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0 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pedagogia Camila Tobler Naiara de Fátima Oliveira Beraldo da Silva A LEITURA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL LINS – SP 2017

A LEITURA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTALunisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/61060.pdf · RESUMO O tema abordado na presente pesquisa consistiu em mostrar, através

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pedagogia

Camila Tobler Naiara de Fátima Oliveira Beraldo da Silva

A LEITURA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

LINS – SP

2017

1

CAMILA TOBLER NAIARA DE FATIMA OLIVEIRA BERALDO DA SILVA

A LEITURA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Pedagogia, sob a orientação da Prof. Drª Elaine Cristina Moreira da Silva e orientação técnica da Profª Ma. Fatima Eliana Frigatto Bozzo

LINS – SP

2017

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Tobler,Camila; Silva, Naiara de Fátima Oliveira Beraldo da

A leitura nos anos iniciais do Ensino Fundamental / Camila Tobler, Naiara de Fátima Oliveira Beraldo da Silva -- -- Lins, 2017.

40p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Pedagogia, 2016.

Orientadores:Elaine Cristina Moreira da Silva; Fátima Eliana Frigatto Bozzo.

1. A Importância da Leitura nos Anos Iniciais. 2.Metodologia do Ler e Escrever-SEESP. I Título.

CDU 37

T558l

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Camila Tobler

Naiara de Fátima Oliveira Beraldo da Silva

A LEITURA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Centro

Universitário Católico Salesiano Auxilium para obtenção do título de graduação

do curso de Pedagogia.

Aprovado em ________/________/________

Banca Examinadora:

Prof(a) Orientador(a): Drª Elaine Cristina Moreira da Silva

Titulação: Doutora Em Educação – Universidade Nove de Julho - São Paulo

Assinatura: _________________________________

1º Prof(a): Ma Luciane Noronha do Amaral

Titulação: Mestrado em Letras pelo Ibilce – UNESP - São José do Rio Preto

Assinatura: _________________________________

2º Prof(a): Ma Fatima Eliana Frigatto Bozzo

Titulação: Mestre em Odontologia – Saúde Coletiva – Universidade do Sagrado

Coração – USC- Bauru

Assinatura: _________________________________

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DEDICATÓRIA

Queremos agradecer primeiramente a Deus que sempre esteve conosco

em todas as horas que achávamos que não iriamos conseguir, dando motivos

para continuar .

A nossas filhas Emanuele e Maria Vitória que ao nascerem fizeram com

que nascesse em nos também um motivo para lutar, vimos naquele olhar tão

inofensivo o valor de ser um exemplo e dar um exemplo.

CAMILA TOBLER

NAIARA DE FATIMA OLIVEIRA BERALDO DA SILVA

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AGRADECIMENTOS

Queremos agradecer primeiramente sempre a Deus, a nossas famílias que são

a base de tudo, pois sem elas não teríamos conseguido.

A nossas filhas Emanuele e Maria Vitória que foram a motivação maior para a

conclusão do curso, a nossa orientadora Elaine e à professora Fatima, que nos

ajudaram e auxiliaram com paciência e amor. A toda instituição por nos

oferecer esse curso maravilhoso, no qual conseguimos ampliar e melhorar

nossa visão do que é ser realmente um professor.

CAMILA TOBLER

NAIARA DE FATIMA OLIVEIRA BERALDO DA SILVA

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RESUMO

O tema abordado na presente pesquisa consistiu em mostrar, através de bibliografias, a importância da leitura nos anos iniciais do ensino fundamental, A leitura e a escrita começam na vida dos indivíduos antes de sua primeira ida à escola, por meio de experiências sociais e familiares. A compreensão da leitura é individual, cada indivíduo pode ter a sua, de acordo com sua vivência e maturidade. Nesse sentido, o objetivo geral da pesquisa consistiu em descrever a relação existente entre indivíduo e leitura, desde os tempos mais antigos, até o presente e mostrar o quão importante se faz esta relação. Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivos específicos buscar identificar a escola como ponto principal de alfabetização, porém, reconhecendo que é em casa que acontece o primeiro “encontro” entre o indivíduo a leitura e a escrita, pretende-se observar o quanto a leitura é importante dentro da sociedade, seja para crescimento, amadurecimento ou reconhecer algumas atividades que facilitam o aprendizado e estimulam os alunos a ler e escrever. É muito importante, no desenvolvimento do ser humano, no seu contexto na sociedade, no seu futuro como atuante nesta, pois a leitura e escrita está interligada em tudo que se faz e vive, e jamais um ser humano será completo sem que este esteja em interação com a mesma. A metodologia utilizada na pesquisa foi realizada por meio de bibliografias revisadas e desenvolvidas através de um material elaborado por livros e artigos científicos descritos por profissionais da área.

Palavras-chave: Leitura. Escrita. Escola

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ABSTRACT

The theme addressed in the present research consisted in showing, through bibliographies, the importance of reading in the initial years of elementary education. Reading and writing begin in individuals' lives before their first visit to school, through social and family experiences . The understanding of reading is individual, each individual can have his, according to his experience and maturity. In this sense, the general objective of the research was to describe the relationship between individual and reading, from the earliest times, to the present and to show how important this relationship is. This work has the specific objectives of identifying the school as the main point of literacy, but recognizing that it is at home that the first "encounter" happens between the individual reading and writing, it is intended to observe how much Reading is important within society, whether for growth, maturation, or recognizing some activities that facilitate learning and encourage students to read and write. It is very important, in the development of the human being, in his context in society, in his future as an actuator in this, because reading and writing are interconnected in everything that is done and lived, and never a human being will be complete without it being in interaction with it. The methodology used in the research was carried out through bibliographies reviewed and developed through a material elaborated by books and scientific articles described by professionals of the área Keywords: Reading. Writing. School

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 08

CAPÍTULO I – A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS........... 10

1 LEITURA NOS ANOS INICIAIS............................................................. 10

1.1 Pré-leitor– Primeira Infância.................................................................... 13

CAPÍTULO II – APRENDENDO LEITURA DE FORMA DIFERENTE............. 19

1 O USO DA LITERATURA INFANTIL COMO RECURSO

DE APRENDIZAGEM LÚDICA........................................................... 19

1.1 Jogos educativos como instrumento de aprendizagem......................... 22

1.2 O Lúdico na aquisição da leitura............................................................ 25

CAPÍTULO III – METODOLOGIA DO LER E ESCREVER – SEESP.............. 28

1 LIVRO LER E ESCREVER – ANO 2...................................................... 28

1.1 Livro Ler E Escrever – Ano 3 ................................................................ 30

1.2 Livro Ler E Escrever – Ano 4 ................................................................ 31

1.3 Livro Ler E Escrever – Ano 5 ............................................................... 33

CONCLUSÃO................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS................................................................................................. 38

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende apresentar, por meio de pesquisa

bibliográfica, a importância da leitura nos anos iniciais do ensino fundamental.

O objetivo geral é o de descrever a relação existente entre indivíduo e

leitura, desde os tempos mais antigos, até o presente e mostrar o quão

importante se faz esta relação.

Os objetivos específicos buscam identificar a escola como ponto

principal de alfabetização, porém, reconhecendo que é em casa que acontece

o primeiro “encontro” entre o indivíduo a leitura e a escrita, pretende-se

observar o quanto a leitura é importante dentro da sociedade, seja para

crescimento, amadurecimento ou reconhecer algumas atividades que facilitam

o aprendizado e estimulam os alunos a ler e escrever.

O problema que motivou o desenrolar desta pesquisa pauta-se na

seguinte questão: a leitura e escrita estão sendo repassada ao aluno

corretamente pelos profissionais, de modo que eles entendam a importância

que ambas possuem?

Toda a pesquisa foi realizada por meio de bibliografias revisadas e

desenvolvidas através de um material elaborado por livros e artigos científicos

descritos por profissionais da área.

O primeiro capítulo, foi direcionado no intuito de relatar a importância da

leitura nos anos iniciais, a valorização da leitura em geral, desde a infância,

época do primeiro encontro da criança com o mundo das letras e da leitura.

Sendo o ser humano tão instigado e curioso, é possível aprender desde o

nascimento, desde a primeira infância e é esta a intenção do primeiro capítulo,

o de fornecer ao leitor um breve histórico da importância da leitura na vida do

ser vivo desde seu nascimento e também o de relatar um pouco da história da

humanidade no sentido da escritura e leitura.

No segundo capítulo, é apresentada a aprendizagem da leitura dentro do

contexto da instituição utilizando a ludicidade e a contação de histórias como

instrumentos importantes para o estimulo a ler e chamar a atenção do aluno e

ensiná-lo a escrever e ler, de acordo com a sua condição.

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O terceiro capítulo é focado na metodologia utilizada no material do Ler

e Escrever da secretaria de Estado de São Paulo, para aprender a ler e

escrever.

No decorrer da pesquisa, considerações sobre a importância da leitura,

são realizadas, pois ela está presente mesmo antes de adentrarmos uma sala

de aula, uma vez que o ser humano não é leitor somente quando lê a letra,

palavras etc, mas também a partir do momento em que passa os olhos e faz a

decodificação de tudo que se pode enxergar. Assim, também pode-se

denominar de leitura os auxílios que podemos dar a criança em formas

divertidas de aprender e se interessar por meio do lúdico.

Ao seguir as orientações do material didático Ler e Escrever, entende-se

o quanto ele trabalha em cada ano para auxiliar professores e alunos a

desenvolverem formas mais adequadas e prazeroras de ensinar e aprender.

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CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS

1 LEITURA NOS ANOS INICIAIS

Inicialmente, é cabível afirmar que a leitura e a escrita entram na vida

dos indivíduos antes mesmo de sua primeira ida à escola, através de

experiência com seus familiares, como leitura de histórias, demonstração de

figuras, atitudes realizadas no cotidiano que já se apresentam como os

primeiros passos para leitura.

Para Cagliari (2001, p. 150) a leitura consiste em uma “atividade

profundamente individual e duas pessoas dificilmente fazem uma mesma

leitura”, o que o autor quer passar é que mesmo que duas pessoas façam a

mesma leitura de um texto, a concepção que terão será diferente, haja vista

que cada pessoa assimila conhecimentos diferenciados e fazem diferentes

proveitos da leitura conforme seu grau de maturidade.

De acordo com Martins (2004, p. 31) a leitura trata-se de uma “[...]

decodificação mecânica de signos linguísticos e processo de compreensão”,

para a autora são necessárias a decodificação e a compreensão para que haja

a leitura.

Cagliari (2001, p. 149) afirma que “a leitura é a realização do objetivo da

escrita. Quem escreve, escreve para ser lido”. Portanto, para o autor ao

escrever se faz uma leitura automática, sendo a escrita para a leitura. O autor

ressalta que, “a leitura é ainda uma fonte de prazer de satisfação pessoal, de

conquista, de realização, que serve de grande estímulo e motivação para que a

criança goste da escola e de estudar” (CAGLIARI, 2001 p. 169).

Por sua vez, a alfabetização é considerada pela sociedade como uma

forma de se ter uma vida de relacionamentos amplos, íntegros e autônomos.

Ressalta-se que o nível de desenvolvimento cultural de um país é calculado

com base no número de alfabetizados.

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Geralmente, os indivíduos que não são alfabetizados encontram um

grave problema social e invariavelmente são estigmatizados pela sociedade,

chamados de “burros”, não conseguem emprego, enfim, sofrem pelo fato de

não saberem ler e estarem rodeados de linguagem escrita.

Goffman (1988) situa o estigma como uma relação impessoal com o

outro, ou seja, o sujeito não nasce como uma personalidade empírica, mas

como aspecto circunstancial de determinadas características peculiares à

categoria do estigma, com deliberações e marcas internas que podem sinalizar

um desvio e também uma diferença de identidade social.

Para os estigmatizados, as oportunidades e os valores são reduzidos, a

sociedade impõe a essas pessoas a perda da identidade social e ainda origina

uma imagem deteriorada, de acordo com o padrão imposto pela sociedade.

Desta forma, a sociedade anula todos os que rompem com o modelo

estabelecido por ela (GOFFMAN, 1988) .

Ainda segundo Goffman (1988) enfatiza-se que, quanto mais divergente

for a diferença, mais acentuado o estigma, quanto mais aparente a diferença

entre o real e as características determinantes do social, maior será a

problemática do indivíduo conduzido pela força do controle social. Dessa

maneira, esse indivíduo assumirá uma atitude isolada da sociedade ou de si

mesmo, passando a ser uma pessoa desacreditada.

Em consequência ao estigma sofrido, a pessoa muitas vezes passa a

não aceitar a si mesma, sente-se sem espaço e sem função dentro da

sociedade. A visibilidade do estigma compõe um fator categórico e aqueles que

possuem uma convivência com o indivíduo podem influenciar na preocupação

da sua identidade social (GOFFMAN, 1988). .

Um indivíduo com uma identidade social estigmatizada tem seus

atributos e qualidades destruídos, a sociedade desempenha o poder de

influência das suas ações e reforça a degradação da sua identidade social,

destacando as irregularidades e ocultando a atitude ideológica dos estigmas

(GOFFMAN, 1988).

Além do fato da alfabetização, existem diversos fatores que abrangem a

importância da leitura, já que por meio dela um indivíduo conhece e aprecia

tudo o que foi escrito e adapta uma postura pessoal, liga-se do mesmo modo a

leitura ao processo de assimilação da cultura na qual se vive.

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A leitura e a escrita possuem múltiplos significados e valores na cultura

brasileira. Pode-se falar de leitura de mundo, de imagens, de símbolos, de

palavras, de livros dentre outros. Aprender a ler e escrever, é um dos primeiros

passos a dar pela criança, logo nos primeiros anos na escola, para que possa

ser um cidadão verdadeiramente livre e autônomo nas suas decisões.

É possível dizer que a leitura é um meio de conhecer, pois segundo

Freire (1983), a leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo e

dessa maneira ela está associada à forma de ver o mundo.

Segundo Martins (2004, p.134), "o insucesso na aprendizagem da leitura

e da escrita, condiciona frequentemente, a aprendizagem em outras áreas

disciplinares em que o domínio da linguagem escrita, e em especial da leitura,

é fundamental".

A linguagem escrita faz parte do cotidiano das pessoas, considerando-se

que estão sempre rodeados de textos que possuem a utilidade de informar,

comunicar, convencer e expressar ideias e sentimentos, dentre muitas outras

intenções textuais. A leitura e a escrita estão sempre presentes, nos mais

diversos meios e contextos.

Quando um aluno chega à escola, defronta-se com o uso de muitas

linguagens, por outro lado ele também já construiu uma série de

conhecimentos e hipóteses sobre a língua escrita. Sabe, por exemplo, que

numa embalagem deve estar escrito, pelo menos, o nome do produto. Salienta-

se que um mesmo texto pode ser lido e interpretado de diversas formas, uma

vez que cada um lê da sua forma e do lugar em que está inserido socialmente.

É na escola que o aluno tem a oportunidade de interagir com diversos

textos de diferentes aspectos, que passam a ser parte de sua vida diária. De tal

forma, cabe à escola, o ensino da leitura e da escrita, de forma a causar

interesse no aluno naquilo que ele lê.

No entanto, vale destacar, que ler e escrever possuem significados

diferentes, já que tratam de dois processos distintos e, ao mesmo tempo,

intrínsecos e o que torna leitores competentes é justamente o fato de ler,

compreender, e produzir textos. De acordo com Vygotsky (1993) diferentes

linguagens mobilizam diferentes formas de pensar e a linguagem escrita exige

um alto grau de abstração.

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A leitura traz benefícios inquestionáveis ao homem, como elucida

Soares (2000, p. 19), ela é uma “forma de lazer e de prazer, de aquisição de

conhecimentos e de enriquecimento cultural, de ampliação das condições de

convívio social e de interação”. Deve-se considerar que é de suma importância

para a aprendizagem de todas as disciplinas do currículo escolar, porque

contribui diretamente para o sucesso escolar.

Logo, a leitura se faz importante, pois é por meio dela que o indivíduo

tem acesso aos diferentes tipos de informação, aprofunda seus conhecimentos,

amplia sua forma de ver o mundo e aproveita seu lado criativo e expressivo. A

linguagem escrita deve ser aproveitada de forma a alcançar todas as

possibilidades e ações que a mesma oferece.

1.1 Pré leitor – primeira infância

A referência para essa discussão é o importante historiador francês

Philippe Ariés (1981, p. 279) que organiza o entendimento histórico da criança

em três identidades, sendo:

• Primeira identidade: Século XIV e XV - Criança-adulto, ou infância negada; • Segunda Identidade: Século XVI e XVII – Criança-filho-aluno ou criança-institucionalizada; • Terceira identidade: Século XX – Criança-sujeito social ou sujeito de direitos.

Na primeira infância, a chamada criança-adulto ou infância negada, de

acordo com Ariés (1981) as crianças eram desenhadas como o adulto em

escala menor, com músculos e feições de adultos. No período medieval, a

sociedade mantinha uma relação com as crianças como possíveis adultos, ou

seja, dando-lhes condutas morais e regras rígidas. Nessa época não se tinha

uma consciência dessa belíssima fase humana: a infância. A criança era

cuidada em sua fase de maior dependência, em seus primeiros anos, como um

atrativo dentro de casa, como uma “mascote”. Cumpre salientar que elas

partilhavam dos mesmos jogos que os adultos, por essa razão, não existia uma

diferenciação das brincadeiras, interagindo de igual maneira com os mais

velhos.

14

Nesse período medieval, o índice de mortalidade infantil era

extremamente elevado, em virtude das poucas estruturas de saúde pública e

conscientização das famílias acerca da valorização infantil. Em Roma era

comum a prática do infanticídio tolerado, ou seja, as crianças eram

assassinadas por asfixia natural, na cama dos pais, onde dormiam. A moral tão

incentivada pela Igreja e pelo estado no qual o celibato se encontrava, acabou

por influenciar na vivência afetiva e sexual de adolescentes e crianças (SILVA,

1986).

Pode-se observar que neste período não havia sentimento pela infância

o que quer dizer que não havia afeto, amor por elas, sendo a maioria

abandonadas ou desprezadas, sem uma consciência da particularidade infantil,

ou seja, não se distinguia a criança do adulto (SILVA, 1986).

No século XVII, a consciência da sociedade sofreu uma transformação,

a educação que era antes adquirida por meio da aprendizagem com os adultos,

passa a ser realizada em um local exclusivo para elas: as escolas. Nesta

separação, inserindo as crianças em um estabelecimento infantil, deu-lhes a

oportunidade de começar a desenvolver um aprendizado a partir da

socialização.

Com isso, de acordo com Ariés (1981, p. 52), “a família tornou-se um

lugar de afeição necessária entre os cônjuges e entre pais e filhos, algo que ela

não era antes”, havendo, dessa forma, um novo tipo de convívio familiar. O que

até então era considerado os personagens sagrados como modelos de

vivência familiar, a partir dessa época passou-se a considerar a natureza

humana como elemento presente e existencial em comum.

A família passou a se organizar em torno da criança e a lhe dar uma tal importância, a criança sai de seu anonimato e se torna impossível de perdê-la ou substituí-la sem uma enorme dor e ficou necessário ter menos filhos para ser dado uma maior atenção (ARIÉS, 1981, p. 53).

Cada época tem sua maneira própria de considerar o que é ser criança e

de caracterizar as mudanças que ocorrem com elas ao longo da infância. Nos

últimos três ou quatro séculos, a criança passou a ter uma importância como

nunca havia ocorrido antes e começou a ser descrita, estudada, a ter o seu

15

desenvolvimento previsto, como se ele ocorresse sempre do mesmo jeito e

com a mesma sequência, de forma linear e progressiva.

A terceira infância é marcada por crianças que possuem a mesma

infância, mas com características diferentes. Existe a criança pertencente à

família com nível socioeconômico alto, é aquela que brinca, que estuda e

possui uma rotina preenchida com inúmeras atividades, como esportes, estudo

de línguas estrangeiras, artes, dentre outras. Por sua vez, as crianças

pertencentes à famílias com nível socioeconômico baixo, são aquelas que

participam da formação de renda da família e, por isso, trabalha e nem sempre

pode estudar; as que acompanham os adultos, ou mesmo outras crianças, e

pedem esmolas ou cometem pequenas infrações, ou ainda aquela que ajuda

aos pais nas tarefas diárias de casa ou do trabalho e aprendem desde cedo

uma profissão (ARIÉS, 1981).

Todas são crianças, porém, as situações de socialização, condições de

vida, tempo de escolarização, de brincadeiras e de trabalho são diferentes. A

etapa histórica em que vivemos, marcada pelo avanço tecnológico-científico e

por mudanças ético-sociais, apresenta os requisitos necessários para que a

educação infantil dê um salto no sentido de compreender a criança como

sujeito social e, portanto, um sujeito com direitos.

A criança que interage com seu meio social, cultural e histórico, no

tempo da contemporaneidade, após a revolução industrial, interage com novas

tecnologias, proporcionando uma grande evolução em seu raciocínio lógico,

por causa de seus brinquedos digitais, diferenciando o novo enfoque sobre o

modo de brincar da criança do começo do século XX, que havia uma maior

interação social e o desenvolvimento da criatividade (VYGOTSKY,1993).

Em relação às crianças de classe social baixa, percebe-se que suas

brincadeiras são movidas a uma maior motricidade, já que possuem acesso a

um maior espaço, onde podem correr e praticar atividades mais livres. Já nas

crianças de classe financeira mais favorecida, pode-se notar suas brincadeiras

mais voltadas para atividades “feitas”, como jogos e eletrônicos, assistir

televisão, de modo que não exercitam suas criatividades, e ainda, a parte

motora que fica comprometida, por suas brincadeiras serem muito paradas.

Algo bastante preocupante, que crianças que um dia não tinham seu

espaço e tinham que partilhar das mesmas atividades de adultos, quando

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adquirem direito a esse espaço como podemos ver, querem voltar ao que

foram um dia, querem ser novamente “adultos em miniaturas” partilhando de

atividades igual aos adultos e querendo ser adultos (ARIÉS, 1981).

A questão da precocidade também se torna um ponto que se deve

abordar, de modo que se torna cada vez mais preocupante as crianças

imitarem comportamentos de adultos. Hoje elas querem imitar os adultos e

serem iguais a eles.

Algo que pode ser observado na atualidade, é que crianças por meio do

espaço que ganham, aproximam-se cada vez mais da vida dos adultos, de

modo que os pais acabam por colocar poucos limites nos filhos deixando-os

fazer o que querem.

Encontra-se então, atualmente, uma regressão do conceito de criança,

porque, ela que um dia foi um “adulto em miniatura” e participava das

atividades de adultos, não tem espaço na sociedade. Contudo, hoje, mesmo

com o surgimento de leis em defesa da criança e do seu direito de brincar e de

estudar, são atribuídas a elas maiores responsabilidades e um aproveitamento

de seu tempo em atividades do cotidiano que lhes atribui uma grande

responsabilidade, que lhes tiram o sentimento de infância, que está no

descobrir-se por meio das brincadeiras, uma vez que lhes tiram a oportunidade

de conhecer-se, pois faltam-lhes tempo para tal.

Ao avaliar-se a importância do brincar dentro da vida de uma criança,

pode-se destacar um fator de grande relevância, que é o extravasar de suas

emoções, através de brincadeiras que elas dão significados de fatores de seu

cotidiano, por meio do lúdico de suas brincadeiras. Logo, elas modificam com

as brincadeiras as cenas da realidade, do modo como lhes convém,

transparecendo no seu brincar, a sexualidade, o convívio com os pais e o que

elas conseguem vivenciar, extravasando suas angústias, medos, mal estar,

dentre outras sensações.

O lúdico e o simbólico proporcionam a socialização, haja vista que no

convívio social a criança tem a condição de expressar–se e lidar com as

diferenças, o que permite respeitá-las e compreendê-las como marcas como

condição humana, que é proporcionado pelo simbólico e o lúdico.

Hoje, a infância é considerada essencial para o desenvolvimento do

homem, com estudos diretamente focados para o melhor desenvolvimento da

17

mesma e seu bem-estar, passando a criança a ser protagonista da história

atual. A infância deve ser considerada uma condição do ser criança e é

essencial respeitá-la e considerar seu universo de representações. De fato é

um sujeito participante das relações sociais e faz parte de um processo

histórico, social, cultural e psicológico.

Para Gesell (2000), comportamento é um termo adequado para todas as

reações da criança, à medida que o sistema nervoso da criança sofre

diferenciações ligadas ao crescimento, as formas de seu comportamento

também se diferenciam. Desta forma, pode-se dizer que comportamento é o

termo empregado para indicar a forma que as crianças se apresentam, é a

reação do indivíduo ao ambiente.

Piaget (1984 apud TERRA, 2005), ao observar o comportamento de

crianças, desenvolveu teorias que indicam estágios do desenvolvimento

psicológico infantil durante o qual, a cada fase, a criança apresenta um

comportamento característico. Está dividido em 4 períodos: sensório-motor,

pré-operacional, de operações concretas e de operações formais.

Piaget (1984) considera o momento entre o nascimento e os 2 anos de

idade como o período sensório-motor. A atividade cognitiva durante este

estágio baseia-se, principalmente, na experiência imediata através dos

sentidos em que há interação com o meio, esta é uma atividade prática. Nesse

período, a criança limita-se à experiência imediata, pois a organização mental

da criança está ainda em formação, ou seja, sem influências da interação com

o meio, assim o que a criança aprende e o modo como o faz, permanecerá

como uma experiência imediata tão vivida como qualquer primeira experiência.

A procura visual é de suma importância para o desenvolvimento da

criança e para Piaget faz parte do comportamento sensório-motor. O autor

ressalta que, à medida que evoluem o sentido da visão, estão também

evoluindo intelectualmente, passando a compreender que mesmo quando um

objeto some de vista, o mesmo continua a existir. (PIAGET, 1984).

Durante este estágio descrito por Piaget (1984), os bebês aprendem

principalmente através os sentidos e são fortemente influenciados pelo

ambiente imediato. O autor elucida ainda durante essa fase os bebês são

capazes de algum pensamento representativo, isto é, sem um contexto real.

Vale ressaltar que é a experiência obtida nesse estágio que prepara a criança

18

para o estágio seguinte. Igualmente, esse período se caracteriza pela

hiperatividade da criança, e a necessidade de estímulo de sua criatividade,

devidamente equilibrado com limites impostos pelos pais e pelo ambiente em

que está inserida.

De acordo com Wallon (1995), no primeiro ano de vida, a criança inicia o

estágio impulsivo emocional, este que está ligado fortemente à emoção e a

afetividade com as pessoas e a interação com o meio. Ainda de acordo com o

autor, o estágio sensório-motor se volta para a conquista por meio da

percepção todo o universo que a rodeia, pois ela sente necessidade de

explorar o espaço, porque este é o momento em que desenvolve a habilidade

de andar, de falar, onde esta atinge uma verdadeira importância.

Vale ressaltar que os primeiros anos da infância e acontecimentos

adquiridos nessa etapa, certamente influenciarão os comportamentos da

criança na fase escolar e no decorrer da vida, pois, “nenhuma das formações

mentais infantis perece” (FREUD, 1975, p. 224).

Todo o ser humano é permeado por uma curiosidade natural ao

desconhecido e é impulsionado pelo desejo que é da ordem do inconsciente.

Por isso, estão propensos a aprender desde o nascimento, contudo, é

necessário que o outro os acolha em seu desejo para que possam sobreviver e

conhecer. Conforme diz Dor (1989, p. 144) “desejo só pode surgir na relação

com o Outro”.

19

CAPÍTULO II

APRENDENDO LEITURA DE FORMA DIFERENTE

1 O USO DA LITERATURA INFANTIL COMO RECURSO DE

APRENDIZAGEM LÚDICA

A literatura está presente na sociedade desde os primórdios e, de

acordo com Coelho (2003), o mito na literatura infantil perde-se no decorrer dos

tempos, onde surgiram histórias de fadas, duendes, bruxas e heróis, nas quais,

o sobrenatural predomina. Autores tentam descrever a magia existente nas

coisas que envolvem o mundo, percebe-se em suas histórias a presença

constante da imaginação e de seu imaginário.

A necessidade de se contar histórias, de acordo com Coelho (2003)

surgiu com a necessidade sentida pelo homem de obter explicações racionais

sobre o mundo em que vive, começando a buscar no mito, na sua própria

imaginação, narrando de fatos fantásticos, com sua própria visão de

compreender o mundo, criando deuses, heróis para justificar forças da

natureza.

Portanto, na verdade, os contos de fadas tratam basicamente de relatos

de pessoas que viveram uma vida simples, mas em busca de explicações

sobre o mundo no qual viviam e criavam histórias por meio de sua própria

imaginação, repletas de conflitos e aventuras.

Segundo Coelho (2003), muitas vezes tais histórias não eram

adequadas para crianças, mas com o tempo foram sendo adequadas e

encantaram milhões de crianças por todo o mundo.

Coelho (2004, p. 21) elucida que “os contos de fadas fazem parte

desses livros eternos que os séculos não conseguem destruir e que, a cada

geração, são redescobertos e voltam a encantar leitores ou ouvintes de todas

as idades”.

20

Inúmeros autores contribuíram para tornar a literatura infantil tão rica,

dentre eles cita-se Perault, La Fontaine e os Irmãos Grimm, responsáveis pelos

contos de fadas tão conhecidos nos dias de hoje, tais como: O lobo e o

Cordeiro; O Leão e o Rato; A Cigarra e a Formiga; A Raposa e as Uvas etc.

Para que a contação de história possua efeitos positivos para uma

criança, é necessário que seja bem planejada e, de acordo com Coelho (2001,

p. 13), “[...] é necessário fazer uma seleção inicial, levando em conta, entre

outros fatores, o ponto de vista literário, o interesse do ouvinte, sua faixa etária,

suas condições sócio – econômicas”. Ao contar histórias, o professor usará o

lúdico no processo de aquisição da leitura e estimulará o aluno a se interessar

por esse universo.

Similarmente, é necessário que seja feita uma boa escolha para que

consiga passar às crianças o que de fato se deseja, a emoção que ele planeja

projetar por meio da história.

Segundo elucida Bussato (2003, p. 55) para a história ser proveitosa é

necessário que “antes de sensibilizar o ouvinte o conto preocupa em

sensibilizar o contador”. Do mesmo modo o contador precisa se identificar com

a história a ser contada, levando em consideração o interesse do público

ouvinte.

Coelho (2001, p. 14) esclarece que “antes de contar uma história,

precisamos saber se trata de assunto interessante, bem trabalhado. Se é

original, se demonstra a riqueza de imaginação e se consegue agradar as

crianças”. A autora acredita que a história funciona como um alimento para a

imaginação, é uma ferramenta lúdica de leitura, devendo ser dosada de acordo

com a estrutura cerebral, ou seja, pensando na fase de maturação em que se

encontra o ouvinte, bem como o estágio emocional do mesmo.

Outro ponto bastante falado para que a história obtenha do ouvinte o

interesse buscado é o tempo levado para a contação de histórias, Tahan

(1957) explana que a duração da história assume grande importância, devendo

está em acordo com cada faixa etária, assumindo basicamente a seguinte

forma: turmas pré-primárias o tempo de 6 minutos, turmas primárias o tempo

de 8 minutos.

21

De forma mais atualizada, Coelho (2001, p. 54) considera “a duração da

narrativa depende da faixa etária e do interesse que suscita 5 a 10 minutos

para os pequeninos, de 15 a 20 minutos para os maiores”.

Quanto ao tempo de duração das histórias, Tahan (1957, p. 98) ainda

afirma que:

[...] e de todo interesse, paras o narrador, que a história deixe, no espírito dos ouvintes, a impressão de que foi curta breve e rápida. Isso é preferível a que a narrativa pareça longa a ponto de impacientar o ouvinte. As histórias que se arrastam, por muito tempo, tornam-se fastidiosas, desagradáveis. O tempo da narrativa deve ser cuidadosamente controlado.

Sob o mesmo ponto de vista, é de suma importância que antes de contar

uma história para crianças se escolha o livro ideal, tendo como requisitos que o

próprio contador de histórias se identifique com a história a ser contada, e

ainda que a mesma seja adequada ao público ouvinte, considerando ainda o

tempo de duração da mesma, assim, as chances de se contar uma história

agradável e satisfatória são bem maiores.

A contação de histórias se mostra com grande probabilidade de

despertar o imaginário da criança, haja vista que a literatura infantil é repleta de

situações que envolvem emoções e um conflito a ser resolvido, não seguindo

regras de tempo e espaço. Para Abramovich (2005, p. 120)

Os contos estão envolvidos no maravilhoso, um universo que detona a fantasia, partindo sempre de uma situação concreta, lidando com emoções que qualquer criança já viveu. [...] porque se passa num lugar que é apenas esboçado, fora dos limites do tempo e do espaço. As personagens são simples e colocadas em inúmeras situações diferentes onde têm que buscar e encontrar uma resposta de importância fundamental chamando a criança a percorrer e a achar junto uma resposta para o conflito. [...] porque todo esse processo é vivido através da fantasia, do imaginário.

A estrutura da maioria das histórias que compõem a literatura infantil é

fixa e seguem basicamente um problema real, que tira a tranquilidade do

personagem principal, tendo todo o desenrolar da história voltado para a

resolução de tal problema, havendo no final da história a resolução do

problema, tornando a tranquilidade de todos.

22

Logo, no desenrolar da história, em meio aos problemas levantados

pelos personagens, a criança inicia seu processo de imaginação, imaginando

possíveis soluções para o problema, visualizando aquele mundo contado pela

história, se identificando com os personagens e com os conteúdos simbólicos

presentes na história. Segundo Abramovich (2005, p. 17):

[...] descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todo vivemos e atravessamos, através dos problemas que vão sendo enfrentados pelas personagens da história. É a cada vez ir se identificando com outra personagem, e, assim esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho para a resolução delas.

Abramovich (2005) salienta que ao se escolher bem uma história,

adaptá-la ao público ouvinte e adaptando ao tempo que cada faixa etária

delimita, uma boa leitura irá despertar inúmeros significados na criança, os

quais contribuirão para sua educação e personalidade.

Os tipos de histórias contados pela leitura infantil assumem temáticas

variadas, desde medo, carência, amor em todos os seus sentidos, aventuras,

magias, rejeição, descobertas, cada uma com uma mensagem a ser passada

para a criança.

Como exemplo, cita-se a história de Chapeuzinho Vermelho, escrita

pelos irmãos Grimm, na qual por desobedecer à mãe e pegar atalhos durante

seu caminho, a menina é surpreendida por um lobo e por pouco não é

devorada pelo mesmo. Dessa história, as crianças podem extrair a importância

de obedecer aos seus pais, percebendo as consequências que a

desobediência pode vir a ter.

Ou mesmo a história de rejeição contada no conto de Christian

Andersen, O Patinho Feio, na qual o patinho é rejeitado por sua mãe e irmãos,

e ao fugir chega a uma lagoa de cisnes, onde é reconhecido como o mais belo

destes. Dessa história, pode ser extraído pelas crianças o fato de se descobrir

diante de outros indivíduos.

Assim, com base em Abramovich (2005), elucida-se que os contos de

fadas buscam justamente mostrar para as crianças que assim como os

personagens das variadas histórias que já escutaram e que ainda irão escutar,

podem enfrentar situações difíceis, mas que com paciência e determinação

conseguirão resolvê-los.

23

1.1 Jogos educativos como instrumento de aprendizagem

Os jogos podem ser classificados em: jogos de exercício; jogos

simbólicos; e jogos de regras, cada um com suas características e

particularidades. Os jogos de exercícios são os primeiros a aparecerem na vida

das crianças, não incluem intervenção de símbolos ou ficções e nem de regras,

a criança simplesmente executa pelo prazer que encontra na própria atividade,

e não com o objetivo de adaptação.

A principal característica do jogo nessa fase é seu aspecto prazeroso,

agir para satisfazer-se. O prazer é o que traz significado para a ação: o bebê

mama não só para sobreviver, mas pelo prazer que o mamar traz à medida que

alivia um desconforto, um desprazer.

Ao descrever a classificação e a evolução dos jogos de exercícios,

Piaget (1984) divide-os em duas categorias: jogos de exercícios sensório-

motores e jogos de pensamento. Dentro dos jogos sensório-motores podem-se

distinguir três classes:

• Jogos de exercícios simples: estes jogos se limitam a reproduzir

fielmente um comportamento adaptado pelo simples prazer que se encontra

em repetir tal comportamento. Quase todos os jogos sensório-motor referentes

ao período de 1 a 18 meses pertencem a essa classe. A criança usa nessa

fase, a imitação para se adaptar à realidade, aprender novas ações, ou

satisfazer uma necessidade. Os jogos de exercícios têm com finalidade divertir

e servir como instrumento de realização de um prazer em fazer funcionar,

exercitar, estruturas já aprendidas;

• Combinações sem finalidade: A única diferença entre a primeira

classe e a segunda baseia-se no fato de que a criança não se limita a exercer

simplesmente atividades anteriormente adquiridas, mas passa a construir com

elas novas combinações que são lúdicas desde o início;

• Combinações com finalidades: nesses jogos, as combinações são

predominantemente lúdicas, as crianças estão sempre descobrindo novas

ações.

Uma segunda categoria que divide os jogos de exercício é a dos jogos e

exercícios de pensamento. Para estes, pode-se apontar as mesmas classes

24

discutidas anteriormente e dentre elas, encontram-se todas as passagens entre

o exercício sensório-motor, o da inteligência prática e o da inteligência verbal.

Piaget (1984) exemplifica dizendo que uma criança tendo aprendido a

formular pergunta poderá se divertir pelo simples prazer de perguntar. Por

outro lado, poderá relatar algo que não existe pelo prazer de combinar as

palavras sem finalidade, ou ainda, podem inventar palavras ou descrições pelo

simples prazer que encontra ao inventar.

Jogos simbólicos implicam a representação, isto é, a diferença entre

significantes e significados. No jogo simbólico há o prazer de combinar as

palavras em significado, como no jogo de exercício, mas com acréscimo do

símbolo. (PIAGET, 1984)

A criança demonstra seu comportamento simbólico através de alguns

comportamentos, como diz Piaget (1984):

• Quando imita uma determinada situação que presenciou

em outro momento, demonstra uma representação interna desse

acontecimento;

• Quando brinca de faz de conta, transformando um objeto

em outro, uma vassoura pode vir a ser, nas mãos de uma criança, um

cavalo, um lápis pode se tornar um avião;

• No jogo, quando apresenta uma interpretação própria dos

acontecimentos que fazem parte do seu dia a dia;

• Quando desenha, pinta, modela, usa de sua criatividade, a

criança expressa aquilo que conhece e tem significado para ela.

O jogo simbólico constitui uma atividade real essencialmente egocêntrica

e sua função consiste em atender o “eu” por meio de uma transformação do

real em função de sua própria satisfação. Para Piaget (1971, p. 29) o “jogo

simbólico não é um esforço de submissão do sujeito ao real, mas, ao contrário,

uma assimilação deformada da realidade do eu”.

Enquanto no jogo do exercício não há estrutura representativa

especificamente lúdica, no jogo simbólico a representação está presente,

havendo, portanto, uma dissociação entre o significante e o significado.

Os jogos com regras aparecem numa etapa posterior aos jogos de

símbolos. Para uma criança de 2 a 3 anos, o simples fato de subir os degraus

de uma escada já é uma satisfação. (PIAGET, 1984)

25

Ao passo que para uma criança de 6 anos, por exemplo, esta atividade

só será atraente se envolver algumas regras determinando o procedimento,

como: subir com um pé só, de dois em dois degraus, pulando, etc. São as

regras que irão impor necessidades de maior ou menor atenção e regular o

comportamento da criança. Se nas primeiras brincadeiras infantis e nas que

envolvem situações imaginárias o prazer está no processo, nos jogos com

regras o prazer é obtido no resultado alcançado e no cumprimento das normas.

São jogos que permitem as crianças auto regular-se. (PIAGET, 1984)

Jogar é conhecer as regras, entendê-las, identificar os contextos em que

elas são utilizadas e poder inventar novos contextos, modificando essas

mesmas regras. Jogar é disporem-se as incertezas, ao risco, exercitando-se

para enfrentar os acontecimentos acidentais do cotidiano. (ALMEIDA, 1998).

Na Grécia Antiga um dos maiores pensadores, Platão (427-348),

afirmava que os primeiros anos da criança deveriam ser ocupados com jogos

educativos, praticados em comum pelos dois sexos, sob vigilância e em jardins

de crianças.

A educação lúdica já esteve presente em várias épocas e civilizações,

foi objeto de estudo de vários pesquisadores e hoje formam uma vasta rede de

conhecimentos para educadores, psicólogos, e vários outros profissionais. Ela

integra uma teoria profunda a uma prática muito atuante. Seus objetivos

explicam a relação do ser humano com seu contexto histórico, social, cultural e

psicológico. (ALMEIDA, 1998).

Jogar é “fazer de conta” que se está à margem da realidade para melhor elaborá-la. Através do jogo se revela a autonomia, a originalidade, a possibilidade de ser livre, de inventar e de poder expressar o próprio desejo convivendo com as diferenças. (ALMEIDA, 1998, p. 23).

Pestalozzi (1746-1827) em suas observações sobre o desenvolvimento

psicológico dos alunos e sobre o êxito ou o fracasso das técnicas pedagógicas

abriu um novo rumo para a educação moderna. Segundo ele, a escola é uma

verdadeira sociedade, e o jogo é fator de educação decisivo que enriquece o

senso de responsabilidade e fortifica as normas de cooperação (ALMEIDA,

1998).

26

Acredita-se que os jogos que tratam sobre conteúdo educativo possam

contribuir de forma bastante substancial para o desenvolvimento da cidadania,

do raciocínio, da personalidade, da interação social e do aprendizado.

1.2 O Lúdico na aquisição da leitura.

O processo de alfabetização, refere-se a um desenvolvimento muito

importante considerado longo e delicado, pois faz com que a criança venha a

ter uma ligação com a língua materna.

De conformidade, iniciar a alfabetização de uma criança se torna uma

missão difícil, pois deve-se em primeiro momento fazer com que a criança, sem

ter a habilidade de fazer uma única letra, venha fazer diferente e complexas

palavras existentes na língua portuguesa.

Pereira (2014) destaca que o uso do lúdico no processo de leitura,

facilita a descoberta da criança, mesmo que ela não tenha noção de escrita.

Furtado (2008, p 56) fala sobre a grande importância dos jogos e

brinquedos para estimular o aprendizado da criança.

Os jogos e brinquedos são reconhecidos como meios de fornecer à criança um ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, de forma a estimular, na criança, a curiosidade, a observação, a intuição, a atividade, favorecendo seu desenvolvimento pela experiência. Esse interesse e essa valorização do brincar na educação não são recentes; sua importância foi demonstrada já na educação greco-romana, com Aristóteles (384-322 a.C.) e Platão (427-348 a.C.). A partir de então, muitos teóricos, como Montaigne (1533-1592, Comênio (1592-1671), Jean-Jaques Rosseau (1712-1778), Pestalozzi (1746-1827) e outros, frisaram a importância do processo lúdico na educação das crianças. (FURTADO, 2008, p.56).

Salienta-se que o professor exerce uma função de grande importância,

sendo o responsável pela criação das atividades, disponibilizando materiais,

participando das atividades como as brincadeiras, agindo, portanto, como

mediador da construção do conhecimento.

Furtado (2008) destaca que através destas ferramentas o lúdico terá

possibilidade de interagir com os alunos, de uma forma que venha a somar

para que ocorra um avanço da leitura assim como da escrita.

Na visão de Araújo (2016, p 25).

O perfil do alunado confirmará a necessidade de um trabalho com atividades diferenciadas no que concerne à escrita desses alunos,

27

pois a dificuldade só será superada quando se diminuírem as tensões e os bloqueios com relação ao ato da escrita, o que pode ser conseguidas mediante as atividades lúdicas propostas. Já a escola, entra como o principal canal de aprendizagem desses sujeitos para proporcionar o conhecimento mais especifico das letras em questão: seu traçado, som, correspondência com a fala e em que palavras podemos encontra-las.

Através do uso do lúdico que as crianças terão o desenvolvimento da

aprendizagem não só como um momento para que brinquem, mas também

auxiliando no desenvolvimento de uma aprendizagem significativa com mais

prazer (ARAUJO, 2016).

Deste modo, o lúdico auxilia no desenvolvimento da leitura ao fazer com

que o aluno se sinta motivado a participar das atividades (PEREIRA, 2014).

Conclui-se que tanto os jogos como as brincadeiras levam as crianças a

um processo de ensino e aprendizado sucessivo e a influência mutua com o

lúdico promove um aprendizado satisfatório proporcionando maior prazer para

as crianças a se desenvolverem no aprendizado, além de engrandecer o

trabalho didático do professor (ARAUJO, 2016).

28

CAPÍTULO III

METODOLOGIA DO LER E ESCREVER - SEESP

1 LIVRO LER E ESCREVER – ANO 2

O segundo livro desta coleção é destinado aos alunos do 2º ano do

Ensino Fundamental I. O lúdico e o trabalho em grupos reforçam a

necessidade dos professores se utilizarem destes artifícios, considerando-se o

sucesso do aprendizado mútuo.

O livro faz parte da coleção do Programa Ler e Escrever de São Paulo e

a coleção contém desde coletânea de atividades até guias de planejamento

para o professor e orientações. O livro do segundo ano trata de forma

elementar e de fácil assimilação os nomes próprios e o alfabeto, bem como o

trabalho com cantigas populares que visam estimular a leitura e a escrita.

A contextualização de fatos inerentes a vivência dos alunos, tais como

acontecimentos marcantes, nos quais são trabalhados os eventos em destaque

na mídia e na sociedade, por exemplo, a Copa do Mundo, as Olimpíadas,

eleições, Jogos pan-americanos e vários outros em destaque fazem com que o

aluno tenha o natural estimulo de desenvolver leitura e escrita se aprofundando

no que o rodeia e faz parte de sua vida.

A utilização de textos memorizados, trava-línguas e parlendas são

bastante eficazes para orientação de sequências lógicas nos alunos nesta

idade. O livro traz atividades voltadas para leitura e escrita de textos

memorizados, bem como, a proposta de organizar uma parlenda com versos

fora de ordem.

Fica evidente que o livro resgata de forma intensa a contextualização e a

interdisciplinaridade, como por exemplo, no tópico que traz atividades voltadas

para receitas juninas, onde o professor tem a ferramenta para trabalhar

29

medidas e obviamente a leitura e escrita. É sugerido também receitas sem

títulos (nome da receita) para que o aluno tenha o discernimento de interpretar

somente pelos ingredientes e modo de preparo o nome do prato.

O material traz também atividades como simulação de elaboração de

listas de festas com o material desejado, salgados, refrigerantes, bolos, etc. É

desta forma que o aluno pode interagir com colegas e realizarem atividades em

conjunto gerando assim o aprendizado mútuo.

Outra atividade eficaz para desenvolvimento da escrita e leitura são as

que utilizam poemas, um exemplo claro é o de realizar leitura de poemas e

localizar reescrevendo palavras que o professor ditou antes do inicio da leitura.

A identificação de palavras em poemas ajuda a familiarização do aluno com a

língua portuguesa e traz inúmeras possibilidades de ampliar o vocabulário

destes com o conhecimento de palavras novas.

Toda criança necessita de brincar, e daí surge o aprender brincando ou

o brincar aprendendo. O livro traz de forma divertida a utilização de

cruzadinhas e adivinhas, despertando no aluno o desejo de aprender pelo

simples fato do desafio e entretenimento que essas modalidades de atividades

trazem. A associação de imagens de frutas, animais, esportes e outros com as

palavras reforçam a associação entre a figura e a escrita e leitura desta, assim,

a fixação do aprendizado se firma naturalmente e de forma divertida.

No Projeto Ler e Escrever referente aos animais do Pantanal, os alunos

se familiarizam com a leitura e escrita destes animais, bem como, aprendem

sobre a fauna da região. Dentre as atividades se destaca a de expor figuras de

animais em determinada situação e propor aos alunos a legenda de foto com

breve relato do que se ver.

No livro Ler e escrever: coletânea de atividades o desafio é somente

para aqueles que ainda não escrevem alfabeticamente. As atividades voltadas

para a análise e reflexão sobre a linguagem, para a produção de textos e para

as situações de comunicação oral não foram incluídas aqui, pois não

comportam uma formatação em atividades como estas. É fundamental,

entretanto, que aconteçam concomitantemente às de reflexão sobre o sistema

30

e estejam presentes no cotidiano. São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.

(2010, p.5) .

Por fim, além das atividades diversificadas tem-se os contos de fadas,

onde as atividades são feitas com palavras de personagens para identificação

e reescrita dos contos, sempre reforçando o hábito da leitura e da escrita do

aluno.

1.1 Livro Ler e Escrever – Ano 3

O livro do 3º ano propõe um reforço e uma sequência do aprendizado

inerente ao livro da série anterior. O livro é dividido em três partes: Leitura e

Escrita, Projeto Didático: Animais do Mar e Matemática, onde apesar do sucinto

sumário o conteúdo é bastante rico e proveitoso.

No tópico de Leitura e Escrita várias brincadeiras são trabalhadas, como

o pega-pega corrente que ao ser lido e debatido em sala as regras do jogo

podem servir como avaliação quanto a assimilação do conteúdo exposto nas

regras, também é trabalhado a leitura de textos que trazem cunho de

conhecimento histórico, como a vida e obra de Santos Dumont, a história e

preservação das tartarugas marinhas, poesias e poemas.

Os textos soltos em formato de atividades livres dão autonomia ao

professor para ir além do proposto nas orientações de exercícios. Dessa

maneira, um texto pode ser lido e reescrito com final criado pelo próprio aluno,

pode ser simplesmente reescrito na íntegra, pode ser debatido e interpretado

no grupo de alunos, o professor deve ser capaz de questioná-los acerca do

tema dos textos e desta forma instigar ainda mais as habilidades de leitura e

escrita.

Textos com erros no emprego do N e M também fazem parte das

atividades deste livro, onde o professor pede que o aluno identifique as grafias

erradas e as refaçam de forma correta. Parábolas que despertam

questionamentos e levam as crianças a refletir acerca de determinadas

situações através de suas morais.

No acervo de atividades, juntamente são marcantes as presenças das

parlendas, adivinhas, poemas e poesias que seguem a linha do aprender

brincando e brincar aprendendo. Nestas atividades são aproveitados vários

31

quesitos do aprendizado, tais como: grafia correta, separação de palavras,

gênero masculino e feminino, associação de imagens a palavras, uso de

palavras pouco conhecidas, cruzadinhas e muitas outras.

Quanto ao Projeto Pedagógico: Animais do Mar além do trabalho da

escrita e leitura, os alunos aprendem sobre a conscientização da preservação e

tem noções de catalogação, como por exemplo, através da ficha do animal

marinho constante no livro e que tem dados como: Nome do animal, peso,

comprimento, onde vive, alimentação e filhotes.

O aluno tem um breve histórico de animais marinhos em fichas

separadas e irão ler e catalogar os dados solicitados nas fichas do animal,

além de ser uma atividade prazerosa que desperta a curiosidade é instigadora

da extração de dados relevantes de um texto, onde sem tem já como exercício

para elaboração de futuros resumos e sínteses de textos, é a iniciação da

interpretação de textos de uma forma mais técnica e instrumental.

No último tópico das atividades, tem-se a Matemática como

protagonista, as atividades são voltadas principalmente para a identificação de

números com a exposição de fichas enumeradas até 100, atividades de escrita

por extenso também fazem parte do acervo, como por exemplo a identificação

de números de residências das casas de alunos da classe, jogos de cartas e

jogos da memória também integram o processo do ensino da disciplina.

Como toda coleção Ler e Escrever, este livro na disciplina de

matemática também contextualiza e interage com a realidade das crianças,

cédulas de dinheiro de nossa moeda são utilizadas para as primeiras contas

com uso das operações básicas matemáticas. O uso de tabelas relacionando a

moeda e o produto facilitam a noção de valor dos alunos, várias atividades

propõe a associação entre o valor da moeda e o produto que pode ser

adquirido com a quantia.

1.2 Livro Ler E Escrever – Ano 4

Naturalmente com o avançar das séries e da idade dos alunos os

conteúdos abordados nas atividades ficam mais abrangentes e aprofundados e

no livro do 4º ano são trabalhados inúmeros conteúdos, tais como: Projeto

didático que tem dois pontos relevantes, “Confabulando com fábulas”” e os

32

“Meios de comunicação”, as atividades da sequência didática com o tema

“Produção e destino do lixo”, as atividades da sequência de escrita de cartas

de leitor, atividades de análise e reflexão sobre a língua-ortografia, atividades

de pontuação e por fim as atividades de matemática.

Ler e escrever: guia de planejamento e orientações didáticas. “Conforme

proposto pelo programa Ler e Escrever, a grande prioridade em nossa rede de

ensino é a formação de leitores e escritores competentes. Para isso, é preciso

que os alunos possam interagir, a partir da leitura e da escrita, com textos de

gêneros diferentes e com distintos propósitos sociais”|. São Paulo (Estado)

Secretaria da Educação. (2010, p.6)

Na primeira coletânea de atividades relacionadas a fábulas, vários níveis

de aprendizagem são trabalhados, a escrita e a leitura que obviamente é o foco

do programa e as questões morais e cidadãs dos alunos que são debatidas

através da descoberta de cada moral das fábulas, mas não somente as fábulas

em si que são trabalhadas, são realizadas entrevistas dos alunos com os pais

para descobrir quais fábulas eles conhecem e seus detalhes.

Nas atividades do Projeto didático: Meios de Comunicação, são

abordadas as noções básicas de comunicação e sua história, traçando um

paralelo entre o surgimento com sua morosidade e o avanço tecnológico com

informações em tempo real e a globalização. No Projeto em si, tem-se uma

ficha para catalogar os meios de comunicação e suas utilidades e

características.

Nas atividades da sequência didática: Produção e destino do lixo o

desenvolvimento da leitura e escrita se dá através de figuras que retratam a

produção e destino do lixo em atividades que estimulam a interpretação de

fotos, atividades que falam da origem da palavra lixo, do problema do lixo

urbano, a classificação do lixo, os tipos de coleta e os demais assuntos

inerentes ao lixo e seus problemas e destino.

Na sequência de escrita de cartas de leitor as atividades são voltadas

totalmente para a seção que traz as cartas de leitores em revistas, com a

análise, os alunos realizam atividades identificando os elementos destas cartas

e suas importâncias. São propostas também atividades que expõem a

importância da relação entre os leitores e os editores das revistas, esta

interação promove o desejo de escrever para revistas e estimula a escrita.

33

As atividades de análise e reflexão sobre a língua-ortografia traz textos

com atividades de interpretação, identificação de palavras e com muita

proposta de interação com os colegas de classe. Com o uso de parábolas a

iniciação ao estudo dos verbos ocorre com identificação de palavras no texto

que indicam quando acontecerá ou aconteceu algum fato, a utilização de letras

como L ou U, N ou M também são trabalhadas nos textos.

No último quesito estudado no livro que trata da língua portuguesa, têm-

se as atividades de pontuação, como por exemplo, a leitura de textos sem

nenhuma pontuação e a indagação acerca do que se observe com a leitura, as

dificuldades de entendimento e coesão devido a pontuação adequada com a

reescrita do texto com a pontuação correta.

Nas Atividades de Matemática, a leitura e escrita não ficam de fora, a

interdisciplinaridade mais uma vez é evidente, um dos exemplos de atividades

que retratam isso é a de textos com lacunas a serem completadas com

números sempre que retratam a realidade dos alunos, tais como numero de

alunos na série e outros.

Noções de sequência, espaço, multiplicação, maior e menor estão entre

as propostas de atividades neste livro que se aprofunda bem mais que o da 3ª

serie visto anteriormente, são estas noções que preparam o aluno para o

acompanhamento desejável no 5º ano.

1.3 Livro Ler E Escrever – Ano 5

Neste último livro da coleção, obviamente a complexidade aumenta

paralelamente ao nível de aprendizagem dos alunos e suas idades. Nele temos

atividades de Língua Portuguesa e de Matemática.

Nas atividades de Língua Portuguesa é feito uma ampla abordagem em

cima de lendas através do Projeto didático: Uma lenda, duas lendas, tantas

lendas. O projeto é dividido em cinco etapas e na etapa 1 é levantado

conhecimentos prévios sobre o gênero, na segunda é feito o compartilhamento

do projeto e organização do trabalho, na etapa 3 se inicia de forma mais

abrangente os saberes sobre as lendas é nesta etapa que se ver lendas de

outros lugares, lendas indígenas, comparação entre versões de lendas e

sempre com a prática de rodas de leitura, na quarta etapa é chegada a hora de

34

selecionar as lendas, reescrevendo-as e revisando os textos. Na penúltima

etapa, a quinta, é realizada a edição e preparação final da coletânea, é nesta

etapa que são produzidas as ilustrações, que é feita a organização da

coletânea e por fim a preparação da apresentação oral da lenda selecionada. A

sexta e ultima etapa é a etapa de avaliação, onde todas as etapas anteriores

serão levadas em conta.

Ler e escrever: guia de planejamento e orientações didáticas “o seu

papel deverá ser o de mediar as análises e as discussões produzidas pelos

alunos, intervindo de forma a colocar questões que transformem a sala da aula

num espaço investigativo”. São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. (2010,

p.5)

Outro Projeto didático de língua portuguesa é o “Universo ao meu redor”

que segue a mesma linha do anterior sendo dividido em etapas. A primeira

etapa é a de levantamentos prévios acerca do tema abordado, a segunda

etapa consiste no compartilhamento do projeto e na organização do trabalho, a

terceira e uma das mais relevantes é a etapa de estudos sobre o meio

ambiente, desmatamento e sustentabilidade, nesta fase do projeto os assuntos

em pauta são o desequilíbrio causado pelo homem, o desmatamento no Brasil

e no mundo, a mata atlântica e sua história, vida na mata, dentre outros. A

etapa 4 consiste no estudo e planejamento do seminário, a etapa 5 no estudo e

planejamento da exposição oral e por fim a sexta etapa que é a de avaliação

dos trabalhos expostos.

Após os tópicos do livro que abordam projetos didáticos vem a

sequencia didática de leitura “Caminhos do verde” que consiste em passeios e

aulas de campo com realização de atividades e exploração da mata atlântica

com passeio ao Jardim Botânico e recomendações a outros passeios.

A Sequência didática “Lendo notícias para ler o mundo” consiste em

duas etapas de atividades, na primeira, é feita a apresentação da sequência

didática e investigação inicial da proficiência do aluno com a realização de

atividades para identificação de notícias, estudo, exploração ao caderno de

jornal, visão geral das partes que compõe a notícia e outras atividades. A

segunda etapa aborda o estudo das características da linguagem escrita do

gênero.

35

Outras duas sequências didáticas do livro são a de “Estudo de

pontuação” e “Estudo de Ortografia”. No primeiro estudo são relevantes os

usos das aspas a forma de introduzir a fala de personagens em crônicas,

marcas linguísticas do discurso direto e indireto, pontuação em diálogos e

outros assuntos. No Estudo de Ortografia, é dado ênfase ao uso das

terminações de palavras com –ISSE e –ICE e-ANSA e –ANÇA sempre com

análise de textos.

36

CONCLUSÃO

Considerando-se que a leitura ocorre desde o momento em que os olhos

fazem decodificações de tudo o que podem enxergar, ou seja, a leitura não é

somente feita quando se lê letras e palavras, mas também, quando se enxerga

o contexto de tudo que se vê e faz, quer dizer, por meio de brincadeiras,

brinquedos, lúdicos, material didático e entre outros. Logo, cabe afirmar que,

mesmo antes de ir à escola, a leitura e escrita entram na vida de qualquer

indivíduo por meio de experiências com os seus familiares, como, por exemplo,

a leitura de histórias, demonstrações de figuras, entre outras realizações de

seu cotidiano. A família é quem introduz à criança a primeira experiência de

leitura e escrita.

Pode-se afirmar que a alfabetização é uma maneira de ter uma vida

ampla, íntegra e autônoma na sociedade e o nível de desenvolvimento cultural

de um país é calculado em base de número de alfabetizados em seu território.

Assim, fica evidente a importância de um país oferecer bons métodos de

ensino aos seus patriotas, pois é na escola que o aluno tem a oportunidade de

interagir com os diversos aspectos de aprendizagem, que passam, então, a ser

parte de sua vida diária. Ou seja, cabe à escola o ensino da leitura e o da

escrita, e esta deve estar preparada para causar interesse no aluno, no que ele

lê.

A leitura se faz tão importante, pois é nela que o indivíduo tem acesso

aos diferentes tipos de informações, aprofunda os seus conhecimentos e

amplia a maneira de ver a vida e o mundo, além de fazer com que este ser se

torne mais criativo e expressivo. Já a linguagem escrita, tem de ser aproveitada

de maneira a alcançar todas as possibilidades e ações que esta oferece, pois

todo o ser humano é permeado de uma curiosidade natural ao desconhecido e

isso é impulsionado pelo desejo de ordem inconsciente. Desta forma, estão

propensos a aprender desde quando nascem, entretanto este desejo deve ser

acolhido por alguém que já tenha certo conhecimento, para que assim possa

ter a relação entre aprender x ensinar.

O que se observa, e o que tem como objetivo, ao contar uma história, é

que ouvinte, entenda que, mesmo em uma situação difícil, em frente a alguma

problemática, há soluções. A criança ao ouvir uma história, em sua mente, ela

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já vai criando soluções para a continuação da história. Assim, os contos de

fadas buscam justamente mostrar, com personagens, em suas diversas

histórias, que há situações difíceis a se enfrentar, mas que com paciência e

determinação é possível resolvê-los.

Os jogos educativos são utilizados como instrumentos de aprendizagem,

pois, com estes é possível conhecer regras, entendê-las, identificar os

contextos em que são utilizadas, além de poder inventar novos contextos,

modificando as regras. Os jogos estimulam as incertezas, colocam em risco,

exercitam a enfrentar acontecimentos acidentais do dia-a-dia. Assim, a

principal característica do jogo é o de uma aprendizagem prazerosa, com

conteúdo educativo os jogos contribuem, de forma, substancial para o

desenvolvimento da cidadania, raciocínio, personalidade, interação social,

entre tantos outros.

Na aquisição da leitura, o lúdico é um processo muito importante, porém

longo e dedicado, pois faz com que o individuo venha a ter uma ligação com a

linguagem materna, ou seja, é a iniciação da alfabetização, uma missão muito

difícil, levando em consideração que a criança nem sequer tem habilidade em

fazer uma letra sequer, e a partir daí, venha fazer diferentes e complexas

palavras existentes da língua portuguesas. O professor exerce uma grande

importância, pois é este o responsável pela criação das atividades como as

brincadeiras, sempre mediando na construção do conhecimento.

Algumas metodologias são utilizadas, de forma geral, contudo, neste

trabalho de pesquisa, a escolhida foi o Livro Ler e Escrever, que se divide em:

ano 2, ano 3, ano 4 e ano 5, tendo como atividades principais, além de fatos e

comemorações anuais do calendário brasileiro, os trava línguas, parlendas,

utilização de receitas típicas, poemas, cruzadinhas, contos de fada,

conhecimento de fatos históricos, preservação da fauna e flora, metodologia de

grafia correta, separação de palavras, gêneros, cruzadinha, interpretação

textual, jogos, fábulas, entre tantos outros, além de atividades matemáticas

que ficam mais abrangentes e aprofundados a partir dos anos. Ao ter este

material didático preparado e já programado para os anos subsequentes, fica

mais fácil ensinar, estabelecendo, assim, uma relação de aprimoramento

através do cotidiano, sem se perder, e também, sem deixar o aluno perdido na

sua alfabetização e aprendizagem.

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