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A INFORMALIDADE NO DIREITO DO TRABALHO Mariana Tavares de Melo

A Informalidade do Direito do Trabalho - MP Editora€¦ ·  · 2009-10-14agasalha-se nos fins últimos da Organização Internacional do Trabalho – OIT, cuja agenda, ... os meios

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A InformAlIdAde no dIreIto do trAbAlho

mariana tavares de melo

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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

Todos os direitos desta edição reservados à

© MP Editora – 2009Av. Brigadeiro Luís Antonio, 2482, 6. andar01402-000 – São PauloTel./Fax: (11) [email protected]

ISBN 978-85-7898-019-1

Preparação e revisãoJúlia Carolina de Lucca

CapaVeridiana Freitas

Projeto gráfico e diagramaçãoVeridiana Freitas

Diretor responsávelMarcelo Magalhães Peixoto

Impressão e acabamentoMP Gráfica

M486i

Melo. Mariana Tavares de A informalidade no direito do trabalho / Mariana Tavares de Melo. - São Paulo : MP Ed., 2009.

Inclui bibliografiaISBN 978-85-7898-019-1

1. Setor informal (Economia). 2. Direito do trabalho. I. Título.

09-3088. CDU: 349.22:331.102.12

25.06.09 30.06.09 013430

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Aos meus amados pais, avós e tio Antônio Sérgio Tavares de Melo.

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Agradecimentos

À Universidade Federal da Paraíba, por ter me dado a oportunidade de crescer academicamente.

Agradeço em especial à minha orientadora Maria Áurea Baroni Cecato, pela sua infinita sabedoria, compreensão, generosidade e boa vontade.

Aos meus caros professores do Mestrado, sobretudo, Adriano de Leon, pelas suas preciosas lições.

A todos os funcionários do Mestrado, principalmente Carlos Braz e Maria Luciene Wanderley, pela atenção e carinho com que me tratam.

A todos os colegas das turmas de Direito Econômico dos anos de 2004 e 2005, pelo espírito de amizade e pelas frutíferas trocas intelectuais.

Aos amigos Ricélia e Gustavo, por me auxiliarem na construção dos grá-ficos demonstrativos desta pesquisa.

Aos meus alunos do estágio docência, pelos incentivos ao meu trabalho.Ao meu amigo e irmão Rodrigo Tavares de Melo.À Terezinha Nunes, minha irmã por afinidades eternas.Ao meu adorado e leal companheiro Luiz Henrique Coutinho.A todos os meus amigos fiéis, por nunca terem deixado de acreditar

em mim.

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“O fim do direito é a paz, o meio de atingi-lo é a luta. Enquanto o direito tiver de contar com as agressões partidas dos arraiais da injustiça - e isso acontecerá enquanto o mundo for mundo – não poderá prescindir da luta. A vida do direito é a luta – uma luta dos povos, dos governos, das classes sociais, dos indivíduos.”

RUDOLF VON IHERIN

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ApresentAção

O livro de Mariana Tavares de Melo, ora oferecido ao público, tem como ponto de partida a dissertação defendida em 2007, como etapa necessária à conclusão do Mestrado realizado no Programa de Pós-gradu-ação em Ciências Jurídicas – PPGCJ, da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. A satisfação que provo em prefaciá-lo se prende, antes de tudo, ao fato de ter orientado o referido trabalho conclusivo e de ter sido, assim, testemunha do grande esforço da autora na busca de informações precisas e corretas, assim como de sua dedicação à lógica da apresentação dos argu-mentos ali contidos.

Iniciando pela abordagem das relações de trabalho no contexto dos fatores que levam à sua regulação pelo Estado, o texto passa ao exame dos efeitos da globalização econômica no trabalho humano, considerando, notadamente, as amplas transformações pelas quais passam as condições de trabalho em face da reengenharia das empresas e da produção resul-tante da automatização, esta, por sua vez, advinda das técnicas criadas nos últimos trinta anos, e redutora de postos de trabalho. Considera, ainda, o retorno do pensamento e das práticas neoliberais, os quais, inseridos no quadro que ora se descreve, formam um único e nítido instrumento de precarização das condições em que o trabalhador exerce suas atividades. Persiste na observação da informalidade do trabalho e suas consequências (ocupando-se, neste caso, mais especificamente do mercado de trabalho brasileiro), e inclina-se, com maior vigor, para a maior delas: a exclusão social do trabalhador e a vulnerabilidade deste ao desemprego, um dos mais graves atentados aos seus direitos fundamentais. Usa, para demons-tração do que argumenta, tanto embasamentos teóricos como dados esta-tísticos de estudos da economia voltados para o mercado de trabalho, em particular do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Segue, a autora, cuidando da demanda mundial de flexibilização das normas laborais, aplicando-se à ameaça que o fenômeno representa para os direi-tos já conquistados pelos trabalhadores e ao evidente obstáculo ao pleno desenvolvimento destes, o que seria garantido pelos caminhos que levam ao trabalho decente e digno. Por fim, consagra-se a traçar propostas para a “realização da justiça social através do trabalho”.

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Tratando de tema que se acomoda ao âmbito dos direitos funda-mentais do trabalhador, a obra ora apresentada se insere na grande discus-são que se estabelece no nível mundial, sempre que se trata da produção humana, com repercussões econômicas e sociais. Aloja-se, ainda, nas pre-ocupações maiores das organizações internacionais que se dedicam direta ou indiretamente às questões que objetivam a justiça social. Nesse quadro, agasalha-se nos fins últimos da Organização Internacional do Trabalho – OIT, cuja agenda, a partir de 1998, revela particular apreço pela conse-cução do trabalho decente em todo o mundo. Nesse contexto, a tão propa-lada necessidade de flexibilizar as normas laborais, deixando às empresas maior elasticidade na gerência de suas atividades, em especial quando estas tocam os direitos trabalhistas, esbarra no entendimento de que os direi-tos humanos e essenciais daqueles que laboram para outrem devem estar acima de tais transformações. De resto, é esse o sentido para o qual sempre foi orientada a atuação da OIT, ao longo de seus noventa anos de existên-cia, assim como – e nomeadamente – foram estabelecidos e adotados os preceitos da Declaração de 1998 (sobre princípios e direitos fundamentais no trabalho) e os da Declaração de 2008 (sobre a justiça social para uma globalização equitativa), marcos dos direitos inextinguíveis daqueles que trabalham por conta de outrem.

João Pessoa, 16 de agosto de 2008Maria Aurea Baroni Cecato

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sumário

Introdução 13

1 – o trAbAlho humAno A pArtIr dA prImeIrA revolução IndustrIAl 19

1.1 – o contexto mundial 231.2 – As mudanças no universo do trabalho no brasil a partir do período pós-guerra 35

2 – os efeItos dA globAlIzAção sobre o trAbAlho humAno: A desvAlorIzAção do trAbAlhAdor 51

2.1 – o incremento da tecnologia e a reestruturação das empresas 672.2 – As exigências e o hermetismo no mercado de trabalho na sociedade brasileira 742.3 – o retorno do pensamento e das práticas liberais 77

3 – A InformAlIdAde, o desemprego e A exclusão socIAl nA AtuAl reAlIdAde brAsIleIrA 83

3.1 – o crescimento do mercado informal de trabalho na economia nacional 923.2 – demonstrações embasadas em dados do Ibge 983.3 – A informalidade como forma de desemprego

e exclusão social 111

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4 – A flexIbIlIzAção dA clt 125

4.1 – A postura neoliberal como ameaça às conquistas legais adquiridas 1314.2 – traçando propostas para a realização dajustiça social através do trabalho 140

5 – conclusão 149

6 – referêncIAs 153

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Introdução

O presente trabalho visa contextualizar a nocividade da flexibili-zação das normas trabalhistas dentro do processo histórico de evolução das relações laborais a partir da Primeira Revolução Industrial até os dias atuais, onde nos deparamos com o fenômeno do trabalho informal como prova da fragilização socioeconômica do universo do labor em geral.

Foi percebendo a pouca especulação acadêmica acerca da impor-tância deste tema tão atual quanto preocupante que fizemos este estudo com o intuito de discutir a teoria da flexibilização como forma de propor a manutenção do princípio protetor do trabalhador diante da desproporção de forças medidas entre aqueles que vivem do trabalho e aqueles que detêm os meios de produção no sistema capitalista global.

Face à magnitude do problema em contraposição aos modestos resultados até agora obtidos, faz-se necessário todo empenho para produ-zir mais conhecimentos científicos que possam orientar a prática das polí-ticas públicas direcionadas para as metamorfoses socioeconômicas que o Mundo vem atravessando, de modo a criar maiores possibilidades de pro-teção e inclusão social daqueles que por crueldade de sistema capitalista global são relegados à margem da sociedade através do desemprego.

Esta pesquisa procura justificar a necessidade de investigar e revelar quais vêm a ser os novos rumos dentro da história, da sociologia, da geopo-lítica, e especialmente, do direito, para os quais o labor e a economia têm se inclinado nos últimos tempos. Até mesmo porque o nosso cotidiano segue apresentando diversos problemas que tendem a se multiplicar diante da escassez de ideias, propostas e medidas a serem exploradas e aplicadas com a finalidade de sanar a crise econômica e laboral, à qual o trabalhador brasileiro vem sendo gradualmente submetido.

Trago como objetivo a proposta a não flexibilização das leis traba-lhistas, na medida em que a Constituição Federal e a Consolidação das Leis Trabalhistas se tornaram praticamente os pontos remanescentes de proteção legal positivada em prol dos direitos sociais e econômicos do pro-letariado moderno, já que este tanto sofre com os efeitos da volatilidade do capital, da produção e da automação do trabalho como fonte de agrava-mento do desemprego, da informalidade e da exclusão social.

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Portanto, a presente pesquisa possui como objetivo central a análise das informações históricas, econômicas e jurídicas, necessárias para a com-preensão da crise vivida no âmbito trabalhista que se intensificou, sobre-tudo, a partir do final da década de 80 e prossegue até hoje dilapidando os direitos laborais da coletividade.

Daí que o ponto principal será explorado no quarto e último capí-tulo deste trabalho, ou seja, discutiremos sobre a flexibilização das normas laborais como fonte de precarização das práticas trabalhistas, desvalori-zação do trabalhador e exclusão social através do aumento constante do trabalho informal. Neste sentido, o principal escopo aqui é mostrar como é frágil a posição do trabalhador brasileiro diante do resultado direto das atuais e equivocadas relações políticas e econômicas, desenvolvidas em tempos de uma Globalização impiedosa e que não observa os limites éticos para com os direitos da classe que vive do trabalho.

Este estudo também deseja mostrar que a “nova ordem mundial” foi fixada da parte dos países capitalistas poderosos sobre os países capi-talistas periféricos, e por isso é natural que a exploração e a exclusão venham causando um tipo de “espanto decrescente” diante dos olhos da sociedade, visto que hoje em dia não há nada de realmente novo quanto à criação de melhorias palpáveis. Continuamos atuando como vítimas ou testemunhas das injustiças do sistema capitalista de produção.

A metodologia da investigação aqui proposta, de caráter teórico-bibliográfico, foi empreendida através da leitura e análise de pesquisas anteriores (livros, artigos, revistas jurídicas, teses, sites etc.) focando a identificação das principais categorias de fontes e conceitos atinentes ao tema que escolhemos. Isto é, este trabalho contempla a discussão do refe-rencial teórico comparando os resultados das metamorfoses referentes à inclusão socioeconômica dos trabalhadores brasileiros em um patamar de busca por maior segurança jurídica. Este fator de pesquisa será agregado à devida opção pelo melhor quadro teórico dentre o material lido, exposto e discutido, para que seja possível traçar a elaboração de uma interpretação autêntica acerca do tema em pauta.

No primeiro capítulo, teremos um enfoque histórico acerca das muitas dificuldades vivenciadas pela categoria proletária desde a Primeira Revolução Industrial, seguindo para as influências desse período sobre