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A LEITURA DOS CLÁSSICOS E A FORMAÇÃO DO … · Didascálicon – da arte de ler, de Hugo de São Vitor 4, refletindo, particularmente, sobre a forma com que o autor propõe a prática

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A LEITURA DOS CLÁSSICOS E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Elvira Maria Negrine Rodrigues Kühl1

Terezinha Oliveira2 Resumo Este artigo apresenta resultados dos estudos realizados no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, realizado pela Secretaria da Educação do Estado do Paraná em parceria com as Universidades públicas estaduais e federal, destinado à qualificação de professores e pedagogos da rede estadual de ensino. Quando se trata da formação de professores é comum focar no estudo de conteúdos específicos da disciplina a qual o professor vai lecionar. No entanto, é importante destacar que a leitura dos autores clássicos tem muito a ensinar. Este modelo de leitura é condição fundamental para a formação do professor, porque por meio dela o professor amplia seu universo de conhecimento, conhece o significado de uma passagem histórica, envolve-se com o universo do texto lido, amplia suas referências, conhecimentos, compara pontos de vista de autores diferentes, dentre muitas outras inferências que a leitura pode proporcionar. A leitura dos clássicos leva o professor ao universo do conhecimento que pode mudar a vida de quem lê. A leitura de uma obra original suscita novas leituras, porque clássicos são aqueles livros que nunca esgotam sua capacidade de produzir surpresas e criar novos universos, exatamente porque tratam dos grandes dramas humanos. Neste artigo será apresentado o resultado da proposta de trabalho planejada no projeto de implementação pedagógica, desenvolvido por meio de curso de extensão, com a participação de professores do Colégio Estadual Ary João Dresch – EFMNP, no qual foram realizados estudos e leituras fundamentados em autores clássicos. Esse processo possibilitou a formação de um grupo coeso de leitores que se propôs dar continuidade à sua formação, realizando, periodicamente, leitura de autores clássicos. Palavras-chave: Leitura; Formação de professores; Autores clássicos. 1Pedagoga da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná[email protected] 2 Doutora em História. Professora da Universidade Estadual de Maringá (DFE/PPE – UEM – [email protected]). Orientadora no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).

Abstract This paper presents the results of a research carried out as part of the State Educational Development Program (Programa de Desenvolvimento Educacional). The program has been developed by the Education Secretariat in the State of Paraná in partnership with Federal and State Public Universities and its aim has been to enable public school teachers and pedagogues to improve their teaching skills. Studying specific subjects concerning the teacher area of knowledge is usually the focus of teacher training. However, reading classic authors is essential in teacher training as well, once it widens the teachers' knowledge allowing them to have access to historical facts as well as getting involved with the ideas of the text which is being read. In addition, this type of reading broadens the teachers' horizons by adding new reading references and comparing different points of view, among other advantages. The reading of the classics takes the teachers to the realm of knowledge that can change their life. In addition, it excites new readings since they are those books that never end their capacity of causing surprise and creating new universes once they deal with the greatest human issues. Thus, this article demonstrates the results of a course on reading and studying classic authors’' books. It has been carried out during the Pedagogical Intervention Project (Projeto de Intervenção Pedagógica) and developed with teachers from the school Colégio Estadual Ary João Dresch - EFMNP. The course has promoted the setting up of a steady group of readers who are eager to carry on reading classic authors in order to develop their teaching skills. Keyeords: Reading. Teacher Training.Classic authors.

Introdução

Este artigo apresenta resultados dos estudos realizados no Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, ofertado pela Secretaria de Educação do

Estado do Paraná em parceria com as Universidades públicas estaduais e

federal, destinado à qualificação de professores e pedagogos da rede estadual

de ensino3.

A leitura é preocupação recorrente na prática pedagógica dos

professores, bem como em pesquisas acadêmicas, ocupando, nas sociedades

3O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) foi implantado pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná com o objetivo de promover a capacitação dos professores da rede pública estadual por meio do “diálogo entre os professores do Ensino Superior e da Educação Básica, através de atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a produção do conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar [...]”. (PARANÁ, 2010). Maiores informações sobre o Programa podem ser encontradas no site http://www.pde.pr.gov.br.

contemporâneas, lugar de destaque no processo educativo, sobretudo o

escolar. Desta assertiva, no que diz respeito à educação escolar, nosso estudo

tem como foco evidenciar a importância da leitura dos clássicos na formação

do professor. Para isto, tomamos como ponto de partida a análise da obra

Didascálicon – da arte de ler, de Hugo de São Vitor 4 , refletindo,

particularmente, sobre a forma com que o autor propõe a prática da leitura.

A formação do leitor

Considerando que a educação, mais do que o ensino, cuida de valores

do mesmo modo que a cultura trata de crenças, hábitos e costumes, como

organizar um trabalho efetivo para despertar sobre a importância da leitura dos

clássicos como fonte para subsidiar a ação docente?

Entendemos que a educação é um processo de formação e transformação do

homem que não pode restringir-se à simples preservação e transmissão do

conhecimento, sobretudo o que atende apenas as necessidades de garantia da

existência imediata, mas sim buscar o seu desenvolvimento e aprimoramento

enquanto ser.

A educação não é só um conjunto de valores intelectuais adquiridos,

mas de valores culturais vividos e valores morais herdados ou escolhidos no

decorrer do curso de toda a vida. Constatamos, ao longo da história, a

preocupação das diversas sociedades com a educação dos homens. “Quanto

mais progride a humanidade, mais rica é a prática sócio-histórica acumulada

por ela, mais cresce o papel específico da educação, mais complexa é a sua

tarefa” (LEONTIEV, 2004, p. 291).

4 A tradução da obra para a Língua Portuguesa foi realizada por Antonio Marchionni em 2001.

Nesse sentido, a educação escolar deve ocupar-se da formação dos

alunos, preocupando-se também com o desenvolvimento da leitura como

processo que pode contribuir com esta formação. O professor, que é o

responsável pelo processo pedagógico, à medida que compreende esta

necessidade, poderá realizar um trabalho que promova a leitura como fonte de

saber.

A preocupação com a leitura e com a escrita está presente em toda a

história da educação. No entanto, o conceito de leitura, a compreensão de sua

importância na formação humana, vem se modificando ao longo do tempo. Na

sociedade letrada em que vivemos, a cada dia, somos desafiados para muitas

situações nas quais é necessário utilizar a competência de leitor não apenas

para os textos escritos, como para compreender o mundo que nos cerca.

Assim, a reflexão acerca da leitura tem perpassado os séculos e

adquirido relevância devido às transformações pelas quais passaram as

diversas sociedades. Essas transformações têm criado uma necessidade cada

vez maior de nos ocuparmos com o que, de fato, nos humaniza, pois o que

ocorreu juntamente com o desenvolvimento das sociedades foi que os homens

relegaram a um segundo plano tudo o que diz respeito a sua formação

enquanto ser. Como consequência, a escola, inserida neste contexto histórico,

deixou de ocupar-se com esta formação.

A mudança na estrutura curricular dos cursos de graduação com

redução da carga horária das disciplinas que poderiam proporcionar

fundamentação histórica e filosófica da educação promoveu um aligeiramento

no processo formativo e uma tendência a buscar versões e resumos dos

clássicos. Com isso, o professor deixou de entrar em contato com escritos que

podem aproximá-lo das ideias clássicas.

Com base nesta afirmação e em Calvino (2001), consideramos que é

função da escola apresentar obras de valor estético comprovado. Um professor

leitor de obras clássicas, conforme foram pensadas e escritas, poderá

desenvolver melhores condições intelectuais para compartilhar com seus

alunos questões mais aproximadas destes autores e suas obras. Portanto, a

formação do professor não pode prescindir da leitura de obras clássicas. Nelas,

encontramos fundamento para o trabalho docente na perspectiva da formação

humana.

Conforme Oliveira (2009, p. 83):

[...] devemos sempre, enquanto docentes, formar pessoas na

sua totalidade, construindo pessoas sábias de conteúdo e de

ética. Quando ensinamos uma criança a ler e a escrever,

devemos ensinar, também, condições para ser sujeito

consciente em seu lócus. [...] só somos professores quando

somos capazes de transformar nosso aluno.

Neste sentido, é fundamental que o professor compreenda o sentido e o

significado de ser professor e da responsabilidade que tem com a formação

de seu aluno. Formar é mais que ensinar. Está relacionado à tomada de

decisões conscientes em busca da continuidade de sua formação.

Daniel Pennac (1993), na obra Como um Romance, escreve com muita

sensibilidade sobre a magia da leitura. Alerta que a leitura perde-se quando o

livro deixa de ser "vivo" – quando a narração ao pé da cama, na infância, passa

a ser a leitura obrigatória do programa escolar.

Lendo para seus alunos, Pennac os fez perceber que Dostoiévski,

Tolstói, Calvino, García Márquez, John Fante, todos, não importando a forma

escolhida, contam uma história. Para entendê-la, basta voltar ao despudor da

primeira infância, de querer tudo descobrir. Nesta obra, Pennac trata ainda dos

desafios e dos direitos imprescritíveis do leitor que não podemos esquecer:

O direito de não ler

O direito de pular páginas

O direito de não terminar um livro

O direito de reler

O direito de ler qualquer coisa

O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível)

O direito de ler em qualquer lugar

O direito de ler uma frase aqui e outra ali

O direito de ler em voz alta

O direito de calar

Não parece apropriado que alguém que esteja escrevendo sobre a

promoção da leitura possa afirmar que o leitor tem direito em não ler, em pular

páginas ou não terminar a leitura de um livro. No entanto, é justamente aí que

está a questão central colocada por Pennac (2003), a leitura somente é

provocada pelo prazer.

Com esta perspectiva, o autor reconstrói a história do leitor e do

fenômeno da leitura. Faz e refaz os caminhos percorridos pelo leitor nessa

atividade, destacando o prazer pela leitura. O professor,quando compreende os

princípios apresentados por Pennac (2003), trabalha a leitura como

possibilidade de prazer na busca do conhecimento.

A reflexão sobre a leitura não se iniciou na sociedade contemporânea.

Em outros tempos, discutia-se a leitura como princípio para a formação

humana. No século XII, Hugo de São Vitor na obra Didascálicon– a da arte de

ler escreveu um manual de leitura, no qual encontramos princípios básicos

pelos quais ensina ao estudante o modo de ler e como organizar o estudo, o

ensino e, sobretudo, a leitura. Na obra de Hugo de São Vitor, a leitura é

enfocada como busca da sabedoria que, por sua vez, leva à contemplação.

O século XII se destacou, na história da civilização, como palco de

grandes transformações sociais. Entre as transformações, podemos destacar o

renascimento das cidades, que, segundo Oliveira (2002, p. 59) “‘exige’ dos

homens não só uma nova forma de ensinar, mas, também, precisam,

fundamentalmente, aprender”.

Pensar a sociedade nesse período pressupõe compreender o contexto

histórico, as alterações sociais que decorreram com o desenvolvimento das

instituições de ensino. Constata-se, no século XII, um renascimento comercial

e a consequente necessidade de uma forma de saber, sobretudo dos que se

dedicavam ao comércio, a quem se tornara imprescindível o domínio da leitura,

escrita e cálculo. É nesse contexto citadino que a obra de Hugo de São Vitor

precisa ser estudada.

Com o desenvolvimento do comércio e das cidades, novas

competências precisam ser desenvolvidas e adquiridas pelos homens para que

possam, consequentemente, contribuir com a sociedade. Entre as novas

necessidades, destacamos a valorização do conhecimento, para o qual é

imprescindível o domínio da leitura.

Entre as inúmeras mudanças ocorridas no século XII com o

desenvolvimento das cidades, destaca-se o ensino. E o ensino passou a ser

visto como um trabalho, assim como as demais atividades. Abelardo (1079-

1142) é um dos autores que ilustra, em sua obra, as mudanças pelas quais

passava o ensino naquele momento. Suas observações são bastante

elucidativas a respeito das aulas de um de seus mestres.

Na verdade, parecia admirável aos olhos dos seus ouvintes, mas era nulo aos olhos dos que faziam perguntas. Tinha uma elocução admirável, mas era vazio de conteúdo, oco de pensamento. Quando acendia o fogo, enchia sua casa de fumaça, mas não a iluminava. Sua árvore parecia toda vistosa na sua folhagem aos que a olhavam de longe, mas revelava-se infrutífera aos que observavam de perto e com cuidado (ABELARDO, 1988, p. 258).

É nesse contexto que se insere a discussão da obra Didascálicon – da

arte de ler, de Hugo de São Vitor, que ensina o estudante o modo de ler e

como organizar o estudo, o ensino e, sobretudo, a leitura. “O estudante

prudente, portanto, ouve tudo com prazer, lê tudo, não despreza escrito algum,

pessoa alguma, doutrina alguma” (HUGO DE SÃO VITOR, 2001, p. 157), uma

vez que a leitura pode ser utilizada para estimular a primeira operação da

inteligência que é o pensamento.

Desenvolvimento da Implementação Pedagógica

A Implementação Pedagógica é uma das atividades necessárias para a

finalização do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE e tem como

referência um projeto elaborado pela professora PDE no decorrer do primeiro

ano do programa. Este Projeto de Implementação Pedagógica foi planejado

para ser realizado, meio de encontros, com leitura de obras clássicas e a por

efetivação do projeto contou com a participação de dez professores da rede

estadual de ensino.

Conforme proposta inicial e após um estudo sobre a importância da

leitura na formação do professor, realizaram-se leituras das obras clássicas: A

vida de Lazarilho de Tormes – suas formas e adversidades5; Didascálicon– da

arte de ler de Hugo de São Vitor; Sobre a Pedagogia de Immanuel Kant.

A escolha destas obras se justifica pelo fato de elas se completarem em

sentido no que se refere ao tema do estudo proposto, que é a formação do

homem. E ainda por considerarmos necessário ampliar os conhecimentos, já

que o foco de estudo na formação de professores, muitas vezes, está voltado

para conteúdos específicos da disciplina que o professor vai lecionar.

A formação dos alunos em sua totalidade exige um professor com

conhecimentos além de sua disciplina específica. Nesse sentido, a leitura dos

autores clássicos tem muito a ensinar. Conforme Oliveira e Mendes (2010, p.

9), [...] “acreditamos, em primeiro lugar, que os autores que se tornaram

clássicos são aqueles que souberam captar as questões da sua época e as

responderam com mais profundidade do que seus contemporâneos”.

O escritor italiano Italo Calvino afirma que a leitura de um clássico pode

mudar a vida de quem lê. Mesmo comentados e analisados, a leitura original

do autor produz novas leituras, porque os clássicos são aqueles livros que

nunca esgotam sua capacidade de produzir surpresas e criar novos universos,

exatamente porque tratam dos grandes dramas humanos.

Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes) (CALVINO, 2001, p. 11).

Nesse sentido e considerando a necessidade de formação dos alunos, o

estudo de obras consideradas clássicas, selecionadas neste projeto, teve como

objetivo não apenas criar um espaço para reflexão acerca das ideias de seus

5A obra denominada Lazarilho de Tormes foi publicada originalmente na Espanha em 1554 sob o título completo La vida delLazarillo de Tormes, y de sus fortunas y adversidades e foi considerado o primeiro romance picaresco da literatura universal.

autores, mas, sim e principalmente, despertar os professores para novas leituras

que promovam o conhecimento e o prazer.

Observamos, no decorrer dos encontros realizados, que os momentos

para leitura e reflexão favoreceram o reconhecimento dos participantes sobre o

seu papel de leitor, tornando-se sujeitos do processo. Essa situação ficou

evidente nos seus depoimentos, que enfatizaram, dentre outras questões: a

mudança de compreensão sobre o papel da leitura em sua formação; a

importância do incentivo para provocar o leitor; que toda leitura tem uma

intencionalidade, sendo necessária a atenção do leitor para compreendê-la; que,

mesmo realizando leituras constantes para seu trabalho, não se percebiam como

leitores.

As ideias apresentadas nos depoimentos fortaleceram a realização das

leituras que eram o pressuposto básico de cada encontro. Para debater a

função da leitura e o papel do leitor, foi sugerido aos participantes, entre o

primeiro e o segundo encontro, que assistissem ao filme O Leitor 6 que

apresenta um romance regado à leitura. O objetivo desta atividade foi

considerar o ato de ler e a importância desta situação para quem é leitor e para

aqueles que não podem ser.

A sequência do curso teve a apresentação da obra Didascálicon– da

arte de ler, de Hugo de São Vitor, discutindo a contribuição desta obra na

prática da leitura. Para isto, o professor cursista foi conduzido a conhecer um

pouco da vida e da história que envolveu a produção desta obra.

Hugo de São Vítor nasceu por volta de 1095, provavelmente na Saxônia,

região que hoje faz parte do território da Alemanha. Ainda jovem, devido à sua

vocação religiosa, mudou-se para Paris, onde ingressou no Mosteiro de São

Vítor até sua morte em 1141.

A obra Didascálicon – da arte de ler foi escrita em 1127 e composta por

seis livros, cujo objetivo seria auxiliar e orientar os estudantes em seus

estudos, ou seja, como uma estratégia de ensino. 6The Reader (2008). Produção dirigida pelo premiado Stephen Daldry.Na Alemanha pós-segunda Guerra Mundial, o adolescente Michael Berg (David Kross) se envolve, por acaso, com Hanna Schmitz (Kate Winslet), uma mulher que tem o dobro de sua idade. Apesar das diferenças de classe, os dois se apaixonam, vivendo uma bonita história de amor. Na trama, o casal, ao viver um caso de amor, tem contato com a experiência da leitura como fonte de sedução. A protagonista, mesmo sendo analfabeta, não deixa transparecer esta condição ao amante-leitor. Em meio a uma história envolvente, os telespectadores podem compreender diferentes relações sociais que se estabelecem em torno da leitura.

Os três primeiros livros são dedicados ao conhecimento das coisas do

homem, dos escritos literários e estudos de temas atualmente denominados

profanos. Os três últimos são dedicados ao conhecimento das coisas de Deus,

pela leitura da Sagrada Escritura. Nessa parte do livro, é abordado também o

problema da leitura: o que ler, como ler e de que modo ler,ocupando-se o autor

da teoria e dos problemas da leitura.

O autor compreende a leitura como a busca pela Sapiência, entendida

como conforto da vida, pois quem a encontra é feliz, e quem a possui é beato.

“A Sapiência ilumina o homem para que conheça a si mesmo, ele que, quando

não sabe que foi feito acima das outras coisas, acaba achando-se semelhante

a qualquer outra coisa” (HUGO DE SÃO VITOR, 2001, p. 47). A busca pela

Sapiência inicia-se com o ato de ler, seguido pela reflexão e pela

contemplação. Logo, para Hugo de São Vitor, todo o conhecimento pode ser

acessível ao homem.

Para Hugo de São Vitor, o hábito da leitura deve ser desenvolvido como

compreensão do mundo, busca do conhecimento e de novas formas de

perceber e sentir a vida. Por isso, é necessário estimular a realização da leitura

como hábito e prazer, na tentativa de compreendê-la como fonte de

conhecimento e sabedoria.

Hugo de São Vitor, ao ensinar um estudante o modo de ler, assinala a

necessidade da meditação para o sucesso dele. Afirma que a memória é a

responsável pela guarda e pelo resumo do que se lê. Para auxiliá-la, o

estudante deve saber resumir o que leu, por isto, demonstra como organizar o

estudo, o ensino e, sobretudo, a leitura.

Nesse sentido, o estudante prudente lê tudo, não despreza escrito algum

ou pessoa ou doutrina alguma, não se preocupa com o quanto sabe, mas o

quanto ignora.

O mestre Vitorino afirma que há três operações básicas da alma racional

e que constituem uma hierarquia entre si, as quais devem ser desenvolvidas

uma como sequência à outra. A primeira, ele denomina de pensamento; a

segunda, de meditação; a terceira, de contemplação.

A análise desta obra possibilitou o entendimento dos princípios de

didática considerados, nesse contexto, como ciência, cujo objetivo fundamental

é ocupar-se das teorias sobre as estratégias de ensino, as questões práticas

relativas à metodologia e às estratégias de aprendizagem.

O aspecto didático considerado mais relevante na obra de Hugo de São

Vitor é justamente o que diz respeito ao conhecimento. Segundo o autor, o

conhecimento deve ser elaborado e fixado pela memória, que se torna a

faculdade da aprendizagem. Essa maneira de compreender a aprendizagem

influenciou profundamente a cultura medieval. A Escola de São Vitor destaca a

importância da memória em todo procedimento de ensino. Esse e outros

entendimentos relativos ao ensino na obra do autor instigam a uma

investigação mais aprofundada.

Tendo em vista que, assim como para o século XII o que estava em

evidência era a necessidade da formação dos homens para a qual a sabedoria

era a virtude imprescindível, hoje, salvo as devidas proporções, precisamos

refletir o que vem a ser a virtude necessária para que possamos garantir o

esforço coletivo em busca do bem comum.

Sob esta perspectiva, o estudo proporcionou a reflexão sobre a

necessidade da aplicação e de método para que possamos formar bons

leitores. Segundo ele, para que ocorra a aprendizagem, o estudante precisa

conciliar as duas coisas, já que aplicação sem o método é inútil ou pouco

eficiente.

No método de estudo, destaca que o estudante deve evitar três coisas: a

negligência, a imprudência e a má sorte. A negligência se dá quando

estudamos com menor empenho ou deixamos de lado o que deve ser

aprendido. O estudante deve ser repreendido. A imprudência, quando o

estudante não mantém a ordem e o método apropriado nas coisas que

aprende. Nesse caso, o estudante deve ser instruído. A má sorte se dá por

algo que ocorre por acaso, tirando-o do objetivo de estudo. Neste caso, o

estudante deve ser ajudado.

Tendo como pressuposto a ideia de que os homens precisam

desenvolver o hábito da leitura como compreensão do mundo, busca pelo

conhecimento e de novas formas de perceber e sentir a vida, é necessário que

se estimule o ato de ler e o prazer pela leitura, na tentativa de superar a leitura

como mera decodificação e obrigação.

Podemos, por meio da leitura da obra de Hugo de São Vitor e da análise

histórica de sua época, atentar para as mudanças sociais ocorridas e os seus

respectivos impactos na educação. Isso possibilita-nos discutir a necessidade

de ler, ou melhor, de aprender a ler a própria realidade que nos circunda para

que possamos, de fato, pensar não apenas em método de estudo e leitura,

mas, assim como Hugo de São Vitor, entender as mudanças sociais e as

exigências que as mesmas apresentam ao processo ensino-aprendizagem.

Caso isso não ocorra, poderemos até falar em educação, mas sem a

clareza e o foco apropriado para que ela ofereça, aos homens, as condições

básicas para que os tornem sujeitos de sua própria existência e de seu

processo educativo.

O processo educativo não ocorre por acaso, não é fruto de improvisos.

Para que ele aconteça, é preciso organização, trabalho e método, portanto,

para atingir o objetivo pretendido, antes de tudo, o professor que organiza este

processo precisa ter conhecimento.

Nesse sentido, tal como a época do autor em tela, a organização do

trabalho didático também ocorre por meio de manuais, como o livro didático por

exemplo. Assim, após os debates com os professores, ficou evidente que a

orientação de Hugo de São Vitor sobre a leitura pode contribuir para que

possamos formar pessoas em condições de serem sujeitos de seus atos.

Em outro encontro, a leitura da vida de Lazarilho de Tormes encantou e

suscitou reflexões a respeito de relações sociais, afetivas e éticas em função

da luta constante pela sobrevivência vivida pelo protagonista. A leitura da obra

evidenciou a formação do homem, suas opções éticas frente às necessidades

da vida cotidiana.

A obra conta a história de um menino doado, ainda pequeno, por sua

mãe, cuja vida é dirigida pela luta constante contra a fome e o azar. Lazarilho

teve nove amos, um mais notável que o outro. Sua vida foi guiada por saciar

sua fome, sempre buscando a ascensão social, que acabou conquistando na

vida adulta.

Com os professores, discutimos alguns fatos pitorescos da vida de

Lazarilho de Tormes com o objetivo de pensar a formação do homem e suas

escolhas.

No primeiro, dos sete tratados, Lázaro conta sua vida e de quem foi filho.

Seu pai, Tomé Gonzáles, um moleiro, que, por haver enganado fregueses, teve

como castigo, que participar da guerra contra os mouros. A vida do menino

Lázaro não foi fácil. Ainda pequeno perdeu o pai nessa expedição militar. A

mãe, Antônia Pérez, uma lavadeira, após ficar viúva, casou-se novamente.

Grande contradição viveu o pequeno Lázaro com a presença de outro homem

em sua casa.

Neste primeiro tratado, é relatado, ainda que em consequência do

envolvimento do padrasto em vários furtos de mantimentos, em que todos

foram penalizados, que a mãe, sem recursos, acaba por entregar Lázaro a um

cego. Ao trabalhar para o cego, Lázaro vai fugir da fome o tempo todo. Como

não fosse suficiente a fome, ainda tinha de escapar das espertezas do cego.

Mais um momento de profunda contradição:

[...] a partir daquele momento, devotei um ódio profundo ao malvado cego, pois, embora gostasse de mim, me fizesse agrados e de mim cuidasse, bem vi que se divertira com aquele castigo cruel. Lavou com vinho os cortes que havia feito com os pedaços do jarro e, sorrindo, dizia: Que tal, Lázaro? O que te fere, te cura e dá saúde (AUTOR ANÔNIMO..., 2008, p.27).

Nesta passagem aparece a zombaria do amo para com Lázaro e as

dores físicas sentidas por ele. No entanto, o que mais o deixava indignado

eram as humilhações a que era submetido, como as que aparecem na

passagem a seguir:

Estávamos em Escalona, vila do duque do mesmo nome, em uma hospedaria, e ele me deu um pedaço de lingüiça para que assasse. Assim que a lingüiça começou a pingar e ele comeu o que dela escorria, pegou um maravedi da bolsa e me pediu que fosse comprar vinho na taberna. Foi quando o demônio colocou-me a ocasião diante dos olhos, a qual, como se usa dizer, faz o ladrão. Ocorre que havia junto ao fogo um pequeno nabo, compridinho e estragado, que, por não ser bom para a panela, foi deixado ali. E como ali estivéssemos apenas eu e ele, me vi, estimulado pelo delicioso odor da lingüiça, com um apetite guloso, do qual só imaginei as delícias, sem levar em conta o que poderia me acontecer, desprezando todo o temor para realizar o desejo. Enquanto o cego retirava da bolsa o dinheiro, peguei a lingüiça e, muito rápido, meti o nabo no espeto, o qual meu amo, ao entregar-me o dinheiro para o vinho, começou a dar voltas sobre o fogo, querendo assar o

que escapara de ser cozido por não se prestar a tal.[...]Eu tornei a jurar que nada tinha a ver com aquele truque e aquela troca, o que não me valeu, pois das astúcias do maldito cego nada podia ser escondido. Levantou-se, agarrou-me pela cabeça, e chegou a me cheirar. Como deve ter sentido o bafo, sendo um bom cão de caça, para melhor garantir-se da verdade, e no grande transe em que estava, ergueu-me com as mãos e me abriu a boca o mais que podia e, sem qualquer delicadeza, meteu o nariz, que era longo e afilado, e que naquele momento, com a cólera, havia aumentado um palmo, e, com sua ponta, me alcançou a goela. E assim, com o grande medo que sentia e com o pouco tempo que se passara, não tendo a negra lingüiça se assentado ainda em meu estômago, e, sobretudo, com o cutucar do longo nariz quase me afogando – todas estas coisas se uniram e fizeram com que a prova do crime e de minha gulodice viesse à tona, e a lingüiça fosse devolvida ao dono. De tal maneira que, antes que o cego malvado retirasse de minha boca sua tromba, tamanho rebuliço sentiu meu estômago que a negra e mal digerida lingüiça saiu ao mesmo tempo de minha boca (AUTOR ANÔNIMO..., 2008, p.33-34).

Este episódio causou constrangimento a Lázaro, visto que o cego contou

o acontecimento para muitas pessoas, que zombaram dele. Lázaro, envolto em

dor e humilhação, conheceu, ainda jovem, as agruras e desilusões da vida,

porém, em companhia deste amo, assimilou alguns truques para escapar das

misérias. Decidiu, depois do triste episódio, deixar o cego para sempre.

Porém, antes de deixá-lo, vingou-se de todas as maldades sofridas

quando, em dia de chuva forte e diante de várias poças de barro, sugeriu ao

cego um salto que o impulsionou para um pilar no qual bateu, causando-lhe

ferimentos fatais. A separação de Lázaro com o cego foi motivada pela

maldade e pela fome.

No segundo tratado, Lázaro uniu-se ao clérigo. Esperava ser mais bem

tratado por um religioso, mas descobriu que é preciso estar sempre atento para

sobreviver em uma sociedade sem escrúpulos.

O terceiro tratado enfoca como Lázaro serviu a um escudeiro e vivenciou

a esperteza e a vaidade excessiva, que levaram o escudeiro a não honrar seus

compromissos e fugir, deixando Lázaro para sofrer as penas pelas dívidas do

escudeiro.

Lázaro se colocou a serviço de um frade no quarto tratado e ganhou o

seu primeiro sapato. Embora usado, foi de grande valia para o menino que, até

então, andava descalço.

No quinto tratado, juntou-se a um buleiro, agente que recebia comissão

pelo número de bula vendida. A bula continha selo redondo de cera, nela

aplicado para conceder indulgência ou remissão dos pecados. Com ele,

vivenciou a mentira, a enganação, a sutileza.

Após uma passagem de quatro meses, Lázaro, já rapaz, uniu-se a um

pintor de pandeiros, para o qual arrumava as cores. Sofreu muito até encontrar-

se com o capelão que o recebeu como servidor e lhe deu instrumentos de

trabalho: um asno, quatro bilhas e um açoite. Com isso, começou a entregar

água na cidade e ter uma vida melhor, comprar roupas, passando a vestir-se

com trajes masculinos adequados.

A partir dessa passagem, Lázaro começou a melhorar sua vida. Porém,

por sentir-se honrado como homem, com trajes de homem de bem, dispensou

o ofício e devolveu o asno ao capelão.

O sétimo tratado retrata que Lázaro foi trabalhar com um meirinho, um

oficial de justiça, exercendo a função de beleguim, que é agente de polícia.

Nessa atividade, sentiu muito medo, uma vez que a ele parecia perigoso. Com

isso, desfez o trato.

O autor da obra relata que, iluminado por Deus e com a ajuda de amigos

e senhores, Lázaro encontrou o que chamou de ofício verdadeiro: o encargo de

pregoeiro de vinhos. A história termina com o relato do casamento com a

amásia do seu novo amo, fato, entretanto, não reconhecido pela mulher e pelo

seu senhor e nem por ele mesmo.

[...] eu decidi juntar-me aos bons. É verdade que alguns de meus amigos me falaram algo a respeito, e por mais de três vezes me garantiram que, antes de casar-se comigo, ela havia parido três vezes, o que revelo com todo o respeito a Vossa Mercê, pois ela está aqui. Então minha mulher jurou por sua vida com tal alarido que eu pensei que a casa ruiria sobre nós. Depois começou a chorar e a proferir maldições contra quem a havia casado comigo, de tal modo que eu desejaria antes estar morto do que permitir que aquelas palavras saíssem de minha boca. Mas, eu de um lado e meu senhor de outro, tanto lhe falamos e concedemos que parou seu choro, com o juramento que lhe fiz de nunca mais em minha vida lembrar nada daquilo, e que eu ficava feliz e concordava que ela entrasse e saísse de noite e de dia, pois estava muito seguro de sua bondade. E assim, ficamos todos os três de acordo (AUTOR ANÔNIMO, 2008, p. 105).

As passagens na vida de Lazarilho de Tormes possibilitaram que o

grupo de professores cursistas refletisse sobre a condição humana e a

formação do homem. Em sua obra A condição humana, Hannah Arendt (2004)

sistematiza esta condição em três aspectos: labor, trabalho e ação. O labor

seria o processo biológico necessário para a sobrevivência da espécie

humana. O trabalho consiste noato de produzir intencionalmente ou

transformar o meio. A ação é o que caracteriza o homem. É produto de

escolhas que o homem faz para viver em sociedade. A ação do homem é

social e política. No entanto é individual e livre.

Segundo Arendt (2004), a ação que poderia representar a liberdade ou a

condição do homem é livre e independente mesmo quando é premente a

necessidade de sobrevivência. Tomando como referência a obra de Lazarilho

de Tormes e o pensamento de Arendt (2004), é possível questionar as

decisõese escolhas tomadas por ele ao longo de sua vida?

Esta questão fez com que os professores repensassem o próprio

trabalho como educadores e o seu papel na formação destes alunos.

Outro momento importante vivenciado pelo grupo durante o curso se deu

nos encontros em que foi estudada a obra Sobre a Pedagogia de Immanuel

Kant (1724-1804), cuja leitura teve como objetivo repensar a formação do

homem com base na concepção kantiana de que o homem é a única criatura

que precisa ser educada, visto que, segundo ele, os animais precisam apenas

de alimento e cuidado.

Kant (2004) distingue disciplina de instrução. A disciplina, embora

negativa, por não considerar a liberdade, impelindo o ser humano a mudar à

força, sem uso de sua razão, é a qualidade que impede o homem de cair em

selvageria, animalidade. Já a instrução, defendida pelo filósofo como parte

positiva da educação, conduz o homem a compreender as leis morais que o

cercam, interiorizando-as, o que pode torná-lo um ser moral. No entanto, para

atingir o ponto central, a educação deve unir a disciplina com a instrução.

O estudo da obra de Kant propiciou a retomada de questões debatidas

ao longo dos encontros sobre a importância da leitura e a função do professor

na formação dos alunos. Os professores destacaram a importância de

compreender os conceitos fundamentais da obra como objetivo de aprofundar

os estudos na perspectiva kantiana.

A finalização do curso aconteceu com a presença da professora

orientadora da IES/UEM, que realizou a palestra A Leitura dos Clássicos e a

Formação do Professor. Nesse encontro, o destaque foi para a importância dos

clássicos como fonte de conhecimento e uma reflexão acerca das questões

filosóficas e pedagógicas que são necessárias para formação e ação do

professor.

Por meio das reflexões desenvolvidas ao longo do estudo, percebemos

o compromisso dos professores de diferentes áreas do conhecimento em

aceitar o desafio da leitura e a dedicação e envolvimento na busca do

conhecimento.

Considerações Finais

Segundo a Secretaria de Estado da Educação, o objetivo do Programa

de Desenvolvimento Educacional – PDE – é proporcionar aos professores da

rede pública estadual subsídios teórico-metodológicos que ajudem no

desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas e que resultem em

redimensionamento de sua prática.

Nesse sentido, participar deste programa possibilitou a retomada

sistemática de estudos de fundamentação teórica acerca de temas diferentes

do cotidiano do trabalho exercido como Pedagoga da rede pública. O estudo

ampliou o universo de conhecimentos, melhorou a compreensão sobre a

importância da leitura de autores clássicos na formação do professor e

sensibilizou um expressivo número de professores para a leitura como fonte de

sabedoria.

A realização da Implementação Pedagógica foi marcada por momentos

de envolvimento com as leituras e reflexões, fortalecendo as relações de

estudo no grupo, bem como o redirecionamento das práticas pedagógicas dos

professores envolvidos. Notamos que os professores compreenderam a leitura

como essencial em sua formação pelo interesse dos mesmos em continuar o

grupo em que o foco será a leitura dos clássicos. O professor cursista passou a

adotar com seus alunos uma prática pedagógica de incentivo à leitura como

fonte de prazer e conhecimento.

Referências

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ARENDT, Hannah. A condição humana. 10 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. AUTOR ANÔNIMO DO SÉCULO XVI. A vida de Lazarilho de Tormes – suas formas e adversidades. Tradução de Roberto Gomes. Porto Alegre: L&PM, 2008.

CALVINO, I. Por que ler os clássicos. Tradução Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

HUGO DE SÃO VÍTOR, (1096-1141). Didascálicon– da arte de ler. Introdução e tradução Antonio Marchionni. Petrópolis, RJ:Vozes, 2001.

KANT, I. Sobre a pedagogia. Tradução de Francisco CockFontanella. 4. ed. Piracicaba, SP: Editora UNIMEP, 2004.

LEONTIEV. Aléxis. O desenvolvimento do psiquismo. 2.ed. São Paulo: Centauro, 2004. OLIVEIRA, T.; MENDES, C. M. M. Reflexões sobre os clássicos na história. In: OLIVEIRA, T. (Org.). História e historiografia da educação nos clássicos: estudos sobre antiguidade e medievo. Dourados, MS: Editora UEMS, 2010.

OLIVEIRA,Terezinha(Org.).Luzes sobre a idade média.Maringá, PR:EDUEM,2002.

______. A importância da leitura de escritos tomazinos para a formação docente. Notandum. Ano XII, n. 12, set.-dez. 2009. PARANÁ. Gestão escolar. Disponível em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=20>. Acesso em: 26 de junho de 2012. PENNAC, D. Como um romance. Tradução de Leny Werneck. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.