125
INPE-16201-TDI/1538 A INFLU ˆ ENCIA DOS AEROSS ´ OIS NA DIN ˆ AMICA DA MON ¸ C ˜ AO OESTE AFRICANA: EFEITO DIRETO Francisco Gomes Disserta¸c˜ ao de Mestrado do Curso de P´ os-Gradua¸ c˜ao em Meteorologia, orientada pelos Drs. Julio Pablo Reyes Fernandez e S´ ergio Henrique Franchito, aprovada em 03 de julho de 2009. Registro do documento original: <http://urlib.net/sid.inpe.br/mtc-m18@80/2009/06.08.13.52> INPE ao Jos´ e dos Campos 2009

A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

INPE-16201-TDI/1538

A INFLUENCIA DOS AEROSSOIS NA DINAMICA DA

MONCAO OESTE AFRICANA: EFEITO DIRETO

Francisco Gomes

Dissertacao de Mestrado do Curso de Pos-Graduacao em Meteorologia, orientada

pelos Drs. Julio Pablo Reyes Fernandez e Sergio Henrique Franchito, aprovada em

03 de julho de 2009.

Registro do documento original:

<http://urlib.net/sid.inpe.br/mtc-m18@80/2009/06.08.13.52>

INPE

Sao Jose dos Campos

2009

Page 2: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

PUBLICADO POR:

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE

Gabinete do Diretor (GB)

Servico de Informacao e Documentacao (SID)

Caixa Postal 515 - CEP 12.245-970

Sao Jose dos Campos - SP - Brasil

Tel.:(012) 3945-6911/6923

Fax: (012) 3945-6919

E-mail: [email protected]

CONSELHO DE EDITORACAO:

Presidente:

Dr. Gerald Jean Francis Banon - Coordenacao Observacao da Terra (OBT)

Membros:

Dra Maria do Carmo de Andrade Nono - Conselho de Pos-Graduacao

Dr. Haroldo Fraga de Campos Velho - Centro de Tecnologias Especiais (CTE)

Dra Inez Staciarini Batista - Coordenacao Ciencias Espaciais e Atmosfericas (CEA)

Marciana Leite Ribeiro - Servico de Informacao e Documentacao (SID)

Dr. Ralf Gielow - Centro de Previsao de Tempo e Estudos Climaticos (CPT)

Dr. Wilson Yamaguti - Coordenacao Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE)

BIBLIOTECA DIGITAL:

Dr. Gerald Jean Francis Banon - Coordenacao de Observacao da Terra (OBT)

Marciana Leite Ribeiro - Servico de Informacao e Documentacao (SID)

Jefferson Andrade Ancelmo - Servico de Informacao e Documentacao (SID)

Simone A. Del-Ducca Barbedo - Servico de Informacao e Documentacao (SID)

REVISAO E NORMALIZACAO DOCUMENTARIA:

Marciana Leite Ribeiro - Servico de Informacao e Documentacao (SID)

Marilucia Santos Melo Cid - Servico de Informacao e Documentacao (SID)

Yolanda Ribeiro da Silva Souza - Servico de Informacao e Documentacao (SID)

EDITORACAO ELETRONICA:

Viveca Sant´Ana Lemos - Servico de Informacao e Documentacao (SID)

Page 4: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

INPE-16201-TDI/1538

A INFLUENCIA DOS AEROSSOIS NA DINAMICA DA

MONCAO OESTE AFRICANA: EFEITO DIRETO

Francisco Gomes

Dissertacao de Mestrado do Curso de Pos-Graduacao em Meteorologia, orientada

pelos Drs. Julio Pablo Reyes Fernandez e Sergio Henrique Franchito, aprovada em

03 de julho de 2009.

Registro do documento original:

<http://urlib.net/sid.inpe.br/mtc-m18@80/2009/06.08.13.52>

INPE

Sao Jose dos Campos

2009

Page 5: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

Dados Internacionais de Catalogacao na Publicacao (CIP)

Gomes, Francisco.G585i A influencia dos aerossois na dinamica da moncao oeste afri-

cana: efeito direto / Francisco Gomes. – Sao Jose dos Campos :INPE, 2009.

126p. ; (INPE-16201-TDI/1538)

Dissertacao (Mestrado em Meteorologia) – Instituto Nacionalde Pesquisas Espaciais, Sao Jose dos Campos, 2009.

Orientadores : Drs. Julio Pablo Reyes Fernandez e Sergio Hen-rique Franchito.

1. Modelagem. 2. Aerossois. 3. Moncao oeste africana. 4. Pre-cipitacao. 5. Africa Ocidental I.Tıtulo.

CDU 551.5:544.772(66)

Copyright c© 2009 do MCT/INPE. Nenhuma parte desta publicacao pode ser reproduzida, arma-zenada em um sistema de recuperacao, ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio,eletronico, mecanico, fotografico, reprografico, de microfilmagem ou outros, sem a permissao es-crita da Editora, com excecao de qualquer material fornecido especificamente no proposito de serentrado e executado num sistema computacional, para o uso exclusivo do leitor da obra.

Copyright c© 2009 by MCT/INPE. No part of this publication may be reproduced, stored in aretrieval system, or transmitted in any form or by any means, eletronic, mechanical, photocopying,recording, microfilming or otherwise, without written permission from the Publisher, with theexception of any material supplied specifically for the purpose of being entered and executed on acomputer system, for exclusive use of the reader of the work.

Page 6: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO
Page 7: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos que colaboraram na realização deste trabalho,

em especial:

Ao Prof. Dr. Julio Pablo Reyes Fernandez e Prof. Dr. Sérgio Henrique

Franchito, pela orientação, paciência e assistência durante o curso.

Aos meus colegas de Pós-Graduação, e demais colegas com quem convivi

durante estes anos e que contribuíram de diversas formas para a

concretização deste trabalho, em especial: Carlos Frederico; Helena

Cachanhuk Soares; Paulo Kubota; Dayana Castilho de Souza; Marcus Jorge

Bottino, Daniel Rodriguez e Roger Torres.

Ao Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq, pelo apoio

financeiro, ao Centro de Previsão e Estudos Climático (CPTEC), pelo apoio

material, e às funcionarias da Secretaria da Pós-Graduação e da Biblioteca do

CPTEC pela disponibilidade e vontade de ajudar.

A minha esposa, Helena, e minhas queridas filhas, Arcisalta, Helisalta e

Daisilene, pela verdadeira amizade e amor, constante apoio moral e

compreensão.

Page 8: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO
Page 9: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

RESUMO

Este estudo visa contribuir para um melhor conhecimento sobre as interferências das componentes radiativas dos aerossóis na complexa interação do sistema acoplado entre a terra, oceano e atmosfera, do qual resulta a Configuração da Monção Oeste Africana. A pluviometria da África Ocidental depende unicamente da ativação desta circulação monçônica, o que determina a importância deste sistema, ao se considerar uma agricultura altamente dependente do clima e que constitui a base da economia da região. Neste estudo foi utilizado o modelo regional climático (RegCM3) acoplado com o modelo de poeira e de aerossol antropogênico. Os efeitos dos aerossóis na circulação monçônica foram avaliados através de comparação de experimentos com e sem interação dos aerossóis no balanço radiativo. As simulações foram integradas para o período chuvoso (junho, julho, agosto e setembro) para três anos escolhidos dentro da série (1970-2000): ano seco (1983); normal (1996) e chuvoso (1978), durante os quais não houve a ocorrência do fenômeno do ENSO. Os resultados mostraram a redução da precipitação sobre a África Ocidental sob efeito do resfriamento induzido pela carga de poeira no Saara e dos aerossóis antropogênico. Este resfriamento diminuiu o gradiente meridional da energia estática úmida e resultou no enfraquecimento da energia do fluxo da monção. O efeito dos aerossóis causou também a intensificação do Jato de Leste Africano e o enfraquecimento do Jato de Leste Tropical. Este efeito sobre os jatos é tido como uma das causas da redução da precipitação na África Ocidental. Também, o impacto dos aerossóis sobre estes sistemas e no padrão da precipitação foi maior na simulação com a inclusão dos aerossóis antropogênico. Em geral, a interação dos aerossóis com o balanço radiativo conseguiu interferir na variação sazonal e interanual da circulação oeste africana, A concordância destes resultados com os obtidos com modelo de circulação geral aumenta a confiabilidade dos mesmos.

Page 10: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO
Page 11: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

AEROSOLS IMPACT ON DYNAMIC OF THE WEST AFRICAN MONSOON: DIRECT EFFECTS

ABSTRACT

This study aims to enhance the knowledge about the influence of the aerosol radiative forcing on the complex interaction between the coupled system of earth, atmosphere and ocean, which results in formation of the African monsoon. The West African rainfall depends strongly on the activation of the monsoon circulation. This fact determines the importance of this system in the agricultural activity, which is highly dependent on climate, and consequently in the economy of the region that is based on agriculture. In this study it is used the regional climate model (RegCM3) coupled with dust and anthropogenic aerosol module. The dust and anthropogenic effects on the monsoon circulation are evaluated through the comparison between the experiments with and without aerosols feedback in the radiation budget. The model is integrated for June, July, August and September for a dry year (1983); normal (1996) and wet year (1978). In these years, which are selected within a 1970-2000 series, it is not observed the ENSO occurrence. The results show the reduction of the West African rainfall under effects of cooling induced by dust in the Sahara and anthropogenic aerosols. This cooling reduces the meridional gradient of the moist static energy, which causes the weakening of the energy of the monsoon flux. This effect also causes a strengthening of the African easterly jet and weakening of the tropical easterly jet. This effect contributes for a reduction of the West African rainfall. Also, the impact of aerosols on these systems and the precipitation was greater in the simulation with anthropogenic aerosols. In general, the interaction of aerosols with radiation budget was able to influence the seasonal and interanual variation of the West African circulation. The agreement between of these results and those from general circulation model increases their reliability.

Page 12: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO
Page 13: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

SUMÁRIO

Pág.

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

LISTA DE SIMBOLOS

1 INTRODUÇÃO………………………………….……………………................21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................27 2.1 Climatologia de região da Oeste Africana.............................................27 2.1.1 As principais características dinâmicas da MA...................................28 2.2 Os aerossóis na atmosfera....................................................................32 2.3 O efeito dos aerossóis no clima.............................................................34 2.4 Efeito dos Aerossóis no Balanço Radiativo...........................................36 2.5 Aspetos observacionais.........................................................................36

3 METODOLOGIA E EXPERIMENTOS.........................................................41 3.1 Descrição do modelo.............................................................................41 3.1.1 Tratamento de Sulfato e Aerossol Carbônico.....................................42 3.1.2 Tratamento de poeira.........................................................................43 3.2 Experimentos e Dados..........................................................................43

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................51

4.1 Climatologia básica do modelo..............................................................51 4.2 Avaliação estatística do desempenho de modelo.................................68 4.3 Climatologia dos aerossóis...................................................................70 4.4 Impacto da Forçante Radiativa dos aerossóis......................................79 4.4.1 Impacto na temperatura.....................................................................79 4.4.2 Impacto na circulação da Monção Oeste Africana.............................91

4.4.2.1 Impacto no Jato de Leste Africana e no Jato de Leste Tropical.....95

5 CONCLUSÕES..........................................................................................107

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................111

Page 14: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO
Page 15: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

LISTAS DE FIGURAS

2.1– Os sistemas que atuam sobre a África Ocidental.....................................32 3.1– a)Topografia e domínio do modelo representado por uma grade de 50-km e intervalo de contorno de 200 m. As áreas de maior elevação são indicadas por letras A (Planalto de Futa Djalon), B (Planalto de Jos na Nigéria) e C (Montanhas de Camarões). b) Distribuição da vegetação do modelo sobre o domínio simulado................................................................................................................ 45 3.2 – Média anual da precipitação e média da série de período de 30 anos...47 4.1– Temperatura do ar em oC representada através de médias mensais do ano de 1978, considerado ano chuvoso.......................................................................54 4.2 – Idêntico à Figura 4.1, mas para o ano de 1983, considerado ano seco............................................................................................................55 4.3 –Temperatura média anual do ano chuvoso (1978) e do ano seco (1983), gráficos de cima e a diferença entre a média anual simulada e a observada para os dois anos................... .........................56 4.4 –Média anual da temperatura simulada e observada e a diferença entre as duas temperaturas. ...................................................................................57 4.5 –Anomalia da temperatura do modelo em relação à observação sobre o Saara, através da média entre 15oN e 30oN, ao longo de 15oW a 20oE...........................................................................................................58 4.6 –Anomalia da temperatura do modelo em relação à observação sobre o

Sahel, através da média entre 5oN e 15oN, ao longo de longitude 15oW a 20oE. .......................................................................................................59 4.7 – Precipitação média mensal simulada e observada par o ano chuvoso (1978)..61 4.8 – Idêntico à Figura 4.7, mas para o ano de 1983, considerado ano seco.....................................................................................................62 4.9 –Precipitação média anual do ano chuvoso e ano seco, representada na parte superior da figura, e a diferença dessa média com a observada durante os dois anos (chuvoso e seco)......................................................63 4.10 – Média mensal da precipitação simulada e observada. O ano úmido (1978) é representada pelas corres preta (simulação) e azul (observação), a cor vermelha e verde clara representam a simulação e observação respectivamente, para o ano seco (1983), e o ano normal (1996) tem a cor verde para simulação e a cor castanha para a observação. ................ ............64

4.11 – Vento médio em 925 hPa mostrando o fluxo da monção e do Harmattan e a ZCIT...................................................................................................................66 4.12 – Vento médio em 700 hPa representando o Jato de Leste Africano (JLA). Na parte superior está representada a simulação e na parte inferior a observação. ................................................................................................... .....67 4.13 – Média anual do vento em 200 hPa, representando a configuração do Jato de Leste Tropical (JLT). A simulação é representada pelos gráficos de cima e a observação pelos gráficos da parte inferior....................... .............................68

4.14 – Erro Médio e Erro Médio Quadrático. Os valores negativos mostram as anomalias negativas e os valores positivos as anomalias positivas. As linhas de contornos representam o erro médio quadrático.........................................70 4.15 – Espessura ótica dos aerossóis (EOA)-Nimbus-7/TOMS.................................72 4.16 – Espessura ótica dos aerossóis, simulada para 1983.............................73 4.17 – Espessura ótica dos aerossóis, simulada para 1978.............................74

Page 16: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

4.18 – Albedo de espalhamento simples (AES), para o ano chuvoso e seco..75 4.19 – Comparação da espessura ótica dos aerossóis entre os anos simulados e entre os dois experimentos, através de médias mensais...................................76 4.20 – Secção transversal zonal e meridional dos aerossóis em (kg/kg), 1978.........78 4.21 –. Secção transversal zonal e meridional dos aerossóis em (kg/kg), 1983........79 4.22 – Forçante radiativa no topo da atmosfera (TDA), em W/m2............................82 4.23 – Forçante radiativa na superfície (FRS) em W/m2....................................83 4.24 –.Forçante radiativa na atmosfera (ATM).................................................84 4.25 – Efeito dos aerossóis na temperatura, para o ano chuvoso (1978)....................87 4.26 – Efeito dos aerossóis na temperatura, para o ano seco (1983).......................88 4.27 – Secção transversal ilustrando o gradiente da temperatura entre o Saara e o Golfo da Guiné............................................................................... ......89 4.28 – Secção transversal ilustrando o gradiente da temperatura entre o Saara e o sul do Saara, 1983................................................................................90 4.29 – Efeito do aerossol na circulação monçônica, obtido através da circulação diferencial (EXP1-CONT1, 1978) calculada em 850 hPa..................................93 4.30 – Idêntico à Figura 4.29, mas para o ano 1983.................................................94 4.31 – Efeito dos aerossóis na circulação do JLA, representado através da média mensal do vento diferencial (EXP1-CONT1, 1978) em 700 hPa. .........................96

4.32 – Idêntico à Figura 4.31, mas para o ano 1983................................................97 4.33 – Efeito de aerossol na circulação do JLT, representado através da média mensal do vento diferencial em 200 hPa para 1978.........................................100 4.34 – Idêntico à Figura 4.33, mas para o ano 1983............................................101 4.35 – Corte transversal meridional do vento diferencial (EXP1-CONT1, 1978), representado através da média entre 15°W a 15°E..........................................102 4.36 – Idêntico à Figura 4.35, mas para o ano 1983...............................................103 4.37 – Efeito de aerossóis na precipitação (EXP1-CONT1) para o ano 1978..........104 4.38 – Tal qual na Fig. 4.47, mas para 1983.......................................................105

Page 17: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

LISTA DE TABELAS

3.1 - Anos de ocorrência de ENOS, e anos Neutros ............................................45 3.2 - Experimentos......................................................................................................48 3.3 - Expressões de grandezas estatísticas de medida dos erros...............................49

Page 18: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO
Page 19: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AES Albedo de Espalhamento Simples

AMMA African Monsoon Multidisciplinary Analyses

ATM Forçante radiativa na atmosfera

AVHRR Advanced Very High Resolution Radiometer

BATS Biosphere-Atmosphere Transfere Scheme

CCM3 Community Climate Modele, version três

CB Carbono branco

CPTEC Centro Previsão de Tempo e Estudos Climáticos

CPC Climatic Prediction Center /NOAA

CRU Climate Research Unit

ECMWF European Centre for Medium-Range for Weather Forecast

EDGAR Emission Database for Global Atmospheric Research

EMEP European Monitoring and Evaluation Programme

EEU Energia Estática Úmida

EM Erro Médio

EMQ Erro Médio Quadrático

ENSO El-Niño Southern Oscillation

ENOS El Nino Oscilação Sul

EOA Espessura Ótica dos Aerossóis

ERA40 ECMWF 40 Years Re-Analysis

FRS Forçante Radiativa na Superfície

FIT Frente Inter-Tropical

FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations

GLCC Caracterização Global da Cobertura do Solo

GOCART Goddard Chemistry Aerosol and Transport

ICTP International Centre of Theoretical Physics Abdus Salam

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change

JLA Jato de Leste Africano

JLT Jato de Leste Tropical

Page 20: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

JBN Jatos de Baixos Níveis

JJAS Junho Julho Agosto Setembro

MA Monção Africana

MAM Março Abril Maio

MM5 Modelo de Meso-escala da Universidade de Pensilvânia/ NCAR

MCG Modelo de Circulação Geral

MISR United States Geologycal Survey

NCAR National Center for Atmospheric Research

NCEP US Nations Center Environmental Prediction

NCN Núcleo de condensação de nuvens

NNG Núcleo de Nucleação de Gelo

NOAA National Ocean-Atmospheric Administration

OL Ondas de Leste

OISST Optimum Interpolation Sea Surface Temperature

RegCM3 Modelo Regional de Clima, terceira versão

RegCM2 Modelo Regional de Clima, segunda versão

SUBEX Esquema explicito de sub-grade

TDA Topo De Atmosfera

TSM Temperatura da superfície do mar

USDA United States Department of Agriculture

USA Unites States of América

USGS United States Geological Survey

ZCIT Zona de Convergência Intertropical

Page 21: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

LISTA DE SÍMBOLOS

BChb Carbono Negro hidrofóbico

BChl Carbono Negro hidrofílico

CO2 Dióxido de carbono

CH4 Metano

CN Carbono Negro

COV Carbono Orgânico Volátil

hb Hidrofóbicos

hl Hidrofílicos

hPa Hectopascal

H Espessura geométrica das nuvens

km Kilómetro

N2O Óxido Nitroso

NO2 Dióxido de nitrogênio

nm Nanômetros

OChb Carbono Orgânico hidrofóbico

OChl Carbono Orgânico hidrofílico

P Pressão de referência

Ps Pressão à superfície

PTop Pressão no topo do domínio do modelo

ppb Partes por milhões

SO2 Dióxido de enxofre χ Razão de mistura

σ Coordenada sigma

mµ Micrômetros

Page 22: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO
Page 23: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

21

1 INTRODUCÂO

Os aerossóis afetam diretamente o balanço radiativo através do mecanismo

de espalhamento e absorção da radiação solar e emitida, e indiretamente

atuam como núcleos de condensação de nuvens (NCN), modificando as suas

propriedades físicas e micro-físicas (HAYHOOD and BOUCHER, 2000;

HARRISON et al., 2001; HAYHOOD et al., 2001; SOKOLIK et al., 2001). A

maior parte da energia que alimenta o nosso planeta vem do sol, com uma

incidência, principalmente na banda espectral do visível, de cerca de 342 W

m-2 em média no topo de atmosfera. Parte dessa energia é refletida de volta

para o espaço pelas nuvens, aerossóis, atmosfera e uma parte pela

superfície. O restante da energia é absorvido pela atmosfera, nuvens e pela

superfície terrestre e re-emitida na forma de radiação infravermelha para o

espaço. Pode-se, então observar que, a alteração do balanço radiativo

depende principalmente desses processos. Com a modificação do balanço

radiativo o padrão da circulação da monção é alterado, assim como a

precipitação associada.

A monção africana é uma circulação de grande escala, caracterizada pela

inversão sazonal do vento, resultante do contraste da temperatura continental

e marítima. Essa inversão do vento se manifesta em um deslocamento norte-

sul do sistema e controla o clima da África Ocidental, assim como as duas

estações do ano, uma seca e outra chuvosa. A massa continental tropical

originária da região do Saara é separada da massa tropical marítima, com

origem na região Atlântica, por uma zona conhecida como zona de

convergência intertropical (ZCIT).

Nas décadas de 1970 a 1990, a região Saheliana na África sofreu um declínio

acentuado no regime de precipitação, que provocou fome devastadora, surtos

de doenças e o colapso social em diferentes países da região (ICTP, 2008).

Esta forte diminuição na precipitação, em relação à média, começou a ser

observada nos anos 1960 com períodos de secas extremas nas décadas de

1970 a 1980 (NICHOLSON et al., 1998; HULME et al., 2001). Este

decréscimo foi quantificado, em torno de 30% entre 1931-1960 e de 40%

Page 24: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

22

entre 1968-1979 (NICHOLSON; GRIST 2003). A forte dependência das

atividades agrícolas às variações e mudanças climáticas, bem como a

limitada capacidade econômica, tornaram esta região mais vulnerável aos

eventos negativos do clima (ICTP, 2008). As causas destas secas continuam

desconhecidas, embora supõe-se estarem associadas à variabilidade

climática natural, às interações mar-terra-atmosfera, à alteração na emissão

dos aerossóis e poeira (ICTP, 2008) e ao aumento da emissão da poeira no

norte da África (ENGELSTAEDTER et al., 2006). Certamente, a alteração

natural e/ou antropogênica de qualquer forçante do sistema climático

provocaria a conseqüente modificação dos elementos climáticos. Estas

possíveis mudanças climáticas são consideradas um dos problemas mais

urgentes da humanidade (NAÇÕES UNIDAS, 1992; 2000). Portanto, a

solução passa pela identificação, avaliação e quantificação de cada forçante

do sistema climático.

Os gases do efeito estufa e os aerossóis modificam fortemente o balanço

radiativo do sistema climático, podendo causar desequilíbrios sociais,

ecológicos e econômicos (QUAAS, 2003). Os diferentes efeitos radiativos dos

aerossóis têm sido estudados por vários pesquisadores nos últimos anos. No

entanto, segundo o ultimo relatório do International Panel for Climate Change

Grupo (IPCC, 2007), o nível da compreensão cientifica sobre os efeitos dos

aerossóis é considerado baixo, sendo aceito que os aerossóis desempenham

um papel importante sobre as mudanças climáticas. A intensificação da

pesquisa sobre o papel dos aerossóis no sistema climático e seu efeito sobre

regiões como a África tem relevância cientifica e prática, já que o seu melhor

conhecimento leva a aprimorar as políticas públicas de mitigação sobre o

clima atual e possível impacto no clima futuro. Também permite elaborar

estratégias de desenvolvimento sustentável e um manejo mais adequado dos

recursos hídricos.

Uma das mais importantes fontes dos aerossóis no mundo é a região oeste

africana. A região é influenciada pela poeira do deserto de Saara, queima de

biomassa no Sahel durante a época seca, emissão de poluentes das

Page 25: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

23

atividades antropogênica e emissões biogênicas pela vegetação. Também a

África Ocidental está exposta às outras fontes de aerossóis provenientes dos

continentes vizinhos, tal como a poluição emitida pela zona industrial européia

e a poeira vinda do Oriente Médio (CHIN e DIEHL, 2005). Por exemplo, para

compreender a origem da composição dos aerossóis sobre a África, Cnin e

Diehl (2005) mostraram, com o modelo químico GOCART, que do total do

sulfato antropogênico na África Ocidental, 30 a 50% vêm da fonte de poluição

européia, enquanto que o deserto do Oriente Médio contribui com 10 a 30%

na carga total de poeira na região. A intensificação de pesquisas na região

nos últimos anos demonstra uma preocupação no campo cientifico, relativo à

possíveis ligações do aumento da emissão dos aerossóis, em particular a

poeira, na diminuição e distribuição da precipitação, do que depende

fortemente a economia regional. É nesta ótica que o presente estudo visa

avaliar o impacto de efeito direto dos aerossóis no clima regional, usando um

modelo climático regional.

1.1 Objetivos

• Geral Avaliar os efeitos diretos dos aerossóis sobre a circulação monçônica

da África Ocidental e a precipitação a ela associada.

• Específicos

a) Avaliar a habilidade do modelo regional climático em simular a

dinâmica da monção oeste africana durante a estação úmida na região;

b) Avaliar o impacto dos aerossóis, principalmente seus efeitos diretos, na

simulação da monção oeste africana;

c) Verificar a variabilidade intra-sazonal no período JJAS da monção

oeste africana;

d) Verificar a variabilidade inter-anual da monção em anos normais, secos

e chuvosos;

e) Avaliar o papel dos aerossóis na variabilidade intra-sazonal e inter-

anual da monção oeste africana.

Page 26: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

24

Para compreender e quantificar o efeito radiativo dos aerossóis é necessário

a utilização de modelos numéricos. O progresso científico e o avanço

tecnológico dos últimos anos impulsionaram uma evolução desses modelos,

os quais se tornaram a principal ferramenta do conhecimento cientifico.

Apesar deste avanço, o caos associado ao sistema climático (LORENZ, 1963)

continua sendo razão principal do empenho científico no aprimoramento de

modelos, considerando o importante papel que desempenham na previsão

climática, sobretudo para as nações em desenvolvimento econômico, onde a

agricultura, recursos hídricos, indústrias dependem extensivamente de

variações e mudanças climáticas (PAL et al. 2006). No entanto, o

desempenho dos modelos climáticos depende não só do conhecimento das

leis que descrevem os processos do sistema climático, mas também dos

meios computacionais disponíveis, das condições iniciais e de contorno, e da

resolução espacial e temporal utilizada. Os modelos de circulação geral da

atmosfera (MCG) devido a sua baixa resolução espacial não apresentam

detalhes regionais. Embora seja possível reduzir o espaçamento horizontal, o

custo computacional associado inviabiliza sua realização. Nesse sentido, na

escala regional os processos locais associados (topografia, linhas costeiras,

etc) devem ser levados em conta e solucionados por um modelo regional

(GIORGI, 1999). Também, os aerossóis, devido ao seu curto tempo de vida,

têm maior influência na escala regional que global. Para obter resultados

fisicamente consistentes, os modelos devem incorporar corretamente as

emissões dos aerossóis e tratar apropriadamente o transporte e a interação

destas emissões com o ambiente (ARTAXO et al., 2006). Portanto, um

modelo regional climático seria uma ferramenta muito útil para melhor

compreender e avaliar os efeitos dos aerossóis.

Para a realização deste trabalho foi utilizado o modelo regional climático

RegCM3, cuja versão anterior (RegCM2) foi desenvolvida pelo National

Center for Atmospheric Research (NCAR). A terceira versão foi o produto da

modificação induzida pelo International Centre of Theoretical Physcis (ICTP).

Este modelo caracteriza-se por incorporar em sua configuração um esquema

de aerossóis (sulfato, carbono branco, e carbono orgânico) e, recentemente,

Page 27: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

25

inclui um esquema de parametrização da poeira do deserto, ambos

apropriados para estudos como o proposto.

Este modelo foi e é utilizado em muitos estudos do clima em várias regiões do

globo e em particular, sobre a região sul-americana (FERNANDEZ et al., 2006

a-b) e oeste africana (ZAKEY et al., 2006; SOLMON et al., 2006;

AFIESIMAMA et al., 2006 e KONARE te al., 2008).

A estrutura deste trabalho apresenta no Capítulo 2 uma revisão bibliográfica,

com a descrição do clima da África Ocidental, dos aerossóis e sua influência

sobre o clima, assim como os aspectos observacionais (ou de modelagem

dos aerossóis). O Capítulo 3 descreve os materiais e métodos. No Capítulo 4

serão apresentados os resultados, que incluem uma climatologia do modelo,

as propriedades óticas e forçante radiativa dos aerossóis, impacto dos

aerossóis na temperatura, circulação e precipitação. A discussão e

conclusões são apresentadas no Capítulo 5.

Page 28: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

26

Page 29: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

27

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Climatologia da região Oeste Africana

O clima da África Ocidental apresenta uma variabilidade temporal desde a

escala interanual a decenal, monitorada pela Monção Africana Ocidental

(MA). As interações complexas entre a atmosfera, a biosfera e a hidrosfera

parecem controlar a dinâmica da MA e o ciclo dos sistemas pluviométricos da

região (AMMA, 2002). A MA faz parte do sistema acoplado terra-oceano-

atmosfera, podendo ser considerada como efeito de uma circulação térmica

direta gerada pelo contraste dos gradientes meridionais da energia estática

úmida (EEU) e seca. Estes gradientes são mais ativos na camada limite entre

o Golfo da Guiné e as regiões continentais da África Ocidental (PLUMB et al.,

1992, ELTAHIR; GONG, 1996). A insolação observada sobre a zona Sudano-

Sahel atinge valores mais elevados nos meses de março-abril-maio (MAM),

fornecendo condições necessárias para o início da MA. Com aquecimento da

superfície, devido ao aumento da insolação, aumenta a EEU e de outro lado a

convecção seca provoca a conversão adiabática de entalpia em energia

potencial, gerando uma circulação divergente meridional direta sobre o sul da

região sub-Saariana. (AMMA, 2002). Isto facilita o transporte do ar úmido

originário da região atlântica equatorial e causa a convergência da umidade

nas camadas baixas, da qual resulta a ascensão e conversão adiabática que

alimenta a convecção profunda e a pluviometria da África Ocidental. Essas

condições iniciais durante os meses de MAM geram condições atmosféricas

que podem assegurar a circulação térmica direta durante junho-julho-agosto-

setembro. Os movimentos adiabáticos verticais se mantêm graças à liberação

do calor latente da condensação na troposfera média. De uma forma geral, a

circulação monçônica oeste africana representa um sistema no qual

predominam as interações entre a escala convectiva úmida na ZCIT e a

convecção seca na zona da depressão térmica. Dentro destas duas massas

de ar estão embebidos alguns sistemas características da MA, cuja

intensidade influencia tanto na quantidade quanto na distribuição sazonal da

pluviometria. Esses sistemas serão descritos no item a seguir.

Page 30: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

28

2.1.1 As principais características dinâmicas da MA

Os principais campos de ventos associados à circulação monçônica oeste

africana e com maior influência sobre o tempo na África Ocidental são: Jatos

de Baixos Níveis (JBN); Jato de Leste Africano (JLA) na troposfera média

centrado aproximadamente em 700 hPa; Jato de Leste Tropical (JLT) na alta

troposfera, centrado em 200 hPa, ocorrendo de junho a setembro (AMMA,

2002; AFIESIMAMA, 2005; KONARE et al., 2008).

Os jatos de baixos níveis são identificados como áreas de máxima velocidade

do vento no plano horizontal, e são observados próximos à superfície

(BLACKADAR, 1957; HOLTON, 1967; BANTA et al., 2006]. Ocorrem mais

frequentemente no período noturno sobre as superfícies planas e complexas

e podem atingir uma extensão de dezenas a centenas de quilômetros. Sobre

o Saara os JBN se observam sob condições de céu claro e baixa velocidade

do vento na superfície (THORPE e GUYMER, 1977). Estão embebidos dentro

da componente do vento nordeste do “Harmattan” (WASHINGTON e TODD,

2005) e vento sudoeste da monção (PARKER et al., 2005). O Harmattan é

definido como vento quente e seco, de direção nordeste e este, proveniente

do Saara. O aparecimento do JLA é ligado ao forte gradiente térmico

meridional perto da superfície entre o oceano e a uma circulação transversal

controlada pelo calor da baixa pressão do Saara (BURPEE, 1972). No mês

de março o JLA se encontra na proximidade da costa da Guine, onde os

valores de EEU atingem os valores máximos na camada média. De março a

agosto o eixo se desloca para o norte seguindo os valores máximos de EEU e

atinge velocidades máximas em junho próximo a latitude 10oN (AMMA, 2002).

O JLT é o vento máximo em altos níveis associado à diferença de

temperatura entre platô do Tibet e o Oceano Índico.

A evolução da monção e a distribuição da precipitação são resultados da

evolução do JLA e do JLT. Em particular, o JLA desempenha um papel

dominante na organização de precipitação gerada pelos sistemas convectivos

de meso-escala associados a ondas de leste na África (DIEDHIOU et al.

1999). A convecção profunda dentro da banda de precipitação da monção,

Page 31: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

29

localizada em 10oN em julho-setembro, está associada a uma zona de

subsidência entre 5oS e 30oN, através da circulação divergente da célula de

Hadley (KONARE et al., 2008). Esta circulação meridional transporta o ar

úmido do Atlântico e o ar seco do Saara: Em baixos níveis, os ventos da

monção convergem na área de baixa pressão do Saara, onde a convecção

seca estende acima de 600 hPa e sustenta o JLA na troposfera média

(THOMCROFT; BLACKBURN, 1999). Em altos níveis, a convecção profunda

ocorre numa zona de aparente quebra zonal do JLT (REDELSPERGER et al.,

2002) e o ramo principal resultante dessa quebra fica localizado entre leste e

oeste do JLT. A Figura 1 ilustra uma estrutura conceituada dos sistemas que

modulam o tempo na África Ocidental, segundo WAMEX (1978).

A variabilidade interna da MA é predominante e ocorre desde a escala

convectiva à escala sazonal (AMMA, 2001). Na escala convectiva a circulação

meridional transporta o ar úmido a partir do Golfo da Guine para as camadas

da monção e o ar seco é simultaneamente transportado para a troposfera

média proveniente do Saara. As duas massas do ar se misturam a partir das

camadas baixas perto da frente intertropical (FIT) até a troposfera média perto

da ZCIT. Essa mistura causa gradientes meridionais de turbulência potencial,

condições sob as quais se desenvolvem as ondas de leste (OL), devido à

instabilidade barotrópica (BURPEE, 1972; REED et al., 1977; THORNCROFT,

1995). O gradiente positivo da temperatura potencial nos baixos níveis

interage com o gradiente negativo da turbulência potencial na troposfera

média, gerando uma fonte de instabilidade barocliníca (THORNCROFT;

BLACKHURM, 1999). Assim, as OL criadas ao longo do JLA, (com um

período de 3-5 dias e um comprimento de onda de 3000 km), interagem com

os sistemas convectivos de meso-escala (SCME). No norte do JLA um outro

tipo de OL (com período de 6 a 9 dias e comprimento de onda horizontal de

6000 km) modula de forma intermitente a convecção úmida (DIEDHIOU et al.,

1999).

Page 32: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

30

Na escala temporal intra-sazonal, os fenômenos transitórios associados são

mais importantes. O deslocamento rápido da ZCIT é a causa do inicio das

chuvas no final de junho na região Oeste Africana (SULTAN; JANICOT, 2000;

LÊ BARMÉ et al., 2001). Isto pode corresponder ao estado de transição entre

dois regimes em fase de equilíbrio: um regime de equilíbrio radiativo-

convectivo e um regime de circulação conservando a quantidade de

movimento (ELTAHIR e GONG, 1996). A variabilidade intra-sazonal é

resultante de uma sucessão de fases ativo-inativa de 10 a 20 dias durante o

período de julho a setembro. As interações com as perturbações sinóticas

provocadas pelas OL parecem ser ativadas (JANICOT; SULTAN, 2001).

Na escala interanual, a intensidade do gradiente meridional de entalpia (ou de

EEM) desempenha um papel fundamental na variabilidade da MA. Portanto,

as interações entre as variações de grande escala e as da escala interna são

mais importantes na variação interanual. Por exemplo, Lê Barbé et al. (2001)

observaram pequenas mudanças entre os regimes de início da MA durante os

anos úmidos (décadas 50s e 60s) e os anos secos (décadas 70 e 80). Eles

observaram que o período seco é marcado por uma diminuição de números

de dias com chuva, sem uma mudança significativa no balanço total da

precipitação acumulada durante os eventos pluviométricos. Os sistemas

convectivos exercem também influência na grande escala, visto que, eles

modificam o gradiente horizontal da temperatura e o gradiente energético. A

interação entre estes gradientes modificam a intensidade da circulação da

monção.

A persistência da seca dos últimos anos do século 20 sobre a África

Ocidental, com enormes impactos sociais e ambientais, levou à multiplicação

de pesquisas sobre a região. Por exemplo, Lamb (1983) examinou a

variabilidade intra-anual e intra-sazonal da umidade da camada mais próxima

à superfície e o fluxo da umidade advectada do sudoeste da camada da

monção. Mostrou que o ano seco não aparece em conjunção com anomalias

do ar seco próximo à superfície em direção ao sul. Os fluxos de sudoeste da

monção tendem a mostrar superiores à média da umidade especifica na

Page 33: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

31

superfície durante anos seco. Globalmente, contudo, não foram encontradas

diferenças sistemáticas na profundidade da camada de monção, umidade ou

fluxo da umidade advectada entre anos úmido e seco.

Para Kidson (1977), a redução da pluviometria no Sahel está ligada ao

desaparecimento do cavado em 850 hPa, sendo que para Newell e Kidson

(1984) e Fontaine et al., (1995), esta redução estaria ligada ao

enfraquecimento do JLT e à diminuição do fluxo de sudoeste da monção,

segundo Fontaine e Janicot (1992). Sobre a mesma questão, Lamb (1978)

mostrou que a seca também corresponde ao deslocamento da ZCIT para o

sul. Contudo, estudos que abrangem diferentes períodos de tempo não

conseguiram detectar um movimento sistemático para o sul da ZCIT. Por

exemplo, Newell e Kidson (1984) e Nicholson (1981) observaram que durante

alguns anos úmidos a ZCIT estendeu mais em direção norte e o ramo

descendente da célula de Hadley se expandiu. Durante alguns anos secos

houve uma contração deste ramo descendente da célula de Hadley.

Fontaine et al. (1995) correlacionaram as anomalias de precipitação com o

comportamento do vento no Sahel e costa da Guine. Observaram que as

anomalias da precipitação nestas duas regiões foram frequentemente de sinal

oposto. Além disso, os cenários da seca no Sahel e as inundações no Golfo

da Guine, corresponderam a um aumento, em direção ao sul, em baixos

níveis, do gradiente meridional da temperatura e da velocidade de vento mais

forte no lado sul do JLA. Todos estes estudos estão relacionados à tentativa

de encontrar as causas que originaram esta variabilidade climática na região

oeste africana, com severo impacto negativo sobre a economia regional.

Page 34: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

32

Figura 2.1 - Os sistemas que atuam sobre a África Ocidental.

Fonte: WAMEX (1978).

2.2 Os aerossóis na atmosfera

Os aerossóis ou material particulado são partículas sólidas e/ou liquidas, de

mistura química complexa, suspensas na atmosfera. A composição química,

origem e o tamanho destas partículas determinam suas propriedades

hidrofóbicas e hidrofílicas. Essas propriedades determinam o grau, com o qual

as partículas dos aerossóis espalham ou absorvem a radiação incidente ou

emitida e sua capacidade em servir como núcleo de condensação de nuvem

(NCN). O tamanho das partículas varia de poucos nanômetros (nm) a

dezenas de micrometros ( mµ ) em diâmetro. As partículas conhecidas como

superfinas (menos de aproximadamente 0.1 mµ ) são emitidas na atmosfera

principalmente pela conversão do dióxido sulfúrico (SO2), oxido nítrico e

dióxido de nitrogênio (NOx) e o carbono orgânico volátil (COV). As partículas

grossas são normalmente produzidas mecanicamente, por exemplo, pelo

vento sobre as regiões de poeira, evaporação da superfície do mar, etc. Entre

Page 35: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

33

as partículas superfinas e grossas estão as partículas finas (de 0.1~1 mµ ).

Este modo fino é também denominado como modo acumulado porque os

aerossóis nesta gama se acumulam a partir do crescimento da coagulação e

condensação das partículas superfinas e tendem a permanecer na atmosfera

durante um tempo relativamente longo (i.e., alguns dias) devido à

sedimentação e coagulação relativamente baixas. A ação das partículas de

modo fino tem particular importância no balanço radiativo da terra, devido a

sua eficiência em interagir com a radiação solar (a maior parte da energia

solar se concentra na banda visível do espetro 0.5 mµ , e as partículas do

modo fino são aproximadamente do mesmo tamanho, sendo portanto,

eficientes espalhadoras da radiação solar). Os modos finos possuem um

ótimo tamanho para atuar como NCN e núcleo de gelo (NG) (CHARLESON

et al., 1990; TWOMEY, 1974; PENNER et al., 2001; RAMASWAMY et al.,

2001). Os aerossóis de modo fino têm um tempo de vida na atmosfera de dias

a uma semana aproximadamente (PANNER et al., 2001), e, como resultado,

podem apresentar uma grande variação na distribuição espacial e temporal.

Os aerossóis podem ser emitidos diretamente na atmosfera por fontes

poluidoras (fonte primária) ou indiretamente a partir de gases precursores

(SO2, NOx, e COV) por via de processo físico-químico (conversão de gás-

partícula) ocorrido na própria atmosfera (fonte secundária). Algumas fontes

de emissão dos aerossóis na atmosfera são da origem natural. Dessas fontes,

pode se citar, as emissões vulcânicas, poeira emitida pelos desertos e

emissão do sal marinho através da evaporação dos oceanos. A emissão

industrial, queima de biomassa e emissão de poeira pelas atividades

agrícolas são da origem antropogênica. Globalmente, o fluxo dos aerossóis

na atmosfera é de 3440 Tg por ano, do qual 10% vêm da fonte da emissão

antropogênica (ANDREAE, 1995; IPCC, 1995). Há uns anos, constatou-se um

aumento substancial da emissão de aerossol antropogênico desde o tempo

pré-industrial (IPCC, 1995). Desde então, passou-se a considerar o efeito dos

aerossóis como uma das possíveis causas da variabilidade climática.

Page 36: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

34

Em adição ao impacto dos aerossóis na temperatura, os efeitos direto e

indireto podem afetar também a precipitação. Isso pode estar mais ligado aos

efeitos indireto e semi-direto, que provocam a alteração das propriedades da

nuvem. No entanto, outros efeitos podem ser também importantes, visto que,

tanto os efeitos direto quanto indireto, levam à redução da quantidade da

radiação que atinge a superfície terrestre e o efeito semi-direto aquece a

camada da atmosfera. Isso pode alterar estabilidade atmosférica, causando

possíveis modificações de precipitação induzida pela convecção e circulações

monçônicas (RAMANATHAN et al., 2001b; BOUCHER et al., 1998; GRAF,

2004). A redução da radiação que atinge o solo sob efeito dos aerossóis pode

também modificar o ciclo hídrico através da alteração do balanço radiativo e

subseqüente redução da evaporação (LIEPERT et al., 2004).

As recentes pesquisas mostram que o efeito radiativo dos aerossóis é uma

das causas da redução da precipitação sobre a África Ocidental (JONES et

al., 2003; PAETH, FEICHTER, 2006; YASHIOKA et al., 2007; KONARE et al.,

2008).

2.3 O efeito dos aerossóis no clima

Os aerossóis podem afetar a vida humana, tanto pela perturbação do clima

através da alteração do balanço radiativo, quanto pela alteração do meio

ambiente. As partículas finas podem afetar a saúde humana, especialmente

no que diz respeito às doenças cardiovasculares (DOCKERY; POPE, 1994), e

reduz a visibilidade através de espalhamento e absorção da radiação (HUSA

et al., 1981; BALL; ROBINSON, 1982; HUSAR et al., 2000). O impacto dos

aerossóis no clima pode ser identificado pelos seus efeitos direto e indireto. O

efeito direto está associado aos processos de espalhamento e absorção das

radiações solar e emitida, enquanto que o efeito indireto refere-se à atuação

dos aerossóis como NCN e NNG, resultando na modificação das

propriedades micro-físicas, radiativas e do tempo de vida das nuvens.

Quando na composição do ar predominam as partículas de aerossol com

propriedades de espalhamento, tais como partículas de sulfato, o efeito é o

Page 37: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

35

esfriamento do sistema terrestre. Este efeito é oposto ao do aquecimento

provocado pelos gases de efeito estufa como CO2, CH4, N2O, etc

(ANGSTROM, 1929; COAKLEY et al., 1983; CHARLSON et al., 1990; e 1992;

SCHWARTZ, 1996). Quando se verifica maior concentração de carbono

negro (carbono elementar) e poeira mineral, aerossóis com propriedades de

absorção, há um aquecimento da atmosfera devido à absorção de radiação

na camada onde se concentram estas partículas. Esse aquecimento na

atmosfera bloqueia o resfriamento adiabático, portanto, o gradiente da

temperatura diminui e como conseqüência a progressão da condensação é

inibida, provocando perda da cobertura nebulosa, decréscimo no albedo da

nuvem e maior aquecimento do sistema terrestre. Essa tendência do

aquecimento da terra por queima de nuvem “cloud-burning” pelos aerossóis

absorventes é tratada como “efeito semi-direto” (HANSEN et al., 1997).

As partículas com propriedades hidrofílicas, tais como sulfato, carbono

orgânico e sal marinho, são as mais hábeis em atuar como NCN e NG. Estes

aerossóis afetam indiretamente o clima através de duas componentes: o 1o

efeito indireto se refere ao aumento da concentração dos aerossóis, que

provoca o aumento da concentração de gotículas de nuvem e redução de

tamanho das gotículas, e como resultado, um acréscimo no albedo da nuvem

(também chamado de “efeito de albedo de nuvem”) (TWOMEY, 1974); como

conseqüência da diminuição do tamanho das gotículas, o processo de colisão

é menos eficiente para as gotículas pequenas e, portanto, as mesmas são

lentamente transformadas em gotas de chuva, reduzindo a eficiência da

nuvem em precipitar, e aumentando o conteúdo em água liquida e o tempo de

vida da nuvem (ALBRECHT, 1989), assim como a espessura da mesma

(PINCUS; Baker, 1994). Este efeito é referido como 2o efeito indireto, ou

“efeito de tempo de vida de nuvem” (ALBRECHT, 1989). Portanto, ambos os

efeitos, direto e indireto, tendem a reduzir a quantidade da radiação que

atinge a superfície da terra, enquanto o efeito semi-direto aquece a coluna da

atmosfera.

Page 38: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

36

Simulações realizadas sugerem que o efeito de resfriamento devido aos

aerossóis poderia compensar em parte o aquecimento do planeta devido ao

aumento dos gases de efeito estufa (IPCC, 2001). Mas o tempo de vida dos

aerossóis, contrariamente ao dos gases de efeito estufa, não permite uma

acumulação dessas partículas na atmosfera. Neste trabalho de dissertação,

devido à indisponibilidade do código sobre o efeito indireto, que ainda está

sendo introduzido no modelo, só será explorado o efeito direto.

2.4 Efeito dos Aerossóis no Balanço Radiativo

Os efeitos radiativos dos aerossóis são comumente caracterizados através do

conceito de forçante radiativa, que é definido como uma perturbação externa

(por exemplo, mudança na concentração dos aerossóis) imposta sobre o

balanço radiativo do sistema climático da terra (RAMASWAMY et al., 2001).

Uma forçante radiativa positiva, convencionalmente, indica ganho da energia

liquida do sistema terra-atmosfera (efeito de aquecimento); uma forçante

radiativa negativa significa perda de energia liquida (efeito de esfriamento).

O principal determinante da forçante radiativa, segundo Angstron (1929, 1961,

e 1964), é a espessura ótica de aerossol (EOA), a qual representa um índice

de atenuação da radiação durante o seu percurso na atmosfera, na presença

dos aerossóis. EOA é uma integral na vertical da concentração dos aerossóis

ponderada com a sessão transversal da área efetiva na quais as partículas

(ambas espalhadoras e absorventes) interceptam a radiação solar no

comprimento de onda selecionado.

2.5 Aspetos observacionais

Em várias partes do mundo os aerossóis antropogênicos tendem a se

concentrar nas zonas urbanas/industriais, como por exemplo, América do

Norte e Europa, subcontinente da Índia, leste de China, África Ocidental, etc

(HUSAR et al., 2000).

Estudos sobre a visibilidade indicaram um aumento na extinção da radiação

solar nos anos 1940s a 1970s, devido aos aerossóis antropogênicos no leste

Page 39: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

37

dos Estados Unidos (HUSAR et al., 1981). Ball e Robinson (1982), por

exemplo, estimaram uma perda de 7,5% da média anual de radiação solar

(relativo ao período pré-industrial), na região de leste dos Estados Unidos

devido ao sulfato e outros aerossóis antropogênicos.

Em particular, sobre a África Ocidental, o aumento na emissão de poeira, a

queima de biomassa e combustível fóssil parecem ter mais foco sobre o

aumento da concentração dos aerossóis e conseqüente impacto na redução

de precipitação. Por exemplo, Zakey et al. (2006), na simulação experimental

do código de poeira no modelo regional climático (RegCM3), mostraram que a

concentração de EOA na imagem de satélite foi dominada pela poeira, pois

no período de JJA a emissão por queima de biomassa é mínima na região do

Sahel (LIOUSSE et al., 1996). As maiores regiões de concentração

simuladas, assim como observadas, se localizam em Mauritânia, Mali, Niger

central, parte leste do centro de Chad e norte do Sudan. O modelo reproduziu

todos estes campos de emissão, embora com algumas diferenças

comparadas com a observação. No entanto, a extensão da poeira ao longo do

sul do Saara, foi bem simulada pelo modelo.

Paeth e Feichter (2006) estudaram o papel dos aerossóis, natural e

antropogênico, sobre o clima de África, através de simulação com o modelo

de circulação geral. Neste estudo observaram que as configurações da

resposta do clima sob efeito dos aerossóis são coerentes, espacialmente e

temporalmente, com as fontes de emissão e áreas de reforço da carga dos

aerossóis atmosféricos sobre a África, sugerindo resultar de uma interação

direta local ou regional entre a emissão dos aerossóis e anomalias do clima.

Por outro lado, o principal sinal sobre as áreas de máxima carga dos

aerossóis prevalece durante o verão boreal. Este sinal leva ao

enfraquecimento da precipitação de verão causada pela monção sobre a

África subsaariana. Destas análises foram propostas as causas e efeitos

seguintes: a queima de biomassa e combustível fóssil levou ao aumento da

carga do aerossol antropogênico no inverno e primavera boreal sobre a África

tropical. A irradiância solar é reduzida, causando a redução do fluxo do calor

Page 40: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

38

sensível na atmosfera. O resultado é o esfriamento da superfície centrado

sobre o norte da África, persistindo até o verão seguinte. Como conseqüência,

o gradiente térmico entre o Saara e o Atlântico tropical, do qual resulta a

circulação monçônica oeste africano no verão, enfraquece levando a uma

subsidência e divergência do vento de grande-escala sobre o continente,

assim como o deslocamento para sul da posição média da ZCIT e do JLA.

Yoshioka et al. (2007) investigaram o efeito da forçante radiativa de poeira

sobre a seca no Sahel nas últimas três décadas do século 20, usando GCM.

As simulações mostraram que a forçante radiativa da poeira atua na redução

da precipitação média global. A resposta da circulação atmosférica sobre o

norte da África apresenta um enfraquecimento do vento da monção,

deslocamento para sul do JLA, menor cisalhamento vertical ao longo do

Sahel, e enfraquecimento do jato de leste tropical, características observadas

durante o ano seco.

Konare et al. (2008) investigaram o impacto da poeira (considerando só o

efeito direto) sobre a monção oeste africana através da simulação de 38

verões (1969-2006) sobre a África Ocidental utilizando o RegCM3, acoplado

com um esquema interativo de poeira. A comparação das saídas do modelo

com imagens do satélite MISR permitiu identificar as zonas de máxima

espessura ótica (EOA) entre Mauritânia e centro de Mali, e entre Níger e a

depressão de Bodele no Chad. Contudo, o modelo subestimou parcialmente

uma grande área de EOA, sobre a área entre Mali e Mauritânia, estendendo

até Algéria central. As zonas de máximas da espessura ótica são ligadas às

áreas fontes de emissão de poeira. A variação do fluxo radiativo induzido pela

poeira mostrou valores negativos de TDA, que causaram um resfriamento do

sistema superfície/atmosfera. A diferença do fluxo radiativo entre a superfície

e TDA é proporcional ao aquecimento diabático de ondas curtas da atmosfera

devido à componente de absorção da poeira. Contudo, a resposta da

temperatura a este termo de aquecimento foi pequena comparada com o

efeito negativo da forçante do TDA. O resfriamento induzido pela carga de

poeira leva à redução da radiação de onda longa na superfície. Como a

Page 41: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

39

existência do AEJ está associada à elevada temperatura meridional e

gradiente de umidade na baixa troposfera entre o deserto do Saara e o Golfo

da Guiné, o efeito principal da poeira sobre o Saara é o resfriamento da

troposfera correlacionado com a distribuição vertical da poeira. Este

resfriamento mostrou uma diminuição de temperatura da ordem de -0,1 a -

0,8oC, variando da superfície à troposfera, principalmente influenciado pelo

efeito da forçante do TDA. O máximo de resfriamento na troposfera foi

consistentemente associado a um fraco aquecimento nos níveis mais altos da

troposfera (em torno de 195 hpa), devido à intensificação do espalhamento da

camada de poeira. A circulação média da monção, simulada em 865 hpa

sobre o continente, mostrou uma tendência clara de a poeira induzir uma

circulação diferencial oposta aos ventos da monção, causando um

enfraquecimento geral da monção. Isto se deve basicamente à diminuição do

gradiente da energia estática úmida (MSE) entre o Golfo da Guiné e o sul do

Saara (ELTAHIR, 1998). A redução de MSE deve-se ao correspondente

resfriamento e redução do fluxo da superfície pela poeira sobre o norte da

região do Sahel.

Page 42: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

40

Page 43: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

41

3 METODOLOGIA E EXPERIMENTOS 3.1 Descrição do modelo

Foi utilizado neste estudo o modelo regional climático (RegCM3) do ICTP. O

modelo está bem documentado em Pal et al. (2005), assim, aqui será

apresentada uma breve descrição do mesmo. A componente do núcleo

dinâmico do RegCM3 é baseada no modelo hidrostático de meso-escala de

quinta geração (MM5), do NCAR-Pensilvania State University (PSU) (GRELL

et al., 1994). O modelo utiliza coordenada vertical sigma, cujos níveis

acompanham a forma da topografia quando próximo à superfície e se tornam

planos nos níveis superiores. Sigma é descrita por uma equação primitiva,

hidrostática e compressível, definida como )/()( topstop pppp −−=σ , onde p é

a pressão do nível considerado, ptop é a pressão no topo do modelo, ps a

pressão na superfície.

O modelo RegCM3 possui várias parametrizações. Os experimentos

preliminares sobre a África Ocidental demonstraram que o fluxo de massa

baseado no esquema convectivo de cúmulos de Grell (1993) com o

fechamento de Fritsch e Chappell (1980), reproduz melhor a magnitude das

variáveis meteorológicas. Segundo o fechamento de Fritsch e Chappell

(1980), a intensidade convectiva é baseada na taxa da desestabilização

convectiva de acordo com a escala de tempo (assumido neste estudo ser de

30 minutos). Para a representação da precipitação de grande escala foi

utilizado o Esquema Explicito da Umidade e Nuvem de Sub-Grade (SUBEX)

(PAL et al., 2000). Os processos de superfície são representados pelo

Biosphere-Atmosphere Transfer Scheme (BATS) (DICKINSON et al., 1993). O

esquema BATS descreve a transferência da energia, massa e quantidade de

movimento entre a atmosfera e a biosfera. O esquema de radiação é

baseado na terceira versão do Comunity Climate Model (CCM3) do NCAR

(KIEHL et al., 1996). O espalhamento e absorção pelas nuvens foram

representados pela parametrização de Slingo (1989), na qual as propriedades

óticas da nuvem (espessura ótica, albedo de espalhamento simples e

parâmetro de assimetria) são expressas em termos de conteúdo da água

Page 44: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

42

líquida de nuvem e raio efetivo de gotículas. A camada limite planetária

segue a formulação explícita de Holtslag et al. (1990), que descreve a difusão

não-local resultante do fluxo de contra-gradiente produzido pelas

perturbações de grande escala, numa atmosfera instável e bem misturada.

3.1.1 Tratamento de Sulfato e Aerossol Carbônico

O modelo de aerossol é baseado no esquema de Qian et al. (2001), o qual

descreve o sistema de transformação de SO2/SO4, e completado com a

parametrização das componentes de carbono orgânico (CO) e de carbono

negro (CN), considerando uma mistura externa de partículas. Por causa de

sua importância para o processo de remoção e propriedades óticas, a

propriedade higroscópica de partículas de carbono foi incluída no modelo.

Portanto, foi considerado dois estados (hb=hidrofóbicos e hl=hidrofílicos) para

ambas as partículas de CO e CN (OC e BC em inglês). O modelo, portanto

inclui seis traços: SO2, SO4, OChb, OChl, BChb, e BChl. Para cada traço i, a

massa de razão de mistura correspondente iχ é calculada utilizando a

equação de transporte de traços:

)(. il

ip

id

iWc

iWls

iiC

iV

iH

ii

QQDRRSTFFVt

−∑+−−−++++∇−=∂

∂ χχ

(1)

Na equação acima, os primeiros quatro termos do lado direito representam

advecção, difusão turbulenta horizontal e vertical e transporte convectivo,

respectivamente (QIAN et al., 2001). Segundo Kasibhalta et al. (1997), o

termo convectivo de transporte considera que o traço torna-se bem misturado

entre a base e o topo da nuvem quando ocorre a convecção cúmulos. S é o

termo da emissão da superfície. RWls e RWc representam, respectivamente, os

termos de remoção úmida para a precipitação de larga escala e convectiva

(GIORGI, 1989; GIORGI e CHAMEIDES, 1986). O esquema não envolve a

evaporação de gotículas de chuva ligada à presença dos aerossóis. A

deposição seca Dd é tratada assumindo uma velocidade de deposição fixa

para cada traço sobre a superfície de água dos mares, oceanos e

Page 45: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

43

continentes. Os termos Qp e Qi indicam a produção e perda devido às

transformações físico–químicas.

3.1.2 Tratamento de poeira

A parametrização da poeira de deserto no RegCM3 foi implementado por

Zakey et al. (2006), usando o esquema baseado no trabalho de Marticorena e

Bergametti (1995) e Alfaro e Gomes (2001). O esquema de emissão de poeira

inclui três principais componentes. A primeira corresponde à velocidade de

fricção limite, a partir da qual a erosão pelo vento se inicia, a segunda refere-

se à emissão horizontal e vertical de fluxo de poeira, e a terceira ao fator

correção considerado no modelo para o efeito da rugosidade da superfície,

influenciando a velocidade de fricção limite ou o fluxo de poeira (por exemplo,

solo contendo água e o tipo de textura do solo).

As propriedades óticas da poeira são calculadas em termos de espessura

ótica dos aerossóis (EOA). Estas propriedades são calculadas para cada

banda de tamanho de partículas e cada comprimento de onda do espectro

radiativo (18 bandas de comprimentos de ondas, Kiehl et al., 2001), utilizando

o código de espalhamento de Mie.

3.2 Experimentos e Dados

O domínio de integração do modelo e a topografia estão representados na

Figura 3.1a. A escolha do domínio maior que a África Ocidental, região sob

analise neste estudo, visa a descartar a influência de condições iniciais e de

contornos e também permitir a simulação de certos sistemas que

possivelmente influenciam o clima da região. Horizontalmente o domínio se

estende de 3oS a 37oN e de 35oW a 45oE, com 120 pontos na direção sul-

norte e 140 na direção este-oeste, com 50 km de distância entre os pontos da

grade. Na vertical foi utilizada a configuração padrão de 18 níveis, sendo o

nível de 74 hPa considerado como o topo do modelo. O modelo foi rodado

com a projeção ROTMER centrada em 22oN e 5,10oE.

Page 46: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

44

Para a configuração da topografia do domínio e a estrutura do uso da terra,

foram utilizados os dados da Vigilância Geográfica dos Estados Unidos

(USGS em inglês) e os dados da Caracterização Global da Cobertura da

Terra (GLCC em inglês) (LOVELAND et al., 2000). Os dados de USGS

apresentam diferentes resoluções (60, 30, 10 5, 3 e 2 minutos), sendo que

para este estudo foi utilizada a resolução de 30 minutos. Os dados de GLCC

são derivados do Radiômetro de Muito Alta Resolução (AVHRR) de 1 km de

resolução. Ambos os dados são disponíveis no seguinte servidor do ICTP:

http://users.ictp.it/~pubRegCM3/globedat.htm.

As principais características da topografia do domínio tais como Jos Plateau

(Nigéria), Montanhas de Camarões (Camarões), Planaltos de Futa Djalon

(Guine), foram bem reproduzidas pelo modelo. A Figura 3.1b mostra os tipos

de vegetação da superfície do modelo utilizando a classificação BATS. Em

geral, sobre a África Ocidental, entre 5oN a 20oN, três tipos da cobertura

vegetal predominam: a zona norte de 15oN é dominada pela vegetação tipo

semi-deserto e deserto, entre 15o e 10oN, a vegetação é principalmente

dominada pela savana, e na zona de costa, particularmente a oeste de 5oE,

ocorre uma ampla floresta natural verde.

Page 47: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

45

Figura 3.1– a) Topografia e domínio do modelo representada por uma grade

de 50-km e intervalo de contorno de 200 m. As áreas de

maior elevação são indicadas por letras A (Planalto de Futa

Djalon), B (Planalto de Jos na Nigeria) e C (Montanhas de

Camarões).

b) Distribuição da vegetação do modelo sobre o domínio

simulado. (Continua)

Page 48: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

46

Figura 3.1 - Conclusão

Para gerar as condições iniciais e de contornos necessárias para as

simulações, foram utilizados os dados da re-analise, da temperatura da

superfície do mar (TSM) e dos aerossóis. Os dados de re-analise são do

European Centre for Médium Weather Forecast (ECMWF), com uma resolução

de 2,5o e 23 níveis de pressão, (KALNAY et al., 1996). As TSM são da Ótima

Interpolação da Temperatura da Superfície do Mar (OISST em inglês)

(REYNOLDS et al., 2002) da National Ocean Atmosphere Administration

(NOAA), com 1 grau de resolução. Para a representação dos aerossóis os

dados utilizados foram da emissão antropogênica, referentes à queima da

biomassa das partículas de SO2, CB e de CO, da base de Dados da Emissão

Global para a Pesquisa Atmosférica (EDGAR em inglês), também com

resolução de 1 grau (OLIVIER et al. 2001). A poeira foi representada através

de dados da superfície relativos à textura do solo compilados com a resolução

de 1 grau, Zobler, (1999). Todos estes dados estão disponíveis na internet, no

seguinte servidor: http://users.ictp.it/~pubRegCM3/globedat.htm.

Page 49: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

47

As simulações foram integradas para período de junho-julho-agosto-setembro

de 1983, 1978 e 1996, anos considerados como seco, normal e chuvoso,

respectivamente. Este período cobre a única estação chuvosa da região oeste

africana. Os três anos foram escolhidos dentro em uma série de 1970-2000,

através de médias mensais em relação a média da série (ver Figura 3.2). Os

anos supostamente influenciados pelos eventos de El Nino-Oscilação Sul

(ENOS) não foram considerados. Estes anos foram obtidos através da

classificação da NOAA (2007). O período considerado como de começo de

ENOS é de 01/07 de um ano e o término em 30/06 do próximo ano. Na Tabela

3.1 está mostrada uma série de anos referentes à ocorrência dos eventos do

ENOS.

Figura 3.2 - Média anual da precipitação (em mm/dia) e média da série com

período de 30 Anos.

Page 50: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

48

Tabela 3.1- Anos de ocorrência de ENOS, e anos Neutros

EVENTOS ANOS

El Niño 1969-70; 1972-73; 1976-77; 1982-83; 1986-87; 1987-88; 1991-

92; 1992-93; 1993-1994; 1994-1995; 1997-98

La Niña 1970-71; 1971-72; 1973-74; 1974-75; 1975-76; 1984-85; 1988-

89; 1995-96; 1998-99 e 1999-2000.

Neutro 1977-78; 1978-79; 1979-80; 1980-81; 1981-82; 1983-84 1985-86;

1989-90; 1990-91; 1996-97 e 2000-2001.

Fonte: NOAA (2007).

As simulações incluem uma rodada de controle e dois experimentos para cada

ano (ver Tabela 3.2). Na primeira rodada de controle foram incluídos os

aerossóis antropogênicos (SO2, CO e CB) e a poeira (CONT1), e na segunda

só a poeira (CONT2). Em todos os dois casos os aerossóis inclusos não

interagem com a radiação e os parâmetros radiativos calculados resultam

unicamente das condições naturais relativa aos aerossóis considerados no

modelo. Já nos experimentos (EXP1 e EXP2) os aerossóis interagem com o

balanço radiativo e a diferença entre experimentos e controle permite avaliar os

efeitos dos aerossóis.

Tabela 3.2 – Experimentos

EXPERIMENTOS Descrição

3 CONT1 SO2, SO4, CO, CB mais POEIRA

3 CONT2 POEIRA

3 EXP1 SO2, SO4, CO, CB mais POEIRA

3 EXP2 POEIRA

Para a validação de resultados de simulações foram utilizados os dados do

Climate Research Unity (CRU, com a resolução de 0.5 grau), referentes à

temperatura e à precipitação, interpolados para a grade do modelo. Também

foram utilizados os dados de satélite Landsat aplicados a observação em 380

Page 51: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

49

nm (TORRES et al. 2002), para validar os parâmetros radiativos simulados.

Para uma melhor avaliação do desempenho do modelo se faz necessário o

uso de métodos estatísticos, pois sabe-se que as previsões com os modelos

numéricos apresentam incertezas que podem ser decorrentes da

representação dos processos físicos ou mesmo da precisão utilizada nos

cálculos. Entre os métodos de avaliação escolhidos para análise feita neste

estudo estão o erro médio e a raiz quadrada do erro médio quadrático (EMQ).

As expressões destas medidas estão dadas na Tabela 3. O erro médio indica a

direção média dos desvios da previsão em relação às observações, enquanto

que o erro médio quadrático indica a magnitude do erro.

Tabela 3.3 - Expressões de grandezas estatísticas de medida dos erros

GRANDEZAS EQUAÇÃO ESPECIFICAÇÃO

ERRO MÉDIO )(1

1∑

=

−=N

iii Op

NEM

ERRO MÉDIO

QUADRATICO ∑=

−=N

iii OP

NEMQ

1

2)(1

Pi Previsão em cada ponto i

Oi Observação em cada ponto i

N Número total de pontos

Page 52: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

50

Page 53: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

51

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das análises neste estudo são referentes às simulações com o

modelo RegCM3, sobre um domínio que inclui toda a África Ocidental, para a

estação chuvosa (JJAS), referentes aos anos de 1978, 1983 e 1996, que

correspondem a anos normal, seco e chuvoso, respectivamente. Todas as

simulações foram iniciadas em 01 de maio e terminaram em 01 de outubro. O

mês de maio foi retirado de análise para excluir os efeitos de condições iniciais

e de contorno. Antes de analisar os efeitos dos aerossóis na dinâmica da

monção africana será apresentada uma breve avaliação da climatologia e o

desempenho do modelo. Esta avaliação é feita através dos experimentos de

controle (CONT1/CONT2), para os quais os aerossóis não interagem com o

balanço radiativo.

4.1 Climatologia básica do modelo

Esta seção mostra a climatologia do domínio integrado, para ilustrar a

capacidade do modelo em reproduzir alguns parâmetros meteorológicos

considerados neste estudo. Para isso, os dados de re-análises do ECMWF

foram integrados para a grade do modelo e comparados com as saídas do

mesmo. A Figura 4.1 e 4.2 mostram a climatologia de temperatura observada e

simulada, para os anos de 1978 e 1983, respectivamente.Como se nota, o

modelo mostra valores da temperatura inferiores aos observados a partir do sul

da faixa longitudinal de aproximadamente 17oN. A Figura 4.3 mostra a

diferença entre a média anual da temperatura simulada e a observada para o

ano normal e seco, variando de 0o a -8oC sobre esta área da temperatura

subestimada pelo modelo. A faixa longitudinal de 17oN parece dividir a massa

do ar marítimo úmido advectado do Atlântico e o ar seco do Saara, e se

desloca acompanhando a posição da ZCIT. Os valores subestimados da

temperatura em relação à observação foram observados nos trabalhos prévios

de aplicação do modelo (AFIESIMAMA et al., 2006; KONARE et al., 2008) e

têm sido atribuídos a uma excessiva advecção vertical da energia estática

úmida pelo esquema de convecção de Grell. Para a área desértica o modelo

mostra valores superestimados em relação à temperatura observada, sendo

Page 54: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

52

que o ano seco apresenta maior diferença (Figura 4.3, gráficos da parte

inferior). Este erro sistemático está ligado à tendência do modelo em

superestimar o gradiente meridional da temperatura em baixos níveis

(KONARE et al., 2008).

Com respeito à variação sazonal o modelo reproduziu bem a variação da

temperatura em relação à observação. O inicio da estação chuvosa apresenta

valores mais elevados da temperatura, diminuindo até atingir os valores

inferiores no mês de setembro, que corresponde ao fim de estação chuvosa

(Figuras 4.1 e 4.2). No entanto, a Figura 4.4 mostra o mês de junho do ano

seco com valores mais elevados em relação ao mês de julho, discordando dos

os dados de observação para o mesmo ano. O inverso foi observado para o

ano normal (1996), para o qual o mês de julho foi o mais quente em relação à

simulação. Na escala interanual o modelo reproduziu bem a variação da

temperatura, com o ano seco apresentando valores mais altos de 38oC,

enquanto que a temperatura do ano chuvoso não ultrapassa 36oC (Figura 4.3).

Para avaliar o comportamento do modelo relativamente às áreas, nas quais o

modelo subestimou e superestimou os valores da temperatura observada, foi

feita uma média entre a latitude 17oN-35oN sobre a longitude fixada entre 15oW

e 20oE (Figura 4.5), e entre 5oN a 17oN para a mesma longitude (Figura 4.6). A

maior diferença entre a temperatura simulada e a re-analise foi observada

entre a longitude 15oW e 12oW, uma área de mistura entre o continente e a

superfície do oceano. Essa área pode estar sob efeito da influencia da forte

variação da temperatura entre o continente e o oceano. Outra área de

anomalia ligada supostamente à topografia do domínio (existência de

montanhas entre 15oN a 25oN, Figura 3.1) foi observada entre 9oE a 20oE.

Para além destas anomalias só o ano seco mostrou um afastamento

acentuado sobre o deserto de Saara.

Já, para a Figura 4.6, representando a área onde os valores da temperatura

foram subestimados, a temperatura simulada segue a variação da observação.

Contudo, a diferença entre as duas temperaturas é mais acentuada sobre o

Page 55: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

53

Saara. Em relação às observações sobre o Sahel, houve pouca diferença entre

o modelo e a observação, exceto nas áreas entre 9oE a 20oE. Nos dois casos,

essas áreas de maior diferença entre o modelo e a observação são áreas onde

a rede de observação é menos regular devido à existência de zonas

montanhosas (AFIESIMAMA et al., 2006; e KONARE et al., 2008).

Page 56: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

54

Figura 4.1 - Temperatura do ar (em oC) representada através de médias mensais do

ano de 1978, considerado ano chuvoso.

Page 57: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

55

Figura 4.2 - Idêntico à Figura 4.1, mas para o ano de 1983, considerado ano seco.

Page 58: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

56

Figura 4.3 - Temperatura média anual do ano chuvoso (1978) e do ano seco

(1983) (gráficos de cima) e a diferença entre a média anual

simulada e a observada para os dois anos (gráficos de baixo).

Unidade, °C.

Page 59: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

57

Figura 4.4 - Média mensal da temperatura (em oC) simulada e observada.

Page 60: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

58

Figura 4.5 – Comparação entre a temperatura (em oC) simulada e observada sobre o

Saara, através da média entre 17oN e 35oN, ao longo da longitude 15oW a

20oE. A figura mostra como varia o erro sistemático do modelo, causado

pela superestimação da temperatura na superfície.

Page 61: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

59

Figura 4.6 – Comparação da temperatura (em oC) simulada e observada sobre o

Sahel, através da média entre 5oN e 15oN, ao longo da longitude 15oW a

20oE. A figura mostra como varia o erro sistemático do modelo, causado

por excesso de transporte da energia estática úmida pelo esquema de

Grell.

Em relação à precipitação, a comparação entre a observação e a simulação

(Figura 4.7 para o ano chuvoso, Figura 4.8 para o ano seco) mostra que o

excesso de transporte da energia estática úmida observado ao sul de 17oN,

devido ao erro sistemático do esquema de Grell, influenciou substancialmente

no padrão da precipitação do modelo. Para todos os anos, de junho a

setembro observa-se claramente que os valores da precipitação foram

superestimados para quase toda a região sul de 17oN, variando de 0 a 5

mm/dia, com a exceção de zonas costeiras onde ocorreram valores

subestimados. O padrão de precipitação parece acompanhar a configuração

do ar úmido advectado do Atlântico para norte do Sahel.

Page 62: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

60

Sazonalmente, observa-se, para todos os anos, uma nítida variação meridional

da precipitação acompanhando o deslocamento da ZCIT, a qual atinge a

posição mais ao norte geralmente em agosto, correspondente ao mês de maior

volume de precipitação na África Ocidental. Contudo, na Figura 4.10 se

observa uma tendência do modelo em atingir a precipitação máxima em

setembro, divergindo dos dados de re-analise. A maior discrepância foi

observada em relação à máxima do mês de julho de 1978. Esta anomalia

parece estar ligada ao fato de o modelo não conseguir acompanhar uma

variação rápida da precipitação. Em relação à variação interanual, o modelo

reproduziu razoavelmente a variação da precipitação. No entanto, foi

observada uma grande diferença entre a simulação e a observação durante o

ano seco (1983) em relação a 1978 e 1996, ano chuvoso e normal

respectivamente (Figura 4.10). A comparação do ano chuvoso e ano seco

(Figura 4.9) revela uma maior diferença entre a média anual da precipitação

simulada e a média observada.

Page 63: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

61

Figura 4.7 - Precipitação média mensal simulada e observada para o ano chuvoso (em

mm/dia).

Page 64: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

62

Figura 4.8 - Idêntico à Figura 4.7, mas para o ano de 1983, considerado ano seco.

Page 65: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

63

Figura 4.9 - Precipitação média anual (em mm/dia) do ano chuvoso e ano seco,

representada na parte superior da figura, e a diferença dessa média

com a observada durante os dois anos (chuvoso e seco) (parte

inferior da figura).

Page 66: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

64

Figura 4.10 - Média mensal da precipitação (mm/dia) simulada e observada. O ano

chuvoso (1978) é representado pelas cores preta (simulação) e azul

(observação), as cores vermelha e verde clara representam a

simulação e observação, respectivamente, para o ano seco (1983) e

para o ano normal (1996) a cor verde corresponde à simulação e a cor

castanha a observação.

A estrutura da MA, caracterizada pelo fluxo da monção dominado pelo vento

de sudoeste e o fluxo do Harmattan dominado pelo vento de nordeste, está

representada através de médias anuais do vento em 925 hPa (Figura 4.11).

Na escala espaço-temporal, as duas massas do ar foram bem simuladas pelo

modelo em comparação com os dados da observação. Contudo, observa-se

que o modelo superestima a velocidade, assim como a magnitude do vento da

monção para todos os anos. Os valores mais altos da velocidade e da

magnitude do vento podem ser a causa do excesso de transporte da umidade

pelo esquema de Grell. Sobre este erro sistemático, Todd et al. (2008b)

testaram a sensibilidade de vento de baixos níveis e vento próximo à superfície

considerando a região de Bodélé no norte do Chade utilizando o modelo MM5.

Page 67: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

65

Neste estudo, observaram que o vento simulado é mais sensível à escolha do

esquema PBL (Planetary boundery-layer) e a resolução vertical. Baseado

nesta lógica, Konare et al. (2008) concluíram que este erro sistemático do

modelo RegCM3 resulta em parte da limitação do esquema e da resolução

vertical. No entanto, não foi observada uma diferença relativamente ao

posicionamento da ZCIT entre a simulação e a observação, como foi notado no

trabalho de Konare et al. (2008). Anualmente os fluxos de sudoeste, assim

como os de nordeste, são mais ativos durante o ano chuvoso relativamente ao

ano seco (Figura 4.11).

Outras estruturas do vento imergidas dos lados da MA são os jatos de leste

Africano (JLA) e o jato de leste tropical (JLT). A Figura 4.12 apresenta a

configuração do JLA mostrando o seu núcleo principal centrado na África

Ocidental (entre 15oN a 20oN), estendendo em direção leste. Nota-se que o

modelo reproduziu bem a posição do JLA em relação aos dados observados.

Contudo, o modelo apresenta a configuração do núcleo menos ativa. A

diferença entre a simulação e a observação é mais visível no padrão do ano

seco, com o núcleo quase desconfigurado sobre o continente. A variação

interanual mostra o jato de leste africano mais intenso durante o ano chuvoso

em relação ao ano seco, tanto para a simulação como para a observação.

O jato de leste tropical (JLT), na alta troposfera, deve a sua existência à

diferença de temperatura entre o Platôt de Tibet e o Oceano Índico. A

configuração do JLT é representada através do vento médio em 200 hPa,

localizado entre -5oS a 20oN e atravessando longitudinalmente todo o

continente Africano. A Figura 4.13 mostra o seu núcleo sobre o Oceano Indico,

estendendo-se zonalmente em direção a oeste e meridionalmente entre -5oS e

20oN. Contrário ao JLA, o núcleo do JLT apresenta valores simulados de

magnitude e velocidade do vento, superiores aos da observação. Na escala

interanual, a configuração do JLT é mais ativa durante o ano chuvoso em

ralação ao ano seco.

Page 68: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

66

Figura 4.11 Vento médio em 925 hPa (em m/s) mostrando o fluxo da monção e do

Harmattan e a ZCIT.

Page 69: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

67

Figura 4.12 - Vento médio em 700 hPa (m/s) representando o Jato de Leste Africano

(JLA). Na parte superior está representada a simulação e na parte

inferior a observação.

Page 70: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

68

Figura 4.13 - Média anual do vento em 200 hPa (em m/s), representando a

configuração do Jato de Leste Tropical (JLT). A simulação é

representada pelos gráficos de cima e a observação pelos gráficos da

parte inferior.

4.2 Avaliação estatística do desempenho de modelo

Para uma avaliação adicional da habilidade do modelo em representar os

parâmetros considerados neste trabalho foram calculados o erro médio e erro

médio quadrático, representados na Figura 4.14. O erro médio indica a direção

média dos desvios da previsão em relação às observações enquanto o erro

médio quadrático indica a magnitude do erro da previsão em relação à

observação. A Figura 4.14 mostra anomalias da temperatura para o ano de

1978 com erros da previsão variando de -4oC a 4oC e as linhas de contornos

seguindo o mesmo padrão do erro médio, com valores variando também de -

4oC a 4oC. A maior variação é observada para o ano de 1983, que corresponde

ao ano seco, com valores variando de -6oC a 6oC. Essa anomalia para o ano

Page 71: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

69

seco é consistente com a diferença da temperatura média anual entre a

simulação e observação mostrada na Figura 4.3, na qual o ano seco apresenta

maior diferença. Adicionalmente, o ano seco apresenta valores de temperatura

superiores em relação ao ano chuvoso e normal (ver Figura 4.4), portanto, o

modelo parece não conseguir acompanhar a variação anual da temperatura

extrema.

Para a precipitação o desvio da previsão em relação à observação é pouco

significativo sobre a África Ocidental, com anomalias positivas variando de 0 a

2 (mm/dia), e anomalias negativas mais significativas sobre a costa da Guinè e

sobre Camarões e a Nigéria, com valores variando de -1 a -6 (mm/dia). Estas

anomalias negativas são supostamente ligadas à topografia dessas áreas que

apresentam zonas montanhosas. O ano seco (1983) apresenta maiores

anomalias positivas com valores até 5 (mm/dia), e menores anomalias

negativas sobre as áreas montanhosas supracitadas. A influência das zonas

montanhosas nos resultados deve-se à falta da regularidade da rede de

observações na área.

Em resumo, a climatologia dos principais elementos meteorológicos analisados

neste estudo foi bem reproduzida pelo modelo. Contudo, foi observada a

presença de alguns viés, sobretudo relativamente aos valores da temperatura

e da precipitação. As condições sinóticas reproduzidas pelo modelo são

condições básicas necessárias para o processo de emissão dos aerossóis na

atmosfera. O parâmetro meteorológico mais sensível à emissão de poeira é o

vento (MENUT, 2008). No item a seguir será apresentada a climatologia dos

aerossóis do modelo.

Page 72: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

70

Figura 4.14 - Erro Médio e Erro Médio Quadrático. Os valores negativos mostram as

anomalias negativas e os valores positivos as anomalias positivas. As

linhas de contornos representam o erro médio quadrático.

4.3 Climatologia dos aerossóis

Os erros na avaliação da velocidade do vento ligados a simulação do modelo

podem ter incidência sobre os valores da espessura ótica dos aerossóis (EOA).

Esses erros podem aumentar as incertezas relativamente à comparação

desses valores com os dados de satélite Nimbus-7/TOMS provenientes do

sistema de processamento de ozono (OPT em inglês) da NASA. A espessura

ótica dos aerossóis é simulada no intervalo do visível entre 350-540nm e os

dados de TOMS monitorados na banda de 380nm.

Relativamente aos anos escolhidos neste estudo (1978, 1983 e 1996), o ano

de 1983 é o único cuja cobertura de dados de satélite é completa para o

Page 73: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

71

período de junho a setembro (os dados de Nimbus-7 cobrem período de

novembro de 1978 a 1993). Por esse motivo, a comparação foi feita somente

para o ano de 1983. No período chuvoso sobre a África Ocidental observa-se

uma fraca prática de queima de biomassa (LIOUSSE et al., 1996), portanto a

espessura ótica dos aerossóis durante este período é dominada pela

contribuição de poeira. Devido a este fato, só se observa a EOA sobre áreas

fontes da emissão de poeira na África Ocidental para o EXP1, em que foram

incluídos o sulfato e o carbono, além da poeira. Na Figura 4.15 está

representada a configuração da espessura ótica de dados de TOMS,

mostrando uma cobertura mais intensa da carga dos aerossóis entre 8oN a

25oN, correspondente à área em que se observa maior emissão de poeira na

África Ocidental. Nessa região se destacam as duas maiores fontes de

emissão, uma localizada entre o Mali e a Mauritânia (centrada entre 17oN e

12oW), cuja configuração se observa com maior nitidez durante o mês de

junho, e outra entre Niger e a região de Bodelé no Chade (entre 15oN e 18oE),

apresentando uma configuração mais ativa durante junho e julho. O modelo

reproduziu espacialmente bem estes dois máximos, assim como a

configuração geral da EOA tanto para o ano seco (Figura 4.16) como para o

ano chuvoso (Figura 4.7). Todavia, em comparação com os dados de TOMS, o

modelo mostrou valores superestimados sobre a África Ocidental, com maior

amplitude sobre as duas fontes de emissão. No entanto, analisando o perfil

vertical sobre estas áreas, uma quantidade substancial de poeira se localiza na

camada mais baixa da atmosfera (inferior a 1km), difícil de ser monitorada pelo

satélite (ZAKEY et al., 2006; KONARE et al., 2008), a qual pode causar a

subestimação dos dados de TOMS. Os gráficos do albedo de espalhamento

simples (Figura 4.18) apresentam consistência com a espessura ótica dos

aerossóis, mostrando as áreas de maior espessura ótica dos aerossóis

coincidindo com as de maior espalhamento da radiação da onda curta.

Na escala sazonal o modelo reproduziu bem a variação da EOA, que atinge

valores superiores e extensões maiores sobre as áreas fontes de emissão

durante os meses de julho e agosto de cada ano. Na escala de variação

interanual, a EOA do ano chuvoso (Figura 4.17) é menor em relação ao ano

Page 74: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

72

seco (Figura 4.16), como era de esperar. Comparando os dois experimentos

(EXP1 e EXP2, Figura 4.19), observa-se que, para os anos chuvoso (1978) e

normal (1996), o EXP2 apresenta valores superiores em relação ao EXP1,

enquanto que para o ano seco (1983) foi observado o contrário. Foi observada

uma anomalia entre o ano chuvoso e o ano seco, em que o EXP2 mostra

valores máximos da EOA do ano seco inferiores em relação ao ano chuvoso, o

que não foi notado no EXP1. No entanto, o efeito de primeira ordem da poeira

é o esfriamento do sistema superfície e atmosfera (KONARE et al., 2008), com

repercussões sobre a diminuição do fluxo de calor para a atmosfera e

conseqüentemente na diminuição da precipitação. Levando em conta este fato,

o EXP1 estaria mais próximo da realidade, porque o ano úmido teria menos

carga da EOA em relação ao ano seco (Figura 4.19).

Figura 4.15 - Espessura ótica dos aerossóis (EOA)-Nimbus-7/TOMS.

Page 75: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

73

Figura 4.16 - Espessura ótica dos aerossóis simulada e observada para 1983.

Page 76: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

74

Figura 4.17 - Espessura ótica dos aerossóis simulada para 1978.

Page 77: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

75

Figura 4.18 – Albedo de espalhamento simples (AES), para o ano chuvoso e seco.

Page 78: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

76

Figura 4.19 - Comparação da espessura ótica dos aerossóis entre os anos simulados

e entre os dois experimentos, através da média mensal.

A circulação de escala planetária é responsável pelo transporte de poeira a

distancias que podem atingir milhares de km em torno do globo (Swap et al.,

1992). O impacto sobre o clima e ecossistemas remotos depende de fluxo de

massa e propriedades óticas e físicas das regiões emissoras dessas partículas

(LIAO e SEINFELD, 1998). Neste estudo foi avaliado o fluxo de massa de

poeira estimado pelo RegCM3 através da seção transversal meridional e zonal

(Figura 4.20 para o ano de 1978 e Figura 4.21 para o ano 1983). A massa de

poeira transportada em direção sul foi determinada através da componente

meridional sobre a latitude 15oN (média entre 15oW a 15oE). Essa massa

transportada pode influenciar no ecossistema da África Ocidental e zonas

equatoriais. No inverno a poeira pode atingir áreas mais distantes como a

Bacia de Amazônia (SWAP et al., 1992; KAUFMAN et al., 2005). O fluxo em

direção a oeste é determinado através da componente zonal fixada entre 35oW

a 35oE (média entre a latitude 5oN a 25oN). Nesta trajetória, a poeira é

Page 79: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

77

transportada da costa oeste africana e depositada no Oceano Atlântico e Ilhas

de Cabo Verde, podendo atingir o continente americano, como as áreas de

Caribe (OTT et al., 1991). A deposição da poeira da África Ocidental é

considerada uma importante fonte de nutrientes, podendo alterar o ciclo

bioquímico de ecossistemas oceânicos e terrestres, tal como no norte do

Oceano Atlântico (TALBOT et al., 1986). Nos gráficos do perfil vertical zonal

(Figura 4.20 e Figura 4.21) observam-se dois núcleos de concentração da

carga de poeira que coincidem com as áreas das duas fontes de emissão

observadas na estrutura da espessura ótica (Figura 4.16 e Figura 4.17). O

perfil vertical evidencia as características do ar do Saara, com forte movimento

vertical carregando a poeira até aos níveis da troposfera média e superior. Nos

níveis mais elevados pode se observar o predomínio do fluxo horizontal sobre

a componente vertical, com forte velocidade do vento. Essa componente

horizontal foi identificada, por exemplo, por Carlson e Prospero (1972),

Karyampudi e Carlson (1988) e Konare et al. (2008). Este perfil mostra um forte

transporte vertical e indica que uma quantidade substancial da carga de poeira

atinge a alta troposfera, onde é transportada pelos fortes ventos de leste.

Resumindo, o modelo foi muito bem sucedido na simulação de condições

sinóticas que levam a evolução temporal e espacial da carga de poeira. A

dispersão, devido aos ventos fortes de superfície e transporte vertical, levou

uma quantidade substancial de poeira nos níveis mais elevados de regiões

fontes para áreas distantes.

Page 80: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

78

Figura 4.20 - Seção transversal zonal e meridional dos aerossóis em (kg/kg), 1978.

Page 81: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

79

Figura 4.21 - Seção transversal zonal e meridional dos aerossóis em (kg/kg), 1983.

4.4 Impacto da Forçante Radiativa dos aerossóis 4.4.1 Impacto na Temperatura

Um importante parâmetro para descrever o efeito da presença dos aerossóis

na atmosfera é o albedo de espalhamento simples (AES), que determina o

grau da difusão das partículas dos aerossóis. A Figura 4.18 mostra os valores

de AES entre 0,2 a 1,6 e a Figura 4.22 mostra valores negativos de TDA entre

-35 a 0 W/m2, significando um esfriamento geral do sistema

superfície/atmosfera induzido pela carga dos aerossóis e o albedo de

espalhamento simples. O albedo da superfície do mar é relativamente baixo,

por isso os valores da forçante radiativa de TDA são mais efetivos sobre o

leste do Oceano Atlântico Norte e alcançam valores de -35 W/m2, com uma

espessura ótica de 1,4 sobre a área da costa de Mauritânia. Esses valores de

forçante radiativa são consistentes com os valores obtidos por Konare et al.

Page 82: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

80

(2008), que obtiveram valores de forçante de topo de atmosfera de -30 W/m2,

com uma espessura ótica de 1. Neste estudo foi utilizada uma grade de 50 km

enquanto que Konare et al. (2008) utilizaram uma grade de 60 km. Isso pode

ser a causa da diferença observada entre os valores da forçante radiativa.

Também Li et al. (2004) observaram os valores variando de -32 a -38 W/m2 por

unidade de espessura ótica sobre esta mesma área, para o período de JJA,

baseando na observação de satélite sobre o Oceano Atlântico. Mais para o

interior do continente, sobre a superfície coberta pelo deserto de Saara, com o

solo brilhante, o albedo é mais elevado, e consequentemente, a magnitude da

forçante radiativa é fortemente reduzida.

A forçante radiativa na superfície Figura 4.23 atinge os valores de -70 W/m2

sobre as áreas fontes da emissão de poeira. Localmente, os valores de

máxima forçante radiativa são maiores que os valores simulados pelo modelo

GCM (TDA=-25 W/m2), principalmente devido à alta resolução utilizado neste

estudo. No entanto, para a região inteira a média das forçantes radiativas é

consistente com os recentes estudos de (MILLER et al., 2004; YOSHIOKA et

al., 2007; KONARE et al., 2008). Os valores da FRS determinam o quanto

superfície é esfriada sob efeito dos aerossóis.

A diferença entre TDA e SRF (ATM) determina o aquecimento da atmosfera

induzido pelos aerossóis. A Figura 4.4 mostra valores positivos desta

diferença, indicando o aquecimento da atmosfera devido à existência de

partículas absorventes na componente do aerossol atmosférico. Os valores de

ATM são mais intensos durante o ano seco, sobretudo para o mês de julho e

agosto, o que leva a supor que este efeito de aquecimento pode ter

repercussões sobre a progressão do resfriamento adiabático, inibindo a

formação dos sistemas convectivos, e como resultado o padrão da precipitação

é afetado. A fraca estrutura do Jato de Leste Africano, cujo núcleo está quase

desconfigurado durante o ano seco (Figura 4.12), pode ser causada por este

efeito de forçante radiativa na atmosfera, e como conseqüência, a seca

observada durante o ano de 1983. Contudo, a influência deste termo de

aquecimento sobre a temperatura do sistema terra/atmosfera é inferior

Page 83: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

81

comparado com o efeito do termo de esfriamento da forçante radiativa no topo

de atmosfera (TDA).

A variação na escala sazonal mostra os meses de junho e setembro com

valores menos intensos de TDA, FRS e ATM, correspondendo ao período em

que os ventos de baixos níveis e o fluxo da monção são menos intensos.

Portanto, a emissão da poeira é menos intensa. Contrariamente aos meses de

julho e agosto, os padrões do vento já se encontram bem ativos e os valores

das forçantes radiativas atingem valores máximos. Na escala interanual, como

era de se esperar, o ano seco apresenta valores mais elevados tanto para

TDA, quanto para FRS, assim como para ATM.

Page 84: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

82

Figura 4.22 - Forçante radiativa no topo da atmosfera (TDA), em W/m2.

Page 85: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

83

Figura 4.23 - Forçante radiativa na superfície (FRS), em W/m2.

Page 86: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

84

Figura 4.24 – Forçante radiativa na atmosfera (ATM) em W/m2.

Page 87: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

85

O efeito dos aerossóis sobre a temperatura na superfície e na atmosfera foi

avaliado através da diferença entre a simulação com interação de aerossóis

(EXP1/EXP2) e sem interação (CONT1/CONT2). Na Figura 4.25 para o ano

chuvoso e Figura 4.26 para o ano seco, observa-se a variação da temperatura

na superfície sobre todo o domínio devido ao efeito dos aerossóis, causando

um esfriamento quase generalizado sobre todo o domínio. Para o ano chuvoso,

no entanto, e para o EXP1, o efeito dos aerossóis na temperatura é dominado

pelo aquecimento da superfície, supondo a contribuição do aerossol

antropogênico no aumento da concentração de partículas absorventes, o que

não foi observado com a simulação considerando só a poeira. As áreas com

máximo resfriamento coincidem com as áreas de maior carga de poeira,

alcançando valores de -1.8oC. Este esfriamento se deve a redução da radiação

da onda curta que atinge a superfície. Sobre o oceano não se observou um

resfriamento substancial para além do verificado devido à forçante do topo de

atmosfera (Figura 4.22) Segundo Konare et al. (2008), isto se deve ao fato de

que as temperaturas da superfície do mar (TSM) serem incluídas na simulação

e não reagirem na redução da radiação incidente. Comparando os dois anos

(chuvoso e seco), o esfriamento da superfície foi mais intenso durante o ano

seco. Porém, o modelo parece não acompanhar bem a variação do efeito de

poeira (EXP2) entre o ano seco e chuvoso, como no caso onde a poeira é

simulada juntamente com os aerossóis antropogênicos.

Como foi mencionado, o JLA deve a sua existência principalmente ao elevado

gradiente de temperatura e umidade na baixa troposfera entre o deserto de

Saara e o Golfo da Guiné (BURPEE, 1972). Para ilustrar este gradiente de

temperatura numa estrutura tridimensional, foi calculada uma média entre

15oW a 15oE em cada camada de altitude variando de 1000 a 100 hPa. As

Figuras 4.27 e 4.28 mostram a variação da temperatura num perfil vertical

induzida pela carga dos aerossóis. Nestas figuras, pode se observar o

predomínio do esfriamento causado pelas partículas dos aerossóis na

atmosfera. Este esfriamento varia de 0oC a -1oC, predominando ao longo de

toda a estação chuvosa durante todos os anos. No entanto, a variação na

escala sazonal mostra aumento do gradiente, isto é, o aumento do fluxo de

Page 88: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

86

calor durante julho e agosto do ano seco, e junho e julho do ano normal. Na

escala interanual (Figura 4.31), a variação é dominada pela subsidência do ar

frio, com maior intensidade durante o ano chuvoso para o EXP1. Em

comparação com o EXP2 a subsidência do ar frio é menos intensa durante o

ano chuvoso em relação ao EXP1, sendo que para o ano seco e normal a

diferença é menos acentuada.

A intensa subsidência do ar frio que se observou nestas latitudes (15oN a 35oN)

corresponde à área de maiores valores da carga de poeira emitida para a

atmosfera, representada no perfil vertical zonal mostrado na Figura 4.23,

portanto onde o resfriamento devido ao espalhamento causado pelas

partículas de poeira no topo da atmosfera é maior. O esfriamento perto da

superfície é causado primeiramente pela forçante de TDA segundo Yashioka et

al. (2007) e Konare et al. (2008).

Page 89: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

87

Figura 4.25 – Efeito dos aerossóis na temperatura em ºC, para o ano chuvoso (1978).

Page 90: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

88

Figura 4.26 - Efeito dos aerossóis na temperatura em ºC, para o ano seco (1983)

Page 91: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

89

Figura 4.27 – Seção transversal ilustrando o gradiente da temperatura em ºC entre o Saara e o Golfo da Guiné.

Page 92: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

90

e o sul do Saara.

Figura 4.28 - Idêntico à Figura 4.27, mas para o ano 1983.

Page 93: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

91

4.4.2 Impacto na Circulação da Monção Oeste Africana

O impacto dos aerossóis na dinâmica da circulação monçônica é avaliado

através da diferença da componente do vento em 925 hPa entre os

experimentos EXP1/EXP2 e CONT1/CONT2. A circulação diferencial da

monção está representada na Figura 4.29, referente ao ano de 1978, e Figura

4.30 para o ano 1983, nas quais os valores positivos indicam a intensificação

da circulação devido ao efeito de aerossol, os valores negativos o

enfraquecimento e as setas a direção e a intensidade da circulação diferencial.

Na parte continental do domínio da monção, verifica-se claramente a tendência

de aerossol induzir uma circulação diferencial oposta ao fluxo de monção, com

conseqüente enfraquecimento da monção, enquanto que o fluxo do Harmattan

é reforçado. Contudo, não foi observado o deslocamento da ZCIT para o sul

como notado no recente trabalho de Konare et al. (2008). Na parte do oceano,

a circulação diferencial mostra a intensificação do fluxo da monção e como

resultado houve um aumento da precipitação quando o efeito de aerossóis é

considerado (Figura 4.37 e 4.38). Este aspecto foi observado no recente

trabalho de Konare et al. (2008). No entanto, isto não foi observado nos

estudos anteriores realizados com MCG, o que pode ser devido à baixa

resolução do MCG ou à diferença na parametrização do esquema dinâmico na

resposta à forçante radiativa da poeira. Comparando os dois experimentos

(EXP1 e EXP2), vê-se na Figura 4.29 que o EXP1 apresenta uma magnitude

positiva do vento do lado da monção indicando a sua intensificação, enquanto

que o EXP2 indica sinais de enfraquecimento. No entanto, para o ano chuvoso,

se esperaria a intensificação de monção, como simulado no EXP1. Para o ano

seco todos os experimentos mostram o sinal de enfraquecimento da monção,

mas o EXP1 mostra valores mais elevados. Isto reforça a idéia de que o

modelo não consegue acompanhar a variação do efeito de poeira entre um ano

chuvoso e um ano seco, como no caso de EXP1.

Page 94: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

92

Do lado do Harmattan, dominado pelos ventos de nordeste, o sinal de

intensificação é predominante para todos os anos, sendo mais intenso para o

EXP1. A intensificação da circulação de nordeste é resultante da circulação

diferencial anticiclônica, associada ao aumento da pressão ao nível do mar

sobre as regiões fonte de emissão de poeira do Saara e uma forte subsidência

devido ao efeito da poeira (KONARE et al. (2008). Nessas áreas, como se

pode notar nas Figuras 4.27 e 4.28, o sinal de enfraquecimento se deve

basicamente à redução da EEU entre o Golfo da Guiné e o Sul de Saara

(Eltahir, 1998), como conseqüência do esfriamento e redução de fluxo de

superfície sob efeito dos aerossóis sobre o Saara e norte de Sahel (Figuras

4.27 e 4.28). Este esfriamento causou maior estabilidade na troposfera e

aumento na subsidência sobre o norte do Sahel, tendendo a atuar como

bloqueio do fluxo da energia. Em comparação com os resultados do MCG,

nota-se que a resolução mais fina do modelo RegCM3 permite uma melhor

descrição dos sistemas de meso-escala e precipitação associada sobre a

região.

Page 95: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

93

Figura 4.29 - Efeito do aerossol na circulação monçônica, obtido através da diferença

do vento em m/s, em 925 hPa (EXP1-CONT1, 1978).

Page 96: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

94

Figura 4.30 – Idêntico à Figura 4.29, mas para o ano 1983.

Page 97: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

95

4.4.2.1 Impacto no Jato de Leste Africano e no Jato de Leste Tropical

Alguns estudos indicam que a poeira pode modificar a dinâmica do JLA, que

interage com ondas de leste africana associadas à linhas de instabilidade,

provocando chuvas sobre a África Ocidental (JONES et al., 2003; PAETH and

FEICHTER, 2007; YOSHIOKA et al., 2007). Contudo, o efeito de aerossóis na

dinâmica de atmosfera associado ao JLA está pouco documentado. O

impacto da poeira sobre o JLA e JLT, foi avaliada através da média de

circulação diferencial em 700 e em 200 hPa.

No caso do JLA, a forçante radiativa dos aerossóis provocou uma

intensificação e enfraquecimento de parte e de outro do núcleo do JLA (Figura

4.31 para 1978, e Figura 4.32 para o ano de 1983). Nestas figuras observa-se

que, para o ano chuvoso (1978) (Figura 4.31, EXP1), o sinal de

enfraquecimento predomina sobre a área de posicionamento do JLA e o

contrário se observa para o EXP2. Para o ano de 1983, correspondente ao

ano seco, o sinal é dominado pela a intensificação do JLA, com maior sinal

para o EXP1. O JLA é mantido pelo contraste entre o ar seco do Saara e o ar

úmido da monção. Nota-se a divisão do jato em dois ramos, um na posição

mais ao norte e outro mais ao sul da posição do JLT (ver a Figura 4.12). O

ramo norte ficou sempre intensificado, o que constitui uma das características

do JLA. Esta intensificação do ramo norte do núcleo do JLA não foi observada

nos estudos anteriores com MCG, o que pode estar ligado à baixa resolução

deste tipo de modelo. A análise da seção transversal meridional do vento

diferencial (Figura 4.35, para o ano de 1978, Figura 4.36 para 1983) mostra

que a intensificação da componente norte do JLT está associada com a forte

subsidência entre 15oN a 30oN. Esta subsidência está associada a um

fortalecimento da circulação anticiclônica ao norte de 25oN (sobre a Algeria),

gerada pelo efeito de resfriamento da troposfera devido à carga de poeira.

Resultados semelhantes foram observados no recente trabalho de Konare et

al. (2008).

Page 98: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

96

Figura 4.31 - Efeito dos aerossóis na circulação do JLA, representado através da

média mensal do vento em m/s (EXP1-CONT1) em 700 hPa.

Page 99: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

97

Figura 4.32 – Idêntico à Figura 4.31, mas para o ano 1983.

Page 100: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

98

Em relação ao JLT (Figuras 4.33, e 4.34), cujo posicionamento se observa

entre -5oS a 20oN, nota-se uma circulação diferencial dominada pela

intensificação do mesmo no EXP1, enquanto que no EXP2 os dois sinais são

observados em relação ao ano chuvoso (1978). Para o ano 1983,

correspondente ao ano seco, o enfraquecimento do jato é dominante tanto no

EXP1 no EXP2. Estes efeitos são também avaliados através da seção

transversal meridional do vento diferencial vertical (Figuras 4.35 e 4.36), onde

se observa o predomínio do fluxo de calor entre 5oN e 20oN no EXP1,

indicando a intensificação do JLT observado para o mesmo experimento da

Figura 4.33. Nos outros casos a subsidência do ar frio predomina sobre o

fluxo de calor, portanto o sinal de enfraquecimento é mais intenso. O aumento

da subsidência em alto nível, notório no ano seco (Figura 4.46), parece ser

resposta à forte subsidência induzida pela carga de poeira na baixa troposfera

e enfraquecimento geral do fluxo do calor da monção, como foi comentado

por Konare te al., (2008). Em estudos anteriores o enfraquecimento de JLT e

intensificação do JLA têm sido considerados uma das razões da diminuição

da precipitação sobre o Sahel (JANICOT, 1992; GRIST and NICHOLSON,

2001; NICHOLSON e GRIST, 2003).

A Figura 4.47 mostra o efeito de aerossol na precipitação no Sahel através da

diferença entre experimentos EXP1/EXP2 e CONT1/CONT2. Na Figura 4.47

se observa o predomínio do sinal da redução da precipitação sobre a África

Ocidental, com exceção a zona costeira mais para o interior do oceano onde

se observa um núcleo de aumento da precipitação devido ao efeito de

aerossol. Quando o efeito dos aerossóis é considerado na simulação a

diminuição da precipitação observada sobre o continente, na África Ocidental,

parece ser causada pela diminuição da energia estática úmida (EEU) devido

ao resfriamento induzido pela carga dos aerossóis na atmosfera. Entre os

dois experimentos a maior redução da precipitação ocorre no EXP1.

Este estudo mostra um feedback positivo em relação à forçante radiativa na

manutenção de período seco sobre África Ocidental, como foi constatado pelo

Yoshioka et al. (2007) e Konare et al. (2008). Em particular, os aerossóis

Page 101: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

99

antropogênicos incluídos no EXP1, mostraram impacto tanto na circulação da

monção e sistemas de meso-escala quanto na resposta de modelo na

variação sazonal e interanual da circulação atmosférica regional e o efeito

dessa circulação na precipitação.

Page 102: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

100

Figura 4.33 - Efeito de aerossol na circulação do JLT, representado através da média

mensal do vento em m/s, em 200 hPa.

Page 103: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

101

Figura 4.34 – Idêntico à Figura 4.33, mas para o ano 1983.

Page 104: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

102

Figura 4.35 - Corte transversal meridional do diferencial vento em m/s (EXP1-

CONT1), representado através da média entre 15°W a 15°E.

Page 105: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

103

Figura 4.36 – Idêntico à Figura 4.35, mas para o ano 1983.

Page 106: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

104

Figura 4.37 - Efeito de aerossóis na precipitação em mm/dia (EXP1-CONT1) para o

ano 1978.

Page 107: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

105

Figura 4.38 –Idêntico à Fig. 4.47, mas para 1983.

Page 108: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

106

Page 109: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

107

5 CONCLUSÔES

Neste estudo foi utilizado o modelo RegCM3 para investigar o efeito radiativo

de aerossóis antropogênicos e poeira, e seu impacto na dinâmica da monção

oeste africana e a conseqüente implicação na precipitação da região. O

modelo inclui um esquema interativo de poeira e aerossóis antropogênicos,

integrado para um domínio que inclui toda a África Ocidental. As simulações

foram integradas no tempo para um ano seco (1983), normal (1996) e

chuvoso (1978). Duas séries de experimentos de controle foram realizadas

para cada ano, uma com poeira, sulfato e carbono e outra só com a poeira.

Também, para o experimento considerando os efeitos dos aerossóis foram

realizadas igualmente duas séries de experimentos: a primeira (EXP1)

considera a poeira, sulfato e carbono e a segunda (EXP2) só a poeira.

Referente aos dois últimos casos de experimentos (EXP1 e EXP2), a média

da espessura ótica mostra uma estrutura espaço-temporal bem reproduzida

pelo modelo, comparada com os dados de satélite TOMS.

Os resultados mostraram que, sob o efeito dos aerossóis, a radiação que

atinge a superfície é reduzida assim como o fluxo da energia sobre o Saara e

a energia estática úmida ao sul do mesmo. Este efeito provoca a redução do

contraste entre a massa do ar continental e marítima, causando o

enfraquecimento da monção e conseqüente redução da precipitação

associada. A inclusão dos aerossóis antropogênicos juntamente com a poeira

(EXP1) mostrou os seguintes resultados comparados com o EXP2, em que foi

considerada somente a poeira:

• Foi constatado que para o ano seco a monção fica mais enfraquecida

com a inclusão do aerossol antropogênico na simulação (EXP1) do que

no experimento em foi considerado somente a poeira (EXP2). Para o

ano chuvoso o EXP1 mostra a intensificação da monção, enquanto que

no EXP2 a mesma foi enfraquecida.

Page 110: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

108

• Durante o ano chuvoso, sob o efeito de aerossol antropogênico e de

poeira (EXP1), O JLA fica enfraquecido enquanto que o JLT

intensificado. Para o EXP2 (onde é considerado somente o impacto da

poeira) o efeito sobre os dois jatos é contrário, isto é, a intensificação do

JLT e enfraquecimento do JLT, características consideradas como

anomalias dos dois sistemas durante um ano seco.

• Durante o ano seco, o JLA fica intensificado e o JLT enfraquecido sob o

efeito conjunto do aerossol antropogênico e poeira assim como sob o

efeito somente da poeira., sendo que o efeito nos dois jatos é maior no

primeiro caso.

• A redução da precipitação é mais significativa no EXP1, tanto para o

ano chuvoso quanto para o ano seco.

Com base nestes resultados e na climatologia da circulação regional pode se

concluir que o modelo acompanhou melhor a variação sazonal e interanual da

monção africana, assim como os sistemas embebidos na sua estrutura, com

os resultados do experimento EXP1. Estes resultados são relevantes, pois o

impacto desses aerossóis na precipitação da região é pouco conhecido,

devido à não existência de estudos neste sentido.

A reprodução das características similares às do ano chuvoso e as anomalias

ligadas ao ano seco mostraram que o efeito dos aerossóis sobre a

precipitação e a dinâmica da monção tem uma interação positiva relacionada

com a forçante radiativa de aerossóis na África Ocidental

A utilização do modelo regional fornece uma representação mais detalhada

dos processos de pequena escala e sistemas de meso-escala, por exemplo,

das fontes de distribuição de poeira e mecanismos de geração e resposta da

circulação monçônica ao efeito dos mesmos. A resolução do gradiente da

forçante radiativa entre o Saara e a região do Golfo da Guiné é também mais

refinada com o modelo regional. A alta resolução do modelo regional é

importante na determinação da magnitude da resposta da monção ao efeito

Page 111: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

109

radiativo dos aerossóis e permite uma melhor descrição de padrões de

precipitação no Sahel.

No geral, os resultados mostraram a sensibilidade do modelo face às

variações da circulação da monção africana e os sistemas embebidos na sua

estrutura, assim como o efeito dos aerossóis na

intensificação/enfraquecimento dessa circulação e a precipitação associada.

Para futuros trabalhos, recomenda-se: estudar separadamente o efeito de

cada um destes aerossóis (antropogênicos e poeira); avaliar o efeito indireto

dos aerossóis para determinar o impacto radiativo deste componente no

balanço radiativo e o seu efeito sobre a precipitação na África Ocidental;

avaliar o impacto dos aerossóis na radiação da onda longa, que contribui no

equilíbrio do balanço radiativo do sistema terra-atmosfera.

Page 112: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

110

Page 113: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

111

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFIESIMAMA, E. A.; PAL, J. S.; ABIDUN, B.J.; GUTOWSKI, W. J. Jr.; ADEDOYIN A. Simulation of West African monsoon using RegCM3. Part I: Model validation and interanual variability. Theor. Appl. Climatol., v. 86, n., p. 23-37 (2006), DOI: 10.1007/s00704-0050202-8.

ALBRECHT, B. Aerosol, cloud microphysics and fractional cloudiness. Science, v. 245, p. 1227-1230, 1989

ALFARO, S. C.; GOMES, L. Modeling mineral aerosols production by wind erosion: emission intensities and aerosol size distribution in source areas. J. Geophys. Res., v. 106, p. 18075-18084, 2001.

ANDREAE, M.O. Climatic effects of changing atmospheric aerosol levels. In HENDERSON-SELLERS A. (ed.). World survey of climatology - future climate of the world. v. 16. Amsterdam: Elsevier, 1995. p. 314-392, 1995.

AFRICAN MONSOON MULTIDISCIPLINARY ANALYSES (AMMA). La mousson Oueste Africaine et ses composantes, Niamey, 2002.

ANGSTROM, A. On the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), atmospheric transmission of sun radiation and on dust in the ai. Geograf. Ann. Deut., v. 11, p. 156-166, 1926.

ANGSTROM, A. Techniques of determining the turbidity of the atmosphere. Tellus, v. 13, p. 214-223, 1961.

ANGSTROM, A. The parameters of the atmospheric turbidity, Tellus, v. 16, n., p. 64-65, 1964.

ARTAXO, P.; OLIVEIRA P.H.; LARA L. L.; PAULIQUEVIS T. M.; RIZZO, L. V.; JUNIOR C. P.; PAIXÃO, M. A. Efeitos climáticos de partículas de aerossóis biogênicos e emitidos em queimadas na Amazônia. Revista Brasileira de Meteorologia, v.21, n.3a, 168-22, 2006. E-mail: [email protected].

BALL, R. J.; ROBINSON, G. P. The origin of haze in the United States and on solar radiation. Journal of Applied Meteorology, v. 21, p. 171-188, 1982.

BANTA, R. M.; PICHUGINA, Y. L.; BREWER, W. A. Turbulent velocity-varience profiles in the stable boundary layer generated by a nocturnal low-level jet. J. Atmos. Sci., v. 62, p. 2700-2719, 2006.

BLACKADAR, A. K. Boundary lower wind maxima and their significance for the growth of nocturnal inversions. Bull Amer. Meteor. Soc., v. 38, p. 283-290, 1957.

BOUCHER, O.; PHAM, M. SADOURNY, R. General circulation model simulations of the Indian summer monsoon with increasing levels of sulfate aerosols. Annals of Geophysical, v. 16, p. 346-352, 1998.

Page 114: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

112

BURPEE, R. W. The origin and structure of the easterly waves in the lower troposphere of North Africa. J. Atmos. Sci., v. 29, p. 77-90, 1972.

CHIN, M.; DIEHL, T. Regional and global aspects of aerosols in Western Africa: from air quality to climate; [email protected], 1-301-614-6007. AMMA’ Posters, p. 1.17, 2005.

CARLSON, T. N.; PROSPERO J. M. The large-scale movement of Saharan air outbreaks over the Northern Equatorial Atlantic. J. Appl. Meteorol., v.2, 283-297, doi: 10.1175/1520-0450(1972) 011<0283: TLSMOS>2.0.CO;2, 1972.

CHARLSON, R. J.; J. LANGNER; H. RODHE. Sulfate aerosol and climate. Nature, v. 348, n., p. 22, 1990.

CHARLSON, R. J.; LANGNER, J.; RODHE, H. et al. Perturbation of the northern hemispheric radiative balance by backscattering form anthropogenic sulfate aerosols. Tellus, v. 34A, p. 152-163, 1991.

CHARLSON, R. J.; SCHWARTZ, S. E.; HALES, J. M.; CESS, R. D.; COAKLEY, J. A.; HANSEN, J. E.; HOFMANN, D. J. Climate forcing by anthropogenic aerosols. Science, v. 255, p. 423-430, 1992.

DIEDHIOU, A.; JANICOT, S.; VILARD, A.; DE FELICE, P.; LAURENT, H. Easterly wave regimes and associated convection over West Africa and the tropical Atlantic: Results from the NCEP/NCAR and CEPMMT reanalysis. Climate Dynamics, v. 15, n., p. 795-8221999.

DIFFENBAUGH; KARMACHARYA, J.; KONARE, A.;. MARTINEZ, DA ROCHA, D; R. P.; SLOAN, L. C.; STEINER, A. Regional climate modeling for the developing World: the ICTP RegCM3 and RegCNET. Bulletin of the American Meteorological Society, v.88, p. 1395-1409, 2007.

DICKINSON, R. E.; HENDERSON-SELLERS, A.; J. KENNEDY, P. Biosphere-Atmosphere Transfer Scheme (BATS)-version 1E, as coupled to the NCAR Community Climate Model. Boulder, Colorado: NCAR, 1993. 72 p. (Tech. Rep. TN-387+STR)

DIEDHIOU, A.; JANICOT, S.; VILTARD, A.; DE FELICE, P.; LAURENT, H. Easterly wave regimes and associated convection over West Africa and tropical Atlantic: Results from the NCEP/NCAR and ECMWF reanalyses. Clim. Dyn., v. 15, n., p. 795– 822, doi:10.1007/s003820050316, 1999.

ELTAHIR, E. A. B.; GONG, C. Dynamics of wet and dry years in West Africa. J. Climate, v. 9, p. 1030-1042, 1996.

ELTAHIR, E. A. B. A soil moisture-rainfall feedback mechanism: 1. Theory and observations. Water Ressur Res., v. 34, n. 4, p. 765-776, doi:10.1029/97WR03499, 1998.

Page 115: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

113

ENGELSTAEDTER, S.; TEGAN, I.; WASINGTON, R. Introduction to spatial section. Outstanding problems in quatifying the radiative impacts of mineral dust. Journal of Geopysical Research- [Atmospheres], v.106, n. D16, p. 015-18, 027, 2006.

ENGELSTAEDTER, S.; WASHINGTON, R. Atmospheric control on the annual cycle of North African dust. Journal of Geophysical Research- [Atmospheres], v. 112(D3), 2007.

FERNANDEZ, J. P. R.; FRANCHITO, S. H.; RAO, V .B. Simulation of the summer circulation over South America by two climate models. Part I: Mean climatology. Theor. Appl. Climatol., 2006-a. In press

FERNANDEZ, J. P. R.; FRANCHITO, S. H.; RAO, V .B. Simulation of the summer circulation over South America by two climate models. Part II: A comparison between 1997/1998 El Nino and 1998/1999 La Nina events. Theor. Appl. Climatol., 2006-b. In press.

FONTAINE, B.; MORON, V. Rainfall anomaly patterns and wind field signals over West Africa in August (1958-1989). J. Climate, v. 8, p. 1503-1510, 1995.

FONTAINE, B.; JANICOT S. Wind-field coherence and its variations over West African. J. Climate, v. 5, p. 521-523, 1992.

FONTAINE, B.; MORON, V. Rainfall anomaly patterns and wind field signals over West Africa in August (1958-1989). J. Climate, v. 8, p. 1503-1510, 1995.

FRITSCH. J. M.; CHAPELL C. F. Numerical prediction of convectively driven mesoscale pressure systems. Part 1: Convective parameterization. J. Atmos Sci, v. 37, p. 1722-1733, 1980.

GIORGI, F.; SHIELDS, C. Test of precipitation parameterizations in latest version of NCAR regional climate model (RegCM) over continental Unites States. J. Geophys. Res., v. 104, p. 6353-6375, 1999.

GIORGI, F.; BATES, G. T. The climatological skill of a regional climate model over complex terrain. Mon. Wea. Rev., v. 117, p. 2325-2347, 1989.

GIORG, F.; CHAMEIDES, W. L. Rainout lifetimes of highly soluble aerosols and gases as inferred from simulation with a general circulation model. J. Geophys. Res., v. 91, p. 14367-14376, 1986.

GALLÉE, H.; MOUFOUMA-OKIA, W.; BECHTOLD, P.; BRASSEUR, O.; DUPAYS, I.; MARBAIX, P.; MESSAGER, C.; RAMEL, R.; LEBEL, T. A high-resolution simulation of a West African rainy season using a regional climate model. J. Geophys, Res., v. 109, p. D05108, doi: 10.1029/2003JD004020, 2004.

GRELL, G. A.; DUDHIA, J.; STAUFFER, D. R. A description of the fifth generation penn states-NCAR Mesoscale Model (MMM5). Boulder,

Page 116: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

114

Colorado: National Center for Atmospheric Research, 122, 1994. NCAR Tech. Note NCAR/TN-398+STR.

GRELL, G. A. Prognostic evaluation of assumptions used by cumulus parameterizations. Mon. Weather Rev., v. 121, p. 764-787, 1993.

GRIST, J. P.; NICHOLSON, S. E. A study of the dynamic factors influencing the interannual variability of rainfall in the West African Sahel. J. Clim., v. 14, p. 1337-1359, dói: 10.1175/1520-0442(2001) 014<1337: ASOTDF>2.0.CO;2, 2001.

GRAF; HANS, F. The complex interaction of aerosols and clouds. Science, v. 303, p. 1309-1311, 2004.

HAYWOOD, J.; BOUCHER, O. Estimates of the direct and indirect radiative forcing due to tropospheric aerosols: a review. Reviews of Geophysics, v. 38, n. 4, p. 513–543, 2000.

HAYWOOD, J.; FRANCIS, P.; OSBORNE, S.; GLEW, M.; LOEB, N.; HIGHWOOD, E.; TANRE, D.; MYHRE, G.; FORMENTI, P.; HIRST E. Radiative proprieties and direct radiative effect of Saharan dust measured by the C-130 aircraft during SHADE: 1. Solar spectrum. Joornal of Geophysical Research-Atmospheres, v. 108(D18), 2003.

HARRISON, S. P.; KOHFELD, K. E.; ROELANDT, C.; CLAQUIN, T. The role of dust in climate changes today, at the last glacial maximum and in the future. Earth-Science Reviews, v. 54, n.1-3, p. 43-80, 2001.

HANSEN, J. E.; SATO, M.; RUEDY, R.. Radiative forcing and climate response. Jurnal of Geophysical Research, v. 102, n., p. 6831-6864, 1997.

HOLSTLAG, A. A. M.; DE BRUIJIN, E. I. F.; PAN; H. L. A high resolution air mass transformation model for short-range weather forecasting. Monthly Weather Review, v. 118, p. 1561-1575, 1990.

HOLTON, J. R. The diurnal boundary layer wind oscillation above sloping terrain. Tellus, v. 19, p. 199-205, 1967.

HULME, M.; DOHERTY, R.; NGARA, T.; NEW, M.; LISTER, D.; African climate change: 1900-2100. Climate Research, v. 17, n. 2, p. 145-168, 2001.

HUANG, Y. Assessments of the direct and indirect effects of anthropogenic aerosols on regional precipitation over East Asia using coupled regional climate-chemistry-aerosol model. Thesis for the degree Doctor of Philosophy in the Earth and Atmospheric Sciences. Georgia Institute of Technology, 2005.

HUSAR, R. B.; HOLLOWAY, J. M.; PATTERSON, D. E. Spatial and temporal pattern of eastern U.S. haziness: A summary. Atmospheric Environment, v. 34, p. 5067-5078, 1981.

Page 117: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

115

HUSAR, R. B.; HUSAR, J. D.; MARTIN, L. Distribution of continental surface aerosol extinction based on visual range data. Atmospheric Environment, v. 34, p. 5067-5078, 2000.

ABDUS SALAM INTERNATIONAL CENTRE FOR THEORETICAL PHYSICS (ICTP); Conference on African drought: obsevations, modeling, predictibility, impacts, Miramare-Trieste, Italy, 2008.

INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (IPCC). Mudança no clima 2007: a base das ciências físicas. Disponível em: http://www.natbrasil.org.br/Docs/ipcc_2007.pdf.

INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (IPCC). Climate change 2001: the scientific basis. J. T HOUGHTON, Y. DING, D. J. Third Assessment Report

INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (IPCC). Climate change 1995: Radiative forcing of climate change and an evaluation of the IPCC IS92 emission scenarios.., p. 339, New York: Cambridge University Press, 1995. 339 p. Edited by J. T. HOUGHTON et al.

JANICOT, S. Spatiotemporal variability of West African rainfall. Part II: Associated surface and airmass characteristics. J. Clim., v. 5, n., p. 499-511, dói: 10.1175/1520-0442(1992)005<0499:SVOWAR>2.0.CO;2, 1992.

JANICOT, S.; SULTAN, B. Intra-seasonal modulation of convection in the West African monsoon. Geophys. Res. Lett., v. 28, n., p. 523-526, 2001.

JONES, A.; SLINGO, A. Prediction Cloud-Droplet Effective Radius and Indirect Sulphate Aerosol Forcing using Circulation Model. Quart. J. Roy. Meteorol. Soc., v. 122, p. 1573-1595, 1996.

JONES, C.; MAHOWALD, N.; LUO, C. The role of easterly waves on African desert dust transport. J. Clim., v. 16, p. 3617-3628, doi: 10.1175/1520-0442(2003)<3617:TROEWO>2.0.CO;2, 2003.

KASIBHALTA, P.; CHAMEIDES, W. L.; JOHN, J. A tree dimensional global model investigation of seasonal variation in the atmospheric burden of anthropogenic sulfate aerosols. J. Geophys. Res., v. 102, p. 3737-3759, 1997.

KALNAY, E., et al. The NCEP/NCAR 40-year reanalysis project. Bull. Am. Meteorol. Soc., v. 77, p. 437-471, doi: 10.1175/1520-0477, 1996.

KARYAMPUDI, V. M.; CARLSON, T. N. Analysis and numerical simulations of the Saharan air layer and its effect on easterly wave disturbances. J. Atmos. Sci., v. 45, p. 3102-3136, doi: 10.1175/1520-0469 (1988) 045<3102:AANSOT>2.0.CO;2, 1988.

Page 118: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

116

KAUFMAN, Y. J.; KOREN, I.; REMER, L.A.; TANRE, D.; GINOUX, P.; FAN, S. Dust transport and deposition observed from the Terra-Moderate Resolurion Imaging Spectroradiometer (MODIS) space-craft over the Atlantic ocean. Jounal of Geophysical Research, (Atmospheres), 110(D10) (art, no,-D10S12), 2005.

KIDSON, J. W. African rainfall and its relation to upper air circulation. Quart. J. Ray. Meteor. Soc., v. 103, p. 441-456, 1977.

KIEHL, J. T.; HACK, J. J.; BONAN, G. B.; BOVILLE, B. A.; BRIEGLEB, B. P.; WILLIAMSON, D. L.;. RASCH, P. J. Description of the NCAR Community Climate Model (CCM3). Boulder, Colorado: NCAR, 1996. 152 p.(Tech. Rep. TN-420+STR).

KIEHL, J T.; SCHNEIDER, T. L.; RASCH, P. J.; BARTH, M. C.; WONG, J. Radiative forcing due to sulfate aerosols from simulations with the NCAR community Climate Model. Journal of Geophysical Research, v. 105, p. 1441-2739, 2000.

KONARE A.; ZAKEY, A. S.; SOLOMON, F.; GIORGI, F.; RAUSCHER, S.; IBRAH, S.; BI, X. A regional climate modeling study of the effect of desert dust on the West African monsoon. J. Geophys. Res., v. 113, n. D12206, doi: 10.1029/2007JD009322, 2008.

LIOUSSE, C.; PANNER, J. E.; CHUANG, C.; WALTON, J. J.; EDDLEMAN, H.; CACHIER, H. A global tree-dimensional model study of carbonaceous aerosols. J. Geophys. Res. Atmos., v. 101, p. 19 411-19432, 1996.

LI, F.; VOGELMANN, A. M.; RAMANATHAN, V. Saharan dust aerosol radiative forcing measured from space. J. Climate, v. 17, p. 2558-2571, 2004.

LAMB, P. J. West African water vapor variations between recent contrasting sub-Saharan rainy seasons. Tellus, v. 35, p. 198-212, 1983.

LAMB, P. J.; Large-scale tropical Atlantic surface circulation patterns associated with sub-Saharan weather anomalies. Tellus v. 30A, p. 240-251, 1978.

LEBEL, T.; DELCLAUX, F.; LE BARBÉ, L; POLCHER, J. From GCM Scales to hydrological scales: Rainfall variability in West Africa. Stocastic Environ. Res. Risk Assess., v. 14, p. 275-295, 2000.

LE BARBÉ, L.; LEBEL, T.; TAPSOBA, D. Rainfall variability in West Africa during the years 1950-1990. J. Climate, 2001. In press.

LIAO, H.; SEINFELD, J. H. Effect of clouds on direct aerosol radiative forcing from biomass burning in tropical South America. Agricultural and Forest Meteorology, v.133, n.1-4, p. 40-53, 1998.

Page 119: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

117

LIEPERT, G. G.; FEICHTER, J.; LOHMANN, U.; ROECKNER, E. Can aerosols spin down the water cycle in a wormer and moister world? Geophysical Research Letters, v. 31, L06207, doi: 1029/2003GL019060, 2004.

LORENZ, E. N. Deterministic nonperiodic flow1. Journal of the Atmospheric Sciences. v.19, n. 604, p. 4969, 1963.

LOVELAND, T. R.; REED B. C.; BROWN J. F.; OHLEN D. O.; ZHU J.; YANG L.; MERCHANT J. W. Development of a global land cover characteristics database and IGBP DISCover from 1-km AVHRR Data. Int. J. Remote Sensing, v. 21, n. 6/7, p. 1303-1330, 2000.

MARTICORENA, B; BERGAMETTI, G. Modeling the atmospheric dust cycle, I, Design of soil-derived dust emission scheme. J. Geophys. Res., v. 100, n. D8, p. 16416-16430, 1995.

MENUT, L. Sensitivity of hourly saharan dust emissions to NCEP and ECMWF modelled wind speed, Journal of Geophysical Research, Atmospheres, v. 113, D16,201, dói: 10.1029/2007JD009522, 2008.

MILLER, R. L. et al. Feedback upon dust emission by dust radiative forcing through the planetary layer. J. Geophys, Res., v. 109, D24209, doi: 10:1029/2004JD004912, 2004.

NICHOLSON, S.; GRIST, J. The seasonal evolution of the atmospheric circulation over West Africa and Equatorial Africa. J. Climate, v. 16, n., p. 1013-1030. In AMMA_Dakar_WGI_Posters_01-30.pdf, 2003.

NICHOLSON, S. E.; TUCKER, C. J.; BA, M. B. Desertification, drought, and surface vegetation: an example from the West African Sahel, Bulletin of American Meteorological Society, v. 79, n. 5, p. 815-829, 1998.

NICHOLSON, S. E. Rainfall and atmospheric circulation patterns during drought period and water years in West Africa. Mon. Yea. Rev., v. 109, p. 2191-2208, 1981.

NEWELL, R. E.; KIDSON, J. W. 1984: African wind changes in Sahelian wet and dry periods. J. Climatol., v. 4, p. 1-7, 1984.

NICHOLSON, S. E.; Rainfall and atmospheric circulations patterns during drought periods and wetter years in West África. Mon. Wea. Rev., v. 109, p. 2191-2208, 1981.

NATIONAL OCEAN-ATMOSPHERIC ADMINISTRATION (NOAA). 2007: ENSO: cold and warm episodes by season. Capturado em 20 de Janeiro de 2007. Disponível em: <http://www.cpc.noaa.gov/products/analysis_monitoring/insostuff/ensoyears.shtml>.

Page 120: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

118

OTT, S. T.; OTT, A.; MARTIN, D. W.; YOUNG, J. A. Analysis of a trans-Atlantic Saharan dust outbreak based on satellite and gate data. Monthly Weather Review, v. 119, n. 8, p. 1832-1850, 1991.

OLIVIER, J. G. J.; BERDOWSKI, J. J. M. Global emission sources and sinks. In: Berdowki, J., Guicherit, R; B. J. Heij (eds.). The Climate System. Lisse, The Netherlands: A. A. Balkema Publishers/Swets & Zeitlinger Publishers, 2001. p. 33-78. ISBN 90 5809 255 0.

PROSPERO, J. M.; LAMB, P. J. African droughts and dust transport to the Caribbean: climate change implications. Science, v. 302, n. 5647, p.1024–1027, 2003.

TWOMEY, S. Pollution and the planetary albedo. Atmos. Environ., v. 8, p. 1251–1256, 1974.

PLUMB, R. A.; A. Y. HOU. The reponse of zonally symmetric atmosphere to subtropical thermal forcing. J. Atmos. Sci., v. 49, p. 1790-1799, 1992.

PAL, J. S.; SMALL, E. E.; ELTAHIR E,. A. B. Simulation of regional scale water and energy budgets: Influence of a new mois physics within RegCM, J. Geophys, Res., v. 105, p. 29,579-29,594, 2000.

PAL, J. S.; GIORGI, F.; BI, X.; ELGUINDI, N.; SOLMON, F.; GAO, X.; ASHFAQ, M.; FRANCISCO, R.; BELL, J.; DIFFENBAUGH, N.; KARMACHARYA, J.; SLOAN, L. C.; STEINER, A.; WINTER, J. M.; ZAKEY, A. The ICTP RegCM3 and RegCNET: regional climate modeling for the developing world, 2005.

PAL, J. S.; GIORGI, F.; BI, X; ELGUINDI, N.; SOLMON, F.; GAO1, X.; RAUSCHER, S. A.; FRANCISCO, R.; ZAKEY, A.; WINTER, J.; ASHFAQ, M.; SYED ,F. S.; BELL, J. L;. DIFFENBAUGH, N. S; KARMACHARYA, J.; KONARE, A.; MARTINEZ, D.; DA ROCHA, R.P; SLOAN, L. C.; STEINER, A.The ICTP RegCM3 and RegCNET: regional climate modeling for the developing world, 2006.

PENNER, J. E.; ANDREAE,M.; ANNEGARN, H.; BARRIE, L.; FEICHTER, J.; HEGG, D. A.; LEAITCH, R; MURPHY, D.; NGANGA, J.; PITARI, G. Aerosols, their direct and indirect effects. HOUGHTON, J. T. et al (eds.). Climate Change 2001: the scientifics basis. New York: Cambridge University Press, 2001. v. 5, p. 289-348. Contribution of Workshop group I to the Third Assessment Report of the Intergovernmental panel on climate Change (IPCC),

PAETH, H.; FEICHTER, J. Greenhouse-gas versus aerosol forcing and African climate response. Clim. Dyn., v. 26, n. 1, p. 35-54, doi: 10.1007/s00382-005-0070-z, 2006.

PINCUS, R.; BAKER, M. Precipitation, solar absorption and albedo susceptibility in marine boundary layer clouds. Nature, v. 372, p. 250-252, 1994.

Page 121: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

119

QIAN Y.; GIORGI, F.; HUANG, Y.; CHAMEIDES, W.; LUO, C. Regional simulation of anthrpogenic sulfur over East Asia and its sensitivity to model parameters. Tellus, v. 53B, p. 171-191, 2001.

QUAAS, J. L’effet indirect des aerosols: Paramétrisation dans des models de grand échelle et evaluation avec des données satellitales; These de Doctorat, École Politechnique, 2003.

RAMASWAMY, V. et al. Radiative forcing of climate change. In: Climate change. Third assessment report of the IPCC. Cambridge: Cambridge University, 2001. p. 349-416.

RAMANATHAN, V.; CRUTZEN, P. J.; KIEHL, J.; ROSENFELD, D.. Aerosol, climate and the hydrological cycle. Science, v. 292, p. 2119-2124, 2001b.

REED, R. J.; D. NORQUIST E. E.; RECKER. The structure and proprieties of African wave disturbances as observed during, Phase III. Gate. Mon. Wea. Rev. v. 105, p. 317-333, 1977.

REYNOLDS, R. W.; RAYNER, N. A.; SMITH, T. M.; STOCKES, D. C.; WANG W. An improved in situ and satellite SST analysis for climate, v. 15, p. 1609-1625, 2002.

REDELSPERGER, J. L.; DIONGUE, A.; DIEDHIOU, A.; CERON, J. P.; DIOP, M.; GUEREMY, J. F.; LAFORE, J. P.. Multi-scale description of a Sahelian synoptic weather system representative of west African monsoon. Q. J. R. Meteorol. Soc., v. 128, n. 582, p. 1229-1258, doi: 10.1256/003590002320373274, 2002.

SOLMON, F.; GIORGI, F.; LIOUSSE, C. Aerosol modelling for regional climate studies: application to anthropogenic particles and evaluation over a European/African domain. Tellus, Ser. B, v. 58, n 1, p. 51–72, doi: 10.1111/j.1600-0889.2005.00155, 2006.

SLINGO, J. M. A gcm parameterization for the shortwave radiative proprieties of water clouds. J. Atmos, Sci., v. 46, n., p. 1419-1427, 1989.

SULTAN, B.; JANICOT, S. Abrupt shift of the ZCIT over West Africa and intra-seasonal variability. Geophys. Res. Lett., v. 27, p. 3353-3356, 2000.

SWAP, R.; GARSTANG, M.; GRECO, S.; TALBOT, R.; KALLBERG. P. Saharan dust in the Amazon Bassin. Tellus Series B-Chemical and Physical Meteorology, v. 44(2), p. 133-149, 1992.

SOKOLIK , I. N.; WINKER, D. M.; BERGAMETTI, G.; GILLETTE, D. A.; CARMICHAEL, G.; J. KAUFMAN, Y.; GOMES, L.; SCHUETZ, L.; PENNER, J. E. Introduction to special section: Outstanding problems in quatifying the radiative impacts of minerals dust. Journal of Geophysical Research-Atmospheres, v. 106, n. D16, p. 18015-18027, 2001.

Page 122: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

120

SCHWARTZ, S. E. The whitehouse effect – shortwave radiative forcing of climate by anthropogenic aerosols: an overview. Journal of Aerosol Sciences, v. 27, p. 359-382, 1996.

SATHIYAMOORTHY, V.; PAL, P. K.; JOS, P. C. Intraseasonal variability of the Tropical Easterly Jet. Meteorl Atmos Phys, v. 96, p. 305-316, DOI: 10.1007/s00703-006-0214-7, 2006.

TALBOT, R. W.; HARRISS, R. C.; BROWELL, E. V.; GREGORY, G. L.; SEBACHER, D.I.; BECK, S. M. Distribution and geochemistry of aerosols in the tropical North Atlantic troposphere: relationship to Saharan dust. Journal of Geophysical Research, (Atmospheres), v. 91, n. D4, p. 5173-5182, 1986.

THORPE, A. J.; GUYMER, T. H. The Nocturnal Jet, Quart. J. Roy. Meteorol. Soc., v. 103, p. 633-653, 1977.

THORONCROFT. C. D. An idealized study of African easterly waves, III: More realistic basic states. Quart. J. Roy. Met. Soc., v. 121, p. 1589-1614, 1995.

THORONCROFT. C. D.; BLACKBURN, M. Maintenance of the African easterly jet. Quart. J. Roy. Met. Soc., v. 555, p. 763-786, 1999.

TODD, M. C.; WASHINGTON, R.; RAGHAVAN, S.; LIZCANO, G.; KNIPPERTZ, P. Regional model simulations of the Bodele low-level jet of northern Chad during the Bodele Dust Experiment (BoDEx 2005). Journal of Climate, v. 21(5), p. 995-1012, 2008b.

THORNCROFT, C. D.; BLACKBURN. M. Maintenance of the African easterly jet. Quart. J. Roy. Met. Soc, v. 555, n., p. 763–786, 1999.

TORRES, O.; BHARTIA, P. K.; HERMAN, J. R.; SINYUK, A.; HOLBEN, B. A long term record of aerosol optical thickness from TOMS observations and comparison to AERONET measurements. J. Atm. Sci., v. 59, p. 398-413, 2002

TWOMEY, S., Pollution and the planetary albedo. Atmos. Environ., v. 8, p. 1251–1256, 1974.

WASHINGTON, R; TODD M. C. Atmospheric control on mineral dust emission from the Bodele depression, Chad: The role of the low level jet. Geophysical Research Letters, v. 32, n. 17, 2005.

WASHINGTON, R.; TODD, M. C.; LIZCANO, G.; TEGEN, I.; FLAMANT, C.; KOREN, I.; GINOUX, P.; ENGELSTAEDTER, S.; BRISTOW, C. S.; ZENDER, C. S.; GOUDIE, A. S.; WARREN, A.; PROPERO, J. M. Links between topography, wind, deflation, lakes and dust: the case of the Bodele Depression, Chad. Geophysical Research Letters, v. 33, n. 9 (art. No.- L09401), 2006-b

Page 123: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

121

YOSHIOKA, M.; MAHOWALD, N. M.; CONLEY, A. J.; COLLINS, W. D.; FILLMORE, D. W.;. ZENDER, C. S; COLEMAN, D. B. Impact of desert dust radiative forcing on Sahel precipitation: relative importance of dust compared to sea surface temperature variations, vegetation changes, and greenhouse gas warming. J. Clim., v. 20, p. 1445-1467, doi: 10.1175/JC14056.1, 2007.

ZAKEY, A. S.; SOLMON, F.; GIORGI, F. Implementation and testing of a desert dust module in regional climate model. Atmos. Chem. and Phys., v. 6, p. 4687-4704, 2006.

ZOBLER, L. Global soil types, 1-degree grid (Zobler). Oak Ridge, Tennessee, U.S.A: National Laboratory Distributed Active Archive Center, Available on-line: http://www.daac.ornl.gov> doi:10.3334/ORNLDAAC/418, 1999.

Page 124: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 125: A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp126501.pdf · A INFLUENCIA DOS AEROSS^ OIS NA DIN AMICA DA^ MONC˘AO OESTE AFRICANA: EFEITO

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo