45

A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Falaremos sobre um assunto importante e prático, especialmente nos dias de hoje. Abordaremos a questão a partir do que Paulo trata em II Timóteo 2, quando afirma: “E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio”. Paulo teve que lidar com a questão da liderança masculina, tanto na família como na Igreja. Este texto não está tratando especificamente da questão de um ofício na igreja (presbítero docente ou regente, ou mesmo diácono), mas trata do papel do homem e da mulher, ou mais claramente de uma atribuição específica que envolve o homem e a mulher na igreja.

Citation preview

Page 1: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

1

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

Page 2: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

A Lei de Deus e a Mulher na IgrejaDr. George Knight

Transcrito e adaptado pelo Presb. Manoel Canuto da palestra do Dr. George Knight por Ocasião do Simpósio Os Puritanos.

O compartilhamento deste eBook é permito, des-de que seja citada a fonte, não seja modificado e que não seja utilizado para obtenção de lucro.

EDITOR: Manoel CanutoDESIGNER: Heraldo Almeida

Page 3: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

3

SUMÁRIO

IntroduçãoCriação e Casamento e IgualdadeCabeça e Submissão — Atribuições Diferentes1 Coríntios 11Antes ou Depois da Queda?1 Coríntios 11:8-9. Timóteo 2:11-14O Texto Mais Odiado das FeministasQuestão PráticaConclusãoQue Diz John Macarthur Sobre I Timóteo 2:8Entrevista Exclusiva com o Dr. G. Knight

Page 4: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

4

INTRODUÇÃO

Falaremos sobre um assunto importante e prático, espe-cialmente nos dias de hoje. Abordaremos a questão a

partir do que Paulo trata em II Timóteo 2, quando afirma: “E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio”.Paulo teve que lidar com a questão da liderança masculina, tanto na família como na Igreja. Este texto não está tratando especificamente da questão de um ofício na igreja (presbí-tero docente ou regente, ou mesmo diácono), mas trata do papel do homem e da mulher, ou mais claramente de uma atribuição específica que envolve o homem e a mulher na igreja. Mas no texto Paulo também exclui qualquer possibilidade de ordenação de mulheres para o pastorado ou para o pres-biterato. Ele não permite isso! Isso está claro no fato de que, se afirmamos, baseados na Bíblia, que a mulher não pode exercer a autoridade de ensinar as Escrituras na Igreja, isso consequentemente a proíbe de ser uma pastora, porque ela não pode exercer uma autoridade que é própria do homem, como diz o texto. Concluímos também, obvia-mente, que a mulher não pode ser eleita presbítera ou dia-conisa.

Page 5: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

5

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

Estes textos de 1 Timóteo 2:12 e de I Co 14:33-35 se ba-seiam na lei de Deus. Paulo diz: “... conservem-se as mu-lheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o deter-mina” (I Co. 14:34). Que lei é esta? Paulo nos mostra que lei é esta quando em 1 Tm 2:12 ele dá o motivo do porque a mulher não pode ensinar à congregação nem pode exer-cer autoridade de homem: “Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva” (v. 13). Aqui Paulo cita a lei conforme é manifestada na criação. Esta é uma afirmação preliminar. Vamos ver a base para tudo isso.

Page 6: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

6

CRIAÇÃO E CASAMENTO E IGUALDADE

Primeiro vamos analisar a criação do homem e da mulher e como eles devem se relacionar no casamento. No re-

lato da criação em Gênesis 1:27, lemos: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Notemos o que Deus diz nas Escrituras sobre a igualdade entre o homem e a mulher, antes e depois da queda. São iguais em três aspectos:

Igualdade1) Tanto o homem como a mulher, ambos, de forma se-melhante, foram formados à imagem de Deus. Embora diferentes em relação à sexualidade e no papel ou nas atribuições que cada um exerce, na Bíblia está muito cla-ro que homem e mulher são iguais no sentido de que são criaturas que carregam em si a imagem de Deus. Neste aspecto o macho não é superior à fêmea, nem a fêmea é superior ao macho. Ambos carregam igualmente a ima-gem de Deus. 2) Devemos dizer que também são iguais no pecado: são pecadores porque ambos caíram em pecado. É verdade que mais adiante Paulo vai dizer que foi Eva que foi enga-

Page 7: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

7

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

nada. Mas a verdade é que Adão, como cabeça da criação, também caiu em pecado e os dois pecaram. Então, eles são iguais como pecadores. Paulo diz: “pois todos peca-ram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23).3) O homem e a mulher são iguais também no sentido de serem redimidos por Jesus Cristo. Ainda no Éden Deus promete o Redentor quando fala à serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe feri-rás o calcanhar” (Gn 3:15). Paulo diz em Gl 3:24 que O Redentor veio para justificar pela fé os homens. É nesse sentido que o texto de Gálatas 3:28 se encaixa de forma correta quando Paulo afirma: “Dessarte não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. Nós, homem e mulher, estamos unidos a Cristo e nesta condição somos iguais.

O apóstolo Pedro diz a mesma coisa quando fala aos ma-ridos como devem tratar suas esposas. Ele diz: “... porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida” (1 Pe. 3:7). Ou seja, a esposa é a herdeira juntamente com o mari-do da mesma graça vivificadora. Portanto, quanto à criação, homem e mulher são iguais em serem pecadores redimi-dos.Então, homem e mulher são iguais porque:

1) Carregam a imagem de Deus2) São pecadores 3) São criaturas salvas pela obra de Cristo

Page 8: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

8

CABEÇA E SUBMISSÃO — ATRIBUIÇÕES DIFERENTES

É interessante que o mesmo Deus que nos fez iguais, nos dá papéis diferentes. Aqui começa a distorção que mui-

tos fazem da Palavra de Deus. Muitos dizem que Deus não pode fazer pessoas iguais com atribuições diferentes, es-pecialmente quando um tem de ser o cabeça do relaciona-mento e o outro tem de se submeter a este que é o cabeça. Mas, este é um ensino uniforme em todo Novo Testamento. Está bem claro o que Pedro fala em 1 Pe. 3:1-6 e o que Pau-lo diz em Efésios 5:22-25 e 33, em Colossenses 3:18 e em Tito 2:1-5. Será que o Espírito Santo, nessas passagens, não chama as mulheres (mesmo sendo iguais) a se submeterem à liderança de seus maridos? Será que a palavra chave usa-da pelos apóstolos não é “submissão”? Os textos afirmam que o marido deve ser o cabeça e liderar amorosamente sua esposa. Não podemos esquecer o que Pedro diz em 1 Pe. 3:7, ou o que Paulo diz em Efésios 5:25-33. Não é exigido aos maridos se submeterem à esposa, mas a esposa é cha-mada a se submeter ao marido voluntariamente como que ao Senhor (v. 22 — “As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor”). A mulher se submete ao marido porque ela ama ao Senhor e da mesma forma

Page 9: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

9

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

o marido deve amar a esposa porque ele ama ao Senhor. Além do mais o marido não deve tratar a esposa com amar-gura ou aspereza. Em Colossenses 3:19 Paulo diz isso cla-ramente: “Maridos, amai a vossas esposas, e não as trateis com amargura”. Se o marido tratar sua esposa assim, suas orações não serão ouvidas pelo Deus do céu (1 Pe. 3:7). Mas precisamos fazer a seguinte pergunta: Por que os após-tolos têm este ensino tão uniforme? Por que eles se refe-rem ao marido como cabeça ou como líder usando o termo grego kefhalē para mostrar que ele é o cabeça do lar? Os apóstolos falaram com a autoridade de Cristo e receberam a mesma revelação; mas em que bases escreveram isso? Creio que podemos entender de onde eles tiraram esta ar-gumentação se olharmos para o que Paulo diz em 1 Co. 11. Não vamos abordar todas as questões contidas neste capítu-lo, mas aquilo que nos importa agora.

Page 10: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

10

1 CORÍNTIOS 11

As mulheres da Igreja de Corinto haviam decidido tirar a cobertura que usavam na cabeça e que era o sinal

de que estavam sob a autoridade masculina e assim come-çaram a orar no culto público e profetizar. Paulo diz que fazer isso seria o mesmo que negar o fato de o marido ser o cabeça do casal. Sua argumentação começa dos vv. 2 e 3 de 1 Coríntios 11. Vamos apenas destacar dois pontos deste capítulo. Paulo no v. 2 louva os crentes porque eles estavam guar-dando as tradições que Paulo havia ensinado, ou seja, as verdades centrais da fé cristã1. No v. 3 ele descreve o papel do marido em relação à mulher como sendo ele o cabeça do casal, porque de fato ele é “o cabeça da mulher”. Por quê? A resposta está nos vv. 8-9: “8 - Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem. 9 - Porque tam-bém o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem”. Vemos que Paulo se reporta à criação do homem.Aqui, o apóstolo Paulo se reporta à atividade criadora de Deus, à Sua criação. Paulo está usando a lei de Deus, a LEI

1 II Ts 2:15 — “Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa”.

Page 11: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

11

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

DA CRIAÇÃO; mas em lugar de dizer que criou a mulher para ser “auxiliadora” do homem, ele diz que a mulher foi criada “por causa do homem” (v.9). Mas veja que primeiro Paulo diz que Deus criou a mulher a partir do homem, (“Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem” – v. 8) e então, diz por que Deus criou a mu-lher: a mulher foi criada “por causa do homem” - v.9. Em outras palavras, ele cita a ordem da criação. Desse modo vemos que o fato de a mulher ter sido criada a partir do ho-mem isso indica quem deve ser o líder da família e quem deve auxiliar esse líder. Não pode haver uma reversão na ordem desta criação. Porém, mais adiante Paulo diz que todo homem é nascido de mulher. No v. 11 deste capítulo 11, Paulo diz que o homem não é in-dependente da mulher, nem a mulher independente do homem. Mesmo assim Paulo deixa bem claro no v. 9 que a mulher existe por causa do homem. No entanto Paulo diz no versículo 7 que “a mulher é a glória do homem”. Por quê? Quando vemos os homens e mulheres que surgem depois de Adão e Eva, sempre há ne-cessidade de lembrarmos que Adão foi criado por Deus, do pó da terra. Então, a glória é sempre de Deus (“o homem é a glória de Deus” – v. 7). Mas a mulher foi criada por Deus a partir do homem, usando algum elemento do homem — uma costela — como está registrado em Gênesis. Então, quando olhamos para uma mulher, inevitavelmente vemos uma porção da glória do homem. Podemos entender desta forma: Em Adão está manifesta a honra e a majestade de Deus; em Eva está manifesta a hon-ra e a majestade do homem — o marido. Creio que é isso que Paulo quer dizer ao afirmar que “a mulher é a glória do homem” – v. 7. Assim como o homem foi criado por Deus

Page 12: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

12

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

do pó da terra, sendo isso a glória de Deus (glória para Deus), a mulher foi criada do homem, sendo por isso a gló-ria do homem (para o homem). Em Pv 12:4 Salomão diz que a “mulher virtuosa é a coroa do seu marido”!Mas o texto pode também significar que a mulher também trás beleza e deleite ao estar ao lado dele. Então, o argu-mento para o princípio de quem é o cabeça, vem do fato de que o homem foi criado primeiro e a mulher foi criada depois e por causa do homem e a partir dele. Paulo deixa muito clara essa lição no v. 9: “Porque tam-bém o homem não foi criado por causa da mulher; e, sim, a mulher, por causa do homem”. Se perguntarmos quem deve auxiliar ao outro no cumprimento do seu papel, Paulo nos responde dizendo que é a mulher que vai auxiliar ao homem e não o homem que tem de ser o auxiliador da mu-lher. Não estamos dizendo que o homem não deve ajudar a mulher! É claro que um ajuda ao outro. Mas aqui Paulo está argumentando quanto à questão de quem é o cabeça e quem se submete ao cabeça. Deus responde a esta ques-tão aqui, diz Paulo, através de uma lei natural, ou seja, do modo como Ele criou o ser humano: Primeiro o homem e depois a mulher.

Page 13: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

13

ANTES OU DEPOIS DA QUEDA?

O importante é que o papel do homem e da mulher é estabelecido por Deus na criação antes da que-

da. O Novo Testamento jamais usa a maldição que foi pronunciada à mulher depois da queda como a base neo-testamentária para a liderança do homem sobre ela. Estamos nos referindo às palavras de Gênesis 3:16 que diz: “E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os so-frimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará”. Ora, Deus já havia estabelecido Adão como sendo o cabeça no seu relacionamento matrimo-nial. Mas, com o pecado este relacionamento salutar de liderança passa a ser doentio e o homem vai dominar a mulher de forma autoritária. Esta é parte da maldição que viria sobre a mulher. Dominar (de forma autori-tária) a esposa não é o que Deus desejava nem deseja que o marido faça. Isso surgiu por causa do pecado. O que Deus deseja é que o marido tenha uma liderança amorosa para com a esposa, amando-a como Cristo amou a Igreja. Isso que é dito por Deus a Eva no v. 16 tem o mesmo caráter punitivo daquelas afirmações que garantem que a mulher terá dores de parto ou que Adão

Page 14: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

14

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

terá de cultivar o solo com suor do seu rosto e assim obter o sustento da sua casa. Dessa forma, os três papéis ou atribuições que Deus havia dado a Adão e Eva para cumprirem de forma santa é afe-tado pela maldição pronunciada por Deus depois da queda. Quais são estas três atribuições? Pela ordem (Gn 1:28):

(1) “Sede fecundos” (frutíferos) (2) “multiplicai-vos, enchei a terra” (3) “sujeitai-a”.

Há dois ensinos importantes nestas três afirmações.1) O papel de ser frutífero basicamente é cumprido pela mulher quando ela dá à luz — Isso é uma bênção! Nesse papel que é singular à mulher, onde a feminilidade é ex-pressa de uma forma ímpar, ela jamais vai se esquecer dos efeitos do pecado à medida que experimenta as do-res de parto. 2) E para Adão, aquele que é o supridor primordial da fa-mília, aquele que deveria sujeitar a terra e ganhar o pão de cada dia, ele jamais esqueceria os efeitos do pecado quando visse que agora teria de suar o rosto para comer o seu pão, para ter o seu mantimento e dessa forma ele experimentaria a maldição de Deus . “No suor do teu ros-to”, aponta para as dificuldades e fadigas para se ter a provisão do lar. Isso significa que ter filhos é uma maldição? Significa que o trabalho em si é uma maldição? Que o relacionamen-to entre o homem e a mulher é uma maldição? Não, de forma alguma! Significa que aquelas atribuições e rela-cionamentos tão perfeitos e preciosos foram afetados pela queda e pela maldição decorrente desta queda.

Page 15: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

15

1 CORÍNTIOS 11:8-9.

Voltando para o texto vemos aqui que Paulo está apelan-do para a atividade criadora de Deus como a base do

relacionamento entre marido e mulher e do papel da mulher na Igreja. Mesmo que a mulher tenha mais maturidade ou maior nível intelectual do que seu marido, mesmo assim, Deus exige que os dois cumpram os papéis que Ele sobe-ranamente instituiu para cada um deles. Por que? Porque Deus criou primeiro Adão e depois Eva. Deus criou Eva para ser a auxiliadora idônea do seu marido; para ser uma companheira ajudadora sob a orientação de Adão, seu ma-rido. Por isso Paulo diz que: “... o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem” (vv. 8 e 9).

Relação do Pai com o FilhoPaulo demonstra que este argumento norteia como o ma-rido e a mulher devem se relacionar no casamento e tam-bém como devem se relacionar na Igreja; ou seja, qual o papel do homem e da mulher na igreja. Alguém poderia argumentar que isso não parece justo porque parece que

Page 16: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

16

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

as mulheres não terão oportunidades iguais nesta situação. Parece que Paulo já percebia esse tipo de questionamento e por isso ele usa a relação do Pai para com Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, para manifestar o papel que o homem e a mulher devem desempenhar. Veja o versículo 3:

“Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo” (1 Co 11:3).Vejamos bem o final deste versículo. Quem é o cabeça de Cris-to? Deus, o Pai, é “o cabeça de Cristo” (que é Deus encarnado). Cremos que o argumento de quem é o cabeça no relacionamen-to marital brota não só a partir da criação, mas também do re-lacionamento de Deus o Pai e Deus o Filho. Isso está revelado mais especificamente no fato de que Deus enviou o Filho e isso nos mostra como foi a existência de ambos desde toda eternida-de. Deus não está impondo sobre nós algo que Ele mesmo não esteja disposto a exemplificar. Deus experimenta na Trindade algo semelhante àquilo que Ele quer que experimentemos. Isso torna Cristo inferior a Deus, o Pai? Cristo é menos divino do que Deus, o Pai? É uma vergonha para Cristo seguir a liderança do seu Pai? Será que isso implica numa diminuição de Cristo em relação ao Pai? Qual a resposta? De modo algum. Não! Lembremos o que Cristo falou no Seu ministério. Ele disse: “Eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (Jo 6:38). Sabemos que Cristo, enquanto homem, viveu debaixo da liderança do Pai. Pai e Filho suprem para nós um modelo de como marido e mulher devem se rela-cionar. Então, neste v. 3 temos a seguinte analogia:

Deus o Pai ———> MaridoDeus o Filho ——> Mulher

Page 17: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

17

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

No texto de Éfésio 5 onde Paulo afirma que Cristo é o ca-beça da Igreja (“...porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da Igreja” — v. 23), temos a seguinte analogia:

Cristo ——> MaridoIgreja ——> Mulher

Mas o foco central da analogia, seu âmago, é Cristo, que é visto como exemplo de liderança (o cabeça) na pessoa do marido ou como exemplo de submissão na figura da es-posa. Paulo nos mostra claramente como a mulher deve se submeter à liderança que Deus estabeleceu (seu marido) e mostra ao marido como ele deve amar a esposa fazendo tudo que é necessário para que ela cresça em Cristo. Por que os apóstolos, Paulo e Pedro, argumentam a favor da submissão da mulher ao seu marido?

(1) Por causa da ordem da criação! Isso não mudará até o mundo terminar. (2) Por causa do modelo de relação existente entre Deus o Pai e Deus o Filho.

Estas são duas razões absolutas que não envolvem o as-pecto cultural. Digo isso porque muitos querem inter-pretar o que Paulo diz em relação à mulher como algo comum à cultura da época. Não é verdade, porque Paulo usa um argumento teológico — (1º) Usa o argumento da atividade criadora de Deus e (2º) a figura da relação exis-tente entre o Pai e o Filho.Então, vemos que o relacionamento matrimonial também serve de pano de fundo para o ensinamento que o apóstolo Paulo ministra à Igreja. A base é bem teológica!

Page 18: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

18

TIMÓTEO 2:11-14

Voltemos para a 1ª Epístola de Paulo a Timóteo: “11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. 12

E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. 13 Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva. 14 E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”. Prestemos atenção para o fato de que Paulo começa falando em silêncio e submissão no v. 11 e termina citando a pala-vra silêncio no final do v. 12. Ter de falar sobre estas coisas não é nada simpático. Mas Paulo escreve estas palavras sob a liderança do Espírito Santo. Paulo queria ensinar às mu-lheres e a toda igreja.Paulo diz: “E não permito que a mulher ensine (ao homem, no caso), nem exerça autoridade de homem”. Precisamos reconhecer que aqui o homem é o objeto de dois verbos (ensinar e exercer) embora a palavra “homem” só apareça depois do segundo verbo (exercer) — a ideia é de exercer autoridade. Tudo isso está num contexto que envolve de forma ampla a vida da Igreja. O que Paulo tem em mente aqui é o ensinar verdades espirituais. Ele não está dizendo que a mulher não pode ensinar ao marido como usar a má-quina de lavar pratos ou como cozinhar. Ela não está exer-

Page 19: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

19

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

cendo autoridade sobre o homem ao fazer isso, mas está desempenhando seu papel de auxiliadora. O que Paulo não permite é a mulher ensinar ao homem as verdades bíblicas. As palavras centrais aqui no texto são: mulher e homem. É por causa das distinções e atribuições existentes entre os dois sexos que Paulo estabelece uma diretriz. O apóstolo faz isso como porta-voz de Cristo, com a autoridade plena de um apóstolo. Como veremos adiante, as mulheres cer-tamente são encorajadas a ensinar a outras mulheres e crianças (Tito 2:3-4; 2 Tm 3:15) Na Igreja a mulher não tem a permissão de Deus para en-sinar ao homem e de exercer autoridade sobre o homem, a menos que ela vire de cabeça para baixo a ordem especí-fica de Deus. É um mandamento mais amplo do que sim-plesmente o proibir que a mulher tenha um ofício na igre-ja (pastora, presbítera, diaconisa). Por inferência fica bem claro que isso também é proibido, porque uma das formas primordiais de se exercer autoridade na Igreja é ensinar à Igreja. Pedir que uma mulher venha à frente e ensine a toda a congregação é uma violação do que o Espírito Santo está ensinando através do apóstolo.

Por quê?O próximo versículo começa com a palavra “Porque” ou

“Pois”: “Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva” (v. 13). Paulo aqui dá a razão do por que a mulher não pode ensinar. Tudo é por causa da ordem criadora de Deus. E ele diz isso muito objetivamente. Alguém poderia afirmar:

“Se vamos nos submeter a este argumento então nós mu-lheres não deveríamos estar submissas aos homens e sim aos animais, porque eles foram criados primeiro do que o homem”. Meus irmãos, aqui o apóstolo Paulo não está tra-tando simplesmente da ordem cronológica da criação. Não!

Page 20: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

20

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

Paulo fala dessa forma porque tem em vista o modo como Deus estabeleceu a relação entre o homem e a mulher. Ele está pensando em quem é o cabeça e quem tem a autorida-de para desempenhar o papel de líder. É nessa relação que ele diz: “... primeiro, foi formado Adão, depois, Eva”. En-tão, para Paulo, este argumento da ordem criadora de Deus determina quem é o cabeça e quem está em submissão na família e também na Igreja; na atividade de quem deve ensinar e exercer autoridade.

Casamento e Igreja x LiderançaPensemos de forma clara. Qual foi o argumento que Paulo usou para definir quem é o cabeça no casamento? Ele usou o mesmo argumento que usou para estabelecer quem é o líder e autoridade na igreja. Então vemos que, tanto o casamento como o funcionamento da Igreja estão ligados à questão de quem é o cabeça, quem é a autoridade: Adão foi formado primeiro e depois Eva. Ou seja, se abrirmos mão da liderança masculina na Igreja, isso implica em que também estaremos quebrando um preceito bíblico — quem deve assumir a lide-rança no lar. Os dois papéis têm a mesma base teológica.

Papéis Invertidos (1 Tm 2:14)Mas Paulo adiciona ao seu argumento da criação, uma ilus-tração com relação à queda no v. 14: “E Adão não foi iludi-do, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”. Compare esta expressão de Paulo com Gênesis 3:13. Ali vemos o que Eva disse para Deus: “A serpente me enga-nou, e eu comi”. Veja que Paulo está citando as próprias palavras de Eva; ele não está inventando uma história. Se pudermos ver isso em um contexto mais amplo, veremos que foi exatamente quando os papéis foram invertidos, na hora da tentação, que a queda aconteceu. Pensemos nisto.

Page 21: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

21

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

A serpente vem conversar com Eva e não com Adão. Vem conversar um assunto exatamente com quem não deveria, porque Eva deveria se submeter à liderança do seu marido. A serpente inverte as prerrogativas. Ela fere e quebra a au-toridade de Adão.A serpente vai a Eva e começa a tentá-la. Adão está junto, mas não se manifesta; não assume a sua liderança como deveria fazer. Adão dá a entender à sua esposa que ela pode e deve agir por conta própria, que deve assumir uma atitu-de de autoridade sozinha sem a decisão do cabeça, sem a decisão do marido. Por isso Eva confessa a Deus que foi enganada (“A serpente me enganou e eu comi” — v. 13). Mas ela vai em frente e entrega o fruto proibido a Adão que

“estava com ela”. Embora Paulo diga que Adão não foi ilu-dido, ele, seguindo erradamente a liderança de sua esposa, come do fruto proibido; ele não assume a liderança e não adverte a sua mulher do erro, mas torna-se cúmplice. Dessa forma concluímos que, por causa da inversão dos papéis ocorreu a queda do homem.Paulo cita isso para ilustrar o que acontece quando as atri-buições, quando os papéis são invertidos. Não estamos di-zendo que a culpa é toda de Eva, ao contrário, dizemos que a culpa maior é de Adão, porque ele negligencia seu papel de cabeça e se deixa levar pela astúcia de Satanás. Fica bem claro que a serpente sabia a quem deveria enganar e conse-guiu seu intento. Vemos que Paulo não usa aqui um argumento cultural, um costume da época para resolver um problema que Timó-teo enfrentava na igreja de Éfeso. Está claro que Paulo não permite que a mulher ensine aos homens tendo em vista o primeiro casal, quando a mulher foi enganada e quando foi quebrada a ordem da criação. Paulo está claramente exer-

Page 22: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

22

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

cendo sua autoridade apostólica para dizer que a mulher não pode ensinar na igreja porque esta é uma prerrogativa daquele que tem a autoridade do ensino e da liderança na igreja — o homem; e Paulo faz isso tomando como base a ordem da criação de Deus.

Page 23: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

23

O TEXTO MAIS ODIADO DAS FEMINISTAS

Vamos para o texto mais odiado das feministas “cristãs”, mas que consolida a posição bíblica: “... 33 - porque

Deus não é de confusão, e sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos, 34 - conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas este-jam submissas como também a lei o determina. 35 - Se, po-rém, querem aprender alguma coisa, interroguem, em casa, a seu próprio marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja” (1 Co 14:33-35).O contexto desta passagem mostra Paulo tratando com pes-soas que estavam quebrando a ordem normal que deveria haver no culto porque reivindicavam ter a liderança do Es-pírito para exercer esta liderança. Cremos que as mulheres da época achavam que a liberdade que tinham em Cristo e o derramar do Espírito desde Pentecostes lhes dava o direito de assumir a liderança (autoridade) no culto. Isso torna a passagem muito interessante para nós. Quando uma mulher questiona: “Se Deus me chamou, me vocacionou, me encheu do Seu Espírito, me deu habilidades, inteligência, quem é você para me dizer que não devo ser

Page 24: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

24

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

ordenada ao ministério ou que não posso ensinar?”. Bem, neste caso podemos tomar as palavras de Paulo e dizer:

“O problema com este raciocínio é que o apóstolo Paulo nos diz que ele não permite isso”. Será que lembramos como Paulo falou aos coríntios que estavam em êxtase profetizando e trazendo revelações do Espírito através de línguas estrangeiras? Ele diz àqueles crentes de Corinto no v. 28: “Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja...”. Ou seja: “Vocês podem ter uma mensagem vinda de Deus através de línguas estrangeiras, mas se não tiverem um intérprete fiquem calados”. Ou seja, mesmo que eles tivessem alguma mensagem especial e um dom extraordinário, mesmo que tivessem esta grande

“aptidão”, se não tivessem intérprete, deviam ficar calados. Paulo está dizendo algo semelhante às mulheres aqui no texto!Vejamos o v. 33, pois ele nos ensina muito. Será que Paulo está dando esta orientação apenas e especificamente para os crentes da igreja de Corinto? Sim ou não? Não! Se não era apenas para eles, era para quem mais? Para todas as igrejas de Cristo – “Como em todas as igrejas dos santos”. Isso nos mostra que não é uma questão cultural de Corinto ou Éfeso. É uma questão que também atinge as igrejas do Brasil e do mundo. Este argumento é praticamente um paralelo do que vemos em 1 Tm 2:11-12 (“A mulher aprenda em silêncio (não fale), com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio (não fale)”. Paulo usa duas palavras importan-tes aqui: “silêncio” e “submissão”; ele diz que não é per-mitido a mulher falar e o contexto nos leva a inferir que a ela não é permitido ensinar, especialmente se comparamos

Page 25: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

25

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

1 Co 14: e 1 Tm 2. Se olharmos para 1 Co 14: 26, Pau-lo ali descreve em breves palavras o que ele vai de tratar logo a seguir. “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação”. Ele não traz qualquer instrução sobre que salmo era este, mas sabemos que sem dúvida era algo inspi-rado (um hino inspirado), fruto de uma revelação, porque o contexto de dons extraordinários aponta para isso. Mas nas próximas palavras Paulo lista aquilo que ele vai tratar daí em diante. Ele menciona: “doutrina ... revelação ... lín-gua ... interpretação.Começando no v. 27 vemos a primeira coisa que Paulo trata. Trata de línguas e sua interpretação. Não é assim que ele começa? Continuando encontramos a palavra “revelação”, pois quando Paulo trata dos profetas mais adiante, ele vai falar exatamente de revelação (vv. 29-30). Mas qual é a palavra que vem antes de tudo isso no (v. 26)? Doutrina ou instrução, ou ensino. Então, em um único texto Paulo explica de qual tema ele está tratando e intencionalmente aborda também a questão de como a mulher deve participar no culto, na igreja. Isso é importante porque nos mostra que havia desvios daquilo que Deus estabelece em Sua Palavra. Temos aqui um paralelismo entre 1 Co 14:33-35 e 1 Tm 2:11-14. Porém, Paulo é mais enfático quanto à questão da mulher nos versículo 33 a 35 de 1 Co 14. Poderíamos per-guntar: Por que aqui Paulo não usou a palavra “ensinar” e sim a palavra “falar” (... conservem-se as mulheres ca-ladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar — v. 34)? Paulo usa a mesma palavra que consistentemente usou quando se dirigiu àqueles que falavam em línguas e profe-tizavam. No v. 28 ele disse: “fique calado”; no v. 30 falou:

“cale-se”. E, quando chega à mulher no v. 34 ele também

Page 26: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

26

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

usa a mesma palavra — “conservem-se as mulheres ca-ladas”. É importante sabermos que aquele que falava em línguas e aquele que profetizava, ambos estavam trazendo algum en-sino para edificar a Igreja. Assim entendemos porque Paulo usava esta mesma palavra para os três: para os que falavam em línguas, para os que profetizavam e para as mulheres da congregação. Por que Paulo diz que as mulheres não devem falar e de-vem estar submissas (v.34)? Qual o motivo que ele apre-senta? Resposta: “... a lei o determina” (1 Co 14:34). Que lei é esta? Se olharmos para os comentários mais antigos infelizmente eles se reportam à maldição decretada sobre a mulher em Gênesis 3:16, mas é um erro! Digo isso com grande respeito por grandes pastores e presbíteros. Mas mesmo assim, digo que é um erro! Creio que a lei que Pau-lo se refere aqui é a mesma “lei” que ele usou para argu-mentação de 1 Co 11:8-9 e a mesma “lei” usada em 1 Tm 2:13. Que lei é esta? (1) O homem não foi feito da mulher, mas a mulher foi feita do homem, nem o homem foi criado por causa da mulher, mas a mulher foi criada por causa do homem; (2) Adão foi criado primeiro e depois Eva. É por isso que estamos tratando desse assunto debaixo de uma visão mais ampla da lei e da piedade. Isso nos demonstra o que a lei determina: “... conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina” (1 Co 14: 34).Vemos que o apóstolo Paulo dirige estas palavras aos cren-tes. Ele está se referindo à Igreja. Ele sabe que homem e mulher são um em Cristo; sabe que somos justificados e chamados igualmente, mas somos chamados igualmente para exercermos papéis diferentes. Paulo sabe que o que

Page 27: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

27

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

Deus ordena e institui é sem dúvida bom para nós. Não é algo que nos rebaixa ou que nos menospreza, mas é algo bom para a Igreja!

Page 28: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

28

QUESTÃO PRÁTICA

Aqui entramos em uma questão prática. Como não violar esta ordem estabelecida por Deus quando a mulher tem

alguma coisa a perguntar ou deseja aprender mais daquilo que o pastor pregou? Bem, para isso ela deve, segundo Pau-lo, perguntar ao marido em casa:

“Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem, em casa, a seu próprio marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja” (1 Co 14:35).

Isso também vai edificar o marido. Edificar no sentido de que ele tem de se preparar e ficar apto para responder e ensinar à esposa. Mas isso não impede a mulher de procu-rar um presbítero ou algum oficial da igreja para tirar sua dúvida e aprender melhor sobre determinado assunto, visto que nem todos os esposos têm a capacidade para isso. O presbítero tem esta autoridade porque a Bíblia afirma que ele deve ser apto para o ensino. Isso vai impedir que al-guém levante a mão e fale: “Quero só fazer uma pergunta”. Será que isso significa simplesmente fazer uma pergunta ou significa ter o direito de usar o tempo para debater e ensi-nar alguma coisa, ou expor sua posição ou ainda confrontar aquele que ensina?

Page 29: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

29

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

Charles Hodge comentando este versículo diz: “Não podemos reprimir o desejo que a mulher tem de apren-der, nem devemos negar-lhe ajuda quanto à sua melhor ins-trução... Podem perguntar tanto quanto desejem sem, contu-do, fazê-lo em público, porque para a mulher é vergonhoso falar na igreja. A palavra usada significa no grego algo que é feio, deformado”.Paulo está aqui preocupado com a ordem externa do cul-to, mas especialmente com a imagem da mulher diante da congregação; que ela não aja de forma indecorosa; que não seja vista com desonra; que sua piedade seja preservada. Há uma versão em espanhol que diz assim: “porque deso-nesta coisa é falar uma mulher na congregação”.

PROFETIZAR — Você poderia perguntar: Se Paulo diz em 1 Co 11:5 que uma mulher podia profetizar na igreja naquela época, por que ela não pode pregar hoje?

I) Bem, poderíamos simplificar aqui dizendo que naquela época havia profetizas que recebiam revelações e podiam profetizar na Igreja. Mas hoje não temos mais na igreja os dons revelacionais. Sendo assim, reivindicar o direito da mulher falar na igreja tomando como base este fato, não procede, porque as revelações cessaram.II) Mas alguém respondeu assim: “Nos comentários de Calvino ele vê dois problemas em Corinto. O primeiro era a questão do véu e o segundo era o problema das mulheres falarem publicamente na igreja. O tratamento de Calvino é: No capítulo 11 ele trata do pro-blema do véu e no capítulo 14 ele lida com a questão da mulher falar em público no culto. Isso levanta a pergunta: Por que no capítulo 11 Paulo fala de mulheres orando e

Page 30: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

30

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

profetizando? A resposta é a seguinte: Paulo lidou com estes problemas um de cada vez. Paulo não misturou os dois problemas. Primeiro lidou com o problema do véu e depois ele tratou do falar das mulheres. Quando chega ao capítulo 14, Paulo deixa bem claro que é impróprio para a mulher falar em público”.III) Alguns explicam este ponto dizendo que profetizar, no contexto de receber revelação, e repassar para o povo é algo passivo e não necessariamente significa usar de au-toridade. Mesmo assim (como dissemos anteriormente), como não existe mais profetismo em nossa época, isso fica descartado. Mas creio que esta explicação fica a dever quanto à questão de a mulher orar em público ou mes-mo de profetizar, porque o texto diz que a mulher podia profetizar e orar na igreja, contanto que tivesse a cabeça coberta2. Como resolver a questão:

1) O mais coerente é afirmar que Paulo em 1 Co 11:5 está ditando uma orientação específica com respeito à uma das irregularidade que ocorria na igreja de Corinto, dentre tantas outras: a mulher não estava manifestando submissão e consideração por seu esposo, quando ela não cobria a cabeça, diz Calvino. 2) Outro fato importante é que o texto de 1 Co 14:34-35, explica o texto de 1 Co 11:5. Esta é uma regra de inter-pretação sadia. O texto claro explica o obscuro. 3) Mas há ainda outro dado importante. Paulo diz que isso era comum a “todas as igrejas dos santos” e assim nos mostra um fato histórico importante. Por que este fato histórico é importante? Porque quando considera-mos o Princípio Regulador do Culto, não só devemos

2 É importante sabermos que aquele que falava em línguas e aquele que profetizava, ambos estavam trazendo algum ensino para edificar a Igreja.

Page 31: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

31

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

fazer aquilo que (1) a Bíblia ordena explicitamente, mas também o que (2) podemos inferir exegeticamente do texto e (3) se há algum exemplo histórico bíblico que nos autorize a permitir determinada coisa no culto. Nes-te caso vemos que o dado histórico é que em todas as Igrejas do Novo Testamento as mulheres se conserva-vam caladas (v. 33-34); e não temos nenhum exemplo histórico na Bíblia que autorize a permitir a mulher orar e falar em público quando se trata do contexto da igre-ja e seu papel na congregação e suas extensões.3 Não vemos isso no Velho Testamento e nem no Novo Tes-tamento. Até na Sinagoga judaica somente os homens tinham permissão de orar ou ensinar e esta prática con-tinuou na Igreja posteriormente.

Há quem diga de forma mais simplista que Paulo proíbe porque seria apenas sua opinião pessoal. Mas Paulo proíbe porque tem razões divinas para isso: a) quebra a ordem da criação; b) quebra o princípio da liderança no lar e na igreja.Muitos pensam que tudo isso é ideia da cabeça de Paulo. Será?

De quem foi a ideia?Vamos voltar para 1 Co 14. Veja como o apóstolo Paulo chega ao ponto crucial da sua explicação. Vejamos o v. 36: “Porven-tura a palavra de Deus se originou no meio de vós, ou veio ela exclusivamente para vós outros?”. Ou seja: “Foram vocês que deram origem a esta palavra?”. Para mim é uma frase bastante irônica. É como se Paulo também perguntasse: (1) “Será que foram vocês que escre-veram Bíblia, ou (2) será que a Palavra de Deus foi dada só

3 Escola Dominical, Seminário Teológico, Simpósios, Congressos, etc.

Page 32: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

32

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

para vocês?”. “Será que só vocês sabem o que é uma ordem de culto e nós não sabemos?”. Paulo está fazendo esta per-gunta penetrante porque está certo de que eles conhecem qual a resposta correta. A resposta de Paulo está na sua conclusão no versículo 37: “Se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo”. Ele está se referindo aos profetas da época, aos que falam línguas e às mulheres, dizendo: “Como vocês devem receber o que eu escrevi?”. Resposta: Como mandamento do Senhor! En-tão, ele destaca que o que ele acaba de falar é mandamento do Senhor e ele é seu porta-voz. Paulo escreve Bíblia!

Page 33: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

33

CONCLUSÃO

IO que isso não proíbe às mulheres? Olhemos para Tito 2:1-5. Ali Paulo afirma que as mulheres mais velhas

devem ensinar às mulheres mais novas como se portarem com seus maridos e seus filhos, a serem sensatas honestas, boas donas de casa, submissas aos seus maridos, bondosas e assim a Palavra de Deus não será difamada. Além disso a Bíblia também não proíbe as mulheres de testemunharem informalmente da ressurreição de Cristo como foi o caso de Maria Madalena ou de compartilharem sua fé em Cris-to, mesmo com os homens, como ocorreu com Priscila e Apolo.Vejamos estes dois exemplos:

a) Mateus 28:7,9,10. Pense nas últimas palavras de Jesus para as mulheres. “Ide avisar a meus irmãos que se diri-jam à Galiléia, e lá me verão”. b) A Bíblia não proíbe a mulher de, junto com o marido ou um presbítero e de forma reservada, falar com algum ho-mem que está precisando de ajuda doutrinária. É a forma de ajudar às pessoas a crescerem. Portanto, aqui podemos tirar a lição de que Paulo permite um ajuntamento mais particular de homens e mulheres juntos para ajudar uma pessoa a crescer na fé. Isso aconteceu com Áquila e Pris-cila em Atos (At 18: 24-26):

“24.Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloquente e pode-roso nas Escrituras. 25.Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o

Page 34: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

34

A Lei de Deus e a Mulher na Igreja — Dr. George Knight

batismo de João. 26.Ele, pois, começou a falar ousada-mente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Priscila e Áquila, tomaram-no consigo (‘o levaram consigo’ – Revista e Corrigida) e, com mais exatidão, lhe expuseram o cami-nho de Deus”.

II) Mas o texto não proíbe as mulheres de ensinarem às crianças (2 Tm 3:14-15; 2 Tm 1:5). Portanto, a mulher pode e deve desenvolver um ministério amplo na área do ensino na igreja. Lembremos que o ensino de Paulo, entretanto, para a Igre-ja é a seguinte: “E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre o homem”. Uma pergunta prática.A mulher pode ser convidada a ir à frente para conduzir toda a congregação a Deus em oração? Temos de lembrar que Paulo proíbe não só o ensinar, mas como o exercer au-toridade. Quando alguém lê as Escrituras, como o pastor, por exemplo, nós temos uma pessoa que é uma autoridade sobre nós4. O mesmo se deduz em relação à oração públi-ca. Quando alguém nos conduz em oração, esta pessoa tam-bém está exercendo autoridade. Então, de acordo com a Pa-lavra, o ler as Escrituras ou orar sobre a congregação, isso significa autoridade e, como tal, não é permitido à mulher.*

4 O Catecismo Maior de Westminster diz: Pergunta 156: A Palavra de Deus deve ser lida por todos? Resposta: Embora não seja permitido a todos lerem a Palavra em públi-co para a congregação, as pessoas de todas as categorias têm, contudo, a obrigação de a ler em particular para si mesmos e com as suas famílias; finalidade pela qual as Sa-gradas Escrituras devem ser traduzidas das línguas originais para as línguas vernáculas.

Page 35: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

35

QUE DIZ JOHN MACARTHUR SOBRE I TIMÓTEO 2:8

John MacArthur, em seu livro, Homens e Mulheres, da Editora Textus, na página 121-123, comenta o versículo

“Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar, levan-tando mãos santas, sem ira e sem animosidade” (1 Tm 2:8), dizendo:Em 1 Tm 2:8 Paulo abre a discussão com esta tarefa dos ho-mens: “Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade”. Este texto estabelece a base para o chamado à oração. “Portanto” refere-se aos sete versículos anteriores de 1 Tm 2, que falam sobre a importância da oração em favor de todas as pessoas, especialmente as autoridades não cristãs. A responsabilidade única de se oferecer oração pública (grifo nosso) em favor dos perdidos é uma obrigação especial dos homens. O con-texto imediatamente anterior deixa claro que a questão é sal-vação.A palavra grega traduzida como “varões” no versículo 8 re-fere-se ao homem não num sentido genérico, mas ao gêne-ro masculino (macho).Os homens devem liderar quando a Igreja se reúne para

Page 36: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

36

adoração corporativa. Na sinagoga judaica, somente os ho-mens tinham permissão de orar, e esta prática continuou na Igreja posteriormente. A expressão grega traduzida “em todo lugar” refere-se a uma assembleia oficial da igreja (I Co 1.2; II Co2.14; I Ts1.8). Paulo estava dizendo que inde-pendente de onde a igreja se reúna oficialmente, homens selecionados devem liderar a oração pública.Alguns defendem que esta afirmação contradiz I Coríntios 11.5, onde Paulo permite que as mulheres orem e proclamem a Palavra5. Esta passagem, porém, deve ser interpretada à luz de I Coríntios 14:34, que proíbe que as mulheres falem na assembleia. Além disso, conforme vimos no capítulo 2, as mulheres têm permissão de orar e anunciar a Palavra, mas não quando a Igreja se reúne num culto oficial. Isso de forma alguma marca a mulher como espiritualmente inferior (cf. Gl 3.28): nem todos os homens pregam a Palavra na assembleia, mas só aqueles que foram chamados e qualificados para isso.“Levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade” es-pecifica como os homens devem orar. Os israelitas tinham o costume de erguer as mãos quando oravam (veja, por exem-plo, Sl 134.2) como um gesto que indicava a oferta da ora-ção e a prontidão em receber a resposta. A ênfase do man-damento de Paulo está no em santidade. Assim, permanece como uma metáfora expressando a vida pura. Aqui, vemos uma qualificação específica dos homens selecionados para liderar a oração no culto público: devem ter uma vida santa. Sua atitude interior é “sem ira e sem animosidade”. Os lí-deres eclesiásticos não devem ser caracterizados pela raiva e pelas disputas; devem ter corações amáveis e pacíficos.

5 A liderança da congregação de Deus é uma tarefa sacerdotal. No Antigo Testamento, todos os sacerdotes que lideravam o povo na presença de Deus eram do sexo mascu-lino (grifo nosso) (Ex 28.1; 32.26-29; Lv 8.2; Nm 8.16-26) – (Nota do Editor). Entrevista com Dr. George Knight III

Page 37: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

37

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O DR. G. KNIGHT

1) Os Puritanos: Devemos entender Evangelho e Lei como a mesma coisa, ou são diferentes?George Knight: É verdade que são diferentes em certo pon-to, mas os dois expressam a vontade de Deus para nós de maneira diferente. Por exemplo, a Lei expressa a vontade de Deus com respeito à forma como deveríamos viver. O Evan-gelho expressa como Deus nos salva através de Jesus Cristo, sua morte e ressurreição. Então, o Evangelho, primordial-mente expressa a graça e a Lei, como a própria definição indica, nos mostra a Lei. Mas nós precisamos da graça de Deus para obedecer a Lei. Assim, os dois à primeira vista são diferentes, mas os dois têm sua origem em Deus e expressam a Sua vontade.2) Os Puritanos: Como os crentes do Velho Testamento eram justificados?G. K.: Eles eram justificados olhando para o Messias que haveria de vir. Eram justificados expressando sua fé nesta promessa. Oferecendo sacrifícios, até que o perfeito sacri-fício veio levando assim a ira de Deus que era a punição dos seus pecados; dessa forma, Deus pode perdoar seus pe-

Page 38: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

38

cados. Resumidamente, poderíamos dizer que eles foram justificados exatamente como somos justificados no Novo Testamento. Eles punham sua fé em algo que estava sendo antecipado e nós, que vivemos depois do cumprimento da promessa, somos justificados olhando para o que foi cum-prido. O que encontramos na Palavra de Deus é que eles fo-ram salvos tendo fé na mesma esperança que temos, confor-me está em Romanos 3:21-26. Vemos no v. 25 e 26: “... por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente...”. O que parece ter sido algo simplesmente deixado “de lado”, na verdade não o foi, mas simplesmente tido como algo real no tempo, antes do cumprimento efetivo. Podemos ver com isso, que tanto os crentes do VT como do NT são justificados com base no mesmo ato: o sacrifício do Senhor Jesus.3) Os Puritanos: Então, a palavra chave aí é propiciação? G. K.: Sim, sem dúvida. A palavra chave aqui é propiciação, porque significa “carregar a ira de Deus” e assim, por meio desta obra realizada por Cristo (propiciatória), Deus pode-ria ser justo para justificar.4) Os Puritanos: Por que Paulo diz que as mulheres devem ficar caladas na igreja (no culto) “porque a lei o determi-na”? Que lei é esta?G. K.: De fato, o apóstolo Paulo diz em I Co 14:34 e I Tm 2:11-12, que as mulheres não devem ensinar, exercer auto-ridade sobre os homens. Ele não descreve claramente que lei é essa, mas em I Tm 2:14 ele descreve e mostra a que Lei ele está se referindo. Percebemos que ele está se referindo ao mesmo assunto, exatamente porque ele está tratando da questão do comportamento da mulher na igreja. Paulo se refere à criação mostrando que Adão foi criado primeiro e

Page 39: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

39

depois Eva. Então, esta lei se refere ao ensino de Gênesis, quando expressa a vontade de Deus na criação.Podemos, então, entender que essa lei compreende as orde-nanças de Deus para o homem no casamento, no trabalho, e em toda sua vida, como deve agir segundo a vontade de Deus. Ele não está citando aqui a maldição que foi impe-trada por Deus à Eva, não está falando que nós devemos ter esse tipo de relacionamento porque o pecado trouxe essa conseqüência, mas, na verdade o que ele está falando é que essa é a ordenança de Deus, o que Deus tem estabelecido para o relacionamento de homem e mulher, particularmente no casamento como estrutura desde a criação do mundo. Essa é a razão porque, não somente o apóstolo Paulo, mas também o apóstolo Pedro estabelece esta mesma regra para o relacionamento de homem e mulher. Eles fazem isso mos-trando a verdade ética do Evangelho. Podemos ver também essa mesma lei ética das ordenanças dadas por Deus ex-pressas em 1 Co 11. Da mesma forma, ali, o apóstolo Paulo cita nos versículos 8 e 9 as ordenanças de Deus na criação. Esta ordenança da criação é citada em 1 Co 11 e 1Tm 2. Uma coisa importante a notar neste assunto é que o rela-cionamento de marido e mulher é baseado nessa ordenança dada por Deus desde o início. Precisamos notar, também, que o apóstolo Paulo estende isso para o exercício das ati-vidades da mulher na igreja, especialmente proibindo que ela seja pastora, presbítera, diaconisa, ou exerça qualquer tipo de atividade ou ofício que tenha autoridade sobre os homens, usando o mesmo argumento da criação.Dessa forma, se observarmos e guardarmos aquilo que Deus ordena desde a criação, como deve ser o relacionamento de ma-rido e mulher, necessariamente vamos concluir que a mulher não pode exercer qualquer tipo de atividade ou ofício na igreja que venha exercer autoridade sobre o homem ou o marido.

Page 40: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

40

5) Os Puritanos: Podemos, então concluir que isso não era algo apenas para Corinto, mas também para as outras igre-jas “dos santos”?G. K.: Claro. Podemos perfeitamente concluir isso, primei-ro porque uma ordenança da criação é para todos e segundo porque Paulo expressa isso de um modo muito claro em um versículo (v.33) dizendo que esta era a prática para todas as igrejas.6) Os Puritanos: Paulo em Gálatas diz que, em Cristo, ho-mem e mulher são iguais; isso não seria argumento para a ordenação de pastoras e presbíteras? G.K: Alguns tentam usar este argumento para tirar esta conclusão, mas acho que estão errados por algumas razões: Se fizermos esta conclu-são vamos fazer Paulo contradizer a si mesmo. Paulo escre-veu a carta de Gálatas, I Coríntios e I Timóteo. Temos que entender o que ele diz em Gálatas sem contradição com o que ele diz nas outras epístolas. A maioria dos comenta-ristas e estudiosos que comentam esta passagem estão de acordo com este pensamento. O que o versículo quer dizer é que homem e mulher são iguais porque foram salvos e unidos a Cristo da mesma maneira. Alguém poderia dizer que nossos filhos são salvos da mesma maneira que os pais são e isso invalidaria o mandamento que diz que as crian-ças devem honrar seus pais e obedecê-los. Podemos usar o mesmo argumento quanto à relação de marido e mulher. Precisamos notar que a Bíblia fala de duas coisas primor-dialmente importantes sobre o relacionamento de marido e mulher: São iguais como sendo pecadores e pessoas salvas em Cristo, mas têm diferentes funções dadas por Deus. É bom lembrar que o Senhor Jesus Cristo tem uma função diferente como Filho diante do Pai. Em I Co 11:3 Paulo diz que Deus o Pai é o cabeça de Cristo. Mas diz a mesma coisa, ao afirmar que o marido é o cabeça da mulher.

Page 41: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

41

7) Os Puritanos: O argumento usado por Paulo de que a mulher não pode ensinar ao homem na igreja é cultural ou teológico, doutrinário?G. K.: Eu teria de dizer que o argumento que Paulo usa é bíblico, teológico e não cultural. É o argumento usando as ordenanças de Deus na criação. Mesmo que não fosse assim, teríamos que olhar para o texto e ver no contexto a conclusão do que o texto diz e não o que supostamen-te poderia dizer. Há muitos argumentos que se usam para se tentar dizer que o texto é cultural. Alguns acham que talvez Paulo estivesse sugestionado por uma má influência judicial. Ou que Paulo estivesse usando este argumento de proibir de a mulher ensinar o homem por uma influência cultural da cidade de Éfeso, e que ele teria proibido a mu-lher de falar em Corinto porque a igreja estaria muito in-fluenciada pelo “carismatismo”. Outros usam o argumento cultural simplesmente dizendo que a cultura grego-romana não admitia a supremacia da mulher sobre o homem. Mas, na verdade o que temos de perceber é que todos esses os argumentos culturais que são dados, não são bíblicos. Paulo usa simplesmente o argumento da criação, de que Adão foi criado primeiro e depois Eva, fala da ordenança de Deus e nada mais. Então, temos de nos curvar diante do que o texto diz porque a ordenança de Deus não é influência cultural.8) Os Puritanos: Mas se o pastor da igreja autorizasse a mulher a pregar ou ensinar na igreja ao homem? Se ela estivesse sob a autoridade do ministro ela poderia agir as-sim? G.K.: Muitos usam esse tipo de argumento, mas o que temos de perceber é aquilo que Paulo diz: “Não permito que a mulher ensine, nem que exerça autoridade sobre o homem...” (I Tm 2:12). Se o pastor der esta autoridade ele teria mais autoridade do que Paulo.

Page 42: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

42

9) Os Puritanos: Por que em nossa época há esse desejo das mulheres serem ordenadas pastoras, presbíteras e dia-conisas? Por que surge essa ênfase agora quando isso nunca foi prática na igreja do passado?G. K.: É difícil responder a essa pergunta porque é difícil conhecer o coração das pessoas e penetrar em seus pensa-mentos. Mas a resposta talvez seja devido ao espírito da nossa época que é exatamente o desejo de revolucionar e mudar todas as leis estabelecidas na Palavra de Deus. Mas ao mesmo tempo podemos perceber que não é só na nossa época, do século XX e XXI, pois percebemos pela Escritu-ra que esse espírito já existia no tempo de Paulo e por isso ele teve de escrever contra todas essas coisas. Talvez duas coisas possam explicar isso:

1) Talvez a primeira coisa seja esse entendimento er-rado a respeito do Evangelho que coloca o homem e a mulher numa nova condição de desfazer essa antiga ordem estabelecida por Deus.2) Também a influência de Corinto com o evento das manifestações carismáticas. Dessa forma o Espírito Santo poderia estar supostamente dando uma nova au-toridade. O que Paulo está dizendo é que o ensino do próprio Senhor Jesus é que essa ordem dada por Deus não foi modificada em absoluto. Paulo ensina enfatica-mente que o Evangelho não modifica as ordenanças de Deus. Diz que o dom de falar em línguas e de profeti-zar das mulheres, para colocar as coisas “em ordem”, ele explica em I Co 11 que isso não significa que a mulher mudou sua posição em vista disso. Paulo lida com a questão do entendimento errado do Evangelho em várias formas. É lógico que ele deveria escrever até mesmo para os que foram frutos do seu ministério, os

Page 43: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

43

que com ele se converteram, para que não entendessem de modo errado o Evangelho. Temos de fazer a mesma coisa e não ter medo. Tratar do assunto com cuidado e lembrar que nós temos de seguir o exemplo do grande apóstolo Paulo.

10) Os Puritanos: Então, o argumento pragmático de que a mulher com grandes habilidades, até mesmo maiores do que do homem, não justifica o exercício de autoridade de ensino sobre os homens?G. K.: É exatamente o que o apóstolo Paulo está condenando em I Co 14. Algumas mulheres já chegaram para mim dizen-do que receberam o chamado de Deus para o ministério e que Deus lhes capacitara e lhes dera dons para o ministério mais do que a seminaristas homens. É o mesmo caso das esposas! Já tive oportunidade de ver mulheres que são mais inteligen-tes e habilidosas do que seus maridos. Mas não veremos em lugar nenhum na Bíblia que a mulher tem que por isso ser cabeça do homem. O mesmo argumento serve para a vida na igreja. Eu quero encorajar essas mulheres a ensinarem a outras mulheres e às crianças, mas não tentem invalidar o mandamento apostólico tentando exercer autoridade sobre o homem. Quero ainda dar um conselho às esposas cristãs que ajudem no desenvolvimento da liderança dos seus maridos, inclusive pedindo-lhes que eles façam o culto doméstico e exerçam sua liderança. Tenho visto muitos maridos serem abençoados pela ajuda de suas esposas. Sei que essas mulhe-res que são muito inteligentes, sábias e piedosas vão querer fazer exatamente assim.11) Os Puritanos: O que diria para os líderes das igrejas evangélicas históricas que, em nossos dias, estão defenden-do a ordenação feminina? Que conselho daria?

Page 44: A Lei de Deus e a Mulher » George Knight

44

G. K.: Como americano e tendo a experiência de lá da América, acho que posso dar um conselho aos brasileiros. Também porque o Senhor me chamou para ser um pregador do Evangelho e ministrar Sua Palavra a todas as nações, tenho colocado esta posição que também coloco aos meus patrícios americanos: o que diz a Palavra de Deus e o que ela ensina sobre isso? Quero encorajá-los e lembrá-los que o que a Palavra de Deus ensina é o que Deus ensina. É a verdade e deve ser obedecida e seguida. É o melhor que os homens e mulheres fariam. Quero aconselhar a não sermos influenciados pelo espírito desta época e como seguido-res que somos da tradição reformada continuarmos firmes guardando os ensinos das Escrituras.Meu desejo é que todos fiquem firmes no ensino do apósto-lo Paulo e persuadidos da verdade conforme está na Palavra de Deus.