51
0 MARIA FERNANDA DE QUEIROZ PRADO BITTENCOURT A Influência dos Esteróides Anabolizantes sobre a Vocalização de Ratos Treinados Fisicamente Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. São Paulo 2009

A Influência dos Esteróides Anabolizantes sobre a ...livros01.livrosgratis.com.br/cp114349.pdf · 6 À minha mãe, pelo amor, aconchego, ternura, por ser a melhor ouvinte da face

  • Upload
    lytuong

  • View
    219

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

0

MARIA FERNANDA DE QUEIROZ PRADO BITTENCOURT

A Influência dos Esteróides Anabolizantes sobre a Vocalização de

Ratos Treinados Fisicamente

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde.

São Paulo 2009

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

1

MARIA FERNANDA DE QUEIROZ PRADO BITTENCOURT

A Influência dos Esteróides Anabolizantes sobre a Vocalização de

Ratos Treinados Fisicamente

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Hudson de Sousa Buck. Co-orientadora: Profa. Dra. Marta Assumpção de Andrada e Silva.

São Paulo

2009

2

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Bittencourt, Maria Fernanda de Queiroz Prado A influência dos esteróides anabolizantes na vocalização de ratos treinados fisicamente./ Maria Fernanda de Queiroz Prado Bittencourt. São Paulo, 2009.

Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Ciências da Saúde.

Área de Concentração: Ciências da Saúde Orientador: Hudson de Sousa Buck Co-Orientador: Marta Assumpção Andrada e Silva

1. Voz/efeitos de drogas 2. Vocalização animal 3. Ultra-som 4. Esteróides/efeitos adversos 5. Anabolizantes/efeitos adversos 6. Ratos

BC-FCMSCSP/62-09

3

...“Sonhos semeando o

mundo real”... (Marisa Monte)

4

Dedico esse trabalho à minha Avó,

sempre capaz de ver a vida e as pessoas do melhor ângulo possível!

5

Agradecimentos

Ao meu orientador Hudson, por acreditar no meu trabalho, me receber de

braços abertos no curso de pós-graduação, por me apresentar um mundo de

idéias novas, pela paciência, ajuda e atenção.

À minha co-orientadora Marta, por todo o apoio dentro e fora da

Fonoaudiologia, por encarar comigo os desafios desse trabalho, por me ensinar e

me contagiar com sua paixão pela profissão.

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

À todos os docentes e funcionários do Departamento de Ciências

Fisiológicas.

À Ariadiny, por me ensinar muito sobre o “mundo dos ratos”.

Ao senhor Martinho, por me ajudar e cuidar tão bem dos animais que

participaram dessa pesquisa.

Aos amigos, Ariadiny, Fábio, Káris, Marielza, Marília, Mayra e Ticiana, pelos

risos, medos, alegrias, conquistas, por tornarem meus dias mais alegres e cheios

de lembranças.

À professora Tânia, por estar sempre disposta a ajudar e a dar um pouco

de si para minha pesquisa.

Às minhas amigas fonoaudiólogas, Júlia, Milena, Natália, Regina, Simone e

em especial Bianca, por dividirem as descobertas, as alegrias, as dúvidas e por

direta ou indiretamente me ajudarem a trilhar os meus caminhos.

6

À minha mãe, pelo amor, aconchego, ternura, por ser a melhor ouvinte da

face da terra, por me ensinar a ser forte, corajosa, determinada e ao mesmo

tempo ser sempre uma pessoa incansavelmente doce.

Ao meu pai, pelas alegrias, pelos sonhos, por me ajudar nos momentos

mais difíceis, pelo bom humor, pela companhia, por todo seu amor e por sempre

alimentar até mesmo as minhas mais loucas idéias!

Às minhas irmãs por me encherem de orgulho e admiração, pela força,

pelas brigas, pelas gargalhadas, fotos, pelos finais de semana... e dias de semana

também, enfim por todos os momentos.

À Tia Sylvia por me ajudar a tornar-me fonoaudióloga.

À todos os animais que participaram do meu estudo e de alguma forma

contribuíram para o crescimento da ciência.

Ao Dr. André Duprat, Dra. Samantha, Dra. Marta e a todos os que fazem

parte do Ambulatório de Artes Vocais da Santa Casa.

Muito Obrigada!!

7

SUMÁRIO 1.1. Mecanismos de produção da voz em seres humanos e em ratos.......... 8

1.2. Vocalização Ultrassônica ........................................................................... 9

1.3. Esteróides Anabolizantes e Exercício Físico ......................................... 11

1.4. Esteróides Anabolizantes e Voz .............................................................. 12

1.5. Justificativa ............................................................................................... 15

2. OBJETIVOS. ..................................................................................................... 16

3. MATERIAL E MÉTODOS. ................................................................................. 17

3.1. Seleção da Amostra:................................................................................. 17

3.2. Tratamento Hormonal. .............................................................................. 18

3.3. Teste de Esforço ....................................................................................... 18

3.4. Treinamento físico .................................................................................... 19

3.5. Peso dos Animais: .................................................................................... 20

3.6. Registro da Vocalização Ultrassônica. ................................................... 20

3.7. Obtenção dos valores de duração da vocalização, freqüência máxima, freqüência mínima e média da freqüência fundamental: ............................. 21

3.8. Análise Estatística. ................................................................................... 22

4. RESULTADOS. ................................................................................................. 26

4.1. Teste de resistência física........................................................................ 26

4.2. Peso dos animais...................................................................................... 27

4.3. Freqüência máxima: ................................................................................. 27

4.4. Freqüência mínima: .................................................................................. 28

4.5. Média da freqüência fundamental: .......................................................... 29

4.6. Duração da vocalização: .......................................................................... 30

5. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 34

6. CONCLUSÃO.................................................................................................... 38

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ................................................................. 39

Anexo 1 ................................................................................................................. 43

Anexo 2 ................................................................................................................. 44

8

1. INTRODUÇÃO.

1.1. Mecanismos de produção da voz em seres humanos e em ratos

Nos seres humanos a produção da voz é um processo físico e estão

envolvidos nele, o músculo diafragma, os pulmões, a laringe, as pregas vocais

(PPVV), a faringe e os articuladores passivos e ativos (lábios, língua, palato mole,

palato duro e caixas de ressonância). Segundo a Teoria Mio-Elástica-

Aerodinâmica de Vanderberg, “a fonação é o inter-relacionamento das forças

físicas aerodinâmicas da respiração e da força elástica dos tecidos musculares da

laringe” (Russo, 1999) .

Em ratos esse fenômeno é semelhante, pois eles possuem um aparelho

fonador e emitem vocalizações audíveis ao ouvido humano e ultrassônicas.

A vocalização é um processo dinâmico coordenado por mecanismos

cerebrais que envolvem o sistema respiratório, a laringe e todo o trato vocal, e

resulta na produção de um som (Jürgens, 2002). O mecanismo exato para a

produção foi descrito por Roberts (1975) e Weisz et al., (2001) e pode ser dividida

em dois tipos: uma emissão é similar ao assobio; e outra que é audível ao ouvido

humano. No assobio (inaudível) o rato inspira, o ar passa pela laringe e vai até os

pulmões. Nesse momento a laringe fica estável, as PPVV se unem com um

espaço de um a dois milímetros de abertura. Com uma pressão abdominal o ar é

expelido, passa por esse pequeno espaço entre as pregas vocais, fazendo-a

vibrar, assim o som é produzido (Roberts, 1975 Brudzynski e Ociepa, 1992; Weisz

et al., 2001; Brudzynski, 2005).

9

Esse assobio é o resultado de um processo físico em que há formação de

um turbilhonamento de ar num tubo (a laringe), com a movimentação das pregas

vocais.

Pode-se dizer que a produção audível do rato tem como resultado um som

complexo, ou seja, há participação de todo trato vocal, nota-se a presença de

harmônicos e freqüência fundamental o que indica que necessariamente existiu

vibração das pregas vocais (Robers, 1975).

1.2. Vocalização Ultrassônica

A vocalização ultrassônica de ratos foi registrada de três formas diferentes

(Brudzynski et al., 1991). Os ratos foram colocados em caixas separadas. Ao

início das gravações, os ratos do grupo A eram tocados com movimentos

contínuos e ritmados (estímulo tátil de toque); os animais do grupo B receberam

injeções intracerebrais de carbacol (agonista colinérgico) nas regiões

responsáveis pela decodificação dos estímulos físicos realizados no grupo

controle; os animais do grupo C receberam choques nas patas. Os registros

obtidos nos grupos não apresentaram diferenças significantes. Assim ficou

registrada a produção da vocalização ultrassônica, para os três grupos, em

decibels (dB), que varia de -70dB até seu pico em -40dB. Também foi observado

que nos três grupos a produção em kHz foi muito similar, tendo permanecido

sempre próxima de 22 a 25 kHz. (Brudzynski et al., 1991).

O comportamento da vocalização de ratos com dores crônicas e ratos sem

dores crônicas foi analisado em dois contextos sociais diferentes. No primeiro o

10

rato permanecia sozinho dentro de uma caixa e depois de um período de dez

minutos de ambientação, suas vocalizações eram registradas. No segundo, os

ratos foram colocados em ambiente social. Aqueles que permaneceram sozinhos

não produziram vocalizações, diferente dos que estavam em ambiente social. Os

ratos do grupo com dor crônica chegaram a apresentar dez vezes mais

vocalizações do que os ratos do grupo controle. Conclui-se dessa forma que

assim como na comunicação humana, as vocalizações de ratos estavam

presentes quando o animal tinha com quem se comunicar. Além disso, notou-se

maior atividade na comunicação vocal dos ratos com dores crônicas (Naito et al.,

2006).

A vocalização de ratos se apresenta de diferentes formas em diversos

contextos e estão associadas a estados subjetivos e/ou emocionais (Brudzynski et

al., 1991; Motomura et al., 2002; Naito et al., 2003 e 2006).

Foi observado que ratos com privação de alimentos, o que gerava o

comportamento de fome, apresentaram vocalizações na faixa de 54 a 60 kHz, com

duração média de 17 a 25 ms. Outros animais que eram manuseados pelo

pesquisador e recebiam estímulos similares aos de cócegas, apresentaram

vocalizações próximas de 50 kHz, porém também foram observadas vocalizações

em freqüências mais baixas (22 kHz). Durante as gravações os animais estavam

separados em caixas individuais (Schwarting et al., 2007).

As vocalizações de longa duração produzidas entre 20 e 35 kHz, foram

consideradas e caracterizadas como produções de alarme. (Brudzynski e Chiu,

1995; Brudzynsky, 2001; Lindquist et al., 2004; Whishaw e Kolb, 2005).

11

Apesar das produções em 22KHz serem caracterizadas como vocalizações

de alarme, perigo, fuga ou ansiedade (Brudzynski e Ociepa, 1992; Brudzynski et

al., 1993; Jelen et al., 2003; Kroes et al., 2007; Litvin et al., 2007; Schwarting et al.,

2007), também foram observadas em momentos de estímulos de toques e

cócegas. Portanto esse tipo de vocalização está relacionado não somente a

estímulos aversivos, mas também a estímulos agradáveis ou afetivos. De acordo

com Schwarting et al., (2007), cogita-se a hipótese de que, como a minoria dos

animais tenham vocalizado em 22 kHz, o estímulo (cócegas) possa ter

desencadeado processos de variação emocional, ou seja, para alguns ratos foi

prazeroso desencadeando produções em freqüências mais agudas enquanto para

outros foi aversivo mostrando produções mais graves.

1.3. Esteróides Anabolizantes e Exercício Físico

A utilização de esteróides anabolizantes entre atletas, atualmente é

considerada um problema de saúde pública, pois sua prevalência é alta e tende a

subir. Estudos estatísticos realizados nos EUA demonstraram que

aproximadamente 2,5% dos adolescentes já fizeram uso abusivo desse tipo de

medicamento ao menos uma vez. Entre os praticantes de musculação essa

utilização é de aproximadamente 25%. (Durant et al., 1995).

O uso de esteróides anabolizantes na população que pratica exercícios

físicos ocorre pela busca do corpo musculoso e definido. O abuso de tais drogas

em homens encontra-se de duas a três vezes mais presentes do que em mulheres

(Bruckert et al., 2006). Aproximadamente 70% desses usuários são praticantes de

12

esportes competitivos. Apesar de não haver casos de dependência relacionada

aos esteróides anabolizantes, entre os levantadores de peso, que geralmente

costumam utilizar essas drogas em doses suprafisiológicas e durante longos

períodos, foi verificada a tendência de desenvolver depressão e pensamentos

suicidas (Hall et al., 2005).

Foi observado que a hipertrofia induzida pelo exercício físico em conjunto

com a utilização de esteróides anabolizantes é um aditivo no ganho de massa

muscular e o exercício físico por si, aumenta o número de receptores

androgênicos e a secreção aguda de testosterona (Wu e Eckardstein, 2005).

Os efeitos anabólicos dos esteróides somados aos do exercício físico,

podem atuar de forma suplementar, e promover dessa forma hipertrofia do tecido

muscular (Bhasin et al., 1996; , Kuhn, 2002; Hall et al., 2005).

1.4. Esteróides Anabolizantes e Voz

Na sociedade em que vivemos o culto a beleza e ao corpo perfeito, assim

como a prática de esportes criam um modelo a ser seguido. Quem não se

enquadra nessas regras, ditadas pela mídia e pela sociedade está sempre atrás

de fórmulas ou caminhos para conseguir entrar dentro desses padrões (Celotti e

Negri, 1992; Wu, 1997; Lise et al., 2001; Silva et al., 2002).

Atualmente o uso de esteróides anabolizantes é uma das saídas

encontradas por aqueles que desejam obter resultados rápidos e visíveis para

modificar sua aparência física. Seu uso indiscriminado pode trazer problemas à

saúde do usuário (Wu, 1997).

13

Os esteróides anabolizantes são derivados sintéticos da testosterona,

hormônio sexual masculino, responsáveis pelas mudanças e desenvolvimento do

sistema reprodutivo e características sexuais secundárias do homem. Os efeitos

anabólicos da testosterona são aqueles que envolvem o crescimento dos ossos

longos, fechamento epifisário, aumento da laringe e das PPVV, aumento da

síntese protéica, redução da gordura corporal, aumento de massa, da força dos

músculos esqueléticos e aumento de hemácias. (Celotti e Negri, 1992; Bhasin et

al., 1996; Lise et al., 2001; Tamaki et al., 2001; Silva et al., 2002).

A testosterona é o hormônio esteróide androgênico mais importante

produzido pelas células de Leydig nos testículos. No sexo feminino, é produzido

em pequena quantidade pelos ovários (Celotti e Negri, 1992).

O uso de esteróide anabolizantes sem a indicação médica pode alterar

diversas funções do usuário (Celotti e Negri, 1992), inclusive algumas

relacionadas à voz (Bruckert et al., 2006). É sabido que em mulheres o pitch

(sensação psicoacústica de freqüência (Hz), ou seja, quanto o ouvido humano é

sensível com relação as diferenças entre faixas de freqüência) pode tornar-se

mais grave (Baker, 1999; Iriart e Matos de Andrade, 2002; Ribeiro, 2002; Wollina

et al., 2007).

Em pacientes homens com hipogonadismo e hipogonadotrofia foi

observado pitch agudizado quando comparados ao grupo controle masculino, os

valores de freqüência fundamental estavam bastante próximos a freqüência

fundamental do grupo controle feminino. Esse efeito foi revertido com o uso de

testosterona, que promoveu o agravamento do pitch para valores semelhantes

14

aqueles observados no grupo controle masculino. Esses dados demonstram a

relação da concentração de testosterona e a voz (Akcam et al., 2004).

Em ratas, o tratamento com esteróides anabolizantes por três meses,

promoveu alterações histológicas do epitélio da laringe e PPVV, como hiperplasia

das células e aumento do processo de mitose celular, em comparação ao grupo

controle. Em relação às fibras musculares, foi verificado aumento da

vascularização na região e aumento do uso de glicogênio, inclusive no músculo

tireoaritenóideo (Talaat et al., 1987).

Mesmo depois de interromper o uso do andrógeno, as ratas que foram

submetidas a ele continuaram apresentando mudanças irreversíveis nas fibras

musculares, principalmente na parte medial do músculo tireoaritenóideo (músculo

situado nas PPVV) (Talaat et al., 1987).

Esses dados podem ser correlacionados com as mudanças na qualidade

vocal de mulheres, submetidas a utilização de esteróides anabolizantes, as quais

apresentam um pitch agravado (Baker, 1999).

A laringe humana é muito semelhante em homens e em mulheres até a

puberdade. Após esse período ocorrem grandes mudanças, relacionadas ao

aumento de tamanho e de peso da laringe e, conseqüentemente, das PPVV.

Essas ocorrem, pois existem receptores de andrógenos na laringe que

contribuem, entre outras coisas, para a caracterização da voz (Beckford et

al.,1985).

Os autores ressaltaram também que entre as cartilagens da laringe a que

mais se modifica é a cartilagem tireóide. Com relação ao ligamento vocal, os

15

efeitos androgênicos apesar de existirem, não foram significantes (Beckford et

al.,1985).

Com relação ao desenvolvimento pós-natal das pregas vocais de ratos, foi

verificado que as transformações que ocorrem nas pregas vocais e na laringe

também podem ser observadas nas pregas vocais de humanos. (Tateya et al.,

2005 e 2006).

1.5. Justificativa

Em 2006, no Ambulatório de Artes Vocais do Departamento de

Otorrinolaringologia da Irmandade da Santa Casa e Misericórdia de São Paulo e

do Curso de Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas da

Santa Casa de São Paulo, destinado a atores e cantores de diversos gêneros

musicais. Foi observada a chegada de pacientes cantores, praticantes de

atividade física e usuários de esteróides anabolizantes. Esses pacientes

apresentavam queixas de perda em agudos (observadas apenas na voz cantada),

fadiga vocal e voz “pesada”. Nenhum deles relacionava tais queixas ao uso de

esteróides anabolizantes.

Ao considerar esses dados e confrontar com os da literatura, que mostram

alterações no aparelho fonador de humanos e ratos após tratamento com

esteróides anabolizantes, foi pensada a realização de um estudo sobre a

influência do exercício físico e dos esteróides anabolizantes na voz, para dar início

a novas perspectivas terapêuticas e profiláticas para esses casos.

16

2. OBJETIVOS.

O objetivo deste estudo foi determinar a influência do uso de esteróides

anabolizantes associados a prática de exercício físico sobre a vocalização de

ratos.

17

3. MATERIAL E MÉTODOS.

3.1. Seleção da Amostra:

Foram utilizados 32 ratos Wistar adultos de doze semanas de idade (250 a

350 gramas), fornecidos pelo biotério do Instituto Nacional de Farmacologia da

Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Os animais

foram mantidos sob condições controladas de temperatura e iluminação (ciclo 12h

claro/escuro) com livre acesso à água e ração. Todos os experimentos foram

realizados de acordo com as normas éticas de experimentação animal da

Comissão de Ética em Experimentação Animal da FCMSCSP (Protocolo nº 180-

Anexo 1).

Os animais foram divididos em quatro grupos com oito ratos em cada

grupo:

• Grupo GSC: grupo sedentário controle (sem tratamento e sem

treinamento físico);

• Grupo GSA: grupo sedentário anabolizado, recebeu doses semanais

de esteróides anabolizantes e não passou por treinamento físico;

• Grupo GT: grupo treinado, passou por treinamento físico;

• Grupo GTA: grupo treinado anabolizado, recebeu doses semanais de

esteróides anabolizantes e passou por treinamento físico.

18

3.2. Tratamento Hormonal.

Os grupos GTA e GSA receberam o esteróide anabolizante decanoato de

nandrolona, dissolvida em óleo de milho, que foi administrado duas vezes por

semana, com injeções subcutâneas na dose de 5mg/kg, totalizando

10mg/kg/semana a partir do início do treinamento. Os animais do GSC e GT

receberam nas mesmas condições, somente o veículo.

3.3. Teste de Esforço

O período de adaptação, teste de esforço e o treinamento físico foram

realizados no período da manhã, entre 9 e 12 horas. Após quinze dias de

adaptação dos animais no biotério, todos foram submetidos a um processo de

adaptação em esteira ergométrica (Imbrasport) por uma semana (a 12 semana

de idade) durante 10 minutos com velocidade de 0,3 km/h (5m/min).

Após a adaptação foi realizado um teste de esforço que consistiu em um

treino com velocidade inicial de 0,3 km/h (5m/min) com implementação de 0,3

km/h (5m/min) a cada três minutos até o limite de resistência do animal. Ao final

do teste de esforço, os animais foram distribuídos nos grupos treinados (GT e

GTA) e sedentários (GSC e GSA). Com os resultados do teste de esforço (teste 1)

a rotina de treinamento de cada grupo treinado foi estabelecida e ao final da quinta

(teste 2) e da décima semana de treinamento físico, foi realizado um novo teste de

esforço (teste 3) com todos os grupos. A partir dos resultados obtidos nos testes

19

de esforço, foi possível avaliar a eficácia do treinamento físico aplicado (Tancrede

et al., 1982).

3.4. Treinamento físico

O treinamento dos animais em esteira ergométrica, adaptada para a

atividade física em ratos, foi aplicado cinco vezes por semana durante dez

semanas em intensidade baixa (nas primeiras cinco semanas) e intensidade

moderada nas últimas cinco semanas (Raad et al., 1990; De Angelis et al., 1997)

(Anexo 2).

Tabela 1- Velocidade máxima e tempo máximo alcançado em cada sessão de

treinamento, no protocolo de treinamento físico dos grupos treinados (a 13ª

semana de idade corresponde a primeira semana de treinamento).

Semanas de idade Velocidade (km/h) Tempo (minutos)

12 Adaptação à esteira

13 0,7 30

14 0,7 45

15 0,7 60

16 0,9 60

17 0,9 60

18 0,9 60

19 1 60

20 1 60

21 1 60

22 1 60

20

3.5. Peso dos Animais:

Os animais foram pesados semanalmente para o cálculo da dosagem do

tratamento hormonal. Foram utilizados os valores de peso da primeira semana de

treinamento/tratamento (peso 1), da quinta semana de treinamento/tratamento

(peso 2) e da décima semana de treinamento/tratamento (peso 3).

3.6. Registro da Vocalização Ultrassônica.

Para o registro da vocalização ultrassônica (VU), os animais foram

colocados separadamente em uma sala isolada acusticamente, no escuro (os

ratos, por serem animais noturnos apresentam maior atividade nesse período) em

uma caixa neutra de polipropileno (41x34x16cm) durante dez minutos para

ambientação. Para que os animais produzissem vocalizações mesmo fora de um

ambiente social (Motomura et al., 2002; Naito et al., 2006), foi aplicado o estímulo

de toque que consistiu em movimentos ritmados na região dorsal do animal

realizado sempre pelo mesmo pesquisador (sentido rostral caudal) (Brudzynsk et

al., 1991). As vocalizações foram registradas no início da primeira semana de

treinamento (gravação 1), na quinta semana (gravação 2) e na última semana de

tratamento/treinamento (gravação 3). Os registros foram realizados aos sábados,

para evitar interferências pré ou pós-atividade física e para obter o registro dos

animais em repouso. Foi estipulado que o tempo máximo de gravação com cada

animal seria de 5 minutos, se ao final o animal não vocalizasse seria selecionado

o próximo rato da caixa.

21

O procedimento para a gravação e análise da VU quantitativa foi descrito

por Schwarting et al., (2007). As vocalizações foram captadas por um microfone

para registros de ultrassons (condenser microphone - Avisoft Bioacoustics, Berlin,

Germany) conectado ao pré-digitalizador e gravador de som Avisoft-RECORDER

(versão 1.6 Avisoft Bioacoustics, Berlin, Germany), que por sua vez foi conectado

a um computador portátil. As amostras foram armazenadas no disco rígido do

computador e analisadas utilizando o programa Avisoft SASLab Pro (Versão 4.2,

Avisoft Bioacoustics, Berlin, Germany). Os espectrogramas foram gerados em

configuração Fast Fourier Transformation (FFT) com 512 pontos em janela

Hamming.

3.7. Obtenção dos valores de duração da vocalização, freqüência máxima,

freqüência mínima e média da freqüência fundamental:

Os valores de duração média da vocalização foram obtidos de forma que

cada vocalização produzida pelo animal foi medida em segundos, seus valores

foram somados e depois feita a média, esses valores expressam efetivamente o

tempo em que o animal vocalizou (Figura 1).

Para os valores de freqüência máxima, foi gerado o espectrograma,

inserida a opção “barra de freqüências”, e a partir disso foi obtida a freqüência

máxima de cada uma das produções (Figura 2).

Para a freqüência mínima, foi gerado um espectrograma. Para facilitar sua

análise foi selecionado um cursor específico o “bound reticule cursor”, que se “fixa”

a faixa de freqüência mais grave presente no espectrograma (Figura 3).

22

Na freqüência fundamental foi utilizado o tempo (seg) total da produção,

dividido em três partes e do terço intermediário foi obtido o valor da média da

freqüência fundamental (Figura 4 e 5).

3.8. Análise Estatística.

Para a análise dos valores obtidos no teste de esforço foi utilizada a análise

de variância ANOVA de uma via seguida do pós-teste de Bonferroni.

Na comparação entre grupos, para os parâmetros freqüência máxima,

freqüência mínima, freqüência fundamental e duração da vocalização, foram

utilizadas a ANOVA de uma via seguida do pós-teste de Bonferroni e a ANOVA de

duas vias seguida do pós-teste de Bonferroni.

Foram considerados significantes os valores para P<0,05.

23

Figura 1: Vocalização completa, produzida pelo animal. Foi selecionado o primeiro pulso de vocalização para ser determinada sua duração.

Figura 2: Observa-se o espectrograma da produção do animal, a barra na horizontal apresenta os valores máximos atingidos nas gravações

24

Figura 3: Observa-se o espectrograma da produção do animal, a barra na horizontal apresenta os valores mínimos atingidos nas gravações.

Figura 4: Para a análise da Freqüência Fundamental, foi selecionado o terço médio da produção total do animal.

25

Figura 5: Observa-se o espectrograma da produção do animal, na parte inferior da figura a freqüência fundamental foi analisada, podendo ser observada nas cores verde e vermelha.

26

4. RESULTADOS.

4.1. Teste de resistência física

A efetividade do treinamento físico foi avaliada pela resposta no teste de

esforço. Desde o inicio do experimento, os grupos treinado (GT) e treinado

anabolizado (GTA), já se mostravam mais resistentes no teste de esforço (teste 1).

Os animais do GTA apresentaram um aumento significante na velocidade máxima

de corrida desde a quinta semana de treinamento (teste 2- GTA=39,9±4,6m/min),

diferentemente do que foi observado no GT (teste 2- GT=34,9±4,9m/mim).

A comparação entre o primeiro teste de esforço e após dez semanas de

treinamento físico (teste 3) mostra diferença significante tanto para os animais do

GT quanto para os do GTA (teste 3- GT=37,4±1,6m/min; GTA=39,9±1,6m/min). O

aumento na velocidade de corrida nos grupos treinados está associado com o

aumento do consumo máximo de oxigênio (Brooks e White, 1978; Rodrigues et al.,

2006) demonstrando a eficácia do treinamento físico aplicado neste estudo (Figura

6).

1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 30

10

20

30

40GCSGSA

GT

GTA

* **

*

#

velo

cid

ade

(m/m

im)

Testes de Esforço

27

Figura 6- Gráfico que representa os valores dos testes de esforço: teste 1, teste 2 e teste 3 para os grupos, sedentário controle (GSC), sedentário anabolizado (GSA), treinado (GT) e treinado anabolizado (GTA). *P<0,05; **P<0,001; #P<0,001. Anova de uma via seguida do pós-teste Bonferroni.

4.2. Peso dos animais

No inicio do protocolo de treinamento físico todos os grupos apresentaram

peso entre 250g e 300g. Na comparação entre os grupos (GSC, GSA, GT e GTA)

a variação de peso não foi diferente (Figura 7).

0

100

200

300

400

500GSCGSAGTGTA

peso 1 peso 2 peso 3

Pes

o (

gra

mas

)

Figura 7: Comparação do peso corporal entre os grupos GSC (grupo sedentário controle), GSA (grupo sedentário anabolizado), GT (grupo treinado) e GTA (grupo treinado anabolizado).

4.3. Freqüência máxima:

Observa-se que todos os animais apresentaram uma queda na freqüência

máxima (independentemente do grupo em que estavam). Esses resultados não

demonstraram diferenças significantes nem inter-grupos, nem intra-grupos

28

(Gravação 1- GSC= 76,9±3,5kHz; GSA=77,9±2,0kHz; GT=70,8±3,4kHz;

GTA=70,6±3,4kHz; Gravação 2- GSC=67,3±3,5kHz; GSA=71,8±2,0kHz;

GT=63,9±3,4kHz; GTA=62,9±3,4kHz; Gravação 3- GSC=65,5±3,5kHz;

GSA=65,8±2,0kHz; GT=68,1±3,4kHz; GTA=62,5±3,4kHz). Em relação ao fator (F),

não foram observadas diferenças nem no fator tempo nem no tratamento. Porém

podemos afirmar que no decorrer do protocolo todos os ratos produziram

freqüências máximas menos elevadas.

A variação entre a gravação 1 e gravação 3 foi de aproximadamente GSC=

11,5kHz, GSA= 12,0kHz; GT=2,0kHz; e GTA= 8,0kHz (Figura 8).

0

25

50

75

100GSC

GT

GSA

GTA

Gravação 1 Gravação 2 Gravação 3

Fre

qu

ênci

a M

áxim

a(k

Hz)

Figura 8: Gráfico que apresenta a comparação das três produções, referentes à freqüência máxima distribuída entre os grupos GSC (grupo sedentário controle), GSA (grupo sedentário anabolizado), GT (grupo treinado) e GTA (grupo treinado anabolizado).

4.4. Freqüência mínima:

Na comparação das freqüências mínimas obtidas na gravação 1, gravação

2 e a gravação 3 não foram observadas diferenças entre os animais do mesmo

29

grupo, nem na comparação entre os outros grupos (gravação 1-

GSC=22,4±0,1kHz; GSA=22,9±0,3kHz; GT=28,9±0,7kHz; GTA=24,0±0,7kHz;

gravação 2- GSC=21,9±0,1kHz; GSA=22,1±0,3kHz; GT=22,1±0,7kHz;

GTA=21,8±0,7kHz; gravação 3- GSC=22,0±0,1kHz; GSA=21,6±0,3kHz;

GT=21,1±0,7kHz; GTA=21,65±0,7kHz). Para o fator (F) tratamento e tempo

também não observa-se diferenças

A variação entre a primeira gravação e a terceira foi de aproximadamente

GSC=0,45kHz GSA= 1,3kHz; GT=7,8kHz; e GTA= 2,5kHz (Figura 9).

0

10

20

30GSC

GT

GSA

GTA

Gravação 1 Gravação 2 Gravação 3

Fre

quê

ncia

Mín

ima

(kH

z)

Figura 9: Comparação realizada entre os grupos no decorrer das gravações grupos (GSC- grupo sedentário controle, GSA- grupo sedentário anabolizado, GT- grupo treinado e GTA- grupo treinado anabolizado).

4.5. Média da freqüência fundamental:

Na comparação da média da freqüência fundamental do GSC nas

gravações 1, 2 e 3 não observamos diferenças, o mesmo aconteceu entre todos

os outros grupos quando comparados entre si. Também não observou-se

diferenças nos fatores (F) tratamento e tempo.

30

Foram realizadas análises da média da freqüência fundamental entre os

grupos pesquisados, não foram observadas diferenças significantes. Os valores

obtidos foram: Gravação 1- GSC=23,0±0,7kHz; GSA=23,9±0,8kHz;

GT=25,3±0,8kHz; GTA=25,0±0,9kHz; Gravação 2- GSC=23,5±0,7kHz;

GSA=23,2±0,8kHz; GT=23,4±0,8kHz; GTA=23,0±0,9kHz; Gravação 3-

GSC=23,0±0.7kHz; GSA=22,6±0.8kHz; GT=22,6±0,8kHz; GTA=22,9±0,9kHz

(Figura 10).

0

10

20

30GSC

GTGSA

GTA

Gravação 1 Gravação 2 Gravação 3

Méd

ia d

a fr

equ

ênci

afu

nd

amen

tal

(kH

z)

Figura 10: Média da freqüência fundamental, na comparação entre todos os grupos (GSC- grupo sedentário controle, GSA- grupo sedentário anabolizado, GT- grupo treinado e GTA- grupo treinado anabolizado).

4.6. Duração da vocalização:

Os valores de duração da vocalização foram obtidos em segundos, seus

valores foram somados e depois foi feita a média.

Quando comparou-se a duração da vocalização não observou-se

diferenças intra-grupos para os grupos GSC, GSA, GT e GTA do primeiro segundo

e terceiro dia de gravação (Figura 11).

31

Na análise inter-grupos, quando comparados o GSC com o GSA, foi

observado que os valores começam próximos, porém não seguem o mesmo

padrão, as diferenças encontradas não foram estatisticamente significantes

(Figura 12).

Na comparação entre GSC e GT pode-se observar que não há diferença

entre os grupos, entretanto os animais do GT tiveram na primeira gravação a

duração da vocalização mais curta que os do GSC. O mesmo não aconteceu com

os animais dos outros grupos, essa variação se mantém, porém de uma forma

menos evidente na segunda e na terceira gravações. Os valores obtidos não

foram estatisticamente significantes (Gravação 1- GSC=1,11±0,2s;

GSA=1,13±0,5s; GT=0,73±0,6s; GTA=1,25±0,4s; Gravação 2- GSC=1,35±0,4s;

GSA=0,91±0,4s; GT=0,96±0,4s; GTA=0,73±0,5s; Gravação 3- GSC=1,51±0,3s;

GSA=1,13±0,3s; GT=0,83±0,4s; GTA=0,99±0,2s) (Figura 13).

A associação entre o tratamento com esteróides anabolizantes e o

treinamento físico apontou um declínio no fator de tratamento (F(1, 39)= 11.19,

P=0.002), mas não no fator tempo (F(2, 39)=0,19, P=0.825) quando comparadas a

duração média da vocalização do GTA com o GSC, foram observadas diferenças

na duração da vocalização, indicando que os animais tratados tiveram produções

mais curtas que os animais do GSC (Figura 14).

.

32

1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 30

1

2

GSCGSA

Gravações

GTGTA

Du

raçã

o m

édia

da

voca

liza

ção

(se

g)

Figura 11: Comparação da duração média da vocalização feita em cada um dos grupos (GSC- grupo sedentário controle, GSA- grupo sedentário anabolizado, GT- grupo treinado e GTA- grupo treinado anabolizado).

0

1

2

GSC

GSA

2 3Gravações

1

Du

raçã

o m

édia

da

voca

liza

ção

(se

g)

Figura 12: Os grupos GSC (grupo sedentário controle) e GSA (grupo sedentário anabolizado) não apresentaram diferenças na duração média da vocalização. Anova de duas vias, seguida do pós-teste de Bonferroni.

33

0 1 2 3 40

1

2

CSG

TG

Gravações

Du

raçã

o m

édia

da

voca

liza

ção

(se

g)

Figura 13: Os grupos GSC (grupo sedentário controle) e GT (grupo

treinado) não apresentaram diferenças na duração média da vocalização. Anova de duas vias seguido do pós-teste de Bonferroni.

0 1 2 3 40

1

2

GSC

GTA

* *

Gravações

Du

raçã

o m

édia

da

voca

liza

ção

(se

g)

Figura 14: Os grupos GSC (grupo sedentário controle) e GTA (grupo treinado anabolizado) quando comparados apresentaram diferença na duração média da produção da vocalização (*P<0,05). Anova de duas vias seguido do pós-teste de Bonferroni.

34

5. DISCUSSÃO

Esse estudo teve a finalidade de avaliar os efeitos dos esteróides

anabolizantes na vocalização de ratos treinados fisicamente em esteira.

Observou-se que o treinamento físico foi eficiente, pois no teste de esforço

os ratos dos grupos treinados obtiveram melhores resultados que os animais dos

grupos sedentários. O treinamento não mostrou diferença entre o desempenho

dos animais do GT e os do GTA no final do treinamento. Porém no teste 2, na

quinta semana de treinamento, os animais do grupo GTA apresentaram melhor

desempenho que os animais do GT, esses resultados demonstram que os animais

tratados atingiram melhor capacidade física quando comparados aos animas que

passaram apenas pelo treinamento físico. Esses achados corroboram com

aqueles apresentados pela literatura que apontam que os animais tratados com

esteróides anabolizantes apresentam aumento da capacidade aeróbia, aumento

da força e da massa muscular (Bhasin et al., 1996; Kuhn et al., 2002; Hall et al.,

2005).

As possíveis justificativas para o fato dos animais terem terminado o

treinamento com desempenhos similares são: a duração do tratamento e

possivelmente a dosagem utilizada. A testosterona quando é administrada em

altas doses, inibe a produção normal desse hormônio pelo homem, nesse

momento os receptores capazes de produzir a testosterona estão

dessensibilizados. A dose administrada é sintetizada pelo organismo porém um

pouco dela acaba sendo eliminada. O uso dessa droga a longo prazo acarreta

35

uma pequena diminuição de sua absorção e falta de sua produção pelo corpo

(Kuhn, 2002).

A produção da vocalização emitida pelos animais esteve sempre próxima

de 22 kHz, tanto nos valores obtidos na freqüência mínima quanto nos de

freqüência fundamental. Os valores de freqüência máxima apresentam certa

uniformidade, apesar de não serem estatisticamente significante há uma tendência

do som a tornar-se mais grave.

As vocalizações em 22 kHz demonstram que apesar de não terem sofrido

estímulos de dor, os animais entenderam o estímulo de “toque”, como sendo

negativo, ele causou respostas de medo, fuga e/ou defesa. Esse fenômeno pode

ser explicado levando em conta que os animais não estavam em suas caixas em

companhia dos outros animais, e sim, contidos pelas mãos do pesquisador,

impossibilitados de fazer movimentos. Sem saber o que esperar daquela situação

e mesmo sem sofrer nenhum tipo de dor estavam num momento de desconforto.

(Brudzynski e Chiu, 1995; Brudzynsky, 2001; Whishaw e Kolb, 2005).

Foi realizada a analise da duração vocalização nela observamos que não

houve diferença na comparação entre os grupos GSC e GSA, apesar de não

haver diferenças pudemos observar que diferentemente do GSC e do GT, o GTA

apresenta uma diminuição da duração da vocalização.

Essa diminuição que foi observada no GTA (quando comparada ao GSC)

sugere que os esteróides anabolizantes tenham causado uma alteração na PPVV

dos ratos, essa alteração foi acentuada pelo exercício físico. Demonstrando que

os animais não conseguiram manter o mesmo tempo fonatório devido a um

36

possível aumento de massa nas PPVV. No estudo histológico, realizado por Talaat

(1987), foram observadas mudanças no epitélio das PPVV de ratas tratadas com

esteróides anabolizantes. As mudanças encontradas foram entre outras hipertrofia

do músculo tireoaritenóideo, essa hipertrofia pode ser considerada um aumento de

massa das PPVV. Assim podemos inferir que os resultados obtidos em relação ao

tempo fonatório dos animais do GTA indica que o tratamento realizado nesse

estudo possivelmente causou uma alteração estrutural na PPVV dos ratos

treinados e anabolizados.

Esses resultados sugerem a importância de um estudo morfométrico para

identificar as possíveis mudanças na estrutura morfológica da PPVV dos animais

estudados.

Para que a comunicação de um animal seja efetiva há necessidade de que

o resto do grupo possa entender a mensagem emitida, se o animal produzir

vocalizações em faixas de freqüências que não puderem ser entendidas pelos

outros não há comunicação (Blumberg, 1992).

Experimentos realizados com ratos vivendo em grandes colônias mostram a

importância da vocalização para a comunicação entre eles. Montava-se uma

grande colônia com diversos ambientes e diferentes acessos a esses lugares, no

centro da colônia ficava o ambiente em era colocada a comida e água para todos

os animais (Blanchard, 1991).

Um predador, como o gato, era colocado próximo ao lugar onde os ratos se

alimentavam; dentro de uma gaiola para que não pudesse escapar. Alguns

segundos depois que o primeiro rato percebesse sua presença todos os outros

37

animais, mesmo aqueles que não podiam ver nem sentir o cheiro do predador por

causa da distância, ou ver o rato que estava de frente para esse predador, ficavam

paralisados e um pouco depois tentavam se esconder em lugares considerados

mais seguros e escuros (Blanchard, 1991).

Dessa forma que para que a comunicação entre esses ratos fosse efetiva,

todos teriam que ser capazes de produzir e compreender vocalizações de alarme.

Umas das hipóteses para que a duração da vocalização se apresente mais curta,

é que, para conseguir transmitir a mensagem na freqüência de 22 kHz os animais

do grupo GTA, por possivelmente apresentarem uma prega vocal alterada, ou

mais pesada, diminuíram a duração da vocalização para que conseguissem

manter a mesma faixa de freqüência de produções de alarme do resto do grupo.

38

6. CONCLUSÃO

Concluímos que tanto o exercício físico quanto o tratamento com esteróides

anabolizantes aplicados isoladamente não foram capazes de alterar os

parâmetros avaliados.

A utilização concomitante de esteróides anabolizantes e a aplicação de

treinamento físico moderado por 10 semanas diminuiu a duração média dos da

vocalização sugerindo a presença de alterações funcionais decorrente de

alterações morfológicas nas pregas vocais desses animais.

Podemos também inferir que os animais que não conseguiram manter o

mesmo tempo fonatório, não tiveram nenhum tipo de mudança nas freqüências

(mínima e máxima), isso demonstra a importância da manutenção da produção

nas mesmas freqüências para que os animais fossem capazes de se comunicar

com os outros.

Nos homens, por terem um padrão de voz mais grave que as mulheres, é

mais difícil perceber auditivamente a variação do pitch, quando esse se torna mais

grave. Esse estudo sugere, que as dificuldades encontradas por cantores de axé

music e pagode, usuários de esteróides anabolizantes, em relação a produção dos

sons agudos está relacionado a um possível aumento de massa das pregas

vocais.

39

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

Akcam T, Bolu E, Merati AL, Durmus C, Gerek M, Ozkaptan Y. Voice changes after androgen therapy for hypogonadotrophic hipogonadism. The Laringoscope. 2004, 114: 1587-1591.

Baker J. A report on alterations to the speaking and singing voices of four women following hormonal therapy with virilizing agents. J Voice. 1999 Dec;13(4):496-507. Bhasin S, Storer TW, Berman N, Callegari C, Clevenger B, Phillips J, et al. The effects of supraphysiologic doses of testosterone on muscle size and strength in normal men. N Engl J Med 1996;335:1-7.

Beckford NS, Rood SR, Schaid D, Schanbacher B.Androgen stimulation and laryngeal development. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1985 Nov-Dec-94:634-40.

Blanchard RJ, Blanchard DC, Agullana R, Weiss SM. Twenty-two kHz alarm cries to presentation of a predator, by laboratory rats living in visible burrow systems. Physiol Behav. 1991 Nov;50(5):967-72.

Blumberg, Mark S. Rodent ultrasonic short calls: Locomotion, biomechanics, and communication. Journal of Comparative Psychology. Vol 106(4), 1992, 360-365. Bruckert L, Liénard JS, Lacroix A, Kreutzer M, Leboucher G. Women use voice parameters to assess men’s characteristics. Proc. R.Soc.B 2006, 273, 83-89. Brudzynski SM, Ociepa D, Bihari F. Comparison Between Cholinergically and Naturally Induced Ultrasonic Vocalization in the rat. J Psychiatr Neurosc, 1991, 16(4). Brudzynski SM, Ociepa D. Ultrasonic vocalizations of laboratory rats in response to handling and touch. Physiol. Behav. 1992, 52:655-660. Brudzynski SM. Principles of rat communication: Quantitative parameters of ultrasonic calls in rats. Behav. Genet. 2005, 35(1):85-92. Brudzynski SM, Chiu EM. Behavioural responses of laboratory rats to playback of 22 kHz ultrasonic calls. Physiol. Behav. 1995, 57:1039-1044. Brudzynski SM. Pharmacological and behavioral characteristics of 22 kHz alarm calls in rats. Neurosci. Biobehav. Rev. 2001, 25:611-617. Brudzynski SM, Bihari F, Ociepa D, Fu XW. Analysis of 22 kHz ultrasonic vocalization in laboratory rats: long and short calls. Physiol. Behav. 1993, 54(2):215-221.

40

Brooks, G.A., White, T.P. Determination of metabolic and heart rate responses of rats to treadmill exercise. J. Appl. Physiol. 1978. 45 (6), 1009–1015. Celotti F, Negri Cesi P. Anabolic steroids: a review of their effects on the muscles, of their possible mechanisms of action and of their use in athletics. J Steroid Biochem Mol Biol 1992;43:469-77. De Angelis KLD, Oliveira AR, Werner A, Bock P, Belló-Klein A, Fernandes TG, Belló AA, Irigoyen MC. Exercise training em agin. Hemodynamic, metabolic, and oxidative stress evaluations. Hypertension. 1997. Sep;30(3 Pt 2):767-71. Durant RH, Escobedo LG, Heath GW. Anabolic-steroid use, strength training, and multiple drugs use among adolescents in the United States. Pediatrics 1995;96:23-8. Hall RCW, Hall RCW, Chapman, MJ. Psychiatric complications of anabolic steroid abuse. 2005, 46:285-290. Iriart JAB, Matos de Andrade T. Musculação, uso de esteróides anabolizantes e percepção de risco entre jovens fisiculturistas de um bairro popular de Salvador, Bahia, Brasil. Cad. Saúde Pública. 2002, v.18 n.5 Rio de Janeiro. Jelen P, Soltysik S, Zagrodzka J. 22 kHz Ultrasonic vocalization in rats as an index of anxiety but not fear: Behavioral and pharmacological modulation of affective state. Behavioural Brain Research. 2003, 141:63-72. Jürgens U. Neural pathways underlying vocal control. Neurosci. Biobehav. Rev. 2002, 26:235-258. Kuhn CM. Anabolic steroids. The Endocrine Society. 2002, 411-429. Kroes RA, Burgdorf J, Otto NJ, Panksepp J, Moskal JR. Social defeat, a paradigm of depression in rats that elicits 22 kHz vocalization, preferentially activates the cholinergic signaling pathway in the periaqueductal gray. Behavioural Brain Research. 2007, 182:290-300. Litvin Y, Blanchard DC, Blanchard RJ. Rat 22 kHz ultrasonic vocalization as alarm cries. Behav. Brain Res. 2007, 182:166-172. Lindquist DH, Jarrard LE, Brown TH. Perirhinal cortex supports delay fear conditioning to rat ultrasonic social signals. J Neurosci. 2004, 7; 24(14):3610-7. Lise MLZ, Da Gama e Silva TS, Frigolo M, Barros HMT. O abuso de esteróides anabólico-androgênicos em atletismo. Ver. Ass Med Brasil. 2001, 45 (4) 364-370.

41

Motomura N, Shimizu K, Shimizu M, Aoki-Komori S, Taniguchi K, Serizawa I, Saito TR. A comparative study of isolation-induced ultrasonic vocalization in rodent pups. Exp Anim. 2002 Apr;51(2):187-90. Naito H, Nakamura A, Inoue M, Suzuki Y. Effect of anxiolytic drugs on air-puff-elicited ultrasonic vocalization in adult rats. Exp Aim. 2003, 52: 409-414. Naito H, Nakamura A, Inoue M, Suzuki Y. Ultrasonic vocalization response elicited in adjuvant-induced arthritic rats as a useful method for evaluating analgesic drugs. Exp Aim. 2006, 55 (2) 125-129. Raad DM, Everett LS, Crenshaw TD, Thomas DP. Bone mechanical properties after exercise training in young and old rats. J. Appl. Physiol. 1990. 68, 130-134. Ribeiro PCP. O uso indevido de substâncias: esteróides anabolizantes e energéticos. Adolesc. Latinoam. 2002, v2. n2. Porto Alegre. Rodrigues, B., Irigoyen, M.C., De Angelis, K. Correlation between speed and oxygen consumption (VO2) in rats submitted to maximum exercise test. FIEP Bull. 2006 76, 231–233. Roberts LH. The rodent ultrasound production mechanism. Ultrasonics. 1975, 13:83-88. Russo ICP. Acústica e psicoacústica aplicadas à Fonoaudiologia. São Paulo, Editora Lovise, 2a edição revista e ampliada, 1999. Schwarting RKW, Jegan N, Wöhr M. Situational factors, conditions and individuals variables can determine ultrasonic vocalization in male adult wistar rats. Behav. Brain Res. 2007, 182(2):208-222. Silva PRP, Danielski R, Czepielewski MA. Esteróides e Anabolizantes no Esporte. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2002, 8(6): 235-243. Talaat M, Talaat AM, Kelada I, Angelo A, Elwany S, Thabet H. Histologic and histochemical study of effects of anabolic steroids on the female larynx. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1987, 96: 468-471. Tancrede G, Rousseau-Migneron S & Nadeau A. Beneficial effects of physical training in rats with a mild streptozotocin-induced diabetes mellitus. Diabetes, 1982; 31: 406-409. Tateya T, Tateya I, Munoz-del-Rio A, Bless DM. Posnatal development of rat vocal folds. Ann Otol Rhinol Laryngol. 2006,115 (3): 215-224.

42

Tateya T, Tateya I, Sohn JH, Bless DM. Histologic characterization of rat vocal fold scarring. . Ann Otol Rhinol Laryngol. 2005, 114: 183-91. Tamaki T, Uchiyama S, Uchiyama Y, Akatsuka A, Roy RR, Edgerton VR. Anabolic steroids increase exercise tolerance. Am J Endocrinol Metab. 2001, 280: 973-981. Weisz DJ, Yang BY, Fung K, Amirali A. The mechanism of ultrasonic vocalization in the rat. Soc. Neurosci. 2001, 27:88-99. Whishaw IQ and Kolb B. The Behavior Of The Laboratory Rat: A Handbook with tests. Oxford University Press, New York. 2005 pp-371- 378.

Wollina U, Pabst F, Schönlebe J, Abdel-Naser MB, Konrad H, Gruner M, Haroske G, Klemm E, Schreiber G. Side-effects of topical androgenic and anabolic substances and steroids. A short review. Acta Dermatovenerol Alp Panonica Adriat. 2007 Sep;16(3):117-22. Wu FCW. Endocrine aspects of anabolic steroids. Clinical Chemistry. 1997, 43:7 1289-1292. Wu FCW, Eckardstein AV. Androgens and coronary artery disease. Endocrine Reviews. 2005, 24:183-217.

43

Anexo 1

44

Anexo 2

1ª semana segunda terca quarta quinta sexta

Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga

2' 0,3 3' 0,3 3' 0,3 3' 0,3 3' 0,3

10' 0,6 15' 0,6 15' 0,6 10' 0,6 10' 0,6

3' 0,3 2' 0,3 2' 0,3 3' 0,7 8' 0,7

- - - - - - 6' 0,6 6' 0,6

- - - - - - 3' 0,3 3' 0,3

Total 15' - 15 - 20 - 25 - 30 -

2ª semana seg terca quarta quinta sexta

Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga

MANHÃ 2 0,3 2 0,3 2 0,3 2 0,3 2 0,3

10 0,6 17 0,6 20 0,6 20 0,6 20 0,6

3 0,7 3 0,7 3 0,7 5 0,7 5 0,7

13 0,6 15 0,6 17 0,6 15 0,6 10 0,6

2 0,3 3 0,3 3 0,3 3 0,3 5 0,7

3 0,3

Total 30 - 40 - 45 - 45 - 45 -

3ª semana seg terca quarta quinta sexta

Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga

MANHÃ 2 0,3 2 0,3 2 0,3 2 0,3 2 0,3

20 0,6 20 0,6 20 0,6 20 0,6 20 0,6

5 0,7 10 0,7 10 0,7 10 0,7 10 0,7

10 0,6 10 0,6 15 0,6 15 0,6 15 0,6

5 0,7 5 0,7 5 0,7 10 0,7 10 0,7

3 0,3 3 0,3 3 0,3 3 0,3 3 0,3

Total 45 - 50 - 55 - 60 - 60 -

45

4ª semana seg terca quarta quinta sexta

Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga

2 0,3 2 0,3 2 0,3 2 0,3 2 0,3

20 0,6 15 0,6 15 0,6 10 0,6 10 0,6

MANHÃ 10 0,7 15 0,7 15 0,8 20 0,8 20 0,9

15 0,6 15 0,6 10 0,6 10 0,6 5 0,6

10 0,7 10 0,7 15 0,7 15 0,7 20 0,7

3 0,3 3 0,3 3 0,3 3 0,3 3 0,3

Total 60' - 60' - 60' - 60' - 60' -

5ª semana seg terca quarta quinta sexta

Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga

2 0,3 2 0,3 2 0,3 2 0,3 2 0,3

10 0,6 10 0,6 5 0,6 5 0,6 5 0,6

MANHÃ 20 0,9 20 0,9 5 0,8 5 0,8 5 0,8

5 0,6 5 0,6 5 0,6 5 0,6 5 0,6

20 0,7 20 0,7 15 0,9 15 0,9 15 0,9

3 0,3 3 0,3 5 0,6 5 0,6 5 0,6

Total 60' - 60' - 20 0,7 20 0,7 20 0,7

3 0,3 3 0,3 3 0,3

60' - 60' - 60' - Repetir o teste de esforco e me passar os resultados para eu prescrever mais 5 semanas 6ªSemana Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 20´ 0,9 20´ 0,9 20´ 0,9 20´ 0,9 20´ 0,9

46

2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 15´ 0,9 15´ 0,9 15´ 0,9 15´ 0,9 15´ 0,9 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 10´ 0,9 10´ 0,9 10´ 0,9 10´ 0,9 10´ 0,9 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 60´ 60´ 60´ 60´ 60´ 7ªSemana Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 20´ 1 20´ 1 20´ 1 20´ 1 20´ 1 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 15´ 1 15´ 1 15´ 1 15´ 0,9 15´ 0,9 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 10´ 0,9 10´ 0,9 10´ 0,9 10´ 1 10´ 1 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 60´ 60´ 60´ 60´ 60´

8ªSemana Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 3´ 0,6 3´ 0,8 3´ 0,8 3´ 0,8 3´ 0,8 20´ 1 20´ 1 20´ 1 20´ 1 20´ 1 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 15´ 1 10´ 1 10´ 1 10´ 1 10´ 1

47

3´ 0,6 8´ 0,8 8´ 0,8 5´ 0,8 5´ 0,8 10´ 1 10´ 1 10´ 1 13´ 1 13´ 1 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 60´ 60´ 60´ 60´ 60´ 9ªSemana Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 3´ 0,8 3´ 0,8 3´ 0,8 3´ 0,8 3´ 0,8 20´ 1 20´ 1 20´ 1 20´ 1 20´ 1 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 10´ 1 10´ 1 10´ 1 10´ 1 10´ 1 5´ 0,8 5´ 0,8 3´ 0,8 3´ 0,8 3´ 0,8 13´ 1 13´ 1 15´ 1 15´ 1 15´ 1 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 60´ 60´ 60´ 60´ 60´ 10ªSemana Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga Tempo Carga 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 3´ 0,8 3´ 0,8 3´ 0,8 3´ 0,8 20´ 1 20´ 1 20´ 1 20´ 1 TESTE DE ESFORCO 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 2´ 0,6 10´ 15´ 1 15´ 1 15´ 1 3´ 0,8 3´ 0,8 3´ 0,8 3´ 0,8 15´ 1 10´ 1 10´ 1 10´ 1 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 3´ 0,6 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 2´ 0,3 60´ 60´ 60´ 60´

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo