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CAROLINA CAPELLARI SIMON A INFLUÊNCIA DO SELÊNIO NA GÊNESE E NA PROGRESSÃO DA DOENÇA DE ALZHEIMER CANOAS, 2009

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CAROLINA CAPELLARI SIMON

A INFLUÊNCIA DO SELÊNIO NA GÊNESE E NA PROGRESSÃO D A

DOENÇA DE ALZHEIMER

CANOAS, 2009

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CAROLINA CAPELLARI SIMON

A INFLUÊNCIA DO SELÊNIO NA GÊNESE E NA PROGRESSÃO D A

DOENÇA DE ALZHEIMER

Trabalho de conclusão apresentado para a banca examinadora do curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Nutrição.

Orientação: Profª. Esp. Sandra Maria Pazzini Muttoni

CANOAS, 2009

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CAROLINA CAPELLARI SIMON

A INFLUÊNCIA DO SELÊNIO NA GÊNESE E NA PROGRESSÃO D A

DOENÇA DE ALZHEIMER

Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Nutrição do Centro Universitário La Salle – Unilasalle

Aprovado pela banca examinadora em 3 de dezembro de 2009.

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________

Profª. Esp. Carmem Kieling Franco

Unilasalle

______________________________________

Profª. Esp. Sandra Maria Pazzini Muttoni

Unilasalle

______________________________________

Prof. Ms. Francisco Stefani Amaro

Unilasalle

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e avós pelo amor incondicional que me foi dado. A

eles devo minha vida.

Agradeço ao meu namorado pela paciência e companheirismo.

Agradeço a todos os verdadeiros mestres que tive ao longo dos anos no

Unilasalle, principalmente a minha orientadora e amiga Sandra Muttoni pela ajuda

que me foi dada ao longo do desenvolvimento deste trabalho.

Agradeço também a Professora Carmem Franco pelas conversas depois das

aulas contando experiências de vida como nutricionista, coisas que jamais irei

esquecer.

Agradeço a Coordenadora e professora do curso de Nutrição Stela Maris

Herrmann, por abrir portas para o nosso curso e lutar pelos nossos interesses.

Agradeço aos meus amigos (as) e colegas pelos momentos de descontração e

pelo carinho. Em especial às minhas amigas e colegas Maristela Soares e Tatiana

Clemente pelo apoio e compreensão.

Agradeço, por fim, ao Unilasalle pelos anos de caminhada que serão sempre

lembrados com carinho.

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RESUMO

Discute-se neste trabalho de revisão a influência do selênio na doença de Alzheimer

como antioxidante e sua possível atuação preventiva, levando em consideração o

aumento da população de idosos no mundo todo e a alta prevalência da doença de

Alzheimer nessa população. Estudos sugerem etiologia multifatorial para a doença

de Alzheimer, porém fatores genéticos e as relações radicais livres versus

antioxidantes têm impulsionado a realização de muitas pesquisas nessa área. O

processo de envelhecimento é uma condição que implica em uma maior atenção

nutricional, pelo fato de que neste período da vida foi observada maior produção de

espécies reativas de oxigênio, que são produtos inerentes das reações bioquímicas

do organismo, e, consequentemente aumento da produção de radicais livres,

destruição celular e desenvolvimento de inúmeras doenças. Observa-se também,

como parte do processo de envelhecimento uma diminuição dos antioxidantes

endógenos que neutralizam essas espécies reativas de oxigênio e os radicais livres.

Diversos estudos também relatam um baixo consumo de selênio na população

brasileira de um modo geral, o que serve de alerta, visto que o consumo adequado

de selênio está relacionado com a prevenção de doenças degenerativas e câncer. É

inegável a participação do selênio como antioxidante, e atualmente a descoberta de

outros compostos de selênio menos tóxicos, com atividade antioxidante maior e

ação neuroprotetora, abre um campo interessante para o estudo do selênio. A

relação do selênio na gênese e progressão da doença de Alzheimer não foi

encontrada na bibliografia consultada, entretanto estudos a respeito da ação

neuroprotetora e da melhora de sintomas comportamentais (comuns na doença de

Alzheimer) têm mostrado resultados positivos, o que indica que o selênio pode ser

usado como coadjuvante no tratamento da doença de Alzheimer, de forma

cuidadosa na forma de administração e em quantidade segura, objetivando sempre

a melhora da qualidade de vida do paciente.

Palavras-chave: Doença de Alzheimer. Antioxidante. Envelhecimento. Selênio.

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ABSTRACT

This work of revision argued about the influence of selenium in the Alzheimer's

disease as an antioxidant and its possible preventive performance considering the

increase of the elder population around the world and that this is the most affected

population by the Alzheimer's disease. Studies suggest multifactorial etiology for the

Alzheimer's disease, however genetic factors and free radical relations versus the

antioxidant substances have stimulated the accomplishment of many research in this

area. The aging process is a condition that calls a big nutritional attention for the fact

that in this period of life a bigger production of reactive species of oxygen was

observed, they are inherent products of the organism biochemists reaction and

consequently increase of free radicals production, cellular destruction and

development of innumerable diseases. It is also observed in the aging process a

reduction of the endogenous antioxidant substances that neutralize these reactive

species of oxygen and free radicals. Many studies also tell a low consumption of

selenium in the Brazilian population in a general way what works as an alert

considering that right consumption of selenium is related to prevention of

degenerative illnesses and cancer. The participation of selenium as antioxidant is

undeniable and currently the discovery of other less toxic components of selenium

with bigger antioxidant activity and neuroprotective action that brings an interesting

field for the study of selenium. The relation of selenium in development and

progression of the Alzheimer's disease was not found in the consulted bibliography

however studies regarding the neuroprotective action and the improvement of

manner symptoms (common in the Alzheimer's disease) they have shown positive

results what indicates that selenium can be used to assist the treatment of the

Alzheimer's disease in a careful form talking about administration in a safe amount

always looking forward to improve the patient quality of life.

Key Words: Alzheimer's disease. Antioxidant substance. Aging. Selenium.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................7

2 JUSTIFICATIVA.................................... ...................................................................9

3 REVISÃO DA LITERATURA ............................ .....................................................10

3.1 O envelhecimento e a doença de Alzheimer....... ............................................10

3.2 Possíveis fatores etiológicos da doença de Alzh eimer .................................13

3.3 Aspectos nutricionais na doença de Alzheimer ... ..........................................15

3.4 O Selênio...................................... ......................................................................17

3.5 Consumo de selênio na população brasileira ..... ...........................................20

3.6 Estresse oxidativo, radicais livres e selênio n a doença de Alzheimer.........23

4 OBJETIVOS........................................ ...................................................................28

4.1 Objetivo geral ................................. ...................................................................28

4.2 Objetivos específicos.......................... ..............................................................28

5 METODOLOGIA ...................................... ..............................................................29

6 CONCLUSÃO ........................................ ................................................................30

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................. ......................................................31

REFERÊNCIAS.........................................................................................................32

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1 INTRODUÇÃO

A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, classificada como a

forma mais comum de demência associada à idade, com progressão que acaba

levando a inaptidão do indivíduo de conduzir sua própria vida. O indivíduo acometido

desenvolve dependência total, muitas vezes não conseguindo realizar tarefas

primárias, afetando assim a rotina e a vida de toda família.

Apesar dos avanços científicos, das vastas pesquisas realizadas e do

conhecimento dos mecanismos de fisiopatologia dessa doença, ainda são obscuras

as verdadeiras causas da doença de Alzheimer. Os fatores de risco comprovados

por estudos epidemiológicos são a idade, fatores genéticos, síndrome de Down,

história de depressão, tabagismo e derrame cerebral. Outro fator alvo de estudos e

de grande relevância é a ação antioxidante versus radicais livres.

A prevalência da doença de Alzheimer aumenta com o envelhecimento, e,

considerando a população mundial o número de pessoas com mais de 60 anos irá

crescer significativamente nos próximos 50 anos. A doença de Alzheimer ou

demência, como também pode ser denominada é a doença mais prevalente acima

dos 65 anos e para a qual existe pouca informação epidemiológica.

A influência de fatores nutricionais na doença de Alzheimer tem se destacado

nos últimos anos, funções protetoras de alimentos e até possíveis ações de retardo

sobre o desenvolvimento da doença. A perda da independência acarreta no

comportamento alimentar alterado e, consequentemente na perda de peso, ou

ganho excessivo do mesmo. Conforme a doença progride as refeições podem ser

esquecidas, desordens cognitivas e de comportamento ocorrem, tais como as

dificuldades de deglutição, mastigação, o ato de levar o alimento à boca e até o

esquecimento de refeições é comum. A perda de peso que é conseqüência mais

comum, também intensificada muitas vezes pelo quadro de depressão que se

desenvolve nesses pacientes, evolui para desnutrição e aumenta o risco de

infecções reduzindo a qualidade de vida, o que evidencia a importância do

acompanhamento nutricional.

Os estudos recentes sobre os efeitos antioxidantes na gênese de inúmeras

doenças neurodegenerativas demonstram que as reações de eliminação dos

radicais livres não são favorecidas em condições normais, ou seja, dependem de

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antioxidantes de origem dietética. Pacientes com a doença de Alzheimer tem grande

estresse oxidativo e níveis diminuídos de antioxidantes no cérebro. Estudos

demonstram o papel essencial do selênio no sítio ativo da enzima antioxidante

glutationa peroxidase, o que despertou interesse por esse elemento.

O presente trabalho pretende investigar a suposta ação protetora e

antioxidante do selênio na doença de Alzheimer por meio de revisão bibliográfica,

tendo em vista a alta prevalência da doença e visando sempre contribuir com o

estudo de novas terapias e trabalho de prevenção.

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2 JUSTIFICATIVA

O desenvolvimento deste trabalho expressa o interesse e a necessidade da

autora de contribuir direta, ou indiretamente na qualidade de vida dos indivíduos com

doença de Alzheimer. O estudo e investigação de um fator dietético que possa

interferir na gênese e/ou progressão de qualquer doença é sempre relevante para a

comunidade científica.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 O envelhecimento e a doença de Alzheimer

Segundo Luzardo (2006) o envelhecimento pode ser considerado como um

processo no qual a velhice é uma de suas fases e o velho ou idoso, é o resultado

final deste processo. A velhice pode ser reconhecida pela perda da capacidade

funcional, calvície, redução da capacidade para o trabalho, perdas dos papéis

sociais, solidão, perdas psicológicas, motoras e também afetivas.

De acordo com o censo de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), a população de idosos representava, até aquela data, quase 15

milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade, ou seja, 8,6% da população. A

estimativa é de que, nos próximos 20 anos, poderá ultrapassar os 30 milhões de

pessoas e deverá representar quase 13% da população, ao final deste período.

Existe a perspectiva de que, em 2025, o Brasil passe a ocupar a posição de 6º país

do mundo em número absoluto de indivíduos com mais de 60 anos. Para 2050 a

previsão é de que haverá 38 milhões de brasileiros com 65 anos ou mais,

representando 18% da população (LUZARDO, 2006).

A doença de Alzheimer recebeu esse nome em homenagem ao Dr. Alois

Alzheimer, um neurologista alemão que em 1906, observou e descreveu as

alterações no tecido cerebral de uma mulher que mostrou os primeiros sintomas

demenciais, aos 51 anos. Naquela época, a causa da morte foi considerada como

doença mental rara até então desconhecida. Hoje, Alzheimer é considerado o pai da

Neuropatologia das demências e Kraepelin, a pessoa que logo reconheceu este

mérito, em 1910, criando o termo doença de Alzheimer (LUZARDO, 2006).

Fonseca et al. (2008) comenta que a doença de Alzheimer é a patologia

neurodegenerativa mais frequente associada à idade, cujas manifestações

cognitivas e neuropsiquiátricas resultam em uma deficiência progressiva e uma

eventual incapacitação. Em geral, o primeiro aspecto clínico é a deficiência da

memória recente, enquanto as lembranças remotas são preservadas até certo

estágio da doença. Além das dificuldades de atenção e fluência verbal, outras

funções cognitivas deterioram-se à medida que a patologia evolui, entre elas a

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capacidade de fazer cálculos, as habilidades vísuo-espaciais e a capacidade de usar

objetos comuns e ferramentas. O grau de vigília e a lucidez do paciente não são

afetados até a doença estar muito avançada. A fraqueza motora também não é

observada, embora as contraturas musculares sejam uma característica quase

universal nos estágios avançados da patologia. Esses sintomas são frequentemente

acompanhados por distúrbios comportamentais, como agressividade, alucinações,

hiperatividade, irritabilidade e depressão. Transtornos do humor afetam uma

porcentagem considerável de indivíduos que desenvolvem doença de Alzheimer, em

algum ponto da evolução da síndrome demencial. Sintomas depressivos são

observados em até 40-50% dos pacientes, enquanto transtornos depressivos

acometem em torno de 10-20% dos casos.

Os sintomas comportamentais estão entre as principais causas de sobrecarga

do cuidador do paciente com demência, relacionando-se a maiores níveis de

estresse nestes cuidadores visto que sua importante prevalência e impacto já são

reconhecidos na prática clínica. Outros sintomas, como a apatia, a lentificação da

marcha ou do discurso, a dificuldade de concentração, a perda de peso, a insônia e

a agitação podem ocorrer como parte da síndrome demencial (FONSECA et al.,

2008).

Machado, Frank e Soares (2006) citam que em alguns estudos, avaliou-se a

prevalência dos sintomas comportamentais da demência sistematicamente, como

em outra publicação citada, no qual foram encontrados sintomas neuropsiquiátricos

em 75% dos pacientes com demência, sendo as alterações mais comuns apatia

(36%), depressão (32%) e agitação/agressividade (30%). Avaliaram os sintomas

comportamentais da demência em 124 pacientes com doença de Alzheimer leve,

relatando que 89% dos pacientes apresentavam ao menos um sintoma

neuropsiquiátrico, sendo os sintomas mais freqüentes apatia (51%), disforia (50%) e

irritabilidade (38%). Geda, Smith e Knopman (2004) avaliaram 87 pacientes com

doença de Alzheimer leve, encontrando em 80% deles ao menos um sintoma

neuropsiquiátrico, entre os quais os mais freqüentes foram apatia (37,9%),

irritabilidade (35,6%) e depressão (32,2%).

Na América do Norte a doença de Alzheimer é a quarta causa de óbito na faixa

etária compreendida entre 75 e 84 anos de idade, e a terceira maior causa isolada

de incapacidade e mortalidade (MACHADO; FRANK; SOARES, 2006). Segundo

Abreu, Forlenza e Barros (2005) o óbito geralmente advém após dez a quinze anos

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de evolução, como complicação de co-morbidades clínicas ou quadros infecciosos,

em indivíduos que se tornaram progressivamente fragilizados pela doença crônica.

Segundo Machado, Frank e Soares (2006), estimativas indicam que uma em

cada dez famílias americanas possui um membro com doença de Alzheimer e que

sua prevalência é de 4,5 milhões de indivíduos afetados, podendo alcançar quatorze

milhões na metade do século XXI. No Brasil e em outros países em

desenvolvimento, os estudos populacionais sobre demência são escassos, e ainda

não existem estimativas precisas da sua incidência e prevalência. Atualmente,

estima-se a prevalência de pessoas com demência nos países em desenvolvimento

a partir de parâmetros dos países desenvolvidos. Assim, considerando-se uma

prevalência uniforme de 3%, o número de pessoas com 60 anos ou mais com

demência nos países em desenvolvimento no ano 2000 seria de aproximadamente

11 milhões, e no Brasil de 390 mil pessoas.

O impacto desastroso da doença sobre a vida dos pacientes e de seus

familiares é acrescido de enorme custo financeiro para a sociedade. Atualmente, os

gastos com serviços de enfermagem nos Estados Unidos chegam a 20 bilhões de

dólares anuais com cuidados destinados a pacientes portadores de demência. Além

dos gastos relacionados ao tratamento, a importância das demências no contexto

farmacoeconômico é ilustrada pelo fato de que mais de 50 milhões de dólares são

gastos anualmente em pesquisas sobre demência, apenas nos Estados Unidos

(ABREU; FORLENZA; BARROS, 2005).

Atualmente, não existem medicamentos capazes de interromper ou modificar o

curso da doença de Alzheimer, ou seja, embora ainda incurável esta doença é

tratável. Mesmo nestas condições muito se pode fazer pelo paciente e por seus

familiares. De acordo com as demandas surgidas nos diferentes estágios da doença,

há a necessidade de uma intervenção interdisciplinar. A doença tende a afetar todos

os membros da família uma vez que ocorrem diversas limitações impostas ao

doente. O tratamento eficaz deve abordar o paciente, os familiares e os cuidadores,

proporcionando bons resultados. As metas prioritárias do tratamento são melhorar a

qualidade de vida, maximizar o desempenho funcional dos pacientes e promover o

mais alto grau de autonomia factível em cada um dos estágios da doença. O

tratamento inclui abordagens não-farmacológicas e farmacológicas. Além disso, é

fundamental que as intercorrências clínicas relacionadas com outros problemas

médicos agudos ou co-morbidades preexistentes sejam sempre identificadas e

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tratadas o mais precocemente possível para que as intercorrências dos pacientes

com a Doença de Alzheimer não sejam agravadas ainda mais (MACHADO; FRANK;

SOARES, 2006).

3.2 Possíveis fatores etiológicos da doença de Alzh eimer

A doença de Alzheimer caracteriza-se, histopatologicamente, pela maciça

perda sináptica e pela morte neuronal observada nas regiões cerebrais responsáveis

pelas funções cognitivas, incluindo o córtex cerebral, o hipocampo, o córtex

entorrinal e o estriado ventral. As características histopatológicas presentes no

parênquima cerebral de pacientes portadores da doença de Alzheimer incluem

depósitos fibrilares amiloidais localizados nas paredes dos vasos sangüíneos,

associados a uma variedade de diferentes tipos de placas senis, acúmulo de

filamentos anormais da proteína tau (regula a estabilidade interna dos neurônios) e

consequente formação de novelos neurofibrilares, perda neuronal e sináptica,

ativação da glia e inflamação (SERENIKI; VITAL, 2008).

Baseadas nesses marcadores neuropatológicos, duas hipóteses principais

foram propostas, a fim de explicar a etiologia da doença. De acordo com a hipótese

da cascata amiloidal, a neurodegeneração na doença de Alzheimer inicia-se com a

clivagem proteolítica da proteína precursora amilóide e resulta na produção,

agregação e deposição da substância β-amilóide e placas senis. De acordo com a

hipótese colinérgica, a disfunção do sistema colinérgico é suficiente para produzir

uma deficiência de memória em modelos animais, a qual é semelhante à doença de

Alzheimer. Cérebros de pacientes portadores da doença de Alzheimer mostraram

degeneração dos neurônios colinérgicos ocorrendo também uma redução dos

marcadores colinérgicos, sendo que a colina acetiltransferase e a acetilcolinesterase

tiveram sua atividade reduzida no córtex cerebral de pacientes portadores da

doença de Alzheimer (SERENIKI; VITAL, 2008).

Segundo Sereniki e Vital (2008) o fator genético é considerado como

preponderante na etiopatogenia da doença de Alzheimer. Além do componente

genético, foram apontados como agentes etiológicos a toxicidade a agentes

infecciosos, ao alumínio, a espécies reativas de oxigênio e a aminoácidos

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neurotóxicos, e a ocorrência de danos em microtúbulos e proteínas associadas. É

importante também salientar que esses agentes podem ainda atuar por dano direto

no material genético, levando a uma mutação somática nos tecidos.

Cerca de 1/3 dos casos de doença de Alzheimer apresenta familiaridade e se

comporta de acordo com um padrão de herança monogênica autossômica

dominante. Esses casos, em geral, são de acometimento precoce, e famílias

extensas têm sido periodicamente estudadas. Os pacientes afetados pela doença de

Alzheimer têm 50% de chance de ter filhos também afetados pela patologia. Uma

associação entre a doença de Alzheimer e a síndrome de Down levou à descoberta

do primeiro gene da doença de Alzheimer no cromossomo 21, o qual é o

cromossomo extra envolvido na síndrome de Down. Indivíduos portadores da

síndrome de Down apresentaram envelhecimento prematuro, e praticamente todos

apresentaram doença de Alzheimer, clínica e neuropatologicamente confirmada,

entre os 40 e 50 anos de idade (SERENIKI; VITAL, 2008).

As espécies reativas de oxigênio e espécies reativas do nitrogênio produzidas

intracelularmente e extracelularmente por vários mecanismos estão dentre os

principais fatores de risco intermediários, os quais iniciam e promovem a

neurodegeneração na doença de Alzheimer esporádica. Em um estudo, foi

demonstrado que, através da ação das espécies reativas de oxigênio, os lipídios

tiveram sua conformação alterada, e, assim, ocorreu uma forte ligação entre os

lipídios peroxidados, as enzimas antioxidantes, a presença de placas senis e os

novelos neurofibrilares em cérebros de pacientes portadores da doença de

Alzheimer. Além disso, a ação das espécies reativas de oxigênio sobre o DNA,

particularmente o radical hidroxila, levou à formação de marcadores biológicos, os

quais têm sido localizados nos novelos neurofibrilares e placas senis de cérebros

portadores da doença de Alzheimer (SERENIKI; VITAL, 2008).

O prejuízo do DNA induzido pelos radicais livres ou as modificações

enzimáticas podem ter sido o gatilho inicial na apoptose presente na doença de

Alzheimer. Essas observações têm sido interpretadas como sugestão de que, em

adição ao fato de o cérebro na doença de Alzheimer ser vulnerável ao aumento do

estresse oxidativo, houve também uma redução na reparação desse prejuízo

oxidativo, levando ao acúmulo de DNA alterados, os quais podem ser um importante

fator na progressão da perda neuronal na doença de Alzheimer (SERENIKI; VITAL,

2008).

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Aprahamian, Martinelli e Yassuda (2009) afirmam que existem outros fatores

associados ao maior risco para doença de Alzheimer, apesar de sua evidência na

literatura ainda ser questionável. Podem-se citar trauma cranioencefálico, sexo

feminino, a etnia caucasiana, o alumínio e a aterosclerose. Assim como fatores de

risco existem os fatores protetores. A escolaridade é identificada em inúmeros

estudos provavelmente pelo provável aumento da densidade sináptica de regiões

corticais e pela maior capacidade de compensação de deficiências intelectuais dos

indivíduos com maior escolaridade. Os indivíduos com alta escolaridade apresentam

maior rendimento em testes neuropsicométricos mais simples como o mini-exame do

estado mental. Diversas substâncias potencialmente protetoras contra a doença de

Alzheimer, como anti-inflamatórios, hormônios, estatinas e antioxidantes, foram

avaliadas em estudos observacionais e prospectivos.

3.3 Aspectos nutricionais na doença de Alzheimer

A Influência dos aspectos nutricionais no processo de envelhecimento e na

demência tem sido estudada desde sua participação protetora até sua possível ação

no retardo das disfunções e alterações degenerativas inerentes à idade (MACHADO

et al., 2009).

A elevada prevalência de desvio nutricional na população idosa vem sendo

demonstrada por meio de diferentes estudos, em vários países, onde, a desnutrição,

o sobrepeso e a obesidade predominam sobre os indivíduos eutróficos. Esses

resultados são decorrentes das condições peculiares em que os idosos se

encontram, seja no ambiente familiar, vivendo sozinho, ou em instituições

geriátricas, agravadas pelas condições socioeconômicas, pelas alterações

fisiológicas inerentes à idade e pela progressiva incapacidade para realizar sozinho

as suas atividades cotidianas. Nesse contexto, os efeitos da alimentação

inadequada, tanto por excesso como por déficit de nutrientes, têm expressiva

representação, o que reflete um quadro latente de má nutrição em maior ou menor

grau (MACHADO; FRANK; SOARES, 2006).

As desordens cognitivas tais como dificuldades de mastigação e deglutição, de

deslocamentos para o preparo das refeições e desordens comportamentais que

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tornam os idosos distraídos e lentos durante as refeições, comprometendo hábitos

alimentares adequados. Tudo isso pode fazer com que o desequilíbrio nutricional

acarrete perda de peso e déficit nutricional (MACHADO et al., 2009).

A perda ponderal e a caquexia são frequentes achados clínicos em portadores

de doença de Alzheimer, e acontecem principalmente nos primeiros estágios da

doença, mesmo quando o paciente apresenta ingestão energética adequada. A

perda ponderal é considerada como um dos sintomas para a definição do

diagnóstico. Ela está normalmente relacionada com a redução da massa muscular, o

que pode levar a dependência funcional e, além disso, aumenta o risco de

desenvolver úlcera de decúbito, infecção sistêmica e morte (MACHADO; FRANK;

SOARES, 2006).

A desnutrição predispõe a uma série de complicações graves, incluindo

tendência à infecção, deficiência de cicatrização de feridas, falência respiratória,

insuficiência cardíaca, diminuição de proteínas hepáticas com produção de

metabólitos anormais, diminuição de filtração glomerular e da produção de suco

gástrico (ACUÑA; THOMAZ, 2004).

Segundo Machado, Frank e Soares (2006), as principais hipóteses para

explicar a perda ponderal quando a ingestão energética é adequada são: atrofia do

córtex temporal medial, que está relacionada com comportamento alimentar e

costuma ser afetado nos primeiros estágios da doença e durante a progressão da

mesma; necessidade energética aumentada, sendo que esta hipótese ainda não foi

comprovada; distúrbios biológicos como hiperinsulinemia e resistência à insulina que

podem estar relacionados com ganho ponderal ou inatividade física e não com a

doença em si. Declínio nos peptídeos orexígenos, tais como o neuropeptídeo Y e

norepinefrina, foi observado em pacientes com doença de Alzheimer e pode estar

relacionado com anorexia, afetando diretamente o balanço energético devido ao seu

efeito sobre a ingestão alimentar, gasto energético e massa corporal.

A possibilidade da produção de espécies reativas de Oxigênio tem orientado

pesquisas sobre como os antioxidantes em alimentos e suplementos podem afetar a

doença de Alzheimer. Algumas pesquisas encontram baixas concentrações

sanguíneas de antioxidantes em idosos com deficiência cognitiva e doença de

Alzheimer. A interpretação de estudos relacionando esses dois fatores e dificultada,

pois, os antioxidantes tendem a ser depletados com o avanço da idade e com a

progressão desta doença (MACHADO; FRANK; SOARES, 2006).

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3.4 O Selênio

O elemento selênio (Se) foi descoberto em 1817 pelo químico sueco Berzelius,

que nomeou este elemento em homenagem à deusa grega da lua, Selena. O selênio

consiste em um micronutriente de fundamental importância para a saúde do seres

humanos, cuja principal fonte é a dieta, sendo localizado no grupo 16 da tabela

periódica e podendo ser encontrado sob diferentes estados de oxidação. O selênio

entra para a cadeia alimentar animal através do consumo de plantas, que o absorve

a partir do solo na forma inorgânica. Nas plantas, o selênio é convertido em formas

orgânicas, como o aminoácido selenometionina e selenocisteína. A selenometionina

é considerada o principal composto de selênio em cereais, grãos, legumes e soja, e

serve de precursor para a síntese de selenocisteína em animais. O aminoácido

selenocisteína é encontrado no sítio de pelo menos 25 diferentes selenoproteínas,

todas com importantes funções biológicas e é estruturalmente similar ao aminoácido

cisteína (POSSER, 2009).

Os organismos vivos interagem com o meio ambiente visando manter um

ambiente interno que favoreça a sobrevivência, o crescimento e a reprodução. O

oxigênio molecular (O2) obtido da atmosfera é vital para organismos aeróbios;

contudo, espécies reativas formadas intracelularmente a partir do oxigênio ameaçam

a integridade celular por meio da oxidação de biomoléculas, e podem comprometer

processos biológicos importantes. O dano oxidativo de biomoléculas pode levar à

inativação enzimática, mutação, ruptura de membrana, ao aumento na

aterogenicidade de lipoproteínas plasmáticas de baixa densidade e à morte celular.

Estes efeitos tóxicos do oxigênio têm sido associados ao envelhecimento e ao

desenvolvimento de doenças crônicas, inflamatórias e degenerativas (CERQUEIRA;

MEDEIROS; AUGUSTO, 2007).

A vida aeróbia tornou-se possível graças às adaptações biológicas que levaram

ao desenvolvimento de defesas antioxidantes contra a toxicidade do oxigênio e

espécies derivadas deste. As adaptações biológicas às mudanças do meio ambiente

guiam o processo evolutivo. Neste sentido, as adaptações podem ser definidas

como características que se tornam aumentadas e mantidas sob seleção

(CERQUEIRA; MEDEIROS; AUGUSTO, 2007).

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18

As reações oxidativas são contrabalançadas pela ação de antioxidantes tanto

endógenos como provenientes da dieta. O organismo é dotado de mecanismos para

manter o equilíbrio entre compostos pró- e antioxidantes. Dos mecanismos de

defesa antioxidante para prevenir ou reduzir os efeitos do estresse oxidativo,

participam enzimas endógenas (superóxido dismutase - SOD, catalase e glutationa

peroxidase) e outras substâncias disponíveis na dieta, como os carotenoides, o alfa-

tocoferol, o ácido ascórbico e compostos fenólicos, entre outras. O sistema

enzimático representa a primeira defesa antioxidante endógena contra as espécies

reativas de oxigênio. No entanto, para impedir os danos celulares decorrentes de

estresse oxidativo persistente, o aporte exógeno de substâncias com potencial

antioxidante é de fundamental interesse (CATANIA; BARROS; FERREIRA, 2009).

A produção das enzimas antioxidantes requer presença de níveis adequados

de minerais como zinco, cobre e selênio, além de quantidades suficientes de

proteínas de alta qualidade e vitaminas (FANHANI; FERREIRA, 2006).

Becker (2006) comenta que evidências experimentais sugeriram que a

suplementação com selênio na dieta poderia inibir tumores induzidos quimicamente

em várias espécies de animais, como também cânceres provocados por vírus. Dos

trinta e nove estudos publicados a partir de 1949, trinta e quatro demonstraram que

o selênio é capaz de diminuir o crescimento de tumores. Os mecanismos possíveis

para o selênio atuar como medida de proteção contra ocorrência de tumores seria a

redução de radicais livres e hidroperóxidos nos tecidos, via ação da glutationa

peroxidase, sendo este mecanismo dependente de selênio. O primeiro trabalho que

relata a função biológica do selênio como componente da glutationa peroxidase foi

relatado em 1973. A glutationa peroxidase desempenha o maior papel na defesa

antioxidante. Ela reduz o peróxido de hidrogênio, lipídios e fosfolipídios

hidroperóxidos impedindo que ocorra a propagação dos radicais livres e espécies

reativas de oxigênio. A baixa atividade da glutationa peroxidase em pacientes

criticamente doentes esta associada com os baixos níveis de selênio.

Assim, a descoberta do papel essencial do selênio no centro ativo da enzima

glutationa peroxidase e o avanço do conhecimento do papel fisiológico do selênio na

regulação do dano oxidativo, aumentaram o interesse de compostos orgânicos

contendo selênio que possuam propriedades biológicas e aplicações farmacológicas

(ARDAIS, 2009).

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19

Nas atividades cerebrais e no humor o selênio é importante uma vez que o

movimento de neurotransmissores é selênio-dependente. A concentração de

selênio no cérebro de pacientes com doença de Alzheimer foi de apenas 60%,

comparando com o grupo controle. Baixas concentrações de selênio no plasma de

pessoas com idade avançada mostraram relação significativa com a senilidade

(BECKER, 2006). Atualmente a deficiência deste elemento tem sido apontada como

uma das causas principais de algumas patologias envolvendo o sistema

cardiovascular, estando também associada ao progresso de distúrbios neurológicos

e de humor, infecções virais e câncer (GHISLENI, 2006).

A descoberta das propriedades farmacológicas dos compostos orgânicos de

selênio bem como sua menor toxicidade em relação às espécies inorgânicas, tem

despertado interesse para a síntese de novos compostos orgânicos que apresentem

potencial terapêutico. Em especial, os compostos orgânicos de selênio têm sido

investigados, pois simulam a ação catalítica da enzima glutationa peroxidase. Estes

compostos apresentam propriedades farmacológicas benéficas que incluem ações

antioxidantes e antiinflamatórias, prevenindo o dano celular em diversos modelos de

injúrias (GHISLENI, 2006).

Embora o selênio possa apresentar efeitos neuroprotetores tanto em humanos

quanto em modelos experimentais de patologias associadas ao SNC, como parte do

sítio ativo de enzimas antioxidantes, este elemento também é reconhecido pela sua

toxicidade quando administrado em altas doses. Dentre os mecanismos propostos

para a toxicidade do selênio alguns estudos sugerem que ele possa exercer uma

ação pró-oxidante, pois altas concentrações podem oxidar grupamentos sulfidrila

endógenos e aumentar a formação de radicais livres (GHISLENI, 2006).

Em estudo que se refere à quantidade de selênio nos alimentos, Ferreira et al.

(2002) comenta que as mais completas tabelas de composição química de alimentos

editadas no Brasil não contêm dados sobre os teores de selênio, ou os dados, além

de compilados a partir de estudos realizados em outros países, restringem-se a

poucos alimentos. Neste mesmo estudo, realizado entre 1993 e 1999 em diversas

regiões do Brasil para determinar os teores de selênio nos alimentos, foi observado

que os teores mais elevados de selênio foram encontrados em produtos de origem

animal, sobretudo nos pescados e nos produtos derivados do trigo.

Levando em consideração o baixo consumo de alimentos de origem animal, em

especial os pescados por grande parte da população brasileira de baixo poder

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20

aquisitivo, é necessária uma maior atenção dos profissionais da saúde para a

provável deficiência de selênio nessas populações (FERREIRA et al., 2002).

3.5 Consumo de selênio na população brasileira

O papel da dieta como determinante de doenças crônicas não transmissíveis,

está bem estabelecido e ocupa consequentemente, uma posição proeminente em

atividades de prevenção. Em relação ao consumo de minerais e vitaminas, sabe-se

que o Brasil não dispõe de informações recentes, de representatividade nacional,

sobre carências desses micronutrientes (MORATTO; SILVA, 2008).

Enes e Silva (2006) analisaram a disponibilidade de energia e nutrientes, nos

domicílios brasileiros, segundo classes de rendimentos selecionadas e observaram

que os valores encontrados para vitaminas e minerais para a totalidade das famílias

não alcançaram os conteúdos médios recomendados de nutrientes, com exceção

das vitaminas B1 e B2 e dos minerais manganês e ferro.

As vitaminas e minerais desempenham importantes funções no metabolismo

humano, sendo essenciais para a manutenção da saúde. Desta forma, a ingestão

inadequada desses nutrientes pode ocasionar um estado de carência nutricional,

sendo conhecidas diversas manifestações patológicas decorrentes dessa situação

(MORATTO; SILVA, 2008).

Além disso, há evidências epidemiológicas que subsidiam estratégias que

envolvem recomendações para que as pessoas intensifiquem o consumo de frutas e

hortaliças, como uma das medidas preventivas com vistas à redução de riscos de

diversas doenças degenerativas. Existem correlações entre os efeitos benéficos de

nutrientes classificados como essenciais, ou não, que podem modificar processos

celulares, por meio de ações fisiológicas protetoras. Dentre os nutrientes essenciais

para o funcionamento normal do sistema antioxidante endógeno, podem-se citar os

minerais como cobre, manganês, zinco, selênio, ferro e a vitamina riboflavina, que

são importantes co-fatores do sistema enzimático antioxidante (MORATTO; SILVA,

2008).

Neste mesmo estudo foram coletaram dados sobre o consumo de vitaminas,

carotenóides e minerais (entre eles o selênio) nas áreas urbanas e rurais em todo o

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território nacional, entre julho de 2002 a junho de 2003, abrangendo uma amostra de

48.470 domicílios. Na Tabela 1 são descritos os valores médios por área rural e

urbana e as médias por região demográfica brasileira.

Tabela 1 - Consumo médio diário nas áreas urbanas e rurais por região demográfica no Brasil e suas médias por região

Selênio (µg) Regiões demográficas

Média por região

DRI (µg)

R 58,4 Norte

U 48,4 53,4

R 52,8 Nordeste

U 47,0 49,9

R 71,4 Sudeste

U 46,4 58,9 55,0

R 64,7 Sul

U 41,0 52,8

R 76,5 Centro-oeste

U 49,3 62,9

Fonte: Adaptado de Morato e Silva (2008) por Carolina Capellari Simon. Nota: R= Rural, U= Urbano. DRI = DIETARY REFERENCE INTAKE (IOM 1997, 2000, 2002)

Com estes resultados, Morato e Silva (2008) demonstraram que a

disponibilidade de selênio nos domicílios brasileiros mostra-se inferior aos níveis

preconizados (55,0µg). Foi observado neste mesmo estudo que as famílias

moradoras dos domicílios urbanos também dispõem de reduzidos conteúdos desses

minerais, já nas áreas rurais, observam-se famílias com maior acesso ao selênio.

Esses resultados revelam-se acima dos valores adotados como referência. A tabela

1 revela quantidades de selênio superiores às recomendações (55,0µg) para as

famílias moradoras nas zonas rurais das Regiões Norte, Sudeste, Sul e Centro-

Oeste. Situação inversa é constatada nos domicílios urbanos de todas as Regiões,

que dispõem de quantidades reduzidas desse mineral.

Interesse especial incide sobre o selênio, tendo em vista que dentre as funções

exercidas por esse mineral, destaca-se a sua participação como componente

essencial de selenoproteínas e enzimas envolvidas no metabolismo celular,

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exercendo importante papel no sistema imunológico e antioxidante (MORATO;

SILVA, 2008).

O alimento mais rico em selênio é, sem dúvida nenhuma, a castanha-do-pará,

ou castanha-do-brasil, que contém, por grama, de 25 a 49 µg/Se. (COZZOLINO,

2007). Seu uso, embora comum na culinária Amazônica, ainda é restrito nas demais

regiões do país. O consumo doméstico da castanha-do-pará é muito reduzido e a

maior parte da produção é exportada para Europa e América do Norte, sendo muito

apreciada. Estima-se que apenas 1% da sua produção seja consumida

internamente. Seu valor nutricional é reconhecido pela sua composição em lipídios e

proteínas de alto valor biológico, elevado teor vitamínico, especialmente em vitamina

B1 e quantidades apreciáveis de minerais. 1 ou 2 castanhas-do-pará por dia suprem

a quantidade de selênio recomendada por dia (FELBERG et al., 2004).

Há dois anos foi realizado um levantamento de selênio no território nacional,

analisando o feijão, a carne bovina, a água e o solo. No Ceará, por exemplo, o feijão

tem 1,2 µg de Se/g; em São Paulo, tem 0, 016 µg de Se/g. Portanto, percebe-se que

o teor de selênio é influenciado pelo meio ambiente em que a planta cresce.

Utilizando uma tabela de composição de alimentos e calculando quantas pessoas

estão ingerindo selênio, obteriam níveis de ingestão completamente diferentes no

Ceará e em São Paulo (COZZOLINO, 2007).

Cozzolino (2007) também afirma que os parâmetros bioquímicos relativos ao

selênio obtidos para certos grupos da população brasileira, encontram-se

representados por valores abaixo da média referida na literatura. Por sua vez, em

estudo realizado no Macapá, onde a farinha de castanha-do-pará é utilizada na

merenda escolar, observa-se que todos os parâmetros bioquímicos analisados em

crianças estavam muito acima dos valores de referência, indicando a necessidade

de cuidado quanto aos possíveis efeitos adversos – o selênio é tóxico em doses

elevadas, acima de 400 µg ao dia. A toxicidade do selênio está associada à

fragilidade, perda de cabelo e unha, irritabilidade, fadiga, aborto e infertilidade.

Entretanto, a deficiência também deve ser avaliada, pois, embora esse nutriente

tenha sua principal função ligada à atividade antioxidante, também pode haver

interferência no metabolismo da glândula tireóide.

Sabe-se que a faixa considerada terapêutica do selênio é estreita e que sua

toxicidade está parcialmente relacionada à capacidade que alguns compostos

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contendo selênio têm de gerar radicais livres. É necessário ter muita cautela na

prescrição de suplementos deste nutriente (CATANIA; BARROS; FERREIRA, 2009).

De acordo com a American Dietetic Association (Associação Dietética

Americana), a melhor estratégia nutricional para promover a saúde e reduzir o risco

de doenças crônicas é a obtenção de nutrientes de uma grande variedade de

alimentos. Os suplementos vitamínicos e de minerais só seriam apropriados quando

bem aceitos pelo paciente, e prescritos somente após comprovação científica de sua

eficácia e segurança (OLIVEIRA et al., 2009).

A escolha dos alimentos sem dúvida é o ponto crucial; o consumo de alimentos

mais ricos em micronutrientes deve merecer ênfase. Como observado antes, um dos

principais problemas que vêm sendo constatado é o consumo excessivo de açúcar e

gordura, que são alimentos altamente calóricos e que praticamente não contêm

micronutrientes (COZZOLINO, 2007).

3.6 Estresse oxidativo, radicais livres e selênio n a doença de Alzheimer

O estresse oxidativo é definido como um acúmulo de espécies reativas de

oxigênio que causam danos à estrutura das biomoléculas de DNA, lipídios,

carboidratos e proteínas, além de outros componentes celulares. Estudos

comprovam que o estresse oxidativo está relacionado com o envelhecimento,

atividade física intensa, apoptose, câncer, diabetes mellitus e arteriosclerose

(NUNES; OLIVEIRA; MORAIS, 2007).

Alterações na homeostase celular podem ser causadas pelo estresse oxidativo,

caracterizado pela produção das espécies reativas de oxigênio e/ou diminuição das

defesas celulares antioxidantes responsáveis pela neutralização dessas espécies

químicas. O resultado deste fenômeno é o dano celular pela oxidação de

macromoléculas, como proteínas e lipídios que ainda podem gerar outras espécies

reativas, os chamados produtos de oxidação, ampliando o dano celular através de

uma reação em cascata. Para evitar este processo as células dispõem de diversos

mecanismos de defesa antioxidante que incluem enzimas como superóxido

dismutase, catalase e glutationa peroxidase e moléculas antioxidantes como

vitamina E, ascorbato, piruvato, flavonóides e glutationa (POSSER, 2009).

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24

A produção de espécies reativas de oxigênio ocorre naturalmente como

resultado do metabolismo celular. Sistemas enzimáticos como o da NADPH oxidase

e óxido nítrico sintase são exemplos de geradores de espécies reativas de oxigênio.

Entretanto, o metabolismo mitocondrial é considerado o maior gerador de espécies

reativas de oxigênio na célula, processo que ocorre ao longo dos complexos da

cadeia respiratória. Algumas espécies reativas são bastante instáveis como o radical

superóxido e o radical hidroxila. Entretanto, outras espécies como o peróxido de

hidrogênio tem uma meia vida bem maior e pode se difundir através das membranas

biológicas e ao reagir com metais livres como o Fé(II), Cu(I), Ti(III), Co(II), através da

reação de Fenton, podem levar a produção de radical hidroxila, consistindo esta a

principal fonte deste radical in vivo (POSSER, 2009).

O termo radical livre é frequentemente usado para designar qualquer átomo ou

molécula com existência independente, contendo um ou mais elétrons não

pareados, nos orbitais externos. Isto determina uma atração para um campo

magnético, o que pode torná-lo altamente reativo, capaz de reagir com qualquer

composto situado próximo à sua órbita externa, passando a ter uma função oxidante

ou redutora de elétrons (NUNES; OLIVEIRA; MORAIS, 2007).

A produção excessiva de radicais livres pode conduzir a diversas formas de

dano celular e sua cronicidade pode estar envolvida com a etiogênese ou com o

desenvolvimento de numerosas doenças. As lesões causadas nas células podem

ser prevenidas ou reduzidas por meio da atividade de antioxidantes. Os

antioxidantes podem agir diretamente na neutralização da ação dos radicais livres

ou participar indiretamente de sistemas enzimáticos com essa função. Dentre os

antioxidantes temos diversas vitaminas e minerais, podendo estes também ser

encontrados em alimentos com concentrações pequenas (NUNES; OLIVEIRA;

MORAIS, 2007).

O estresse oxidativo e o aumento na formação de espécies reativas de

oxigênio estão fortemente implicados em patologias do sistema nervoso central tais

como: acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer, doença de Parkinson e

epilepsia. Dessa forma um balanço adequado entre a produção de espécies reativas

de oxigênio e a ação das defesas antioxidantes endógenas é de extrema

importância para a integridade do sistema nervoso central, o qual por possuir menor

expressão de enzimas antioxidantes e alto conteúdo lipídico é um dos tecidos mais

vulneráveis aos efeitos deletérios do estresse oxidativo (GHISLENI, 2006).

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25

No que se refere ao Sistema Nervoso Central deve ser ressaltado que o

cérebro é considerado um alvo especialmente suscetível a danos oxidativos tendo

em vista algumas características singulares deste tecido que incluem: alto conteúdo

de ácidos graxos (suscetíveis à oxidação), alto consumo de oxigênio (20% do

oxigênio consumido pelo organismo) e regiões com alto acúmulo de Ferro,

conferindo maior produção potencial de espécies reativas de oxigênio. Além disso, o

cérebro apresenta baixos níveis de defesas antioxidantes quando comparado a

outros tecidos (POSSER, 2009).

Nunes, Oliveira e Morais (2007) afirmam que estudos apresentaram evidências

que demonstram ser o dano por radicais livres à causa da doença de Alzheimer. O

aumento de estresse oxidativo com o avanço da idade é provavelmente responsável

por todos os aspectos da doença de Alzheimer. Pacientes acometidos têm níveis

significativamente reduzidos de antioxidantes no cérebro, bem como altos níveis de

estresse oxidativo. Há hoje muito interesse nos benefícios terapêuticos que os

pacientes com doença de Alzheimer podem extrair dos antioxidantes. Estudos

clínicos em que pacientes portadores da doença de Alzheimer usaram antioxidantes

como a vitamina “C”, a vitamina “A”, a vitamina “E”, o Zinco, o Selênio e a Rutina

também se mostraram bem promissores.

De acordo com Cerqueira, Medeiros e Augusto (2007) os componentes

celulares não são protegidos totalmente por antioxidantes endógenos, e é bem

estabelecido que antioxidantes obtidos na dieta sejam indispensáveis para a defesa

contra a oxidação e, portanto, têm importante papel na manutenção da saúde. Os

incontestáveis benefícios para a saúde associados ao consumo de frutas e

hortaliças devem-se, em parte, à presença de antioxidantes nesses alimentos.

Segundo Ghisleni (2006) as espécies de selênio estão distribuídas no

organismo em diferentes órgãos, sendo que grandes quantidades desse elemento

estão presentes em ordem de concentração: nos rins, fígado, baço, músculo

cardíaco, pulmão e cérebro. Uma redução nos níveis de selênio no cérebro pode

causar vários distúrbios neurológicos, sendo este órgão um dos mais susceptíveis

ao estresse oxidativo pela carência de enzimas antioxidantes como a catalase.

Sendo assim os produtos da peroxidação lipídica precisam ser removidos por

selenoproteínas, como a glutationa peroxidase, que contem selênio como parte do

seu sitio ativo. Alguns estudos demonstraram a importância do selênio sobre a

atividade cerebral. A deficiência de selênio leva a um estado de humor mais

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deprimido e, mesmo em quantidades limitadas, observa-se um aumento na

incidência de depressão e outros sintomas negativos do estado de humor como

ansiedade, confusão e hostilidade.

No que diz respeito às doenças associadas ao envelhecimento, observou-se

que níveis séricos baixos de selênio foram associados à aceleração do declínio

cognitivo no decorrer da idade. Essas observações corroboram com as alterações

metabólicas decorrentes da idade avançada tais como a diminuição na absorção de

micronutrientes, incluindo o selênio. Desta forma as defesas antioxidantes

endógenas começam a diminuir e dada a susceptibilidade do cérebro ao estresse

oxidativo juntamente com a predisposição genética, surgem as doenças decorrentes

do envelhecimento (GHISLENI, 2006).

A implicação do estresse oxidativo em doenças neurodegenerativas, processos

isquêmicos e no mecanismo de toxicidade por metais pesados tem impulsionado a

pesquisa por novos compostos com propriedade antioxidante e potencial para serem

utilizados como agentes terapêuticos contra danos cerebrais promovidos pelo

estresse oxidativo. Nas últimas décadas, o interesse pela síntese de compostos

orgânicos de selênio aumentou consideravelmente devido ao fato de muitos destes

compostos apresentarem propriedades antioxidantes. De particular interesse, o

composto ebselen foi demonstrado originalmente agir como mimético da enzima

glutationa peroxidase. Além do ebselen outros compostos de selênio têm sido

sintetizados, entre eles o difenil disseleneto (POSSER, 2009).

Dentre os mecanismos potencialmente envolvidos na neuroproteção por

ebselen, citam-se a inibição da peroxidação lipídica, inibição de enzimas envolvidas

em processos inflamatórios e interação com peroxinitrito. Embora o efeito

antioxidante do ebselen seja principalmente atribuído a sua atividade na glutationa

peroxidase, outros estudos sugerem que a interação do ebselen com peroxinitrito

bem como com o sistema tioredoxina redutase, podem ser importantes mecanismos

responsáveis pelo efeito antioxidante deste composto (POSSER, 2009).

Com relação ao composto difenil disseleneto, apesar de sua propriedade

antioxidante ter sido demonstrada em diferentes modelos, existem poucos estudos

relacionados ao efeito neuroprotetor deste composto. Além disso, torna-se

importante ressaltar que difenil disseleneto apresentou menor toxicidade em relação

ao ebselen quando administrado in vivo. É importante ressaltar que o ebselen

demonstrou efeitos pró oxidantes em estudos in vivo, quando associado ao

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mercúrio, sendo atribuído principalmente à oxidação da glutationa peroxidase. Este

estudo também demonstra in vivo que compostos orgânicos de selênio exercem

múltiplas ações biológicas, afetando diversos alvos moleculares e resultando em

processos neuroprotetores, antidepressivos e antitumorais, ressaltando a

versatilidade farmacológica destes compostos (POSSER, 2009).

Ghisleni (2006) também demonstra através de estudos experimentais que o

difenil disseleneto apresenta maior potência nas suas propriedades farmacológicas

do que seu análogo mais estudado ebselen. Os resultados com difenil disseleneto

apontaram uma ação mais potente como neuroprotetor e antiinflamatório no mesmo

modelo de injúria celular do que seu análogo ebselen. De qualquer forma, estudos

precisam ser realizados para a descoberta de novas propriedades de ambos

compostos.

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4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral

Verificar a influência do selênio no desenvolvimento e mecanismos

fisiopatogênicos da doença de Alzheimer.

4.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

a) investigar a ação do selênio como antioxidante nos processos de estresse

oxidativo na doença de Alzheimer;

b) descrever os possíveis fatores etiológicos da doença de Alzheimer e sua

relação com o selênio;

c) investigar a inter-relação do selênio, do ponto de vista nutricional, com a

prevenção e melhora dos sintomas da doença de Alzheimer.

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5 METODOLOGIA

Este trabalho consiste em uma revisão bibliográfica sobre os efeitos do selênio

na doença de Alzheimer, sendo realizada pesquisa de artigos científicos, teses e

dissertações publicados entre 2002 a 2009, preferencialmente na língua portuguesa,

num período de pesquisa de 05/08/09 a 16/09/09, nas bases de dados Google

acadêmico, Medline, Scielo e Pubmed, utilizando-se como termos de indexação:

Alzheimer, Selênio, estresse oxidativo, ebselen, consumo diário de selênio,

recomendações de minerais, demência, estado nutricional, envelhecimento.

Também foi realizada pesquisa de apoio em livros. Após a obtenção dos artigos

completos, cada um foi revisado e analisado, para posterior redação.

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6 CONCLUSÃO

Conforme as bibliografias consultadas, o envelhecimento entre outros fatores é

fator de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, visto que envolve um

complexo processo de degradação do organismo, que implica fatores psicológicos,

sociais e fisiológicos. Mesmo sendo obscuros os fatores etiológicos da doença de

Alzheimer, é indispensável fornecer suporte nutricional adequado, com ênfase no

consumo de antioxidantes, para proteção e tratamento dos sintomas da doença de

Alzheimer.

Sabe-se que o selênio é antioxidante essencial para os processos de

eliminação das espécies reativas de oxigênio em estado normal, sem patologia já

instalada, o que evidencia a necessidade de um aporte nutricional adequado de

selênio durante todos os ciclos da vida, especialmente no idoso com a doença de

Alzheimer.

Não se pode afirmar que a carência ou consumo inadequado de selênio

durante a vida seja fator de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer e

mesmo sabendo que o selênio esta envolvido nos processos bioquímicos do

cérebro, essa relação não é encontrada na bibliografia. Muitas variáveis influenciam

na avaliação do consumo do selênio na população brasileira, tendo em vista que as

quantidades deste micronutriente diferem nos alimentos, de região em região devido

aos seus níveis maiores ou menores no solo, e ao consumo aumentado ou

diminuído de grupos de alimentos ricos em selênio. Foi observado ao longo do

desenvolvimento deste trabalho que a recomendação diária de selênio não é

atingida através da dieta habitual brasileira. São escassos os estudos sobre o

consumo de selênio no Brasil.

Não existem estudos sobre a influência direta do selênio no processo de

envelhecimento, tampouco na gênese ou fisiopatologia da doença de Alzheimer.

Porém, estudos experimentais com compostos de selênio vêm sendo desenvolvidos

in vivo, para determinar quais compostos são mais eficazes como antioxidantes, tem

menor toxicidade e ação pró-oxidante. Ainda são necessários muitos estudos para

determinação de um composto seguro para suplementação, até então, entre outras

inúmeras atuações benéficas, observa-se melhora em sintomas neuropsiquiátricos.

Alguns estudos afirmam que o selênio melhora os distúrbios comportamentais que

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são inerentes à doença de Alzheimer como agressividade e depressão. Essa

atuação é de extrema importância, pois a redução destes distúrbios

comportamentais logicamente auxilia o trabalho dos profissionais de saúde e dos

cuidadores, aumentando também a qualidade de vida do indivíduo acometido pela

doença e dos seus familiares.

Além das questões relativas à doença de Alzheimer, ao longo do

desenvolvimento deste trabalho foi observado que diversos estudos avaliam a ação

anti-carcinogênica do selênio, ressaltando ainda mais sua importância no processo

de envelhecimento. As evidências encontradas nesta revisão bibliográfica sugerem

que o selênio pode ser utilizado como coadjuvante no tratamento da doença de

Alzheimer, para melhora dos sintomas comportamentais e atuação antioxidante,

sempre dando ênfase no consumo de alimentos ricos em selênio e, se necessário

indicando suplementação, sempre objetivando o alcance da recomendação diária,

atualmente considerada eficaz e segura. De qualquer modo, com esta revisão se

conclui que mais estudos precisam ser desenvolvidos a respeito do selênio e sua

relação com a doença de Alzheimer, sua possível ação preventiva e na melhora dos

sintomas.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um bom tratamento dietoterápico, baseado em estratégias de melhora no

consumo de alimentos antioxidantes, em especial os alimentos ricos em selênio,

aliado a cardápios criativos, e, sempre levando em conta a situação socioeconômica

do (s) paciente(s) em questão, pode não levar à cura, mas pode melhorar a

qualidade de vida do(s) indivíduo(s) com a doença de Alzheimer, bem como dos

seus cuidadores e familiares.

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