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CATARINA VIEIRA GUEDES A Influência da Criatividade na Construção de Falsas Memórias Orientadora: Professora Doutora Laura Alho Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Escola de Psicologia e Ciências da Vida Dissertação de Mestrado em Psicologia Forense Lisboa 2017

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CATARINA VIEIRA GUEDES

A Influência da Criatividade na Construção de Falsas

Memórias

Orientadora: Professora Doutora Laura Alho

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Dissertação de Mestrado em Psicologia Forense

Lisboa

2017

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CATARINA VIEIRA GUEDES

A Influência da Criatividade na Construção de Falsas

Memórias

Dissertação defendida em provas públicas para a

obtenção do Grau de Mestre em Psicologia

Forense no Curso de Mestrado em Psicologia

Forense, conferido pela Universidade Lusófona

de Humanidades e Tecnologias, segundo o

Despacho de Nomeação de Júri, n.º368/2017 com

a seguinte composição de júri:

Presidente: Professora Doutora Joana Carvalho

Arguente: Professor Doutor Carlos Alberto

Poiares

Orientadora: Professora Doutora Laura Alho

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Dissertação em Psicologia Forense

Lisboa

2017

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Catarina Vieira Guedes A Influência da Criatividade na Construção de Falsas Memórias

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida 2

Epígrafe

It was one thing to get people to change a detail

or two in an otherwise intact memory, but quite

another to plant an entirely false memory of

something that never happened.

Loftus (1999)1

1 Loftus, E. (1999). Lost in the mall: Misrepresentations and misunderstandings. Ethics & Behavior, 9(1), 51-60.

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Dedicatória

Dedico todo o meu esforço e trabalho aos que me

permitiram ser quem sou e estar onde estou.

- Mãe e Pai.

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Agradecimentos

Um obrigada muito especial à minha orientadora, Professora Doutora Laura Alho,

por todo o apoio e confiança do início ao fim. Por nos fazer acreditar que somos capazes e que

devemos confiar sempre em nós e no nosso trabalho.

Um grande obrigado ao Dr. Pedro Rodrigues (Universidade de Aveiro), um excelente

coorientador que, mesmo à distância, sempre se mostrou disponível e interessado neste

projeto.

A ti, Cátia, companheira destes dois últimos anos, um grande obrigada por todo o

nosso percurso juntas. Obrigada pelas palavras de apoio quando só apetece desistir, obrigada

por me tirares dúvidas quando as respostas são incertas, obrigada por teres aturado os meus

dias loucos, obrigada.

Um obrigada gigante aos meus pais, ao meu irmão e ao Ricardo, porque são vocês

que estão comigo todos os dias e me conhecem tão bem. Obrigada por me permitirem estar

hoje aqui a escrever os “agradecimentos” da minha dissertação, obrigada.

Às melhores “amigas de infância”, Cátia e Filipa, muito obrigada pelas palavras de

coragem e motivação e pelo ombro amigo. Com tão pouco dão-me tanto, obrigada.

Porque não cheguei sozinha até aqui, quero ainda agradecer às três amigas que a

universidade me deu: Daniela, Inês e Dalila. Embora tenhamos seguido caminhos separados,

nunca vou esquecer como eles se cruzaram.

Obrigada a todos!

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Resumo

Uma das temáticas mais relevantes em contexto forense diz respeito às falsas

memórias que podem ter implicações jurídicas, particularmente na recordação do crime.

Existem diversas variáveis que podem ter influência na construção de falsas

memórias. Uma que não tem sido explorada na literatura é a criatividade. Sujeitos criativos

podem tornar-se mais suscetíveis a recriar o evento, acrescentando ou eliminando informação.

O contexto do evento, as diferenças de género, e os níveis de stresse e de ansiedade, podem

também influenciar a sua recordação.

Oitenta estudantes universitários visualizaram um vídeo (crime ou neutro),

preencheram questionários e escalas, e realizaram uma tarefa de evocação livre para averiguar

a existência de falsas memórias. Os resultados mostram que os homens dão mais erros do que

as mulheres, e que a criatividade não tem influência na quantidade e na qualidade da

informação recordada, em ambas as condições, verificando-se o mesmo em relação ao stresse

e ansiedade.

Palavras-chave: Psicologia Forense, memória, falsas memórias, testemunho, criatividade.

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Abstract

One of the most important topics in the forensic context are the false memories, that

may have legal implications, particularly in the reconstruction of the crime.

There are several variables that may influence the construction of false memories.

One that has not been studied in the literature is creativity. Creative subjects may become

more susceptible to re-creating the event by adding or deleting information. The context of the

event, gender differences, and levels of stress and anxiety may also influence your memory.

Eighty university students watched a video (crime or neutral), filled out

questionnaires and scales, and performed a free recall task to investigate the existence of false

memories. The results show that men make more errors than women, and that creativity has

no influence on the quantity and quality of the information remembered, in both conditions,

being the same regarding stress and anxiety.

Keywords: Forensic psychology, memory, false memories, testimony, creativity.

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Abreviaturas

FM – Falsa(s) memória(s)

IR – Intervalo de Retenção

TEL – Tarefa de Evocação Livre

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Índice

PARTE I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 11

Introdução ................................................................................................................................. 12

1.1. Memória ......................................................................................................................... 12

1.1.1. Falsas Memórias ...................................................................................................... 15

1.1.2. Fatores que afetam a memória ................................................................................ 16

1.1.3. Falsas memórias e criatividade ............................................................................... 19

1.2. Objetivo ......................................................................................................................... 20

PARTE II – METODOLOGIA ................................................................................................ 22

2.1. Estudos-Piloto ................................................................................................................ 23

2.2. Tarefa Experimental ...................................................................................................... 23

2.2.1. Participantes ............................................................................................................ 23

2.2.2. Materiais .................................................................................................................. 24

2.2.2.1. Instrumentos .................................................................................................. 24

2.2.2.2. Filmes ............................................................................................................ 25

2.2.3. Procedimento experimental ..................................................................................... 26

2.3. Análise dos dados .......................................................................................................... 28

PARTE III – RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 29

3.1. Resultados ...................................................................................................................... 30

3.2. Discussão ....................................................................................................................... 35

Conclusão ................................................................................................................................. 42

Referências ............................................................................................................................... 43

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Apêndices

Apêndice I – Questionários dos filmes

Anexos

Anexo I – Questionário de Auto-Avaliação (STAI)

Anexo II – Escala subjetiva de stresse (VAS)

Anexo III – Escala de Estilos de Pensar e Criar

Anexo IV – Consentimento Informado

Anexo V – Questionário sociodemográfico

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Lista de figuras

Figura 1. Etapas do procedimento experimental

Lista de tabelas

Tabela 1. Percentagem de erros, acertos e “não sei’s” do questionário 1

Tabela 2. Percentagem de erros, acertos e “não sei’s” do questionário 2

Tabela 3. Percentagem de erros, acertos e “não sei’s” do questionário 3

Tabela 4. Percentagem de erros, acertos e “não sei’s” do questionário 4

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PARTE I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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Introdução

A aproximação entre a Psicologia e o Direito ocorreu no final do século XIX, quando

se constatou a necessidade do Direito em compreender as pessoas e os seus comportamentos.

Embora apresentem um desenvolvimento diferenciado, a interligação entre estas duas ciências

deu origem à Psicologia Forense (Louro, 2008; Passos, 2014; Ribas, 2011). Esta área de

atuação responde a questões práticas propostas por entidades diversificadas (e.g., tribunais,

polícias) que têm envolvimento nos processos judiciais (Gonçalves, 2012). Dada a relevância

dos depoimentos e testemunhos prestados em tribunal e a necessidade de se fazer o

reconhecimento das diferenças entre verdade e mentira, surgiu a Psicologia do Testemunho

(Louro, 2008; Ribas, 2011), à qual interessam todos os depoimentos dos quais possam resultar

factos para a decisão judicial (Poiares, 2005).

Ao longo das últimas décadas até à atualidade, a psicologia do testemunho tem sido

objeto de estudo por vários investigadores (e.g., Clifford & Bull, 1978; Loftus, 1979; Louro,

2008; Ferreira, 2016). Concretamente, em 1928, Sílvio Lima publicou a primeira dissertação

de doutoramento em psicologia realizada em Portugal, tendo estudado o tema da recognição

(reconhecimento), processo essencial da memória humana (Pinto, 1992). Também Pessoa

(1930) foi dos primeiros autores a estudar o testemunho, tendo demonstrado que os

depoimentos de sujeitos que assistem ao mesmo evento podem diferir significativamente

(Louro, 2008). Dos vários temas habitualmente abordados nestes estudos, destacam-se dois

em particular: a avaliação da credibilidade e fiabilidade do testemunho e as falsas memórias

(e.g., Ribas, 2011; Reis, 2014; Reis & Horta, 2015), sendo as falsas memórias o principal foco

do presente trabalho. Para o efeito, apresenta-se seguidamente uma breve revisão da literatura

sobre memória e mais concretamente sobre as falsas memórias (FM).

1.1. Memória

Os processos psicológicos básicos – sensação, perceção, atenção e memória – estão

na base da elaboração dos testemunhos, podendo exercer influência na capacidade da

testemunha para relatar um acontecimento. Estes processos são inerentes a todos os sujeitos e

embora sejam distintos, interligam-se e influenciam-se (e.g., Alho, 2016). A presente

dissertação foca-se particularmente na memória, que constitui o elemento principal no

processo de uma testemunha, sendo uma das áreas centrais da investigação psicológica (Pinto,

1992). Contudo, tem sido encarada como um processo paradoxal, ou seja, por um lado é a

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base do que cada sujeito é e do que experienciou na vida, por outro, é moldável, sensível às

mudanças e portanto, seletivo (Schacter, 1999). Daí, focarmo-nos na importância da memória

no contexto forense.

Quando um sujeito assiste a um evento (e.g., crime), passa a ser testemunha desse

acontecimento. Com o objetivo de se obter informação fidedigna sobre o que aconteceu, a

testemunha é convocada para prestar declarações, que podem ocorrer em duas fases do

processo judicial: na polícia e durante o julgamento (Pinto, 1986). Na primeira fase, a

testemunha é chamada a depor, sendo instruída a fornecer o maior número de detalhes

possível do evento que testemunhou (Ribas, 2011). A “evocação livre” é uma das técnicas,

usualmente utilizada pelos investigadores. O sujeito é instruído a descrever abertamente o que

recorda do evento presenciado, antes de serem feitas outras questões (Lindsay, Ross, Read, &

Toglia, 2007). Contudo, ao fazer a evocação do ocorrido, a testemunha, através dos processos

mnésicos, relata a informação conforme a perceção que teve da realidade e conforme a

interpretação que fez da mesma. Este fenómeno pode ser explicado através do entendimento

da memória humana, caraterizada por três etapas fundamentais: a codificação, o

armazenamento e a recuperação/evocação (e.g., Loftus & Pickrell, 1995; Loftus, 1997a;

Crowder, 2014; McDermott & Roediger, 2016). A primeira diz respeito ao processo pelo qual

a informação sensorial do ambiente é transformada (codificada) em representações mentais; o

armazenamento refere-se à categorização das memórias de acordo com a sua modalidade

(e.g., visual e auditiva) e conteúdo; já a recuperação ou evocação ocorre quando recuperamos

as informações memorizadas, através de tarefas de recordação ou reconhecimento. Em

contexto forense é desejável que a evocação dos acontecimentos seja objetiva, minuciosa e

correta, dependendo do quão eficaz foi feita a codificação e o armazenamento dos

acontecimentos (Marche, Brainerd, & Reyna, 2010; Pinto, 1992; Rocha, 2015).

Existem vários tipos de memória e especificamente em psicologia do testemunho,

esta pode dividir-se em dois tipos: memória para detalhes centrais (relacionados com o

ofensor) e memória para detalhes periféricos (relacionados com o cenário/ambiente

circundante) (e.g., Deffenbacher, Bornstein, Penrod, & McGorty, 2004; Luna & Migueles,

2009; Barbosa, Brust-Renck, & Stein, 2014). Na memória para detalhes centrais, a

identificação do ofensor é um teste de reconhecimento, através da escolha da testemunha

entre várias alternativas, já a memória para os detalhes periféricos pode ser uma tarefa de

recordação ou reconhecimento (e.g., Loftus, 1971;Yegiyan & Lang, 2010).

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As testemunhas oculares podem ainda ser convidadas a fazer a identificação do

presumível suspeito a partir de um alinhamento policial, podendo o culpado estar presente, ou

não (Pinto, 1986). A testemunha tem de afirmar se reconhece ou não o perpetrador no

conjunto de indivíduos que lhe são apresentados (e.g., Brewer & Wells, 2006; 2011). Uma

identificação errada do suspeito pode levar à revisão das teorias acerca da probabilidade de se

tratar realmente do ofensor, ou mesmo ao questionamento da fiabilidade da testemunha,

havendo a necessidade de recorrer a provas originárias de outras fontes (Brewer & Wells,

2011). Assim, uma das questões que persiste é a da fiabilidade do testemunho, uma vez que,

tal como as provas físicas, também o traço mnésico pode ser contaminado, perdido ou poderá

produzir resultados que podem conduzir a uma reconstrução incorreta ou imprecisa dos factos

(Wells & Loftus, 2003). A fiabilidade do testemunho ocular pode assim ser afetada por dois

tipos de variáveis: do sistema e estimadoras. As primeiras, tal como a designação sugere,

podem ser controladas pelo sistema judicial (e.g., estrutura do alinhamento, instruções dadas

antes da visualização do alinhamento, técnicas de interrogatório, entre outras). As variáveis

estimadoras estão fora do controlo do sistema judicial, como por exemplo a duração da

exposição do ofensor à testemunha e o tempo que esta dispôs para codificar informação

relevante (e.g., como a cara do ofensor e as suas caraterísticas físicas, a condição de luz da

cena do crime e o intervalo de retenção (IR) que corresponde ao intervalo de tempo decorrido

entre um certo evento e a recuperação da memória do mesmo) (e.g., Brewer & Wells, 2006;

Deffenbacher, Bornstein, McGorty, & Penrod, 2008; Pinto, 2012; Alho et al., 2016).

Habitualmente, as testemunhas oculares prestam ainda declarações durante o

julgamento (Pinto, 1986). O modo como os sujeitos prestam os seus depoimentos pode

exercer influência na credibilidade atribuída às mesmas pelo juiz ou júri, dependendo do

sistema judicial em que se está integrado, tendo em conta que o sistema judicial em Portugal é

diferente do sistema judicial americano (Ribas, 2011). Neste sentido, é esperado que os

relatos das testemunhas sejam válidos e confiáveis, pois estes têm um papel crucial no que diz

respeito às decisões judiciais (Shaw & Porter, 2015). Porém, o relato dos testemunhos é

frequentemente prestado em condições conhecidas como propiciadoras da produção de

distorções de memória (Loftus & Palmer, 1974), como por exemplo, os longos intervalos de

tempo decorridos desde o evento e a evocação das memórias, a repetição do relato do evento,

as questões com perguntas sugestivas a que estão expostas, a discussão das experiências com

outras testemunhas, entre outros fatores (e.g., Clarke & Milne, 2001; Schacter, Chiao, &

Mitchell, 2003). Dito de outra forma, as testemunhas criam frequentemente FM, pelo que

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perceber que fatores contribuem para a sua criação é fundamental para o aperfeiçoamento de

técnicas do sistema e, por conseguinte, para a sua fidedignidade. Dado ser o foco principal do

presente trabalho, dedicamos a secção seguinte ao tema falsas memórias, apresentando

algumas definições e resultados de vários estudos que abordam a temática.

1.1.1. Falsas Memórias

A investigação tem demonstrado que a memória tem tendência ao erro, mediante a

existência de diversos fatores que conduzem às denominadas falsas memórias (e.g., Rodrigues

& Albuquerque, 2007; Santos & Stein, 2008), ou seja, recordar eventos que nunca

aconteceram e que não foram realmente presenciados (Alves & Lopes, 2007). Importa referir

que uma FM diferencia-se de um erro de memória. Um erro de memória carateriza-se pelas

falhas na recordação ou no reconhecimento de informação. Uma FM envolve a experiência de

recordação de um evento/episódio que não ocorreu verdadeiramente, podendo ser espontânea

ou implantada (Reis, 2014). Deste modo, a correspondência ou a não correspondência da

informação recordada com a realidade objetiva é que determina se a memória é correta ou se

constitui um erro ou uma FM (Gleaves, Smith, Butler, & Spiegel, 2004).

Desde o início dos anos 70 que a psicóloga cognitiva Elizabeth Loftus, tem vindo a

estudar o tema das FM, desenvolvendo os mais diversos estudos nesta área (e.g.,

“misinformation effect2”; “Lost in the mall3”). Loftus mostrou que a recordação que os

sujeitos têm de eventos passados pode sofrer modificações, consoante o sujeito seja exposto a

informações novas e enganosas sobre os mesmos acontecimentos. Acresce, ainda, que a

confirmação de outra pessoa (e.g., familiar) de que um evento aconteceu, pode levar à

implantação de FM (Loftus, 1997a; 1997b). Contudo, não é só a implantação de relatos que

pode levar à construção de FM. Estas podem ocorrer quando os sujeitos percecionam os

eventos de forma completamente diferente do que aconteceram na realidade. Por exemplo, as

memórias armazenadas podem ser influenciadas e consequentemente alteradas através de

eventos intervenientes, nomeadamente na fase de recuperação, podendo levar a relatos pouco

fidedignos dos eventos reais (Roediger & McDermott, 2000).

Segundo Hyman e Pentland (1996, p. 114), a “vida é uma experiência contínua de

informação enganosa”, logo estamos constantemente a receber informação adicional sobre um

evento que testemunhámos e, provavelmente, alguma desta informação poderá ser errada,

2 Refere-se ao comprometimento da memória após a exposição a informações enganosas (Loftus, 2005). 3 Estudo em que um membro da família confirma que o sujeito se perdeu no Centro comercial quando era pequeno (Loftus, 1997a).

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podendo ser incorporada na memória relativa ao evento original promovendo a distorção da

mesma. De facto, estamos constantemente inseridos em ambientes complexos, onde alguns

estímulos são relevantes para uma dada tarefa, enquanto outros são distratores ou irrelevantes,

podendo influenciar o nosso desempenho cognitivo (Rodrigues & Pandeirada, 2015). Acresce

ainda que a recordação que os sujeitos têm de eventos passados é uma construção

influenciada pelas suas expetativas, crenças e experiências anteriores e atuais (Callegaro,

2005).

Durante os últimos anos, as FM têm sido objeto de estudo recorrente no contexto

forense, isto porque podem influenciar testemunhos, que constituem meios de prova nas

decisões judiciais (Shaw & Porter, 2015; Kaplan, Damme, Levine, & Loftus, 2016). Assim, é

importante realçar que os traços de memória podem ser contaminados, perdidos ou até mesmo

reconstruídos incorretamente, conduzindo a consequências que podem ser graves para o

presumível ofensor (Reis, 2014).

1.1.2. Fatores que afetam a memória

Diversos estudos têm investigado quais os fatores que podem vulnerabilizar a

memória e, por consequência, criar erros e FM (e.g., Ávila & Stein, 2006; Ribas, 2011;

Neufeld, Renck, Rocha, Sossella, & Rosa, 2013; Frenda, Patihis, Loftus, & Fenn, 2014;

Fundinho, 2014). Como exemplos, a história pessoal do sujeito, o meio e a cultura onde está

inserido, isto porque quando um indivíduo nasce, está sujeito à influência dos hábitos

culturais do seu meio. À medida que se vai desenvolvendo, o indivíduo vai sendo moldado

por estes hábitos, tornando-se “produto” da cultura da sociedade. Consequentemente, o

comportamento do indivíduo poderá vulnerabilizar a sua memória (Pinto, 1998). A idade da

testemunha pode também conduzir a erros nos depoimentos. Mais especificamente, à medida

que a idade avança, há uma diminuição progressiva da observação e pode dar-se o

enfraquecimento da memória (Pessoa, 1913).

Adicionalmente, o stresse e a ansiedade a que estão expostos os sujeitos, e ainda, o

género e o tipo de evento presenciado pelos mesmos (e.g., Júnior & Faria, 2015; Reis &

Horta, 2015) são outros fatores habitualmente apontados na literatura como influenciadores da

memória. Passamos a apresentar mais detalhadamente que tipo de influência o stresse e a

ansiedade têm nos processos mnésicos.

Um evento específico pode suscitar uma resposta de stresse, caraterizada por um

estado de tensão, esforço mental ou físico. A ansiedade, por sua vez, representa um estado

emocional negativo de algo que ainda não aconteceu (e.g., Silva & Spielberger, 2007).

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O efeito que estes fatores têm na memória permanece inconclusivo. Por um lado,

estudos realizados na área do testemunho ocular (e.g., Deffenbacher et al., 2004; Morgan et

al., 2007; Pozzulo, Crescini, & Panton, 2008) demonstram que níveis elevados de stresse e

ansiedade provocados por acontecimentos emocionais podem influenciar a memória e,

consequentemente prejudicar a recordação dos detalhes de um evento, pois apresentam efeitos

negativos em tarefas de reconhecimento/identificação visual (e.g., Clifford & Hollin, 1981;

Houston, Clifford, Phillips, & Memon, 2013). Quando o sujeito é exposto a situações que

induzem stresse, a atividade intelectual desorganiza-se, alterando algumas funções cognitivas

(Ribeiro & Marques, 2009). Deste modo, o sujeito tem tendência a fazer interpretações

incertas dos acontecimentos, tendo dificuldade em tomar decisões e apresentando um

aumento de ansiedade (Wolf, Atsak, Quervain, Roozendaal, & Wingenfeld, 2016).

Consequentemente aumenta a dificuldade de atenção/concentração, sendo mais difícil a

deteção de erros em tarefas, tanto simples, como exigentes e de estímulos circundantes, como

a existência de uma arma (e.g., Loftus, Banaji, Schooler, & Foster, 1987; Steblay, 1992;

Eysenck, 2014). Relativamente à memória, o sujeito apresentará dificuldades em reter

informações de situações recentes, bem como na interpretação do significado dos

acontecimentos (Vaz, 2009). Em contrapartida, outras investigações sugerem que estes fatores

nem sempre são prejudiciais, ou seja, níveis equilibrados de stresse e de ansiedade podem

fomentar a atenção e a memória, pelo menos para os detalhes centrais do evento, pois são um

auxílio na tomada de decisões e na resolução de problemas, melhorando as aptidões e o

desempenho nas tarefas (Easterbrook, 1959; Houston et al., 2013). O stresse apenas apresenta

um impacto negativo, quando deriva de situações extremas com as quais não lidamos

diariamente, por falta de recursos pessoais ou sociais (Vaz, 2009).

Relativamente ao género, esta é uma das variáveis mais importantes a analisar nos

diferentes domínios da psicologia, tanto ao nível da personalidade, como das diferenças

cognitivas (e.g., Cahill, 2003).

Concretamente ao seu efeito na memória, Pessoa (1913) afirma que há influências do

sexo nos depoimentos dos sujeitos. Especificamente, as mulheres esquecem menos que os

homens, apresentando recordações mais persistentes e depoimentos mais extensos. Uma

revisão de estudos sobre a memória revela que não se pode afirmar que um dos sexos tenha

uma melhor memória que o outro (Loftus et al., 1987), apenas diferem no que diz respeito ao

tipo de informação lembrada, podendo esta ser classificada como central ou periférica

(Saraiva et al., 2015). Os detalhes centrais envolvem qualquer elemento diretamente

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associado à fonte de ativação emocional, como por exemplo, caraterísticas físicas do agressor

e/ou das vítimas (e.g., cor do cabelo; roupa que trazia vestida). Por sua vez, os detalhes

periféricos correspondem a elementos irrelevantes que não se encontram diretamente

associados ao evento que produziu ansiedade, nomeadamente detalhes do cenário ou do

ambiente (e.g., havia flores, árvores, bancos de jardim) (Christianson, 1992; Loftus et al.,

1987). O papel do género na precisão de detalhes recordados tem sido especulado por

diferentes investigadores (e.g., Shaw & Skolnick, 1999; Eck & Thoftne, 2008). Por exemplo,

Rennie (2002) demonstrou que as mulheres descrevem mais detalhes relativos a atributos dos

suspeitos, como a cor da roupa e elementos envolventes, do que os homens que descrevem

maioritariamente as partes faciais. Tal pode dever-se ao facto dos homens e das mulheres

manifestarem interesses diferentes que podem explicar a diferenciação nas capacidades de

reconhecer rostos (Rennie, 2002). À primeira vista, a capacidade humana parece ser

impressionante no reconhecimento de faces. Porém, as investigações realizadas neste contexto

revelam a falibilidade dos processos cognitivos (e.g., Buckout, 1974; Buckout, 1980). Estes

estudos mostram ainda que o intervalo de retenção entre a ocorrência do evento e o

reconhecimento não tem praticamente influências na capacidade do sujeito para reconhecer

corretamente uma face (Pinto, 1986).

Por fim, no que concerne ao tipo de evento, tem-se demonstrado que nos

acontecimentos emocionais (e.g., crime), os sujeitos retêm mais facilmente aspetos centrais,

sendo que em eventos que não possuam carga emocional (e.g., eventos neutros), o

desempenho dos sujeitos é melhor para detalhes periféricos (e.g., Yegiyan & Lang, 2010;

Saraiva et al., 2015). Concretamente, eventos com cargas emocionais negativas parecem

potenciar a memória desse evento, em particular para detalhes centrais, como a cara do

ofensor (Houston et al., 2013), o que poderá estar relacionado com o facto de eventos

emocionais receberem processamento preferencial (Wells & Olson, 2003).

Atendendo à importância das variáveis supracitadas e tendo em conta que são

amplamente investigadas no contexto de FM, vamos considerá-las no nosso estudo. Contudo,

dado que a criatividade pode ter um papel importante na criação de FM e sendo este um

aspeto escassamente estudado nesta área, este constitui-se o principal objetivo do presente

trabalho. Para o efeito, dedicamos a seguinte secção à relação entre FM e criatividade.

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1.1.3. Falsas memórias e criatividade

O estudo de Ramirez e colaboradores (2013) forneceu um modelo de como as FM

podem formar-se nos humanos. Para tal, o estudo consistiu na implantação de FM no

hipocampo de ratos adormecidos, verificando-se que quando os animais acordavam as FM

persistiam, afetando o comportamento do animal. Tonegawa (2013), um dos investigadores

deste estudo, questionou se este facto não terá a ver com a criatividade, uma vez que nos pode

tornar mais suscetíveis a confundir os eventos que aconteceram dos que nunca ocorreram.

Dado ser uma variável pouco explorada na literatura, mas com potencial relevância

na formação de FM, perceber a relação que a criatividade tem na sua formação constitui o

objetivo primordial do presente trabalho.

A investigação sobre a criatividade teve o seu grande início em 1950, quando

Guilford deu uma palestra na Conferência “Creativity” (Santos, 2010). Neste trabalho,

defendeu-se que a criatividade é um processo de produção divergente, presente em qualquer

sujeito, sendo que as caraterísticas da personalidade assumem nela um papel relevante

(Almeida & Nogueira, 2016). Desde então, a criatividade tem-se demonstrado um construto

importante, essencial do ser humano e de grande valor na nossa sociedade, isto porque as

descobertas criativas têm um lugar marcante, no que diz respeito ao desenvolvimento das

sociedades (Runco, 2004; Seabra, 2007; Tezci, Karaca, & Sezcinsoy, 2008).

Ao longo dos últimos anos, os investigadores têm demonstrado que pode haver

vários tipos de criatividade, sendo definida de diversas maneiras, por diferentes autores

(Gomez, 2007; Gomes, Rodrigues, & Veloso, 2016). Contudo, não há consenso quanto à sua

definição, pois as conceções de criatividade são “filtradas” segundo as nossas experiências,

crenças e valores, e até mesmo, pela nossa própria cultura (Oliveira, 2010a; 2012). Por

exemplo, investigadores defendem que a criatividade não é a descrição do sujeito, mas sim a

habilidade do mesmo em superar algo que já existe, criando produtos ou ideias novas (e.g.,

Dias & Moura, 2007; Hennesey & Amabile, 2010). Em contrapartida, há quem defenda que

este construto é parte essencial da natureza humana, sendo necessário para a produção

humana e crescimento dos sujeitos. De acordo com Alencar (2007), todas as pessoas são

potencialmente criativas, não obstante, esta pode ser estimulada e exercitada através de

técnicas e estratégias de pensamento, potenciando o desenvolvimento do potencial criativo

(e.g., Alencar & Fleith, 2003).

Esta aptidão presente em cada sujeito (embora de maneiras diferentes) é um requisito

essencial do aspeto social que em conjunto com a sua vida pessoal pode proporcionar

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autorrealização e satisfação com a vida (Tezci et al., 2008). O desenvolvimento deste

constructo não ocorre de maneira semelhante em todos os sujeitos, pois pode ser influenciado

pela cultura, depender das pessoas e dos seus elementos constituintes e das situações

(Oliveira, 2010b). Embora não seja um construto consensual, algumas caraterísticas podem

ser apontadas; Seguidamente exploramos algumas delas.

É possível salientar algumas das características associadas à criatividade e aos

sujeitos criativos, tais como: a introversão, a flexibilidade comportamental, o pensamento

divergente, a curiosidade, a autonomia, a abertura a experiências, a fluência de ideias e

flexibilidade de pensamento, a motivação intrínseca, a autorrealização e perseverança, a

capacidade de absorver imagens, podendo até haver propensão para a psicose e neurose

(Alencar & Fleith, 2003; Clarkson, 2005; Rato, 2009). Sem a avaliação da criatividade, torna-

se impossível a sua compreensão e a promoção.

No início do Século XX, foram realizadas as primeiras experiências de avaliação da

criatividade, com recurso a composições escritas, construção de novas palavras ou analogias,

entre outras. Desde então foram surgindo múltiplas propostas de avaliação da criatividade,

existindo mais de 100 instrumentos de avaliação, de que são exemplos: Wallach & Kogan

Test (1965), Structure of the Intellect Test (Guilford, 1967) e as provas de Avaliação de

Realização Cognitiva (PARC) criadas por Ribeiro (1993) (Morais & Azevedo, 2009). A

medida de criatividade mais divulgada e estudada em todo o mundo é a bateria de testes de

Torrance (TTCT – Torrance´s Tests of Creative Thinking) (Bahia, 2007). Esta medida permite

identificar as competências criativas dos sujeitos, através de atividades simples que envolvem

estruturas complexas de pensamento (Torrance Center Portugal [TCP], 2001). Em Portugal,

destaca-se o uso da Escala de Estilos de Pensar e Criar (Garcês, 2011), que decidimos usar no

presente estudo, pois apresenta boas caraterísticas psicométricas e cuja descrição

apresentamos mais à frente. De referir que a utilização desta medida no contexto forense

apresenta um caráter inovador.

1.2. Objetivo

O presente estudo debruça-se sobre o tema das FM e dos erros de memória, um dos

tópicos centrais em pesquisas sobre a memória, especificamente no contexto forense.

A investigação pretende contribuir para a literatura acerca da influência das

caraterísticas da testemunha, mais especificamente a sua criatividade na evocação de

informação relativa a um evento específico. Adicionalmente pretende-se explorar o papel do

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stresse, da ansiedade, do tipo de evento e as diferenças de género na evocação da informação.

Visto que todas as variáveis referidas anteriormente diferem de pessoa para pessoa,

consequentemente este facto irá refletir-se no testemunho de cada um, pelo que a informação

destas diferenças poderá ajudar à obtenção de informação mais consistente e precisa sobre um

determinado acontecimento, alertando para as fragilidades da memória e de que forma

poderão ser minimizadas.

Ao desenvolver este estudo é expectável que a criatividade possa ter influência quer

no número de erros de memória, quer na construção de FM, isto porque diversos autores

acreditam que uma pessoa criativa apresenta caraterísticas específicas, nomeadamente

pensamento original e inovador, fantasia e imaginação, ideias elaboradas e enriquecidas,

impulsividade e espontaneidade, entre outras (e.g., Fasko, 2001; Alencar & Fleith, 2003;

Stenberg, 2006). Deste modo, espera-se que os participantes com índices de criatividade mais

elevados tenham mais erros de memória e criem mais FM.

É também esperado que as variáveis stresse, ansiedade, género e tipo de crime

revelem influências no contexto das FM. Em relação ao stresse e à ansiedade, espera-se que

tenham influência na medida em que podem ou dificultar as recordações dos sujeitos (e.g.,

Wolf et al., 2016) ou facilitar a sua evocação (Houston et al., 2013). Homens e mulheres

podem revelar diferenças relativamente ao tipo de informação lembrada – central ou

periférica. Surge a hipótese de que um género tem tendência para relembrar mais facilmente

um certo tipo de informação do que o outro, mais especificamente, os homens têm tendência

para relembrar mais detalhes centrais, e as mulheres relembram mais detalhes periféricos

(Loftus et al., 1987; Eck & Thoftne, 2008). O tipo de crime pode levar os sujeitos a melhores

ou piores desempenhos relativamente aos detalhes recordados, na medida em que se tem

demonstrado que eventos com maior carga emocional levam o sujeito a recordar melhor

detalhes centrais, enquanto em eventos que não possuam carga emocional, os sujeitos

recordam melhor detalhes periféricos (e.g., Saraiva et al., 2015).

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PARTE II – METODOLOGIA

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2.1. Estudos-Piloto

A presente investigação teve uma fase prévia adjacente, na qual foram realizados três

estudos-pilotos distintos, necessários para a realização da tarefa experimental: 1) seleção de

filmes de crime e filmes neutros; 2) criação de questões indutoras de erros; 3) estudo para

testar todos os procedimentos.

Num primeiro momento foi realizado um estudo-piloto para seleção dos filmes que

foram utilizados na investigação. Com recurso ao estudo de Alho e colaboradores (2014), dos

dez filmes usados no estudo original, foram selecionados quatro filmes reais, dois de crime e

dois neutros. A seleção dos filmes foi feita por um painel de dez avaliadores independentes:

cinco homens com idades compreendidas entre os 30 e os 31 (M = 24,5; DP = 2,8) e cinco

mulheres, com idades compreendidas entre os 19 e os 30 anos (M = 25,2; DP = 3,1) que os

avaliaram em escalas de tipo Likert nos seguintes parâmetros: vividez, ativação geral e

agradabilidade (e.g., Alho et al., 2014; 2016).

Posteriormente foi desenvolvido um segundo estudo-piloto para a criação das

questões representativas de cada filme, por um painel de dez avaliadores independentes: cinco

homens com idades compreendidas entre os 19 e os 28 anos (M = 24,2; DP = 2,6) e cinco

mulheres, com idades compreendidas entre os 19 e os 32 anos (M = 26,2; DP = 4,1). Assim,

foram desenvolvidos quatro questionários diferentes, cada um com seis questões, às quais os

participantes deveriam responder “Sim”, “Não” ou “Não sei” (Ver Apêndice I).

Por fim, antes de se iniciar a experiência propriamente dita foi realizado um terceiro

teste-piloto com três participantes, de modo a verificar todos os procedimentos e corrigir

eventuais erros que pudessem surgir no decorrer da experiência.

2.2. Tarefa Experimental

2.2.1. Participantes

A amostra final inicial foi composta por 82 estudantes universitários do Porto,

Coimbra, Aveiro e Lisboa. No entanto, dois foram excluídos pois verificou-se que a tarefa

experimental de ambos estava incompleta. Dos 80 participantes, 40 são do sexo masculino,

apresentando idades entre os 18 e os 58 anos (M = 23,27; DP = 6,18) e 40 do sexo feminino

com idades compreendidas entre os 18 e os 42 anos (M = 21,97; DP = 4,31).

Uma vez que a tarefa pressupunha a visualização de um vídeo em computador e o

preenchimento de questionários e escalas, um dos critérios de inclusão era os participantes

não apresentarem qualquer problema visual, ou caso apresentassem que estivesse

tratado/corrigido.

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2.2.2. Materiais

2.2.2.1. Instrumentos

Os questionários/escalas facultados aos participantes foram os seguintes: 1)

Questionário sociodemográfico; 2) STAI (ansiedade-estado e traço); 3) VAS (nível de

stresse); 4) Escala de Estilos de Pensar e Criar (criatividade); 5) Questionário representativo

de cada filme. Apenas a Escala VAS foi fornecida em papel, os restantes instrumentos

encontravam-se na plataforma Google Formulários.

Escala de Ansiedade Estado-Traço (STAI-1 e STAI-2) e Escala de Stress (VAS)

Para avaliar os níveis de ansiedade foi usado o STAI (State-Trait Anxiety Inventory;

Spielberger, 1983) e para avaliar os níveis de stresse foi utilizada a VAS (Visual Analogue

Scale; Kertzman et al., 2004).

O questionário de ansiedade (STAI) é composto por dois subtestes: STAI-Y1 que

corresponde à ansiedade-estado (como o sujeito se sente no momento) e STAI-Y2 que

equivale à ansiedade-traço (como o sujeito se sente habitualmente), sendo cada um composto

por 20 itens (no Anexo I apresentamos alguns exemplos da escala). No que diz respeito à

cotação da escala, cada item é cotado de 1 (nada) a 4 (muito). Uma pontuação de 4 indica a

presença de um alto nível de ansiedade em dez dos itens da ansiedade-estado e em onze dos

itens da ansiedade-traço (e.g., “Sinto-me perturbado”). Uma pontuação alta indica a ausência

de ansiedade nos restantes 19 itens da ansiedade-estado e traço (e.g., “Sinto-me

descontraído”).

A escala de stresse (VAS) consiste numa escala que varia de 0 (nada stressado) a 10

(muito stressado), na qual o sujeito deve assinalar com um traço o nível de stresse que sente

naquele exato momento (Ver Anexo II). Os níveis devem ser medidos com uma régua.

Tanto o STAI como a VAS permitiram averiguar e comparar os níveis de ansiedade

e stresse em três momentos diferentes do estudo: antes e após a visualização do filme, e ainda,

no final da tarefa experimental, para evitar que o participante saísse do laboratório em

distresse.

Escala de Estilos de Pensar e Criar

A investigação centrada na criatividade conduziu ao desenvolvimento dos estilos de

pensar e criar (Wechsler, 2006) e, consequentemente à criação da Escala de Estilos de Pensar

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e Criar, agora adaptada para a população portuguesa (Garcês, 2011) (no Anexo III

apresentamos alguns exemplos da escala). A utilização desta escala no presente estudo é

importante, pois esta pretende interpretar os estilos dos sujeitos, fornecendo informações

relevantes sobre os seus modos de agir e criar (Garcês, 2011).

Com o principal objetivo de avaliar os estilos de pensar e criar de jovens e adultos,

em 2006, Wechsler criou o instrumento, designado “Escala de Estilos de Pensar e Criar”,

composto por 100 itens e que se proponha a avaliar 25 dimensões relativas a características

criativas, de natureza cognitiva e afetiva. Cada uma das dimensões era composta por quatro

itens. A Escala era de tipo Likert de 6 pontos e variava de “Discordo totalmente” a “Concordo

totalmente”.

Em 2011, Garcês desenvolveu um estudo com o principal objetivo de validar e

adaptar a Escala de Estilos de Pensar e Criar para a população portuguesa. Nesse sentido, a

escala original de Wechsler sofreu algumas alterações, nomeadamente na modificação e

reorganização de certas palavras e frases e na alteração das opções de resposta, passando de

seis para cinco opções.

Realizadas as análises fatoriais e todos os procedimentos estatísticos, a versão final

da escala é constituída por 49 itens (alpha de Cronbach de 0.91), cada item com cinco opções

de resposta (Discordo totalmente; Discordo; Nem Discordo/Nem Concordo; Concordo;

Concordo totalmente). Os itens da escala agrupam-se em cinco fatores de primeira ordem:

Fator 1 – inconformista/transformador (sujeitos dinâmicos que optam por tarefas inovadoras e

em mudança constante); Fator 2 – emocional/intuitivo (sujeitos que seguem as suas emoções

e intuições para tomar decisões); Fator 3 – relacional/divergente (sujeitos que respeitam e dão

valor às opiniões dos outros, sendo fácil trabalhar com eles); Fator 4 – independência de

julgamento (sujeitos que refletem de forma profunda antes de tomar qualquer decisão); e,

Fator 5 – lógico/objetivo (sujeitos racionais que dão preferência a tarefas estruturadas,

baseadas em factos) (Wechsler, 2006; Godoy & Noronha, 2010; Almeida & Nogueira, 2016).

A pontuação total da escala corresponde ao número total de itens a multiplicar pela

cotação de cada um, ou seja, 245 pontos. Já as pontuações de cada fator diferem consoante o

número de itens de cada um.

2.2.2.2. Filmes

Além dos instrumentos referidos anteriormente, foram utilizados quatro filmes reais

– dois de cenas de crime e dois de cenas neutras.

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As situações selecionadas envolvendo cenas de crime estão enquadradas no Código

Penal Português e incluíam: roubo com tomada de refém (filme de um assalto a uma loja de

rua em que um homem usa arma branca contra uma mulher, acabando por ser baleado

mortalmente pela polícia – Filme 1) e violência doméstica (filme de um homem a espancar

uma mulher dentro de um carro – Filme 2). É de salientar que os filmes de crime apresentam

ambos perpetradores homens e vítimas do sexo feminino.

Os filmes com cenas neutras representam situações do quotidiano: um casal a passear

na praia ao fim de tarde à beira-mar (Filme 3) e uma equipa de fotógrafos a trabalharem numa

cidade histórica (Filme 4). Em ambos também há um homem e uma mulher na cena.

As cenas foram captadas por câmaras profissionais e/ou amadoras. A duração média

de cada filme é de cerca de 1 minuto. A resolução dos filmes e o volume do som foram

sempre os mesmos para cada participante, sendo utilizados auscultadores durante a

visualização dos mesmos. Ao fornecer pistas visuais e auditivas, através dos vídeos, a carga

emocional dos filmes era maximizada/ aumentada.

2.2.3. Procedimento experimental

O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Psicologia da Universidade Lusófona

de Humanidades e Tecnologias de Lisboa. O procedimento envolveu seis etapas, descritas em

seguida.

A experiência iniciou-se assim que os participantes foram informados sobre o estudo

em que iriam participar, tendo acesso em papel ao consentimento informado, onde se

encontravam descritos os objetivos e principais informações sobre a investigação. Os sujeitos

foram ainda informados de que a sua participação era voluntária e que podiam desistir a

qualquer momento (Ver Anexo IV). Em seguida foi-lhes pedido que preenchessem os seus

dados sociodemográficos na plataforma Google Formulários, onde constavam informações

como o género, a idade, o estado civil, o estabelecimento de ensino, o curso e o ano, e ainda,

Figura 1. Etapas do procedimento experimental

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se apresentavam algum problema visual e, caso existisse, se estava a ser corrigido (ver Anexo

V).

Imediatamente a seguir, os participantes foram solicitados a preencher a escala de

stresse (VAS) em papel, na qual assinalavam o seu nível de stresse naquele momento, de 0

(nada stressado) a 10 (muito stressado), assim como a escala de ansiedade (STAI), composta

por dois subtestes (STAI-1 e STAI-2).

Posteriormente ao preenchimento das escalas foi apresentado a cada participante um

vídeo que poderia ser de uma cena de crime (Filme 1 ou 2) ou de uma situação neutra (Filme

3 ou 4). Tendo o estudo um design intersujeitos, cada participante visualizou apenas um

vídeo, tendo sido distribuídos aleatoriamente pelas duas condições. Os filmes foram

visualizados num monitor de computador (HP Pavilion Notebook, 15.6 polegadas) e os

participantes usaram auscultadores para aumentar o seu nível de concentração, evitando que

eventuais ruídos interferissem com a tarefa.

Terminada a apresentação do vídeo, foi realizado um IR de quinze minutos, durante

o qual os participantes preencheram três medidas: as escalas de stresse e de ansiedade, de

modo a analisar/comparar os níveis das referentes variáveis, antes e depois da visualização

dos filmes, e ainda, a escala da criatividade – Escala de Estilos de Pensar e Criar. À

semelhança do que acontece em estudos desta natureza (e.g., Alho et al., 2014) é fundamental

existir um IR, para que se analise se a passagem do tempo tem influências no desempenho das

tarefas, neste caso específico, ao relembrar o conteúdo do filme.

Após o IR, solicitou-se aos participantes que descrevessem em papel o que

recordavam do filme, sendo esta tarefa designada “Tarefa de Evocação Livre” (TEL). Por

norma, em estudos nesta área é frequente o recurso a esta tarefa, pois permite aos sujeitos

relatar todos os detalhes que se recordam dos eventos, e neste caso, dos filmes a que

assistiram (e.g., Bodner, Musch, & Azad, 2009; Houston et al., 2013). Para que se pudesse

fazer análises a respeito da quantidade e precisão dos detalhes recordados pelos participantes,

os investigadores do presente estudo realizaram uma matriz com os detalhes centrais e

periféricos de cada vídeo.

Após a TEL foi pedido aos participantes para preencherem um questionário com

questões sobre os respetivos filmes, com intuito de determinar a existência, ou não, de erros

de memória, em ambos os contextos (crime e neutro). Para cada vídeo foram realizadas seis

questões, sendo que numa questão existia informação enganosa. Como referenciado na

revisão de literatura, o efeito da desinformação pode contaminar a memória do evento, de

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forma intencional e, como consequência, aumentar os erros de memória. As restantes questões

não têm informação enganosa e, portanto, só avaliam os erros espontâneos. Por fim, e à

semelhança do que foi referido anteriormente, os participantes voltaram a preencher a VAS e

o STAI-1 e STAI-2, para comparações entre os níveis de stresse e ansiedade antes, durante e

após a tarefa.

Em média cada participante demorou cerca de 25/30 minutos a completar a

experiência.

2.3. Análise dos dados

Para a realização das análises estatísticas foi usado o IBM SPSS Statistics 22. As

análises realizadas foram testes Qui-quadrado, testes t-student independentes e emparelhados,

correlações de Pearson e ANOVA’s.

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PARTE III – RESULTADOS E DISCUSSÃO

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3.1. Resultados

3.1.1. Criatividade

De acordo com o artigo de Nakano e colaboradores (2010) para cada um dos cinco

fatores da escala há uma cotação específica, sendo cada item pontuado de 1 (discordo

totalmente) a 5 (concordo totalmente). Neste sentido, a cotação para cada fator é a seguinte:

estilo inconformista transformador (11 itens – 11 a 55 pontos); estilo emocional/ intuitivo (15

itens – 15 a 75 pontos); estilo relacional/divergente (9 itens – 9 a 45 pontos); estilo

independência de julgamento (7 itens – 7 a 35 pontos); e estilo lógico/objetivo (7 itens – 7 a

35 pontos). A pontuação total da escala é igual ao número total de itens (49 itens) a

multiplicar pela pontuação de cada um (5 pontos), ou seja, a pontuação total da escala é de

245 pontos. Os participantes foram divididos em dois grupos (os mais criativos e os menos

criativos), mediante a cotação obtida para cada um. A ideia foi que os sujeitos que tivessem

um score abaixo de 122,5 pontos (ponto de corte; percentil 50) seriam os menos criativos e os

que ficavam acima deste valor seriam os mais criativos. Porém esta divisão não foi possível,

uma vez que a média dos scores foi de 190 pontos, o que nos indica que os participantes desta

amostra obtiveram elevadas cotações na escala aplicada.

Como alternativa, cada fator da escala foi analisado individualmente, com o intuito

de se verificar a existência de correlações entre cada fator e as variáveis género, desempenho

nos questionários sobre os filmes e na TEL (para detalhes centrais e detalhes periféricos,

separadamente).

Os resultados revelaram a não existência de correlações significativas entre os fatores

da escala e os detalhes centrais e periféricos da TEL (p > .369). O mesmo procedimento foi

feito para as questões indutoras de erros. À semelhança dos resultados anteriores, não se

verificaram correlações estatisticamente significativas (p > .228). Assim, podemos concluir

que a criatividade não tem influência na quantidade de erros nos questionários sobre os filmes

(quer nas questões sem informação enganosa, quer nas questões com informação enganosa) e

na TEL (quer para os detalhes centrais, quer para os periféricos). Porém, observou-se uma

interação marginalmente significativa entre o género e os detalhes periféricos (p = .05) no

fator 5 – estilo lógico/objetivo. Em relação ao tipo de crime, não existem diferenças

estatisticamente significativas, p ≥ .05.

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3.1.2. Stresse, ansiedade-estado e ansiedade-traço

No que diz respeito aos níveis de stresse foi feita uma ANOVA de medidas repetidas,

verificando-se uma interação entre o stresse (avaliado nos três momentos) e a natureza dos

filmes (crime e neutra), F(2,156) = 10.57; p < .001. Como se verificou a interação foram

realizados testes t-student emparelhados para comparar as médias do stresse em cada

condição. Os testes foram agrupados em três grupos: 1) stresse inicial & stresse pós-filme; 2)

stresse pós-filme & stresse final; 3) stresse inicial & stresse final. Na condição crime

verificámos que o stresse pós-filme foi superior (M = 2,98; DP = 2,81) ao stresse inicial (M =

1,74; DP = 2,24), sendo a diferença estatisticamente significativa, t(39) = - 3,76; p = .001.

Também entre os valores do stresse inicial (M = 1,74; DP = 2,24) e stresse final (M = 2,44;

DP = 2,41) se verificou um aumento, t(39) = - 3,73; p = .001, sendo esta diferença

estatisticamente significativa. Em relação à condição neutra, verificou-se apenas uma

diferença marginalmente significativa entre o stresse inicial (M = 2,20; DP = 2,54) e o stresse

final (M = 1,77; DP = 2,02), t(39) = 2,03; p = .05, tendo os valores diminuído.

O mesmo procedimento foi feito para a variável ansiedade-estado e ansiedade-traço.

Fazendo uma ANOVA de medidas repetidas para a ansiedade-estado verificou-se uma

interação entre ansiedade-estado (avaliada nos três momentos) e a natureza dos filmes (crime

e neutra), F(2,156) = 3,323; p = .04. De seguida foram realizados testes t-student

emparelhados entre os valores de ansiedade avaliados nos três momentos. Na condição crime,

apenas se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre a ansiedade-estado

inicial (M = 33,88; DP = 7,80) e a ansiedade-estado pós-filme (M = 37,58; DP = 9,91), t(39) =

-3,37; p = .002. Em relação à condição neutra, não houve diferenças estatisticamente

significativas nos três momentos avaliados de ansiedade-estado (p ≥ .05).

Relativamente à ansiedade-traço, não se verificou uma interação significativa entre a

variável e a natureza dos filmes (p ≥ .05).

Em seguida foram feitas correlações de pearson entre os momentos de stresse pós-

filme e final e os erros de memória (i.e., questões para cada filme), verificando-se que não há

significância em nenhuma das correlações (p > .536). Na ansiedade-estado observámos

resultados similares ( p > .123); o mesmo padrão foi registado na ansiedade-traço (p > .709).

Logo, pode concluir-se que não existe influência do stresse e da ansiedade no desempenho

dos participantes.

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Catarina Vieira Guedes A Influência da Criatividade na Construção de Falsas Memórias

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida 32

3.1.3. Tarefa de Evocação Livre

Para comparar os detalhes centrais e periféricos nas duas condições entre as respostas

dadas pelos participantes e a matriz de detalhes feita pelos investigadores recorreu-se a testes

t-student independentes. Nos detalhes centrais da condição crime, verificou-se uma diferença

estatisticamente significativa entre as respostas dos sujeitos (M = 3,78; DP = 2,14) e a matriz

(M = 17,50; DP = 0,51), t(78) = 4,08; p < .001. Resultados similares foram verificados na

condição neutra, existindo uma diferença estatisticamente significativa entre as respostas dos

participantes (M = 2,09; DP = 1,51) e a nossa matriz (M = 14,50; DP = 0,51), t(78) = 24,50; p

< . 001. No que toca aos detalhes periféricos não se registaram diferenças estatisticamente

significativas entre as respostas e a matriz (p > .05).

3.1.3.1. Tipo de crime e Género x Detalhes centrais e periféricos

Foram realizados testes t-student para comparar as médias entre as condições crime e

neutra na recordação de detalhes centrais e periféricos. Na condição crime (M = 3,78; DP =

2,14), verificou-se um maior número de detalhes centrais recordados do que na condição

neutra (M = 2,09; DP = 1,51), sendo esta diferença estatisticamente significativa, t(78) =

4,076; p < .001. Em contrapartida, em relação aos detalhes periféricos, verificou-se um maior

número de detalhes recordados na condição neutra; Contudo, esta comparação não se revelou

estatisticamente significativa, p ≥ .05.

Tendo em conta as duas condições (crime e neutra) foram realizados novos testes t-

student para comparar as diferenças de género relativamente à quantidade de detalhes centrais

e periféricos. Na condição crime não se verificaram diferenças significativas entre géneros na

recordação de detalhes centrais e periféricos (p ≥ .05). Já na condição neutra, observou-se

uma diferença marginalmente significativa na recordação de detalhes periféricos, sendo que

as mulheres recordaram um maior número de detalhes em relação aos homens (p = .05).

Tendo em conta a interação que se observou entre o género e os detalhes periféricos no fator 5

da escala da criatividade (fator lógico/objetivo), podemos constatar que as mulheres foram

mais objetivas e apresentaram raciocínio mais lógico em comparação com os homens.

3.1.4. Questões dos filmes

Relativamente aos questionários dos filmes, cada um foi composto por seis questões:

cinco questões sem informações enganosas e uma questão-chave que continha informação

enganosa, de modo a induzir erro mnésico.

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Catarina Vieira Guedes A Influência da Criatividade na Construção de Falsas Memórias

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No Filme 1, a questão enganosa era a #6; nos filmes 2, 3 e 4, as questões enganosas

eram a #4 (assinaladas com “#” e a cor nas tabelas seguintes).

Tabela 1. Percentagem de erros, acertos e “não sei’s” do questionário 1

Filme 1/ questões

% de erros % de acertos % de “não sei’s”

Q1 15% 80% 5%

Q2 0% 90% 10%

Q3 25% 50% 25%

Q4 40% 30% 30%

Q5 20% 60% 20%

Q6# 30% 15% 55%

Legenda 1. “#” corresponde à questão com informação enganosa.

No filme 1, a questão #6 continha informação enganosa para induzir a um erro nos

participantes (Q6. “Existia uma câmara por trás do ofensor?”). No entanto, e como se pode

verificar na Tabela 1, esta não foi a questão com maior número de erros (30%), tendo

apresentado somente um maior número de respostas “não sei” (55%) relativamente às outras

questões. Em termos de acertos foi a questão que apresentou um valor mais baixo (15%). A

questão com maior número de erros espontâneos foi a #4 (40%).

Tabela 2. Percentagem de erros, acertos e “não sei’s” do questionário 2

Filme 2/ questões

% de erros

% de acertos % de “não sei’s”

Q1 30% 60% 10%

Q2 10% 45% 45%

Q3 5% 65% 30%

Q4# 30% 45% 25%

Q5 30% 65% 5%

Q6 30% 55% 15%

No filme 2, a questão com informação enganosa era a #4 (Q4. “Existiam várias

pessoas a observar a cena de violação?”), mas esta teve o mesmo número de erros que outras

questões (30%), apresentando poucas respostas “não sei” (25%) em relação às outras

perguntas.

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Tabela 3. Percentagem de erros, acertos e “não sei’s” do questionário 3

Filme 3/ questões

% de erros

% de acertos % de “não sei’s”

Q1 5%

65% 30%

Q2 35%

15% 50%

Q3 5%

95% 0%

Q4# 15%

45% 40%

Q5 5%

35% 60%

Q6 40%

50% 10%

No filme 3, a questão feita para induzir erro mnésico era a #4 (Q4. “A t-shirt do

homem era verde seco?”), no entanto não foi a questão com maior percentagem de erros

(15%), nem respostas “não sei” (40%). A questão que apresentou um valor mais elevado de

erros espontâneos foi a #6 (40%).

Tabela 4. Percentagem de erros, acertos e “não sei’s” do questionário 4

Filme 4/ questões

% de erros

% de acertos % de “não sei’s”

Q1

20% 75% 5%

Q2

10% 60% 30%

Q3

25% 45% 30%

Q4#

15% 70% 15%

Q5

30% 30% 40%

Q6

5% 30% 65%

No filme 4, a questão com informação enganosa era a #4 (Q4. “Existem quatro

pessoas na cena?”). No entanto, não foi a questão que apresentou um maior número de erros

(15%), nem de respostas “não sei” (15%). A questão com maior percentagem de erros

espontâneos foi a #5 (30%).

De um modo geral, podemos concluir que as questões com informação enganosa

tiveram menos erros do que as perguntas sem informação enganosa. As respostas “não sei”,

acabaram por dar liberdade aos sujeitos de não ter de dar uma resposta errada. Contudo,

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somente na questão #6 (com informação enganosa) do questionário 1 se verificou uma

percentagem maior de “não sei’s”, relativamente às outras questões enganosas.

3.1.4.1. Erros de memória (espontâneos vs. induzidos)

Os erros de memória (espontâneos vs. induzidos) foram avaliados pelos

questionários apresentados para cada filme. Para se averiguar qual a relação entre a natureza

dos filmes (crime e neutra) no que toca às respostas dadas pelos participantes, contabilizou-se

em primeiro lugar o número de casos válidos (erros vs. acertos). Dos 80, verificaram-se 69

casos válidos, uma vez que 11 deram respostas “não sei”. Foram realizados testes qui-

quadrado por condição para os erros de memória (espontâneos ou induzidos). Relativamente

às questões com informação enganosa, os resultados obtidos permitiram verificar que na

condição crime (filme 1 e 2) os sujeitos deram mais erros do que na condição neutra (filme 3

e 4), sendo esta diferença estatisticamente significativa, χ2(2) = 6,109; p = .047.

Posteriormente foi feito um teste qui-quadrado por condição, em função do género,

para as questões com informação enganosa. Na condição crime, foi possível verificar que os

homens dão mais erros do que as mulheres, e esta diferença é estatisticamente significativa,

χ2(2) = 6,627; p = .036. Relativamente à condição neutra, não se verificaram diferenças

estatisticamente significativas no desempenho entre géneros, p ≥ .05.

A mesma análise foi realizada, em função da condição, para as questões sem

informação enganosa. Os resultados mostram que não há diferenças estatisticamente

significativas no número de erros espontâneos entre as duas condições, p ≥ .05. Finalmente foi

realizado um teste qui-quadrado em função do género, tendo-se verificado diferenças

estatisticamente significativas no desempenho de homens e mulheres entre as duas condições,

p ≤ .05. De um modo geral, os homens têm tendência a cometer mais erros do que as

mulheres.

3.2. Discussão

A criatividade surgiu no presente estudo como variável de interesse, trazendo um

contributo inovador ao contexto forense. O principal objetivo foi averiguar se esta variável

apresentava influências nos erros de memória e na construção de FM.

De modo a avaliar a criatividade, Wechsler (2006) desenvolveu a Escala de Estilos

de Pensar e Criar, composta por cinco fatores, tal como apresentámos ao longo desta

dissertação. Os três primeiros foram caraterizados como principais por apresentarem um

maior índice de precisão e, os dois últimos caraterizados como secundários. Através dos

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dados obtidos nas análises realizadas, Wechsler constatou que um sujeito pode apresentar

mais do que um estilo, sendo que a interpretação destes deve ter em atenção as áreas mais

fortes e fracas de cada sujeito. Assim, pode concluir-se que as pessoas criativas não

apresentam estilos puros de pensamento ou comportamento, mas sim tendências de agir e de

refletir (Nakano et al., 2010).

De acordo com a literatura, pessoas mais criativas apresentam um maior fluxo de

ideias, mais imaginação e fantasia, entre muitos outros fatores (e.g., Alencar & Fleith, 2003;

Stenberg, 2006). Assim, seria de esperar que a criatividade tornasse os sujeitos mais

suscetíveis a recriar um evento presenciado, acrescentando ou diminuindo informação.

Contudo, os nossos resultados não corroboram esta hipótese. A criatividade parece não

influenciar a quantidade de informação recordada e a construção de FM, tendo-se verificado

apenas um efeito marginalmente significativo entre o género e os detalhes periféricos no fator

5 – lógico/objetivo. Ou seja, os participantes com pontuações mais elevadas neste fator são

sujeitos racionais que dão preferência a tarefas estruturadas e baseadas em factos (e.g.,

Almeida & Nogueira, 2016), tendo sido os que recordaram mais detalhes periféricos.

Atendendo a que os participantes apresentaram cotações muito elevadas na escala da

criatividade (em média 190 pontos), seria de esperar que estes tivessem tido melhores

desempenhos. Contudo, o desempenho geral dos sujeitos foi muito fraco (comparativamente

com a nossa matriz). Por conseguinte, não construíram FM porque os próprios detalhes

fornecidos foram escassos.

Usualmente, eventos emocionais/crime são considerados situações que desencadeiam

stresse na testemunha/vítima (e.g., Lindsay et al., 2007). Os resultados obtidos no presente

estudo corroboram esta afirmação, pois na condição crime verificam-se diferenças

significativas entre o stresse inicial e o stresse pós-filme e, consequentemente, entre o stresse

inicial e o stresse final. Em contrapartida, na condição neutra, verificou-se uma diminuição

entre os níveis de stresse inicial e final, querendo isto dizer que os eventos neutros tiveram

propensão para diminuir os níveis de stresse dos participantes ao longo da tarefa, não se

verificando oscilações significativas no decorrer da mesma.

De igual modo, a ansiedade também pode advir de eventos emocionais

testemunhados ou vivenciados por um sujeito (Lindsay et al., 2007). Tal facto verifica-se para

a ansiedade-estado, pois esta revela influências nos nossos resultados, corroborando a linha de

estudos que defende que este construto é um estado emocional transitório (e.g., Baptista,

Carvalho, & Lory, 2005). Na condição crime verifica-se um aumento entre ansiedade-estado

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inicial e ansiedade-estado final, levando a assumir que os filmes de crime despoletaram

ansiedade nos sujeitos. Já na condição neutra, não se verificaram quaisquer diferenças, pelo

que eventos neutros não provocam alteração nos níveis de ansiedade dos sujeitos. Em relação

à ansiedade-traço, não houve qualquer influência desta variável nos resultados, o que pode ser

justificado pelo facto de se tratar de um construto psicológico relativamente estável no tempo

e permanente nos sujeitos (e.g., Caci, Baylé, Dossios, Robert, & Boyer, 2003; Telles-Correia

& Barbosa, 2009), não sendo, por isso, suscetível a alterações maiores no decorrer desta tarefa

experimental.

Relativamente ao efeito do stresse e da ansiedade na memória, na literatura os

resultados permanecem inconclusivos, pois os estudos desenvolvidos na área são

contraditórios. Uma série de investigações sugere que elevados níveis de stresse e ansiedade

afetam a memória, pois restringem os processos atencionais na codificação, impedindo a

consolidação de informação nova (e.g., Deffenbacher et al., 2004; Lindsay et al., 2007;

Morgan et al., 2007; Pozzulo et al., 2008). Em contrapartida, outros estudos sugerem que o

stresse e a ansiedade podem aumentar a memória das testemunhas/vítimas, pelo menos para

detalhes centrais (Burke, Heuer, & Reisberg, 1992). Os resultados do nosso estudo sugerem

que estas variáveis não têm interferência nos erros de memória e na criação de FM, indo ao

encontro da literatura que sugere que o stresse e a ansiedade não têm efeitos negativos na

recordação (Bohannon & Symons, 1992; Heuer & Reisberg, 1992; Pozzulo et al., 2008).

No que diz respeito às descrições das testemunhas/vítimas (tarefa de evocação livre),

estas têm demonstrado ser um importante elemento na investigação de qualquer crime.

Embora sejam muitas vezes explícitas, tendem a ser incompletas, especificamente em relação

aos detalhes críticos do evento (Lindsay et al., 2007). Neste sentido foi realizada uma matriz

como base de comparação para a quantidade de detalhes centrais e periféricos que os

participantes deram na TEL. Para os detalhes centrais, os resultados obtidos permitiram

concluir que os participantes, nas duas condições, foram bastante limitados quando à

descrição de detalhes, comparativamente à matriz de base. Em relação aos detalhes periféricos

não se verificaram diferenças consideráveis entre as respostas dos participantes e a nossa

matriz, o que nos indica que foram relembrados mais detalhes periféricos (relacionados com o

ambiente circundante) do que detalhes centrais, o que vai ao encontro da literatura referida

anteriormente de que os detalhes críticos do evento são, geralmente, pouco precisos e

incompletos (Lindsay et al., 2007).

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Catarina Vieira Guedes A Influência da Criatividade na Construção de Falsas Memórias

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Mais especificamente em relação aos detalhes recordados por uma testemunha/vítima

sobre um determinado evento, tem-se demonstrado que o tipo de evento pode conduzir a

melhores ou piores desempenhos por parte do sujeito. Ou seja, eventos com maior carga

emocional (e.g., crime) levam o sujeito a recordar melhor detalhes centrais (diretamente

relacionados com o ofensor), sendo que em eventos que não possuam carga emocional, os

sujeitos recordam melhor detalhes periféricos (relativos ao cenário/ambiente em que decorreu

o evento (e.g., Easterbrook, 1959; Yegiyan & Lang, 2010; Saraiva et al., 2015).

Como já foi referido, a memória tem um papel seletivo (Schacter, 1999). Assim,

perante um evento emocional, a memória melhora o reconhecimento dos elementos centrais,

inibindo a recordação de detalhes periféricos (e.g., Pinto, 1998). Tal acontecimento deve-se ao

facto de que o número de interações entre a memória e o tipo de informação recordada,

depende da fixação do olhar do sujeito, ou seja, se está no centro ou na periferia. Assim, os

sujeitos estão mais propensos a fixar o olhar nos detalhes centrais de eventos emocionais do

que em eventos neutros (Sousa, 2013). Os resultados corroboram esta hipótese, pois na

condição crime, os participantes recordaram um maior número de detalhes centrais e na

condição neutra verificou-se um maior número de detalhes periféricos recordados.

O papel do género na precisão de detalhes recordados difere consoante os sujeitos

recordem informação central ou periférica (Saraiva et al., 2015), ou seja, para desempenhar as

mesmas funções cognitivas, as mulheres e os homens empregam estratégias diferentes

(Rolnik, 2005). No processamento da memória, o sexo feminino recorre de forma mais

significativa às partes anteriores do cérebro; já no sexo masculino, o processamento é feito

através de esquemas mais simples (Gomes, 2012). De uma forma geral, Rolnik (2005) sugere

que as mulheres prestam mais atenção ao conteúdo da informação e os homens retêm as

informações gerais de um determinado evento. Já Rennie (2002) demonstra que as mulheres

têm mais propensão para recordar detalhes relativos a caraterísticas do ofensor (e.g., roupa) e

os homens recordam com mais facilidade as partes faciais. Na condição crime, os resultados

do nosso estudo não mostraram diferenças significativas entre géneros. Em contrapartida, na

condição neutra verificou-se que as mulheres recordaram mais detalhes periféricos do que os

homens, pelo que os resultados da investigação confirmam a literatura (Saraiva et al., 2015).

Para obter mais informações sobre um determinado crime, os investigadores fazem

perguntas de diferentes tipos à testemunha/vítima. Por exemplo, podem utilizar perguntas

fechadas e mais específicas (“Lembra-se da cor da camisola do ofensor?”); podem tentar

confirmar informações que receberam sobre o ofensor, através de detalhes mais específicos

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Catarina Vieira Guedes A Influência da Criatividade na Construção de Falsas Memórias

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(“O homem tinha cabelo castanho e olhos azuis?”); ou, podem incluir essas informações no

contexto de outro detalhe (“O homem com cabelo castanho e olhos azuis tinha calças de

ganga?”) (Lindsay et al., 2007). Os resultados do estudo realizado por Lipton (1977)

revelaram que a precisão das declarações das testemunhas é tanto maior quanto mais livres

forem as questões (e.g., “O que aconteceu?”). Contudo, a delimitação das perguntas aumenta

os factos recordados (Pinto, 1986).

No presente estudo, os participantes tinham de responder a seis perguntas de resposta

fechada (“sim”, “não” ou “não sei”) sobre o filme que visualizaram, sendo uma delas uma

questão-chave com informação enganosa (indutora de erros de memória) e as restantes cinco

questões sem informação enganosa. Em tarefas de reconhecimento, a presença de itens

distratores, neste caso, a presença de informações enganosas, podem conduzir a erros de

memória, uma vez que os sujeitos podem incorporar essas informações nas memórias que têm

acerca do evento (Sousa & Albuquerque, 2006).

Clarificando, tanto os erros mnésicos como as FM podem ser produzidas pelo

próprio sujeito (espontâneos) ou podem surgir como resultado de fatores externos (induzidos)

(e.g., Reyna & Lloyd, 1997; Sene, Lopes, & Rossini, 2014).

Mais especificamente em relação aos questionários dos filmes, os primeiros

resultados mostram-nos quais as questões que apresentaram uma maior percentagem de erros.

Ao contrário do que seria esperado, as questões que continham informação enganosa, de

modo a induzir erros nos participantes foram aquelas que apresentaram menores percentagens

de erros, exceto no filme 2, onde quatro das respostas apresentaram o mesmo número de erros

que a questão enganosa. Assim observámos um maior número de erros espontâneos,

resultantes de distorções internas dos participantes, do que erros induzidos, advindos das

informações enganosas. Estes resultados podem ser explicados pelo facto de que, a maioria

dos participantes, não fez uma codificação eficaz e o correto armazenamento das informações

dos filmes (Marche et al., 2010; Rocha, 2015). De um modo geral, observaram-se

percentagens mais elevadas de erros na condição crime, comparativamente à condição neutra,

o que nos leva a concluir que o tipo de evento tem influência na construção de FM. Mais

especificamente, a emocionalidade do evento, diminui a precisão da memória (Brust & Stein,

2010).

Além das respostas “Sim” e “Não” que os participantes podiam dar nos

questionários, existia também a opção “Não sei”. Esta resposta dá oportunidade aos sujeitos

de não darem uma resposta errada (i.e., um falso positivo), pois os “não sei’s” não são

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Catarina Vieira Guedes A Influência da Criatividade na Construção de Falsas Memórias

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida 40

considerados erros. Em contexto real, o mesmo pode acontecer quando uma testemunha não

está certa de uma resposta, pois uma informação incorreta poderá ter graves consequências no

processo judicial. Por exemplo, se uma testemunha fizer uma incorreta recordação do crime

ou uma errada identificação do ofensor, pode conduzir à condenação de pessoas inocentes

(e.g., Alho, 2011).

Ao nível da memória, uma revisão de estudos de Loftus e colaboradores (1987)

defende que nenhum dos géneros tem melhor memória que o outro, embora vários

investigadores se debrucem sobre esta afirmação. Os nossos resultados na condição crime

para as questões-chave mostraram que os homens deram mais erros (induzidos) do que as

mulheres, que parecem ser mais fidedignas e apresentam melhor memória (Pessoa, 1913). Na

condição neutra, não se verificaram diferenças entre géneros. Para as questões sem

informações enganosas, não se verificaram diferenças entre géneros, tanto na condição crime

como na condição neutra. Estes resultados permitem-nos concluir que o tipo de evento

apresenta influências na memória dos sujeitos, sendo que os homens apresentaram

desempenhos de memória mais baixos em comparação com as mulheres (Pessoa, 1913).

Tal como referido na revisão da literatura, a fiabilidade do testemunho pode ser

afetada por variáveis do sistema ou variáveis estimadoras (e.g., Deffenbacher et al., 2008).

Uma das variáveis que está fora do controlo do sistema judicial é o IR, intervalo decorrido

entre um evento e a recuperação da memória do mesmo (Pinto, 2012), neste caso, é o

intervalo de tempo decorrido entre a apresentação do filme e a recuperação da informação. No

nosso estudo optámos por um IR de quinze minutos, isto porque o aumento do IR tende a

modificar a qualidade emocional dos eventos recordados, i.e., com o passar do tempo, um

evento emocionalmente negativo vai ser recordado como menos negativo do que era

originalmente (Ahola, 2012). De acordo com esta noção e tendo em conta que o IR de quinze

minutos fez os participantes terem fracos desempenhos, se o IR tivesse sido mais longo, os

sujeitos apresentariam desempenhos ainda mais baixos e, consequentemente iriam ter

dificuldades em recordar o evento e a sua tonalidade emocional. Contudo, sugere-se que esta

variável seja explorada e manipulada, usando o nosso procedimento experimental.

Do mesmo modo que surgem limitações na maioria dos estudos experimentais,

também neste projeto existiram algumas limitações, tornando-se fundamentais, na medida em

que permitem melhorar procedimentos para a realização de estudos futuros. Algumas dessas

limitações são apresentadas a seguir.

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Catarina Vieira Guedes A Influência da Criatividade na Construção de Falsas Memórias

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida 41

Uma das limitações práticas deste estudo refere-se à nossa amostra de conveniência

composta por 80 estudantes universitários. O principal inconveniente é a falta de

representatividade da população, pelo que seria interessante utilizar amostras maiores

verificando se haveria influências nos resultados. Relativamente à metodologia do nosso

estudo e à variável de interesse, apenas utilizámos uma escala da criatividade. É fundamental

conhecer e explorar outras medidas mais precisas e completas de criatividade.

Outra limitação prende-se à tonalidade emocional dos filmes. A literatura sugere que

assistir a um crime real é muito diferente de assistir a um crime através de um filme (Pozzulo

et al., 2008). Testemunhar um crime em contexto real apresenta uma tonalidade muito intensa,

onde o medo pode estar presente. Em contrapartida, filmes de crime não geram o mesmo grau

de ameaça pessoal, logo não induzem o mesmo nível de ativação emocional (Penrod, Fulero,

& Cutler, 1995). É certo que as experiências laboratoriais comprometem a validade ecológica

(Ihlebæk, Løve, Eilertsen, & Magnussen, 2003), contudo, seria eticamente questionável

sujeitar os participantes a um crime em contexto real, que geralmente envolve grandes níveis

de violência, podendo despoletar elevados níveis de stresse e de ansiedade. Embora tenhamos

realizado uma experiência laboratorial, os nossos resultados mostraram diferenças

significativas de stresse e de ansiedade na experiência emocional, o que nos permite concluir

que os vídeos de crime induziram emoções negativas nos sujeitos. Neste âmbito, seria

interessante realizar estudos de realidade virtual, onde os sujeitos possam ser expostos a

crimes reais.

Em relação aos níveis de stresse e ansiedade não foram feitos registos

psicofisiológicos, sendo que a avaliação dos níveis foi realizada somente através de escalas

subjetivas, onde a perceção que os participantes têm relativamente ao nível de stresse e de

ansiedade pode não corresponder à realidade. À semelhança do que acontece em estudos de

testemunho ocular (e.g., Valentine & Mesout, 2009), devem fazer-se registos

psicofisiológicos enquanto se induz stresse aos participantes, permitindo a obtenção de dados

mais objetivos, algo a ser considerado em estudos futuros.

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Conclusão A Psicologia do Testemunho surge como tentativa de alcançar a verdade em meio

judicial (Ferreira, 2016). Neste âmbito, o estudo dos erros mnésicos e das FM possui

particular relevância, na medida em que podem influenciar a prova testemunhal de um sujeito,

na reconstituição de eventos e na identificação de suspeitos. Assim, importa averiguar quais

os fatores que podem conduzir a erros e FM, por exemplo os níveis de stresse e de ansiedade

que resultam de um evento, o tipo de evento a que são expostos os sujeitos e as diferenças de

género na evocação de informação relativa ao evento específico. Acresce ainda como variável

que pode ter influência, mas que não se encontra explorada na literatura, a criatividade, tendo

sido o foco da presente investigação.

Os nossos resultados mostram que a criatividade parece não ter influência na

construção de FM. Porém, o presente estudo exploratório possui um caráter inovador que

pretende contribuir para uma área promissora e ainda pouco explorada. O facto de os

resultados não terem corroborado a nossa hipótese, não significa que esta variável não tenha

influência no contexto forense. Assim, é fundamental a realização de novos estudos onde a

variável possa continuar a ser estudada neste contexto. Existem algumas limitações inerentes

aos instrumentos utilizados para avaliar tanto a criatividade como os estilos de pensar e criar.

Assim, é crucial recorrer a medidas mais precisas e completas, que não levantem questões

quanto à sua natureza e à desejabilidade social.

Em relação ao stresse e à ansiedade, os resultados não corroboram a hipótese de que

estes fatores têm influência nos erros de memória e na criação de FM. Já o género e o tipo de

evento são fatores que apresentam influências nos erros mnésicos e nas FM.

Além das variáveis estudadas, outras tantas podem ter interferência neste contexto,

pelo que é fundamental desenvolver novos estudos com novas variáveis, de modo a prevenir

que o fenómeno das FM tenha efeitos negativos nas provas testemunhais dos sujeitos. Outra

das potencialidades para estudos futuros é a utilização de variáveis em contextos mais

ecológicos, uma vez que nestes, as pessoas embora inconscientemente, tendem a prestar mais

atenção ao que está em seu redor, do que quando estão em laboratório.

De um modo geral, os resultados encontrados sugerem que novos estudos são

necessários, devendo indicar de forma mais clara e precisa a relação entre as variáveis e a

suscetibilidade à criação de erros de memória e de FM.

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APÊNDICES

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“#” corresponde à questão com informação enganosa

APÊNDICE I

Questionário Filme 1

Instruções iniciais: O participante deve responder “Sim”, “Não” ou “Não sei”

ID: ______

1. O ofensor usava arma de fogo?

Sim

Não

Não sei

2. A vítima tinha cabelo loiro?

Sim

Não

Não sei

3. O assalto decorreu num centro comercial?

Sim

Não

Não sei

4. A camisola do ofensor era azul-escura?

Sim

Não

Não sei

5. A vítima tinha uma saia preta?

Sim

Não

Não sei

6. Existia uma câmara por trás do ofensor?#

Sim

Não

Não sei

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“#” corresponde à questão com informação enganosa

Questionário Filme 2

Instruções iniciais: O participante deve responder “Sim”, “Não” ou “Não sei”

ID: ______

1. O carro era cinzento?

Sim

Não

Não sei

2. A vítima era menor?

Sim

Não

Não sei

3. O ofensor tinha uma luva numa das mãos?

Sim

Não

Não sei

4. Existiam várias pessoas a observar a cena de violação?#

Sim

Não

Não sei

5. O ofensor tinha uma camisola branca?

Sim

Não

Não sei

6. A vítima tinha cabelo castanho?

Sim

Não

Não sei

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“#” corresponde à questão com informação enganosa

Questionário Filme 3

Instruções iniciais: O participante deve responder “Sim”, “Não” ou “Não sei”

ID: ______

1. O homem tinha um objeto na mão?

Sim

Não

Não sei

2. A senhora tem o cabelo loiro comprido?

Sim

Não

Não sei

3. O casal está à beira-mar?

Sim

Não

Não sei

4. A t-shirt do homem era verde seco?#

Sim

Não

Não sei

5. A senhora está com um vestido azul-escuro?

Sim

Não

Não sei

6. Existia um cão na praia?

Sim

Não

Não sei

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“#” corresponde à questão com informação enganosa

Questionário Filme 4

Instruções iniciais: O participante deve responder “Sim”, “Não” ou “Não sei”

ID: ______

1. O homem tem uma máquina fotográfica a tira-colo?

Sim

Não

Não sei

2. A mulher tem cabelo curto castanho-escuro?

Sim

Não

Não sei

3. O homem tem um gorro cinzento?

Sim

Não

Não sei

4. Existem quatro pessoas na cena?#

Sim

Não

Não sei

5. A fotógrafa tem um casaco verde?

Sim

Não

Não sei

6. A máquina do fotógrafo é uma Canon EOS40D?

Sim

Não

Não sei

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ANEXOS

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO

(alguns exemplos de questões)

STAI Form Y-1

INSTRUÇÕES: Em baixo tem uma série de frases que são habitualmente utilizadas

para descrever pessoas. Leia cada uma delas e assinale com uma cruz (X) o algarismo

que melhor indica como se SENTE NESTE MOMENTO. Não há respostas certas ou

erradas. Não demore muito tempo com cada frase; responda de modo a descrever o

melhor possível a maneira como se SENTE AGORA.

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STAI Form Y-2

INSTRUÇÕES: Em baixo tem uma série de frases que são habitualmente utilizadas

para descrever pessoas. Leia cada uma delas e assinale com uma cruz (X) o algarismo

que melhor indica como se SENTE HABITUALMENTE. Não há respostas certas ou

erradas. Não demore muito tempo com cada frase; responda de modo a descrever o

melhor possível a maneira como se SENTE HABITUALMENTE.

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ANEXO II

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ANEXO III

Escala de Estilos de Pensar e Criar

(alguns exemplos de questões)

Esta escala apresenta uma série de afirmações que descrevem os estilos

preferenciais do indivíduo pensar e/ou criar. Assinale a resposta que corresponde ao seu

grau de concordância ou discordância em relação a cada uma das situações

apresentadas, indicando assim o seu modo preferencial de pensar e agir. Não existem

respostas certas ou erradas. Deve indicar o que gosta, pensa ou sente, na maioria das

ocasiões. Não deixe respostas em branco. Indique a sua opção de acordo com os

seguintes números: 1 - Discordo Totalmente; 2 – Discordo; 3 - Nem Discordo/Nem

Concordo; 4 – Concordo; 5 - Concordo Totalmente

1 2 3 4 5

1. Gosto de ideias novas

5. Sou uma pessoa aberta a novas ideias

9. Sou uma pessoa objetiva

13. Encontro motivação em tudo o que faço

17. Para tomar decisões, gosto de obter vários pontos de vista

21. Sinto que posso contribuir para o bem-estar da minha comunidade

25. Não me importo com os direitos humanos

29. Tenho coragem de iniciar uma nova atividade mesmo que exista risco

34. Recebo críticas como ajuda

37. O meu ponto de vista é considerado o melhor de todas as discussões

41. Sou uma pessoa espontânea

45. As minhas ideias têm sido seguidas pelas pessoas

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ANEXO IV

Consentimento Informado

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Antes de decidir participar neste estudo, é importante que perceba as razões do

mesmo e em que consistirá a sua participação. Por favor, demore o tempo que precisar a

ler cuidadosamente a seguinte informação e pergunte a opinião a outras pessoas se

necessitar. Pode contactar as investigadoras do estudo (Catarina Guedes e Cátia

Fidalgo) ou a orientadora do mesmo (Dr.ª Laura Alho) se alguma coisa não estiver clara

ou se precisar de esclarecimentos adicionais.

Objetivo do estudo

Este estudo insere-se no âmbito de Dissertação do Mestrado em Psicologia

Forense. Tem como propósito perceber a influência do Stresse, Ansiedade e

Criatividade na construção de Falsas Memórias.

Requisitos

Se concordar em participar, ser-lhe-á pedido que responda a um conjunto de

escalas, visualize um vídeo e responda a um questionário.

Duração

A duração da experiência demorará aproximadamente 30 minutos.

Potenciais riscos

Não se prevê que a participação neste estudo ponha em risco o bem-estar

psicológico e/ou físico dos/as participantes. Contudo, se considerar que alguma das

questões é demasiado intrusiva ou stressante, ou lhe suscite outro tipo de preocupações,

por favor sinta-se à vontade para interromper a sua participação e, caso queira, contacte

as investigadoras do estudo.

O que acontecerá aos resultados do estudo?

Os dados recolhidos destinam-se única e exclusivamente para fins estatísticos,

serão sempre tratados de forma conjunta e os/as participantes nunca serão

identificados/as.

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Voluntariado/Direito de desistir

A sua participação nesta investigação é completamente voluntária. Tem a

possibilidade, por motivos éticos, de negar a sua participação ou de desistir do estudo, a

qualquer momento, sempre que assim o entender.

Anonimato/Confidencialidade/Privacidade

De acordo com as normas da Comissão de Proteção de Dados, toda a

informação recolhida neste estudo permanecerá completamente anónima e será tratada

de forma confidencial e a sua publicação servirá apenas para fins académicos. Nenhuma

das questões solicitará informação que o/a identifique.

Contacto do orientador do estudo

O orientador deste estudo é Laura Alho, professora Doutora na Universidade

Lusófona de Humanidades e Tecnologias e docente da Unidade Curricular de Seminário

de Dissertação. Se tiver alguma dúvida acerca do estudo não hesite em contactar Laura

Alho, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Campo Grande, 376,

1749-024 Lisboa, Email: [email protected], Tel.: 217515500.

Aceito participar!

Muito obrigado pela sua participação!

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ANEXO V

Dados Sociodemográficos

Pedimos agora que responda a algumas questões de caraterização. Visam

recolher informação relativa a si, pertinente para o presente estudo. Nas perguntas com

várias opções de resposta, escolha apenas uma opção, selecionando a opção

correspondente.

ID: _____

Género

Feminino

Masculino

Idade: ______ anos

Estado Civil

Solteiro

Viúvo

União de facto/Casado

Separado/Divorciado

Outra opção: __________________

Qual o Estabelecimento de Ensino que frequenta?

Que curso e ano frequenta?

Tem algum problema visual?

Sim

Não

Se sim, está a ser corrigido?

Sim

Não