribuição de partículas de lipoproteínas em

indivíduos ainda são insuficientes, então esta condição requer mais estudos.

20

3. JUSTIFICATIVA

Alterações no lipidograma provocadas por dietas hiperlipídicas podem

ser responsáveis por aumentos na resposta inflamatória e na reabsorção

óssea. Porém, na literatura ainda são escassos os relatos sobre a influência

desta dieta na progressão de LP.

21

4. HIPÓTESE

A hiperlipidemia promove um estado inflamatório, caracterizado por

níveis plasmáticos elevados de citocinas pro-inflamatórias indutoras da

reabsorção óssea. Considerando a fisiopatologia da infecção endodôntica,

espera-se verificar aumento na progressão de LP em ratos com alterações no

lipidograma provocadas por dieta hiperlipídica.

22

5. OBJETIVO

5.1. Objetivo Geral

Avaliar os efeitos da dieta hiperlipídica na progressão das LP.

23

6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1. Parecer Ético

O projeto de pesquisa está de acordo com Princípios Éticos da

Experimentação Animal do COBEA e obteve aprovação do Comitê de ética no

uso de animais (CEUA), sob o número de protocolo 594 (Anexo 1).

6.2. Seleção da Amostra e Dieta

Para realização deste estudo foram utilizados 24 ratos adultos machos,

da linhagem Wistar que, após desmame, com 8 semanas de idade, foram

mantidos em gaiolas individuais, com temperatura ambiente controlada (25 a

27º C), umidade constante e ciclo claro/escuro de 12 horas (6:00 h às 18:00 h).

Após um período de aclimatação de 1 semana, os animais foram divididos

randomicamente em 2 grupos (grupo controle, com dieta normal e grupo de

estudo, com dieta hiperlipídica). A água foi fornecida ad libitum e a ração foi

pesada e quantificada a cada fornecimento que ocorreu por um período de 8

semanas.

A formulação da dieta hiperlipídica seguiu o protocolo estabelecido pela

AIN-93G (REEVES,1997) (Tabela 1). Os animais foram mantidos no biotério do

departamento de Nutrição Experimental da Universidade Federal Fluminense

(UFF).

24

Tabela 1 - Composição das dietas experimentais (AIN 93-G).

Ingredientes Dieta controle (g/kg) Dieta hiperlipídica (g/kg)

Caseína 20 20

Amido de milho 52,9 35,9

Sacarose 10 10

Óleo de soja 7 7

Banha 0 17

Celulose 5 5

Mix Mineral 93G 3,5 3,5

Mix Vitamínico 1 1

L-Cistina 0,3 0,3

Colina 0,25 0,25

TBHQ (mg) 14 14

Quantidade de ingredientes utilizados no preparo de 100g de ração. TBHQ: hidrodroquinona-terc. Fonte: Reeves, 1997.

6.3. Desenvolvimento de LP

Após o período de 8 semanas de alimentação (FUJITA & MAKI, 2016),

todos os animais foram anestesiados com Tiopenthal (0,1ml /100g PC), e o

esmalte e a dentina dos primeiros molares inferiores esquerdos foram

desgastados com broca carbide esférica de ½ (KG Sorensen, São Paulo,

Brasil) com motor de baixa rotação (Dentec, CS 421, Brasil). A abertura foi

realizada na fóssula mesial da superfície oclusal até exposição pulpar por um

único operador.

25

Desta forma, 4 grupos experimentais foram formados, de acordo com o

protocolo estabelecido por BRASIL et al.,2016:

Grupo controle com lesão de 21 dias (C 21 dias): n=6

Grupo dieta hiperlipídica com lesão de 21 dias (H 21 dias): n=6

Grupo controle com lesão de 40 dias (C 40 dias): n=6

Grupo dieta hiperlipídica com lesão de 40 dias (H 40 dias): n=6

Ao final de cada período experimental (21 e 40 dias após

desenvolvimento da lesão), os animais foram sacrificados por exsanguinação,

sob anestesia com Tiopenthal (0,2 ml/100 g PC), e foram coletados sangue,

fígado e mandíbula.

6.4. Avaliação Biométrica

A massa corporal dos animais foi verificada semanalmente até o dia do

sacrifício. A pesagem foi realizada com auxílio de uma balança digital (Mettler

Toledo, Marte As 1000, SP, Brasil).

6.5. Avaliação Bioquímica

Amostras de sangue foram coletadas por punção cardíaca e o colesterol

total, VLDL- colesterol, HDL- colesterol e triglicerídeos foram analisados no

equipamento BT Plus 3000 (Roma, Itália) através dos kits Wiener (Rosario,

Argentina).

26

6.6. Avaliação massa hepática

O fígado de cada animal foi removido, lavado em solução salina a 0,9%,

pesado e conservado a -80°C. O peso do fígado dos animais foi registrado para

as análises da massa hepática total (peso total do fígado) e massa hepática

relativa (razão peso do fígado/peso corporal) para comparação dos resultados

entre os grupos.

A análise foi realizada no Laboratório de Nutrição experimental da

Universidade Federal Fluminense.

6.7. Avaliação de lipídios hepáticos

As amostras de fígado de cada animal foram utilizadas para análise de

lipídios hepáticos pelo protocolo estabelecido por HAUG & HOSTMARK (1987).

Para cada amostra, 5% do peso do fígado foi homogeneizado com 5 ml de

álcool isopropílico, colocados em tubo de centrífuga, onde foram mantidos por

2 dias a 4°C, e em seguida centrifugado (RDE, MC 28, RJ, Brasil) durante 10

minutos a 3000 rpm. Os triglicerídeos e o colesterol hepáticos foram

quantificados nas alíquotas dos sobrenadantes pelos Kits Bioclin (Belo

Horizonte, MG, Brasil).

A análise foi realizada no Laboratório de Nutrição experimental da

Universidade Federal Fluminense.

27

6.8. Avaliação Radiográfica

As hemi-mandíbulas esquerdas foram lavadas e imersas em solução de

formol tamponado. Após este processo, as tomadas radiográficas foram

realizadas em Aparelho Radiográfico Digital (Modelo Radioesfera – Siemens –

SP, Brasil), e o posicionamento das peças sobre a película radiográfica foi

padronizado a fim de evitar distorções nas imagens.

As áreas das LP presentes nos ápices das raízes mesiais dos primeiros

molares das mandíbulas esquerdas foram mensuradas nas radiografias através

do software Image J (National Institute of Mental Health, Bethesda, USA).

6.9. Análise Estatística

A análise comparativa dos dados obtidos foi realizada através de testes

não paramétricos Kruskal-Wallis e Dunn´s Multiple Comparison utilizando o

programa GraphPad Prism 6 (GraphPad Software, Inc, California, USA). A

significância estatística considerada foi de p<0.05.

28

7. RESULTADOS

7.1. Avaliação Biométrica

Os valores numéricos das médias de massas corporais inicial e final e

de Δ (diferença entre massa corporal final e inicial) podem ser observados na

Tabela 2. Não houve diferença significativa entre a massa inicial dos animais

do estudo. Porém, foi possível verificar que os grupos H apresentaram a massa

corporal final e o Δ superiores em todos os períodos experimentais (C 21:

ganho 27%, H 21: ganho 35,5%, C 40: 26 %, H 40 dias: ganho 36,4%) quando

comparados com os grupos C. Esses dados foram estatisticamente

significativo.

Tabela 2. Médias dos valores de massa corporal (g) por grupo.

Grupos

Massa

corporal inicial (g)

Massa

corporal final (g)

∆ (g)

C 21 194,9 12,7 271,2 18,7

73,6 ± 27,38

H 21 189,3 17,2 293,7 37,0*

104,3 ± 37,0

C 40 193,2 14,3

271,4 16,2

70,8 ± 18,9

H 40 191,8 11,6 302,3 18,0* 110,0 ± 20,1

Os resultados são expressos por média ± DPM. Δ= massa corporal final- massa corporal inicial. C: controle H: dieta hiperlipídica. Teste Kruskal-Wallis p<0,0083 (valor ajustado pelo teste de Múltipla Comparação de Dunn).

29

7.2. Avaliação Bioquímica

7.2.1. Concentrações séricas de colesterol total

Os valores numéricos das médias das concentrações séricas de

colesterol total podem ser observados na Tabela 3. Os níveis séricos de

colesterol total foram semelhantes em todos os grupos, e não houve diferença

estatisticamente significativa (Figura 1).

C 21 H 21 C 40 H 400

5

10

15

20

25

30

35

Co

les

tero

l (m

g/d

L)

Figura 1. Análise comparativa dos níveis séricos de colesterol total (mg/dL) entre os grupos. C:controle H: dieta hiperlipídica. Teste Kruskal-Wallis.

7.2.2. Concentrações séricas de HDL

Os valores numéricos das médias das concentrações séricas de HDL

podem ser observados na Tabela 3. Os níveis séricos de HDL foram

semelhantes em todos os grupos, e não houve diferença estatisticamente

significativa (Figura 2).

30

C 21 H 21 C 40 H 400

10

20

HD

L (

mg

/dL

)

Figura 2. Análise comparativa dos níveis séricos de HDL (mg/dL) entre os grupos. C: controle, H: dieta hiperlipídica. Teste Kruskal-Wallis.

7.2.3. Concentrações séricas de VLDL

Os valores numéricos das médias das concentrações séricas de VLDL

podem ser observados na Tabela 3. Os valores do grupo H 40 apresentaram-

se mais elevados, e foi encontrada significância estatística entre C 40 x H 40

(Figura 3).

31

C 21 H 21 C 40 H 400

10

20

VL

DL

(m

g/d

L)

Figura 3. Análise comparativa dos níveis séricos de VLDL (mg/dL) entre os grupos. C: controle, H: dieta hiperlipídica. Teste Kruskal-Wallis

#C 40 vs H 40 p<0,0083 (valor ajustado pelo teste

de Múltipla Comparação de Dunn).

7.2.4. Concentrações séricas de triglicerídeos

Os valores numéricos das médias das concentrações séricas de

triglicerídeos podem ser observados na Tabela 3. Os valores dos grupos H

apresentaram-se mais elevados, e foi encontrada significância estatística entre

C 40 e H 40 (Figura 4).

#

32

C 21 H 21 C 40 H 400

25

50

75

100

Tri

gli

ce

ríd

eo

s (

mg

/dL)

Figura 4. Análise comparativa dos níveis séricos de triglicerídeos (mg/dL) entre os grupos. C: controle, H: dieta hiperlipídica. Testes Kruskal-Wallis e Dunn´s Multiple Comparison

#C 40 vs

H 40 Wallis p<0,0083 (valor ajustado pelo teste de Múltipla Comparação de Dunn). .

Tabela 3. Médias dos valores séricos (mg/dL) de colesterol total, HDL, VLDL e triglicerídeos por grupo.

Grupos

Colesterol total

(mg/dL)

HDL

(mg/dL)

VLDL

(mg/dL)

Triglicerídeos

(mg/dL)

C 21 30,7 ± 6,5 15,2 ± 3,5 5,3 ± 1,5 30,8 ± 7,3

H 21 26,1 ± 4,4 16,6 ± 3,2 6,1 ± 1,6 46,5 ± 24,0

C 40 28,4 ± 6,1 14,5 ± 2,8 5,8 ± 2,1 29,0 ± 11,6

H 40 27,1 ± 3,0 11,0 ± 2,8 15,6 ± 6,2 79,5 ± 32,8*

Os resultados são expressos por média ± DPM. C: controle H: dieta hiperlipídica. Teste Kruskal-Wallis p<0,0083 (valor ajustado pelo teste de Múltipla Comparação de Dunn).

#

33

7.3. Avaliação hepática

7.3.1. Massa hepática total

Os dados referentes à massa hepática total podem ser observados na

Tabela 4. Os valores dos grupos H foram mais elevados, e foi encontrada

significância estatística quando comparados C 21 x H 21 e C 40 x H 40 (Figura

5).

C 21 H 21 C 40 H 400.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

Massa h

epáti

ca

tota

l (g

)

Figura 5. Análise comparativa da massa hepática total (g) entre os grupos C: controle, H: dieta hiperlipídica. Teste Kruskal-Wallis *C 21 vs H 21 p<0,05,

# C 40 vs H40 Wallis p<0,0083 (valor

ajustado pelo teste de Múltipla Comparação de Dunn). .

7.3.2. Massa hepática relativa

Os dados referentes a massa hepática relativa podem ser observados

na Tabela 4. Os valores dos grupos H foram mais elevados, e foi encontrada

significância estatística quando comparados C 21 x H 21 e C 40 x H 40 (Figura

6).

* #

34

C 21 H 21 C 40 H 400.0

1.5

3.0

4.5

Massa h

epáti

ca

rela

tiva (

g)

Figura 6. Análise comparativa da massa hepática relativa (g) entre os grupos C: controle, H: dieta hiperlipídica. Teste Kruskal-Wallis, *C 21 vs H 21 p<0,05,

# C 40 vs H40 p<0,0083 (valor

ajustado pelo teste de Múltipla Comparação de Dunn).

Tabela 4. Médias dos valores das massas hepáticas total e relativa (g) por grupo.

Grupos Massa hepática total (g)

Massa hepática relativa (g)

C 21 8,9 ± 0,7 2,5 ± 0,3

H 21 11,3 ± 1,4* 3,8 ± 0,5*

C 40 7,8 ± 1,1 2,7 ± 0,4

H 40 10,9 ± 1,0* 3,9 ± 0,5*

Os resultados são expressos por média ± DPM. C: controle, H: dieta hiperlipídica. Testes Kruskal-Wallis p<0,0083 (valor ajustado pelo teste de Múltipla Comparação de Dunn).

* #

35

7.3.3. Colesterol hepático

Os dados referentes ao colesterol hepático podem ser observados na

Tabela 5. Os valores apresentaram-se semelhantes entre os grupos, e não foi

encontrada significância estatística (Figura 7).

C 21 H 21 C 40 H 400

10

20

30

40

50

60

Cole

ste

rol

he

tic

o (

mg

/dl)

Figura 7. Análise comparativa do colesterol hepático (mg/dL) entre os grupos C: controle H:dieta hiperlipídica. Teste Kruskal-Wallis p<0,0083 (valor ajustado pelo teste de Múltipla Comparação de Dunn).

7.3.4. Triglicerídeos hepáticos

Os dados referentes aos triglicerídeos hepáticos podem ser observados

na Tabela 5. Os valores dos grupos H foram mais elevados, e foi encontrada

significância estatística quando comparados C 21 x H 21 e C 40 x H 40 (Figura

8).

36

C 21 H 21 C 40 H 400

150

300

450Tri

glicerí

deos

hep

áti

co

s (

mg

/dl)

Figura 8. Análise comparativa de triglicerídeos hepáticos (mg/dL) entre os grupos. C: controle, H: dieta hiperlipídica. Teste Kruskal-Wallis *C 21 vs H 21 p<0,05,

#C 40 vs H 40 p<0,0083 (valor

ajustado pelo teste de Múltipla Comparação de Dunn). .

Tabela 5: Médias dos valores de colesterol e triglicerídeos hepáticos (mg/dL) por grupo.

Grupos

Colesterol

hepático (mg/dL)

p

Triglicerídeo

hepático (mg/dL)

p

C 21 45,3 ± 15,0 0,28 209,3 ± 68,5 0,0006

H 21 43,1 ± 16,8 377,1 ± 70,5

C 40 36,0 ± 10,5 240,5 ± 19,1

H 40 30,9 ± 9,2 389,0 ± 76,1

Os resultados são expressos por média ± DPM. C: controle, H: dieta hiperlipídica. Testes Kruskal-Wallis p<0,0083 (valor ajustado pelo teste de Múltipla Comparação de Dunn).

* #

37

7.4. Análise radiográfica

Os valores numéricos das médias dos tamanhos das lesões

perirradiculares podem ser observados na Tabela 6. As lesões perirradiculares

foram maiores nos grupos H, e foi encontrada significância estatística quando

comparados C 21 x H 21 e C 40 x H 40 (Figura 9). Algumas das imagens

obtidas através de radiografia digital podem ser observadas na figura 10.

Tabela 6. Médias dos tamanhos das lesões perirradiculares (pixel) por grupo.

Grupos

Tamanho das lesões (pixel)

C 21 163,2 ± 75,1

H 21 430,7 ± 120,3

C 40 169,1 ± 110,1

H 40 446,7 ± 29,0

Os resultados são expressos por média ± DPM. C: controle, H: dieta hiperlipídica. Teste Kruskal-Wallis p<0,0083 (valor ajustado pelo teste de Múltipla Comparação de Dunn).

38

C 21 H 21 C 40 H 400

100

200

300

400

500T

am

anh

o lesão

peri

rradic

ula

r (p

ixel)

Figura 9. Análise comparativa do tamanho de lesões perirradiculares entre os grupos. C:controle, H: dieta hiperlipídica. Testes Kruskal-Wallis *C 21 vs H 21 p<0,05,

#C 40 vs H 40

p<0,0083 (valor ajustado pelo teste de Múltipla Comparação de Dunn).

Figura 10. Radiografias de mandíbulas de ratos. A: C 21 dias; B: H 21 dias; C: C 40 dias; D: H 40 dias. As setas indicam as lesões perirradiculares nas raízes mesiais dos primeiros molares inferiores esquerdos. C: controle, H: dieta hiperlipídica.

# *

39

8. DISCUSSÃO

Diversos estudos têm utilizado a dieta hipercalórica em modelo animal

para avaliar a fisiopatologia de algumas condições como diabetes, obesidade e

hiperlipidemias. Acredita-se que este modelo apresenta eficácia na elucidação

da função de fatores específicos envolvidos na homeostase energética e

regulação do peso corporal (FUJITA & MAKI, 2016; PESSOA et al., 2015;

YANG et al., 2015; GILES et al., 2016).

No presente estudo foi empregada a dieta hiperlipídica estabelecida pelo

Instituto Americano de Nutrição para experimentação animal (REEVES, 1997),

corroborando o proposto por FUJITA & MAKI (2016) e PESSOA et al. (2015).

Os animais do grupo H foram submetidos a esta dieta por um período de 8

semanas, que segundo (FUJITA & MAKI (2016) é considerado tempo suficiente

para estabelecer alteração no perfil lipídico.

O desenvolvimento da LP e a determinação dos períodos de 21 e 40

dias para a avaliação da progressão das lesões seguiram o mesmo protocolo

utilizado por ARMADA-DIAS et al. (2006) e por BRASIL et al. (2016).

Foi possível verificar aumento significativo de massa corporal para o

grupo da dieta hiperlipídica após um período de 11 e 14 semanas,

concordando com os resultados de YANG et al. (2015), que forneceram a dieta

por um período de 12 semanas. Acredita-se que esses resultados se devam as

alterações no lipidograma causadas pela dieta. Nesta condição é observada

40

uma resposta inflamatória crônica com aumento da secreção de citocinas pro-

inflamatórias que desempenham papel chave no desenvolvimento da

obesidade relacionada a desordens metabólicas (CHEN et al., 2016; MULUKE

et al., 2016; SANGWAN et al., 2016).

Esses resultados contrastam com os de DA COSTA et al. (2015), que

após fornecimento da mesma dieta por um período de 160 dias não verificaram

aumento significativo de massa corporal em animais submetidos a dieta

hiperlipídica. Segundo DA COSTA et al. (2011), variações no peso podem ser

observadas quando implementada a dieta hiperlipídica. A perda ou pouco

ganho de peso ocorrem pela redução na ingestão da dieta devido a sua alta

densidade calórica. Em contrapartida, a menor saciedade causada por esta

dieta pode provocar aumento excessivo em seu consumo, chegando a

promover hiperfagia rica em gordura.

A avaliação do lipidograma sérico demonstrou níveis mais elevados de

triglicerídeos e VLDL no grupo H 40 dias, e ausência de diferença significativa

entre os grupos em relação ao colesterol total e ao HDL. Estes resultados se

assemelham a estudos prévios. MACRI et al. (2014) verificaram

hipertrigliceridemia e não verificaram valores significativos de HDL em ratas

Wistar submetidas a dieta hipercalórica com por 9 semanas para avaliação da

progressão da doença periodontal. Porém, foi utilizada uma dieta aterogênica,

com alta concentração de gordura saturada que possivelmente alterou os

níveis de HDL. PESSOA et al. (2015), forneceram dieta enriquecida em

lipídeos e carboidratos por um período de 5 semanas para ratas Wistar a fim de

induzir diabetes mellitus. Os autores verificaram hipertrigliceridemia no grupo

que consumiu dieta hiperlipídica, e ausência de diferença estatística nos níveis

41

de colesterol. YANG et al. (2015) também encontraram níveis mais elevados de

triglicerídeos ao utilizarem a dieta hiperlipídica em ratos, neste caso com o

fornecimento da dieta por um período de 12 semanas.

Em contrapartida, FUJITA & MAKI (2016) utilizaram dieta hiperlipídica

semelhante ao nosso estudo, por 12 semanas, para avaliação da doença

periodontal em ratos e verificaram níveis de colesterol total, HDL e

triglicerídeos significativamente maiores. Os resultados de HDL no estudo de

MACRI et al. (2014) também foram estatisticamente mais elevados.

Segundo ZHOU et al. (2016), o aumento dos valores séricos de

triglicerídeos e a diminuição nos níveis de colesterol total e HDL podem

representar um preditor a resistência insulínica. Já SALAZAR et al. (2014)

apontam estes valores como indicadores de doença cardiovascular. O aumento

nos níveis séricos de VLDL e triglicerídeos podem estar relacionados ao papel

do VLDL na secreção de triglicerídeos no fígado para eliminação de lipídeos.

Os valores referentes à massa hepática total foram significativamente

maiores nos grupos H, concordando com BUETTNER et al. (2006) ao

avaliarem os efeitos moleculares e metabólicos de dietas hipercalóricas em

ratos por um período de 12 semanas. Os achados de massa hepática relativa,

que indica o peso hepático em relação ao peso corporal, também corroboram

com os resultados encontrados por PESSOA et al. (2015), após o fornecimento

de dieta hiperlipídica por um período de 5 semanas em ratos diabéticos.

Em nossos resultados, os valores elevados de massa hepática dos

grupos H estão de acordo com os dados de triglicerídeos obtidos através das

análises sérica e hepática. Segundo PANIAGUA (2016), o aumento na massa

hepática ocorre pela esteatose decorrente do consumo da dieta hiperlipídica. O

42

aumento da secreção hepática de lipídeos via VLDL pode ser afetado,

dificultando ou impedindo o acúmulo de gordura no fígado. No entanto, este

acúmulo ocorre quando a síntese de triglicerídeos excede a capacidade da

síntese da VLDL, resultando na esteatose (PANIAGUA, 2016).

Através da extração hepática de lipídeos, foi possível observar aumento

de triglicerídeos nos grupos H e ausência de diferença significativa nos níveis

de colesterol. PESSOA et al. (2015) também verificaram aumento apenas nos

triglicerídeos hepáticos. Segundo SALAZAR et al., (2014) e ZHOU et al. (2016),

tal condição sugere a hipótese de resistência insulínica, pela diminuição na

função das células β. BUETTNER et al. (2006) observaram aumento de

triglicerídeos hepáticos, porém sem sinais de inflamação ou esteatose, e

também sugerem a hipótese de resistência à insulina.

Em condições de sobrenutrição, o tecido adiposo expande a níveis de

inflexibilidade (adiposidade), e neste estado apresenta um estado pós- prandial

mais longo que leva a hiperinsulinemia. Assim, a menor capacidade de

eliminação de ácidos graxos associada a uma lipólise aumentada pelo tecido

adiposo e um padrão disfuncional na liberação de adipocitonina pode resultar

na inflexibilidade do tecido adiposo e indiretamente induzir a redistribuição da

gordura para as áreas indesejadas e tóxicas com acúmulo de lipídeos.

Portanto, em um estado hiperlipidêmico desenvolvido lentamente, observa-se

que a hiperinsulinemia e hiperglicemia também progridem da mesma forma

(PANIAGUA, 2016).

Os dados séricos revelaram aumento nos níveis de triglicerídeos apenas

no grupo H 40 e ausência de diferença significativa nos níveis de colesterol.

43

A análise radiográfica revelou LP significativamente maiores nos grupos

H, demonstrando o efeito da dieta hiperlipídica na progressão das lesões. A

literatura é escassa ao que se refere ao assunto, dificultando a comparação

destes achados.

Ao relacionar hiperlipidemia e LP, KIMAK et al. (2015) investigaram a

relação entre o tamanho de LP, mensurado através de radiografias periapicais,

marcadores inflamatórios, lipídeos e lipoproteínas no soro sanguíneo em

pacientes com LP. Foram formados 4 grupos: grupo controle contendo

indivíduos clinicamente saudáveis e sem LP; grupo de estudo contendo

indivíduos com idade inferior a 50 anos, grupo de estudo contendo indivíduos

com idade superior a 50 anos, e um subgrupo de indivíduos com idade superior

e LP maiores. Os valores de apoAl acima e abaixo de 150 mg/dL foram

utilizados como critério para inclusão dos pacientes nos grupos. Os

marcadores inflamatórios foram mais elevados em pacientes com

hiperlipidemia. Além disso, foi verificado aumento significativo no tamanho de

LP em pacientes com níveis séricos de triglicerídeos mais elevados,

concordando com os resultados do nosso estudo.

SOARES et al., 2012 afirmaram que a hiperlipidemia causa redução na

densidade óssea devido à inibição da diferenciação osteoblástica por lipídeos

bioativos e aumento da atividade funcional de osteoclastos.

A associação entre dieta hiperlipídica e alterações no metabolismo

ósseo alveolar foi comprovada em estudos anteriores com modelo animal

(FUJITA & MAKI, 2016 MACRI et al., 2014 e clínicos (CUTLER et al., 1999;

LOSCHE et al., 2000; KATZ et al., 2002) que relacionaram esta dieta com a

doença periodontal. FUJITA & MAKI (2016) verificaram o desenvolvimento da

44

doença periodontal em ratos após o consumo de dieta hiperlipídica por um

período de 12 semanas e observaram a diminuição na densidade óssea

cortical, além de ruptura nas fibras do ligamento periodontal. Tais resultados

sugerem que esta dieta pode atuar como fator de risco ao desenvolvimento da

doença periodontal, pois induz a um estado inflamatório capaz de desenvolver

alterações na arquitetura óssea alveolar. MACRI et al. (2014) investigaram os

efeitos da dieta hiperlipídica e aterogênica por 9 semanas no osso alveolar de

ratas com doença periodontal induzida e também verificaram perda óssea

significativa no grupo tratado com a dieta.

45

9. CONCLUSÃO

As alterações metabólicas provocadas pela dieta hiperlipídica foram

capazes de influenciar a progressão de LP. Portanto, sugere-se que o estado

de hipertrigliceridemia aumentou a velocidade de progressão à doença

perirradicular.

46

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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triglyceride to high-density lipoprotein cholesterol (TG/HDL-C) ratio as a

predictor of insulin resistance but not of β cell function in a Chinese population

with different glucose tolerance status. Lipids Health Dis 15: 1-9.

54

11. ANEXOS

ANEXO 1 - Aprovação do projeto pelo Comitê de Ética.

55

ANEXO 2 - Artigo submetido

Azeredo SA, Brasil SC, Antunes H, Marques FV, Pires FR, Armada L.

Distribution of macrophages and plasma cells in apical periodontitis and the

relationship with clinical and image data. Med Oral Patol oral Cir Bucal, 2016

56

ANEXO 3 - Artigo submetido

Armada L, Brasil SC, Armada-Dias L, Bezerra J, Pereira RMR, Lilian

Takayama L, Santos RMM, Gonçalves LS, Nascimento-Saba CCA. Effects of

aging, gender, and hypogonadism on mandibular bone density. Gerodontology,

2016

57

ANEXO 4 - Artigo submetido

Almeida N, Brasil SC, Armada L, Ferreira D. Evaluation of macrophages in

persistent periradicular lesions post endodontic treatment of elderly patients.

Spec Care Dentist, 2016

58

ANEXO 5 - Artigo publicado

Silva T, Brasil SC, Armada-Dias L, Armada L. Eficácia dos testes térmico e

elétrico no registro do status pulpar: um estudo in vivo. Rev bras odontol 73:

92-95, 2016