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A INTERDEPENDÊNCIA E O CRIME ORGANIZADO
Gabriela Araujo Sandroni1
RESUMO: A diminuição do tempo e do espaço proporcionado pela Globalização em conjunto com o advento do avanço da tecnologia facilitaram o mercado paralelo controlado pelo crime organizado transnacional. Não obstante, observa-se que a economia legal e a economia paralela mundial acabaram por se tornarem extremamente dependentes. Assim, devido a enorme corrupção do sistema, criou-se uma interdependência de diversos atores, facilitada, portanto, pelo atual estágio da Globalização. Destarte, este artigo pretende abordar alguns aspectos desta interdependência e do crime organizado transnacional no Sistema Internacional. A nossa pesquisa baseia-se em análise bibliográfica.
PALAVRAS-CHAVE: Globalização, crime organizado, interdependência.
1 Universidade do Minho, [email protected], Mestre em Estudos Internacionais pela
Universidad del País Vasco.
2
A Globalização facilitou não somente o comércio legal, mas também o
comércio ilícito. A facilidade do deslocamento de pessoas e mercadorias devido ao
afrouxamento das fronteiras contribuiu de maneira relevante para o crescimento das
atividades ilícitas efetuada pelo crime organizado. Além disso, o avanço da tecnologia
foi outro fator importante para a Globalização do crime. Assim, com o fim da URSS, já
era possível a máfia russa negociar submarinos com traficantes colombianos. Neste
cenário, surgiu uma determinada dependência do crime organizado com a atual
realidade mundial imposta pela Globalização; em outras palavras, nesta nova etapa,
criou-se uma interdependência de diversos atores no Sistema Internacional, inclusive
do crime organizado. Ademais, a Globalização também facilitou o contato entre os
diferentes grupos organizados criando uma network do crime. Destarte, efetuaremos
neste artigo uma breve análise desta interdependência e do crime organizado
transnacional no Sistema Internacional. No entanto, antes de nos adentrarmos ao
tópico principal do nosso artigo, tentaremos definir nesta primeira parte, o nosso objeto
principal de estudo: o crime organizado transnacional. Afinal, qual é a concepção de
crime organizado transnacional na doutrina? Seria uma nova ameaça ao Sistema
Internacional ou apenas uma modernização de um antigo ator que remonta a época
dos corsários?
Primeiramente, devemos nos perguntar os motivos para estudarmos o crime
organizado transnacional, ou seja, qual é a ratione do seu estudo, pois, poderíamos
concluir que não haveria importância alguma para a sociedade internacional se
existisse um determinado grupo ou uma gangue “organizada” transgredindo a lei
imposta pelo governo, sendo, portanto, um estudo desnecessário. Contudo, o crime
organizado transnacional tem uma complexidade indescritível e as suas
consequências são negativas para a sociedade, desfalecendo-a gradualmente; e o
Estado, principal mantenedor da harmonia de um país, é fragilizado, e a sua soberania
desintegra-se. A fragilidade do Estado reflete-se, por conseguinte, no enfraquecimento
de todo o sistema internacional, tornando-o inseguro.
O crime organizado busca manipular e monopolizar os mercados financeiros, instituições tradicionais tais como os sindicatos dos trabalhadores, e indústrias legítimas, principalmente no setor de construção e lixo. Eles levam as drogas para as cidades e aumentam o nível de violência nas comunidades, comprando policiais corruptos e utilizando instrumentos como suborno, intimidação, extorção e assassinato para manter suas operações. Seus negócios ilícitos, incluindo a prostituição e o tráfico humano, proporciona uma miséria nacional e global. Eles também lucram fraudando ações e esquemas
3
financeiros.2
Assim, podemos concluir que o crime transnacional é atualmente uma das
mais sérias ameaças a segurança das democracias institucionais, das Leis, da
sociedade e dos valores e normas básicas. (Emilio C. Viano: 11). Com um lucro
líquido maior que 3 trilhões de dólares por ano, o crime organizado transnacional
ameaça a soberania e o Estado de Democrático, por isso, foi securitizado pelos
governos, estando presente em diversas agendas internacionais e planos de
segurança.
For an item to rise to the top of the national security agenda it must embody a most extreme form of threat, calling for “urgent and unprecedented responses,” by the state. For organized crime to be characterized as a “security problem” it must be “something” that can threaten the sovereignty or independence of the state itself.
3
Não obstante, Mónica Serrano (2002) estudou as consequências das formas
de crime organizado transnacional para a segurança internacional e citou três pontos
essenciais para os Estados se preocuparem em combater todas as formas de crime
organizado transnacional. O primeiro baseia-se nos dados de agências de inteligência,
os quais evidenciam que as atividades ilícitas movimentam uma soma superior a 600
bilhões de dólares por ano, sendo a economia internacional totalmente prejudicada
pelo mercado negro. O segundo refere-se às conexões do crime organizado
transnacional com grupos terroristas e conflitos civis, principalmente no continente
africano. Por fim, a pesquisadora afirma que o Estado está fragilizado pelo poder
exercido pelos grupos organizados transnacionais no sistema internacional e enfatiza
que a melhor forma de combate a esses atores é através da cooperação jurídica, de
inteligência e de polícia. Destarte, o crime organizado não é mais um problema que
qualquer nação possa considerar isoladamente. Há uma necessidade de analisá-lo
sob uma perspectiva global. Sendo o seu estudo, portanto, essencial para sabermos a
melhor forma de minimizar as ações dos criminosos.
No tocante a sua terminologia, evidencia-se que, como qualquer outro ator ou
fenômeno, há um intenso debate a cerca da palavra mais apropriada para expressar
2FBI. Federal Bureau of Investigation. Organized crime. Disponível em:
<http://www.fbi.gov/about-us/investigate/organizedcrime/overview>. Acesso em: 15 de maio de 2014.
3 BUZAN 1991; WAEVER 1995 apud BERDAL, Mat; SERRANO, Monica. Transnational
organized crime and international security: business as usual? Reino Unido: Lynne Rienner Publishers, 2002. p. 28.
4
tal assunto. Crime global, crime organizado internacional, crime organizado
transnacional, crime organizado multinacional são algumas das expressões
encontradas na literatura4. Vale recordar que o debate sobre o termo não se torna
frívolo a medida que há uma necessidade de nivelar o conceito para que os conflitos
jurídicos internacionais tenham soluções mais rápidas e eficazes.
A pesquisadora Monica Den Boer aponta em seu artigo “The Europen Union
and Organized Crime: Fighting a New Enemy with Many Tentacles” que a questão do
conceito tornou-se um nódulo na União Européia, pois, como essa comunidade não
tem uma lei específica sobre a matéria, a pluralidade de conceitos elencados pelos
países membros dificuldade os métodos de cooperação no combate a todas as formas
de crime organizado transnacional; o conflito internacional de leis é evidente.5 Com
esse intuito, para evitarmos conflitos semelhantes, acreditamos que a melhor
expressão para se referir à esse ator é o de crime organizado transnacional,
estabelecida pela primeira vez em 1974 para guiar uma discussão na United Nations
Crime and Criminal Justice Branch. Vale lembrar que posteriormente o termo “crime
organizado transnacional” foi imortalizado na Convenção das Nações Unidas Contra o
Crime Organizado Transnacional: “L'objet de la présente convention est de promouvoir
la coopération afin de prévenir et de combattre plus efficacement la criminalité
transnationale organisée”. (55-25 Conventions de Nations Unies Contre la Criminalité
Transnationale Organisée).
No que preze a sua semântica, observamos que há um consenso na
Criminologia que a característica mais marcante dessa organização é o seu objeto, ou
seja, realizar atividades ilícitas. Essas atividades ilícitas, antijurídicas e tipificadas pelo
Direito realizadas por certos grupos, a priori são apenas algumas das características
intrínsecas que compõem o crime organizado simples. Nota-se que a conduta de
comercializar produtos ou serviços ilícitos necessita ainda do ânimo de lucro e da
violência, esta como meio de proteção da atividade ilegal.
Ademais, esta atividade deve ser exercida por um grupo composto por dois ou
mais indivíduos, e não deve ser necessariamente organizada de maneira hierárquica.
É evidente que a corrupção também é um instrumento utilizado do crime organizado
simples. Destarte, podemos definir o crime organizado simples como um grupo que
pode estar hierarquicamente organizado, composto por dois ou mais pessoas, que
produz atividades ilícitas, podendo ou não utilizar-se da corrupção e da violência como
4 BERDAL; SERRRANO, op. cit., p. 13-14.
5 VIANO, Emilio C. Global organized crime and international security. Reino Unido: Ashgate,
1999. p. 13-21.
5
meios de alcançar tais fins, sempre objetivando o lucro.
Outro fator importante é a questão do tempo de produção das atividades ilícitas
e da existência do grupo, pois, o elemento temporal não é definidor na existência do
crime organizado, pois, seria interessante acabar com estes tipos de organizações
desde seu início. Assim, podemos aferir que a definição proposta pela Convenção de
Palermo está desatualizada.
Continuando com a análise do crime organizado transnacional, podemos aferir
que além de conter as mesmas características do crime organizado simples, ele
possui o nexo de internacionalidade. Portanto, as atividades do grupo devem
ultrapassar as fronteiras do país de origem. Nesta seara de atividades internacionais,
podemos destacar o tráfico internacional de armas, de entorpecentes e de seres
humanos. Devemos ainda nos atentar que tal conceito sobre crime organizado
transnacional não imprimi uma concepção una sobre o ator porque existem diversos
tipos de crime organizados transnacionais. Assim sendo, devemos compreender que
tais características elencadas foram julgadas presentes na maioria dessas
organizações.
L'expression "groupe criminel organisé" désigne un groupe structuré de trois personnes ou plus existant depuis un certain temps et agissant de concert dans le but de comettre une ou plusieurs infractions graves ou infractions établies conformément à la présente convention, pour en tirer, directement ou indirectement, un avantage financier ou autre avantage matériel. (Artigo 2 da Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Transnacional).
6
Também é interessante destacar a definição de crime organizado transnacional
das Nações Unidas que havíamos criticado nos parágrafos anteriores. Para a ONU, o
crime organizado transnacional é um grupo de três ou mais pessoas que existem
depois de um determinado tempo e agem com a intenção de cometer um ou mais
infrações graves ou infrações estabelecidas conforme a convenção, para obter,
diretamente ou indiretamente uma vantagem financeira ou material. Ainda em seu
artigo 2, a convenção contempla o significado de crime sério como uma conduta
contendo uma ofensa criminal punível com pena mínima de 4 anos de detenção
(perda de liberdade) ou com uma penas mais severa. As ofensas seriam elencadas
em: a) participação de um grupo organizado; b) lavagem de dinheiro; c) corrupção; d)
obstrução à justiça. Por fim, o nexo de transnacionalidade entender-se-ia por: uma
6 SHELLEY, Louise; PICARELLI, John; CORPORA, Chris. Beyond sovereignty: issues for a global agenda. Wadsworth: Thomson, 2003. p. 143-166.
6
ação cometida em mais de um Estado; cometida em apenas um Estado, mas
planejada em Estados diferentes; cometida em apenas um Estado, mas envolvendo
grupo que pratica atividade ilícita em mais de um país; ou se a ação é praticada em
um país, mas tem efeito substancial em outro.
Segundo a socióloga americana Shelley, a definição adotada pelas Nações
Unidas é a mais compreensiva, pois, agrega o tamanho, a duração e a natureza
transnacional dos grupos criminosos. Ademais, proporciona uma flexibilidade na
análise dos mais diversos grupos, independente de sua etnia.
The United Nations' definition is one of the most comprehensive, addressing the issue of size, duration, and the transnational nature of criminal groups. Furthermore, it provides the flexibility to examine transnational organized crime outside of such traditional ethnic groups as the Russian Mafiya, Chinese Triads, Japanese Yakuza, and Italian Mafia families.
7
Sem embargo, não poderíamos nos olvidar que o FBI foi uma das primeiras
instituições a definirem o crime organizado; entendia-se que seria uma conspiração
criminosa perpétua, tendo uma estrutura alimentada pelo medo e pela corrupção, e
motivada pelo dinheiro. O fator internacional se caracterizaria pela atividade criminosa
ser operada em mais de um país.
The FBI defines organized crime as any group having some manner of a formalized structure and whose pri mary objective is to obtain money through illegal activities. Such groups maintain their position through the use of actual or threatened violence, corrupt public officials, graft, or extortion, and generally have a significant impact on the people in their locales, region, or the country as a whole.
8
De acordo com Louise Shelley, John Picarelli e Chris Corpora, a definição do
FBI retém a noção do crime organizado operar internacionalmente e ainda mais, não
identifica a atividade criminosa internacional como um fenômeno. Não obstante, o FBI
também utiliza a expressão “empresa criminosa” para definir um grupo de indivíduos
estruturado com hierarquia e engajados em algum tipo de atividade ilegal. De acordo
com a organização, o termo crime organizado e empresa criminosa são utilizados
como sinônimo.9
Outro aspecto interessante sobre a definição sobre o crime organizado é
7 SHELLEY; PICARELLI; CORPORA, op. cit., p. 143-166.
8 FBI, op. cit., Disponível em: <http://www.fbi.gov/about-
us/investigate/organizedcrime/glossary>. Acesso em: 15 de maio de 2014. 9 Ibid.
7
observada na tabela elaborada pela pesquisadora australiana Shona Morrison10. Nela
é evidenciada algumas formas e interações do crime organizado transnacional com o
ambiente, além da sua influência e impactos na sociedade. Em suma, a pesquisadora
preocupa-se em resumir, ou melhor, generalizar alguns elementos que acredita ser
essenciais para a existência de um crime organizado. Assim, relaciona o crime
organizado no ambiente em que atua, analisa sua estrutura como grupo e o
procedimento de trabalho, ou seja, os métodos utilizados em suas condutas e por fim,
cita alguns impactos gerais causados pela sua atuação.
Um fator controverso da sua pesquisa é verificado na tabela abaixo. Sua
classificação de crime organizado em cinco modalidades é uma junção de diversas
teorias. A primeira remete-se a escola italiana, o modelo ideal de máfia divulgado pela
mídia e pesquisadores desse ator, ou seja, a de uma família ou um grupo ligado por
laços e mantendo um vínculo ilícito secreto. Essa fase caracterizada como nacional
tem natureza histórica e cultural e influencia somente o governo local. A segunda
etapa seria a fase transnacional, seguida por uma terceira que seria a junção da
transnacional e a nacional. A quarta é classificada como inter-empresarial, pois, é
aquela em que o crime organizado estaria legitimado e utilizando empresas legais. Na
última, a autora classifica como “outras formas de crime organizado”, abarcando
10
MORRISON, Shona. Approaching organised crime: where are we nowand where are we going?. Canberra: Australian Institute of Criminology, 2002. Disponível em: <http://www.aic.gov.au/documents/6/B/2/%7B6B21C915-591C-4478-AEB6-ED58E6241D86%7Dti231.pdf>. Acesso em: 15 de maio de 2014.
8
aquelas que não se encaixariam nas quatro primeiras opções. 11 De qualquer maneira,
é fato que tal divisão é simplória e equivocada, pois, não condiz com a realidade e a
história do crime organizado.
A UNODC realizou um estudo acerca das mais diversas formas de crime
organizado e através dele verifica-se que o crime organizado transnacional não pode ser
simplificado por fórmulas ou classificações como a de Morrison. Há mais de 60 formas de
crime organizado transnacional, cada qual com suas características.12 Sabe-se que nem
mesmo os grupos de crime organizado de uma mesma nacionalidade têm características
idênticas, por exemplo, a Sacra Corona Unita difere-se da Máfia Siciliana e assim por diante.
Cada qual terá sua estrutura, sua hierarquia, suas especializações em determinadas
atividades ilícitas. Enfim, a única maneira de conceitualizarmos o crime organizado
transnacional é determinando seus principais elementos, precipuamente as suas ações
criminosas, pois, o crime organizado transnacional per se é um ator dinâmico. Desta
maneira, Albini sugere que a definição de crime organizado transnacional permita uma visão
vasta sobre o ator, pois, uma classificação rígida não condiz com a natureza mutante do
crime organizado.
11
MORRISON, op. cit., on-line. 12
UNITED NATIONS. Global programme against transnational organized crime: results of a pilot survey of forty selected organized criminal groups insixteen countries.. 2002. Disponível em: <https://www.unodc.org/pdf/crime/publications/Pilot_survey.pdf>. Acesso em: 15 de maio de 2014.
9
In a very broad sense, then, we can define organized crime as any criminal activity involving two or more individuals specialized or nonspecialized, encompassing some form of social structure, with some form of leadership, utilizing certain modes of operation, in which the ultimate purpose of the organization is found in the enterprises of the particular group. This definition permits us to view organized crime on a vast continuum allowing for freedom of analyzing and defining a (38) given particular criminal group as an entity in itself possessing a variety of characteristics, as opposed to a rigid classification based upon certain specific attributes. Viewed from this wide perspective there are many forms which organized crime can take, with variations, of course, to be found within each form. (Albini, 1971: 37-38)
Rather than developing more complex systems of categorization, we suggest that the description of a criminal group be based upon the nature of a specific criminal act which it has committed at any given time, not on the basis of its possession of certain traits. Criminal groups are dynamic entities, not static ones. As such, they change with the nature of the criminal acts they commit. Only when this is recognized can we begin to appreciate the basic similarities as well as differences between criminal groups.
13
Agora segue duas definições encontradas na literatura sobre crime organizado
transnacional organizada por Klaus Von Lampe. Iniciaremos com a definição da Interpol, a
qual afirma que o crime organizado transnacional é qualquer grupo que tenha uma
estrutura corporativa, cujo objetivo principal é a obtenção de lucro através de atividades
ilícitas, geralmente usando o medo e a corrupção. (Paul Nesbitt, Head of Organized Crime
Group - Interpol, cit. in Bresler 1993, 319). A seguir podemos verificar que a definição de
Abadinsky explicita a existência de estatutos internos do crime organizado transnacional
para regular seus membros:
Organized crime is a nonideological enterprise involving a number of persons in close social interaction, organized on a hierarchical basis, with at least three levels/ranks, for the purpose of securing profit and power by engaging in illegal and legal activities. Positions in the hierarchy and positions involving functional specialization may be assigned on the basis of kinship or friendship, or rationally assigned according to skill. The positions are not dependent on the individuals occupying them at any particular time. Permanency is assumed by the members who strive to keep the enterprise integral and active in pursuit of its goals. It eschews competition and strives for monopoly on an industry or territorial basis. There is a willingness to use violence and/or bribery to achieve ends or to maintain discipline. Membership is restricted, although nonmembers may be involved on a contingency basis. There are explicit rules, oral or written, which are enforced by sanctions that include murder.
14
Historicamente, é difícil estabelecer o início desse tipo de organização
13
ALBINI, 1971apud LAMPE, Klaus von. Definitions of organized crime. Disponível em: <http://www.organized-crime.de/OCDEF1.htm#albini>. Acesso em : 15 de maio de 2014.
14 ABADINSKY, 1990, p. 6 apud LAMPE, op. cit., on-line.
10
criminosa. Porém, como o crime organizado é um ator que nasce com a imposição de
normas, ou melhor, a partir do momento em que o Estado estabelece regras à
sociedade e a proíbe de certas condutas, subentende-se que o crime organizado
nasceu juntamente com a sociedade15. Já o crime organizado transnacional surgiu
quando tais organizações buscaram produzir essas atividades ilícitas fora do seu país
de origem.
O crime organizado em geral, seja ele nacional ou transnacional é pautado
pelo Estado de Direito, pois, é ele quem direciona se determinada atividade será ilícita
ou não será o governo. Mais ainda, podemos, então, concluir que o crime organizado
transnacional não é um ator novo, ou nem mesmo um fenômeno novo, como alguns
pesquisadores afirmam.
Partindo do pressuposto que o crime organizado transnacional é um grupo
composto por mais de duas pessoas, praticando atividades ilícitas independentemente
do fator tempo, acredita-se que as organizações de agentes que traficavam negros
após a proibição da escravatura no Brasil eram um grupo de crime organizado
transnacional, pois, eram organizados, compostos por mais de duas pessoas e
praticavam uma atividade ilícita em mais de um país. Assim sendo, esse ator
maquiavélico, seguidor fiel da premissa de que os fins justificam os meios, embora
seja um ente antigo no sistema internacional, somente foi securitizado, ou melhor,
reconhecido internacionalmente como uma ameaça a segurança internacional após a
Guerra Fria.
Agora é chegado o momento de analisar a interdependência do crime
organizado no Sistema Internacional. A dissolução da União Soviética significou um
câmbio nas relações internacionais de poder que influenciaram o mundo durante 40
anos. De acordo com John Baylis e Steve Smith, esta modificação teve uma grande
evolução no âmbito estrutural e ideológico16.
A emergência de novas potências e novos atores não-estatais, tais como as
multinacionais e as organizações internacionais; contribuíram para o surgimento de
um sistema internacional de poder multilateral. Embora os EUA tenham sido a única
potência sobrevivente da Guerra Fria e consolidado o sistema capitalista como o
principal modo de produção econômico mundial, eles não alcançaram um poder
15
CERNICCHIARO, Vicente. Crime organizado. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/direitosglobais/paradigmas_textos/crime_organizado.html >. Acesso em: 15 de maio de 2014.
16 BAYLIS, John; SMITH, Steve. (Ed.). The globalization of world politics: an introduction to international relations. 2
nd. ed. Nova Iorque: Oxford University Press, 2001. p. 92.
11
hegemônico capaz de controlar os conflitos mundiais, dependendo muitas vezes da
cooperação de outros países para a realização dos seus objetivos.
A atuação multilateral dos EUA evidencia que o sistema mundial estava
mergulhado novamente numa ordem caracterizada pela ausência de uma autoridade
efetiva capaz de manter a paz mundial. Contudo, não se tratava do desaparecimento
do ambiente estado cêntrico e anárquico, mas da emergência de um novo mundo
com múltiplos, independentes e em competição com aquele focado no Estado e
formado por atores vinculados a soberania.17
Este ambiente de ausência de um poder global deve-se ao fato do sistema
internacional assemelhar-se a uma teia de aranha, ou seja, os atores estatais e
não estatais possuem uma interconecção econômico-político-cultural, a qual os
impede de tomar medidas extremas de maneira unilateral porque o custo do
rompimento seria muito alto.
Desta maneira, o próprio sistema minimizaria os conflitos, pois, os diversos
grupos estariam de alguma maneira interconectados. Esta visão é avaliada na obra
Sociedade Mundial de John Burton, o autor propõe um “modelo de teia de aranha”
das relações internacionais, com o intuito de demonstrar a interação de diversos
grupos e atores através de uma cooperação benéfica mútua18.
Nesta teia de relacionamentos, a tecnologia tem um papel essencial no
intercâmbio financeiro e no fluxo de informação: diminui o espaço mundial,
possibilitando um contato mais complexo entre os seres humanos. Este fenômeno
acelerado causado pelo fluxo de bens materiais e não materiais entre dois ou mais
países, a globalização, é um processo intenso e irreversível, e segundo Henry
Kissinger, marcará o cenário mundial do século XXI: “The international system of the
twenty-first century will be marked by a seeming contradiction: on the one hand,
fragmentation; on the other growing globalization.”19
17
ROSENAU, James N.; CZEMPIEL, Ernst-Otto. Governance without government : order
and change in world politics. Cambridge: Cambridge University Press, 1992. p. 282. 18
BURTON, 1972 apud JACKSON, Robert, SORENSEN, Georg. Introdução às relações
internacionais: teorias e abordagens. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p. 156-157. 19
Sobre assunto ver KISSINGER, Henry. Diplomacy. Nova Iorque: Simon & Schuster, 1994. p. 23.
12
Figura 1 – Modelo da Teia da Aranha.
Assim sendo, podemos afirmar que a teia de interdependência é um modelo do
sistema internacional globalizado e é irreversível, pois, a dependência mútua atingiu
um nível máximo de ganho e seu retrocesso traria perdas significantes para os
Estados.20
Interdependência, definida em poucas palavras, significa mútua dependência. Na política mundial, interdependência diz respeito a situações caracterizadas pelos efeitos recíprocos entre nações ou entre atores em diferentes nações. Estes efeitos com frequência resultam de transações internacionais: fluxo de dinheiro, mercadorias, pessoas e mensagens através das fronteiras. Essas transações intensificaram-se dramaticamente desde a Segunda Guerra Mundial. [...]. As relações de interdependência sempre envolvem custos, já que a interdependência restringe a autonomia; mas é impossível especificar de antemão se os benefícios de uma relação irão exceder os custos. Isto dependerá da categoria dos atores, tanto quanto da natureza das relações. Nada garante que a relação que designamos de interdependência será caracterizada como de mútuo benefício.
21
Ainda mais, observamos que a modernidade foi fruto da ciência, do progresso
tecnológico; a era Pós-Industrial proporcionou esse fenômeno global e todos os
indivíduos vivem e percebem a existência desta teia. Em outras palavras, a
globalização é o processo por meio do qual as economias, os Estados e as culturas
previamente distintos estão se juntando e as pessoas estão se tornando cada vez
mais conscientes de sua crescente interdependência (GIDDENS, 1990, p. 64;
GUILLEN, 2001)
20
JACKSON; SORENSEN, op.cit., p. 157. 21
IANNI, Octávio. Teorias da globalização. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p. 157.
13
É evidente que sem o aprimoramento da tecnologia não haveria tal fenômeno.
Mais ainda, o espírito capitalista pode ser considerado a força motriz da globalização
porque somente através do valor atribuído ao capital e ao conhecimento individual foi
possível investir nas pesquisas tecnológicas que propiciaram o intercâmbio comercial,
político e cultural entre os Estados.
O sistema capitalista per si exige uma reciclagem diária, buscando sempre a
melhoria da tecnologia com o escopo de facilitar a vida humana, seja em tempos de
guerra ou de paz; e concomitantemente o aumento da riqueza. Logo, o capitalismo
aperfeiçoa e cria mecanismos para dependência mútua agir com maior eficaz, pois,
essa dependência é necessária para manter o ciclo de riqueza da Aldeia Global.
O período burguês da história está chamado a assentar as bases materiais de um novo mundo: a desenvolver, de um lado, o intercâmbio universal, baseado na dependência mútua do gênero humano, e os meios para realizar esse intercâmbio; e, de outro, desenvolver as forças produtivas do homem e transformar a produção material num domínio científico sobre as forças da natureza. A indústria e o comércio burgueses vão criando essas condições de um novo mundo do mesmo modo que as revoluções geológicas criavam a superfície da Terra.
22
Outro elemento essencial nesta estrutura seria o fator interesse. Destarte, o
interesse, ou melhor, o desejo pela modernidade é uma das principais características
desse processo de interdependência em que vivemos. De acordo com a socióloga
Louise Shelley:
A globalização caminha junto com a ideologia de livres mercados e livre comércio e com a diminuição da intervenção estatal. Conforme os defensores da globalização, a redução das regulamentações e barreiras internacionais às transações comerciais e aos investimentos aumentará o comércio e o desenvolvimento.
23
Essa afirmação evidencia que a diminuição das regulamentações e barreiras
internacionais é motivada por interesses de diversos atores políticos.
Todavia, a globalização não se restringiu somente ao aspecto econômico e
cultural. As diversas interações entre os atores resultaram na fragilidade da fronteira
estatal, tornando um desafio para um país monitorar todos seus fluxos internacionais.
Essa consequência foi pior nos Estados mais fragilizados, pois, eram incapazes de
22
MARX, 1977, p. 297 apud IANNI, op.cit., p. 200. 23
SHELLEY, Louise. The Globalization of Crime and Terrorism. EJournal USA. Fevereiro de 2006. Disponível em <http://cuwhist.files.wordpress.com/2009/12/the-globalization-of-crime-and terrorism.pdf> Acesso em 23 de março de 2014.
14
controlar também o monopólio da força efetiva, instrumento essencial de um Estado
soberano, tendo assim sua principal característica limitada ou transferida às atores
privados tais como os crimes organizados e as guerrilhas.
De acordo com Weber, a crise de governabilidade é uma realidade comum nos
conflitos intra-estatais, e se caracteriza, principalmente, na perda do monopólio da
força coercitiva pelo Estado.24 Porém, esta perda do monopólio da força coercitiva pelo
Estado não deve ser interpretada como o fim da soberania estatal. O século XXI
perdeu como referência o Estado Moderno e aceitou a pós-modernidade. Os limites
impostos à soberania estatal são características do Estado Pós-Moderno, pois, em um
sistema cada vez mais conectado, espera-se que o Estado guarde um espaço
necessário da sua soberania para usufruir dos mecanismos de cooperação e lidar com
a invasão do seu espaço promovido pela interdependência.
Neste contexto da modernidade, a liberdade de movimentação trouxe
mudanças significativas na natureza do Estado, e o cenário marcado pela corrupção
governamental contribuiu ainda mais para o aumento da violência. Sabe-se que onde
a autoridade estatal é corrompida, o terrorismo e o crime organizado são intrínsecos.
Uma declaração que sustenta esta tese foi dada pela norte-americana Louise
Shelley: “Grupos criminosos e terroristas têm explorado o grande declínio nas
regulamentações, o afrouxamento dos controles de fronteiras e a maior liberdade
resultante para ampliar suas atividades nas fronteiras e em novas regiões do mundo.
Estes contatos têm se tornado mais frequentes e a velocidade na qual ocorrem mais
aceleradas.” 25
O crime organizado cada vez mais usufrui dos benefícios proporcionados pelo
Sistema Internacional pós Guerra Fria. É nessa configuração que o crime organizado
vive a modernidade, participando ativamente do processo de globalização econômica,
tornando-se, portanto, um ator negativo da aldeia global, pois é contra os princípios do
Estado de Direito e da democracia representativa.
Jean Monnet pensava que a globalização econômica traria paz, segurança e
prosperidade ao sistema internacional, porém, obviamente ele não percebeu os
impactos desta no crime organizado26. Por isso é plausível afirmar que o
desenvolvimento tecnológico e o crescimento do comércio internacional foram fatores
precípuos que contribuíram para a ascensão do crime organizado transnacional. O
24
WEBER, Max. Os três tipos de dominação legítima. São Paulo: Àtica, 2003. p. 128-141. 25
SHELLEY, op. cit. 26 VIANO, Emilio C. Global organized crime and international security. Reino Unido: Ashgate, 1999. p. 25.
15
cenário da interdependência complexa dos Estados foi perfeito para a proliferação das
atividades criminosas altamente sofisticadas.
O crime organizado transnacional participa da teia de aranha de John Borton,
englobando a maioria dos participantes do sistema de maneira lícita e ilícita. Na
primeira o crime organizado transnacional utiliza-se de empresas lícitas ou do apoio
estatal para legalizar de maneira fictícia as atividades ilícitas realizadas. Já a segunda
teia, ilícita, é uma interdependência de diversos crimes organizados.
A fragmentação das atividades dos criminosos, por conseguinte, favoreceu a
interdependência entre as mais diversas formas de crime organizado. Assim sendo, os
cartéis da Colômbia possuem ligações com as máfias italianas e assim por diante.
Essa hipótese é levantada por Phil Williams, o qual afirma que as organizações
criminosas estão aumentando a cooperação entre si com o escopo de atingir seus
objetivos em comum.27 Ainda mais, em seu artigo Cooperation Among Criminal
Organizations, o pesquisador argumenta que o crime organizado é uma continuação
dos negócios internacionais por meios ilícitos.
Assim, da mesma maneira que as empresas transnacionais utilizam-se da
cooperação como meio de obter sucesso, a cooperação é também utilizada pelos
criminosos para obter benefícios mútuos. Sem embargo, observa-se que o resultado
da network entre diferentes formas de crime organizado é a interdependência ilícita.
Agregando-se a esse pensamento que reconhece a dependência entre os diversos
crimes organizados, podemos ainda citar a jornalista Claire Sterling, na qual o próprio
título do seu livro Thieves’s world The Threat of the New Global Network or Organized
Crime resume a ideia do network entre os criminosos; e o pesquisador Jeffrey
Robinson que em seu livro The Merger: The Conglomeration of International
Organized Crime cita várias conexões entre diferentes tipos de crime organizado, dos
quais podemos relatar o conglomerado criado por Charlie Lucky Luciano:
Interesting enough, by then, Luciano had moved his heroin production out of Italy and into France. On the advice of his Corsican-smuggler partners, he’d be shifted manufacturing to Marseilles, where, the Corsicans assured him, they could exert their influence on his behalf. The move created what would come to be remembered as “The French Connection”.
28
27
SERRANO, Mónica; BERDAL, Mats. Transnational Organized Crime and International Security: Business As Usual?. Londres: Lyenne Rienner Publishers, Inc, 2002., p. 64. 28
ROBINSON, Jeffrey. The Merger: The Conglomeration of Internacional Organized Crime. Colorado: Ed. Overlook, 2000. p. 36.
16
Segundo Jeffrey Robinson, os criminosos buscam veemente a aliança
estratégica. Desta maneira, pode-se concluir que a dependência dos grupos
criminosos foi provocada para que eles próprios se inserissem na dinâmica de
interdependência do Sistema Internacional.
And, like any sound multinational corporation, they also seek out strategic alliances. Such as the Asian organized criminals who import heroin into Canada, then hand off their drugs to an Italian group that ships them in bakery trucks to New York, where they are distributed by Puerto Rican street gang.
29
O sistema internacional pós Guerra Fria desenvolveu características que
propiciaram tanto o desenvolvimento do Estado quanto do crime organizado
transnacional. A modernidade, ou melhor, a globalização e a revolução Pós-Industrial
ajudaram no desenvolvimento de novas técnicas de se fazer crime, entre elas o crime
cibernético. Não podemos nos olvidar que os criminosos também vivem nas diversas
temporalidades, pois, fazem parte e interagem assiduamente com a Sociedade
Internacional sempre na busca do capital, ou melhor, na maximização dos lucros.
Parafraseando Moisés Naim, editor da Foreign Policy, o lucro é uma motivação tão
poderosa quanto Deus.30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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29
Ibid. p. 20. 30
NAIM, Moisés. Ilicit: how smugglers, traffickers, and copycats are hijacking the global economy. Nova Iorque: Random House, 2005. p. 11.
17
SERRANO, Monica; BERDAL, MAts. Transnational Organized Crime and International Security: Business as Usual?. Lyenne Rienner Publishers: 2002. SHELLEY, Louise; PICARELLI, John; CORPORA, Chris. Beyond sovereignty: issues for a global agenda. Thomson: 2003. WEBER, Max. Os três tipos de dominação legítima. Àtica: 2003. BAYLIS, John; SMITH, Steve. (Ed.). The globalization of world politics: an introduction to international relations. 2nd. ed. Oxford University Press: 2001. ROSENAU, James N.; CZEMPIEL, Ernst-Otto. Governance without government : order and change in world politics. Cambridge University Press: 1992. BURTON, 1972 apud JACKSON, Robert, SORENSEN, Georg. Introdução às relações internacionais: teorias e abordagens. Zahar: 2007. KISSINGER, Henry. Diplomacy. Simon & Schuster: 1994. FBI. Federal Bureau of Investigation. Organized crime. Disponível em: <http://www.fbi.gov/about-us/investigate/organizedcrime/overview>. Acesso em: 15 de maio de 2014. SHELLEY, Louise. The Globalization of Crime and Terrorism. EJournal USA. Fevereiro de 2006. Disponível em <http://cuwhist.files.wordpress.com/2009/12/the-globalization-of-crime-and terrorism.pdf> Acesso em 23 de março de 2014. UNITED NATIONS. Global programme against transnational organized crime: results of a pilot survey of forty selected organized criminal groups insixteen countries.. 2002. Disponível em: <https://www.unodc.org/pdf/crime/publications/Pilot_survey.pdf>. Acesso em: 15 de maio de 2014. MORRISON, Shona. Approaching organised crime: where are we nowand where are we going?. Canberra: Australian Institute of Criminology, 2002. Disponível em: <http://www.aic.gov.au/documents/6/B/2/%7B6B21C915-591C-4478-AEB6-ED58E6241D86%7Dti231.pdf>. Acesso em: 15 de maio de 2014. ALBINI, 1971apud LAMPE, Klaus von. Definitions of organized crime. Disponível em: <http://www.organized-crime.de/OCDEF1.htm#albini>. Acesso em : 15 de maio de 2014 CERNICCHIARO, Vicente. Crime organizado. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/direitosglobais/paradigmas_textos/crime_organizado.html >. Acesso em: 15 de maio de 2014.