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MESTRADO EM ENSINO DE GEOGRAFIA NO 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO E ENSINO SECUNDÁRIO A interação professor e aluno e a aprendizagem Marla Andreia Meireles Campos Nunes M 2016

A interação professor e aluno e a aprendizagem Marla ... · 3.3-Questionário de interação do ... para que seja posso usufruir de tempo para dedicar ... Evolução da reação

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MESTRADO EM ENSINO DE GEOGRAFIA

NO 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO E

ENSINO SECUNDÁRIO

A interação professor e aluno e a aprendizagem Marla Andreia Meireles Campos Nunes

M 2016

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Marla Andreia Meireles Campos Nunes

A interação professor e aluno e a aprendizagem

Relatório realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Geografia no 3º ciclo do Ensino

Básico e Ensino Secundário, orientada pela Professora Doutora Elsa Maria Teixeira Pacheco

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

setembro de 2016

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A interação professor e aluno e a aprendizagem

Marla Andreia Meireles Campos Nunes

Relatório realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Geografia no 3º ciclo do Ensino

Básico e Ensino Secundário, orientada pela Professora Doutora Elsa Maria Teixeira Pacheco

Membros do Júri

Professora Doutora Laura Maria Pinheiro Machado Soares

Faculdade de Letras - Universidade do Porto

Professora Doutora Cristiana Martinha Maia Oliveira da Fonseca Costa Abay

Investigadora do CEGOT

Professora Doutora Elsa Maria Teixeira Pacheco

Faculdade de Letras - Universidade do Porto

Classificação obtida: 17 valores

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Aos meus pais e (ex) alunos

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Sumário

Agradecimentos ............................................................................................................................ 7

Resumo ......................................................................................................................................... 8

Abstract ........................................................................................................................................ 9

Índice de figuras ......................................................................................................................... 10

Índice de quadros (ou tabelas) ................................................................................................... 10

Índice de gráficos ....................................................................................................................... 10

Lista de abreviaturas e siglas ..................................................................................................... 11

1-Introdução ................................................................................................................................ 13

2 – Quinze anos ao serviço do ensino ......................................................................................... 18

2.1. Percurso Académico ........................................................................................................ 18

2.2.-Atividade Profissional ..................................................................................................... 21

2.2.1- Enquadramento geográfico das escolas ................................................................ 22

2.2.2- Docência .............................................................................................................. 24

2.2.2.1- Distribuição de serviço docente .............................................................. 24

2.2.2.2- Da planificação à avaliação: o sucesso escolar dos alunos ..................... 32

2.2.3- Transferência de conhecimentos .......................................................................... 40

2.2.4- Participação no Plano Anual de Atividades ......................................................... 42

2.2.5- Desenvolvimento e participação em projetos ....................................................... 44

2.2.6- Atividades de gestão ............................................................................................. 46

2.2.7- Distinções recebidas ............................................................................................. 48

2.3- Formação contínua e desenvolvimento profissional ....................................................... 49

2.4- Considerações finais à atividade profissional ................................................................. 54

3- A interação professor e aluno ................................................................................................. 55

3.1-A comunicação e a interação professor e aluno .............................................................. 55

3.2- Breves apontamentos cinematográficos......................................................................... 62

3.2.1- Filmes analisados: paralelismos profissionais ..................................................... 64

3.3-Questionário de interação do professor .......................................................................... 70

3.3.1-Caraterização da amostra ....................................................................................... 74

3.3.2- Respostas ao questionário de opinião ................................................................... 75

3.3.3-Interpretações do questionário ............................................................................... 80

4- Considerações finais ......................................................................................................... 82

Referências bibliográficas ....................................................................................................... 85

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Anexos ..................................................................................................................................... 91

Anexo 1- Questionário de interação do professor ............................................................ 92

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Agradecimentos

A realização do presente relatório de atividades não seria possível sem as partes,

às quais manifesto o meu profundo agradecimento.

Aos meus eternos discípulos, os meus (ex) alunos e formandos, razão de ser do

presente relatório, através dos quais me revejo profissionalmente e supero os desafios a

cada ano letivo, com um agradecimento especial aos que participaram nas respostas ao

questionário de interação do professor – sem eles não conseguiria concluir este relatório.

À Professora Doutora Elsa Pacheco, coordenadora do presente relatório, pelo

compromisso assumido, pela orientação crítica, exigência, rigor científico e

disponibilidade.

À minha mãe pela determinação que transmite, pela ajuda preciosa, em vários

setores, para que seja posso usufruir de tempo para dedicar-me à vida profissional. Ao

meu pai pelo sentido de humor e leveza tornando o difícil fácil. Aos dois pelo apoio

incondicional nas minhas opções profissionais e por me formarem como ser humano, aos

quais não tenho palavras suficientes para expressar o tamanho da minha gratidão.

Às instituições de ensino onde lecionei que me deram a possibilidade de (re)

aprender e transformar a cada nova experiência.

A todos os professores que me inspiraram científica e pedagogicamente.

Aos colegas de trabalho das diversas instituições de ensino que me permitiram

aprofundar as noções de trabalho em equipa em prol de objetivos comuns.

A familiares e amigos que acreditam em mim e me apoiam.

A todos um bem-haja e MUITO OBRIGADO!

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Resumo

O Relatório da Atividade Profissional (RAProf) é um relatório essencialmente

reflexivo da prática profissional com vista à obtenção do grau de Mestre em Ensino da

Geografia. Encontra-se dividido em quatro capítulos, sendo que o primeiro é a introdução.

O segundo aborda a atividade profissional desenvolvida nas suas diversas dimensões. O

terceiro apresenta o tema que foi objeto de reflexão. Por último, a necessidade de

reconstituir o percurso profissional com os olhos de hoje, conduziu ao natural balanço,

isto é, fez com que a reflexão crítica constituísse a âncora da produção deste relatório, no

sentido de compreender quais as implicações das atividades desenvolvidas ao longo da

carreira, no sentido de desenvolver competências e melhorar a intervenção como docente.

O presente relatório evidencia, portanto, não só o percurso académico, mas também

a atividade profissional desenvolvida ao longo dos anos de docência, conforme previsto

na recomendação do CRUP de 8 de janeiro de 2011.

Concomitantemente, e de acordo com o documento orientador para a elaboração do

Relatório de Atividade Profissional (RAProf) aprovado pela direção do Mestrado em

Ensino de Geografia (MEG) a 18 de novembro de 2015, um dos objetivos passa pela

apresentação de um tema que verse a prática profissional, seja através da avaliação de

situações ocorridas e/ou mais centrado em reflexões em torno de problemáticas

profissionais.

É com um percurso de 15 anos de serviço docente em 20 escolas distintas que se

justifica o foco da abordagem deste relatório que incidirá na influência da interação

professor/aluno no sucesso escolar, análise que terá por base a experiência profissional e

os resultados de um inquérito de opinião a (ex) alunos suportada por uma breve análise

cinematográfica/documental de filmes que abordam situações idênticas.

Palavras-chave: Geografia, sucesso escolar, interação professor-aluno.

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Abstrat

The Professional Activity Report (RAProf) is essentially a reflective report of the

professional practice aiming the degree of Master in Geography Teaching. This report is

divided into four sections, of which the first is the introduction. The second addresses the

professional activity developed in its various dimensions. The third presents the theme

that has been the object of reflection. Finally, the need of reconstituting the career through

the eyes of today, led to the natural balance, that is, made critical reflection the anchor of

this writing, in order to understand the implications of the activities developed over the

career, with the goal to develop skills and improve the intervention as a teacher.

This Report has therefore not only the academic path, but also the professional activity

developed over the years of teaching, as provided for in CRUP's recommendation of 8

January 2011.

Concomitantly, and in accordance with the guiding document for the development

of the Professional Activity Report (RAProf) approved by the direction of the Master in

Geography Teaching (MEG) of November 18, 2015, one of the objectives involves the

presentation of a topic that focuses on professional practice, either through the evaluation

of occurred events and/or more focused on reflections surrounding professional

problematic situations.

It is the experience of teaching for 15 years in 20 different schools that justified

the focus of the approach of this report on the influence of the teacher / student interaction

in school success, an analysis that will be based on the professional experience and the

results of a survey view of (former) students supported by a brief analysis film /

documentary films that deal with similar situations.

Keywords: Geography, school success, teacher-student interaction.

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Índice de figuras

Figura 1 – Quinze anos de prática profissional. .............................................................. 14

Figura 2 - Atividade exercida como formadora .............................................................. 15

Figura 3 - Formação académica ...................................................................................... 19

Figura 4 -Localização (concelhos de Portugal) das escolas onde a autora foi colocada

entre 2001 e 2016. .......................................................................................................... 22

Figura 5 – . Sistema bidimensional do modelo de coordenadas para o comportamento

interpessoal professor ...................................................................................................... 56

Figura 6 – Modelo Interpessoal do Comportamento do Professor e níveis para a

observação da perceção dos alunos. ................................................................................ 58

Índice de quadros (ou tabelas)

Quadro 1 – Agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas por concelho e distrito onde

a autora lecionou. ............................................................................................................. 23

Quadro 2 –. Participação em atividades do Plano Anual de Atividades ......................... 43

Quadro 3 –. Coletânea de filmes com temas escolares que versam a interação professor-

aluno. ............................................................................................................................... 64

Quadro 4 –. .Interação professor aluno no filme Entre les Murs .................................... 65

Quadro 5 –. Análise das alterações comportamentais dos alunos resultantes da interação

professora aluno no filme Freedom Writers .................................................................... 67

Quadro 6 –. Evolução da reação dos alunos indisciplinados em territórios onde a autora

lecionou ........................................................................................................................... 69

Tabela 1 – Descrição e exemplos de itens para cada escala no QIP. .............................. 72

Quadro 7 – Distribuição dos alunos em função do género e do ano de escolaridade ..... 74

Quadro 8 – Distribuição dos alunos em função idade e do ano de escolaridade. ............ 75

Índice de gráficos

Gráfico 1 – Caraterização da amostra em função do género e sexo ................................ 74

Gráfico 2 – Respostas dos alunos à afirmação Quando o professor explica a matéria de

forma clara sentes-te mais motivado ............................................................................... 76

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Gráfico 3 – Respostas dos alunos à afirmação Quando o professor explica a matéria de

forma clara sentes-te aprendes melhor ........................................................................... 76

Gráfico 4 – Respostas dos alunos à afirmação Quando o professor explica a matéria de

forma clara tens melhores resultados escolares ............................................................. 76

Gráfico 5 – Respostas dos alunos à afirmação Sentes-te mais motivado nas disciplinas em

que o professor demonstra preocupação/compreensão pelos alunos. .......................... 77

Gráfico 6 – Respostas dos alunos à afirmação Sentes-te mais motivado nas disciplinas em

que o professor é mais “amigável”. ................................................................................ 77

Gráfico 7 –. Respostas dos alunos à afirmação Consideras importante o professor

encaminhar-te para assumires as responsabilidade pelas tuas aprendizagens. ............. 78

Gráfico 8 –. Respostas dos alunos à afirmação Consideras importante o professor

demonstrar segurança/certeza a transmitir os conteúdos. ............................................. 78

Gráfico 9 –. Respostas dos alunos à afirmação Nas disciplinas em que os professores

estão mais disponíveis para explicar a matéria sempre que tens dúvidas tens mais sucesso

escolar.. .......................................................................................................................... 79

Gráfico 10 –. Respostas dos alunos à afirmação Nas disciplinas em que o professor fica

zangado inesperadamente consegues resultados satisfatórios.. .................................... 79

Gráfico 11 –. Respostas dos alunos à afirmação Tens melhores resultados nas disciplinas

em que o professor é exigente ......................................................................................... 80

Gráfico 12 –. Respostas dos alunos à afirmação Tens melhores resultados nas disciplinas

em que o professor é severo ............................................................................................ 80

Lista de abreviaturas e siglas

ABAE -Associação Bandeira Azul da Europa

AD - Avaliação Diagnóstica

APSA - Associação Portuguesa da Síndrome de Asperger

AEC- Área de Estudo da Comunidade

AI-Área de Integração

BCE - Bolsa de Contratação de Escola.

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CPCJ- Comissão de Proteção de Crianças e Jovens

DA – Dificuldades de Aprendizagem

DGESTE -Direção geral dos estabelecimentos escolares

DT - Diretora de Turma

EFA - Ensino e Educação de Adultos

IPSS - Instituição Particular de Solidariedade Social

MEG – Mestrado em Ensino da Geografia

NEE - Necessidades Educativas Especiais

OSCSC - Obra Social e Cultural de Sílvia Cardoso

PAA - Plano Anual de Atividades

PEI – Projeto Educativo Individual

PRA - Portefólio Reflexivo das Aprendizagens

PRESSE -Programa Regional de Educação Sexual em Saúde Escolar

RAProf - Relatório da Atividade Profissional

RVSS - Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

SPN - Sindicato dos Professores do Norte

SPO- Serviço de Psicologia e Orientação

TEIP - Territórios de Intervenção Prioritária

TIC-Tecnologias da Informação e Comunicação

UFCD - Unidade de Formação de Curta Duração

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1. Introdução

Ser professor representa um complexo de funções, aprendizagens contantes, e valores

que exigem formação científica, profissional e formação ao longo da vida. Assim, o

professor deve possuir um conhecimento científico e pedagógico profundo e ter uma

capacidade reflexiva da sua atividade, de modo a desenvolver e melhorar a eficácia do

seu trabalho, proporcionando aos discentes aprendizagens significativas.

Assim se justifica a inscrição no ciclo de estudos que enquadra este relatório, pela

oportunidade de obter o grau de mestre em ensino de Geografia mediante a apresentação

e defesa do RAProf que, necessariamente, será de balanço reflexivo e projetivo,

reportando-se à atividade desenvolvida nos últimos 15 anos como docente de Geografia.

Enquadra-se pela recomendação do CRUP (de 8 de janeiro de 2011) e está de acordo com

as orientações expressas pela direção do MEG de 18 de novembro de 2015. É um relatório

que versa as atividades profissionais, a fim de continuar a desenvolver competências e,

essencialmente, melhorar a intervenção como docente.

Este relatório incide em década e meia de experiências profissionais

enriquecedoras e geograficamente díspares, que contribuíram decididamente para a

valorização pessoal. O histórico profissional, realizado em contratos a termo resolutivo,

em horários completos/incompletos e titular/substituição temporárias, distribuiu-se pela

docência, função de secretariado de exames, professora de apoio e de áreas curriculares

não disciplinares, diretora de turma e membro de alguns projetos. As atividades

desenvolvidas diferenciam-se consoante o público-alvo e o nível ministrado: do ensino

básico e secundário, aos percursos alternativos dos cursos vocacionais e profissionais ou

os cursos de aprendizagem para jovens com idade inferior a 25 anos, e os de Educação e

Formação de Adultos (EFA). Destaca-se ainda a docência a alunos com Necessidade

Educativas Especiais (NEE) no primeiro ciclo do ensino básico, a formação modular

certificada (adultos) e a formação para a deficiência e/ou incapacidade para jovens e

adultos.

Nas páginas seguintes é visível de forma esquemática e sintética as atividades

desenvolvidas como docente do Ministério da Educação e Ciência ao longo de década e

meia (figura 1) e como formadora (figura 2).

13

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Figura 1-Quinze anos de prática docente

2001/02

2002/03

2003/04

2004/05

2005/06

2006/07

2007/08

2008/09

2009/10

2010/11

2011/12

2012/13

2013/14

2014/15

2015/16

2016/17

Agrupamento de

Escola de Lagares-

professora estagiária

Escola Básica de Santo António –

professora de Geografia 7º e 8ºanos, Área de Projeto e Estudo

Acompanhado

Agrupamento de Escolas de

Miguel Torga-professora de

turmas de 7º e 8ºanos, membro do

Projeto Eco Escolas

Agrupamento de Escolas das Taipas

e Esc. Sec. de Fernão de Magalhães –docência a 9ºanos, cursos Educação e

Formação de Adultos e mediadora

Agrupamento de Escolas de Paços de

Ferreira e de Lordelo-Professora 7º e 8ºanos,

área de projeto, formação cívica, diretora de

turma, cursos Educação Formação de Adultos

Agrupamento de Escolas de Rocha

Peixoto e de Valadares-professora

de 7ª, 8º, 10º e 11ºanos, cursos

profissionais, diretora de turma.

Agrupamento de Escolas de

Fernão Magalhães –formadora curso profissional

de Turismo

Agrupamento de Escolas do

Cerco e Escolas de Vila d `Este, professora Geografia de 3ºciclo do

ensino básico e curso vocacional

Não foi

colocada

Agrupamento de Escolas de Alfredo da

Silva- Docente de geografia 7º e 9ºanos,

área de projeto, estudo acompanhado,

formação cívica e diretora de turma

Escola Secundária de D.

Dinis-professora de turma

de 8ºano, Área de Projeto e

Estudo Acompanhado

Agrupamento de Escolas de

Lordelo e de Alpendorada-

docência 9ºano e cursos de

Educação e Formação de Adultos

Agrupamento de Escolas de

Lousada e Colégio N. Sra. da

Esperança- professora 7º e

8ºanos e área de projeto

Agrupamento de Escolas de Vizela-

formadora de cursos profissionais de 10º, 11ºano, cursos de Educação e Formação de

Adultos e Diretora de Turma

Agrupamento de Escolas de Vilela

e Dr. José Domingos dos Santos-

Professora Geografia de 7º e 11ºano

e Professora de Ensino Especial

Agrupamento de Escolas

das Taipas – professora de

geografia de 7ºanos

14

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No esquema cronológico seguinte é visível a atividade desenvolvida como formadora (figura 2).

Figura 2- Atividade exercida como formadora

Na introdução ao RAProf o objetivo não passa por explorar de forma exaustiva a

prática profissional, uma vez que existe um capítulo destinado a essa função, pretende-se

apenas demonstrar de forma sintética o percurso efetuado bem como as funções

desempenhadas, conforme está representado nas figuras 1 e 2. A divisão entre dois

esquemas cronológicos prende-se com a facilidade e compreensão na leitura.

Ao longo de década e meia de serviço docente em 20 instituições de ensino

diferenciadas, vários foram os contatos com alunos com diferentes competências e

aspirações: de um lado, os sedentos de aprendizagem, motivados, criativos; de outro os

desmotivados, sem rumo ou aspirações. Observando cada um deles, o que um simples

professor poderia fazer era a retórica que se impunha. A perceção de que “…ser professor

não é só uma questão de possuir um corpo de conhecimentos e capacidade de controlo da

aula. Para ser professor é preciso, acima de tudo, ter capacidade de estabelecer relações

humanas com as pessoas a quem se ensina.

2008/11

2009/11

2012

2013

2013/2016

MARQUIFOR, LDA

Formação e mediação de cursos de Educação e

Formação de Adultos de Dupla Certificação

INFORPREPARAÇÃO, LDA

Formadora em cursos de aprendizagem

OBRA SOCIAL E CULTURAL SÍLVIA CARDOSO (OSCSC)

Formação para a deficiência e/ou incapacidade e formação modular certificada

IDEIA XXI Formadora de curso de Educação e Formação de

Adultos de Animação Sociocultural

CENTRO SOCIAL E PAROQUIAL DE SANTA EULÁLIA

Formação modular certificada

15

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16

Se aprender é um processo social humano e árduo, o mesmo se pode dizer de

ensinar porque implica, simultaneamente, emoções e razão pura" Connell (1997: 91), foi

decisivo na escolha do tema do presente relatório.

A riqueza das experiências vividas, alicerçada em hábitos de constante

avaliação/reflexão, conduziu à escolha de um tema de apêndice ao relatório com a

convicção de que o pouco tempo (máximo de um ano letivo) passado em cada uma das

escolas não permitiu um trabalho contínuo em projetos e/ou atividades da escola.

Concomitantemente a crescente proliferação das novas tecnologias no quotidiano dos

nossos alunos subestima a profissão docente aos olhos dos mais autónomos e críticos,

desta forma, pretendesse comprovar que a solução passa pela conquista do espaço aula

através da relação humana.

Neste enquadramento A interação professor aluno e a aprendizagem surgiu como

tema de apresentação empolgado pela relevância da compreensão de fatores que

condicionam a motivação e aprendizagem dos discentes.

Este estudo desenvolve-se com recurso a uma metodologia centrada na análise de

filmes alusivos à relação professor/aluno. Pretende-se aqui procurar um paralelismo entre

situações que constituem enredo de filmes e aquela que foram vividas ao longo dos 15

anos de atividade docente, ou seja, apesar de se partir do princípio de que a fraca

permanência em cada escola constitui um fator menos positivo, sustenta-se, também, que

muitas das experiências vividas são comuns, já foram vividas por outros, constituem

cenas que dão forma a momento cinematográficos. A complexidade da abordagem

anterior justifica a aplicação de um questionário de opinião da interação do professor,

elaborado tendo por base a pesquisa de outras investigações que também tiveram no seu

enfoque na interação professor e alunos.

Foi realizado numa amostra a 100 antigos alunos, a maioria dos quais em final do

ensino básico e ensino secundário, pelo facto de que os estudantes do ensino secundário,

a par dos estudantes do final do ensino básico, serem capazes de fornecer avaliações do

comportamento docente que são suficientemente estáveis, confiáveis e válidas para a

avaliação do comportamento do professor.

O principal objetivo do estudo é analisar como a interação professor-aluno

influencia a motivação para a aprendizagem e, deduzindo-se daqui o consequente sucesso

escolar.

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Com base neste objetivo, traçaram-se os seguintes objetivos específicos:

1. Caraterizar as perceções dos alunos acerca da interação professor-aluno, através

do Questionário de Interação do Professor.

2. Estudar a relação entre a perceção da interação professor-aluno e a motivação para

a realização.

E delinearam-se as seguintes hipóteses:

Hipótese 1- Existe relação significativa entre as perceções dos alunos sobre a

interação professor-aluno e a motivação para a realização.

Hipótese 2- Existe relação significativa entre as perceções dos alunos sobre a

interação professor-aluno e o sucesso escolar.

Hipóteses 3 - Professores apoiantes, liderantes, compreensivos, liberais, rigorosos

tendem a ser percecionados como orientando os alunos para objetivos orientados para a

motivação e sucesso escolar.

Hipótese 4 - Professores repressivos, rigorosos, insatisfeitos e inseguros tendem a

ser percecionados pelos alunos como conduzindo à desmotivação e consequentemente

piores resultados escolares.

Partindo, então, dos pressupostos temáticos apresentados, divide-se o RAProf, em

quatro capítulos, sendo que o primeiro é este – a introdução. O segundo capitulo “Quinze

anos ao serviço do ensino” é uma descrição refletida do percurso académico e profissional

e das formações realizadas, bem como o seu contributo para a sua identidade enquanto

docente, analisando a atividade docente nas suas diversas dimensões. O terceiro capítulo

incluí o tema que foi objeto de reflexão. Por último, a reconstrução do percurso

profissional com os olhos de hoje, conduziu ao natural balanço, no sentido de

compreender quais as implicações das atividades desenvolvidas ao longo da carreira, a

fim de continuar a desenvolver as competências e a melhorar a intervenção como docente.

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2.Quinze anos ao serviço do ensino.

2.1. Percurso académico

No decorrer do século XIX com a Revolução Industrial, a educação básica tornou-

se um direito. Com as decorrentes transformações técnicas e económicas o conceito de

aprendizagem ao longo da vida generalizou-se. Atualmente a educação é marcada

essencialmente pela globalização e o conflito entre qualificações académicas e

competências profissionais.

Apesar dos saberes culturais e históricos que assimilamos ao longo da vida e que

contribuem para o saber cultural, é na escola, enquanto instituição que o desenvolvemos

o conhecimento científico. É aí que começa o percurso académico.

Na modesta escola primária de Ferreira, no concelho de Paços de Ferreira, deram-se

os primeiros passos na aprendizagem académica. Descrita pela professora Dona Alice

como uma aluna irrequieta e faladora, com muita vontade de aprender, que tinha o sonho

em um dia ser juíza, em prol de um mundo mais justo. No 1ºano do ensino preparatório

(atual 5ºano) na disciplina de Estudos Sociais, a professora Alézia Pereira propôs um

plano de desenvolvimento que consistia em dar uma aula. Atribuído o tema, observado

com esta distância, parece ter sido preparado com muita astúcia para uma menina de 10

anos. Desses tempos ficou a imagem de circular pela sala de aula expondo e questionado

os colegas sobre o tema e aí nasceu uma enorme vontade de ser professora. Mais tarde,

na transição do ensino básico para o secundário um diagnóstico vocacional com a

psicóloga educacional da escola Secundária de Paços de Ferreira, apontava a

comunicação como a aptidão mais forte. Nessa altura, pesaram os resultados do

diagnóstico e a empregabilidade – tudo apontava para a docência em Geografia como

uma profissão aliciante que aliava as competências de comunicação a uma disciplina que

despertava curiosidade e níveis de empregabilidade bastante razoáveis. O curso de

Humanidades, com a opção de Geografia foi a opção mais viável. Os conteúdos

programáticos da disciplina de Geografia no 11ºano, assim como a interação estabelecida

com a docente Sandra Fazenda despertaram especial apreço pelas temáticas. A

classificação no exame nacional (17 valores) favoreceu o ingresso na licenciatura em

Geografia.

18

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No ano letivo de 1997/1998 iniciou uma nova etapa no curso de Geografia na

Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). Com o decorrer da Licenciatura

esta ciência cada vez mais cativava pela curiosidade do conhecimento da relação entre os

fenómenos naturais e os humanos., assim como pela descoberta da riqueza dos lugares

que, desde muito cedo, percebemos que tinham de ser explorados e analisados.

Esta fase do percurso académico terminou no ano letivo 2001/2002 com a realização

do estágio pedagógico na Escola EB 2,3 de Lagares, em Felgueiras, com a classificação

final de 13 valores (e de prática pedagógica 15 valores) sob a supervisão do Professor

Luís Neto e da Professora Doutora Helena Ribeiro. Esta foi, sem dúvida, uma das

experiências mais marcantes enquanto docente, na medida em que foi nesta instituição

de ensino que ocorreu o primeiro contacto com os alunos, a comunidade educativa, os

órgãos de gestão da escola e as atividades inerentes à docência.

A conclusão da licenciatura não finalizou o término do percurso académico, pelo

contrário foi o ponto de partida para novos aprofundamentos em áreas do ensino e da

formação de base, sob a convicção que quem nasceu para ensinar nunca deve parar de

aprender. O (re) ingresso em instituições universitárias ocorreu em 2010 e mantem-se até

à data (figura 3).

Figura 3. Formação académica

A reflexão e preocupação com a inclusão das crianças e jovens com Necessidades

Educativas Especiais(NEE) no sistema educativo, a necessidade da aplicação das medidas

educativas mais adequadas, assim como o contato direto com alunos com necessidades

1997/02

2010/11

2014

2014/15

2015/16

Licenciatura em Geografia,

ramo educacional (FLUP)

Especialização em

NEE (ISCIA)

Pós-graduação em Gestão de Instituições

Sociais (Universidade Lusíada)

Especialização em

Turismo (FLUP)

MEG (fase de conclusão)

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20

específicas de aprendizagem, foram fatores decisivos para o ingresso em 2010 no Instituto

Superior de Ciências de Informação e da Administração de Aveiro (ISCIA), para

obtenção da formação especializada em Necessidades Educativas Especiais- Domínio

Cognitivo-Motor, concluída em março de 2011, com a classificação final de 16 valores.

Ao projeto de apêndice A Sexualidade e os Afetos na Deficiência Mental, foi atribuído a

classificação de 17 valores. Esta especialização confere habilitações no grupo de

recrutamento 910- Educação Especial (ao nível do Ensino Básico e do Ensino

Secundário) e competências para a aplicação de estratégias a desenvolver com alunos

com necessidades educativas especiais. Independentemente da área de formação

disciplinar, é sempre uma mais-valia uma formação neste domínio na prática profissional.

A experiência como formadora na Instituição Particular de Solidariedade Social

(IPSS) Obra Social e Cultural de Sílvia Cardoso (OSCSC) e a consequente

responsabilidade de conhecer a orgânica de instituições desta natureza, impulsionou a

necessidade da obtenção da especialização em Gestão de Instituições Sociais na

Universidade Lusíada, concluída em dezembro de 2014, com 16 valores.

No mesmo ano, motivada por gostos pessoais na área de Turismo o ingresso teve

lugar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no mestrado em Turismo não

conferente de grau, concluído em setembro de 2015, com 15 valores.

No presente, em conformidade com as orientações emanadas do contrato de

confiança estabelecido em 2010, entre o Governo e as instituições de ensino superior, que

explicita que ”os diplomados que tenham terminado as suas licenciaturas ao abrigo do

sistema de graus anterior ao Processo de Bolonha, que tenham mais de 5 anos de

experiência profissional relevante, poderão obter o grau de Mestre, inscrevendo-se num

ciclo de estudos de mestrado da especialidade, solicitando a creditação da formação

adquirida na respetiva licenciatura e apresentando, em alternativa à dissertação, um

relatório detalhado sobre a sua atividade profissional, objeto de prova pública que incluirá

a discussão das experiências e competências adquiridas”, após a aprovação da creditação

na componente letiva da licenciatura em Geografia – Ramo educacional, é apresentado o

presente relatório detalhado da atividade profissional com vista à obtenção do Grau de

Mestre em Ensino de Geografia no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário.

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2.2- Atividade Profissional

A atividade profissional iniciou-se no ano letivo de 2001/02 e, até à data, é

realizada em regime de contratação.

Esta reflete o percurso ligado ao ensino e também à formação profissional em 20

estabelecimentos de ensino e 5 empresas de formação profissional onde foi prestado o

serviço e as funções exercidas e as atividades promovidas (atividades, projetos, formação,

docência, coadjuvação, entre outras).

Os objetivos gerais inerentes à pratica letiva foram comuns a todos os

agrupamentos onde exerceu funções docentes, com os respetivos (re) ajustes às realidades

locais e passaram por desenvolver nos alunos competências que lhes permitam (re)

construir o saber de forma autónoma e criativa, encaminhando os alunos a saber pensar,

saber ser e saber estar.

Neste sentido ao longo de quinze anos de docência, procurou estimular nos alunos

a curiosidade sobre novos saberes de índole geográfica. O ensino da Geografia ajuda neste

processo por constituir uma área disciplinar com conteúdos diversificados e atuais e

também por facilitar o estudo de fenómenos naturais e humanos em qualquer espaço onde

ocorra o ensino, facilitando aprendizagens significativas para os alunos.

Este capítulo inicia-se com um enquadramento geográfico das escolas onde

exerceu funções, logo de seguida será dada enfâse à forma como se desenvolveu o

trabalho enquanto docente e todos os processos a ele inerentes, desde a preparação da

prática letiva, planificação, avaliação, estratégias desenvolvidas, entre outros. Consta

ainda a análise da experiência como formadora cujo embrião tem as suas origens na

prática docente.

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2.2.1-Enquadramento geográfico das escolas.

Os quinze anos de percurso profissional para além de geograficamente díspares

(figura 4) incluíram práticas letivas muito diversificadas.

Figura 4 – Localização (concelhos de Portugal) das escolas onde a autora foi colocada entre 2001 e 2016.

Fonte: CAOP, 2016

A atividade profissional foi realizada, até à data, em regime de contratação, ora

com horários completos ou incompletos, titular e/ou em substituição de docentes.

A prática profissional, como docente, iniciou-se em 2001, com o estágio

pedagógico na Escola E, B 2/3 de Lagares, situada na freguesia de Lagares, concelho de

Felgueiras, distrito do Porto, da região do Vale do Sousa.

Após a profissionalização, a primeira experiência docente sem o apoio de

orientadores e supervisores ligados à universidade foi em território insular - na Região

Autónoma da Madeira, mais concretamente na Escola Básica de Santo António situada

na freguesia de Santo António, na região nordeste alta do concelho do Funchal. Esta

freguesia é mais extensa e mais populosa do concelho. A diversidade geográfica desta

freguesia, espelhava-se nos estilos de vida e comportamentos dos alunos, sendo mais

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urbanos quando oriundos das áreas mais baixas, ou apresentando características rurais os

que viviam nas mais altas, próximas da montanha, coincidindo, aqui, com famílias de

níveis socioeconómicos mais baixos.

No ano letivo seguinte, já no continente, foi colocada na escola EB 2/3 de

Albarraque, pertencente ao Agrupamento de Escolas Alfredo da Silva, situada em

Albarraque na freguesia de Rio de Mouro, Concelho de Sintra, ficando pelos arredores de

Lisboa até ao final do ano letivo seguinte, depois de passar pela Amadora para lecionar

no Agrupamento de escolas de Miguel Torga. Esta foi uma experiência marcante na

docência, devido às caraterísticas da escola, do meio envolvente, dos alunos e da

comunidade escolar. De facto, sendo um concelho com elevada densidade populacional,

a Amadora tem um longo historial de espaço suburbano de Lisboa, acolhendo residentes

de diversas partes do país, e até mesmo do estrangeiro, nomeadamente, imigrantes dos

Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), os quais correspondem a 76%

da população imigrante do município (INE, 2011).

No ano letivo 2006/2007 regressou ao norte do país, onde permaneceu até hoje,

tendo percorrido nove concelhos do distrito do Porto, três de Braga e um de Vila Real,

com a seguinte distribuição por escolas:

Distrito Concelho Escola

Porto Santo Tirso Agrupamento de Escolas de D. Dinis

Porto Agrupamento de Escolas do Cerco

Colégio Nossa Senhora da Esperança

Lousada Agrupamento de Escolas de Lousada Centro

Paços de Ferreira Agrupamento de Escolas de Paços de Ferreira

Marco do Canaveses Agrupamento de Escolas de Alpendorada

Paredes Agrupamento de Escolas de Lordelo

Agrupamento de Escolas de Vilela

Póvoa do Varzim Escola Secundária Rocha Peixoto

Vila Nova de Gaia Escola Secundária de Valadares

Agrupamento de Escolas de Vila d`Este

Matosinhos Agrupamento de Escolas Dr. José Domingos dos Santos

Braga Vizela Agrupamento de Escolas de Vizela

Guimarães Agrupamento de Escolas de Caldas das Taipas

Vila Verde Agrupamento de Escolas de Vila Verde

Vila Real Vila Real EB3/S Fernão de Magalhães

Quadro 1- Agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas por concelho e distrito onde lecionou.

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Para lá da experiência de passar de diversos concelhos, não necessariamente

diferentes – eventualmente, a passagem por Chaves possa ter sido mercante pela

tranquilidade do contexto de trabalho em Trás-os-Montes -, a mais marcante terá sido no

ano letivo transato com a passagem pelo Agrupamento de Escolas do Cerco e

Agrupamento de Escolas de Vila d´Este. Trata-se de dois Territórios de Intervenção

Prioritária (TEIP).

O Agrupamento de Escolas do Cerco, um dos maiores da cidade do Porto,

localiza-se a oriente na cidade do Porto, na freguesia de Campanhã - terceira freguesia

mais populosa do concelho, com 14 bairros sociais (INE, 2011).

Nesta freguesia, apesar de se verificar uma tendência para o envelhecimento da

população, no que se refere aos bairros sociais a tendência é a inverso, isto é, a população

é mais jovem, a escolaridade é baixa (cerca de 20% da população não tem qualquer nível

de escolaridade, 30% tem o primeiro ciclo do ensino básico e menos de 10% o 3ºciclo)

(Censos, 2001) e a taxa de desemprego da população residente ascende aos 30,3% (Estudo

Socioeconómico da Habitação Social, CMP, 2001).

Quinze anos depois da profissionalização, continua sem saber se no próximo ano

letivo fica ou parte da escola em que está o que, além das dificuldades logísticas do

quotidiano pessoal, deixa alguma frustração e nostalgia no docente que gostaria de

prosseguir o seu trabalho com aqueles alunos.

Fica, como geógrafa, a possibilidade de conhecer de perto (pessoas e territórios)

outros lugares!

2.2.2- Docência.

2.2.2.1- Distribuição serviço docente.

O exercício de funções docentes envolveu experiências profissionais

diferenciadas e geograficamente díspares, que contribuíram decididamente para o

desenvolvimento de competências. O percurso profissional, realizado em contratos a

termo resolutivo certo e incerto, em horários completos/incompletos e titular/substituição

temporárias, distribuiu-se pela docência, função de secretariado de exames, professora de

apoio e de áreas curriculares não disciplinares, diretora de turma e membro de alguns

projetos. As práticas desenvolvidas diferenciam-se consoante o público-alvo e o nível

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ministrado: do ensino básico e secundário aos percursos alternativos dos cursos

vocacionais e profissionais ou os cursos de aprendizagem para jovens com idade inferior

a 25 anos e os de Educação e Formação de Adultos (EFA). Destaca-se ainda a docência

a alunos com Necessidade Educativas Especiais (NEE) no primeiro ciclo do ensino

básico, a formação modular certificada (adultos) e a formação para a deficiência e/ou

incapacidade para jovens e adultos.

A primeira experiência profissional teve lugar no ano de estágio na escola E, B

2/3 de Lagares, no ano letivo 2001/02. A prática letiva incluía o ensino a duas turmas do

terceiro ciclo.

No sentido de compreender a dinâmica das instituições escolares e preparar-se

para desafios dos anos subsequentes deve o professor estagiário envolver-se nas

atividades da comunidade educativa de forma voluntária. As atividades pedagógicas

desenvolvidas passaram, pela dinamização da palestra A Direção de Turma: os novos

desafios, da rádio escola com entrevistas respetivamente ao delegado sindical João Paulo

Silva e à psicóloga educacional da Escola Secundária de Felgueira, alusivas aos temas A

indisciplina e a violência nas escolas e O papel do psicólogo nas escolas, pela

organização da visita de estudo ao Museu dos Transportes, auxilio na elaboração no

projeto curricular de escola (…).

Todo e qualquer professor que abrace a profissão docente com apreço não

esquece a primeira aula lecionada, as primeiras questões dos alunos e os seus olhares. É

inevitável o “choque utópico” do que a prática permite fazer e o quão distantes estamos

da concretização. Aí começa a processo de (re) adaptação como profissional: regredindo,

crescendo ou estagnando.

Após um ano de paragem, por desemprego, a atividade profissional, desenvolveu-

se em território insular, na Região Autónoma da Madeira (RAM), na Escola Básica de

Santo António, no Funchal. As diferenças entre os alunos do ano de estágio eram bastante

significativas, a desmotivação e ausência de perspetivas de futuro eram presença assídua

nas aulas. Os critérios e instrumentos de avaliação foram obrigatoriamente (re) ajustados,

relevando o baixo nível cognitivo dos alunos. As condições laborais, por outro lado, eram

bastante boas, desde o recrutamento de pessoal docente até aos processos burocráticos

realizados em tempo útil. A prática letiva incluiu a lecionação ao terceiro ciclo do ensino

básico, assim como das áreas curriculares não disciplinares de Área de Projeto e de Estudo

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Acompanhado e aulas de substituição de docentes. Com um grupo de recrutamento coeso,

a planificação, articulação e dinamização de atividades presentes no Plano Anual de

Atividades (PAA) foi facilitada. Destacasse a atividade A Madeira no coração da Europa,

o concurso a Rosa dos Ventos e a participação no Projeto Educar para a Sexualidade.

Por motivos pessoais, o regresso ao continente ocorreu no ano letivo seguinte

(2004/05) com destino ao Agrupamento de Escolas Alfredo da Silva, concelho de Sintra.

Pela primeira vez, o cargo de diretora de turma fazia da componente letiva. O 9ºB era

uma turma calma de final de ciclo, estabelecer afinidades foi fácil, o relacionamento com

os Encarregados de Educação foi igualmente tranquilo, o que resultou numa boa

experiência. Da distribuição do serviço constava a docência a alunos do 3ºciclo do ensino

básico, das áreas curriculares não disciplinares de Área de Projeto, de Estudo

Acompanhado e Formação Cívica .

O ano letivo 2005/2006 constituiu um marco na gestão de indisciplina em sala de

aula, um desafio profissional para uma jovem professora colocada em regime de

substituição em janeiro de 2005 no Agrupamento de Escolas de Miguel Torga, no

concelho da Amadora, com uma mancha horária de oito turmas de terceiro ciclo, e

membro da equipa coordenadora do Projeto Carbon Force- Alterações Climáticas e do

clube Eco Escolas.

A construção em frente à Escola B. 2,3 de Miguel Torga do bairro social do Casal

da Boba nos anos de 2000/2001, para realojar famílias dos bairros degradados das

Fontainhas, Bairro Azul e Alto dos Trigueiros, modificou a composição sociocultural da

população da freguesia e consequentemente das escolas. A junção de três bairros para o

mesmo local tornou difícil a adaptação desta população. O bairro passou a ser identificado

como um "gueto" onde reside uma população de baixos recursos económicos, excluído

social e economicamente. Fruto destas circunstâncias a população jovem apresenta

problemas como abandono escolar, indícios de consumo e tráfico de estupefacientes, uso

da violência, ausência ou inadequação de práticas parentais, entre outros. Esta era a

realidade estudantil que enfrentavam os profissionais da educação neste território.

O regresso ao norte deu-se no ano letivo 2006/07 com rumo à Escola Secundária

de Dinis, localizada em Santo Tirso. As caraterísticas da comunidade educativa

distinguiam-se pelo oposto do ano letivo anterior, construindo-se espaços de

aprendizagem com alunos interessados, a motivados e curiosos. O horário era incompleto

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composto por turmas de oitavo ano e das áreas curriculares não disciplinares de Área de

Projeto e Estudo Acompanhado.

No ano letivo seguinte após um período curto de dois meses no Agrupamento de

Escolas das Taipas, com turmas de terceiro ciclo, a colocação teve lugar na pacata cidade

de Chaves, na Escola 3/Secundária Fernão de Magalhães, em Chaves. A mancha horária

incluía uma componente letiva como formadora de Cidadania e Empregabilidade (nível

B2 e B3)1 e Cidadania e Profissionalidade (tipo B e C)2 e mediadora3 em Cursos de

Educação e Formação de Adultos (EFA) 4. O exercício de funções docente era praticado

em regime de itinerância no Regimento de Infantaria número 19, na Associação

Portuguesa de Deficientes e na freguesia de S. Pedro de Agostém. A prática letiva em par

pedagógico e em equipa técnico pedagógica clarificou que o trabalho em grupo em prol

de objetivos comuns permite resultados claramente mais satisfatórios.

A prática do exercício de funções docentes em dois estabelecimentos de ensino

com vista ao completamento de horário iniciou-se no ano letivo 2008/09 e é praticada até

à data. É bastante árdua, desgastante, mas necessária para adquirir o tempo de serviço

completo em cada ano letivo.

Neste enquadramento, no ano letivo 2008/09 o exercício de funções teve lugar no

Agrupamento de Escolas de Lordelo e na Escola Secundária/3 de Alpendorada, em

2009/10 no Agrupamento de Escolas de Paços de Ferreira e de Lordelo, no ano letivo

2010/11 no Agrupamento da Escolas de Lousada Centro e no colégio Nossa Senhora da

Esperança, em 2014/15 no Agrupamento de Escolas de Vilela e Agrupamento de Escolas

Drº José Domingos dos Santos e no ano letivo transato no Agrupamento de Escolas do

Cerco e de Vila d`Este.

A passagem pelo Agrupamento de Escolas de Paços de Ferreira, incluía tempos

letivos no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira em cursos de Cursos de

Educação e Formação de dupla certificação5. Os formandos apresentavam formas de ser

1 Os níveis B2 e B3 equivalem ao segundo e ao terceiro ciclo do ensino básico, respetivamente.

2 Os níveis B e C equivalem ambos ao ensino secundário. Distinguem-se pelo facto de o nível B ser constituído por alunos que

frequentam pela primeira vez este nível de ensino e o nível C por alunos que, no ensino regular, já tinham frequentado o ensino

secundário.

3 Organização do processo técnico pedagógico, e mediação dos interesses entre formandos e instituição escolar.

4 Cursos destinados a adultos, com o objetivo de obtenção do segundo/terceiro ciclo e/ou secundário.

5 curso que confere, em simultâneo, uma certificação escolar e uma certificação profissional

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e estar muito próprias em que o foro psicológico e emocional comandava diariamente o

estado de espírito dos discentes, bem como a sua predisposição para se envolverem no

clima da aula. Apesar das condicionantes a pouco e pouco tornaram-se recetivos ao

processo de ensino aprendizagem.

De setembro de 2011 a abril de 2012, a colocação, em regime de substituição, teve

lugar na Escola Secundária/3 de Rocha Peixoto. Gratificante a primeira experiência com

alunos do secundário, motivados, com aspirações, mais maduros. O espaço aula era de

debate de conteúdos, ideias e convicções, servir de aspiração aos alunos fazia parte,

resultado era a motivação sempre presente. De maio até ao final do ano letivo o exercício

letivo ocorreu na acolhedora Escola Secundária de Valadares, no concelho de Vila Nova

de Gaia, dando-se início a prática com cursos profissionais de Animação Sociocultural e

a consequente direção de um dos cursos. A urgência no término das horas em atraso da

anterior docente envolveu a prática em várias atividades extracurriculares envolvendo os

alunos, como palestras e visitas de estudo.

No ano letivo seguinte o contrato com o Ministério da Educação foi realizado com

o Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela, com uma componente letiva composta

por cursos profissionais, cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) de dupla

certificação, marcado por uma direção de turma do curso de restauração (10ºI)

extremamente complicada ao nível comportamental.

Das experiências supracitadas destacasse o primeiro contato com o ensino noturno

associado a um novo público alvo: os adultos. Houve a necessidade de reposicionar o

processo de aprendizagem através do reconhecimento das experiências de vida dos

formandos. A leitura de referenciais de formação 6 concomitantemente à atualização sobre

inúmeros temas distantes da análise geográfica foi obrigatória e essencial, o que gerou a

par de um enriquecimento curricular aquilo que se pode apelidar de polivalência

curricular.

O ano letivo 2013/14, escasso em termos de horários para docentes em regime de

contratação levou ao investimento pessoal na realização de formações de interesse

pessoal, tomando como exemplo, o aperfeiçoamento de línguas estrangeiras. O atividade

profissional decorreu na Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) Obra Social

6 Manuais de orientações de competências a desenvolver com os formandos nas diferentes áreas de competência chave.

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e Cultural Sílvia Cardoso(OSCSC) ministrando formação profissional. A colocação teve

lugar em abril na já conhecida Escola Secundária/3 Fernão Magalhães, em Chaves.

Nos dois anos letivos seguintes ocorreram mudanças no sistema de colocações,

incorporando uma nova modalidade- a Bolsa de Contratação de Escola (BCE). Esta

aplicou-se a escolas com contrato de autonomia e/ou territórios de Intervenção Prioritária

(TEIP). Os territórios TEIP incluem agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas

localizadas em territórios económica e socialmente desfavorecidos, marcados pela

pobreza e exclusão social, onde a violência, a indisciplina, o abandono e o insucesso

escolar mais se manifestam. O programa tem como objetivos a prevenção e redução do

abandono escolar precoce e do absentismo, a redução da indisciplina e a promoção do

sucesso educativo de todos os alunos. Por sua vez, o contrato de autonomia é reconhecido

pelo Ministério da Educação através do Dec. Lei 115-A/98 e mais recentemente com o

Dec. Lei 75/2008, como o poder reconhecido pela administração educativa à escola para

tomar decisões no domínio estratégico, pedagógico, administrativo, financeiro e

organizacional, no quadro do seu projeto educativo e em função das competências e dos

meios que lhe estão consignados. Assim competia ao ministério da educação e às escolas

incluídas neste processo a definição de critérios de recrutamento docente baseados na

experiencia profissional, formação profissional e avaliação de desempenho do docente.

Em resultado das mudanças supracitadas, no ano letivo 2014/15 a lecionação teve

lugar no Agrupamento de Escolas de Vilela e Agrupamento de Escolas Dr. José

Domingos dos Santos, ambas escolas com contrato de autonomia, e no ano seguinte no

Agrupamento de Escolas do Cerco e Agrupamento de Escolas de Vila d`Este, ambos

localizados em Territórios de Intervenção Prioritária.

No Agrupamento de Escolas de Vilela a prática letiva incluiu a docência na

Educação Especial a dois alunos do 3ºano de escolaridade, um dos quais diagnosticado

com hiperatividade e atraso global de desenvolvimento, um outro com dificuldades de

aprendizagem específicas. O trabalho com alunos do ensino especial permite colmatar

dificuldades específicas dos alunos e, por outro lado, compreender participar no processo

de inclusão de crianças com NEE em turmas do ensino regular. Assim, é de extrema

importância, para qualquer docente, passar por experiências, em primeira pessoa, com e

alunos dificuldades específicas de aprendizagem ao longo da sua carreira profissional.

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O ano letivo transato, com distribuição de serviço repartido nos agrupamentos de

escolas do Cerco e Vila d`Este foi o mais difícil e didático em questões que envolvem a

gestão da indisciplina em sala de aula.

Para compreensão da árdua tarefa desempenhada fica a descrição da realidade

envolvente destes dois territórios.

O Bairro do Cerco do Porto foi construído na década de 60 com o objetivo de

albergar famílias oriundas de zonas pobres e degradadas da cidade do Porto, de baixo

nível socioeconómico e cultural, com baixas expectativas devido, essencialmente, à

existência de desemprego e consequente ausência de projetos de vida, obrigando muitas

destas famílias a manter uma luta cerrada pela sobrevivência, conduzindo-a, por vezes,

para estilos de vida desviantes, provocando a exclusão total no seio da comunidade em

que estão inseridos, refletindo-se os efeitos nos seus descendentes.

Nos últimos anos, enquadrado numa crise económica generalizada, os problemas

sociais têm vindo a aumentar, bem como as vulnerabilidades e riscos envolvidos. Uma

grande parte da população vive em condições socioeconómicas desfavorecidas. Um

grande número de agregados familiares vive em situação instável, com empregos

precários, com práticas de trabalho atípicas, com um rendimento abaixo do salário

mínimo nacional, dependendo de subsídios e do RSI (Rendimento Social de Inserção).

Tendo em conta todo este contexto, verificam-se elevados índices de exclusão,

quer do sistema educativo, quer do mercado de trabalho. Acresce que no bairro coabita

um grande número de indivíduos da comunidade cigana que são integrados nas escolas.

As caraterísticas socioeconómicas apresentadas refletem nas caraterísticas da

população estudantil do que resulta: abandono escolar, indícios de consumo e tráfico de

estupefacientes, uso da violência, ausência ou inadequação de práticas parentais.

Do outro lado, a freguesia de Vilar de Andorinho para além de ter o maior número

de habitações sociais no concelho é também uma das freguesias com maior incidência de

beneficiários de rendimento social de inserção (RSI) tendo por isso várias carências, como

insuficiência de rendimentos de um grande número de famílias e uma elevada taxa de

desemprego.

Apresenta uma população muito heterogénea e focos de grande densidade

populacional, como é o caso da Urbanização de Vila D’Este com cerca de dezasseis mil

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habitantes em pouco mais de 2 Km, o que dá uma densidade demográfica superior a 6000

habitantes/Km (Censos, 2001), composta por algumas minorias étnicas.

A população residente nas freguesias onde se situam as escolas do agrupamento

caracteriza-se por alguma heterogeneidade, predominando os estratos sociais médio e

baixo. A maior parte dos alunos provém de agregados familiares desfavorecidos tanto

sócio económico como culturalmente.

Ao longo dos últimos anos, segundos dados presentes no Projeto Educativo

2016/2018 tem havido ainda um acréscimo considerável de crianças/alunos de etnia

cigana e de outras nacionalidades.

Resultado deste apanhado das condições socioeconómicas da origem da

população estudantil nestas escolas, a prática letiva, resultou em momentos de paragens

sucessivas para impor regras de conduta e mostrar firmeza perante as condições adversas

no processo de aprendizagem. Os alunos gostam de desafiar as regras, o professor e todo

o sistema, não levam material escolar, não fazem trabalhos de casa nem outros trabalhos,

ao que acresce os fracos recursos económicos, nomeadamente em Vila d´Este, em que

diariamente é visível alunos com carências alimentares.

Perante este cenário, o professor tem de (re) educar todos os dias, com um

relacionamento interpessoal em que jogue harmoniosamente a firmeza com a leveza,

conduzindo o aluno pouco a pouco até ao espaço aula.

Este ano letivo o destino é no já conhecido Agrupamento de Escolas das Taipas

com seis turmas do sétimo ano de escolaridade.

Embora a docência da geografia fosse a atividade/função para a qual tem formação

académica e profissional, outras áreas curriculares disciplinares e não disciplinares

fizeram parte do serviço distribuído ao longo destes quinze anos de experiência

profissional, entendendo com estas experiências que, o professor deve ser multifacetado

e polivalente.

Neste contexto, lecionou estudo acompanhado e na componente não letiva sala

de estudo, orientando e acompanhando os alunos nas linhas de orientação para o estudo.

Preparou alunos para exame nacional de Geografia A em centros de estudo e para exames

de equivalência frequência de 9ºano de escolaridade no Agrupamento de Escolas do

Cerco.

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Contribuiu para o travar da indisciplina, um dos flagelos das escolas, prestando

apoio ao gabinete disciplinar do aluno.

Orientou os alunos na realização da planificação e concretização de projetos no

âmbito da disciplina de área de projeto.

Lecionou a área curricular não disciplinar de formação cívica, através da

transmissão de valores de cidadania em contexto educativo.

Numa análise reflexiva e de acordo com os objetivos dos Projetos Educativos e

dos Planos Anuais de Atividades das escolas o serviço distribuído cumprido e os objetivos

delineados cumpriram-se com empenho, nomeadamente através da cooperação a nível

das várias atividades desenvolvidas nas escolas, da promoção do sucesso dos alunos

desenvolvendo práticas educativas motivadoras e da promoção de atitudes e valores como

elementos essenciais da aprendizagem, educando para a cidadania.

2.2.2.2- Da planificação à avaliação: o sucesso escolar dos alunos.

Os professores representam um importante papel na escola e concomitantemente

na sociedade, ao assumirem a missão de formar jovens críticos e autónomos e cidadãos

ativos. É importante para atingir esse objetivo que o professor lance desafios aos seus

discentes tornando-os autores do seu próprio conhecimento.

Toda a dinâmica do processo ensino aprendizagem da preparação e organização

das atividades letivas à avaliação envolve a atualização permanente de conteúdos

científicos bem como de situações aulas que se estendam ao quotidiano e ao encontro do

grupo turma refletindo as suas aspirações.

No início de cada ano letivo são delineados os princípios orientadores e

reguladores emanados pelas Metas Curriculares e pelos diferentes conteúdos e domínios

e procedeu-se a uma Avaliação Diagnóstica (AD) dos alunos das turmas. Nesta avaliação

inicial foram explicitados os objetivos aos alunos e negociados os níveis de desempenho,

considerando imprescindível que os alunos conheçam o que se espera deles, e

simultaneamente a distância a que se encontravam da sua concretização.

Assim, sempre que necessário, foram realizados ajustes na planificação,

respeitando os diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos, utilizando ainda, em cada

atividade letiva, o material mais adequado ao (s) objetivo (s) específico (s) a tratar.

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33

Paralelamente aos planos de aula, quando as turmas incluíam alunos com

dificuldades especificas de aprendizagem foram elaborados Planos Individuais de

Trabalho (PIT) para os alunos.

As estratégias de ensino e aprendizagem utilizadas foram diversificadas,

recorrendo sempre que possível às tecnologias de informação e comunicação, e

adequadas aos conteúdos programáticos, ao nível de ensino e às aprendizagens anteriores

dos alunos; com os exercícios de consolidação de conhecimentos pretendeu-se criar um

conjunto de condições e ações que permitam potencializar a aquisição de competências

por parte dos alunos.

Os materiais didáticos, fio condutor do conhecimento, também foram versáteis,

integrando desde o manual do aluno, as fichas de trabalho; as apresentações; e os vídeos

temáticos; músicas; jogos didáticos; construção de pirâmides etárias; gráficos

termopluviométricos de diferentes climas, perfis topográficos; material cartográfico;

visionamento de filmes, documentários, entrevistas e notícias, são meios decisivos para a

promoção de uma aprendizagem significativa.

Para a concretização da(s) aula(s), foram aferidas as dificuldades evidenciadas

pelos alunos, bem como, houve a preocupação de introduzir a lecionação de um novo

conteúdo, sempre que possível, a partir de uma situação do quotidiano, incentivando os

alunos a participarem de uma forma mais motivada, tendo sempre no horizonte o objetivo

de ajudá-los a construir o seu conhecimento.

Em jeito de avaliação, no final de cada aula ocorreu um período de avaliação no

qual, em conjunto com os alunos se fez um balanço das atividades realizadas, das

dificuldades sentidas e formas de as ultrapassar, motivando-os para a aula seguinte.

Dadas as diferenças cognitivas identificadas, nos diferentes momentos de

avaliação, foram utlizadas sempre que necessário uma metodologia diferenciada, de

acordo com o nível de ensino, conteúdos programáticos, com as competências e com o

ritmo de aprendizagem dos alunos. Procurou-se nesse sentido, construir soluções que

adequadas à superação das dificuldades diagnosticadas.

Em situações específicas de turmas onde existem alunos com Necessidades

Educativas Especiais (NEE), para o enriquecimento das atividades e o colmatar das

dificuldades de aprendizagem específica e de integração dos mesmos na comunidade

escolar, foi devidamente estabelecido um trabalho de cooperação com os docentes do

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Ensino Especial, tendo sempre em atenção a promoção da interação entre os conteúdos

geográficos e conteúdos de outras disciplinas favorecendo a transdisciplinaridade. Neste

contexto, foram utilizados e potencializados os recursos e instrumentos disponíveis na

escola: centro de recursos, auditório, aulas de informática.

Integrando a aprendizagem o aprender a viver juntos e o aprender a viver com os

outros, ou seja, a educação para a cidadania que representa um grande desafio para a

escola, uma vez que o mundo atual é um mundo de competição e de violência, a escola e

os professores devem contribuir para melhorar estes pressupostos, através do

desenvolvimento de uma boa interação professor/aluno, que conduza a uma resolução de

conflitos de uma forma pacífica.

Para o efeito “…a educação deve organizar-se à volta de quatro aprendizagens

fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os

pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da

compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver

juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas;

finalmente aprender a ser, via essencial que integra os três precedentes.”

(Delors,1996:90).

Relativamente à aprendizagem aprender a ser, e de acordo com o mencionado na

Constituição Portuguesa todo o ser humano deve ser preparado, especialmente graças à

educação que recebe, quer em casa quer na escola, para elaborar pensamentos autónomos

e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir por si

e saber como agir nas diferentes circunstâncias da sua vida, para assim construir uma

relação empática com os alunos, baseada no diálogo, na tolerância e na partilha de

saberes.

A missão dos professores reside no exemplo que dão manifestando curiosidade e

abertura de espírito, mostrando-se prontos a reconhecer os seus próprios erros,

transmitindo assim aos alunos sentido de justiça. Desta forma, o professor deve motivar

os alunos para entender a importância da escola como espaço de aprendizagem, de

atitudes e valores.

O docente deve respeitar as diferenças, evitando situações de isolamento,

entendendo que cada aluno é um ser humano com suas caraterísticas distintas,

promovendo a integração, a inclusão dos alunos e a adoção de regras de convivência, de

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conduta, de colaboração e respeito, valorizando e incentivando comportamentos e

atitudes positivas, proporcionando um diálogo constante de forma a superar qualquer

problema. Deste modo, a sua atuação com os alunos passou pela educação para a

cidadania desenvolvendo nos alunos o espirito crítico e a autonomia na resolução de

problemas. Neste encaminhamento procurei manter uma postura assertiva, resiliente,

firme e justa nas diferentes situações de ensino e de aprendizagem, proporcionando um

clima favorável à aprendizagem, segundo os princípios de equidade e respeito.

O conhecimento dos alunos adquire-se através da interação que se foi cria, pela

disponibilidade para os ouvir e apoiar sempre que necessário e também do contato

permanente com os diretores de turma e os membros do conselho de turma.

Neste contexto, durante estes quinze anos de ensino houve uma preocupação de

promover relações interpessoais saudáveis com os alunos e com toda a comunidade

educativa, gerindo de forma flexível, doseando a leveza e a firmeza, contornando as

situações problemáticas e de conflitos interpessoais, mantendo a disciplina e respeito

entre as partes. Nas aulas foram promovidas situações de confronto de ideias, explorando

questões formuladas pelos alunos, valorizando as intervenções de todos, de forma a

desenvolver o seu auto- conceito, confiança e motivação para a disciplina de Geografia.

A avaliação da aprendizagem dos alunos é um dos processos mais minuciosos da

aprendizagem. Segundo (Alonso, 2002: 38) “Avaliar implica compreender e determinar

a qualidade dos processos formativos a partir da recolha, análise e interpretação de dados

relevantes, com base em critérios explícitos e partilhados que funcionam como referencial

para a emissão dos juízos de valor e para a tomada de decisões”.

O Despacho Normativo nº1/2005 alterado pelo Despacho Normativo nº 14/2011,

que regula a avaliação das aprendizagens dos alunos prevê três tipos de avaliação:

Diagnóstica, Formativa e Sumativa. A primeira pretende aferir as competências dos

alunos no início do ano letivo, tem como objetivo fornecer ao professor elementos que

lhe permitirão adequar o tipo de aula e trabalho a desenvolver às características e

conhecimentos dos alunos com que irá trabalhar. A partir desta deverão ser traçadas

estratégias de diferenciação pedagógica, selecionados instrumentos para o

desenvolvimento do currículo e definidos momentos e procedimentos de avaliação.

A avaliação formativa reside em colher dados para a reorientação do processo de

ensino – aprendizagem. Cortesão e Torres (1993) descrevem este tipo de avaliação como

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“uma bússola” orientadora do processo ensino-aprendizagem. Recolhem-se dados que

ajudam alunos e professores no sentido de apontar lacunas, aprendizagens ainda não

atingidas e aspetos a melhorar. Esta avaliação não deve assim exprimir-se através de uma

classificação quantitativa, mas sim através de apreciações e comentários essencialmente

qualitativos que visam dar orientações de melhoria. A “… avaliação só é verdadeiramente

formativa, quando é compreendida pelo aluno nas suas diferentes dimensões e lhe permite

regular a sua aprendizagem, o que supõe a escuta dos pares e o confronto de pareceres

facilitadores da autoavaliação e do autocontrole” (Lemos, 2005: 201).

Ainda relativo à avaliação formativa é importante concebe-la como um suporte de

um processo de ensino-aprendizagem estruturado, ou seja, é através desta que

conseguimos aferir se o processo está ou não de acordo com aquilo que era expectável.

Permite ao professor aferir as condições necessárias para os alunos superar as dificuldades

que vão manifestando ao longo do ano letivo. A avaliação formativa deverá ser utilizada

de forma a proporcionar uma informação contínua sobre o processo, sendo fulcral para

possibilitar, aos diversos intervenientes, consultarem a informação recolhida e serem

capazes de discutir com o professor essa mesma informação.

Por último, a avaliação sumativa, é o culminar de todos estes processos

avaliativos, pretendendo representar uma apreciação final dos resultados obtidos numa

situação educativa, tem lugar em momentos específicos, nomeadamente, no final de um

período letivo ou ano letivo e traduz a distância a que o aluno ficou de uma meta a atingir

ou se a atingiu na plenitude.

A avaliação das aprendizagens dos alunos é um parâmetro chave no processo de

ensino e aprendizagem, assim deve ser realizado com rigor e sentido de justiça, premiando

o empenho dos discentes.

Assim o processo avaliativo consistiu na análise conjunta dos resultados dos testes

de avaliação diagnóstica, testes de avaliação formativa e testes de avaliação sumativa; em

apresentações de trabalhos de grupo e respetivas discussões orais, bem como, em grelhas

de observação em excel de registo atitudinal. Este instrumento permitiu também em

qualquer momento de avaliação partilhá-lo com o aluno, facilitando assim a

autorregulação das suas aprendizagens. Outro elemento utilizado são as fichas de

autoavaliação em momentos apropriados, podendo nem sempre coincidir com os finais

dos períodos letivos, mas sempre que é necessário um feedback da prática letiva.

Page 37: A interação professor e aluno e a aprendizagem Marla ... · 3.3-Questionário de interação do ... para que seja posso usufruir de tempo para dedicar ... Evolução da reação

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Neste processo avaliativo é fundamental a colaboração dos alunos, como propõem

as perspetivas sobre avaliação pedagógica que se encontra prevista no diploma que regula

a avaliação. O desenvolvimento de capacidades, como a autoavaliação, prepara os jovens

para as crescentes exigências da sociedade em que vivemos, podendo facilitar a

continuação da aprendizagem ao longo da vida.

Em conformidade com os Projetos Educativos foram criados instrumentos de

avaliação específicos para os alunos ao abrigo do Dec-lei 3/2008. Estes instrumentos

foram antecipadamente analisados com a professora de Educação Especial, nos quais

mediante as dificuldades identificadas nos alunos foram delineadas estratégias de

atuação.

A avaliação é efetuada de acordo com os critérios de avaliação definidos em grupo

e aprovados em Conselho Pedagógico, utilizando a nomenclatura definida no

regulamento interno dos agrupamentos.

No início de cada ano letivo é dado a conhecer aos alunos os critérios de avaliação

da disciplina, apresentando também os diversos momentos de avaliação. Segue-se a

avaliação diagnóstica a fim de identificar conhecimentos, possíveis dificuldades e

competências necessárias às aprendizagens posteriores. Esta recolha tem como objetivo

a posterior seleção das situações de aprendizagem. Estes registos de avaliação são

efetuados em instrumentos próprios fornecidos pelos agrupamentos ou elaborados pelo

mim em conformidade com os critérios de avaliação definidos em conselho pedagógico

e especificados em grupo disciplinar e/ou departamento. A avaliação formativa é

realizada durante todo o ano letivo através de uma observação dos alunos e respetivo

registo com o objetivo de verificar a aplicabilidade das práticas/metodologias utilizadas

e a consolidação dos conhecimentos.

Empiricamente a avaliação formativa é prioritária, uma vez que esta dá mais valor

aos processos de aprendizagem do que aos resultados; permite diferenciar o ensino e com

as informações colhidas possa reorientar a atividade e facilitar ao aluno a autorregulação

das suas aprendizagens levando-o a perceber que tem um papel fundamental na

construção das mesmas. Esta atitude permite inclui-los neste domínio através da partilha

dos registos de diagnóstico e da reflexão conjunta sobre as estratégias de superação a

utilizar.

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Para facilitar esta autoavaliação é facilitado o acesso às suas fichas individuais em

Excel, que ilustram, através de gráficos e médias ponderadas, a avaliação qualitativa da

prestação do aluno nas aulas. Este documento permite ao professor sentir mais segurança

e sentido de justiça nas classificações atribuídas durante os períodos de avaliação

sumativa, na medida que me possibilita fazer um juízo de valor acerca da prestação dos

alunos em cada área de intervenção.

Estas estratégias aliadas às fichas de autoavaliação são fundamentais para que os

alunos compreendam as classificações, em concordância com os critérios de avaliação, a

importância da sua aplicação em todas as áreas de intervenção e os objetivos que se

prendem com o desenvolvimento de cada uma delas, bem como a fomentar a sua reflexão

e o espírito crítico do aluno.

Quando os alunos ficam aquém dos objetivos definidos, são informados, bem

como o encarregado de educação das estratégias a implementar para a superação das

dificuldades. Neste sentido é entregue ao aluno um plano individual de trabalho onde é

especificado pormenorizadamente as competências não atingidas e as dificuldades ou

problemas diagnosticados, bem como, propostas de trabalho para superação das mesmas.

Esta estratégia permite um acompanhamento mais individualizado destes alunos,

levando-os a valorizar a disciplina de geografia, promovendo um maior sucesso dos

alunos.

Desta forma, ao longo de 15 anos de ensino verificou-se um progresso

significativo ao nível das competências gerais e específicas dos alunos a atingir na

disciplina de geografia indo assim ao encontro das metas estipuladas nos projetos

educativos das escolas, levando à melhoria da qualidade do ensino aprendizagem e

promovendo um maior sucesso escolar.

No espaço escola, o sucesso escolar depende muito das relações interpessoais e

do espírito de equipa que se estabelecem entre todos os intervenientes do processo ensino

e aprendizagem, assente numa convivência saudável com base no respeito mútuo e

cooperação. O relacionamento mantido com os membros da Comunidade Escolar, para

além de proporcionar um clima saudável, cordial e de espírito de amizade, permite

promover e participar de uma forma empenhada e com qualidade nos diversos projetos e

atividades.

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Assim, a colaboração pedagógica dinâmica e cordial, em especial com os colegas

de grupo disciplinar foi constante, através da partilha de materiais e de ideias, o que

contribuiu de forma muito importante para o sucesso da prática profissional.

A relação com a comunidade é ainda mais favorecida quando é exercido o cargo

de direção de turma, tendo em conta que se estabelece uma interação com os encarregados

de educação, tentando promover o relacionamento e a cooperação entre a escola e a

família, bem como, com os alunos de forma individual e em grupo, tentando ultrapassar

qualquer dificuldade.

Neste ponto salienta que esteve sempre presente para, em colaboração com outros

intervenientes, fornecer informações ou materiais pertinentes, com o objetivo de

planificar e elaborar outros materiais pedagógicos, bem como, delinear estratégias de

recuperação para os alunos com mais dificuldades, sendo que estas reuniões de partilha

de experiências, contribuíram de uma forma muito positiva para a melhoria dos resultados

dos alunos. Paralelamente criou-se um ambiente de trabalho saudável, onde a cooperação

e a entreajuda entre todos os docentes do departamento foi palavra de ordem.

Ainda dentro deste âmbito, sempre que necessário procedeu-se à elaboração,

reformulação dos PIT, bem como, dos PEI. Foi estabelecido um trabalho de equipa para

resolução de problemas de aprendizagem e de integração dos alunos com Necessidades

Educativas Especiais, na comunidade escolar (conselho de turma, professora de ensino

especial e psicóloga).

A participação nas estruturas de orientação educativa e nos órgãos de gestão, foi

dinâmica e sistemática, existindo uma adaptação permanente às funções e tarefas

atribuídas. Resultado disso foi a participação ativa nas reuniões, do Departamento de

Ciências Socias e Humanas, Grupo Disciplinar de Geografia, Conselhos de Turma, entre

outras, com discussão sobre as práticas letivas: planificações; critérios de avaliação,

resultados escolares, definição de estratégias, planificação de atividades, contribuindo

para o desenvolvimento do trabalho.

O trabalho efetuado, quer em departamento curricular, quer com os alunos, teve o

sempre uma fundamentação científica e intencionalidade educativa.

Em suma, o trabalho desenvolvido foi ao encontro do projeto educativo das

escolas, promovendo um clima de disciplina, confiança, participação ativa e envolvência

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dos alunos e encarregados de educação indo de encontro às necessidades das

comunidades educativas.

2.2.3- Transferência de conhecimentos.

A distribuição do serviço letivo não incluiu apenas o ensino da Geografia no

ensino básico e secundário. Em algumas escolas, fazia parte da componente letiva

disciplinas no âmbito de curso de educação e formação de adultos, nomeadamente nas

aéreas de competência chave de Cidadania e Empregabilidade (nível B2 e B3) e

Cidadania e Profissionalidade (tipo B e C). Trata-se de um tipo de ensino destinado a

adultos que pretendem concluir ciclos de estudo.

A atividade profissional associada ao exercício de funções como formadora teve

o seu impulso em 2008 na Escola Secundária/3 de Fernão Magalhães, em Chaves, como

formadora nas áreas de competência supracitadas.

A prática letiva foi exercida em regime de itinerância no Regimento de Infantaria

número dezanove, na Associação Portuguesa de Deficientes da delegação de Chaves, na

Escola Secundária/3 Fernão Magalhães e na pequena localidade de S. Pedro de Agostém.

Nesta era formadora de Tecnologias da Informação e de Comunicação (TIC) de curso

EFA (nível B2 e B3) assim como mediadora do curso, responsável pela gestão do

processo técnico pedagógico do curso e os interesses entre a instituição escolar e o grupo

de formandos.

Em 2008 o mercado de trabalho não oferecia um leque de formadores muito vasto

com experiência em cursos EFA do nível secundário, assim o envio de curriculum vitae

com alusão à atividade praticada conduziu ao interesse de empresas de formação

profissional. É neste contexto que deu início à atividade como formadora externa em

centros de formação profissional.

A primeira experiência teve a duração de três anos (2008 a 2011) e teve lugar na

empresa de formação Marquifor- Consultoria, Formação e Representações, Lda. As

funções inerentes incluíam a formação profissional e a mediação de um curso de

Educação e Formação de Adultos (EFA) de dupla certificação de Técnico de Gestão

Agrária de nível secundário.

A mediação incluía uma diversidade de funções, desde a gestão de uma vasta

equipa técnico pedagógica, a presidência de reuniões, a organização de toda

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documentação inerente ao funcionamento do curso, a planificação e organização de

atividades integradoras, mediação entre entidades promotoras e formadoras, assim como

formandos e formadores, o acompanhamento de estágios e a orientação do Portefólio

Reflexivo das Aprendizagens (PRA) 7.

No ano de 2009/10 ministra o módulo de Cidadania e Profissionalidade no curso

EFA de Animação Sociocultural, de dupla certificação de equivalência ao 12ºano de

escolaridade na empresa de formação Ideia XXI, e substituí uma formadora no módulo

de cidadania e empregabilidade no curso de dupla certificação Agente em Geriatria de

equivalência ao 9ºano de escolaridade na Instituição de Solidariedade Social Obra Social

e Cultural Sílvia Cardoso.

Nos anos letivos 2011/12, 2012/13, 2013/2014 a componente letiva nas escolas

incluiu a lecionação a cursos profissionais 8de equivalência ao 12ºano. Área de Estudo da

Comunidade (AEC), Área de integração (AI), Geografia do Turismo e Técnicas de

Informação e Animação Turística (TIAT) foram as áreas de formação ministradas.

De outubro de 2012 a março de 2013 ocorreu uma breve passagem pelo centro

de formação Inforpreparação com a função de formadora de cursos de aprendizagem na

área de Mundo Atual, modalidade de formação que permite aos formandos com idade

inferior a 25 anos obter uma certificação escolar e profissional, privilegiando a inserção

no mercado de trabalho e o prosseguimento de estudos de nível superior.

No período de junho a agosto de 2013 ministrou, ainda dois módulos (Processos

Identitários e Liberdade e Responsabilidade Democráticas) no âmbito da formação

modular certificada9 na Instituição de Solidariedade Social e Paroquial de Santa Eulália.

A partir de agosto de 2013 e até à data exerceu funções de formadora na área de

competência de Cidadania e Empregabilidade na Instituição Particular de Solidariedade

Social Obra Social e Cultural Sílvia Cardoso (OSCSC), cujos destinatários são a

população com deficiência e/ou incapacidade. Os cursos visam dotar os formandos de

competências técnicas e relacionais que lhes permitam desempenhar eficazmente uma

7 Documento de apresentação do formando constituído por informações detalhadas da sua vida pessoal e/ou profissional selecionadas

pelo mesmo, bem como reflexões sobre todo e qualquer assunto da atualidade e/ou ministrado nas sessões de formação que despertasse

o interesse do formando. 8Percursos do nível secundário de educação, com uma forte ligação com o mundo profissional.

a aprendizagem valoriza o desenvolvimento de competências para o exercício de uma profissão. 9 Unidades de formação de curta duração integradas no catálogo nacional de qualificações (instrumento de gestão estratégica das

qualificações nacionais de nível não superior).

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profissão. No espaço de três anos vários foram os cursos aos quais ministrou formação,

nomeadamente o curso de Operador de Acabamentos de Madeira e Mobiliário; Assistente

Administrativo; Operador Agrícola- horticultura e fruticultura; Empregado de Mesa e

Bar; Carpinteiro de limpos; Operador de Jardinagem; Assistente Familiar e de Apoio à

Comunidade; Agente em Geriatria. Esta oportunidade profissional surgiu das habilitações

profissionais na formação de base (Geografia) e na especialização em Necessidades

Educativas Especiais- domínio cognitivo motor. Ainda, nesta mesma instituição

ministrou funções como formadora de Formação Modular Certificada, nas áreas de

Intervenção Pedagógica em Crianças com Necessidades Educativas Especiais;

Atividades Pedagógicas em Crianças com Necessidades Educativas Especiais e

Desenvolvimento Sexual de Crianças com Necessidades Educativas Especiais.

A atividade formativa difere da docência nos objetivos e pressupostos, sendo que

enquanto na docência há um programa rígido previamente estabelecido a ser cumprido

na prática formativa o formador tem uma maior liberdade de abordagem dos conteúdos

gerindo-se por temas e/ou linhas de orientação que pode aplicar de acordo com a

heterogeneidade do grupo de formandos, isto é, há uma maior liberdade no processo de

aprendizagem.

A atividade como formadora e docente permitiu, assim, cumulativamente dois

olhares sobre o processo de aprendizagem, e a evolução como profissional em ambas.

2.2.4- Participação no Plano Anual de Atividades.

As atividades escolares plasmadas no Plano Anual de Atividade permitiram dar

consistência pedagógica à prática profissional tendo em conta que foram pensadas com

base nos conteúdos programáticos e em articulação com outras disciplinas e com as

necessidades dos alunos e da comunidade educativa.

Como supracitado, todas estas atividades tiveram fundamento pedagógico,

promovendo situações nas quais os alunos projetaram as suas capacidades e aplicaram os

seus conhecimentos, tornando a escola um espaço não só de conhecimento como de

convívio que se aproxima da informalidade dos quotidianos dos jovens alunos.

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Para ilustrar algumas destas atividades, listam-se no quadro 2 alguns desses

momentos de ensino-aprendizagem em que participámos como dinamizadora.

Atividade Destinatários Dinamizadores Agrupamentos de escolas

Visita de estudo ao parque

biológico de Gaia

Alunos do 9ºano

de escolaridade

Grupo disciplinar

de Geografia

Escola E,B 2/3 de Lagares

(2001/02)

Visita de estudo Museu dos

Transportes no Porto

Alunos do 9ºano

de escolaridade

Grupo disciplinar

de Geografia

Escola E,B 2/3 de Lagares

(2001/02)

Entrevista Indisciplina e

violência nas escolas (membro

SPN)

Comunidade

educativa

Grupo disciplinar

de Geografia

Escola E,B 2/3 de Lagares

(2001/02)

Entrevista O papel do

psicólogo na escola

(psicóloga da escola)

Comunidade

educativa

Grupo disciplinar

de Geografia

Escola E,B 2/3 de Lagares

(2001/02)

palestra A Direção de Turma:

os novos desafios.

Comunidade

educativa

Grupo disciplinar

de Geografia

Escola E,B 2/3 de Lagares

(2001/02)

Comemoração do alargamento

da União Europeia, com a

apresentação do trabalho A

Madeira no Coração da

Europa

Comunidade

Educativa

Escola da

Secundária D.

Lucinda de

Andrade

Grupo disciplinar

de Geografia

Escola Básica de Santo

António

(2003/04)

Comemoração do Dia da

Europa

Alunos do 7ºano

de escolaridade

Grupo disciplinar

de Geografia

Todas as escolas

Concurso Rosa dos Ventos 7ºano de

escolaridade

Grupo disciplinar

de Geografia

Todas as escolas

Comemoração Dia da

Meteorologia

Alunos do

3ºciclo do

ensino básico

Grupo disciplinar

de Geografia

Agrupamento de Escolas de

Albarraque (2004/05)

Dia do Ambiente Comunidade

educativa

Grupo disciplinar

de Geografia

Agrupamento de Escolas de

Vizela (2013/2014)

Comemoração da Declaração

Universal dos Direitos

Humanos

Comunidade

educativa

Equipa

multidisciplinar

dos Cursos EFA

Agrupamento de Escolas de

Vizela (2013/2014)

Comércio Justo

(palestra e exposição)

Comunidade

educativa

(enfoque alunos

do 9ºano)

Grupo disciplinar

de Geografia

Agrupamento de Escolas de

Paços de Ferreira (2009/10) e

Agrupamento de Escolas de

Lousada Centro (2010/11)

Peddypapers Comunidade

educativa

Departamento

Ciências Sociais e

Humanas

Agrupamento de Escolas de

Paços de Ferreira (2009/10) e

Agrupamento de Escolas de

Lousada Centro (2010/11)

Diversas atividades

integradoras de cursos EFA

Comunidade

educativas

Equipa

multidisciplinar

cursos EFA

Escola Secundária/3 de

Fernão de Magalhães

(2007/08) Escola

Secundária/3 de

Alpendorada (2008/09),

Agrupamento de Escolas de

Lordelo (2008/09e 09/10),

Agrupamento de Escolas de

Vizela (2012/13),

Visita estudo ao CBD de

Lisboa

11ºanos Grupos disciplinar

História e

Geografia

Escola Secundária/3 de

Vilela (2014/15)

Quadro 2: participação em atividades do PAA

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44

O envolvimento em atividades do Plano Anual de Atividades revestiu-se de

extrema importância permitindo a integração e articulação com empenho e entusiasmo

do docente com a comunidade educativa das diferentes realidades educativas onde

lecionou. As diferentes atividades pretenderam motivar os alunos para as aprendizagens,

aumentando os níveis de interesse e assiduidade, incentivando à participação ativa, ao

desenvolvimento da autonomia, criatividade, espirito crítico e responsabilidade. Deste

modo desenvolve-se laços de entreajuda entre os docentes, alunos e toda comunidade

educativa.

2.2.5- Desenvolvimento e participação em projetos.

Sendo a escola um espaço de cidadania onde a aprendizagem se faz de dentro para

fora das escolas, os agrupamentos têm a preocupação de aderir a projetos nos quais

coexiste a articulação entre toda a comunidade educativa.

Os projetos contribuem largamente para um enriquecimento do espaço escola,

num espirito de união em prol de objetivos comuns plasmados nas metas desses mesmos

projetos. O Eco escolas, o Parlamento Europeu, o Clube Europeu, são alguns exemplos

de projetos nos quais os docentes de geografia fazem parte prestando um contributo

direto.

Ao longo destes anos a contribuição na dinâmica das escolas fez-se sentir através

da colaboração direta e/ou indireta nos seguintes projetos escolares:

Educar para a sexualidade.

Projeto Saúde.

Projeto PRESS

Projeto Eco escolas.

A Educação para a Sexualidade é parte constituinte da formação pessoal e social

do indivíduo como tal tem ganho relevo na educação e na saúde dos indivíduos. A

instituição escola não encerra a sua missão na transmissão de conhecimentos, cabe-lhe

também, entre outras responsabilidades a promoção da saúde, . Tendo consciência destes

pressupostos na escola Básica de Santo António colaborou no projeto Educar para a

Sexualidade. Este projeto visava incutir nos alunos a importância do desenvolvimento de

afetos e a compreensão da sexualidade no seu todo, numa perspetiva de uma sexualidade

consciente e sem riscos. Educar para a sexualidade constituía uma prioridade numa escola

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em que os alunos manifestavam desconhecimento de meios de planeamento familiar e de

doenças transmissíveis sexualmente, assim como era frequente casos de gravidez

precoces não planeadas.

O papel do (s) professores passava pela dinamização de palestras, exposições,

trabalhos de pares/grupos na área curricular de área de projeto, contribuindo desta

maneira, para a consciencialização dos alunos da prática de uma sexualidade de e para os

afetos, onde a prevenção fosse palavra de ordem.

No agrupamento de escolas de Miguel Torga, no concelho da Amadora no ano

letivo 2005/2006 integrou o Projeto Eco-Escolas. Este é um programa internacional da

“Foundation for Environmental Education”, implementado no país desde 1996 pela

Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE). O programa, com diferentes escalas

(escola, regional, nacional e internacional) tem como objetivo premiar ações

desenvolvidas pelas escolas em prol da educação ambiental para a sustentabilidade.

Conta com o apoio da Comissão Nacional e desenvolve-se com os municípios como

Stakeholders .

Na escola sob a orientação da coordenadora Círia Brito foram dinamizadas várias

atividades inerentes ao projeto, como por exemplo o Dia Bandeiras Verdes e o Seminário

Nacional, foram ainda promovidas palestras de sensibilização para a poupança de

energia.

O projeto de Educação para a Saúde incorpora todas as atividades educativas que

concorrem para a promoção e educação para a saúde. No ano letivo de 2009/10 no

Agrupamento de Escolas de Paços de Ferreira, a titularidade do cargo de Diretora de

Turma permitia o acompanhamento e orientação dos alunos em palestras e comemorações

alusivas ao projeto. Acresce que, uma vez que a atual legislação privilegia a Educação

Sexual como umas das áreas prioritárias da Educação para a Saúde, algumas das aulas de

Formação Cívica reservaram-se para temas relacionados com a Educação para a

Sexualidade e os afetos. Os alunos desde sempre manifestaram curiosidade pelos temas

facilitando o debate de ideias.

O programa regional de Educação Sexual em Saúde Escolar (PRESSE) é um

projeto desenvolvido em parceria com a direção geral dos estabelecimentos escolares-

delegação do Norte (DGESTE) e pela administração regional de saúde do Norte, I.P. que

visa a implementação da educação sexual nas escolas.

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Nas escolas é elaborado um caderno PRESS com atividades a realizar pelos alunos

em diferentes disciplinas, essas atividades são distribuídas pelos docentes nos Conselhos

de Turma, desta forma como professora de geografia e/ou diretora de turma existiu uma

colaboração direta e/ou indireta em atividades do projeto através da aplicação de

inquéritos e/ou dinâmicas de aula presentes no caderno PRESS.

2.2.6- Atividades de gestão.

Na distribuição do serviço são raros os casos em que os professores exercem

exclusivamente a docência. Aliada a esta atividade surgem cargos que passam pela

presidência do conselho geral; do conselho pedagógico; adjuntos da direção; coordenação

de departamento, grupo disciplinar, direção de turma, biblioteca, gabinete disciplinar do

aluno, de projetos escolares; secretário; diretor de turma; tutor; entre outros. Para o

desempenho contínuo destes cargos é necessário pessoal estável ao nível do quadro de

escola, para não haja uma quebra de ano para ano. Assim, na maioria dos casos os cargos

de gestão central da escola não são atribuídos a docentes em regime de contratação.

No decorrer de quinze anos como docente o cargo de Diretora de Turma (DT) foi

exercido em seis escolas: Agrupamento de Escolas de Alfredo da Silva (ano letivo

2005/06), à turma B, do nono ano de escolaridade; Escola Secundária/3 Fernão

Magalhães, em curso de formação para adultos; Agrupamento de Escolas de Paços de

Ferreira (2009/10), à turma F do sétimo ano de escolaridade; Escola Secundária de

Valadares (2011/12), à turma de ensino profissional de 10ºano de animação sociocultural;

e Agrupamento de Escolas de Caldas de Vizela (2012/2013) e à turma I do 10º do curso

profissional de Restauração.

As funções do Diretor de Turma passaram, entre outras, por presidir às reuniões do

conselho de turma realizadas ao longo do ano letivo; estabelecer contacto regular com os

encarregados de educação e professores da turma acerca dos assuntos respeitantes à turma

e dialogar com os alunos acerca do seu comportamento e das suas aprendizagens,

sucessos e limitações.

Em análise, o trabalho desenvolvido como Diretora de Turma foi

concomitantemente desgastante e gratificante. As especificidades das turmas e o cargo

em si, nomeadamente as de ensino profissional que tinham problemas graves ao nível

comportamental/disciplinar e de pontualidade/assiduidade ditaram a especificidade do

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cargo. Este exigiu uma atenção redobrada com as turmas e uma ligação estreita com todos

os elementos da comunidade escolar, como os membros do Serviço de Psicologia e

Orientação (SPO), Ensino Especial e Direção e entidades externas, como a Comissão de

Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ).

Com os alunos o diálogo foi o fio condutor de todo o processo e as questões

alusivas à importância do processo ensino aprendizagem, regras de conduta as mais

reforçadas, os contatos frequentes com encarregados de educação não foram descurados.

Cargo burocrático, exigiu toda uma organização e atualização de materiais

inerente à função (planos de Turma, dossiê de Direção de Turma, registo de faltas,

preparação de reuniões com encarregados de educação e conselho de turma…).

Ser diretor de turma é manter um elo privilegiado com os alunos cabendo-lhe

exercer formas de liderança no sentido de orientar todos os processos relativos à formação

dos seus alunos, deve servir-se de empatia para o conseguir.

Assim, os Diretores de Turma devem ter qualidades não só como técnicos de

educação, mas também como pessoa e orientador familiar.

A humanidade, a amizade, a autenticidade, a exigência, o sentido de justiça são

qualidades que devem estar associados a um profissional desta natureza.

Como técnico de educação, o diretor de turma deve dominar não só a sua área

cultural, mas também conhecimentos técnicos de pedagogia, psicologia, sociologia,

didática e organização e administração escolar.

Como orientador familiar este cargo obriga necessariamente à recolha e

compilação de todas as informações necessárias respeitantes aos alunos e suas famílias,

informando os outros elementos do conselho de turma sobre os assuntos que possam

comprometer o processo ensino aprendizagem.

Em suma, o diretor de turma deve ser um líder nato com competências relacionais,

um elemento respeitado pelos alunos e respeitador, com competências pessoais bastante

delineadas que possibilitem a mediação entre a relação entre a escola e os pais, bem como

unir os professores do conselho de turma nos assuntos alusivas à turma.

Empiricamente pode afirmar-se que das três qualidades referidas (pessoa, técnico

especializado e orientador familiar), o domínio de competências relacionais, ou seja, a

qualidade como pessoa é a que tem maior importância no cargo segundo a opinião dos

alunos nas escolas onde exerceu funções. Quando abordados sobre o perfil para o cargo

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as qualidades destacadas passavam por o professor ser carinhoso, justo, amigável e

exigente, isto é, um companheiro que não deixa de ser professor, sempre atento ao que se

passa com cada aluno, com conhecimento profundo do grupo/turma e que estabeleça

diálogos francos.

Os professores (Sá, 1996:142), descrevem como fatores principais para o bom

desempenho do cargo as qualidades pessoais do diretor de turma, o contato regular com

os encarregados de educação e a formação especializada para o exercício do cargo. Sendo

que os dois primeiros fatores se destacam do terceiro, pela frequência enunciada.

Nos anos letivos onde não teve lugar a atribuição do cargo de diretora de turma

foi desempenhado o cargo de secretária, este incide na redação das atas dos assuntos

desenvolvidos nas várias reuniões. É um função inerente a uma direção de turma ou em

ocasiões de reuniões do departamento e/ou grupo, com encarregados de educação ou

conselho pedagógico, entre outras. É exercido de forma regular quando associado a uma

direção de turma e pontualmente em outras reuniões.

2.2.7- Distinções recebidas.

Em todo um percurso profissional é comum o reconhecimento do trabalho

desenvolvido por parte dos Órgãos de Gestão, dos Encarregados de Educação e dos

principais destinatários do nosso esforço: os alunos. Contudo em nenhuma destas

ocasiões é atribuída uma distinção “em papel”, mas para o professor esse elogio e reforço

positivo constitui uma distinção.

A avaliação do desempenho do pessoal docente visa a melhoria da qualidade do

serviço educativo e da aprendizagem dos alunos, bem como a valorização e o

desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes. Embora não tenha o valor de uma

distinção em “papel” espelha a eficácia do trabalho desenvolvido em cada ano letivo.

Nos Agrupamento de Escolas de Vizela (ano letivo 2012/13) o desafio

profissional incansável com uma direção de turma muito complicada caraterizada pela

desmotivação, absentismo escolar, ausência de regras escolares, paralelamente à

lecionação de vários níveis de ensino, horário diurno e noturno com um horário de apenas

14 horas letivas, deu lugar ao reconhecimento com a atribuição da menção qualitativa de

Muito Bom, numa escala quantitativa de 8,8 valores na avaliação de desempenho.

Também a avaliação conjunta do Agrupamento de escolas de Vilela e

agrupamento de escolas Dr. José Domingos dos Santos no ano letivo 2014/2015 foi Muito

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Bom -8,3 valores relevando o trabalho em duas escolas, plenamente comprido ao que

acresce a realização de formações na área, como a especialização em turismo e a pós-

graduação em Gestão de Instituições Sociais.

No ano letivo transato o exercício de funções em dois territórios TEIP-

agrupamento de escolas do Cerco e Vila d`Este, com a superação de todas as

adversidades, cumprindo plenamente o serviço atribuído, ao que acresce as formações

contínuas realizadas foi igualmente reconhecido com a avaliação qualitativa de

desempenho de Muito Bom- 8,9.

Depreende que com a experiência, mesmo sujeita ao regime de cotas, o trabalho

nos diferentes agrupamentos destacasse nos últimos anos, aprimorando-se o desempenho

na prática letiva.

2.3- Formação contínua e desenvolvimento profissional.

A dimensão relativa ao desenvolvimento e formação profissional ao longo da vida

na prática docente resulta do reconhecimento de que o trabalho do professor é pautado

pelo conhecimento cientifico e pedagógico, o que requer a permanente reconstrução do

conhecimento profissional respetivo. Entende‑se por conhecimento profissional o

conjunto articulado de elementos necessários ao desempenho da ação, que envolve

saberes e competências no âmbito do currículo e da didática, dos conteúdos, dos processos

de ensino e da sua adequação aos diferentes contextos e necessidades dos alunos.

Os professores devem ser profissionais com espirito inovador com abertura à

mudança, tendo em conta que esta é palavra de ordem na prática letiva. Assim tendo em

conta que segundo o dicionário o conceito inovar significa “introduzir novidades em;

fazer inovações em (leis, costumes, ciências, etc.); renovar” e renovar traduz-se por

“como tornar novo; tornar melhor; substituir por coisa melhor”, se se transpuser estes

conceitos para a escola refletindo sobre a sua implicação, sabe-se como é difícil que a

mudança aconteça e que esta só tem lugar se o docente se envolver num processo de

pesquisa e de investigação, aderindo a novas práticas e a uma nova organização. Só

haverá educação adequada e de qualidade se os professores a construírem, se colaborarem

num processo de mudança e de inovação, procurando soluções que tornem a escola mais

dinâmica e mais ativa. Assim se não houver formação contínua não há inovação, sendo,

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por isso, fundamental que o país invista na formação contínua dos docentes, apoiando-os

e oferendo-lhes instrumentos que os ajudem a refletir e a melhorar a sua prática educativa.

Por outro lado, também o professor deve ser recetivo à frequência de ações de

formação direcionadas para a área científica que leciona ou para o desenvolvimento de

uma competência transversal, com o objetivo não apenas de uma valorização pessoal,

mas de melhorar o processo de ensino/aprendizagem dos alunos e conseguir uma maior

motivação em termos de recursos a utilizar.

Levando em linha de conta o supracitado, a procura permanente de atualização

científica e pedagógica foi uma constante, participando em encontros de formação sobre

várias temáticas e em especializações em áreas especificas, no sentido de atualização

profissional, científico e didático, melhorando as práticas educativas e contribuindo para

um processo de ensino-aprendizagem mais eficaz e para a formação integral dos alunos.

Considerando a aprendizagem um processo em constante mutação e o aprender a

aprender pilar na prática docente e na vida no geral frequentou formação conducente à

melhoria da ação educativa e investimento pessoal como complemento à formação

académica. A formação contínua, teve lugar em varias áreas, considerando essencial o

docente trabalhar as suas competências e potencialidades, assim como urge um

conhecimento das necessidades cognitivas dos seus alunos e os problemas inerentes à

superação das suas dificuldades cognitivas e de relacionamento interpessoal.

Desta forma, participou em colóquios, com vista a um melhor relacionamento com

alunos com necessidades de aprendizagem específicas, em temas como o autismo,

síndrome de asperger e/ou problemas escolares de âmbito escolar como por exemplo, o

bullying.

“Violência Infantil: Bullying e Violência Doméstica, organizado pelo

Agrupamento Vertical de Escolas D. António Ferreira Gomes-Penafiel e

pela Associação de Pais e Encarregados de Educação do JI de Penafiel e

EB1 Penafiel 1, no Auditório Municipal de Penafiel, no dia 1 de março de

2013.

“O PIN vem a Paredes!”, organizado pelo Instituto de Desenvolvimento

e o PIN-Progresso Infantil, no dia 30 de novembro de 2013, no Auditório

da Casa da Cultura, tendo como um dos oradores convidado o Drº Lobo

Antunes.

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“Projeto Gaivota, Associação Portuguesa da Síndrome de Asperger

(APSA)”, organizado em conjunto pelo Instituto de Desenvolvimento,

Escola Secundária de Paredes e o Centro de Formação de Associação de

Escolas-Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel, que decorreu no dia 25 de

outubro de 2013, no auditório da Escola Secundária de Paredes.

“Autismo: da avaliação à intervenção precoce”, organizado pelo Instituto

de Desenvolvimento e o PIN-Progresso Infantil que decorreu no dia 21 de

setembro de 2013, no Auditório do Museu Municipal de Penafiel.

Em palestras que permitiram compreender os adolescentes e os seus contextos

familiares e a importância da escola, com figuras de referência no assunto, como o

psiquiatra Daniel Sampaio que versa a sua atuação como profissional com jovens e as

suas problemáticas.

“ Novos olhares sobre a adolescência Olhares da Família, olhares da

escola”, no Auditório da Biblioteca Municipal de Felgueiras, no dia 24 de

junho de 2002, organizada pela Escola E.B.2/3 de Lagares.

Sm palestras alusivas a sua área de formação base:

“Descobrir Portugal- Um desafio”, no dia 28 de fevereiro de 2013 no

Hotel Guimarães;

“ O Ambiente é de todos, vamos usar bem a energia”; dinamizado pela

EDP, na escola E, B 2/3 de Miguel Torga, no dia 21 de março de 2006.

“ O mapa e a cidade” promovida pela Faculdade de Letras – Universidade

do Porto, no dia 22 de novembro de 2000.

Unidade Curricular isolada Ensino e Educação Geográfica, com a

classificação final de 14 valores, na Faculdade de Letras da universidade

do Porto, no ano letivo de 2015/16.

Unidade Curricular isolada Didática da Geografia, com a classificação

final de 17 valores, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no

ano letivo de 2015/16.

Unidade Curricular isolada Aplicações Didáticas em Geografia, com a

classificação final de 17 valores, na Faculdade de Letras da Universidade

do Porto, no ano letivo de 2015/16.

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Como docente compete atualização ao nível das novas tecnologias da informação

e comunicação, assim realizou formação conducente à superação de lacunas na área:

ação de formação sobre “Excel” Escola E, B 2/3 de Paços de Ferreira no

ano letivo 2009/2010;

“Curso de Formação para o Ensino da Disciplina de TIC”, promovido

pela Associação Portuguesa de Geógrafos em novembro de 2004, na

Faculdade de Letras de Lisboa, tendo como orador o Engenheiro Pedro

Ferraz.

Diploma de competências básicas em Tecnologias da Informação, de

acordo com o Decreto-Lei nº 140/2001, de 24 de abril.

Considerando a direção de turma um dos cargos mais importantes nas escolas e

não existindo no percurso universitário diretrizes de orientação específicas para o efeito,

organizou e promoveu em conjunto com o seu núcleo de estágio a palestra:

“A Direção de Turma: os novos desafios!”, tendo como orador o Dr.

Henrique Silva, Coordenador Pedagógico da Escola Secundária de

Lousada, na Escola E.B.2/3 de Lagares, no dia 9 de maio de 2002.

E participou na ação de formação:

“Projeto Curricular de Turma”, no Auditório da Biblioteca Municipal de

Felgueiras, dinamizada pela CRIAP-ASA e pela Escola E.B.2/3 D.

Manuel Faria e Sousa- Felgueiras, no dia 10 de setembro de 2001, sendo

oradora a Dr.ª Helena Roque.

No âmbito das disciplinas curriculares não disciplinares que lecionou nos

primeiros anos de experiência profissional frequentou, também formação na área:

“Estudo Acompanhado”, orientada pelos formandos da Dr.ª Ariana

Cosme, no âmbito da formação contínua, realizada no dia 5 de julho

de 2002, na Escola E.B.2/3 de Lagares.

De 2008 a 2014 iniciou a experiência nos Cursos de Formação e Educação de

Adultos (EFA), como formadora e mediadora, tendo em conta que grande parte da

preparação das atividades alicerçava-se em trabalho autónomo frequentou formação

conducente a uma melhor preparação para o efeito:

“RVSS e Cursos EFA”, realizado no anfiteatro da Escola Secundária

Fernão de Magalhães, no dia 30 de junho de 2008.

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Realizou Unidades de Formação de Curta Duração (UFCD) para o seu

desenvolvimento pessoal e interpessoal:

Ética e Deontologia Profissional, com a duração de 25 horas, na

Entidade de Formação Profiforma, concluída a 10/01/2014.

Língua Francesa- técnicas de escrita, com a duração de 25 horas, na

AEBA-Associação Empresarial do Baixo Ave, concluída 20 de

dezembro de 2013.

Língua Inglesa- atendimento, com a duração de 50 horas, na

Duodifusão- Centro de Formação Profissional, Lda., concluído a 3 de

dezembro de 2013.

Técnicas de Atendimento, com a duração de 50 horas, na Profiforma,

Gabinete de Consultoria e Formação Profissional, Lda., concluída a 27

de novembro de 2013.

Comunicação Interpessoal e Marketing, com a duração de 25 horas,

na Profiforma, Gabinete de Consultoria e Formação Profissional, Lda.,

com término a 5 de novembro de 2013.

No decorrer da especialização em Gestão de Instituições Sociais frequentou ações

de sensibilização na área:

Qualidade e Certificação, com a duração total de 8 horas, na Universidade

Lusíada, em 21 de junho de 2014.

Princípios e Ferramentas de Gestão ao Serviço das Organizações Sociais,

com a duração total de 8 horas, na Universidade Lusíada, em 18 de outubro

de 2014.

PIER V-Projetos e Resultados, realizado no âmbito do Projeto de

Integração de Equipas de Reabilitação, promovido pela Universidade

Lusíada de Vila Nova de Famalicão em 21 de novembro de 2014.

Tendo em conta que “A formação contínua de professores assume uma importância

crucial. Por aqui pode passar um esforço de renovação, com consequências para os

programas de formação inicial, o estatuto da profissão, a mudança das escolas e o

prestígio social dos professores” (Nóvoa, A. ,1992: 67) não se pretende estagnar no

caminho da frequência de formação contínua, existindo áreas de interesse de aplicação

em contexto escolar, Educação Sexual, Educação para a Cidadania, gestão da indisciplina

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em sala de aula, Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), primeiros socorros, e

suporte básico de vida

A maioria da formação realizada teve objetivos pedagógicos e didáticos, conforme

explicitado. Desta forma, pretendesse partilhar o seu conteúdo em situações práticas de

sala de aula, uma vez que “A formação passa pela experimentação, pela inovação, pelo

ensaio de novos modos de trabalho pedagógico. E por uma reflexão crítica sobre a sua

utilização. A formação passa por processos de investigação, diretamente articulados com

as práticas educativas “ (Nóvoa, 1992, p.16).

2.4- Considerações finais à atividade profissional.

A elaboração deste capitulo funcionou como uma janela através da qual observou, em

retrospetiva o percurso académico e profissional feito até à data.

A cada ano letivo que passa novas experiências são adquiridas e novas

competências desenvolvidas. A principal mudança verificada reside não nos conteúdos

científicos lecionados mas na sua abordagem, uma vez que através da experiência

tornamo-nos inevitavelmente mais reflexivos na forma de olhar a escola e o meio

envolvente como um todo. Assim a forma como passamos os conteúdos adquire especial

relevo para a transferência de aprendizagem significativa aos nossos alunos.

A educação é sempre um processo inacabado sendo preciso acompanhar,

interpretar, refletir e integrar constantemente novos conhecimentos que tem efeitos

diretos nos alunos e na escola. Assim todo o percurso realizado passo a passo contribuiu

para a construção deste importante processo de ser professor na atualidade.

O exercício de funções em escolas geograficamente díspares ofereceu a

possibilidade de conhecer e explorar o meio local que tentamos transpor para os alunos,

esta será uma das vantagens dos professores a contrato.

Por outro lado, a instabilidade profissional, sem vínculo laboral, alternando de

escola a cada ano letivo e muitas vezes no mesmo ano impede o envolvimento em

atividades e projetos contínuos. O sentido de pertença é inexistente. E toda uma vida é a

prazo, esta constitui talvez a maior desvantagem da profissão.

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3. A interação professor-aluno

3.1- A comunicação e a interação professor-aluno

Quando se fala na interação professor-aluno, está a falar-se, obviamente em

aprendizagem e a questão que se coloca nessa interação envolve o que parece impossível,

ou seja, a definição dos limites, para a tolerância, disciplina, permissividade, severidade,

etc, uma vez que esses limites dependem da perceção de cada um. Certo parece ser que,

como suporta Ne Smith (2003), o indissociável par ensino/aprendizagem e o seu sucesso

enquanto processo educativo desenvolve-se a par e passo com essa interação – filtro que

facilita ou limita - professor-aluno. Na mesma linha, (Khine e Atputhasamy, 2005)

defendem que os níveis de sucesso escolar dependem da relação professor-aluno e,

portanto, devem ser variáveis a considerar na avaliação do sucesso educativo.

Não sendo propósito deste relatório explorar temas de Psicologia, convém não

perder de vista questões que acompanham a prática quotidiana dos docentes e, para o que

aqui interessa, retomar algumas das ideias e trabalhos de autores que, no essencial, dão

corpo teórico à parte empírica apresentada neste relatório.

Talvez um dos mais conhecidos trabalhos no âmbito dos comportamentos na

relação professor-aluno é o de Wubbels e Brekelmans, 2005. Baseado na investigação de

Timothy Leary (1957), o autor procurou aplicar ao ensino o diagnóstico interpessoal da

personalidade. Dito de outra forma, os autores partem da revisão da literatura para

explorar o ensino numa perspetiva de interação, tendo em conta os sistemas de

comunicação e o modelo para descrever as relações professor-aluno partindo do

comportamento do professor.

Tendo em conta o efeito das ações que alguém exerce sobre outro(s), então parte-

se do princípio de que o comportamento é uma forma de comunicação se:

o recetor percebe o significado;

o remetente procura influenciar o outro de forma deliberada;

o indivíduo exibe determinado comportamento à frente de outro.

Ou seja, o comportamento é considerado comunicação quando o emissor e o

recetor captarem o mesmo significado (Wubbels & Brekelmans, 2005). Como se sabe, a

questão dos significados do que cada um – professor e alunos – percebe é extremamente

complexa porque o professor tem de lidar com turmas compostas por vários alunos com

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características diferentes (leia-se capazes de interpretar comportamentos de forma

diferente).

De facto, esquecemos frequentemente algumas das questões básicas da

comunicação professor-aluno. Recorde-se que, desde o conteúdo das nossas mensagens

que, como se sabe, constituem boa parte do suporte do relacionamento, passando pela

frequência com que comunicamos (note-se que não há interação com uma única

mensagem) ou pelo cuidado que devemos ter porque as mensagens/interações

influenciam, tudo contribui para a construção da perceção que os alunos têm do ambiente

escolar, condicionando os métodos e processos de aprendizagem (Wubbels, Brekelmans,

den Brok & Tartwijk, 2006).

É evidente que não há formas de comunicar ideais - o comportamento do professor

é influenciado pelo comportamento dos alunos e vice-versa. (Koul & Fisher, 2006).

Assim, e em linha com os propósitos deste relatório privilegiaremos, não o

comportamento ou intenção do professor, mas a perceção que os alunos constroem da sua

experiência escolar, nomeadamente da interação com aquele, uma vez que é esta perceção

que determina o comportamento dos alunos, nomeadamente o que pensam sobre um

professor e o que decidem aprender (den Brok, Levy, Brekelmans & Wubbels, 2006).

Como se disse, a perceção da interação professor-aluno tem sido abordada com

referência ao Modelo Interpessoal do Comportamento do Professor, de Timothy Leary de

1957 (Wubbels, Creton & Hooymayers, 1991).

Figura 5– Sistema bidimensional do modelo de coordenadas para o comportamento

interpessoal professor (Fonte: Wubbels e Brekelmans, 2005:8)

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O modelo considera a influência e a proximidade como os principais processos

que influenciam a interação humana. A primeira varia entre domínio e submissão e é

relativa à dimensão afetiva da interação e, a segunda, posiciona-se entre oposição e

cooperação, referindo-se à forma como professor e aluno usam do controle nessa

interação – dimensões que podem observar-se na Fig. 5.

Estas dimensões, por sua vez, são a âncora para oito tipos de comportamento do

professor: líder, útil/amigável, compreensivo, confere responsabilidade aos alunos e

valoriza a liberdade, incerto, insatisfeito e rigoroso (Fig.6).

Tal como a orientação com recurso a uma bússola, os setores introduzem rigor na

identificação dos setores, podendo ser CC, CD, etc. de acordo com a sua posição no

sistema de coordenadas, permitindo definir oito traços comportamentais da interação do

professor: Liderança (DC), Apoio/Amizade (CD), Compreensão (CS), Liberdade dos

alunos (SC), Insegurança (SO), Insatisfação (OS), Repreensão (OD) e Rigor (DO) (Khine

& Atputhasamy, 2005; Koul e Fisher, 2006).

Estes oito traços comportamentais do professor permitem, ainda, identificar oito

estilos interpessoais e de ensino na sala de aula, sendo que em cada um iremos destacar

os aspetos relativos à forma como os alunos vêm o professor (Wubbels, Brekelmans, den

Brok, e Tartwijk, 2006): Diretivo - os alunos veem o professor como exigente;

Autoritário - os alunos mantêm-se atentos, produzindo mais do que com os professores

diretivos. É considerado um bom professor; Autoritário e Tolerante - os alunos reagem

bem à versatilidade revelando-se interessados e envolvidos; Tolerante - os alunos gostam

de participar e intervir na aula, têm mais liberdade e trabalham frequentemente sozinhos;

Inseguro/ Tolerante - baixa produtividade e desequilíbrio no desenvolvimento dos

trabalhos; Inseguro/Agressivo - professor e alunos veem-se como opositores e passam

grande parte do tempo a gerir conflitos; Repressivo - os alunos estão sempre muito

apreensivos e amedrontados, não estando envolvidos na aula; Escravo - os alunos não

sentem entusiasmo nem são competitivos.

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Figura 6. Modelo Interpessoal do Comportamento do Professor e níveis para a observação da perceção dos alunos

Fonte: Wubbels e Brekelmans, 2005:9

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O modelo descrito revela que a perceção da relação com o professor, nas

dimensões influência e principalmente de proximidade, é concordante com um padrão

mais consistente de motivação, confiança e esforço dos alunos (den Brok, Levy,

Brekelmans e Wubbles, 2006).

De igual modo, numa perspetiva interpessoal, os estudos do ambiente de sala de

aula indicam uma relação forte e positiva entre a perceção de influência e de proximidade

nos resultados cognitivos e afetivos dos alunos, sendo o último fator mais evidente

(Wubbels e Brekelmans, 2005). Isto equivale a dizer que, quanto maior a cooperação dos

professores, mais elevados são os resultados cognitivos dos alunos (den Brok,

Brekelmans e Wubbles, 2004).

Curiosamente, um estudo realizado no final da década de oitenta do século XX

por um dos autores atrás citado (Brekelmans,1989) revela que, em média, alunos com

professores com um estilo interpessoal “repressivo” têm os resultados académicos mais

elevados, enquanto os mais “inseguros/tolerantes”, “inseguros/agressivos” e “escravo”

originam um nível de realização dos estudantes relativamente baixo. Para confirmar estes

resultados, o autor observou, ainda, que alunos com professores mais diretivos ou

autoritários e tolerantes têm resultados académicos relativamente elevados e o professor

inseguro/agressivo e repressivos têm os piores resultados no que concerne às atitudes dos

seus alunos.

Considerando agora as diferenças de perceção por género, as raparigas

incorporam melhor comportamentos de liderança, apoio e compreensão, enquanto os

rapazes são mais sensíveis à insatisfação, insegurança, repreensão e rigor (Khine e Fisher,

2004; Levy, Brok, Wubbles e Brekelmans, 2003), o que confere ao género feminino uma

perceção mais positiva do professor se comparadas com o género masculino. Do mesmo

modo, tendo em atenção agora a idade dos alunos, verificou-se que os mais velhos

apreciam mais a capacidade de domínio e rigor dos professores, o que está em

concordância com a observação de que os alunos de escolaridades superiores apreciarem

mais os parâmetros de influência e proximidade, sentindo mais quando os professores são

mais amigáveis e menos inseguros (Levy, Brok, Wubbels & Brekelmans, 2003).

Com o propósito de explorar o comportamento interpessoal em ambientes de

aprendizagem e determinar associações entre a perceção dos estudantes e a sua interação

com os professores, a sua formação cultural e resultados comportamentais, Khine e Fisher

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(2004), encontraram nos seus estudos diferenças significativas entre o que os alunos

pensam sobre o seu professor e as suas origens em termos culturais. Parece que a

liderança, compreensão e ajuda era mais facilmente percebida juntos dos professores

ocidentais do que nos asiáticos, e ainda que os últimos exibiam maior incerteza e

insatisfação do que os primeiros. Este facto pode justificar-se porque o sistema educativo

asiático estar mais vinculado ao currículo, o que pode levar a uma maior rigidez e até

maior ansiedade em atingir objetivos (Biggs & Watkins, 1995; Khine & Fisher, 2004).

Mais recentemente, em Portugal, um estudo realizado por Fonte (2011), procurou

avaliar na relação pedagógica de que forma o género, idade, ano escolar e o número de

retenções têm influência na perceção que este faz relativamente ao comportamento de

interação do professor. De igual modo, o autor procurou perceber em que medida a forma

como o aluno percebe o comportamento do professor influencia o sucesso escolar. As

conclusões apontam para a valorização do apoio e compreensão para as raparigas, e a

responsabilidade/liberdade, insatisfação e repreensão mais significativa para o género

masculino, género este que, se comparado com o feminino, valoriza mais a liderança,

insegurança e rigor. Ainda sobre os grupos etários, verificou-se que à medida que a idade

aumenta, os valores nas escalas de responsabilidade/ liberdade, insegurança, insatisfação

e repreensão são maiores, tendência esta que é inversamente proporcional à apreciação

da liderança no professor. Os alunos com um maior número de retenções percecionam o

professor como sendo mais liberal, inseguro, insatisfeito e repreensivo. Porém, à medida

que a média das classificações aumenta, aumenta também a perceção do professor líder,

que apoia e compreende.

Um dos exemplos de aplicação do Questionário de Interação do Professor (que

serviu de inspiração ao que utilizaremos neste relatório no desenvolvimento empírico)

em Portugal, foi feito por Barbosa (2011), com uma amostra de 625 alunos. A autora

concluiu que as raparigas percecionam o professor de uma forma mais positiva do que os

rapazes, considerando-o mais apoiante e compreensivo, enquanto os rapazes sentem mais

quando o professor é liberal, inseguro, insatisfeito e repreensivo. Os mais velhos

valorizam mais a sua liberdade e sentem, especialmente, a insegurança por parte do

professor. Os jovens dos primeiros níveis do ensino básico apreciam a liderança e

compreensão, enquanto os alunos de níveis mais avançados neste ciclo, são mais sensíveis

à liberdade, insatisfação, repreensão e rigor. Tudo indica, neste estudo, que as professoras

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exercem maior liderança, respeitam mais a liberdade dos alunos, mostram-se mais

insatisfeitas, repreensivas e rigorosas do que os professores. Mas o número de anos

consecutivos com o mesmo professor, parece influenciar, também, a forma como os

alunos percecionam o docente - à medida os anos passam, é a liderança, apoio,

compreensão e respeito pela sua liberdade que pesa na apreciação dos alunos. Tal como

noutros estudos, também neste se confirma a aproximação entre maior sucesso e

perceções positivas acerca do professor.

Finalmente, entre muitos outros trabalho, ainda no mesmo âmbito e utilizando

uma população de 405 alunos do 2º ciclo, Bastos (2011) realizou um estudo cujos

resultados apontaram para o facto de que as emoções vivenciadas por alunos do 5º e 6º

anos de escolaridade e a motivação para a aprendizagem são diferentes em função do

género, idade e habilitações dos pais - as raparigas tendem a ser mais negativas do que os

rapazes, enquanto estes se focam mais em objetivos de desempenho. Do mesmo modo, a

idade parece trazer uma maior tendência para emoções negativas, sendo que a motivação

vai diminuindo com a idade. Registou-se ainda que o sucesso está diretamente ligado aos

alunos que percecionam a existência de Interações Positivas na sala de aula e os alunos

com resultados mais elevados apresentam mais alegria e orgulho na aprendizagem.

Após esta breve revisão do estado da arte, verifica-se que os estudos mais recentes

realizados em Portugal apontam para uma perceção mais positiva em relação aos seus

professores dos elementos do sexo feminino do que os rapazes, considerando-os mais

apoiantes, e compreensivos, ao passo que os alunos do sexo masculino, percecionam o

professor como mais liberal, inseguro, insatisfeito e repreensivo - o que, apesar do hiato

temporal e espacial, vai ao encontro dos estudos realizados por Fisher e Rickards (1997)

e Hunus (1997) (Khine & Fisher, 2004).

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3.2-Breves apontamentos cinematográficos.

Fazendo parte da relação humana, esta interação “professor-aluno” e/ou

“ensino/aprendizagem” pode assumir diversas formas e ocupar diversos lugares em

tempos diversificados da vida dos indivíduos, isto é, muitas vezes sai da instituição

“escola” para chegar aos mais diversos grupos sociais e familiares. Por esta razão e pela

riqueza de enredo que encerram, estas interações têm feito correr muita “tinta” em

inúmeros estilos literários e “fita” cinematográfica.

É sobre esta última arte que nos retemos agora por breves instantes, isto porque

tínhamos pensado em explorar neste relatório um conjunto de filmes alusivos ao tema

proposto. Porém, a minúcia necessária à análise cinematográfica cedo se revelou ineficaz

face ao tempo que dispúnhamos. No entanto, não queremos deixar de assinalar que são

vários os testemunhos cinematográficos que demonstram a relevância da interação

professor e aluno nas escolas, daí que vários produtores a escolhem como argumento para

temas no âmbito da educação. A escolha dos filmes, como metodologia, constituí, assim,

um instrumento útil para compreender este processo, ao mesmo tempo que encontrasse

livre de entraves burocráticos, pode ser assistido a qualquer momento, além de poder ser

visto e revisto quantas vezes forem necessárias, num curto espaço de tempo.

Com a recolha destes breves apontamentos cinematográficos pretende-se procurar

um paralelismo entre situações que constituem enredo de filmes e aquela que foram

vividas ao longo dos 15 anos de atividade docente, ou seja, apesar de se partir do princípio

de que a fraca permanência em cada escola constitui um fator menos positivo, sustenta-

se, também, que muitas das experiências vividas são comuns, já foram vividas por outros,

constituem cenas que dão forma a momento cinematográficos. Por outro lado, pretende-

se examinar interações entre professores e alunos, representadas em filmes e salas de aula

de turmas de adolescentes.

A escolha do tema “interação professor e aluno” advém da curiosidade na

compreensão da influência da vivência escolar na construção da identidade dos

adolescentes e de que forma afeta a motivação e o processo ensino aprendizagem. Neste

sentido foi realizada uma breve revisão de literatura acerca da análise de filmes. Esta

metodologia propicia a análise de representações de interações que ocorrem nas salas de

aula de diferentes culturas, contextos sociais, realidades económicas e épocas.

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Esta lista foi elaborada a partir de uma recolha de filmes disponíveis na internet

em blogs de cinema, bem como outros já abordados em aulas/formação e/ou por

indicações de terceiros.

Assim, em síntese, é possível enunciar vários filmes onde a interação professor e

aluno está presente (quadro 3).

Filmes Ano / direção /

género

Descrição

To Sir, with

Love

1967 / Sidney

Poitier / drama

Numa má fase da vida um engenheiro desempregado aceita lecionar num

colégio em Londres, sendo confrontado com uma turma de alunos

problemáticos e desajustados socialmente. Após uma repreensão

pedagógica tradicional aos alunos, o professor decide analisar o perfil

dos mesmos concebendo estratégias alternativas para lidar com os

mesmos baseadas no ensino de valores e comportamentos, cumplicidade

e esperança. O mestre lentamente conquista a turma, cultivando o gosto

pela educação não formal. Quando recebe uma proposta de emprego na

sua área hesita…

Stand and

Deliver

1988/ Ramón

Menéndez/drama

O professor de matemática Jaime Escalante procura incutir regras numa

turma de alunos problemáticos em um bairro pobre de Los Angeles. Para

motivar os estudantes, na sua maioria de ascendência mexicana, o

professor decide apelar para sua própria herança cultural. Ou seja, nas

suas aulas faz alusão a latino-americanos famosos por seus feitos para

demonstrar a importância da aprendizagem na conquista da cidadania.

Dead Poets

Society

1989/Peter

Weir/drama

John Keating é um carismático professor de literatura inglesa, admitido

na academia Welton, um prestigiado colégio interno norte americano, na

década de 50, caraterizada por tradicionais práticas educativas. Com os

seus métodos educativos pouco convencionais, procura inspirar os

alunos a seguirem seus sonhos. Seguindo o lema “carpe diem” Keating

ensina os seus discípulos a opor-se, contestar e ser livres pensadores,

tudo em prol de uma vida extraordinária. O suicídio de um dos jovens

que não aguentou a pressão do pai vai abalar “o clube dos poetas mortos”

e obrigar à identificação de culpados. O professor é expulso da escola.

Lean On

Me

1989/ John G.

Avildsen / drama

Joe Clark é um diretor e professor arrogante e pouco ortodoxo que

assume a direção de um colégio onde tinha sido despedido como docente.

A instituição, que no passado era acolhedora, tinha-se tornado um

ambiente hostil, controlado por gangues, e local de consumo de drogas.

O perfil rígido de Clark foi a solução encontrada para recolocar a escola

nos eixos, mesmo que o efeito tenha de enfrentar arruaceiros e as

autoridades locais.

Dangerous

Minds

1995/ John N.

Smith/drama

Uma ex-oficial da marinha abandona a vida militar para realizar um

antigo sonho de ser professora de inglês. Começa a lecionar num colégio

de negros, latinos, e na maioria de pessoas pobres, tendo que enfrentar a

indisciplina e agressividade de alguns alunos. Através de métodos

convencionais não consegue motivar arranja outros métodos pouco

convencionais (aulas com karatê e músicas do Bob Dylan)

The

Emperor`s

Club

2002/ Michal

Hoffman / drama

A trama do filme centra-se em Hundert, um professor de História antiga

numa escola americana de tradição inglesa e Sedgewick Bell. um rapaz

rebelde, cínico e calculista, filho de um senador, obrigado pelo pai a

estudar. Hunder busca a mudança de carater do aluno mesmo que para

isso desonestamente, forje uma classificação no concurso Clube do

Imperador, desviando-se da sua retidão de caráter para tentar aproximar-

se do aluno e passar-lhe seus conceitos. Porem apercebesse que não

consegue mudar o caráter do aluno. Mais tarde Sedgewick repete o

campeonato na sua cidade e convida o professor e os seus antigos

colegas. Quando no decorrer do campeonato o ex aluno anuncia aos

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colegas que a sua candidatura ao senado no lugar de seu pai pedindo o

apoio de todos, Hundert apercebesse que Sedgewick continua desonesto.

Os dois discutem e durante a discussão o ex aluno compreende o ponto

de vista do seu mestre manifesta gratidão e vira as costas a seu pai.

Mona Lisa

Smile

2003/Mike

Newell/drama

romântico

O filme retrata o conservadorismo que focaliza a vida das mulheres nos

anos 50, cabendo-lhe unicamente o papel de esposa, mãe e dona de casa.

Katherine Watson, uma professora de história de arte chega à escola mais

conservadora dos E.U.A incentivando as alunas a novos papéis sociais :

“Eu não sabia que exigindo excelência eu estaria desafiando os papeis

para os quais vocês nasceram”. “Vamos abrir nossas mentes para ideias

novas”. A professora explicita, assim, uma das principais funções do

professor de toda e qualquer área: fazer o aluno pensar sobre sua época,

questionando-a. O filme é considerado o equivalente feminino de Deads

Poets Society.

Freedom

Writers

2007/ Richard La

Gravenese/drama

Erin Gruwell é uma professora que leciona num bairro periférico nos

E.U.A. a alunos muito problemáticos, com métodos pouco

convencionais e muita astúcia a professora lentamente conquista e ajuda

esses alunos.

Entre les

Murs

2008/Laurent

Cantet/drama

Quotidiano de uma escola dos subúrbios de Paris na qual um professor

de francês procura lecionar a um grupo de alunos entre 13 e 15 anos

composto por negros africanos, asiáticos latino-americanos e franceses,

ao mesmo tempo que ajam como uma turma homogénea.

Front of the

Class

2008/ Peter

Werner/drama

O filme, baseado em factos reais, conta a história de vida de Brad Cohen

que tem Síndrome de Tourette (distúrbio neurológico que faz com que o

corpo perca o controle e a pessoa com essa doença tem tiques nervosos).

Diagnosticado aos 6 anos, e contando com o apoio de sua mãe consegue

ter uma vida normal. Um diretor de o uma escola consegue a sua

integração e devido ao que passou com professores pouco

compreensivos decidiu o ser o professor que ele nunca tinha tido. Ele

adora ensinar o mais importante: que nada nunca o impediu de viver. A

personagem retratada no filme na vida real é casado com Nancy, tem um

mestrado e faz o que e faz o que adora: dar aulas.

Les

héritiers

2015/ Marie-

Castille Mention

Schaar/ comédia

dramática

Desrespeito, indisciplina, violência e falta de perspetivas. É com estas

condições que uma professora se depara, numa escola parisiense, com a

mais complicada e problemática das suas turmas.

Quadro 3- coletânea de filmes com temas escolares, nomeadamente interação professor e aluno.

Os filmes referenciados apresentam em comum o tema a educação escolar. A

maioria aborda a indisciplina e professores carismáticos que marcaram a diferença na

vida dos seus alunos. O método de interação e a didática utlizada com os alunos surtiu

efeitos na motivação, na aprendizagem (e nas suas vidas).

3.2.1-Filmes analisados: paralelismos profissionais.

O critério de seleção para abordagem do tema passou pela melhor caricatura das

salas de aula e personagem, no caso professor, que aplicou métodos de interação com os

alunos que contornaram a desmotivação dos alunos, assim como os que conseguiram

influenciar/modificar posturas e comportamentos dos alunos.

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De acordo com estes critérios referenciados os filmes escolhidos para análise

foram: Entre les murs 10 ; Freedom Writers 11e Dead Poets Society 12 .

Na pesquisa de situações do quotidiano docente, o filme Entre les murs é o eleito.

As imagens dão a sensação que a câmara está “escondida” dentro das escolas, isto é, dá

lugar a uma recriação quase autêntica de momentos do quotidiano escolar.

O filme desenrola-se demonstrando a interação de um professor de Francês com

uma turma de adolescentes. Nesta escola, os alunos são de etnias diferentes e, por diversas

vezes, entram em conflito. Contudo, remetendo para o tema, o filme não tem o enfoque

nesses conflitos, mas sim na interação do professor com seus alunos. No quadro seguinte

surge as atitudes dos alunos presentes no filme e a reação do professor aos mesmos, numa

perspetiva de comportamento gera comportamento:

Comportamento dos

alunos

Comportamento do professor

Preguiça intelectual Insiste e persiste na mudança de hábitos, paciência,

preocupação, questionador.

Risadas Chamada de atenção, diálogo, postura reservada, paciência.

Conversas paralelas Chamada de atenção, diálogo, paciência, questionador.

Desafiam professor Paciência, diálogo.

Brigas com

agressões

Persiste no diálogo e mudança de postura, medidas corretivas.

Quadro 4 : interação professor aluno no filme Entre Les Murs

Através da análise do quadro 4 há uma identificação com o dia a dia da profissão

docente e identificam-se as posturas dos alunos no filme com várias vivenciadas ao longo

do percurso profissional. O professor de francês no filme não teve de todo tarefa

facilitada, mesmo adotando a postura de um professor com capacidade de liderança,

tentando a todo custo homogeneizar a turma, e preocupado em ensinar.

10 Trailler do filme Entre Les Murs [Em linha]. [Consultado a 14 de fevereiro 2016]. Disponível em WWW: <URL

https://www.youtube.com/watch?v=lq5qNzm3w-U

11 Trailler do filme Freedom Writers [Em linha]. [Consultado a 15 de fevereiro 2016]. Disponível em WWW: <URL

https://www.youtube.com/watch?v=xkEr2SDknLY

12 Trailler do filme Dead Poets Society [Em linha]. [Consultado a 5 de janeiro 2016]. Disponível em WWW: <URL

https://www.youtube.com/watch?v=D_2stTo2GTM

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Na escola básica de santo António, no concelho do Funchal no 2ºano de

experiência profissional, na turma E, do sétimo ano foi a escola onde pela primeira vez

vivenciou situações como a do filme Entre le Murs. As atitudes de desafio extremo (rasgar

testes, uso do calão) permanente das alunas da turma, numa fase precoce da carreira, foi

decisivo para lidar com situações com outros alunos problemáticos. Essa experiência

transformou a forma de ver, sentir e atuar em situações de indisciplina adquirindo mais

assertividade, astúcia, resiliência e pulso firme. O tom de voz usado, hoje em dia,

oscilando a leveza com a firmeza, a comunicação verbal e não verbal foi adquirida em

situações adversas como o vivenciado pelo professor de francês do filme analisado.

Curiosamente, uma grande parte dos filmes encontrados versam a questão da

indisciplina enquanto flagelo da escola, e quase sempre classificados na categoria drama.

O filme Freedom Writers é, em nossa opinião, um dos expoentes máximos nesse sentido,

com a mais valia de demonstrar a importância do comportamento do professor na

mudança de atitude nos alunos.

Baseado em factos reais tem o seu palco em Los Angeles, Califórnia (EUA) em

1992. O enredo envolve a história de uma professora de literatura inglesa colocada em

uma escola corrompida pela violência e tensão racial, que ao deparar-se com alunos de

várias etnias, pertencentes a gangues, sem perspetivas de futuro, luta para que a sala de

aula faça a diferença na vida dos seus alunos criados no meio de tiroteios e de

agressividade, através de estratégias para conquistar a adesão dos alunos às atividades

escolares.

O filme Freedom Writers tem a duração de 1 hora e 48 minutos, contudo para a

sua análise foram necessárias mais horas de visualização para proceder à seleção dos

trechos para análise e a anotações pertinentes: trechos do filme referentes aos diários dos

alunos, falas de professores e alunos relevantes na interação professor e aluno e contexto

em que foram inseridas, assim como análise das ações da Professora Gruwell e dos alunos

da sala 203 através de anotações.

Estas anotações têm ordem cronológica pois numa fase inicial observamos alunos

agressivos, sem perspetivas de futuro. Posteriormente, resultado das estratégias utilizadas

pela professora para aumentar o envolvimento dos alunos nas tarefas escolares,

transforma-se num grupo cooperativo, com metas e objetivos. Ou seja, é clara a mudança

causada por Gruwell na interação com os seus alunos ao abrir mão de uma educação

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tradicional optando por novas metodologias que podem transformar o jovem,

promovendo a educação moral e consequentemente o respeito mútuo e uma nova relação

baseada na confiança que consequentemente promove a motivação para a aprendizagem

e o sucesso educativo. Os alunos ao sentirem-se valorizados pelas atitudes da professora,

geram bons sentimentos em relação à mesma o que motiva a mudança de comportamento

(quadro 5).

Estratégias utilizadas pela professora Reação dos alunos

1ªfase: sempre sorridente, gentil e cordial 1ªfase: agressivos, hostis, trocam insultos,

ignoram a professora.

2ªfase: Enfrenta os alunos e aborda um

assunto do seu interesse :gangues.

2ºfase: ficam interessados, mas

menosprezam a preocupação da professora.

3ª fase: utiliza a dimensão comunicativa

como resolução dos conflitos (escrita,

conversa e reflexão).

3ªfase: expressam suas perspetivas,

iniciasse um processo de

diálogo/comunicação.

4ªfase: “Jogo da linha” como forma de

descentralizar o aluno.

4ªfase: os alunos entendem os problemas

comuns inerentes à violência de gangues e

a preocupação da professora, desenvolve-se

a reciprocidade e não mais a violência.

5ªfase: atividades de perceção de outras

realidades (visita ao Centro Simon

Wiesenthal, ao Museu de Tolerância Beit

Hashoah e o jantar com os sobreviventes

do holocausto).

5ªfase: alunos libertam-se de seu egoísmo

individual e percebem que, tal como outras

pessoas são vitimas de egoísmo maior, não

se devendo revoltar, mas sim transformar

suas atitudes para minimizar os seus

efeitos, construindo uma vida.

6ªfase: escrita de diários. 6ºfase: reflexão através da escrita, alunos

“verbalizam os seus conflitos.

Quadro 5- análise das alterações comportamentais dos alunos resultantes da interação da professora no filme

Freedom Writers.

Várias são as cenas do filme que podem ser adotadas na compreensão na interação

professor aluno e que fazem toda a diferença nas salas de aula13. Por exemplo, numa das

13 Cena que marca diferença na interação professor aluno no filme Freedom Writers [Em linha]. [Consultado a 15 de fevereiro 2016].

Disponível em WWW: <URL https://www.youtube.com/watch?v=V6i4HXEBaB4

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cenas todos os alunos deixam seus diários no armário, visto que a docente permitiu que

eles decidissem se ela poderia ler ou não os diários, porque se sentiram valorizados pelas

atitudes de Gruwell, o que gerou bons sentimentos em relação à professora e os motivou

a mudarem. Dessa forma, os aspetos afetivos agem como motor das ações dos alunos e

da professora.

A experiência no agrupamento de escolas de Miguel Torga, no concelho da

Amadora e no agrupamento de escolas do Cerco foram as escolas com paralelismo mais

direta com as retratadas no filme. Os alunos numa primeira fase testaram os limites, sendo

lentamente conquistados através da compreensão da preocupação do professor e

paralelamente da coresponsabilização do aluno, não os considerando uma vitima social,

mas sim alguém com um papel fundamental e único na mudança do seu rumo de vida.

No quadro 6 consta algumas das reações dos alunos nestes contextos e suas

mudanças com a interação.

Paralelismo no percurso profissional Reação/mudanças dos alunos

1ªfase: postura de análise do grupo/turma,

ausência de elo com alunos.

1ªfase: agressivos, hostis, trocam insultos,

ignoram a professora, falam em tom alto e

agressivo.

2ªfase: enfrenta o(s) aluno(s) com

comportamentos desviantes, através do

diálogo.

2ºfase: percebem-se na firmeza e

acalmam-se temporariamente.

3ª fase: utiliza a dimensão comunicativa

como resolução dos conflitos.

3ªfase: alguns alunos continuam com

comportamentos desviantes.

4ªfase: conversa com aluno final da aula,

sem plateia e/ou convida a sair da sala em

caso de abuso.

4ªfase: aluno (s) começa a perceber a

gravidade dos atos e as consequências.

5ªfase: utiliza a dimensão comunicativa, a

maioria dos alunos sente a empatia.

5ªfase: alunos sentem-se a vontade no

espaço aula e mais motivados, travam-se a

maioria dos problemas disciplinares.

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6ªfase: utiliza a dimensão comunicativa, o

espaço aula na maioria das escolas

transformasse num espaço agradável de

aprendizagem.

6ºfase: alunos, regra geral, apreciam a aula

e os resultados escolares são satisfatórios.

Quadro 6 –Evolução da reação de alunos indisciplinados mediante a interação da autora.

O terceiro e último filme selecionado foi o Dead Poets Society(1989), por motivos

divergentes dos anteriores. Em Dead Poets Society os alunos de um colégio privado

seguem uma educação tradicional e uma disciplina rígida, que impede a liberdade de

pensamento dos alunos. As aulas do professor Keating de literatura, tem a tarefa de

impulsionar os alunos a seguir os seus sonhos, desafiando todo um sistema em prol de

uma vida extraordinária. Os alunos entusiasmados com o lema “carpe diem” proclamado

pelo professor, ganham coragem para experimentar desafios e experiências que nunca

antes ousariam enfrentar, seguindo os seus sonhos e rompendo com o socialmente

estabelecido.

Esta bíblia cinematográfica da educação é uma escolha obrigatória e que já tem

presença nas salas de aula de algumas disciplinas despertando o interesse em qualquer

professor e no sistema educacional em geral.

A análise remete para duas questões:

Como podemos inspirar os nossos alunos e caminhar paralelamente ao

lado de planificações, programas pré-estabelecidos e órgãos de direção

muitas vezes inflexíveis?

De que forma a minha experiência profissional permite ter uma visão

crítica e interventiva, salvaguardando os interesses educativos dos

alunos, impulsionando a sua motivação?

As respostas a estas questões estão de alguma maneira incorporadas no filme. O

professor Keating astuto e visionário muda as vidas dos seus alunos, contudo um aluno

suicidasse ao tomar consciência dos entraves à sua vocação por parte da figura paterna.

Quanto ao professor é despedido e a escola volta à normalidade. Ou seja, ao despertarmos

a consciência dos nossos alunos, indo de alguma forma contra as orientações curriculares

rígidas não estaremos a comprometer a nossa atividade profissional? Afinal de contas

qual a liberdade de ação de um professor?

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Equiparando ao professor Keating que influenciou os alunos a rasgarem páginas

do livro de literatura, se ordenasse os alunos a rasgar o livro de geografia segundo a

premissa que a Geografia tem lugar em trabalho de campo, quais seriam as

consequências? O filme inspira alunos e professores, ensinando a pensar e agir e/ou

semeia utopias?

Em suma, a análise cinematográfica permite concluir a importância atribuída ao

argumento indisciplina nas escolas e à interação professor e aluno. A motivação para a

aprendizagem não surge, regra geral espontaneamente, com alunos indisciplinados

adquire dificuldades acrescidas.

Segundo a análise cinematográfica e a visão empírica sobre o tema interação

professor e aluno é da relação baseada no respeito, compreensão, responsabilização e

noção de liderança que nasce a motivação e a consequente melhoria dos resultados

escolares.

Por outro lado, o filme Dead Poets Society remete para sistemas de educação

rígidos caraterizados por resultados de excelência onde os sonhos profissionais dos alunos

não têm lugar, as áreas de interesse e profissões a seguir são, na maioria dos casos

destinadas pelos progenitores. Motivações e aspirações são relativas. O papel de interação

professor e aluno é facilitado por uma motivação para os resultados, mas nem sempre

para a realização.

3.4- Questionário de interação do professor.

A complexidade da abordagem anterior justifica a aplicação de um questionário

de opinião da interação do professor, elaborado tendo por base a pesquisa de outras

investigações que também tiveram no seu enfoque na interação professor e alunos.

Levando em linha de conta os apontamentos sobre o tema referenciados, assim como

os quinze anos de experiencia profissional na área verifica-se que a interação professor-

aluno relacionasse com vários aspetos da sala de aula, entre as quais a motivação para a

realização, condicionando as aprendizagens e consequentemente o sucesso/insucesso

escolar, sendo que a realização dos alunos depende dos professores que têm ao longo da

sua vida académica.

Desta forma, diante da perspetiva apresentada, torna-se necessário um estudo mais

aprofundado sobre o tema, já que a relação afetiva proporciona um amplo

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71

desenvolvimento, promovendo a construção e a transformação do ser humano. Esta

desenvolve-se com recurso a uma metodologia que utiliza a análise de dados de

questionário, logo de natureza quantitativa, tendo em conta que ”...o ambiente de

aprendizagem influencia a aquisição de conteúdos pelos discentes e as recentes pesquisas,

principalmente as que utilizam questionários que auxiliam na verificação dos ambientes,

têm ajudado a avaliar e melhorar a dinâmica da sala de aula (FRASER, 2002)”.

Os dados são interpretados à luz do enquadramento teórico e do percurso

profissional, espelhando uma natureza descritiva e/ou qualitativa do ponto de vista de que

o que é medido é uma qualidade.

A realização deste estudo teve, ainda como fundamento a inexistência de estudos

que relacionem a perceção da interação professor-aluno com a sua motivação para a

realização, e estas duas variáveis com o sucesso escolar dos alunos.

Neste enquadramento aplicou-se o Questionário de Interação do Professor,

elaborado tendo por base o recurso à pesquisa de outras investigações que também

tiveram no seu enfoque a interação professor e aluno. Neste sentido, uma das referências

encontradas foi o Questionário de Interação do Professor (Q.I.P) (original de Wubbels,

Creton & Hooymayers, 1985, adaptado à população portuguesa por Azevedo, Dias,

Guimarães, Lima, Salgado, Barbosa, Fonte, Wubbels, & den Brok, 2010).

Este questionário tornava-se bastante extenso (60 questões), para além aplicasse

ao desempenho específico de um professor em determinada aula, ou seja, contempla o

trabalho de um professor que esteja a lecionar com determinado grupo/turma em

determinado momento, a motivação conseguida nos discentes e o consequente sucesso

nas aprendizagens. Desta forma, constituiu apenas uma referência tendo em conta que

este estudo é uma analise descritiva correlacionada com o percurso académico e não um

estudo especifico do sucesso na disciplina de Geografia correlacionado com a interação

estabelecida com os alunos.

Contudo a base de elaboração do questionário aplicado no presente estudo teve por

referência a descrição e itens presentes para cada escala no Q.I.P. Este contempla duas

dimensões (influência e proximidade) que originam oito subescalas relacionadas aos oito

tipos de perfil da interação do professor (liderança; apoio; compreensão;

responsabilidade/liberdade dos alunos; insegurança; insatisfação; repreensão e rigor)

onde os comportamentos são detalhados de acordo com o perfil do professor, sendo que

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72

alguns itens presentes no questionário elaborado ilustram a correspondência entre os

perfis, como ilustra a tabela 1. e o consequente inquérito elaborado (anexo 1).

Tabela 1-

Descrição e exemplos de itens para cada escala no QIP (KHINE; ATPUTHASAMY, 2005, p. 4).

Escala Descrição Item

Liderança Medida em que o professor fornece a

liderança para a classe e prende a

atenção do estudante.

Este professor explica

as coisas claramente.

Ajuda/Amizade Medida em que o professor é amigável

e útil aos estudantes.

Este professor é

amigável.

Entendimento Medida em que o professor demonstra

preocupação/compreensão/ cuidado

aos estudantes.

Se não

concordarmos com este

professor, podemos

falar sobre isso.

Responsabilidade/

Liberdade do

Estudante

Medida em que os alunos recebem

oportunidades para assumir

responsabilidades por suas próprias

atividades.

Nós podemos

influenciar este

professor.

Incerteza Medida em que o professor exibe sua

incerteza.

É fácil gozar com o

professor.

Insatisfação Medida em que o professor mostra

infelicidade / insatisfação com o aluno.

O professor acha que

não sabemos nada.

Repreensão Medida em que o professor mostra um

temperamento de raiva / impaciência na

sala de aula.

O professor é

impaciente

Severidade Medida em que professor é rigoroso e

exigente com os alunos.

Temos medo do

professor.

Foi aplicado numa amostra a 100 antigos alunos, a maioria dos quais em final do

ensino básico e ensino secundário, pelo facto de que os estudantes do ensino secundário,

a par dos estudantes do final do ensino básico, serem capazes de fornecer avaliações do

comportamento docente que são suficientemente estáveis, confiáveis e válidas para a

avaliação do comportamento do professor.

O principal objetivo do estudo é analisar como a perceção da interação professor-

aluno influencia a motivação para a aprendizagem e o consequente sucesso escolar.

Com base neste objetivo, traçaram-se os seguintes objetivos específicos:

3. Caraterizar as perceções dos alunos acerca da interação professor-aluno, através

do Questionário de Interação do Professor: chave da motivação e do sucesso da

aprendizagem.

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4. Estudar a relação entre a perceção da interação professor-aluno e a motivação para

a realização.

E delinearam-se as seguintes hipóteses:

Hipótese 1- Existe relação significativa entre as perceções dos alunos sobre a

interação professor-aluno e a motivação para a realização.

Hipótese 2- Existe relação significativa entre as perceções dos alunos sobre a

interação professor-aluno e o sucesso escolar.

Hipóteses 3: Professores Apoiantes, Liderantes, Compreensivos, Liberais,

Rigorosos tendem a ser percecionados como orientando os alunos para objetivos

orientados para a motivação e sucesso escolar.

Hipótese 4: Professores repressivos, rigorosos, Insatisfeitos e Inseguros tendem a

ser percecionados pelos alunos como conduzindo à desmotivação e consequentemente

piores resultados escolares.

A recolha dos dados foi realizada durante o mês de agosto e setembro de 2016 via

correio eletrónico, redes sociais e preenchimento manual a antigos alunos, sendo os dados

confidenciais. Para a recolha dos dados foram selecionados alunos das escolas onde

lecionou, seguindo o processo de conveniência e proximidade geográfica.

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74

3.4.1- Caraterização da amostra

A amostra é constituída por 100 antigos alunos, sendo que 74 inquiridos (74%)

pertencem ao sexo feminino e 26 (26%) ao sexo masculino, sobressaindo um valor

claramente mais elevado no que se refere ao sexo feminino (gráfico 1). Uma aluna

frequenta o 7ºano de escolaridade, 5 alunos o 8ºano de escolaridade, 5 o 10º e 5 o 11º ano

de escolaridade, 11 alunos o 12ºanoº e a maioria dos inquiridos o 9ºano (48%) e o ensino

superior (25%), conforme se pode observar no quadro 1. A maioria dos inquiridos tem

entre 14-15 anos (47%) e apenas 3% entre 12-13 anos conforme consta no gráfico 1 e

quadro 6.

Gráfico 1- caracterização da amostra por idade e sexo

Quadro 7. Distribuição dos alunos em função do género e do ano de escolaridade.

Ano de escolaridade

7º 8º 9º 10º 11º 12º E.S. Total Percentagem

Masculino - 2 10 0 1 6 7 26 26%

Feminino 1 3 38 5 4 5 18 74 74%

Total 1 5 48 5 5 11 25 100 100%

Percentagem 1% 5% 48% 5% 5% 11% 25% 100% 100%

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75

Quadro 8- Distribuição dos alunos em função da idade e do ano de escolaridade.

Ano

escolaridade

IDADE

12-13 14-15 16-17 18-19 >20 Total Percentagem

7º 1 0 0 0 0 1 1%

8º 2 3 0 0 0 5 5%

9º 0 47 1 0 0 48 48%

10º 0 1 4 0 0 5 5%

11º 0 0 4 0 1 5 5%

12º 0 o 5 6 0 11 11%

E.S. 0 0 0 10 15 25 25%

Total 1 48 14 16 16 100 100%

Percentagem 3% 51% 14% 16% 16% 100% 100%

3.4.2- Respostas ao questionário de opinião.

No que se refere à avaliação da perceção da interação Professor-Aluno, foi

administrado o Questionário de Interação do professor.

Aplicou-se, após as questões que permitem caraterizar a amostra (sexo, idade, ano

de escolaridade), 11 itens avaliados segundo uma escala Likert de 1 a 5 (de concordo

completamente a discordo completamente). Os itens em estudo pretendem avaliar fatores

como Liderança, Entendimento, a Responsabilidade/Liberdade do Estudante, a Incerteza,

a Insatisfação, a Repreensão e a Severidade, do professor, sendo para cada um destes itens

surge(m) afirmação(ões) que pretendem avaliar a concordância/ discordância do aluno

relativamente à importância destes fatores nas aprendizagens.

As afirmações Quando o professor explica a matéria de forma clara sentes-te

mais motivado, Quando o professor explica a matéria de forma clara aprendes melhor e

Tens melhores resultados nas disciplinas nas disciplinas em que o professor explica a

matéria de forma clara visam medir a capacidade de liderança e clareza do professor.

Nestas a maioria dos alunos, em todos os anos de escolaridade, concordam

totalmente que se sentem mais motivados (gráfico 2), aprendem melhor (gráfico 3) e

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consequentemente têm melhores resultados escolares quando o professor explica a

matéria de forma clara (gráfico 4).

Gráfico 2.

Gráfico 3.

Gráfico 4

05

101520

Co

nco

rdo

Co

nco

rdo

tota

lmen

te

Co

nco

rdo

Co

nco

rdo

tota

lmen

te

Co

nco

rdo

Co

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tota

lmen

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Co

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Co

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lmen

te

Co

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Co

nco

rdo

tota

lmen

te

Co

nco

rdo

Co

nco

rdo

tota

lmen

te

Co

nco

rdo

10ºano 11ºano 12ºano 7ºano 8ºano 9ºano EnsinoSuperior

Outro

Quando o professor explica a matéria de forma clara

aprendes melhor.

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Relativamente ao item de entendimento com os alunos, estes sentem-se mais

motivados nas disciplinas em que o professor demonstra preocupação/compreensão pelos

estudantes, conforme ilustra o gráfico 5.

Gráfico 5

No que diz respeito ao item ajuda/amizade os alunos também demonstram mais

motivação nas disciplinas em que o professor se demonstra mais “amigável” (34%

concordam totalmente e 58% concordam), conforme plasmado no gráfico 6.

Gráfico 6

Quanto à afirmação ao nível da responsabilidade/Liberdade do Estudante colocou-

se a questão da relevância do professor encaminhar o aluno a assumir as suas

responsabilidades, ao que a maioria dos alunos afirmou concordar (52%) e quase metade

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(44%) concordar totalmente (gráfico 7) com a importância da coresponsabilização do

aluno nas suas aprendizagens.

Gráfico 7

Relativamente à forma como o professor “conduz” a aula, demonstrando

segurança e domínio dos conteúdos, 97% dos alunos deram respostas afirmativas (62%

concordam totalmente e 35% concordam) conforme podemos observar no gráfico 8.

Gráfico 8

A disponibilidade de um professor ao invés da demonstração da insatisfação,

segundo os alunos inquiridos é um fator que condiciona, claramente, o sucesso escolar,

sendo que 53% dos inquiridos concordam totalmente e 40% concordam que nas

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disciplinas em que os professores estão sempre disponíveis a explicar as dúvidas dos

alunos o sucesso escolar é maior, conforme consta no gráfico seguinte.

Gráfico 9

Relativamente a itens de repreensão espelhado na afirmação “Nas disciplinas em

que o professor fica zangado inesperadamente consegues resultados escolares

satisfatórios” os alunos têm respostas díspares, 35 % abstêm-se não concordando nem

discordando, 22% concordam e 30% discordam, existem ainda 9% que discordam

totalmente e os restantes 4% concordam totalmente. Não existindo uma relação de causa

efeito entre esta caraterística da interação do professor e os resultados escolares nesta

amostra (gráfico 10).

Gráfico 10

Relativamente a itens que relacionam o rigor e severidade do docente com os

resultados escolares, a maioria (58%) concordaram/concordaram totalmente que a

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exigência esta relacionada com o sucesso escolar ao passo que 68% dos inquiridos

discordam/discordam totalmente que um professor severo conduza a um maior sucesso

escolar (gráfico 11 e 12).

Gráfico 11

Gráfico 12

3.4.3- Interpretação dos resultados do inquérito.

Pelos dados obtidos, foi possível aferir a perceção que os alunos têm da interação

do professor na sala de aula, afetando e influenciando a motivação dos alunos para a

realização e consequentemente para o seu sucesso académico.

No que se refere à influência da influência do comportamento dos professores nos

resultados escolares, os alunos manifestam que a motivação e o sucesso académico são

maiores nos itens de Liderança, Apoio, Responsabilidade/Liberdade e Compreensão por

parte do docente. Por outro lado, são menores nos itens relacionados com Insegurança,

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Insatisfação e Rigor. Relativamente ao item de repreensão não existem resultados

conclusivos, o que de forma empírica pode estar associado à indisciplina, ou seja, como

os alunos, regra geral são conscientes que, por vezes são incumpridores das regras de

funcionamento da sala de aula não associam o “zangar inesperadamente” presente na

afirmação a algo inesperado, mas sim resultado da sua postura dos , não estabelecendo

uma relação de causa/efeito entre a motivação/aprendizagem/sucesso escolar.

Relativamente às hipóteses inicialmente traçadas confirma-se a H1, H2 e H3 e

parcialmente a 4, ou seja, existe relação significativa entre as perceções dos alunos sobre

a interação professor-aluno e a motivação para a realização e o sucesso escolar. Os

professores Apoiantes, Liderantes, Compreensivos e Liberais/Responsáveis tendem a ser

percecionados como orientando os alunos para objetivos orientados para a motivação e

sucesso escolar. Por outro lado, professores Severos, Insatisfeitos e Inseguros tendem a

ser percecionados pelos alunos como conduzindo à desmotivação e consequentemente

resultados escolares pouco satisfatórios. Nas afirmações do questionário “Tens melhores

resultados escolares nas disciplinas em que o professor é exigente” e “Tens melhores

resultados escolares nas disciplinas em que o professor é severo”, os alunos

distinguiram, e muito bem o conceito de severo e exigente apontando o primeiro como

um entrave para o sucesso das aprendizagens e o segundo como um impulso, confirmando

parcialmente a 3ºhipótese.

Como linhas de orientação futura seria pertinente a aplicação do inquérito na sua

totalidade, a aulas e professores de geografia, com uma amostra maior e mais

diversificada. Esta necessidade prendesse pela importância atribuída ao estudo no sentido

de conceber quais os fatores que condicionam as aprendizagens. Estudos deste género

contribuem para atenuar o insucesso escolar e dariam um importante contributo ao

sistema educativo, à didática, as ciências da educação, à psicologia e a todos os ramos

relacionados com a pedagogia. Travar o insucesso e abandono escolar é o principal

objetivo da educação, não passaria a solução por perceber o que está na sua origem?

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4.Considerações finais

A elaboração do presente Rafprof conduziu a um positivo balanço da diversidade

de experiências obtidas, em diferentes realidades escolares. A instabilidade profissional,

o concurso de pessoal docente, as condições adversas de alguns contextos educativos

(organização da escola em agrupamento de escolas; a sistemática mudança de órgãos

diretivos e as constantes e profundas alterações da legislação em vigor), levaram a

questionar a atuação como docente.

A principal dificuldade encontrada ao longo destes anos paralelamente à

instabilidade profissional foi a de manter elevados índices de motivação nos alunos e

travar a indisciplina, flagelo global nas escolas, nomeadamente em Territórios de

Intervenção Prioritária (TEIP). E também um esforço de adaptação acrescido ao lecionar

no primeiro ciclo de escolaridade, no grupo de recrutamento 910 (Educação Especial),

uma vez que toda a sua formação inicial é direcionada a alunos de outra faixa etária.

Ao fim de 15 anos de serviço, apesar das contrariedades, o balanço é claramente

positivo e enriquecedor. O orgulho e realização na prática profissional está presente e

projetado através dos seus (ex) alunos e formandos, nomeadamente quando o seu

desenvolvimento aponta para pessoas autónomas, criativas, responsáveis e com espírito

de cidadania. Ensinar é um ato de altruísmo, de preocupação com os filhos dos outros,

ensinar geografia é orientar na compreensão do mundo.

Como docente a projeção vai ao encontro de incorporar um corpo docente

dinâmico e estável com experiências profissionais ricas, uma oferta de escola variada, e

um grupo disciplinar que contribua para o constante aperfeiçoamento das práticas letivas.

De acordo com o documento orientador para a elaboração do Relatório de

Atividade Profissional (RAProf) aprovado pela direção do Mestrado em Ensino de

Geografia (MEG) a 18 de novembro de 2015, um dos objetivos passa pela apresentação

de um tema que verse a prática profissional, seja através da avaliação de situações

ocorridas e/ou mais centrado em reflexões em torno de problemáticas profissionais.

Neste enquadramento foi escolhido o tema A interação professor aluno e a

aprendizagem.

Procedeu-se ao enquadramento teórico no capítulo III fragmentado por tópicos

onde surge o conceito de interação professor e alunos e os modelos de sistema de

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comunicação e, por último, fez-se uma breve análise através do Modelo Interpessoal do

Comportamento do Professor.

O estudo empírico do tema passou pela seleção de enredo de filmes que

demonstram a relevância da interação professor e aluno nas escolas e consequentes

paralelismos entre situações vividas ao longo dos 15 anos de atividade docente. Os

enredos cinematográficos permitiram aferir a importância da interação professor e aluno

sobre essencialmente dois pontos de vista: indisciplina e libre arbítrio. O primeiro

associado a um público alvo rebelde, onde a motivação para a aprendizagem é inexistente,

o segundo aliado a um ensino tradicional e convencional, onde os alunos têm pré

destinado, pela sociedade e progenitores, o seu percurso profissional. A análise

cinematográfica e a experiência profissional permitiram concluir que a interação

professor e aluno baseada no respeito, compreensão, responsabilização e noção de

liderança amadurece a motivação para a aprendizagem e a consequente melhoria dos

resultados escolares.

A complexidade e subjetividade da abordagem anterior exigiu a aplicação do

Questionário de Interação do Professor a antigos alunos, elaborado tendo por base a

pesquisa de outras investigações que também tiveram no seu enfoque a interação

professor e alunos.

Os oito perfis selecionados de interação do professor definidos no questionário

pretendiam avaliar a capacidade de Liderança o Entendimento, a

Responsabilidade/Liberdade do Estudante, a Incerteza, a Insatisfação, a Repreensão e a

Severidade, do professor, sendo que para cada um destes itens surge(m) afirmações que

mostram a concordância/ discordância do aluno relativamente à importância destes

fatores nas aprendizagens.

A sua aplicação a 100 antigos alunos de diferentes idades e anos de escolaridade,

nomeadamente em fins de ciclo, permitiu avaliar a importância da interação do professor

na motivação e na aprendizagem.

A análise das respostas às afirmações permitiu concluir que a motivação e o

sucesso académico são maiores nos itens de Liderança, Apoio,

Responsabilidade/Liberdade e Compreensão por parte do docente. Por outro lado, são

menores nos itens relacionados com Insegurança, Insatisfação e Rigor. Não existem

resultados conclusivos relativamente ao item de repreensão, o que pode hipoteticamente

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estar associado à consciência da ausência de cumprimento de regras por parte dos alunos,

isto é, estes não associaram o “zangar inesperadamente” presente na afirmação a algo

inesperado, mas sim a uma reação natural do professor à irreverência do aluno, não

estabelecendo uma relação de causa/efeito entre esta ação e a

motivação/aprendizagem/sucesso escolar.

Desta forma, confirmaram-se as hipóteses inicialmente traçadas -H1, H2 e H3- e

parcialmente a 4, isto é, existe relação significativa entre as perceções dos alunos sobre a

interação professor-aluno e a motivação para a realização e o sucesso escolar. Os

professores Apoiantes, Liderantes, Compreensivos e Liberais/Responsáveis são

percecionados como orientando os alunos para objetivos orientados para a motivação e

sucesso escolar. Pelo contrário, regra geral, os professores Severos, Insatisfeitos e

Inseguros tendem a ser percecionados pelos alunos como conduzindo à desmotivação e

consequentemente insucesso escolar.

Como linhas de orientação futura um estudo cinematográfico mais exaustivo,

assim como a aplicação de questionários deste género, a amostras de maior dimensão, são

metodologias que permitiam aprofundar este importante fator da aprendizagem.

A abordagem do tema em estudo através de paralelismos cinematográficos da

experiência profissional e a aplicação do inquérito de opinião a 100 antigos alunos,

permitiu concluir a perceção da experiência empírica de quinze anos de profissão docente,

isto é, os resultados remetem para a importância da interação professor e aluno na

motivação e no sucesso escolar.

O tema deste relatório foi importante e alerta para a importância da reflexão

constante sobre as nossas práticas docentes e para a pertinência da didática na educação

como um instrumento de procura de soluções para os problemas existentes nas nossas

salas de aulas. É necessário fazer um trabalho diferente, para escolas e alunos diferentes,

investindo, sempre, na atualização e na diversidade das práticas pedagógicas.

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ANEXOS

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Anexo 1

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Questionário de interação do professor (QIP)

Este inquérito de opinião insere-se no âmbito do Mestrado em Ensino da

Geografia (MEG) no 3ºciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário, da Faculdade de

Letras da Universidade do Porto, pelo que os dados recolhidos são utilizados apenas para

fins académicos. O objetivo é perceber de que forma a interação professor e aluno

condiciona a motivação dos estudantes e a consequente aprendizagem e sucesso escolar.

* Obrigatório

1. Sexo *

o Feminino

o Masculino

2. Idade *

o 12-13 anos

o 14-15 anos

o 16-17 anos

o 18-19 anos

o >20 anos

3. Ano de escolaridade *

o 7ºano

o 8ºano

o 9ºano

o 10ºano

o 11ºano

o 12ºano

o Ensino Superior

o Outro

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94

4. Quando o (s) professor(es) explica(m) a matéria de forma clara sentes-te mais

motivado. *

o Concordo totalmente

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Discordo totalmente

5. Quando o (s) professor(es) explica(m) a matéria de forma clara aprendes

melhor. *

o Concordo totalmente

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Discordo totalmente

6.Tens melhores resultados escolares nas disciplinas em que o professor explica a

matéria de forma clara. *

o Concordo totalmente

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Discordo totalmente

7. Sentes-te mais motivado nas disciplinas em que o professor demonstra

preocupação/compreensão pelos alunos. *

o Concordo totalmente

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Discordo totalmente

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8-Sentes-te mais motivado nas disciplinas em que o professor é mais "amigável". *

o Concordo totalmente

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Discordo totalmente

9. É importante o professor encaminhar-te para assumires as responsabilidades

pelas tuas aprendizagens. *

o Concordo totalmente

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Discordo totalmente

10. Consideras importante o professor demonstrar segurança/certeza a transmitir

os conteúdos. *

o Concordo totalmente

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Discordo totalmente

11. Nas disciplinas em que os professores estão disponíveis para explicar a matéria

sempre que tens dúvidas tens mais sucesso escolar. *

o Concordo totalmente

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Discordo totalmente

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12. Nas disciplinas em que o professor fica zangado inesperadamente consegues

resultados escolares satisfatórios. *

o Concordo totalmente

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Discordo totalmente

13. Tens melhores resultados escolares nas disciplinas em que o professor é

exigente. *

o Concordo totalmente

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Discordo totalmente

14. Tens melhores resultados escolares nas disciplinas em que o professor é

severo.*

o Concordo totalmente

o Concordo

o Não concordo nem discordo

o Discordo

o Discordo totalmente