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Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 4., n.9, jul/dez de 2013 106
A INFLUÊNCIA DA INCIDÊNCIA DO ICMS NAS VENDAS A PRAZO NO FLUXO DE CAIXA DA EMPRESA
THE INFLUENCE OF THE IMPACT OF THE ICMS SALES TERM IN CASH FLOW OF THE COMPANY
Francyelli Parini – [email protected]
Larissa Isabella Cracco – [email protected] Marianna Yumi Belmiro Kamiyama – [email protected]
Thiago Henrique da Silva – [email protected] Graduandos em Ciências Contábeis – UNISALESIANO Lins
Prof. Me. Ricardo Yoshio Horita - UNISALESIANO - [email protected] Profª. Ma. Heloisa Helena Rovery da Silva – UNISALESIANO –
RESUMO
Ao ter em vista a complexidade do imposto sobre operações relativas à
circulação de mercadorias e prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS), foi desenvolvida uma análise comparativa do mesmo em relação à Substituição Tributária (ST) e o índice do valor agregado (IVA), que interferirá no fluxo de caixa da empresa. O referido imposto pode ser com ou sem Substituição Tributária que é o regime no qual a responsabilidade pelo pagamento do ICMS, é conferida a outro contribuinte. A pesquisa demonstra a importância de ter uma projeção bem estruturada, com o estudo de preços de vendas à vista e a prazo (ao levar em conta o valor presente). Portanto, para se atingir o objetivo deste trabalho foi realizada uma pesquisa de campo e operações necessárias para simulações de vendas e, assim, explicitar que as mudanças no fluxo de caixa, mesmo que não alterem o resultado empresarial, interferem na saúde da empresa.
Palavras-chave: ICMS. Substituição tributária. IVA. Fluxo de caixa. Valor Presente.
ABSTRACT
When considering the complexity of the Tax on Circulation of Goods and Services on interstate and intercity transportation and communication (ICMS), a comparative analysis was developed with this tax in relation to the Replacement Tax (RT) and the index or margin of the value-added (VAT), which interfere in the cash flow of the company. The tax mentioned can be with or without the Replacement Tax which is the regime where the liability to pay ICMS, is given to another taxpayer. The research demonstrates the importance of having a well-structured projection, with the study of prices of cash and forward sales (as the present value is taken into account). Therefore, to achieve the objective of this work, a field research was conducted and operating income and other necessary operations to sales simulations and, thus, explain the fact that changes in cash flow, even not changing the business result, they affect the health of the company.
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Keywords: Tax. Replacement Tax. VAT. Cash flow. Present value.
INTRODUÇÃO
Através do planejamento tributário, podem-se obter vantagens, que interfiram
direta ou indiretamente no resultado da empresa, o que possibilita a melhora no
poder de negociação dos gestores nas vendas.
O ICMS é um imposto que incide sobre a circulação de mercadorias, serviços
de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, em que as alíquotas
são estabelecidas de acordo com a legislação de cada estado.
Sabe-se da importância que o ICMS tem para as empresas. Entende-se a
importância de estudar o efeito da substituição tributária (ST), que ocorre quando a
responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto é atribuída a terceiro
envolvido na operação ou prestação, do fato gerador do tributo.
Neste contexto, foi realizado um estudo de caso na empresa Newdrop
Química Ltda, com o objetivo inicial de avaliar o efeito do ICMS, ao se levar em
conta a ST e o IVA/MVA. Para tanto, foi elaborada uma análise comparativa das
vendas de mercadorias efetuadas para clientes de dentro e fora do Estado de São
Paulo e seu possível efeito no fluxo de caixa. Foi avaliado também, o valor presente
líquido do fluxo de caixa gerado por uma venda e seu impacto ocasionado pelo
efeito da substituição tributária e, desta forma, contribuir para melhor gestão das
vendas a prazo.
Com o pressuposto de que o ICMS tem muitas particularidades, como o fato
de cada estado possuir regulamento próprio, ao considerar a substituição tributária e
o IVA/MVA nas vendas de mercadorias, além da variabilidade de alíquotas, estes
fatores influenciarão diretamente no fluxo de caixa da empresa e no seu resultado,
devido à necessidade de antecipação do pagamento deste tributo decorrente de
operações futuras. Assim serão demonstrados através de tabelas e gráficos alguns
exemplos.
1 NOÇÕES TRIBUTÁRIAS
1.1 Aspectos Gerais do ICMS
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Por previsão constitucional, o ICMS - Imposto sobre Operações Relativas à
Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, é um imposto não cumulativo, ou
seja, o imposto devido em cada operação será descontado do valor pago
anteriormente. (FABRETTI, 2005)
É dada ao Estado e ao Distrito Federal a competência para regulamentar o
ICMS, segundo a atual Constituição Federal, ao analisar as normas gerais previstas
pela lei complementar n° 87/96, lei Kandir e pelos convênios instituídos entre os
Estados. Desta forma, cada Estado possui sua própria regulamentação em relação
ao ICMS. (OLIVEIRA, 2009)
Os contribuintes desse imposto, segundo a legislação em vigor, são
considerados quaisquer pessoas físicas ou jurídicas, que executem, com
habitualidade ou em volume, que representem um intuito comercial, operações de
circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que se iniciem no exterior. (OLIVEIRA,
2009)
O ICMS é um imposto calculado por dentro, agrega a sua própria base de
cálculo, ou seja, no preço de compra ou de venda do bem ou do serviço, já está
embutido o valor do ICMS destacado.
1.2 Protocolos
Segundo Mariano; Werneck; Bezerra (2012), o principal objetivo dos
protocolos é estabelecer procedimentos comuns entre os estados que visam a:
a) implementar políticas fiscais definidas em convênio;
b) estabelecer permuta de informação e fiscalização conjunta;
c) fixar ou estabelecer critérios para fixação de pautas fiscais (média de
preços praticados no mercado).
Sendo assim, os protocolos não podem estabelecer normas relativas ao
aumento, diminuição, instituição ou revogação de benefícios fiscais.
Desta forma, estes representantes assinam os atos que deliberam sobre a
concessão de benefícios, incentivos fiscais e regimes de tributação que terão
aplicação no âmbito interno de cada ente federativo e também entre os estados.
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(MARIANO; WERNWCK; BEZZERRA, 2012)
1.3 Convênios
O convênio é um acordo entre estados membros da federação, e seu
nascimento ocorre nas reuniões periódicas dos membros do conselho nacional de
política fazendária (Confaz). (MARIANO; WERNECK; BEZZERA, 2012)
A regulamentação do regime interestadual através de convênios verifica-se no
artigo 150, § 6°, associado com o artigo 155, § 2°, XII, letra ‘g’, da Constituição
Federal e com o artigo 1°, da lei Complementar n° 24, de 7 de janeiro de 1975, que
dispõem que os benefícios fiscais do ICMS apenas poderão ser concedidos e
revogados por meio de convênios celebrados e confirmados pelos estados e Distrito
Federal. (MARIANO; WERNECK; BEZZERA, 2012)
Nos termos do artigo 100, inciso IV, do Código Tributário Nacional – CTN, são
normas complementares das leis, tratados e convenções internacionais e decretos,
os convênios que, entre si, celebram a união, os estados, o distrito federal e os
municípios.
A celebração de um convênio entre os estados, cuja elaboração tem por
finalidade a concessão de incentivos fiscais, tem previsão no texto constitucional e
na lei complementar, compondo-se, por força dessas referidas disposições legais,
como ferramenta obrigatória para efeito de aprovação dos benefícios e favores
fiscais disponibilizados pelos estados. (FABRETTI, 2005)
1.4 Substituição Tributária
Conceituada como sendo o regime pelo qual a responsabilidade pelo ICMS
devido em relação às operações ou prestações de serviços, é atribuída a outro
contribuinte, em que o ICMS-ST é de obrigação tributária, aquele que deu causa ao
fato, e não aquele que praticou o fato gerador, sendo assim imputado a terceiro.
(MARIANO; WERNECK; BEZERRA, 2012)
A responsabilidade do imposto a ser atribuída, se dá em operações ou
prestações antecedentes, concomitantes ou subsequentes ao valor da diferença
entre alíquotas internas e interestaduais de bens e serviços a consumidor final em
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outro estado, sendo ele, contribuinte do imposto. A adoção por este regime em
operações interestaduais dependerá de acordos entre os estados interessados.
(ZANLUCA, 2013)
1.4.1 Espécies de substituição
A substituição tributária subdivide-se em três espécies: substituição tributária
para trás ou regressiva, substituição tributária em operações concomitantes e
substituição tributária para frente ou progressiva.
Na substituição tributária regressiva, o legislador atribui a um determinado
contribuinte a responsabilidade pelo pagamento do ICMS em relação às operações
anteriores. Em operações concomitantes, é atribuída a responsabilidade pelo
pagamento ao imposto a outro contribuinte, e não àquele que realiza a operação,
concomitante à ocorrência do fato gerador. Ao tratar-se de substituição tributária
progressiva, a responsabilidade pelo pagamento do tributo recai sobre terceiro, que
paga o tributo antecipadamente, considerando a provável ocorrência do fato gerador
futuro. (MARIANO; WERNECK; BEZERRA, 2012)
1.5 IVA/MVA – Índice/Margem do valor agregado
Segundo Galhardo (2013), a margem de valor agregado será determinada
com base em preços usualmente praticados no mercado. Estes preços praticados
pelo mercado são obtidos por levantamento, ainda que por amostragem, ou através
de informações e outros elementos fornecidos por entidades representativas dos
setores, adotando-se a média ponderada dos preços coletados. A mercadoria
submetida ao regime de substituição tributária em operação interestadual terá a
margem de valor agregado estabelecida em convênio ou protocolo.
1.6 Fluxo de caixa
O fluxo de caixa funciona como uma agenda sofisticada, onde se registram os
recebimentos esperados e pagamentos programados, num certo período. É uma
planilha pelo qual se planeja e administra os numerários da empresa, ou seja,
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as entradas e as saídas de dinheiro do caixa da empresa. (TÓFOLI, 2012)
Conforme Zdanowicz (2004), o fluxo de caixa permite, por um determinado
período, que o administrador planeje, organize, ordene, dirija e controle os recursos
financeiros da sua empresa. É considerado uma das ferramentas mais importantes
para quem deseja planejar as necessidades e propostas a partir da situação
econômica e financeira da empresa.
1.7 Valor presente
De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC (2013), Valor
Presente (VP) é a estimativa do valor corrente de um fluxo de caixa futuro no curso
normal das operações da entidade.
Cada vez mais, as entidades estão prolongando seus prazos de pagamento
e, com isso, ao ajuste a valor presente tem o objetivo de trazer para o valor atual os
direitos e as obrigações da empresa, que serão exigidos ou realizados em uma data
futura. Sendo assim, para determinar o valor presente de um fluxo de caixa, é
necessário realizar uma avaliação dos fatores relevantes que influenciarem, como
prazo de recebimento ou pagamento e taxa de juros ou desconto aplicáveis.
(LUNELLI, 2013)
2 Estudo de caso
Foram observados na empresa Newdrop Química Ltda, as operações de
vendas intra e interestaduais, com o objetivo de avaliar o efeito do ICMS, ao se levar
em conta a ST e o IVA/MVA, na venda de mercadorias e seu possível efeito no fluxo
de caixa, além do valor presente nas vendas a prazo.
Analisou-se, também, as respectivas variações referentes às alíquotas
específicas, descritas nos regulamentos internos de cada estado e nos protocolos e
convênios vigentes.
Diante do exposto, foram abordadas as operações dentro do Estado de São
Paulo (SP) e entre São Paulo (SP) e a empresa localizada no Estado do Ceará (CE),
com a finalidade de analisar e comparar diferentes situações em operações com e
sem substituição tributária. Observou-se a existência do protocolo ICMS 18, de 14
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de março de 2008, prorrogado pelo despacho 273/12 entre SP e CE, que entrará em
vigor em 2014, além do RICMS-SP e da portaria CAT nº 174, de 04/09/2009, que
altera a portaria CAT nº 172/09, de 31/08/09, que estabelece a base de cálculo na
saída de produtos de limpeza, a que se refere o artigo 313-L, do regulamento do
ICMS.
No período de estudo, foi constatado que a empresa desembolsa uma
elevada quantia de impostos decorrentes de vendas a prazo, cujo recolhimento das
obrigações tributárias se faz antes do recebimento de seus clientes.
Portanto houve a necessidade de elaborar tabelas comparativas que abordam
o fluxo de caixa e o valor presente líquido, com o objetivo de apurar os efeitos
decorrentes da antecipação do pagamento das obrigações tributárias do ICMS,
geradas pela substituição tributária, além de auxiliar na tomada de decisão referente
aos preços das mercadorias com vendas à vista e a prazo.
2.1 Simulação de vendas com substituição tributária
Foi realizada uma simulação para definir o valor esperado da receita
operacional líquida, representada pelos preços dos produtos e o impacto dos tributos
na venda, conforme o quadro 1. Considerou-se uma alíquota interna de 18% para o
ICMS, uma alíquota de IPI de 5% e o preço de venda do produto, sem os impostos,
de R$ 82,00. Foi considerado um MVA para o produto analisado de 17,96%.
Quadro 1: Simulação de venda com substituição tributária
PRODUTOS 82,00R$
FRETE
ICMS - próprio 18% 18,00R$ 18,00R$
SUB TOTAL 100,00R$
IPI 5% 5,00R$
TOTAL 105,00R$
MVA 17,96% 18,86R$
123,86R$
ICMS TOTAL 18% 22,29R$
ICMS proprio 18,00R$
ICMS ST 4,29R$
VALOR FINAL DE VENDA AO CONSUMIDOR 109,29R$
BASE DE CÁLCULO PARA O ICMS-ST
Fonte: Elaborado pelos autores, 2013.
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Para calcular o ICMS-próprio, é preciso identificar a alíquota do estado onde
ocorre à operação. Neste estudo, foi verificada a alíquota prevista no inciso I, do
artigo 52 do RICMS/SP, que é 18%. No exemplo exposto no quadro
1, considerando-se o valor do produto sem os impostos igual a R$ 82,00, a base do
ICMS foi obtido de seguinte forma:
Alíquota de ICMS = 18% = 0,18
Valor do produto sem impostos = 100% - 18% = 82% = 0,82
Base de cálculo do ICMS = Valor produto sem impostos = R$ 100,00
0,82
Por se tratar de um produto industrializado, é obrigatório o recolhimento do IPI
que, no exemplo proposto, foi utilizada uma alíquota de 5% incidente sobre o valor
do produto acrescido do ICMS, ou seja, 5% de R$ 100,00.
Sobre o valor do produto acrescido do ICMS próprio e IPI, que totaliza R$
105,00, foi calculado o valor de venda no final da cadeia, multiplicando-se pelo IVA
considerado para o produto. Neste caso, 17,96%,de acordo com a portaria CAT 174
de 04/09/2009: R$ 105,00 X 17,96% = R$18,86.
Com isto, pode-se determinar a base de cálculo do ICMS-ST como segue:
Base de cálculo ICMS-ST = R$ 105,00 + R$ 18,86.................. = R$ 123,86
ICMS total = 18% x R$ 123,86................................................... = R$ 22,29
ICMS-próprio ............................................................................ = R$ 18,00
ICMS-ST = R$ 22,29 – R$ 18,00................................................ = R$ 4,29
Desta forma, calcula-se o valor da venda da indústria para a próxima empresa
da cadeia produtiva:
Valor do produto............................................................................. R$ 82,00
ICMS-próprio ................................................................................. R$ 18,00
ICMS-ST ....................................................................................... R$ 4,29
IPI ................................................................................................. R$ 5,00
Valor final de venda ...................................................................... R$ 109,29
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Diante dos dados expostos anteriormente, realizou-se o DRE da venda com
ST, conforme quadro a seguir:
Quadro 2: DRE da venda com ST
109,29R$
18,00-R$
4,29-R$
5,00-R$
-R$
82,00R$
RECEITA OPERACIONAL BRUTA
ICMS proprio
ICMS ST
IPI
FRETE
RECEITA LIQUIDA
Fonte: Elaborado pelos autores, 2013.
2.2 Simulação de vendas sem substituição tributária
A seguinte projeção trata-se de uma venda para uma empresa localizada no
Estado do Ceará. Neste caso, não será considerado operação com substituição
tributária, pois, embora o Estado do Ceará possua o protocolo ICMS n°18, de 14 de
março de 2008, com o Estado de São Paulo, o despacho nº 273/12 prorrogou o
início de vigência para o ano de 2014.
A alíquota interestadual do ICMS de São Paulo para o Estado do Ceará é de
7%, de acordo com o inciso II, do artigo 52 do RICMS/SP.
O quadro a seguir resume a operação:
Quadro 3: Simulação de venda sem substituição tributária
PRODUTOS 82,00R$
FRETE
ICMS - próprio 7% 6,17R$ 6,17R$
SUB TOTAL 88,17R$
IPI 5% 4,41R$
TOTAL 92,58R$
92,58R$ VR. FINAL VENDA AO CONSUMIDOR
Fonte: Elaborado pelos autores, 2013.
Desta forma, foi obtida a base de cálculo do ICMS, a partir da mesma receita
operacional líquida do exemplo anterior, ou seja, R$ 82,00:
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92,58R$
6,17-R$
4,41-R$
-R$
82,00R$
FRETE
RECEITA LIQUIDA
RECEITA OPERACIONAL BRUTA
ICMS proprio
IPI
Alíquota de ICMS = 7% = 0,07
Valor produto sem impostos = 100% - 7% = 93% = 0,93
Base de cálculo do ICMS = Valor produto sem impostos = R$ 88,17
0,93
O valor do ICMS interestadual será:
ICMS = 7% x R$ 88,17 = R$ 6,17.
Por versar de um produto industrializado, é obrigatório o recolhimento do IPI
que, no exemplo, é representado por uma alíquota de 5% que multiplicada por R$
88,17 resulta em R$ 4,41.
Assim, calcula-se o valor da venda da indústria para a próxima empresa da
cadeia produtiva:
Valor do produto............................................................................ R$ 82,00
ICMS-interestadual........................................................................ R$ 6,17
IPI ................................................................................................. R$ 4,41
Valor final de venda ..................................................................... R$ 92,58
Neste caso, não há incidência do IVA/MVA, por se tratar de uma operação
sem substituição tributária.
Diante dos dados expostos anteriormente, realizou-se o DRE da venda sem
ST, como segue o quadro abaixo:
Quadro 4: DRE da venda sem ST
Fonte: Elaborado pelos autores, 2013.
2.3 Análises comparativas das simulações de vendas
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Nos quadros exemplificados, verificou-se que, nas operações com e sem
substituição tributária, utilizou-se a mesma receita operacional líquida,
o que não interfere no resultado final da empresa. Porém, de acordo com as
análises das notas fiscais e o período de observação na empresa, entende-se que a
substituição tributária pode influenciar no seu fluxo de caixa, se a venda for a prazo,
pois, neste caso, o recolhimento do ICMS sujeito à substituição deve ser recolhido
antecipadamente em relação às operações subsequentes, conforme o
enquadramento do código de classificação nacional de atividades econômicas
(CNAE) que, neste caso, é o n° 20622, sendo que seu recolhimento deve ser
realizado até o 3º dia útil do mês subsequente ao da ocorrência do fato gerador,
como rege o inciso I, do artigo 2º, e inciso I, do artigo 3º, do anexo IV do RICMS/SP.
2.4 Simulação de fluxo de caixa e valor presente
Ao realizar uma suposição de venda de mercadoria, em cinco parcelas, e com
a utilização das informações citadas nas tabelas acima, das mercadorias vendidas
com substituição tributária, é obtido o valor de venda ao consumidor de R$ 109,29,
pelo qual cada parcela equivale a R$ 21,86.
Portanto, é possível apresentar o fluxo de caixa e valor presente líquido do
recebimento da venda, com uma taxa de juros mensal de 4% ao mês. Esta taxa de
juros representaria o custo financeiro do capital de giro da empresa.
Quadro 5: Fluxo de caixa e valor presente
FLUXO DE CAIXA VALOR
0 27,29-R$
1 21,86R$
2 21,86R$
3 21,86R$
4 21,86R$
5 21,86R$
TMA 4%
VPL R$ 70,02
Fonte: Elaborado pelos autores, 2013.
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Nos referidos exemplos, desconta-se o valor de R$ 27,29, referente aos
impostos indiretos, IPI e ICMS, supondo que o mesmo foi pago antes do início das
parcelas, por ser uma obrigação tributária devida ao fisco. Posteriormente,
desenvolve-se o cálculo do valor presente líquido, que é a soma dos valores
descontados das entradas, menos os valores descontados das saídas de caixa,
descontados das entradas, menos os valores descontados das saídas de caixa,
sendo ordenado pela seguinte fórmula:
P = S
(1+i)n
Sendo:
P = Valor presente i = Taxa
S = Valor Futuro n = n de parcelas iguais
Com o desenvolvimento do cálculo, descobre-se um valor presente de R$
70,02, a uma taxa de 4% ao mês, decorrente do parcelamento em cinco prestações
mensais iguais.
Quando comparado o valor presente com o valor da projeção da receita
operacional líquida de R$ 82,00, verifica-se que a empresa sofrerá uma perda de
14,6% do valor esperado, pois seu valor presente irá ser representado por R$ 70,02.
Vale ressaltar que esta perda não se refere unicamente ao efeito do
pagamento antecipado do ICMS-ST e sim, ao ICMS da operação própria, ao
recolhimento do IPI e ao parcelamento da venda como um todo; mas deve-se frisar
que a antecipação do recolhimento do imposto influencia o resultado final da
operação.
2.4.1 Venda para uma empresa localizada no Estado do Ceará, sem
substituição tributária.
Ao considerar o valor de venda ao consumidor de R$ 92,58, ou cinco parcelas
de R$ 18,52, apresenta-se o fluxo de caixa e o valor presente líquido do recebimento
da venda, com uma taxa de juros mensal de 4% ao mês.
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Quadro 6: Fluxo de caixa e valor presente.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2013.
Comparado o valor presente líquido com o valor da projeção da receita líquida
de R$ 82,00, verifica-se que a empresa sofrerá uma perda de 12,4% do valor
esperado, pois seu valor presente será representado por R$ 71,87. Neste caso, a
perda é menor, pois não há o recolhimento antecipado do ICMS-ST.
2.5 Determinação do valor de venda a prazo
Diante do exposto, ocorre à necessidade de descobrir qual deverá ser o valor
mensal de uma venda a prazo, para obter o valor presente líquido igual ao valor da
receita operacional líquida projetada de R$ 82,00. Neste caso, acrescentam-se os
tributos indiretos, ICMS e IPI, para o cálculo das parcelas, que é demostrada pela
seguinte fórmula:
Sendo: i = taxa de juros no exemplo: i = 4% am
n = número de parcelas n = 5 parcelas
Portanto, o valor da parcela da venda com substituição tributária resultaria em
cinco parcelas de R$ 24,55, e da venda sem substituição tributária seria cinco
parcelas de R$ 20,79, para igualar o valor da receita operacional líquida projetada
de R$ 82,00.
Valor final de venda = Vr. Parcela . (1 + i)n - 1 i . ( 1 + i)n
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CONCLUSÃO
A pesquisa desenvolvida buscou apresentar os impactos das operações
envolvendo o ICMS em situação, com e sem substituição tributária, principalmente
os efeitos decorrentes que as vendas a prazo podem desencadear no fluxo de caixa.
Ao longo da pesquisa, foi observado como as legislações do tema estudado
são extensas e diferentes nos diversos estados, o que leva a pensar os efeitos
qualitativos de uma possível unificação tributária nesta área, para diminuir
disparidades entre as diversas legislações estaduais do país.
Resultados significantes foram encontrados no desenvolvimento do trabalho.
Veja-se: constatou-se que a empresa estudada paga antecipadamente o ICMS,
devido à sua obrigatoriedade e prazos estipulados em legislação, antes mesmo do
recebimento pelas vendas, quando se trata de operações a prazo.
Houve também um grande destaque para a necessidade de a empresa
conhecer ferramentas adequadas para subsidiar o entendimento de parâmetros de
análise do fluxo de caixa, como, por exemplo, o valor presente líquido. Este fato
pode proporcionar ao empresário uma maior capacidade de negociação com os
clientes, além de ferramentas para calcular o valor de venda a prazo, sem
comprometer a receita líquida desejada nas vendas.
Para estudos futuros, poderiam ser aprofundadas análises com vendas para
outros estados, que envolvam a substituição tributária e seus reflexos no fluxo de
caixa da empresa, além dos impactos em relação à taxa de desconto utilizada.
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Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 4., n.9, jul/dez de 2013 120
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