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Sociedade Ecumênica do Triângulo e da Rosa Dourada:. Sociedade Parosófica de Estudos Espirituais:. Ordem Espiritualista do Cruzeiro do Sul:. Módulo II - Unidade VIII A Linguagem Simbólica da Umbanda – II Continuação Saudações – Constituem os termos em língua Yorubá utilizados para saudarem as Potências Virginais ou Deuses Orixás. Algumas das quais milenares, expressam e sintetizam a essência ou harmonia da Divindade, afirmando-se segundo energias profundamente significativas, uma vez que encobrem o verdadeiro sentido kabalístico velado pelos antigos Sacerdotes. Ao interno de cada uma das saudações, coexiste uma outra oculta e velada, que lhe doa o caráter esotérico da Divindade bem como os atributos a Ela vinculados. Em seu conjunto místico, apresentam-se da seguinte forma: Exu: Laroiê; Ogum: Ogun nhê; Oxóssi: Okê Arô; Ossayím: Ewe ô; Xangô: Kaô Kabiecilé; Obaluaiê: Atotô; Oxumaré: Arrô Boboi; Nanã: Salubá; Oxum: Ora ieiê; Yansã: Hepahei; Yemanjá: Odociá; Obá: Obá Xiirê; Logunedé: Logun Logun; Ewá: Rinró; Iroko: Iroko isso; Yori: Oni oi bejada; Oxalá: Epá Babá. Berundanga – Enfeitiçamento maléfico na linguagem dos Pretos-Velhos. Boíla – Nome tradicional das “Guias” utilizadas pelos mediadores. Bolar no Santo – O termo aplica-se unicamente ao Candomblé, uma vez que a Umbanda não adota o “bolamento” ou atitude do mediador de entrar imediatamente em transe, rolando pelo solo como uma bola. A Umbanda “prepara” seus mediadores para servirem de veículo ou canal de manifestação das energias espirituais, ao passo que o Candomblé utiliza-se da incorporação apenas em relação à essência dos Orixás. O Bolamento pode ser, no entanto, provocado por um dirigente também de Umbanda, uma vez que este conhece o “ilá” ou “brado sagrado de identificação” do Orixá do Templo, ao qual estão sujeitos energeticamente todos os seus adeptos. Cabaça – Imagem do corpo e do próprio Universo, a cabaça encerra inúmeros fundamentos ao interno da ritualística sagrada, servindo não somente como instrumento sacralizado de inúmeros Orixás, como também convertendo-se em elemento base para a execução de inúmeras movimentações magísticas. 1

A Linguagem simbólica II

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Sociedade Ecumênica do Triângulo e da Rosa Dourada:.Sociedade Parosófica de Estudos Espirituais:.

Ordem Espiritualista do Cruzeiro do Sul:.

Módulo II - Unidade VIII

A Linguagem Simbólica da Umbanda – II

Continuação

Saudações – Constituem os termos em língua Yorubá utilizados para saudarem as Potências Virginais ou Deuses Orixás. Algumas das quais milenares, expressam e sintetizam a essência ou harmonia da Divindade, afirmando-se segundo energias profundamente significativas, uma vez que encobrem o verdadeiro sentido kabalístico velado pelos antigos Sacerdotes. Ao interno de cada uma das saudações, coexiste uma outra oculta e velada, que lhe doa o caráter esotérico da Divindade bem como os atributos a Ela vinculados. Em seu conjunto místico, apresentam-se da seguinte forma: Exu: Laroiê; Ogum: Ogun nhê; Oxóssi: Okê Arô; Ossayím: Ewe ô; Xangô: Kaô Kabiecilé; Obaluaiê: Atotô; Oxumaré: Arrô Boboi; Nanã: Salubá; Oxum: Ora ieiê; Yansã: Hepahei; Yemanjá: Odociá; Obá: Obá Xiirê; Logunedé: Logun Logun; Ewá: Rinró; Iroko: Iroko isso; Yori: Oni oi bejada; Oxalá: Epá Babá.Berundanga – Enfeitiçamento maléfico na linguagem dos Pretos-Velhos.Boíla – Nome tradicional das “Guias” utilizadas pelos mediadores.Bolar no Santo – O termo aplica-se unicamente ao Candomblé, uma vez que a Umbanda não adota o “bolamento” ou atitude do mediador de entrar imediatamente em transe, rolando pelo solo como uma bola. A Umbanda “prepara” seus mediadores para servirem de veículo ou canal de manifestação das energias espirituais, ao passo que o Candomblé utiliza-se da incorporação apenas em relação à essência dos Orixás. O Bolamento pode ser, no entanto, provocado por um dirigente também de Umbanda, uma vez que este conhece o “ilá” ou “brado sagrado de identificação” do Orixá do Templo, ao qual estão sujeitos energeticamente todos os seus adeptos.Cabaça – Imagem do corpo e do próprio Universo, a cabaça encerra inúmeros fundamentos ao interno da ritualística sagrada, servindo não somente como instrumento sacralizado de inúmeros Orixás, como também convertendo-se em elemento base para a execução de inúmeras movimentações magísticas. Profundamente sacra ao universo místico dos Deuses Orixás, expressa em sentido cosmogônico o Universo contido em si próprio antes da criação e ao interno da qual estavam encerrados Oxalá e Oduduá. Fechada, com pescoço longo é fundamento das Divindades relacionadas com mistérios de transição e geração como Exu (O Senhor das cabaças), Obaluaiê, Ewá, Iroko, Oxumaré, Nanã, Ossayím, Oxalá, Yemanjá, Oxum e Xangô, do qual constitui o “Xerê”, elemento sagrado pleno de sementes e que imita o som da chuva. No decurso dos ritos fúnebres de um Iniciado, simboliza a sua cabeça, sendo para ela transferida a essência afirmada por sobre seu Orí. Dividida ao meio, representa o rompimento ou separação entre o Órun e o Ayé e em seu interior podem ser “assentados” os fundamentos das

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Potências Espirituais. Em alguns rituais maiores dedicados a Exu e seu aspecto fecundador e gerador, pode simbolizar tanto a vagina quanto o pênis no ato da criação de uma nova matriz. Misticamente é um símbolo andrógeno consagrado a Oxumaré, em torno da qual se enrola a espiral de oito voltas, símbolo do movimento, da Luz e da continuidade. Quando em meio a dois cornos de um carneiro, assume aspecto solar, vinculando-se a Ogum e Obá, misticamente ao par fogo/água, sendo a vagina sagrada da Deusa sobre a qual paira o órgão ereto do Deus no ato de fecundar a matriz solar. O mesmo simbolismo alude ao surgimento do Sol na Casa de Áries, quando então os Assentamentos de Ogum são banhados com seus elementos sagrados. Com Ossayím simboliza o “Agué”, a cabaça das folhas e com Obaluaiê encerra o mistério da transição de um plano para o outro. Iroko a possui por fundamento onde comparecem em número de oito, presas à cintura por um grande cordão de palha-da-costa a simbolizar o Tempo que encerra em si próprio. A cabaça de Nanã vincula-se ao poder ancestral feminino, reunido em sua coletividade ao passo que por vezes Oxum a porta como símbolo do útero e da gestação, quando então é coberta com mel. Oxum Abalo, a mais Velha encerra como fundamento uma cabaça unida à outra por meio de um filete de palha e que pende do pescoço, uma de cada lado a simbolizar o cordão umbilical ou a união entre a matriz espiritual e aquela física. Yemanjá, considerada a “Senhora de todas as cabeças”, encerra como fundamento uma cabaça plena de canjica, a qual é pelo Iniciado carregada na cabeça durante os rituais de Iniciação.Canjica – elemento largamente utilizado na ritualística da Umbanda, associa-se profundamente aos princípios de ancestralidade, coletividade, fecundação e geração. Em sua mística é associada sobretudo a Oxalá, cuja água branca representa o “esperma” e que é utilizada nas cerimônias de Iniciação na “Noite da fecundação” que antecede aos ritos de geração, expressando o mesmo significado com Exu. Nos ritos consagrados a Yemanjá, a canjica simboliza “todas as cabeças” ao passo que sua água vincula-se à matéria mental; com Obaluaiê e Nanã, associa-se ao plano das Almas e da ancestralidade, ao passo que nos rituais dedicados a Iroko, representa a Matriz ou “Coletividade Kármica” do indivíduo encerrada em sua consciência. O rito de “lavagem” do Tronco consagrado a Iroko com canjica sintetiza precisamente essa relação entre Tempo e karma. Agregada ao Ossum (pó vermelho), nos ritos de Oxum simboliza o espermatozóide que fecunda o óvulo sagrado; em rituais velados consagrados a Exu Orixá, a água da canjica representa a “saliva” do Deus que afirma a potencialidade oculta do Verbo presente na boca do Iniciado. Quando, no entanto, mistura-se a canjica com outros elementos como o mel e o leite, alude-se a “Harmonia Oculta” das substâncias universais purificadas por meio do fogo, sendo esse o significado velado da canjica ofertada no dia dos Pretos-Velhos ou nos ritos iniciáticos de Yemanjá, quando o futuro Iniciado oferece a canjica aos antigos, representando sua entronização no círculo sagrado das Iniciações. O banho com água de canjica realizado na Iniciação alude tanto ao plano da fecundação, quanto aquele da “regeneração cósmica” do indivíduo.Milho - Também possui inúmeros significados ao interno da ritualística sagrada, onde simboliza a prosperidade, a coletividade e a regeneração. Pertencente sobretudo à Logunedé, Oxóssi, Ossayím, Oxum e Oxumaré, afirma por vezes o “Pênis de Oxóssi” que fecunda toda a Natureza, representando seu caldo amarelado o “Ouro Líquido” dos

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Deuses, no qual se banha o Iniciado no final de seu ciclo de sete anos, simbolizando seu acostamento ao Divino e a transformação de seu corpo em substância sagrada “reluzente como as Divindades”. As espigas, quando recobertas com mel ou água de canjica, aludem ao plano da fertilidade e da prosperidade, vinculando-se particularmente a Oxum e seu filho Logunedé. O mingau de milho ofertado a Oxum tendo ao centro um pena vermelha do pássaro Odidé alude à transmutação do ser e sua conversão em instrumento de manifestação da força mística dos Orixás. Cabeça de Legião – o termo alude, sobretudo, aos Sete Exus Maiores, intermediários das Vibrações Primordiais, mas também aos Setenta e Sete Guardiães ou “Patriarcas” que, juntos, compõem o Corpo Místico de Exu Orixá. Os Sete Cabeças Maiores são: Sr. Exu das

Sete Encruzilhadas, Exu Tranca-Ruas, Exu Marabô, Exu Gira-Mundo, Exu Tiriri, Exu Pinga-Fogo e Sra. Pomba-Gira. Os Setenta e Sete Patriarcas ou Chefes de Legião agrupam-se da seguinte maneira:Exu Omolu Exu dos 7

CruzeirosExu Tranca-Gira

Exu da Capa Preta

Exu Gira-Mundo

Exu 7 Encruzilhadas

Exu das 7 Estradas

Exu Limpa-Tudo

Exu Lonan Exu da Meia-Noite

Exu das 7 Poeiras

Exu 7 Tronqueiras

Exu Tira-Teima Exu Bauru Exu Quebra Pedra

Exu das 7 Capas

Exu das 7 Montanhas

Exu das 7 Porteiras

Exu Campina Exu Ventania

Exu das 7 Chaves

Exu Tranca-Ruas

Exu Trinca-Ferro

Exu das Matas Exu Mangueira

Exu das 7 Pembas

Exu Veludo Exu Pagão Exu Pemba Exu Corcunda

Exu das 7 Ventanias

Exu Arranca-Toco

Exu dos 7 Portões

Exu Pimenta Exu das Pedreiras

Exu das 7 Cruzes

Exu Porteira Exu Marabô Exu Vira-Mundo

Exu Morcego

Exu das 7 Brasas

Exu Brasa Exu Tiriri Exu das 7 Sombras

Exu Nanguê

Exu Quebra-Galho

Exu Alebá Exu Mirim Exu dos 7 cadeados

Exu Maré

Exu Toco-Preto Exu Caveira Exu Toquinho Exu Catú Exu GererêExu Pinga-Fogo Exu Calunga Exu Ganga Exu dos Rios Exu do MarExu do Lodo Exu 7

CatacumbasExu Manguinho Sra. Pomba-

GiraExu Marabá

Exu Come-Fogo Exu das 7 Covas

Exu Lalu Exu Carangola Exu Male

Exu Bará Exu dos Cemitérios

Exu Veludinho Exu Má-Cangira

Exu Cainana

Exu das 7 Calungas

Exu da Pedra Preta

Exu Tranca-Ruas das Almas

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Cabeludo – Termo utilizado pelos Exus em sua linguagem simbólica para designar a presença de obsessores. Significado idêntico possui a palavra “goitacaz”.Cabufado – Pertencente ao vocabulário simbólico de Exus e Pretos-velhos designa alguém que está sendo “castigado”.Calunga – O termo deriva do africano “Kalunga” que significa o Mar. Dessa forma, quando os Guias referem-se à Calunga Grande, estão fazendo menção ao Oceano. Já quando fazem referência à Calunga Pequena, aludem ao Cemitério, cuja corruptela em africano é precisamente “Kalunga” (morte) ou “Kalundú”.Candaru – É o braseiro de barro que fica ao centro do salão e onde são queimadas as ervas com o intento de purificação no decurso das orientações espirituais.Quebrar o Canjerê – Terminologia usada pelos Pretos-Velhos para expressarem a quebra de correntes magísticas.Cantar Folhas – Complexa cerimônia iniciática em honra a Ossayím, onde são preparados os banhos ritualísticos, acompanhados de cânticos e litanias e na qual as mulheres Iniciadas maceram as ervas que serão utilizadas para lavarem o corpo do Aspirante. É realizada de madrugada sendo utilizados grandes maços de hortelã, manjericão, alevante, arruda, alecrim, mirra e alfazema.Canzuá – Termo utilizado na linguagem dos Pretos-velhos para expressar o próprio Templo. Cacá ou caqui – do africano “ka” no círculo; “ki” carregar, encher. Expressão comum aos Pretos-Velhos quando solicitam a troca do fumo de seus cachimbos. É o conhecido “trocacá” ou “trocaqui”. Pela semelhança vocálica, pensamos que estão dizendo “troca cá” ou “troca aqui”, quando em realidade estão falando: “carrega o cachimbo” ou “carrega o círculo”.Carrego – Na terminologia da Umbanda, refere-se ao conjunto de objetos e elementos utilizados em uma movimentação magística e que devem ser “despachados”, ou seja, descarregados. Caximbô – Bebida feita com aguardente, mel, canela e casca de Jurema, ofertada aos Mestres Juremeiros em ocasiões específicas. Chugudú – Entidades Negras manipuladas pela Linha da Quimbanda, cujo símbolo são as penas de uma galinha preta cravadas por sobre uma cabaça. Não participa dos fundamentos da Umbanda, ainda que os emissários da Quimbanda ou mesmo os Exus possam utilizar o termo para designarem um feiticeiro ou os próprios quimbandeiros.Comidas de Santo – a liturgia da Umbanda não oferece “comidas” aos Deuses Orixás ao de fora do contexto iniciático, sendo suas oferendas constituídas por frutos e elementos naturais. Salvo algumas exceções, os Templo dedicados a Xangô costumam realizar a oferenda mensal de Amalá e somente as oferendas de pipoca, canjica, mingau branco ou abóbora são permitidas em ocasiões definidas segundo o contexto simbólico que agregam, não podendo ser oferecidas sem uma autorização prévia do dirigente. Admitidos são no entanto os “banquetes sagrados”, realizados em ocasiões especiais ao interno do Templo, cujos pratos plenos de significação são apreciados por todos os presentes em um ato de fraternidade e união. Contudo, as comidas preparadas em tais cerimônias jamais excedem o número de três pratos, sendo a carne vermelha ou de ave terminantemente proibida no decurso das mesmas.

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Contra-Egun – Pequena trança de palha-da-costa, adotada pela Umbanda somente por aqueles que passaram pelas cerimônias de Iniciação, devendo ser usado no decurso de um inteiro ano, sobretudo quando o adepto se encontra ao interno do Templo ou em pontos e ambientes naturais saturados com energias perigosas como os Cemitérios. O contra-egun é ritualisticamente preparado, sendo lavado nas águas dos Otás e com o sumo das ervas consagradas, possuindo a função de proteção. Não há necessidade de ser o contra-egun adornado com búzios ou contas e sua utilização somente é obrigatória por um ano, podendo depois ser “levantado”. O significado vai além de um simples instrumento de proteção, representando ainda a submissão do recém-Iniciado ao culto sagrado e suas determinações. Palha-da-Costa – Confeccionada com as folhas do dendezeiro simboliza o mistério e a “sacralização” dos objetos e fundamentos ritualísticos. De palha-da-costa é o filá que encobre inteiramente Obaluaiê, bem como a face de Iroko. No decurso das cerimônias Iniciáticas é usada em abundância em virtude de seu significado, representando o “mistério que se desvela” por sobre o Aspirante. Adornando as colunas do Altar alude ao conhecimento velado da Umbanda. Circundando um assentamento ou instrumento ritualístico, afirma sua sacralidade. Durante as cerimônias fúnebres de um Iniciado, o fundo do caixão deve ser forrado com a palha e por sobre ela se deita o corpo, aludindo aos mistérios da transição e ao recolhimento simbólico pelas mãos de Obaluaiê. A significação do contra-egun ao interno da ritualística da Umbanda, sintetiza o mesmo significado do “cordão Umbilical” utilizado pelos Iniciados do Candomblé, sendo esse constituído por um filete de palha-da-costa atado à cintura e que deve ser usado por um ano.Guias – São colares representativos das potencialidades espirituais e que agregam virtudes energéticas segundo a razão para a qual foram elaborados. As Guias consideradas “naturais” são aquelas confeccionadas com elementos provenientes diretamente dos reinos da Natureza, dentre as quais destacam-se o Bradjá realizado com búzios, o Ligdbá feito com chifre, as guias confeccionadas em pedras e sementes ou as que são trabalhadas com palha-da-costa, conchas, raízes ou metais específicos. As guias realizadas com miçangas são consideradas “artificiais” estendendo suas funções ao campo da proteção e defesa do adepto, além de representar e vincular-se à potência dos Orixás no decurso dos rituais. O bradjá é a guia sagrada usada pelos Dirigentes na Umbanda como símbolo da autoridade sacerdotal. O ligdbá, realizado com chifre de búfalo, pertence a Obaluaiê, sendo de uso de seus filhos ou dos Iniciados que cruzaram o terceiro ano iniciático. As Guias, segundo a ritualística da Umbanda, são sagradas e usadas somente em número que represente seus Orixás pessoais sendo dispensada a utilização de inúmeras outras no pescoço, salvo ocasiões cerimoniais. Os Iniciados, na mediada em que cruzam seus graus ou “Caminhos”, recebem uma Guia correspondente ao Orixá de sua iniciação, o que, ao final do período de sete anos lhes confere a outorga sacerdotal. Em relação às cores, apresentam-se da seguinte forma na Umbanda: Exu: vermelho e negro; Ogum: Azul escuro; Oxóssi: verde; Ossayím: verde e branco; Obaluaiê: branco e negro; Xangô: vermelho e branco; Oxumaré: amarelo e negro/verde: Nanã:lilás; Oxum: amarelo; Yansã: vermelho; Yemanjá: azul claro; Obá: laranja; Logunedé: azul turquesa e amarelo; Ewá: carmim e branco; Iroko: perolada; Yori: azul

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claro e branco; Oxalá: branco. As Guias trançadas de três voltas na cor respectiva ao Orixá sintetizam também a autoridade sacerdotal, sendo usadas em ritos específicos somente em companhia do Bradjá e do Ligdibá.Corimba – Termo muito difundido na Umbanda, especifica os Pontos Cantados e o próprio ato de cantar para os Deuses e demais Potências Espirituais, quando então usa-se a palavra “Corimbar”.Coroa – É comum verificar ao interno dos Templos as Entidades espirituais saudarem muitas vezes os presentes com a frase: “Salve sua Coroa filho”. A palavra em sua significação alude precisamente ao conjunto de Guias que velam pelo mediador e que constituem sua espiritualidade. No sentido místico, a coroa seria composta pelos Orixás Eledá e Adjuntó, respectivamente “Pai e Mãe” de cabeça, que exercem grande influência por sobre a corporatura espiritual e arquetípica do adepto; pelo Guia chefe, também denominado “Guia de cabeça” que difere do Orixá, sendo representado por um Caboclo ou Preto-Velho, mas não pelos dois; uma Entidade atuante na Linha de Caboclo ou Preto-Velho, que atuará em harmonia com o Guia Chefe, ou seja, se o adepto possui um Preto-Velho como guia, logo terá também um Caboclo como Entidade vibratória e assim inversamente. Um Guardião Kármico ou “Agente” da Justiça Superior, que atua juntamente com o Guia Chefe, sendo este um Exu designado pela Lei e que se une ao indivíduo por meio da Lei das Afinidades e segundo seu próprio Karma. Existem, no entanto, pessoas que afirmam possuírem sete Orixás em sua coroa, mais não sei quantos Caboclos, outros tantos Pretos-velhos, seguindo então infinidades de Exus, Crianças, Boiadeiros, Marinheiros, Ciganos, Orientais e tantos outros, o que não é, em nenhum momento, verossímil. Todo esse “conjunto” de Entidades espirituais compõe as “Forças Atuantes” que se utilizam do mediador como veículo de manifestação de sua energia espiritual. Por sobre a Coroa atuam Sete Forças Primordiais: O Orixá Ancestral ou “Matriz Virginal” que não se revela ao ser, seu Eledá e seu Adjuntó, seu Guia de Cabeça, A Entidade Vibratória, o Exu ou “Elo Kármico” de ajuste e uma potência feminina reguladora do plano emocional e sexual que se afirma nas sagradas Pombas-Giras.Cruzar – Ato de consagrar ou também alinhar os pontos ou linhas magnéticas do corpo espiritual. Assim, uma vez que se menciona a frase “cruzado por um Caboclo” ou por um Exu, refere-se ao fato de ter sido a corporatura do mediador manipulada por estas vibrações em específico. Os cruzamentos ocorrem sempre precisamente por sobre pontos de força presentes no corpo, podendo ser realizados com Pemba, punhais, dendê, mel e fumaça. Cruzamento de defesa habitual é realizado riscando-se com Pemba branca uma cruz na cabeça, na nuca, no peito, nas costas dos pés e nas costas das mãos. No decurso do “cruzamento”, podem os Guias derramar líquidos específicos por sobre a cabeça do mediador, tais como aguardente, água, mel e outros. Cufar – É o mesmo que “fazer passadô” ou morrer na linguagem dos Guias Espirituais.Curiadô – Termo utilizado para designar as bebidas de natureza alcoólica consumidas em ocasiões específicas pelos Exus, tais como, marafo, sidra, cerveja ou vinho. Da mesma forma, a palavra Curiá sintetiza em si, o ato de beber estes mesmos compostos. Cutilagem – Ato ritualístico de se cortar uma pequena quantidade de cabelo no alto da cabeça e na nuca do Iniciando antes da realização dos banhos rituais. Pode também

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designar a rara cerimônia em que um pequenino furo é feito com um punhal no alto da cabeça do adepto ou mesmo em sua nuca e testa.Dã – É a serpente sagrada vinculada a Oxumaré e presente em alguns Templos de Umbanda, a qual alude aos princípios de mobilidade e eternidade. A Dã possui complexos fundamentos sendo seu assentamento realizado ao pé da árvore da fruta-pão. Damatá – É o arco e flecha sagrados, símbolo de Oxóssi.Danças Rituais – Apenas os Templos de Umbanda Iniciática com influência africana utilizam-se, em raras ocasiões, das danças rituais aos Orixás, as quais exprimem em sua conjectura conceitos profundamente cosmogônicos que retratam por meio de gestos, a harmonia sagrada do Cosmos. As danças ritualísticas na Umbanda embora raras, diferem consideravelmente daquelas do Candomblé. Na Umbanda não há atabaques e por vezes são as danças acompanhadas por palmas. Reflexos da natureza sagrada e oculta do Orixá, expressam a graça, a liberdade e a beleza de suas próprias potências, afirmando em sua simbologia, elementos mitológicos de grande importância. O ato de dançar a um Orixá, expressa a comunhão cósmica entre o iniciado e a divindade, encerrando a dança o conceito de macro no micro, já que as danças circulares expressam tanto a continuidade dos ciclos quanto o movimento dos astros em torno do Sol. Dançar ao Orixá representa um ato de união com sua essência matriz, viso que possui o Iniciado, por meio dos gestos da dança, a capacidade de compreender e colocar-se em íntimo contato com o plano natural das Divindades. Em seu contexto místico, todos os gestos remetem a um princípio oculto, afirmando-se por sobre um determinado centro de força. Para Oxalá, dança-se curvando o corpo para frente, ao passo que os braços executam movimentos lentos para fora, aludindo as potencialidades encerradas no ar; Nanã com os braços dobrados um sobre o outro na horizontal, com os punhos cerrados, abrindo e fechando lentamente; para Yemanjá os braços dobrados para baixo, antebraços na horizontal, mãos abertas com as palmas para baixo unindo e separando levemente simbolizando o movimento das ondas do mar; Oxum virando o corpo lentamente para um lado e para o outro, com os braços dobrados pelos cotovelos, abrindo para os lados e com as palmas das mãos para cima, fechando quando se vira para o outro, sintetizando o fluxo e refluxo das águas dos rios; Yansã, com os braços na altura dos ombros estendidos para a frente, indo e vindo como se empurrasse o próprio vento; Xangô, um braço subindo e dobrando-se o cotovelo até a altura do ombro enquanto o outro se desdobra e vai para baixo alternadamente, representando o bater das pedras ou o cair dos raios; Ogum, gestos rápidos com os braços imitando movimentos com espada, ora avançando, ora girando por sobre a cabeça; Obá, tampando-se a orelha esquerda com a mão enquanto os braços dobram-se no cotovelo, executando alternadamente movimentos para a frente e para trás; Oxumaré, com o corpo que ora se curva para frente ora permanece ereto, ao passo que os braços executam movimentos ondulantes. Existem danças, no entanto, que seguem uma única gesticulatura para todos os Orixás. Dar o nó – Termo utilizado pelas Forças Espirituais para expressar que um indivíduo fora acometido por ataques de magia nociva. Em contrapartida, é comum observar os Guias emitirem a expressão “desatar o nó”.

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Cerimônia de Deká – Belíssimo ritual realizado ao interno do Templo quando o Iniciado completa seus sétimo ano ou ciclo de iniciação, recebendo a outorga de Sacerdote. A ritualística inclui um recolhimento de sete dias no qual o Iniciado prepara-se definitivamente para exercer suas funções sacerdotais, repassando todos os ensinamentos que lhe foram ministrados no decurso dos anos anteriores e onde se realizam novamente as cerimônias de fixação de sua energia virginal. Assim como no decurso da primeira iniciação fora a candidato lavado com água de canjica, a simbolizar a fecundação do seu espírito, desta vez será banhado com água de milho, cuja mística alude à divinização do ser enquanto iniciado-sacerdote, comparando seu corpo ao “corpo dourado dos Deuses”. Ao final dos sete dias de recolhimento, o iniciado recebe das mãos de seu iniciador as ferramentas ou instrumentos sagrados de seu Orixá pessoal, o bastão sacerdotal, o punhal ritual, o bradjá e a caixa sagrada do Oponifá contendo os búzios que serão utilizados nos processos oraculares, a coroa de palha da costa e o manto branco, símbolo de sua sacralidade. Adentrando ao Templo inteiramente paramentado com os símbolos rituais, é conduzido pelo seu iniciador ao centro e por sobre a cadeira cerimonial, ocorre a cerimônia de coroação, endossamento do manto e do bastão, seguida da consagração ao seu Orixá. O novo Sacerdote então, ora imbuído de sua autoridade legítima, executa diante dos presentes as litanias sagradas aos dezoito Orixás, seguido de seus cantos sagrados e demonstra conhecer as virtudes das ervas e de sua manipulação, presidindo uma cerimônia especial do “Cantar Folhas” para Ossayím. Segue a consagração ritual dos Otás e ele joga o Obí a fim de observar a vontade dos Deuses. Todos os Iniciados de graus menores lhe prestam reverência e são por ele abençoados, seguindo-se após, a dança ritual executada aos Orixás e logo após é a cerimônia encerrada com um banquete ritualístico. Inúmeros ritos intermediários ocorrem entre uma cerimônia e outra, tendo a consagração, a duração de um inteiro dia. Ao final deste período, inicia-se a confirmação de toda a sua iniciação, onde por mais sete anos será o sacerdote consagrado em cerimônias especificas como “executor” da ritualística de todos os outros Orixás, convertendo-se então em “Obá” ou “Ministro”. Ao final dos quatorze anos, lhe é conferida a titulatura de Sumo-Sacerdote.Delogun – Guia sagrada composta por dezesseis fios consagrada aos Orixás, fechada com três penas de Odidé e símbolo da autoridade sacerdotal conferida ao Iniciado e que o capacita, pelo seu Iniciador, a estruturar seu próprio Templo. Sem o Delogun, não pode o Iniciado exercer, fora do âmbito do Templo, suas funções em isolado. Alguns dirigentes sequer o conferem ao final dos sete anos, preferindo esperar a consagração de quatorze anos para entregá-lo.Demanda – Ato de prejudicar ou exercer influência maléfica por sobre outra pessoa ou ambiente espiritual, segundo a linguagem sagrada da Umbanda.Dijina – Nome sagrado e velado pelo qual é o Iniciado conhecido após sua Iniciação. Possui uma forte carga ou influências energéticas, possuindo ligações diretas com sua matriz virginal ou Orixá Ancestral que permanece oculto, razão pela qual não deve ser esquecido e deve ser tratado com extremo respeito. Ecodidé – Pena vermelha retirada do Odidé, o pássaro da família dos papagaios e que possui profundos fundamentos ao interno da liturgia iniciática da Umbanda. Somente os iniciados podem usar o Ecodidé sobre a cabeça que em sua mística simboliza e afirma o

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fato de ter o adepto passado pela ritualística iniciática, sobretudo no ritual de “geração”, consagrado a Oxum e que se desdobra no decurso da terceira noite. Segundo os mitos antigos, Oxum transformara as gotas de sangue menstrual das mulheres nas penas do pássaro Odidé, o que lhe conferira a autoridade sagrada sobre o poder de geração. Oxalá, o Orixá supremo do branco, em reconhecimento ao poder feminino, passou então a portar em sua coroa uma das penas do pássaro. No decurso das cerimônias ao interno do Templo que envolvem ritos específicos aos Orixás, é possível visualizar a pena vermelha ao centro da Coroa Iniciática. A pena entra como símbolo vital da geração do adepto, sendo sua confirmação pessoal de que passou pela complexa ritualística iniciática. Pipoca – Denominada misticamente “duburu” ou “guguru”, é consagrada a Obaluaiê, simbolizando em alguns rituais suas “rosas brancas”. A pipoca enquanto elemento de manipulação magística encontra-se revestida de inúmeros fundamentos que lhe conferem o caráter desagregador, desobstrutor e aglomerador, sendo utilizado por vezes em ritos que envolvem a saúde ou a cura de sérias doenças. Vinculada ao plano das almas e também da ancestralidade kármica, no decurso das cerimônias a Nanã, é queimada, a simbolizar a matéria que entra em decomposição. Regada com mel, evoca as forças de regeneração e reestruturação, pertencendo tanto a Obaluaiê quanto a Yemanjá e Oxum. Elemento sagrado, vincula-se fortemente aos Exus enquanto potência descarregadora, mas também votiva. Quando Obaluaiê adentra a Casa de Capricórnio, ao final de Dezembro, realizam-se as cerimônias de purificação e renovação da energia do Templo e de seus membros, por meio do banho de pipoca. Com a palha da costa, é utilizada na descarga e absorção de núcleos densos de energia nociva, instaurados por sobre a corporatura espiritual do indivíduo. Segundo os mitos antigos, Yemanjá curou as feridas de Obaluaiê com a casca da banana prata, transformando-as em seguida em pipocas, razão pela qual é a mesma terminantemente proibida as seus filhos em sinal de respeito. Ebó – Na terminologia sagrada refere-se tanto a determinados rituais executados para Exu Orixá quanto aos conhecidos “trabalhos” ou movimentações de cunho magístico, executados tanto para fins benéficos quanto para fins maléficos.Efun – Ato ritualístico no qual é a cabeça ou partes do corpo de um adepto pintado ou marcado com símbolos sagrados da Lei de Pemba, agregando funções diversas. Iniciaticamente, alude ao rito em que é a cabeça do iniciando pintada com efun (pó branco símbolo do reino vegetal), Ossun (pó vermelho, representante do reino animal) e Wají (pó azul escuro, representante do reino mineral). Em ocasiões especificas, ainda que raras, qualquer um dos três elementos poderão ser utilizados por sobre um mediador no decurso das movimentações magísticas. Também adentram aqui o ato dos Guias em assoprarem pó de Pemba no rosto de um indivíduo. Emba – Mistura sagrada composta por ervas, pemba ou diversos outros elementos, executadas pelos Pretos-Velhos em suas cuias e manipuladas magisticamente por sobre o indivíduo.

Continua

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Irm. Juliano:.Dirigente

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