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Gestão Informatizada da Manutenção - 07-03-2005 - 1 - CONTEÚDO 1. IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE MANUTENÇÃO 2. A INFORMÁTICA NA MANUTENÇÃO Colaboram nesta publicação: Engº. Henrique Tovar Faro Engº. Nuno Neves Nunes Engº. Luís Cavique Santos Engº. João Taborda Craveiro Dr. José Caldeira Duarte Engº. Paulo Santos Lourenço GESTÃO INFORMATIZADA DA MANUTENÇÃO

A Informática na Manutenção

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C O N T E Ú D O

1. IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE MANUTENÇÃO 2. A INFORMÁTICA NA MANUTENÇÃO

Colaboram nesta publicação: Engº. Henrique Tovar Faro Engº. Nuno Neves Nunes Engº. Luís Cavique Santos Engº. João Taborda Craveiro Dr. José Caldeira Duarte Engº. Paulo Santos Lourenço

GESTÃO

INFORMATIZADA

DA

MANUTENÇÃO

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IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE MANUTENÇÃO 1.1 Introdução O sucesso de uma empresa está fortemente ligado à sua capacidade para se diferenciar das suas concorrentes e constitui um indicador que revela a aptidão para subsistir no contexto económico em que actua. Este sucesso, fruto de diversos factores, em que pontuam os de ordem Técnica, Financeira, Organizacional, etc., evidencia a "forma de estar" da empresa, e traduz potencialidades, nomeadamente nos domínios da Inovação e da Optimização. A Inovação, encarada como resposta original a necessidades existentes, assume particular importância na vertente técnica, permitindo consolidar a actuação em áreas de mercado existentes e ganhar outras novas. A Optimização adquire especial relevo quando perspectivada na obtenção de uma estrutura funcional óptima para a empresa, com o objectivo de garantir, em simultâneo, eficiência funcional e geração de riqueza. Numa perspectiva de Gestão Global, sempre que se pense em adaptar ou alterar a estrutura da empresa, torna-se relevante considerar soluções que integrem a Inovação Técnica e a Optimização funcional. Estas considerações de carácter geral podem aplicar-se ao serviço de Manutenção por uma empresa utilizadora de equipamentos, seja do tipo industrial, de transportes, ou outro. Uma empresa deste género estará organizada com a clássica estrutura de funções, nomeadamente Administrativa, Produção/Exploração, Comercial, Recursos Humanos, Financeira, Aprovisionamentos e ainda em muitos casos, Manutenção e Qualidade. Constata-se que, em muitos casos de empresas existentes, há preocupações de optimização das várias funções "per si" faltando, todavia, a capacidade de articulação global de todas as funções, de modo a obter o máximo de operacionalidade da estrutura funcional da empresa. A articulação das várias funções, integrada na Gestão global da empresa, permite colher bastantes benefícios, mas pressupõe a existência de organização e meios tecnológicos. A evolução dos equipamentos informáticos veio de certo modo possibilitar a articulação mais fácil entre várias funções ou subsistemas de uma empresa, verificando-se que, mesmo as tradicionalmente menos protegidas e de que é exemplo a Manutenção, passaram a ter possibilidade de ser geridas de forma mais eficaz e interactuando com outras funções, isto é, de forma Integrada. Numa empresa, independentemente dos equipamentos com que labora, é muito importante garantir a operacionalidade dos mesmos, pelas implicações que estes têm na garantia de prestação de serviços e consequentemente na geração de riqueza. Por isso a função Manutenção, que deve zelar pela sua boa conservação e manutenção, deverá ter um bom nível de organização e operacionalidade e, como já foi referido, numa perspectiva de Gestão Integrada, ter capacidade para interactuar activamente com as outras funções da empresa, contribuindo assim para a obtenção do máximo de produtividade com custos mínimos e garantindo o nível de qualidade prescrito.

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1.2 A Importância da Manutenção A importância da função Manutenção numa empresa é normalmente associada à disponibilidade de equipamentos produtivos, isto é à capacidade destes para estarem operacionais nos períodos de trabalho pretendidos. É a Manutenção que pode garantir a disponibilidade dos equipamentos, factor essencial para cumprir os compromissos assumidos e garantir o nível de produtividade. No entanto a importância da Função Manutenção não está apenas ligada à garantia de operacionalidade dos equipamentos, visto que os custos de execução das intervenções de Manutenção, das peças de substituição, etc., assumem em geral valores relevantes e não negligíveis para a gestão da empresa. Acresce ainda realçar a ligação estreita entre a Manutenção e a qualidade dos bens produzidos, pois sendo a missão da Manutenção repor ou restaurar as condições nominais de funcionamento, após ocorrência de falhas ou da detecção de indícios destas, deve recorrer a inspecções sistemáticas para controlar o afastamento das condições nominais de operação dos diversos equipamentos, e que em geral constituem uma causa vulgar de diminuição do seu desempenho e podem indiciar início de avarias, permitindo por esta via controlar as causas de eventuais alterações ao nível da Qualidade. Neste enquadramento, a Manutenção deve garantir o nível de operacionalidade dos equipamentos necessários para obter a Disponibilidade e Qualidade impostas, e da forma mais económica possível, isto é, minimizando os custos de Manutenção por unidade produzida, os custos com materiais, os tempos de imobilização de equipamentos críticos1, os custos de Manutenção de equipamentos não críticos. Assim, poder-se-á considerar a Gestão da Manutenção como o conjunto de acções que visam providenciar a execução, correcta e atempada, das operações necessárias de Manutenção de forma a garantir a Disponibilidade e Qualidade prescritas, e que, para além da distribuição no tempo das intervenções de Manutenção dos diversos equipamentos, atende à necessidade de aprovisionamento de peças de substituição, à disponibilidade de mão-de-obra própria, à necessidade de ferramentas e equipamentos específicos, à eventual subcontratação de tarefas, etc. 1.3 Evolução Histórica da Manutenção Desde o início deste século a Manutenção registou uma grande evolução, tendo durante este período surgido filosofias de manutenção que forneceram o sustentáculo teórico para a aplicação de novos métodos de gestão e organização, possibilitadas pela aplicação de técnicas entretanto surgidas e que foram resultantes dos avanços tecnológicos registados. Assim, da Manutenção Curativa ou Correctiva, caracterizada pela intervenção "à posteriori" da ocorrência de uma avaria, evoluiu-se para a Manutenção Preventiva Sistemática, em que as intervenções são efectuadas em função da vida esperada dos equipamentos, a partir das respectivas leis de degradação, e determinadas a partir dos dados resultantes de períodos de funcionamento anteriores.

1Entende-se por equipamento crítico um equipamento cujo estado de imobilização determina alterações sensíveis na produção, quer porque origina interrupção da produção, quer porque reduz significativamente a qualidade dos bens produzidos.

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Complementarmente, e porque a filosofia da Manutenção Preventiva Sistemática originava intervenções da Manutenção ou a substituição de equipamentos, em situações em que a respectiva vida útil ainda estava longe do fim, surgiu a Manutenção Preventiva por Controlo de Condição ou Condicionada, a qual baseia as intervenções de Manutenção no controlo do estado actual de degradação dos equipamentos, de forma a que a intervenção se processe quando a condição do equipamento deixe de estar adequada ao desempenho que se pretende dele. De forma esquemática as filosofias da Manutenção podem representar-se do seguinte modo:

MANUTENÇÃO

Planeada Não Planead

Preventiva Correctiva Correctiva

Correctiva

Curativa Curativa

Sistemática Condicionada

Entre um extremo que é a manutenção não planeada correctiva (em que as avarias são solucionadas a partir de um conjunto de acções não planeadas e que se iniciam após a ocorrência de avarias), e o outro, que decorre da aplicação de uma filosofia de manutenção planeada preventiva (planeando no tempo as intervenções de manutenção atendendo às características do equipamento, ao seu historial e à sua condição de funcionamento), há uma grande diferença, tanto em termos organizativos como tecnológicos. Na realidade, cada equipamento tem uma série de necessidades específicas de manutenção, tendo cada uma delas uma determinada periodicidade, que é função do tipo de equipamento, das suas condições de serviço e da filosofia de Manutenção adoptada. Se a dois equipamentos iguais, trabalhando em condições de serviço idênticas, forem aplicadas filosofias de Manutenção distintas, digamos correctiva e preventiva, ou preventiva sistemática e preventiva por controlo de condição, dificilmente se obterão os mesmos períodos entre as intervenções de manutenção. A distribuição no tempo das várias operações de Manutenção de um determinado equipamento, depende do tipo de Manutenção seguido. Se for aplicada uma filosofia de Manutenção Correctiva (e para optimizar a estrutura funcional da empresa deverá gerir-se a Manutenção de forma a ter preparadas e organizadas as operações de intervenção necessárias e, simultaneamente, aprovisionadas as peças de substituição e garantidos os meios humanos e tecnológicos necessários para a execução das tarefas), o planeamento que poderá existir será unicamente de curto prazo, e será decorrente de haver indícios que augurem uma avaria.

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No caso de Manutenção Preventiva, é possível efectuar um planeamento de médio/longo prazo para as intervenções de manutenção dos vários equipamentos. Este planeamento permite prever as cargas de trabalho, os sobresselentes necessários, as ferramentas e equipamentos requeridos, etc. Se o tipo de Manutenção for Preventiva Sistemática, a periodicidade das operações de Manutenção será, em geral, constante e determinada a partir das indicações do fabricante ou da experiência acumulada da utilização do equipamento. Se for aplicada a filosofia da Manutenção Preventiva por Controlo de Condição, a periodicidade das operações de Manutenção será, em geral, variável sendo determinada a partir da avaliação do estado (condição) do equipamento. Todavia, e apesar de existir um plano de intervenções a efectuar a médio / longo prazo, poderá existir necessidade de o adequar no curto prazo, por surgirem situações não previstas "à priori". Assim, um sistema de Gestão de Manutenção deverá ter capacidade para englobar todas as filosofias de Manutenção, por ser a situação que mais se aproxima da realidade da maioria das empresas utilizadoras de equipamentos. O planeamento das operações não será exclusivamente feito em função das necessidades de manutenção do equipamento, devendo também considerar as interacções existentes entre a Manutenção e as outras funções da empresa, e que surgem como constrangimentos que o plano deverá respeitar. Serão exemplo destes constrangimentos as restrições de períodos de intervenção impostas pela Produção / Exploração, as disponibilidades de Recursos Humanos, de peças sobresselentes, de ferramentas ou equipamentos especiais, etc. 1.4 O Modelo da Manutenção Conforme foi já referido tem-se notado uma evolução muito significativa na forma como as empresas encaram a Manutenção. Se inicialmente ela era considerada como um "serviço de desempanagem", que se limitava a intervir após a avaria, agora cada vez se espera mais que a Manutenção garanta os equipamentos em laboração e, mais que isso, que os mantenha em condições de produzir bens ou serviços dentro das especificações óptimas. Por isso a Manutenção ganhou um estatuto de independência face às outras funções da empresa, aparecendo no organograma em paridade com as funções Financeira, Produção, Pessoal, etc, como forma de garantir que as preocupações da Manutenção são encaradas com independência face ao processo produtivo, estando toda a empresa consciente que a Manutenção, na sua actuação, persegue os mesmos objectivos das restantes funções da empresa: a garantia da execução de produtos ou serviços nas melhores condições de qualidade e produtividade. O acréscimo de produtividade, associado à implementação de filosofias de manutenção mais sofisticadas, implica uma maior qualidade e diversificação da equipa encarregada da Manutenção, bem como um maior nível tecnológico. Assim, de um corpo de executantes que garantia a execução das intervenções de Manutenção Correctiva não planeada, evoluiu-se para um corpo formado por executantes, preparadores e inspectores, de forma a execução de outras tarefas pedidas à Manutenção.

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Dado que não é justificável que todos os equipamentos sejam sujeitos à Manutenção Preventiva Sistemática e que as técnicas de Controlo de Condição não são extensíveis a todo o tipo de equipamentos, e ainda porque é impossível garantir a previsão de todo o tipo de avarias, o modelo de Manutenção a adoptar deve incluir, em maior ou menor escala, os diversos tipos de manutenção designadamente a Manutenção Preventiva Sistemática ou por Controlo de Condição, e a Correctiva, planeada ou não. A escolha do modelo influencia de forma determinante a função Manutenção e tem uma influência significativa nos custos de produção, por um lado pela repercussão directa que tem na Produção e indirecta na Qualidade, e, por outro lado, pelo peso que a própria Manutenção representa na estrutura de custos do produto ou do serviço final produzido pela empresa. Convém referir que os custos de Manutenção são função da qualidade e tipo de equipamento, da forma como este é utilizado e das técnicas e filosofia de manutenção utilizadas. No entanto. e independentemente do estatuto da Manutenção, é evidente a necessidade da sua boa articulação com as demais funções da empresa, nomeadamente com a Produção, os Aprovisionamentos, o Pessoal e a Financeira, pois que a sua actuação implica directamente com todas elas. De igual forma é defensável que as mudanças estruturais ou de filosofia da Manutenção tenham em conta as restantes funções, nomeadamente as já citadas, para ser encontrado o modelo de compromisso que as implique e melhor corresponda às necessidades da empresa. Na perspectiva anteriormente defendida importa que a Manutenção adopte, também na sua própria organização, um modelo que preveja a adequação da Manutenção a cada tipo de equipamento bem como a interacção com as demais funções. Idealmente toda a actividade da Manutenção deveria ser previamente planeada, de forma a maximizar a utilização dos recursos e a minimizar os inconvenientes decorrentes da paragem dos equipamentos, nomeadamente para a Produção. Nesta perspectiva toda a Manutenção deveria ser planeada tendo por filosofia de base a Manutenção Preventiva Sistemática, que seria complementada, sempre que possível, com o modelo de Manutenção Condicionada ou por Controlo de Condição, de forma a actualizar a previsão sistemática inicial baseada nos dados do historial dos equipamentos. Na realidade uma parte significativa da actividade da Manutenção é utilizada na execução de intervenções com carácter correctivo, quer porque nem todas as avarias são previsíveis ou susceptíveis de ser evitadas, quer porque este tipo de manutenção continua a ser o mais adequado para um significativo número de equipamentos. Neste enquadramento o modelo de Manutenção deve integrar as várias filosofias de Manutenção, sendo a incidência ou peso de cada uma delas função do tipo de instalação e da sua política de produção, dos equipamentos e da sua forma de utilização. Assim, um modelo de manutenção adequado deverá dispor, em simultâneo e convenientemente afectadas, as diferentes filosofias de manutenção, cuja incidência poderá evoluir no tempo já que, à medida que a experiência e o conhecimento do funcionamento dos diversos equipamentos aumenta, as intervenções da Manutenção Correctiva não planeada têm tendência a diminuir. 1.5 A Implementação do Sistema de Manutenção Planeada

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Num sistema de Manutenção, em que coexistam os vários tipos de Manutenção, começar-se-á por definir os constrangimentos que interactuam com a Manutenção, posto o que se poderá fazer o planeamento original das intervenções. Como já foi anteriormente referido, os períodos entre as intervenções de manutenção, serão, à partida, ditados pelas instruções do fabricante dos equipamentos, ou pela experiência, entretanto adquirida, do utilizador. Depois de definida a distribuição temporal das intervenções de Manutenção para toda a instalação, deverão introduzir-se as adaptações convenientes para respeitar os constrangimentos activos que serão, por exemplo, não exceder determinada carga horária ou condensar várias intervenções num período de paragem da instalação. Este planeamento inicial poderá ser alterado em função da necessidade de incluir operações de manutenção correctivas ou por alterações nos constrangimentos, ou ainda, porque para equipamentos em que é usada Manutenção Preventiva Sistemática, se decidiu alterar a periodicidade de determinadas intervenções. Nos equipamentos em que se aplica Manutenção baseada no Controlo de Condição, os períodos entre intervenções poderão ser previstos à partida, como se aplicasse a filosofia de Manutenção Preventiva Sistemática, sendo posteriormente redefinidas em função das condições de funcionamento do equipamento. Esta metodologia origina que a definição precisa da intervenção da Manutenção seja efectuada considerando a informação de Controlo de Condição, que irá aferir a adequação da data inicialmente proposta à actual situação do equipamento. Desta forma, conjugando os dois tipos de informação, um com carácter probabilístico referente ao passado do equipamento e baseado na análise de fiabilidade, e outro que reflecte o seu estado actual de funcionamento e baseado no controlo da sua condição, é possível controlar o estado actual de degradação do equipamento e optimizar a sua manutenção garantindo a sua disponibilidade. Num Sistema de Manutenção a articulação existente entre a Função Manutenção e Aprovisionamentos permite que, a partir do plano de intervenções da manutenção, se faça o planeamento de aquisição de peças de reserva e se determinem os parâmetros que deverão reger os aprovisionamentos de componentes e acessórios destinados à Manutenção. Igual raciocínio poderá ser feito relativamente à Funções Financeira ou de Recursos Humanos, uma vez que, a partir do planeamento da função Manutenção, é possível prever as exigibilidades de recursos nestas áreas. 1.6 Sistema Integrado de Gestão da Manutenção Um Sistema Integrado de Gestão de Manutenção deverá, para além dos aspectos já focados, prever uma ligação íntima com as diferentes funções da empresa que interactuam directamente com a Manutenção, como sejam a Produção, os Aprovisionamentos, o Pessoal e a Financeira. Dessa forma as decisões da manutenção poderão reflectir o interesse global da empresa, e não o de apenas uma

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das suas funções, do que resultarão inúmeras vantagens para o seu funcionamento com reflexos aos níveis da produtividade e da rendibilidade. O Sistema Integrado de Gestão de Manutenção deve ser suportado por um sistema de organização e por meios de suporte de informação adequados. O Sistema de organização ou arquitectura organizativa é a estrutura orgânica da função Manutenção, os circuitos dos fluxos de informação, de decisão, de execução e de controlo. Os meios de suporte de informação são os mais utilizados para veicular, organizar e armazenar a informação. É com base na arquitectura organizativa e meios de suporte da informação, que traduzem a estrutura funcional da manutenção e as suas bases de dados, e no modelo de manutenção que traduz os tipo de manutenção implementada (Correctiva, Preventiva, Sistemática, Condicionada), que é feita a Gestão da Manutenção. Para gerir a manutenção de forma eficiente há a necessidade de processar um grande volume de informação, tanto com carácter técnico como com carácter administrativo, pelo que a hipótese de recorrer à informática, como meio de suporte da informação requerida, surge como uma alternativa à existência de um numeroso quadro de pessoal destinado a garantir a obtenção, organização e respectiva circulação da informação. Todavia, e porque a função manutenção existe num enquadramento funcional, em que se deve relacionar com as outras funções da empresa, o sistema informático de apoio à gestão da manutenção deve ser desenhado de forma a permitir e facilitar essas inter-relações. Os meios informáticos actuais permitem o armazenamento e o processamento de grandes volumes de informação, com custos de investimento moderadamente baixos, sendo por isso cada vez mais usados como meios de suporte de informação na Manutenção permitindo que o planeamento, as preparações, a programação, o controlo de obras, etc., sejam relativamente fáceis e rápidos. Os sistemas informáticos possibilitam um enorme número de capacidades mas para o fazerem, necessitam de ser carregados com informação fiável e completa. Essa informação deve ser coligida e recolhida com critério porque dela depende o sucesso do sistema informático. Nesta perspectiva, a organização da informação referente à caracterização técnica dos equipamentos, deve ser compatível com a organização do software, devendo haver correspondência total entre ambos, sob pena de não se recolher a informação necessária para fazer funcionar o sistema informático. Este, por sua vez, deve exigir o mínimo de informação, de forma a tornar-se tão leve quanto possível. No entanto a construção de um Sistema Integrado de Gestão da Manutenção é algo que requer uma boa estruturação, quer das estruturas funcionais e orgânicas da empresa, quer da forma como a informação deve fluir e do modo como está organizada, o que implica bastante cuidado na sua definição. Assim, a definição de um Sistema Integrado de Gestão da Manutenção deverá contar com a participação não só dos quadros e de outros elementos relevantes da manutenção, mas também dos

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quadros e responsáveis pelas outra áreas directamente envolvidas. Nesta perspectiva o sistema a implementar deve ser discutido, pelos responsáveis das áreas directamente envolvidas, por forma a serem debatidas as características, vantagens e desvantagens de cada modelo, individualmente, bem como para definir impressos e circuitos administrativos, responsabilidades e níveis de autoridade, etc.. Desta forma não só se encontrará o modelo mais adequado às necessidades da empresa mas ainda aquele que melhor preserva a sua cultura, evitando rupturas que sempre acarretam perdas de informação e desmotivação dos intervenientes, mas também se minorarão os desajustamentos que as mudanças sempre provocam nos agentes por ele implicados. De forma a poder gerir de forma consistente o presente, é necessário como anteriormente referido, recorrer à análise dos dados do passado. Nesta perspectiva com base nos dados de funcionamento recolhidos é possível readequar o desempenho da função manutenção, podendo inclusivamente criar-se um modelo fiabilístico para os equipamentos que seja devidamente testado pelo próprio sistema informático. A aplicação do modelo fiabilístico irá permitir aumentar os tempos médios de funcionamento dos equipamentos entre intervenções de Manutenção. Convém notar, contudo, que o modelo fiabilístico poderá não ser o mesmo para todos os equipamentos, dependendo do seu tipo, funções e controlo. As implicações deste modelo estender-se-ão naturalmente à gestão das áreas associadas, nomeadamente de "stocks", pessoal, etc., permitindo colher também vantagens nestas áreas. 1.7 A Gestão Informatizada da Manutenção O enorme volume de informação que é necessário considerar para gerir a função Manutenção, aconselha vivamente a adopção de um suporte informático que deverá constituir uma ferramenta para apoiar a gestão da Manutenção. Todavia a utilização de uma aplicação informática destinada a suportar a gestão da manutenção, não é por si só, panaceia para todos os problemas, isto é, não é pelo facto de se passar a utilizar uma aplicação informática de apoio à gestão da Manutenção que esta passará a ser gerida de forma eficiente, ou que os resultados da manutenção serão melhores. Só é possível obter eficácia na gestão da manutenção, se houver capacidade de ter acesso fácil ao volume de informação necessário, por isso uma aplicação informática destinada a apoiar a gestão da Manutenção, só pode ser considerada uma ferramenta de apoio à gestão se permitir aqueles objectivos. Por outro lado o sistema de gestão da Manutenção deve traduzir os fluxos de informação que caracterizam a organização onde ele será implementado, de forma a garantir que a informatização não vai criar constrangimentos adicionais aos que já existem, mas que vai permitir simplificar o funcionamento do sistema. Complementarmente, o sistema de apoio à gestão da Manutenção deve permitir proceder ao tratamento conveniente de informação referente tanto aos equipamentos, pessoal, intervenções preparadas, sobresselentes, etc., como ao histórico referente às ocorrências registadas e intervenções de manutenção efectuadas, devendo necessitar do mínimo de informações para garantir a marcha do sistema.

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Na realidade, a informatização da Manutenção não se reduz à implementação de um sistema informático que se adapte ao nível de organização e ao esquema funcional da entidade onde é aplicado, pois antes de mais e sob pena de não constituir uma resposta para as necessidades, obriga a uma clara definição da estrutura, da forma de organização dos dados, dos procedimentos e circuitos de execução, decisão e controlo, do modo de reportar, etc., que nem sempre estão suficientemente definidos ao nível da organização encarregue da Manutenção. Por esta razão, a experiência demonstra que, após tomar a decisão a favor da informatização da manutenção se deve proceder a um estudo detalhado, que permita caracterizar a estrutura e funcionamento organizativo actual, a forma de funcionamento pretendido e o sustentáculo organizacional necessário para o implementar, de modo a definir os requisitos do sistema de gestão da Manutenção a implementar. Nesta perspectiva, antes de tomar a decisão a favor de uma aplicação informática existente ou a desenvolver para suportar a gestão da Manutenção há que caracterizar o que se pretende. A utilização de sistemas informáticos pode ser particularmente útil em termos da gestão da Manutenção para: • caracterizar os equipamentos, quer na perspectiva administrativa quer técnica, e nesta sob o

ponto de vista das suas características técnicas, ou operativas; • caracterizar peças de reserva, consumíveis e proceder à sua gestão; • caracterizar os meios humanos disponíveis e a sua distribuição por oficinas ou brigadas; • caracterizar intervenções de manutenção padrão com carácter preventivo sistemático ou

planeado; • proceder à emissão de ordens de trabalho; • acompanhar e controlar obras e emitir relatórios; • acompanhar e controlar custos; • proceder ao planeamento das intervenções de manutenção; • obter e actualizar histórico dos equipamentos; • analisar o desempenho da instalação e da manutenção através do uso de indicadores; • etc. Complementarmente a utilização da aplicação informática de apoio à gestão da Manutenção, pode ainda permitir a execução de outras tarefas como a integração da informação de Controlo de Condição dos equipamentos na sua gestão, o controlo do consumo de energia, a execução de análises mais complexas sobre histórico dos equipamentos, de que é exemplo a adequação de modelos fiabilísticos aos equipamentos, ou ainda a interligação activa com a gestão da produção. Contudo o espectro das necessidades em termos de gestão da Manutenção varia de empresa para empresa e por isso a solução que se ajusta a determinada organização pode não ser adequada para

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outra. Esta situação justifica a existência no mercado de múltiplas soluções informáticas de apoio à gestão da Manutenção. Todavia não é demais dar ênfase ao facto de que qualquer solução informática de apoio à manutenção só é eficaz se for baseada e fizer parte integrante de um sistema organizado de gestão da manutenção e só nessa situação pode permitir simplificar a sua gestão e possibilitar meios de análise que permitam tornar a manutenção mais eficaz. 1.8 Controlo de Condição Tradicionalmente a forma como a operacionalidade e o estado de funcionamento de um equipamento é aferido, é por via da observação do seu desempenho e por inspecções espaçadas no tempo, com vista a determinar o seu estado de conservação. Estas inspecções obrigam, de um modo geral, à paragem do equipamento e à desmontagem de parte do mesmo, o que obviamente consome tempo e reduz a sua disponibilidade para a produção, fim último a que se destina. Por outro lado, após a sua montagem poderá acontecer que o equipamento altere, mesmo que ligeiramente, o seu comportamento, em consequência até de alguma degradação introduzida pela própria rotina de inspecção, o que eventualmente tem consequências em termos da qualidade do seu desempenho e da sua longevidade. O Controlo de Condição consiste na avaliação do estado de conservação ou de condição operacional de um equipamento, através do conhecimento da evolução de alguns parâmetros que o caracterizam, sem interromper o seu funcionamento. Quer isto dizer que, se para um dado equipamento for possível identificar os parâmetros funcionais, associados à sua evolução negativa (ou degradação), então através do estudo e análise da evolução desses parâmetros é possível determinar a forma como o equipamento está a evoluir (se está a degradar) ao longo do tempo. Basicamente, a filosofia do Controlo de Condição assenta no conhecimento desses parâmetros e no acompanhamento da sua evolução ao longo do tempo de modo que, a partir da análise desta informação, se possa inferir o estado de conservação ou condição do equipamento, diagnosticando o desenvolvimento de eventuais avarias. Por analogia com o que acontece na medicina, e graças aos avanços tecnológicos verificados nos últimos anos ao nível da electrónica e da informática, é possível hoje em dia, e com um intervalo de confiança razoável, conhecer o estado de condição de muitos tipos de equipamentos, através de algumas técnicas que se baseiam na observação do comportamento e dos sintomas que os equipamentos apresentam, quando em funcionamento. Para realizar o Controlo de Condição é pois muito importante saber quais os parâmetros a controlar. Desses parâmetros é que dependem as técnicas a utilizar. A técnica mais difundida é a medição e análise das vibrações do equipamento, mas há outras como sejam as análises de óleos, nomeadamente a espectrometria, a ferrografia, a análise do sinal da corrente eléctrica consumida, de pressões, de temperaturas, de ruído, etc. . A análise de vibrações é uma técnica de aplicação mais geral porque permite determinar maior número de anomalias, ainda numa fase inicial, no funcionamento dos equipamentos. No entanto não

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pode ser considerada suficiente. De modo geral, aliás, nenhuma das técnicas do Controlo de Condição se pode considerar como suficiente. Na realidade uma determinada técnica pode cobrir uma larga gama de potenciais causas de avarias mas, em geral, não é suficiente para garantir a detecção de todas as causas de degradações possíveis; daí que haja sempre complementaridade com outras técnicas também aplicáveis. É conveniente referir que há técnicas específicas que são muito relevantes para o acompanhamento da condição dos equipamentos, e que se baseiam no acompanhamento de parâmetros do processo produtivo, como por exemplo a monitorização da pressão ou do caudal de uma bomba que, desde que acompanhada ao longo do tempo, pode dar uma informação preciosa sobre a forma como uma bomba está a funcionar. O Controlo de Condição é basicamente pluridisciplinar, embora o controlo das vibrações seja a técnica mais importante e mais difundida, e pode executar-se através de um número bastante grande de variáveis, que são função do tipo de equipamento que se pretende controlar. Pelo exposto, as técnicas do Controlo de Condição integram-se de forma harmoniosa no esquema de Manutenção planeada. No entanto, e embora possa haver a tentação para efectuar as intervenções de Manutenção apenas de acordo com informação detectada pelo Controlo de Condição, a utilização desta filosofia deve ser feita de forma compatível e coerente com a gestão planeada da Manutenção, resultante por exemplo da aplicação da filosofia de Manutenção preventiva sistemática. Assim o Controlo de Condição deverá ser considerado como um meio de optimizar a matriz das intervenções planeadas, ao vir complementar, com informação mais completa e actualizada, relacionada com o estado actual dos equipamentos, a informação de caracter estatístico em que a Manutenção planeada normalmente se baseia. Nesta óptica, o Controlo de Condição irá, na maioria das situações, sugerir o atraso ou a antecipação das intervenções de Manutenção consideradas no planeamento o que, em termos práticos, se traduz por um aumento significativo da disponibilidade e fiabilidade dos equipamentos para a Produção, mantendo um determinado nível de Qualidade. É importante realçar que a utilização da informação decorrente do Controlo do Processo industrial pode contribuir também para, juntamente com a informação obtida pela aplicação das técnicas do Controlo de Condição dos equipamentos, optimizar o calendário das intervenções de manutenção definido pela filosofia da Manutenção preventiva sistemática. Na verdade as informações sobre as condições de trabalho de um equipamento (por exemplo se ele trabalhou em esforço ou sobrecarga e durante quanto tempo, ou quais são os períodos críticos da Produção, etc.), podem ser de grande importância para ter em consideração em paralelo com as que são obtidas pelas técnicas mais difundidas de Controlo de Condição. A gestão informatizada de toda esta informação possibilita o registo e o confronto (muitas das vezes automático) de todos aqueles dados, e facilita a sua interpretação ao Gestor que planeia as intervenções da Manutenção, permitindo que estas ocorram nos períodos mais convenientes tanto para a Produção com para a Manutenção, o que conduz à máxima rendibilidade dos meios produtivos, preocupação que deve caber não só à Produção mas também à Manutenção e a toda a empresa em geral. 1.9 Optimização do Modelo de Manutenção

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O Modelo de Manutenção, tal como a Organização do próprio serviço, não deverá ser estático mas sim dinâmico. Com a implementação do Modelo vão alterar-se rotinas de procedimentos e comportamentos dos elementos intervenientes, iniciando-se um processo de mudança que comporta sempre alguma inércia. Por outro lado a aprendizagem que a aplicação prática comporta, faz alterar os desempenhos e as "performances" o que, muitas vezes, justifica a introdução de correcções ao Modelo inicialmente concebido. Também aqui importa fasear a introdução de novas técnicas e tecnologias, dando tempo à sua assimilação por parte dos intervenientes (quer da Manutenção quer da Produção) e à credibilização de todo o processo. Será pois com base no histórico das intervenções, verdadeiro repertório das experiências vividas, que os elementos intervenientes no Planeamento, nomeadamente o Gestor da Manutenção, poderão testar os parâmetros utilizados no planeamento inicial e, por confronto com os reais, decidir do interesse ou necessidade de os corrigir. Na verdade, para executar um primeiro planeamento, recorre-se aos parâmetros sugeridos pelo construtor dos equipamentos e/ou a valores que o bom-senso e a experiência ditam. Necessariamente que esses valores terão sempre uma margem de erro, que importa ir corrigindo por comparação com os valores reais que se podem determinar pelo tratamento estatístico dos dados obtidos nas intervenções da Manutenção. Um exemplo do que acabamos de dizer será a periodicidade da substituição de determinado componente de um equipamento. Numa primeira fase será, provavelmente, com base nas especificações do construtor (ou do vendedor) que esse período será determinado e fixado. No entanto a prática poderá dizer-nos que, sistematicamente, aquando da execução das substituições, determinadas pela respectiva rotina de manutenção preventiva sistemática, se verificou que o componente apresentava boas condições de trabalho, pelo que a substituição ocorreu "cedo de mais", ou, de uma forma mais correcta, que o Tempo Médio de Bom Funcionamento do componente era bem superior ao período de substituição adoptada. Nestas condições será conveniente aproximar o período de substituição previsto da situação real, para aproveitar ao máximo a vida útil do componente. No entanto, porque as condições de funcionamento dos equipamentos são determinantes para o seu desempenho e para a determinação da sua vida útil, o inverso também pode ocorrer. Sistematicamente poderão ocorrer avarias num equipamento porque o seu período de bom funcionamento é inferior ao período estipulado para o planeamento das suas rotinas de manutenção, pelo que importará aumentar a frequência das intervenções (diminuindo a periodicidade da sua ocorrência), por forma a garantir uma maior disponibilidade do equipamento. De forma idêntica, pela análise e tratamento estatístico do histórico das intervenções da manutenção, se poderão obter indicadores de extrema importância para o Gestor de Manutenção, como sejam as HH (horas homem) utilizadas em cada intervenção, e qual a sua distribuição por especialidade, qual o tipo e volume de consumíveis gastos por intervenção, qual sua a duração média, quais os custos etc., etc., enfim, poderemos validar ou corrigir todos os parâmetros necessários ao planeamento.

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Levando o estudo um pouco mais longe, poderão ser construídos modelos fiabilísticos para cada equipamento, os quais permitirão prever com muito mais rigor os limites do equipamento e, portanto, quantificar o risco da sua exploração para cada período da sua vida útil. Um outro tipo de decisão que a análise do histórico permite, nomeadamente a análise de custos, é a do tipo de Manutenção mais indicada (nem sempre a mais económica) para cada equipamento, com base nos custos da Manutenção face à disponibilidade que a mesma proporciona e tendo em conta a sua criticidade. Com este tipo de informação o Gestor de Manutenção poderá, com um risco controlado, rendibilizar ao máximo os meios que dispõe e aumentar significativamente a disponibilidade dos equipamentos que mantém, indo ao encontro dos anseios da Produção, em particular, e da empresa, em geral. Também aqui a informática poderá ser de grande ajuda por permitir automatizar grande parte das rotinas de cálculo que suportam o tratamento estatístico do histórico. Não sendo impossível o seu tratamento manual arriscamos a afirmar que, dado o volume de informação a tratar e a ocupação que um Gestor de Manutenção normalmente tem, só com recurso ao computador um histórico é bem explorado.

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A INFORMÁTICA NA MANUTENÇÃO 2.1 Introdução Hoje em dia a Informática é já considerada uma ferramenta imprescindível para a realização da maior parte das funções administrativas e de gestão de uma empresa. Na verdade, a capacidade de processar grande volume de informação, executando procedimentos repetitivos de uma forma extremamente rápida e fiável, confere à Informática potencialidades que não podem mais ser ignorados no momento em que empresas portuguesas fazem um esforço sério para aumentar a sua competividade no mercado agressivo em que se inserem. Importa, no entanto fazer uma reflexão sobre as implicações da informatização da Manutenção e, bem assim, determinar que pressupostos essa informatização implica em termos de organização, de software e de hardware, antes de se enveredar por uma das múltiplas soluções actualmente possíveis. É essa a finalidade do presente documento embora seja necessário salientar que porventura não haverá soluções perfeitas pelo que cada empresa, cada serviço (de Manutenção) deverá procurar chegar a uma solução de compromisso entre o que seria desejável e o que lhe é possível ou mais conveniente. Será certamente essa a melhor solução para a empresa. 2.2 Implicações ao Nível da Organização Conforme foi já referido a grande "virtude" dos meios informáticos reside na sua capacidade para processar grande volume de informação executando, em tempos mínimos, procedimentos repetitivos sem se enganar ou sofrer cansaço, características inerentes à condição humana. No entanto, para que tal seja possível, é necessário que o computador tenha acesso a toda a informação que necessita e, mais ainda, que essa informação lhe seja fornecida de uma forma organizada de modo que lhe seja inteligível. Esta condicionante é de extrema importância num momento em que um serviço de manutenção pensa informatizar-se pois relaciona-se, de forma muito directa, a forma de organização à solução informática a implementar. Se uma solução informática se pode comprar e instalar num período de tempo curto, já o mesmo se não pode dizer em relação à organização do serviço e/ou da sua documentação. A solução organizativa, muito mais que a solução informática, depende grandemente dos meios humanos existentes no serviço, dos seus conhecimentos e capacidade e, ainda, de "cultura existente na empresa", a qual implica hábitos, modos de pensar e agir que, estando certos ou errados, são bem mais difíceis de eliminar ou modificar. No acto da escolha de uma solução para "informatizar os serviços" é fundamental ter em consideração as pessoas, os seus conhecimentos, motivações, resistências e capacidades de adaptação a novas soluções.

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A informatização é extremamente útil e importante mas acarreta grandes mudanças ao nível organizativo, nomeadamente ao nível dos procedimentos administrativos, da recolha e da circulação da informação, das funções e das responsabilidades dos intervenientes dos serviços. Nesta perspectiva julgamos fundamental que, previamente à selecção de uma solução informática, seja caracterizada a solução organizativa mais adequada ao serviço. Por mais adequada queremos definir, não a solução mais perfeita ou teoricamente mais avançada, mas aquela que corresponde ao compromisso possível entre o desejável e o que a estrutura humana e a cultura da empresa permitem ou aceitem. É pois importante todos os intervenientes, internos e externos ao serviço da Manutenção (com sejam a Produção, os Aprovisionamentos e o Pessoal) na definição do modelo Organizativo e só após estarem bem definidos os novos circuitos de informação e as responsabilidades de novos intervenientes nesse modelo é que se deverá partir para a selecção da solução informática que melhor corresponde ao modelo que a empresa (e não somente a Manutenção, pois foram envolvidas as demais funções da empresa que com ela se relacionam) consideram o mais adequado. 2.3 Selecção do Sistema Informático 2.3.1 Ao nível do "Software" Normalmente a primeira questão que se põe, quando se encara a aquisição de uma solução informática, de um "software", corresponde à opção por uma solução "standard", já disponível no mercado, versus a aquisição de uma solução "à medida", expressamente executada para dar resposta a uma necessidade específica. Ambas as soluções têm vantagens e inconvenientes, que adiante procuraremos comparar, o que torna difícil a escolha sobretudo se o serviço, ou a empresa, não tiver previamente, ideias bem definidas sobre o que pretende que o programa faça e como. Também por esta razão consideramos fundamental que seja com base numa solução organizativa, criteriosamente escolhida, que a selecção do software se processe. A existir essa solução organizativa bastará escolher de entre as soluções informáticas possíveis, aquela que melhor corresponder ao modelo, ou que mais facilmente se lhe adapte, e que menores custos acarretem à empresa. 2.3.1.1 Características Desejáveis Se bem que deva ser um objectivo da Manutenção executar os seus trabalhos de forma planeada, não deixa de ser verdade que a Manutenção Correctiva não planeada será sempre necessária e, muitas das vezes justificável. Por outro lado as técnicas de Controlo de Condição são cada vez mais acessíveis e economicamente interessantes, razão pela qual é previsível e defensável a sua introdução gradual no modelo de Manutenção, como complemento importante para optimização da própria Manutenção. Assim sendo, julgamos que uma das características importantes do "software" a adquirir deverá ser a possibilidade de absorção de um modelo de Manutenção na qual coexistem as diferentes filosofias

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de Manutenção, nomeadamente a Preventiva Sistemática, com a Condicionada e com a Correctiva, planeada ou não. Outra característica importante é a de o software poder trabalhar com um mínimo de informação carregada, por forma a permitir a sua implementação gradual, equipamento por equipamento sector por sector, sem impor que tudo esteja codificado e correctamente carregado, para poder processar a informação e dar as indicações necessárias à gestão. Igualmente importante é que a informação seja carregada somente uma vez, evitando a duplicação da informação ou a repetição manual da introdução de informação igual ou idêntica. É pois importante a adopção de uma filosofia de bases de dados relacionadas, onde seja possível o recurso à cópia de campos ou fichas já existentes, para o preenchimento de uma nova ficha. O software deverá ter a filosofia da capitalização do trabalho por forma a aproveitar ao máximo aquilo que já existe em vez de obrigar à sua nova introdução. Esta filosofia de trabalho, não só evita a introdução de erros na imputação de dados como permite que muitos deles sejam "validados" pelo facto de irem sendo carregados em tabelas de validação de recurso obrigatório. É também importante, embora de importância variável consoante o estado de organização anterior do serviço de Manutenção e a cultura da empresa, que o software permita a utilização da filosofia das codificações já adoptada, por forma a facilitar a transação para o novo sistema. Um aspecto que consideramos fundamental é a filosofia de planeamento que a aplicação utiliza. Consideramos que o Planeamento deverá ser dinâmico, ou seja, que permita, de uma forma fácil e directa a alteração dos dados previstos para as diversas acções planeadas, com visualização das suas implicações ao nível da capacidade dos serviços em termos de mão-de-obra, de stocks, etc. Será também muito desejável a possibilidade de o software possuir rotinas de optimização que, de forma automática, tenham em consideração todas as imposições e constrangimentos para a elaboração de uma proposta de planeamento que minimize os inconvenientes e potencialize as capacidades existentes. Defendemos, também, a possibilidade de introdução, no planeamento, da informação oriunda das Técnicas de Controlo de Condição que já existam ou se venham a implementar. Esta introdução poderá implicar a produção de um software específico que faça a interligação entre o de análise do sinal recolhido pelo Controlo de Condição e o de Gestão da Manutenção. Finalmente consideramos de extrema importância a existência de rotinas de análise e tratamento da informação em histórico, que forneçam ao Gestor elementos que lhe permitam optimizar o planeamento futuro e rentabilizar a gestão do serviço, tendo por grande objectivo aumentar a disponibilidade dos equipamentos. 2.3.1.2 Solução "Standard" versus Solução "À Medida" Como vantagens normalmente apontadas a uma versão "standard" face a uma executada "à medida" salientamos o seu menor custo e a maior rapidez na sua aquisição e implementação. Adicionalmente julgamos importante salientar que a escolha de uma solução "standard" permite estudar casos reais da sua aplicação noutras empresas, o que permite avaliar da sua adequabilidade

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ao modelo que a empresa pretende implementar, bem como da capacidade de fornecedor para a adequar e assistir a empresa na sua implementação. Em oposição é normalmente salientada, como aspecto positivo da solução "à medida", a garantia da sua adequabilidade ao modelo defendido pela empresa. Julgamos, no entanto, que esta análise é demasiado superficial razão pela qual nos propomos aprofundá-la noutras vertentes. Conforme temos vindo a defender, julgamos fundamental a articulação entre a definição do novo modelo de organização e a adopção do modelo informático que o deverá suportar e gerir. Assim, não é indiferente o ponto de partida da empresa para a escolha da solução a adoptar. Queremos com isto significar que é muito mais fácil a uma empresa sem tradições de manutenção, ou na qual tudo está por fazer, adoptar uma solução standard que uma outra onde a Organização é já um facto e onde a "cultura da empresa" tem um peso considerável. Igualmente importante será o facto de a empresa, nomeadamente o Serviço de Manutenção, dispor de Know-How e de capacidade interna para a adaptação de uma solução standard às reais necessidades da empresa. Inversamente, quanto maior organização e tradição na forma de resolução dos trabalhos da manutenção houver e quanto menor for a capacidade interna da empresa para adequar um programa informático mais interessante se torna a opção da aquisição de uma solução "à medida". Outro aspecto em que importa reflectir é na incorrecção da comparação linear do custo de uma versão "standard" com o custo de uma versão "à medida". Não queremos com isto dizer que a segunda não é mais cara que a primeira, só que no custo da solução "à medida" estão incorporados outros serviços de grande valor para o Serviço de Manutenção, que a solução "standard" não envolve. Na verdade, para se executar uma solução "à medida" há necessidade de proceder à sua caracterização detalhada , o que corresponde, em grande parte, ao trabalho de organização que nós começamos por defender. Por outro lado durante o período de desenvolvimento e experimentação dos módulos constituintes do programa, há toda uma fase, e um tempo, de formação dos utilizadores, o que é outro aspecto de primordial importância num processo de mudança com é o da informatização dos serviços. Finalmente quando uma solução à medida está completa ela está simultaneamente carregada e testada e os seus utilizadores estão já formados, pela prática, na sua exploração. Tendo em consideração estes aspectos verifica-se que, embora seja verdade que, regra geral, uma solução standard é mais barata e demora menos tempo a implementar, na realidade as diferenças não são tão acentuadas como poderíamos ser levados a crer. 2.3.2 Ao nível do Hardware 2.3.2.1 Análise global

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Somos de opinião que, no estádio de desenvolvimento em que a informática se encontra, e no quadro da sua evolução previsível, já se não justifica adoptar de uma solução para correr em monoposto, por muito modesta que a Manutenção seja na empresa. Cada vez mais ganham peso as soluções em rede como forma de diminuir os impressos e demais informação em papel que mais tarde tem de ser introduzida nas bases de dados do programa, para sua alimentação. Embora não sejamos defensores da abolição pura e simples da circulação da informação baseada em papel, é importante referir que o sistema informático permite a sua gradual substituição ao longo do tempo, à medida que, para os utilizadores, vão subindo os níveis de familiaridade e de credibilidade com o sistema. Assim, mesmo que, por uma questão económica ou de estratégia de implementação, a informatização se inicie com um só computador, é fundamental que a solução esteja prevista para correr em rede. Para a decisão sobre o tipo de sistema a adoptar contribuem diversas e numerosas variáveis o que torna a escolha um trabalho de análise caso a caso, não sendo, portanto, possível apontar "regras" ou princípios orientadores de aplicação generalizada. Na tentativa de ultrapassar esta dificuldade vamos abordar a questão de uma forma sistemática, criando diversas situações de reflexão que permitam, a cada utilizador, situar a sua empresa quanto à dimensão, volume de dados a processar e "tradição" ou história já existente ao nível do sistema informático eventualmente já existente na empresa. Assim, para escolher um ambiente de trabalho deveremos conhecer as diferentes gamas oferecidas pelo mercado, que vão desde um PC a um Supercomputador.

Gama 1 2 3 4 5 Descrição de Gama

Pequeno Médio/ Pequeno Médio Médio/ Grande

Grande

Descrição genérica

Computador Pessoal

Server Computador departamental

Mainframe Supercom-putador

Dimensão empresa

PME em lançamento

PME Média empresa Banca, Seguros, C. Aéreas

C. Aéreo-espaciais

Exemplos de marcas

PC-IBM Workstation

Micro-Vax AS400 PC's em rede tipo Novell

VAX-6000 IBM 93XX

VAX-9000 IBM-3090

CRAY

TABELA I Com a Tabela I e utilizando a entrada da dimensão de empresa obtemos a gama interessada. Como características técnicas referenciamos: o número de postos de trabalho, o volume de trabalho em número de transacções por unidade de tempo e a capacidade em disco magnético.

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Os valores apresentados não são médias nem limites superiores ou inferiores, mas ordens de grandeza para cada uma das gamas.

Gama 1 2 3 4 5 Nº de postos 1-5 5-50 50-500 500-5000 nº trans/U.T. 0,1 t/seg 1 t/seg 10 t/seg 100 t/seg 1000 t/seg Capacidade dos Discos

0,1 Gb 100Mb=0,1 Gb

1 Gb 1000 Mb=1Gb

10 Gb 100 Gb 1000 Gb

TABELA II Quanto ao software de base e sistemas gestores de bases de dados, teremos:

Gama 1 2 3 4 5 Sistemas MS-DOS UNIX VAX-VMS VAX-VMS CRAY-OS Operativos OS-2 MS-DOS

(Novell) VSE-IBM

AS-400 MVS-IBM MVS-IBM Base de DBASE Dados CLIPPER CLIPPER Relacionais FOX ORACLE ORACLE ORACLE ORACLE INFORMIX INFORMIX INFORMIX INFORMIX DB2 DB2

TABELA III Quanto à ordem de grandeza de custos de cada uma das gamas dos computadores, teremos em contos:

Gama 1 2 3 4 5 Aquisição (1 K = 1000 contos) 1 K 10 K 100 K 1 M 10 M Desenvolvimento e Manutenção (1 K = 1000 contos)

1 K 10 K 100 K 1 M 10 M

TABELA IV Os custos de manutenção anual do Sistema de informação são da mesma ordem de grandeza dos custos de aquisição.2 Finalmente, tendo sido definida a gama, põe-se o problema de escolha de uma marca, na mesma gama ou na gama superior. Existem essencialmente dois factores decisivos: a história dos S.I. e as influências (interna/externa e técnica/comercial), que criam um leque de hipóteses nem sempre de fácil decisão. Apresentamos em seguida um quadro de decisões para uma PME:

2Os custos de manutenção dos sistemas de informação incluem as remunerações dos técnicos que trabalham com os equipamentos, o do apoio dos fornecedores, bem como os das novas versões de software disponíveis no mercado.

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História do S.I. nº de postos actual nº de postos futuros novo S.I. -- -- 2 PC (IBM/MAC)

PC MAC 5 20 Rede MAC PC-IBM 5 20 Rede Novell

-- -- 20 Micro-Vax IBM-36 10 20 AS-400

Micro-Vax 20 200 VAX-6000 IBM-36 20 200 IBM93XX

TABELA V

De notar que à medida que subimos de gama, a dependência para com o construtor vai sendo cada vez maior. Assim, a escolha entre as linhas IBM e as linhas VAX dependem exclusivamente do decisor nas gamas 2, 3 e 4. 2.3.2.2 Requisitos do Software de apoio da gestão da Manutenção Foi definida Gestão da Manutenção como o conjunto de acções que visam providenciar a execução, correcta e atempada, das operações necessárias de Manutenção de forma a garantir a Disponibilidade e Qualidade prescritas, e que, para além da distribuição no tempo das intervenções de Manutenção dos diversos equipamentos, deve ainda atender à necessidade de Aprovisionamento de peças de substituição e consumíveis, à disponibilidade de mão-de-obra própria, à necessidade de ferramentas e equipamentos específicos, à eventual subcontratação de tarefas, etc.. Neste contexto um Software de Apoio à Gestão da Manutenção deverá, de forma articulada e integrada, gerir informações sobre todas aquelas variáveis, necessárias e determinantes para o bom desempenho da função. Quais deverão ser, então, os requisitos de uma aplicação com esta finalidade? Vejamos: 1º Na base das necessidades estão os equipamentos que serão alvo e objecto da manutenção. Importa, então, que a aplicação disponha de uma base de dados com todos os equipamentos a

manter, devidamente organizados e codificados, algo que pode ser considerado como a versão informática do "caderno máquina" e cuja extensão é função do que se pretende que a aplicação de apoio à gestão faça.

No mínimo para cada equipamento deverão ser registados documentos de Identificação, como

sejam a Marca, Modelo, Fornecedor, Fabricante, Nº de série, código de equipamento, função e localização que constituem como que o bilhete de identidade do equipamento.

No entanto, e para além destes elementos, é conveniente que se possuam as suas

características técnicas e funcionais, sendo ainda desejável a inclusão de referência a desenhos, croquis e outros elementos sobre a sua constituição e/ou ligação ou acoplamento a outros equipamentos.

2º No entanto, em termos de gestão ou de previsão de trabalhos, importa à Manutenção definir e

organizar as intervenções de Manutenção que irão ser aplicadas a cada equipamento, segundo

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as diferentes necessidades. Determinado tipo de intervenções têm carácter periódico e rotineiro e podem ser designadas por rotinas que, em geral, serão pré-definidas e por isso permitem que sejam preparadas com antecedência pelo que se podem designar por Preparações de Trabalho.

Mas, e porque poderão existir diferentes equipamentos iguais ou idênticos, é previsível que

uma mesma intervenção ou Preparação possa servir, com ou sem ligeiras alterações, a todos eles. Assim, não existirá uma correspondência biunívoca entre os equipamentos e as Preparações pelo que não é aconselhável incluí-las nas Fichas de Equipamentos mas antes arquivá-las, de forma organizada, numa Base de Dados de Intervenções Preparadas ou Preparações, e que constituem as intervenções de Manutenção aplicáveis com carácter periódico aos diversos equipamentos.

3º Por sua vez as Preparações poderão ser constituídas pela agregação de sub-rotinas elementares

de trabalho, que designamos por fases de Trabalho, as quais deverão estar identicamente organizadas em Base de Dados.

4º Para relacionar uma dada Preparação, que podemos considerar como genérica ou pelo menos

aplicável a um conjunto de equipamentos, com um equipamento específico, que utiliza determinados sobresselentes e consumíveis e cuja intervenção exige determinado volume de mão-de-obra especializada, será necessário correr uma ficha de "linkagem" que designaremos por Afectação, a qual conterá todos aqueles elementos específicos de uma dada reparação num dado equipamento. Nesta perspectiva a mesma Preparação de Trabalho poderá ser afectada a equipamentos diferentes, cada uma delas com necessidades específicas em termos de pessoal, consumíveis ou sobresselentes.

É na Afectação que se discrimina a periodicidade das intervenções preparadas ou Preparações

e que em geral decorrem da filosofia de Manutenção Preventiva Sistemática. Neste contexto, a aplicação informática deverá também possuir e gerir uma Base de Dados de

Afectações. 5º Na sequência do já definido, será também necessário prever Bases de Dados para

Consumíveis, Ferramentas e Sobresselentes, nos quais aqueles elementos deverão estar arquivados, de forma lógica e codificada que permita a sua rápida selecção e Afectação às Preparações de Trabalho (e aos Equipamentos) a que digam respeito.

6º Necessariamente que, no caso da empresa possuir já no Sector de Aprovisionamentos ou no

das Compras bases informáticas com esta finalidade, então, e para evitar duplicação de funções, será necessário prever a sua ligação à aplicação de Gestão da manutenção com a finalidade de exportar os dados actualizados que a manutenção necessita, nomeadamente os códigos de artigo, as designações, as quantidades em existência, o preço médio, etc..

7º Identicamente será necessário que a aplicação possua ou possa recorrer (caso já exista noutra

aplicação) a Base de Dados de Pessoal, no qual os elementos internos e externos à empresa e afectos à Manutenção, deverão estar classificadas por oficinas e por especialidades, bem como identificar as empresas prestadoras de serviços, etc..

Consoante o âmbito e o rigor que se pretenda da aplicação informática, poderá ou não ser

necessário que, naquela base, por classe (horas normais, horas extraordinárias, trabalho em

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dias de folga, etc.), bem como horários normais de trabalho, período de férias, etc., que permitam definir a sua disponibilidade diária.

Em alternativa a aplicação poderá utilizar um valor de Hora-Homem-Média, sem discriminar a

especialidade, para calcular, de forma aproximada, os custos de manutenção devidos a mão-de-obra.

8º Porque a manutenção não se limita a executar rotinas de Manutenção Preventiva Sistemática,

as quais poderão ser posicionadas no topo ou planeadas por recurso às bases já descritas (nomeadamente as Afectações, Preparações, Equipamentos, Pessoal, Sobresselentes, etc.) mas, bem pelo contrário, tem normalmente uma componente pesada de intervenções não planeadas, de carácter correctivo, é também necessário que a aplicação possa originar ou incorporar e gerir Pedidos de Trabalho que darão origem aquelas intervenções correctivas.

No entanto, apesar de terem um carácter esporádico, as intervenções correctivas têm grande

importância no contexto da Manutenção, razão pela qual deverão também ser arquivadas em Base de Dados que permita não só o tratamento histórico das intervenções realizadas, mas também capitalizar Preparações de Trabalho que poderão vir de novo a ser necessárias no futuro.

9º Identicamente todas as intervenções que são executadas pela Manutenção deverão ser

arquivadas em Histórico, para futura análise e tratamento estatístico. Assim deverá haver uma base de Histórico onde poderão ainda ser registadas informações

diversas sobre os equipamentos ou sobre as intervenções que vão sendo recolhidas em rotinas de inspecção, por acompanhamento ou controlo de condição dos equipamentos, etc., ou informações relevantes associadas ao funcionamento dos equipamentos.

Todas estas informações poderão ser de grande interesse para a boa gestão da Manutenção

pelo que deverão ser tratadas e disponibilizadas ao Gestor para que este as tenha em consideração em planeamentos futuros.

10º Todas as informações tratadas e recolhidas nas bases de dados descritas têm por finalidade

criar as condições necessárias ao Planeamento atempado da actividade da função Manutenção. Assim, o módulo de Planeamento será a grande razão de ser de uma aplicação informática de

apoio à Gestão da Manutenção. Conforme fomos referindo, este módulo deverá ter a capacidade de integrar, num mesmo

planeamento, toda a informação inerente á actividade da Direcção, seja em intervenções de Manutenção Preventiva Sistemática, seja de carácter Correctivo, e incluir ainda informação oriunda de técnicas de Controlo de Condição dos Equipamentos.

Este planeamento, que deverá ser dinâmico e permitir, de forma fácil, a alteração dos dados

previstos para as intervenções, deverá fazê-lo tendo em conta as disponibilidades de mão-de-obra (interna e externa) bem como da existência dos Sobresselentes e Consumíveis necessários.

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Julgamos ainda conveniente que o Planeamento seja passível de ser gerido quer a Longo Prazo, tendo em conta a globalidade dos meios existentes, quer a Curto/Médio Prazo, ao nível de Departamento ou de Oficina.

O planeamento de Longo Prazo poderá ser feito no período de um ano, a fim de poder prever

as grandes reparações anuais e os eventuais períodos sazonais da Produção, podendo o período de curto prazo variar caso a caso, de um mês, ou uma quinzena ou outro intervalo de tempo que seja considerado mais conveniente.

11º Para além da gestão das necessidades da Manutenção, a aplicação deverá executar o controlo

das obras em curso, permitindo a rápida consulta do seu estádio de desenvolvimento até ao respectivo encerramento.

Após encerradas as obras deverão transitar para as bases de Histórico, como já referido. 12º Igualmente importante é a existência de um ou mais módulos de análise do histórico que

permitem não só efectuar apuramentos sobre as obras realizadas e respectivos custos, com soluções desenhadas caso a caso consoante a organização e as necessidades da empresa e da Direcção da Manutenção, mas ainda a análise da evolução dos dados obtidos pelas rotinas de Controlo de Condição, caso estejam a ser utilizadas na empresa.

Para além da obtenção de indicadores acerca do desempenho e respectivos custos, importa

também que a aplicação calcule os MTBF - Tempos Médios de Bom Funcionamento dos equipamentos, os MTTR-Tempos Médios de Reparação, as Disponibilidades e todo um conjunto de indicadores de gestão que permitam, ao Gestor da Aplicação, corrigir os seus dados de planeamento e optimizar a intervenção do Serviço que gere, aumentando a Disponibilidade e a Fiabilidade dos equipamentos que mantém.

13º Finalmente importa que a aplicação permita a emissão de todo um conjunto de relatórios,

listagens e apuramentos que deverão ser passíveis de definição e de adequação caso a caso, consoante as necessidades e a cultura da Direcção da Manutenção.

14º Independentemente da solução em termos de Hardware e Software que for optada em cada

caso, julgamos importante que a aplicação possa correr em rede e garanta a autonomia face às outras funções da empresa. Todavia isto não invalida que exista uma boa articulação, também a nível informático, com as outras funções da empresa que têm grande inter-acção com a Manutenção, como sejam a Produção, os Aprovisionamentos, as Compras, o Pessoal e a Qualidade. Quer a solução passe ou não pela criação de uma rede de comunicações independente, abrangendo os diversos de Manutenção, ela deverá poder ligar com as restantes aplicações existentes na empresa por forma a poder beneficiar de informações nelas existentes, e a exportar informações que lhes sejam úteis.

2.3.2.3 Critérios a utilizar numa primeira escolha A definição dos critérios a ter em consideração para fazer uma escolha adequada de um software é um problema específico de cada empresa, sendo no entanto possível utilizar um certo número de critérios "standard" quando se pretende analisar uma determinada solução ou tentar a última versão de um software. Esses critérios, sejam standard ou específicos da empresa, podem variar de importância consoante as necessidades particulares.

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De forma a ilustrar esta análise, iremos descrever uma metodologia que consideramos eficaz e de fácil aplicação3. Essa metodologia é suportada por duas tabelas de classificação, que adiante se incluem, as quais utilizam diversos critérios de valor ponderado que permite avaliar, com rapidez e simplicidade, um dado software face a outros idênticos. A prescrição da importância de cada critério (a definição do seu peso) é específica para cada uma das aplicações e para cada empresa. Nesse contexto, o caso adiante apresentado serve somente como exemplo da aplicação não tendo qualquer outro significado. O processo de avaliação compreende duas fases: 1. Análise e avaliação detalhadas de um certo número de critérios. Na tabela estes critérios apresentam-se organizados em quatro grandes temas:

a) operação e aplicação da aplicação b) configuração e "interface" c) facilidade de utilização d) fornecedor do software

Na primeira coluna da primeira tabela são apresentados alguns critérios que podem ser usados para analisar o software. Poderão, no entanto, ser acrescentados de acordo com as necessidades específicas mas recomenda-se que seja restringido o número de critérios áqueles que melhor caracterizem as necessidades da função, pois tornarão a análise mais fácil e objectiva. Na segunda coluna é dado um peso de 0 a 1 a cada critério, com excepção dos critérios de exclusividade, os quais têm um peso 10. Nas colunas A, B e C são apresentados os valores de avaliação das aplicações. Cada uma destas está subdividida nas colunas Factor e Valor. A coluna Factor pode tomar valores de 0 a 1 e pretende quantificar o desempenho da aplicação, para o critério em causa, após análise e teste do software. A coluna Valor destina-se a conter o resultado do produto do peso do tema em análise pelo Factor atribuído ao critério. O valor ponderado assim obtido irá dar o seu contributo para a avaliação global da aplicação. 2. Avaliação Final Os totais apurados em cada tema são copiados para uma segunda tabela destinada à Avaliação Final. Nesta tabela os resultados parciais são distinguidos de acordo com a importância (que se traduz no peso respectivo) atribuída a cada um dos quatro temas. Nela foi acrescentado um quinto tema designado "Gama de Preços", ao qual não foi dado qualquer peso a fim de evitar realçar as aplicações de preço mais baixo pois, frequentemente, estas são de qualidade inferior. 3Adaptação do documento "How to choose between the wide range of computer packages for Maintenance Management", da autoria de Patrick de Groote e publicado na revista "Maintenance"

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Gestão Informatizada da Manutenção - 07-03-2005 - 26 -

Com a finalidade de atribuir a contribuição correcta de cada um dos quatro temas em que se baseiam as tabelas apresentadas, bem como a importância dos pesos atribuídos a um número restrito de critérios de exclusividade, deverá verificar-se que uns não se devem sobrepor a outros na tabela final. Conforme referido os valores apresentados nestas tabelas constituem somente um exemplo de aplicação, pelo que se torna indispensável efectuar, para cada caso concreto, um estudo detalhado e ponderado sobre quais os critérios a incluir, e seus respectivos pesos, por forma a considerar a influência relativa de todos os critérios considerados significativos. As tabelas de avaliação que adiante se incluem mostram também como a leitura exclusiva da tabela de Avaliação Final pode conduzir a um resultado erróneo. Vejam-se os resultados da aplicação "A". A sua pontuação final (83.08%) é a mais elevada mas não corresponde à mais alta em cada um dos temas separadamente. O que influenciou significativamente o resultado final foi o preço da aplicação que era muito atractivo. No entanto uma análise mais detalhada dos diferentes critérios considerados naquelas tabelas fará emergir, de forma surpreendente, os seguintes aspectos: 1- Trabalho / Adequação

− a aplicação não contempla os módulos que o utilizador considera necessários (0.8); − a proporção de módulos standard face aos módulos configuráveis é muito baixa (0,2). Este

facto significa que um elevado número de módulos terá de ser adequado ao utilizador, o que é indicador de um agravamento dos custos da aplicação;

− a fiabilidade é relativamente baixa (0.6) pelo que o programa não deve ser muito seguro; − a ponderação em termos de linguagem "Query" é de 0.6, o que pode significar uma baixa

facilidade de utilização; − a aplicação não é compatível com muitos outros sistemas; − a protecção dos dados tem também uma cotação baixa (0.6).

2- "Interfaces" e Configuração Adequação para interligações é baixa (0.5). 3- Facilidade de Utilização

− baixa capacidade de adequação ao utilizador (0.6); − existem problemas quanto ao rápido acesso às funções pretendidas (0.6) e às teclas de

função (0.7); − existem reservas quanto ao aspecto no écran.

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Gestão Informatizada da Manutenção - 07-03-2005 - 27 -

4- Distribuidor Existem reservas quanto à reputação do distribuidor (0.6). Estes pontos não significam necessariamente que a aplicação é má. No entanto impõem que se proceda a uma análise mais profunda e, se necessário, a uma redefinição dos pesos relativos de cada critério, de uma forma que melhor se ajustem às reais necessidades do utilizador. 2.3.2.4 A implementação da informatização da manutenção Para se poderem estudar criteriosamente as opções que se nos põem aquando da escolha de uma solução informática para a Gestão da Manutenção, é necessário ter caracterizado correctamente as necessidades da função na empresa. Só após será possível decidir correctamente e implementar uma solução eficaz. Vamos, de seguida, apresentar os passos necessários à implementação da informatização da Manutenção: 1. Preparação (Manual)

− Organização da função Manutenção; − definição dos objectivos da função Manutenção; − adopção do modelo de Manutenção mais adequado à empresa; − actualização e organização da documentação técnica; − organização e codificação dos sobresselentes (designação, código, características,

indicadores de gestão, etc); − definição clara dos circuitos internos de decisão, execução e controlo e respectivos meios de

suporte da informação; − informação e motivação dos elementos que vão ter intervenção no processo de

informatização.

2. Escolha do "Software"

− Definição de uma estratégia informática para o conjunto das funções da empresa; − definição dos sectores a ser informatizados; − execução de estudos de mercado e visitas a outras empresas que tenham implementado

soluções informáticas idênticas;

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− decisão sobre o tipo de software necessário, designadamente aplicações integradas, execução de soluções à medida com aquisição de soluções standard, com criação interna e / ou com recurso a consultores, de estrutura modular ou não, etc.;

− estudo comparativo das vantagens e desvantagens das soluções levantadas e escolha final do

software (adiante apresentamos duas tabelas que permitirão pontuar e classificar as diferentes soluções).

3. Escolha do "Hardware"

− Definição da capacidade necessária, face às tarefas a executar e seus volumes; − definição das características técnicas, de acordo com o equipamento existente ou com o

projecto de informatização global já aprovado, bem como as características já decididas para o software escolhido;

− estudo de mercado; − definição das referências e qualificações técnicas a integrar o caderno de encargos.

4. Implementação do Sistema

− Desenho faseado do plano de acção; − previsão do tempo necessário à assimilação, por parte do pessoal envolvido, de cada um dos

módulos ou programas da aplicação; − transição gradual do processo manual (em curso), para o sistema informático, prevendo que

corram em paralelo por um período de pelo menos seis meses; − acompanhamento dos indicadores pré-definidos (custos de mão-de-obra, valores médios dos

stocks, tempos de paragem, etc.) com a finalidade de medir os efeitos da implementação do sistema.

5. Avaliação do sistema actual

− Manter o sistema em funcionamento por um ou dois anos; − fazer uma avaliação crítica da sua utilização real e dos seus resultados em matéria de

trabalho mensurável, com intervalos regulares; − adoptar e implementar medidas correctivas que melhorem o desempenho, sempre que

necessário.

Para o estudo que se segue, vamos partir do pressuposto que foi já decidida a compra de um conjunto de programas, ou de uma aplicação de software, após a análise cuidada das necessidades, da empresa em geral e da Manutenção em particular.

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As fases que vão ser apresentadas são aconselháveis quando se pretende efectuar um estudo comparativo tendente à selecção de uma aplicação informática pressupondo, naturalmente, que já foi efectuada uma discussão preparatória sobre o assunto. − Definição dos critérios a aplicar na escolha da aplicação e ponderação dos respectivos pesos. − Visita a feiras ou exposições onde as aplicações sejam demonstradas ou contacto com os seus

fornecedores. − Estudo de revistas e outras publicações periódicas que referem e analisam as aplicações

informáticas existentes no mercado. − Pesquisa de cerca de 20 aplicações baseada em, digamos, três dos critérios próprios:

− sector de aplicação; − funções que executa; − hardware e sistema operativo necessário.

− Pesquisa de informação sobre as aplicações seleccionadas, incluindo uma indicação das gamas de preços.

− Selecção de, por exemplo, oito aplicações baseada em quatro importantes critérios,

designadamente:

− conteúdo de adequação da aplicação; − representação no país; − linguagem na qual a aplicação pode ser usada; − gama de preços.

− Estudo aprofundado das aplicações seleccionadas, baseado:

− no método ilustrado no mapa que se segue; − na demonstração da aplicação e nas discussões entre o distribuidor e o Gestor da

Manutenção; − em debates com especialistas na Gestão da Manutenção.

− Definição das especificações a incluir no caderno de encargos necessário à aquisição das aplicações. De referir que estas especificações não deverão ser demasiado detalhadas, a fim de evitar grandes modificações nas aplicações, facto que iria encarecer grandemente a aquisição.

− Obtenção de propostas acompanhadas de folhetos ou brochuras explicativas das aplicações

seleccionadas pelo processo descrito, de três fornecedores distintos.

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− Comparação das brochuras e propostas recebidas. − Para cada uma das três propostas visitar pelo menos duas empresas, de idênticas dimensões e

capacidades de processamento às da empresa interessada no processo, nas quais as aplicações pretendidas estejam já a ser utilizadas.

− Debates comparativos com diferentes especialistas. − Discussão sobre pormenores de contrato e decisão final.

Tabela de Especificações de Análise/Avaliação

Análise das Aplicações CRITÉRIO Peso A B C Factor Valor Factor Valor Factor Valor 1- Operação/Aplicação − faz referência a um sector específico (processo

industrial, gestão de stocks, edifícios, hardware, equipamento laboratorial, sector da saúde, etc)

0.6 0.4 0.24 0.6 0.36 0.8 0.48

− modularidade (construído por módulos independentes)

0.8 0.6 0.48 1 0.8 0.6 0.48

− acabamento dos módulos autónomos 1 0.8 0.8 1 1 0.5 0.5 − % de módulos "standard" face a módulos que

necessitam adequação individual 0.7 0.2 0.14 0.8 0.56 0.2 0.14

− manutibilidade (actualização) 0.8 0.8 0.64 0.8 0.64 0.3 0.24 − segurança (fiabilidade) 1 0.6 0.6 0.5 0.5 0.8 0.8 − linguagem de programação (linguagem de 4ª

geração) 1 1 1 0.5 0.5 0.8 0.8

− utilização de bases relacionais 1 1 1 1 1 0.2 0.2 − operação por menus em linguagem "query"

(SQL/QUERY) 0.8 0.6 0.48 1 0.8 0.6 0.48

− possibilidade de programação pelo utilizador (sem afectar os dados já existentes)

0.7 1 0.7 1 0.7 0 0

− utilização em tempo real ("on-line") 10 1 10 0 0 1 10 − protecção por restrições de acesso aos utilizadores,

por nível hierárquico 1 0.8 0.8 1 1 0.8 0.8

− protecção da informação 1 0.6 0.6 1 1 0.8 0.8 − capacidade de adaptação às especificações da

empresa 0.8 1 0.8 1 0.8 1 0.8

− compatibilidade com outros sistemas (de forma geral / por módulos)

0.7 0 0 1 0.7 0 0

21.9 18.28 10.36 16.52 Peso do tema x0.5 x0.5 x0.5 x0.5

Base de referência 10.95 9.14 5.18 8.26

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Análise das Aplicações CRITÉRIO Peso A B C Factor Valor Factor Valor Factor Valor 2- "Interfaces" e configuração − nível de dependência do hardware − micro computador 10 1 10 1 10 0.8 8 − minicomputador 0 1 0 0 0 1 0 − mainframe 0 1 0 0 0 0 0 − portátil 0 1 0 0 0 0 0

− rede de computadores / nº de postos de trabalho (multi-user)

1 1 1 1 1 1 1

− pode ser operado à distância (permite a tele-manutenção / pode ser ligado à rede telefónica via "modem")

0.3 0 0 0 0 1 0.3

− capacidade de interligação: contabilidade, compras, pessoal, gestão de stocks, CAD CAM, código de barras, processador de texto, folha de cálculo, "scanning", ...)

0.7 0.5 0.35 1 0.7 1 0.7

− integração de informação oriunda do controlo do processo e controlo de condição (sinal captado em máquinas ou instalações) = grau de integração

0.6 0 0 1 0.6 0 0

12.6 11.35 12.3 10 Peso do tema x0.3 x 0.3 x0.3 x0.3

Base de referência 3.78 3.405 3.69 3 3- Facilidade de utilização − escrito em Português (na língua do utilizador) 10 0.8 8 1 10 0.6 6 − tem possibilidade de ser traduzido para outras

línguas 0.3 0 0 0.8 0.24 0.5 0.15

− capacidade de adaptação (às necessidades do utilizador)

0.8 0.6 0.48 1 0.8 0 0

− nível de utilização de ficheiros standard para certas funções (especificações de trabalho standard)

0.6 0 0 0 0 1 0.6

− rápido acesso às funções pretendidas 0.8 0.6 0.48 1 0.8 0.6 0.48 − simplicidades dos comandos 0.8 0.7 0.56 1 0.8 1 0.8 − utilização do Windows (multi-windows) 0.8 1 0.8 1 0.8 1 0.8 − auto-instrutivo (com acesso directo à função Help) 0.6 1 0.6 1 0.6 1 0.6 − nível de interactividade 0.4 0 0 1 0.4 0 0 − apresentação (cor, grafismo, parametrização) 0.4 0 0 1 0.4 0 0 15.5 10.92 14.84 9.43

Peso do tema x0.15 x0.15 x0.15 x0.15 Base de referência 2.325 1.638 2.226 1.414

5 4- Distribuidor − local 0.8 1 0.8 0.5 0.4 1 0.8 − reputação 1 0.6 0.6 1 1 0.2 0.2 − assistência 10 0.8 8 1 10 0.2 2 − assistência telefónica directa 0.8 1 0.8 1 0.8 0 0 − formação dos utilizadores 0.8 1 0.8 1 0.8 0 0 − número de aplicações já instaladas (referências) 0.6 0.8 0.48 0.6 0.36 0.6 0.36 14 11.48 13.36 3.36

Peso do tema x0.05 x0.05 x0.05 x0.05 Base de referência 0.7 0.574 0.668 0.168

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Tabela de Avaliação Final Critério Peso Base de Avaliação Final

referência A B C IR % IR % IR % 1. Operação / Aplicação 0.5 10.95 9.14 83.47 5.18 47.31 8.26 75.43 2. "Interface" e Configuração 0.3 3.78 3.4 89.94 3.69 97.62 3 79.37 3. Facilidade de utilização 0.15 2.325 1.638 70.45 2.226 95.74 1.4145 60.84 4. Distribuidor 0.05 0.7 0.574 82 0.668 95.43 0.168 24.00

Valor Final 1 17.755 14.752 83.08 11.76 66.26 12.843 72.33 5. Gama de preços (indicação) 30 a

33.000 US$

35 a 40.000 US$

35 a 40.000 US$

CONCLUSÃO Pelo exposto pode-se concluir que a escolha e a implementação de um sistema de gestão informatizada da Manutenção é um problema complexo que demora alguns anos a ser resolvido. Convirá também realçar que o problema se decompõe, na verdade, em dois problemas distintos: a implementação de um sistema organizado da Manutenção e a informatização desse mesmo sistema. Cada um destes temas exige uma abordagem específica e, acima de tudo, uma larga experiência. O grande perigo reside no facto de, por uma opção menos correcta numa das áreas, se pôr em risco toda a solução. Esta situação dá origem a muitas interpretações erradas sobre a origem dos problemas, por ser difícil distinguir onde acaba a insuficiência do sistema de gestão e começam as deficiências da solução informática. O que muitas vezes acontece é que os especialistas na gestão da Manutenção pretendem envolver-se nos problemas da programação, no sentido estrito da palavra (pode-se pensar que uma aplicação informática pode ser facilmente compilada fora de um sistema de bases relacionais), ou que os especialistas no desenvolvimento do software queiram intervir na definição do sistema de manutenção (intervenções do tipo "comprem uma aplicação e automaticamente organizarão a vossa Manutenção..."). Finalmente convirá salientar que, devido ao largo número de aplicações de gestão da manutenção existentes no mercado, é de toda a conveniência proceder a um estudo aturado e exaustivo antes de decidir pela compra de uma delas.

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1. IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE MANUTENÇÃO.....................2

1.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................2 1.2 A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO.............................................................................................3 1.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MANUTENÇÃO ..................................................................................3 1.4 O MODELO DA MANUTENÇÃO ....................................................................................................5 1.5 A IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE MANUTENÇÃO PLANEADA.................................................7 1.6 SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO ..................................................................8 1.7 A GESTÃO INFORMATIZADA DA MANUTENÇÃO ..........................................................................9 1.8 CONTROLO DE CONDIÇÃO .........................................................................................................11 1.9 OPTIMIZAÇÃO DO MODELO DE MANUTENÇÃO..........................................................................13

2. A INFORMÁTICA NA MANUTENÇÃO.................................................................................15

2.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................15 2.2 IMPLICAÇÕES AO NÍVEL DA ORGANIZAÇÃO ..............................................................................15 2.3 SELECÇÃO DO SISTEMA INFORMÁTICO......................................................................................16

2.3.1 Ao nível do "Software"......................................................................................................16 2.3.2 Ao nível do Hardware .......................................................................................................19

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SERVIÇOS DE ENGENHARIA

• Auditoria, Projectos e Consultoria • Organização de Funções Empresariais • Implementação de Sistemas Informáticos • Inspecção, Controlo e Supervisão Técnica • Contratos de Manutenção • Formação

• Investigação e Desenvolvimento

AV. JOÃO CRISÓSTOMO, 25 2º 1050-125 LISBOA TEL.: 21 3138490 FAX: 21 3138491 Email: [email protected] RUA REI RAMIRO 870 6º A 4400 V. N. GAIA TEL.: 22 3709084 FAX: 22 3724951