A Logica e o Labirinto

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Artigo sobre a história do APM. escirto por Parrela

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  • Ivana Parrela

    Dossi 93

    As disputas por acervos e as dificuldades para a sua guarda motivaramalgumas consideraes originais, presentes neste artigo, sobre as polticasde recolhimento e preservao adotadas pelo Arquivo Pblico Mineiro, de1910 a 1938.

    Revista do Arquivo Pblico MineiroRevista do Arquivo Pblico Mineiro

    A lgica e o labirinto

  • poltica do sigilo, ou do segredo de Estado, como carac-

    terstica marcante desse modelo arquivstico. Segundo

    Costa, seu principal objetivo era guardar e preservar a

    documentao legislativa, administrativa e histrica [...]

    com a finalidade, sobretudo, de subsidiar o Estado [...].

    O Arquivo estar voltado para dentro do Estado1, o

    que no exclua uma poltica de pesquisa ou acesso.

    No caso do Arquivo Pblico Mineiro (APM),

    qual teria sido a lgica de recolhimento documental

    e de seu arranjo? Quais eram as relaes que se esta-

    beleciam entre a construo de identidades nacionais e

    regionais, presente na produo de intelectuais como

    Xavier da Veiga, com suas

    trajetrias no seio do Estado, e o perfil das

    instituies que eles ajudaram a criar?

    Definidas tais questes, pretendemos apresentar,

    neste artigo, alguns resultados preliminares de sua pes-

    quisa de doutorado, que visa, essencialmente, discutir

    as polticas pblicas de cultura voltadas para

    o tratamento do patrimnio documental; analisar os cri-

    trios utilizados na definio do que teria valor perma-

    nente; e identificar os agentes responsveis

    por esses recolhimentos.

    Poltica de recolhimento

    No mbito do Estado, a partir da criao do APM, reco-

    nhece-se a preocupao em estabelecer uma

    rotina que contemplasse a captao de documentos

    e objetos nos seus diversos rgos e, por interveno

    do governador, nas cmaras municipais e em rgos

    pblicos de outras esferas.

    A lei de criao do Arquivo Pblico Mineiro2 estabelecia

    como suas competncias: conservar documentos,

    papis ou objetos; e recolher, at que a creao de

    um museu [...], quadros e esttuas, moblias, gravuras,

    estofos, bordados, rendas, armas, objetos de ourivesa-

    ria, baixos relevos, esmaltes, obras de cermica de

    quaesquer manifestaes da arte no Estado, desde que

    tenham valor propriamente artstico ou histrico.3 No

    entanto, o Museu Mineiro, tal como existe hoje, s

    seria constitudo na dcada de 1980, a partir do reco-

    lhimento de parte do acervo que o Arquivo Pblico

    Mineiro vinha guardando desde 1895, deixando para

    trs as suas pretenses enciclopdicas.

    Esse trabalho seria feito com o auxlio de funcionrios

    que exerciam outras funes, como os fiscais de

    rendas do Estado, que tambm deveriam auxiliar

    na identificao e recolhimento de acervos em suas

    andanas pelos municpios. Alm disso, o APM

    deveria criar uma rede de correspondentes para a

    Revista do Arquivo Pblico Mineiro (RAPM) lanada

    logo aps a sua institucionalizao, em 1896 ,

    que supostamente seriam responsveis pela captao

    de acervos em cidades do interior e pela produo

    das memrias locais.

    Nota-se a preocupao com a conservao do

    acervo documental, embora ela no se estendesse

    consulta, assunto que era pouco discutido em

    Minas Gerais na poca. Clia Costa revela que, no

    sculo XIX, as concepes de documento e arquivo

    remontam ao processo de construo de uma nova

    idia de nao por parte de polticos e intelectuais

    que criaram o Arquivo Pblico do Imprio e o

    Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro (IHGB).

    Partindo de uma concepo positivista e fiel ao

    esprito cientificista da poca, entendia-se que o docu-

    mento assume o significado e a dimenso de

    prova emprica, tornando-se fundamental para a cons-

    truo da histria nacional e para a legitimao

    do Estado [...] da a importncia de se criar uma insti-

    tuio que tivesse como funo reunir e guardar

    os documentos comprobatrios desse Estado4.

    A partir de 1910, a poltica de recolhimento do APM

    Ivana Parrela | A lgica e o labirinto | 95

    Nas duas ltimas dcadas, os historiadores

    viram-se obrigados a reavaliar algumas posies sobre

    a autenticidade de documentos, assim como sobre seus

    modos de tradio (diplomtica), normas de descrio

    e critrios de guarda nos arquivos. A partir da chamada

    exploso documental ocorrida no final do sculo XX ,

    a extrema reprodutibilidade dos documentos produzidos

    em meio eletrnico e a falta de polticas claras sobre

    como esses acervos devem ser preservados tornaram-se

    foco de discusso.

    Nesse sentido, os historiadores tm revisitado, critica-

    mente, alguns conjuntos documentais e frisado a

    importncia de se conhecer o contexto em que foram

    produzidos, como elemento necessrio prpria produ-

    o historiogrfica. Outra preocupao recorrente diz

    respeito necessidade de, no trabalho de pesquisa,

    confrontar diversos tipos documentais como forma de

    permitir a visualizao sob vrios ngulos e discursos

    de um mesmo objeto, nem sempre conservado. Alm

    disso, as polticas de recolhimento dos acervos nas ins-

    tituies arquivsticas tm sido reconhecidas, cada vez

    mais, como necessrias constituio de sries que

    permitam comparaes para perodos mais longos.

    Contudo, tais polticas tambm vm sendo bastante

    questionadas.

    Na primeira metade do sculo XIX, o Arquivo do

    Imprio mantinha a lgica de tratamento documental

    dos tempos coloniais portugueses, com a adoo da

    Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Dossi94 |

    >

    Prdio situado na rua da Bahia esquina com rua Gonalves Dias, em Belo Horizonte, onde funcionou a Chefia de Polcia, o Ginsio Mineiro e o Arquivo Pblico Mineiro. Fotografia de Herculano de Souza/Casa Haas & Clemence, 1913-1915.

    BELLO HORIZONTE BILHETE POSTAL; Coleo Otvio Dias Filho. Belo Horizonte: Fundao Joo Pinheiro, 1997. 203 p. (Coleo Centenrio)

  • Conselho Ultramarino e correspondncia anexa etc)7.

    Na gesto de Moura, doaes espontneas como

    a feita por Flvio dos Santos, em 1921, de um Livro

    de compromisso da Irmandade das Almas da Freguesia

    de N. Sra. do Bom Sucesso do Caeth, de 1713, e de

    um quadro denominado Acayaca8 eram comuns,

    assim como as doaes solicitadas a terceiros.

    Tal o caso do acervo composto por mapas, cartas

    hidrogrficas e plantas que estava em poder de

    Mendes Pimentel, em 1912.9

    Nelson de Senna constitui outro bom exemplo de como,

    no incio do sculo XX, a atuao dos correspondentes da

    RAPM foi indispensvel ao crescimento do acervo do

    Arquivo. Em suas viagens ou acionando a sua rede de

    relaciona mentos, esse intelectual recolhia documentos

    em vrios suportes para subsidiar suas pesquisas pes-

    soais e acabava por doar boa parte desse acervo ao

    Arquivo. Citam-se, por exemplo, machados de ndios

    encontrados no mato por lavradores [...] e dois estribos

    que haviam pertencido aos Lobos, potentados importan-

    tes nas proximidades da Fbrica Cedro, doados por

    Antonino Mascarenhas a Nelson de Senna, em 1921, e

    repassados por este ao museu do Arquivo.10

    O mesmo pesquisador chegou a assumir o compromis-

    so de representar o Arquivo Nacional,

    em 1911, como seu agente auxiliar. Como ressalta o

    prprio diretor daquele Arquivo, o cargo de agente

    honorfico, [...] e tem por fim a busca e aquisio de

    documentos histricos, originais ou cpias autenticadas

    que se acham arquivadas em conventos, arquivos esta-

    duais, municipais, cartrios, tais como as correspon-

    dncias com a metrpole, bandos, corres pondncias

    com diversas autoridades, sesmarias, processos polti-

    cos, etc, exceo dos que se

    referem a reparties federais que devero ser remeti-

    dos para esta repartio.11

    Com relao aos recolhimentos, na srie documental

    Francisco Soares Peixoto de Moura (1910 a 1922),

    apenas uma das caixas guardadas traz documentos de

    interesse direto para a arquivstica mineira. O pequeno

    nmero de papis e objetos j denotava, ento, a redu-

    o dos recolhimentos feitos. Essa situao iria se repe-

    tir na gesto seguinte, de Mrio Franzen de Lima, que

    abrange o perodo de 1922 a 1936. Em sua longa ges-

    to, esse diretor foi substitudo trs vezes: por Adolfo

    Tymburib, de 1923 a 1926; por Thefilo

    Feu de Carvalho, 1920 a 1922, 1926 a 1927 e 1933

    a 1936; e por Aurlio Pires, de 1927 a 1930.

    As substituies se deveram ao afastamento do

    titular, para participar de comisses governamentais

    e para submeter-se a tratamento de sade.

    Destaca-se entre seus substitutos Thefilo Feu de

    Carvalho, importante colaborador na discusso sobre a

    poltica de acervo do APM e sobre a relevncia dos

    documentos e fatos para a histria mineira. Na srie

    seguinte, que corresponde s gestes de Arduno

    Bolivar, de 1936 a 1938, tambm foram encontrados

    poucos documentos sobre o tema.

    Trajetria de um acervo 12

    Na organizao dos servios da Secretaria da Comisso

    Construtora da Nova Capital (CCNC)13, cumpria pri-

    meira turma cuidar da recepo, do expediente e do

    arquivo; segunda, do expediente interno; e terceira,

    do expediente externo. A primeira turma tinha a seu

    cargo o Arquivo Geral dos Papis da Comisso. A legis-

    lao que instituiu a CCNC estabeleceu que o o archi-

    vo ser organisado em collees correspondentes s

    diversas divises por que se acham distribudos os ser-

    vios da Commisso, tendo, alm dessas, uma para os

    papis diversos, e mais uma destinada guarda dos

    documentos [sic].14

    Com a organizao da Prefeitura da Cidade de Minas

    esteve bastante atrelada s relaes pessoais dos seus

    diretores, no que tange tanto aos documentos quanto

    aos objetos tridimensionais, embora no possam ser

    negligenciados os diversos apelos em cartas circulares

    a vrias reparties do Estado e a particulares para o

    envio de documentos pblicos5, especialmente as

    cmaras, cartrios etc.

    Num desses casos, o diretor Francisco Peixoto de

    Moura encarregou Galdino Brasileiro da misso [...] de

    examinar e fazer recolher para o Arquivo Pblico

    Mineiro os papis e livros reputados mais importantes

    como documentos histricos existentes nos arquivos

    das cmaras municipais de Sabar [...] e Caet.6 Alm

    disso, seguindo o exemplo do governo federal, que

    enviara correspondentes a Portugal para fazer a trans-

    crio de documentos de interesse do pas, o diretor

    contratou, em 1918, os servios de Miguel Mello, para

    transcrever, no Rio de Janeiro, documentos importantes

    para o APM.

    O responsvel por esse trabalho sugeriu a transcrio

    do processo de Tiradentes como tpico prioritrio, mas

    o diretor considerou que maior servio e de mais utili-

    dade para o mesmo Estado seria a cpia da coleo

    completa de cpias mandadas tirar por D. Pedro II de

    todo o arquivo de documentos que se acham na Torre

    do Tombo em Lisboa, referente vida administrativa de

    Minas desde a sua descoberta e invases paulistas, isto

    , desde sua primitiva organizao (consultas do

    Ivana Parrela | A lgica e o labirinto | 97Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Dossi96 |

    Sala do casaro do Arquivo Pblico Mineiro em 1958, vendo-se quadros da Pinacoteca do Estado criada pelo presidente Antnio Carlos em 1928, com destaque para a tela A M Notcia de Belmiro de Almeida, 1897. APM-5-013 (14).

  • ele destacava a sua preocupao com o tratamento que

    os documentos da CCNC vinham tendo nas diferentes

    instituies que percorrera e, especialmente, com a sua

    reunio fsica, num primeiro momento. Exemplo disso

    pode ser encontrado em seu Relatrio do Arquivo Geral

    da Prefeitura, de 1937,21 cujo posicionamento seria

    encampado pelo prefeito em seu relatrio anual, citado

    anteriormente.

    No obstante, em 1942, a posio de Barreto j seria

    contrria, como mostra correspondncia enviada ao

    Sphan, na qual listava os objetos reunidos no Arquivo

    da Prefeitura que seriam destinados ao Museu Histrico

    de Belo Horizonte.22 Nessa lista, destacam-se os docu-

    mentos da Comisso referentes s obras no executa-

    das e/ou no concludas. Embora essa posio parea

    coerente, primeira vista, por demonstrar a preocupa-

    o de Barreto com o uso que esses documentos ainda

    deveriam ter para a realizao de trabalhos de diversas

    reas da Prefeitura, esse critrio de seleo representa-

    va na prtica o abandono das primeiras propostas do

    historiador, que pretendia manter o acervo reunido.

    Medidas de preservao

    Nos anos de 1910, de acordo com relatrios de

    Francisco Soares Peixoto de Moura23, o grande proble-

    ma relacionado conservao do acervo do APM era

    algo muito familiar s instituies arquivsticas, inclusi-

    ve nos dias atuais: a falta de espao adequado. Na

    poca, as salas que alojavam o Arquivo e a Seo de

    Estatstica no comportavam nem o movimento do

    Arquivo. Os livros e papis achavam-se, em grande

    parte, amontoados, pois a sala reservada para o APM

    na Secretaria de Interior, onde a repartio se situava

    desde a sua transferncia para Belo Horizonte, no

    comportava mais estantes.

    O diretor reclamava que o Arquivo no possua uma

    sala de reunies, pois a que havia servia apenas para o

    atendimento das consultas. O mobilirio, que era o

    mesmo desde a criao, consistia em 12 cadeiras aus-

    tracas, distribudas entre o arquivo e a biblioteca. As

    estantes, tanto do arquivo como da biblioteca, eram

    verdadeiros viveiros de parasitas, de acordo com

    Moura, constituindo um perigo para os manuscritos e

    os livros. A biblioteca ficava no gabinete do diretor, e

    ele achava necessrio coloc-la em sala separada, para

    franque-la ao pblico. As zelosas atividades de conser-

    vao desenvolvidas por Antonino R. Romo, guarda do

    Arquivo, consistiam basicamente na limpeza dos livros.

    A encadernao desses livros era feita com o apoio da

    Imprensa Oficial.

    interessante notar que nada era dito, na poca, sobre

    os critrios de agrupamento dos documentos em enca-

    dernaes, reconhecendo o diretor a necessidade de se

    organizar um inventrio do que existia na repartio,

    assim como de se fazer um catlogo dos manuscritos e

    livros existentes, de acordo com a cincia bibliogrfi-

    ca, para que se pudesse tirar do Arquivo alguma utili-

    dade. Tais afirmaes levam-nos a acreditar que o dire-

    tor estivesse se referindo a um instrumento geral para a

    Instituio, j que inventrios eram feitos. Marta Neves

    cita a elaborao de 12 instrumentos de busca para o

    fundo Secretaria de Governo da Capitania de Minas

    Gerais, boa parte deles elaborada no perodo abordado

    por este artigo.24

    Em 1914,25 os problemas de conservao se avoluma-

    ram com a chegada de mais documentos. Papis da

    Secretaria do Interior, da Cmara de Sabar e de outros

    rgos se encontravam em caixotes ou pilhas no cho.

    Na poca, o diretor solicitou autorizao para a cons-

    truo de prdio prprio para o Arquivo, cuja planta j

    estaria sendo providenciada por repartio competente

    da Secretaria de Agricultura. Na ocasio, tal solicitao

    no foi atendida.

    Em 1921, no Relatrio sobre o mal estado de conser-

    vao do APM e a compra de mveis e utenslios para

    nome originalmente atribudo nova capital mineira,

    que depois viria a se chamar Belo Horizonte , entre

    1898 e 1901, os documentos acumulados pela CCNC

    e a prpria concepo dada ao arquivo foram mantidos

    pela administrao da nova capital (Belo Horizonte),

    embora, em seus primeiros relatrios, nem seja men-

    cionada a rea destinada a essa finalidade.

    Em 1911, foram contratados pela Prefeitura os servios

    de um amanuense-arquivista, para a organizao dos

    documentos, dada a grande demanda surgida a partir

    da promulgao de lei federal que permitia contar o

    tempo de servios prestados a rgos oficiais estaduais

    ou municipais para efeito de aposentadoria. Nessa

    poca, o Arquivo forneceu grande nmero de certides

    a engenheiros e funcionrios da CCNC. Tal demanda

    acabou por estimular outros investimentos no setor, vin-

    culado, agora, Secretaria da Prefeitura.

    Passaram a ser encadernadas as folhas de pagamento

    da CCNC, visando manuteno de sua ordem e con-

    servao; iniciou-se a classificao dos documentos,

    com o que se pretendia dar mais agilidade s consultas

    e, especialmente, expedio de certides, aos cres-

    centes pedidos de cpias de regulamentos de servios

    feitos por prefeituras do interior de Minas e de outros

    Estados.15

    Em setembro de 1912, o prefeito da capital informou

    estar concluda a organizao do Arquivo Municipal,

    devidamente ordenados e classificados os diversos

    papis e documentos e resumidos os respectivos obje-

    tos em ndice alfabtico geral, com a indicao dos

    nmeros das prateleiras e pastas onde foram distribu-

    dos, segundo os seus assuntos.16

    interessante notar que a proposta de organizao da

    CCNC era arquivisticamente mais coerente: o setor

    mantinha a ordem dos documentos dada por seus pro-

    dutores, e a prpria organizao do arquivo deveria

    refletir a organizao da Comisso, o que segue um

    princpio caro arquivstica, consolidado no sculo XX:

    o respeito aos fundos ou s unidades de

    arquivamento.17 Alm disso, essa nova proposta previa

    tambm a organizao por assunto, estabelecida por

    um arquivista.

    Na dcada seguinte, o prefeito Octaclio Negro de

    Lima disse ver no Arquivo Municipal uma repartio

    de considervel importncia, como repositrio de infor-

    maes e guarda da tradio administrativa do

    Municpio. Destaca, ainda, o prefeito: Na pesquisa

    dos livros e papis acumulados, separou-se o precioso

    Arquivo da Comisso Construtora, parte da qual, entre-

    tanto, se encontra no Arquivo Pblico Mineiro, com

    prejuzo da integridade documental da histria adminis-

    trativa urbana.18

    Em 1937, o prefeito citava novamente o acervo, ao tra-

    tar dos investimentos no seu tratamento: Os documen-

    tos da Commisso Construtora da Nova Capital, por

    uma anomalia inexplicvel, achavam-se divididos em

    trs partes, das quaes uma se achava na Prefeitura,

    uma na Secretaria de Interior e outra na da Agricultura.

    A que se achava nesta foi expontaneamente entregue

    ao nosso Archivo pelo Sr. Raul Noronha S, ento

    Secretrio da Viao. Graas a interveno de V. Ex.,

    foi tambm devolvida a parte que se achava no Arquivo

    Pblico, ficando assim integrado de posse desta reparti-

    o todo o documentrio referente construo da

    Nova Capital de Minas

    Gerais [sic].19

    Em 1935, o historiador Ablio Barreto, depois de apo-

    sentar-se como primeiro oficial do Arquivo Pblico

    Mineiro20, assumiu a direo do Arquivo Municipal.

    Ainda neste cargo, foi convidado a organizar o futuro

    Museu Histrico da cidade. interessante analisar o

    papel do historiador na acumulao desse acervo e, at

    mesmo, na sua preservao. Em relatrios e memrias,

    Ivana Parrela | A lgica e o labirinto | 99Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Dossi98 |

  • este arquivo26, Moura oferece um panorama das prti-

    cas de arquivamento correntes em outras reparties do

    Estado. Segundo ele, desde que a capital se instalou

    em Belo Horizonte, os arquivos de todas as reparties

    foram montados no segundo andar e outros no primeiro

    de cada repartio. Com o correr do tempo, a experin-

    cia teria demonstrado os inconvenientes de tal prtica,

    dentre eles a patente danificao dos prdios. Isso teria

    ocorrido na Secretaria de Agricultura, o que fez com

    que, pouco a pouco, todos os acervos fossem transferi-

    dos para o

    rs-do-cho. Naquele momento, a Secretaria de

    Finanas, que funcionava no segundo andar do mesmo

    prdio que o Arquivo, retomou tal prtica, o que j

    acarretava fendas de cerca de cinco centmetros nas

    paredes e ameaava destruir o teto, de estuque.

    Em 1922, o diretor relatou as melhorias feitas em ter-

    mos de conservao e segurana do acervo em relatrio

    anexo ao supracitado. Ele havia conseguido ocupar mais

    trs sales e mandado confeccionar estantes para a orga-

    nizao dos documentos e livros da biblioteca. O Arquivo

    passou, ento, no fim de sua longa gesto, a contar com

    11 salas. O grande salo onde funcionavam a diretoria e

    a biblioteca foi dividido com um biombo, e neste novo

    espao passou a funcionar o que at ento era letra

    morta na legislao do Arquivo (constante no artigo 21

    do seu regulamento): uma verdadeira sala de consulta,

    sob a fiscalizao dos funcionrios da casa, que traba-

    lhavam no mesmo espao, dividido ainda por uma

    balaustrada que separava os documentos guardados dos

    usurios. Foram confeccionadas oito mesas, distribudas

    pelas reas de consulta e trabalho, pois at ento a

    manipulao dos livros, folhetos, jornais etc. era feita no

    assoalho, no cho, em posio tida pelo diretor como

    incmoda, indecente e crtica [...] e que no h corpo

    humano que assim possa permanecer todo o tempo do

    expediente.27

    A falta de espao era o argumento para a venda de

    documentos como papel velho. Em 1925,28 o diretor

    substituto, Tymburib, afirmou que no incio do ms de

    maio j tinha obtido autorizao do secretrio do

    Interior para vender 733 volumes de documentos de

    estatstica escolar, mapas e boletins relativos ao perodo

    de 1907 a 1919, considerados por ele como desne-

    cessrios. Tymburib voltou a solicitar autorizao do

    mesmo secretrio para estender a medida a 163 maos

    de papis eleitorais, como atas, apurao e alistamen-

    to. Situaes como essa se repetiam em vrias institui-

    es arquivsticas, sem que critrios de seleo fossem

    previamente definidos.

    A mesma falta de critrios fazia com que o APM rece-

    besse papis que no se achavam findos. Em janeiro

    de 1914,29 o diretor acabou sendo obrigado a pedir ao

    secretrio do Interior que um lote de 2.875 livros fosse

    devolvido ao arquivo daquela Secretaria, para reviso e

    seleo dos efetivamente findos, que deveriam ser

    separados dos que ainda pudessem ser levados ao

    expediente. Pedia tambm que mesmo os livros findos,

    que seriam postos no cho do Arquivo

    por falta de espao, fossem guardados em cmodo da

    prpria Secretaria. Tudo isso contribuiu para a destrui-

    o de muitos deles. Esse trnsito fez ainda

    com que muitos documentos deixassem de ser nova-

    mente encaminhados ao APM, perdendo-se

    como papis velhos por descaso das reparties.

    Em seu relatrio de maio de 1928,30 Aurlio Pires afir-

    mava que, em razo de o Arquivo, situado em prdio

    na Rua da Bahia, n. 1863, ter de compartilhar o

    pequeno espao com a Junta Comercial, a Primeira

    Coletoria do Estado e os arquivos da Secretaria de

    Finanas e da Secretaria do Interior, se via obrigado a

    recusar a receber papis e documentos de diversas

    Secretarias do Estado, por falta de espao. Pela mesma

    razo, o diretor ponderava que, apesar de ter retomado

    a prtica inaugurada por Xavier da Veiga, de fazer

    publicar mensalmente no Minas Gerais a relao de

    todos os donativos feitos ao APM, sua experincia no

    Ivana Parrela | A lgica e o labirinto | 101

    Situ

    ao

    do

    dep

    sito

    de

    docu

    men

    tos

    em 1

    974.

    APM

    -6-0

    02 (

    41).

  • zar trabalhos arquivsticos futuros, no s no APM, mas

    em outras instituies da rea. Um bom exemplo pode

    ser encontrado nos trabalhos de Christian Jacob34, que

    chama a ateno para o fato de que alguns procedi-

    mentos metodolgicos para o tratamento das obras

    impem uma ordem quase cartogrfica ao percurso dos

    livros. A imagem pertinente tambm para a anlise

    dos critrios de arranjo dos acervos documentais.

    A prpria visualizao de um paradigma de acumulao

    nas bibliotecas como forma de racionalizao de suas

    aquisies conforme trabalho de Marc Baratin35 ser-

    viu de inspirao para o levantamento da hiptese de que

    a chave para a compreenso dos recolhimentos, compras

    e pedidos de doaes para o Arquivo poderia ser encon-

    trada na estrutura idealizada por Xavier da Veiga para as

    suas Efemrides.

    No caso do Arquivo Pblico Mineiro (APM), a

    lgica de seus recolhimentos e arranjo pode ser encon-

    trada na organizao da Instituio, atrelada a uma das

    principais empreitadas de seu primeiro

    diretor, Xavier da Veiga: a escrita das Efemrides

    Mineiras. Nesse trabalho rduo de 18 anos,

    publicado apenas em 1897, o autor, no prefcio,

    faz vrias referncias a suas dificuldades para coligir

    dados e documentos [...] colhidos em arquivos mais

    ou menos desordenados, que seriam posteriormente

    doados Instituio.36 Na Cronologia mineira, pre-

    sente na obra, percebem-se o empenho patritico na

    construo do trabalho que ele acreditava ser

    de utilidade pblica permanente para Minas Gerais

    e os mineiros e a lgica da constituio do acervo

    do APM. As Efemrides seriam guia para esse

    arranjo: a ordenao necessria escrita das efemri-

    des sociais e polticas do Estado, num

    contexto de ampla discusso sobre a identidade regio-

    nal e nacional.

    Outro tema muito discutido na prtica biblioteconmica

    e museolgica, que vem sendo recentemente enfrenta-

    do nos arquivos, diz respeito a periodizaes. Autores

    trato com a falta de espao o fazia pensar em abolir tal

    prtica, j que a publicidade dada a essas ofertas, na

    qual constava o nome do doador, fazia com que entre

    coisas de real valor fossem enviadas ao Arquivo toda

    sorte de bugingangas, refugos de bibliotecas e de cole-

    es particulares.

    Uma prtica citada nesse mesmo relatrio para conter as

    devastaes causadas por insetos consistia no uso de

    inseticidas e em uma limpeza geral feita nos livros, j a

    partir dessa poca com aspirador de p eltrico31. Em

    1937, Arduno Bolivar, ao tratar das aes necessrias a

    uma reforma no prdio do Arquivo, solicitou ao secretrio

    de Interior providncias no sentido de autorizar a remoo

    dos arquivos da Secretaria de Educao, da Secretaria de

    Sade Pblica e da Secretaria das Finanas, que ocupa-

    vam na poca todo o pavimento superior e alas laterais,

    sem serem caracterizados como de guarda permanente.

    Tal situao se repetiu no ano seguinte com os documen-

    tos da prpria Secretaria de Interior32.

    Outro obstculo preservao dos documentos do

    Arquivo, que iria se reiterar mais tarde, na gesto do

    diretor Teixeira, eram os emprstimos de documentos.

    Cita-se como exemplo o emprstimo feito a Thomas

    Brando, em outubro de 1910, quando lhe foi empres-

    tado para fins histricos um livro contendo a carta e o

    Braso de Armas do Capito Francisco Sanches

    Brando, que se comprometia a devolver logo que

    conseguisse tirar cpia do desenho constante na

    mesma, sendo que o registro de devoluo no foi loca-

    lizado neste conjunto at o momento33.

    Perspectivas

    A realizao de alguns estudos sobre as bibliotecas,

    compreendendo a constituio de seus acervos e a

    idia de coleo desses conjuntos, assim como sobre

    os mtodos e as ferramentas de descrio, poder bali-

    Ivana Parrela | A lgica e o labirinto | 103Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Dossi102 |

    Depsitos de peridicos da biblioteca do Arquivo Pblico Mineiro em 1976. APM-7- 006 (12). Sala de consulta do Arquivo Pblico Mineiro. APM - 7-006 (12).

  • 11. Cf. APCBH//Nelson Coelho de Senna (NCS).2 (456), 1911.01.31.No verso do documento consta anotao do pesquisador sobre suarenncia ao lugar em 30 de junho do mesmo ano.

    12. Parte desta pesquisa foi apresentada como comunicao ComissoConstrutora da Nova Capital: a trajetria de um acervo, no XIV EncontroRegional de Histria da ANPUH-MG, em Juiz de Fora, MG, 2004.

    13. Essa Comisso, constituda pelo Estado de Minas Gerais para a cons-truo da nova capital, atuou de 1894 a 1898.

    14. MINAS GERAIS. Commisso Construtora da Nova Capital.Instruces regulamentares [n. 1]. Para execuo dos servios a cargo da1 Diviso. Publicado em MINAS GERAIS. Commisso Construtora daNova Capital. Revista Geral dos Trabalhos: publicao periodica,descriptiva e estatistica, feita, com autorisao do Governo do Estado,sob a direco do Engenheiro chefe Francisco Bicalho. Rio de Janeiro:H. Lombaerts, 1895. v. 2. 261p.

    15. BELO HORIZONTE. Prefeitura de Belo Horizonte. Relatrio apre-sentado ao Conselho Deliberativo pelo prefeito Dr. Olynto Deodato dosReis Meirelles: 16 de setembro de 1911. Belo Horizonte: ImprensaOfficial do Estado de Minas Gerais, 1911. p. 23-24.

    16. BELO HORIZONTE. Prefeitura Municipal. Relatrio apresentado aosmembros do Conselho Deliberativo da Capital pelo prefeito Dr. OlyntoDeodato dos Reis Meirelles: setembro de 1912. Belo Horizonte:Imprensa Official, 1912. p. 36-37.

    17. Um bom parmetro para os trabalhos arquivsticos nesta poca podeser encontrado no Manual dos Arquivistas Holandeses, que tem sua pri-meira edio em 1898.

    18. BELO HORIZONTE. Prefeitura Municipal. Relatrio apresentado a S. Ex.o Sr. governador Benedicto Valladares Ribeiro pelo prefeito OctaclioNegro de Lima e relatorio ao perodo administrativo de 1935-1936. BeloHorizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1937. p. 32-33.

    19. Apesar de o prefeito afirmar que toda a documentao fora reunidano arquivo da prefeitura, sabemos que parte do acervo, pertencente Secretaria de Agricultura, ainda permaneceu no APM. O arquivo doEstado deveria ser o recolhedor natural do acervo, pois a Comisso foicriada pelo Estado. Existem ainda documentos na Copasa e no ArquivoAaro Reis, no Museu da Repblica, RJ.

    20. Ablio Barreto ocupou esse cargo de 1924 at 1934, quando se apo-sentou. Cf. trajetria do historiador por meio de Arquivo Privado AblioBarreto, acervo do Museu Histrico Ablio Barreto (MHAB).

    21. MHAB, Ablio Barreto (AB)/DF 1/001.

    22. Cf. Dossi do Museu Histrico Ablio Barreto, v. 2, ofcio 462, de20/04/1942, e resposta anexa, de 19/05/1942.

    23. Cf. Relatrio de atividades do APM, 1911, APM/FPM, Cx. 1, doc. 1.

    24. NEVES, Marta E. M. Em busca da organicidade: um estudo do fundoSecretaria de Governo da Capitania de Minas Gerais. Dissertao(Mestrado) - Escola de Biblioteconomia, Universidade Federal de MinasGerais, Belo Horizonte, 1997. 25. Relatrio de atividades do APM, 1914, APM/FPM, Cx. 1, doc. 2.

    26. Cf. APM/FPM, Cx. 1, doc. 9.

    27. Cf. APM/FPM, Cx. 1, doc. 9, p. 2.

    28. Cf. APM/MFL, Cx. 1, doc. 14.

    29. Cf. APM/MFL, Cx. 1, doc. 21.

    30. Cf. APM/MFL, Cx. 1, doc. 20.

    31. Cf. documentos referentes compra do aspirador de p e sua uti-lizao para limpeza de documentos: APM/MFL, Cx. 1, doc. 24.

    32. Cf. APM/AFB, Cx. 1, doc. 3 e 6.

    33. Cf. APM/FPM, Cx. 1, doc. 16.

    34. JACOB, C. LEmpire des cartes. Approche thorique de la carto-graphie travers lhistorie. Paris: Albin Michel, 1992.

    35. BARATIN, M.; JACOB, C. (Org.). Le pouvoir des bibliothques.Paris: Albin Michel, 1993. p. 14 e 255; POMIAN, K. Coleo. In:ENCICLOPDIA Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda,1994. v. 1: Memria-Histria. p. 51-86.

    36. Cf. VEIGA, Jos Xavier da. Efemrides Mineiras. Introduo EdilaneMaria de Almeida Carneiro e Marta Elosa Melgao Neves. Belo Horizonte:CEHC/FJP, 1998. p. 47. Cronologia, p. 115-116, e doaes naIntroduo, p. 27-28.

    37. HILDESHEIMER, F. Periodisation et Archives. In: PRIODES. La construction du temps historique. Actes du V Colloque dHistoire auPresent. Paris: Ed. de Lcole des Hautes tudes en Sciences Sociales /Histoire au Prsent, 1991. p. 39-46.

    38. Ibidem, p. 39.

    39. JUGIE, Sophie. La construction du temps historique. In: PRIODES.La construction du temps historique. Actes du V Colloque dHistoire auPresent. Paris: Ed. de Lcole des Hautes tudes en Sciences Sociales /Histoire au Prsent, 1991. p. 47-56.

    Ivana Parrela | A lgica e o labirinto | 105

    como Franoise Hildesheimer37 chamam a ateno

    para o fato de no se conseguir sequer colocar em

    questo nos arquivos as periodizaes, em funo do

    princpio de respeito aos fundos, consolidado na Europa

    a partir do sculo XIX. De acordo com esse princpio,

    cada conjunto documental se caracterizaria como arqui-

    vstico justamente por refletir em sua organizao a

    estrutura do produtor. Os recolhimentos orgnicos

    subseqentes, que resultam no seu crescimento, confi-

    guram a lgica de sua ordenao e cronologia. Que

    organicidade seria essa em casos como os que nos pro-

    pomos analisar? Como ela se manifesta em um fundo

    como o chamado Seo Colonial do APM, constitudo

    em fins do sculo XIX? Qual seria o princpio lgico

    para a pulverizao do acervo

    fiscal setecentista, especialmente a partir da dcada

    de 1920, como o da Delegacia Fiscal e o da

    Casa dos Contos?

    Conforme Hildesheimer, o no questionamento desse

    princpio nas pesquisas histricas ainda pouco ana-

    lisado. Tal anlise deveria ser feita com urgncia, pelos

    impactos significativos que traria para os quadros de

    classificao dos arquivos. Entendemos que se pode

    deduzir sobre a possvel e provvel influncia dessas

    prticas arquivsticas sobre o acesso aos documentos e

    sobre as periodizaes da pesquisa que elas induzem

    mais ou menos coincidentemente38.

    A aceitao pouco crtica desses critrios de organiza-

    o e descrio implicaria uma quase sacralizao do

    gesto de arquivar, conferindo uma aura de iseno s

    escolhas feitas pelos tcnicos dessas instituies. Nesse

    sentido, seria interessante pensar no tratamento dado

    aos documentos avulsos e encadernados dentro do

    APM, tanto pelos usurios como pelos prprios tcnicos

    em alguns trabalhos. Isso porque, durante muito

    tempo, a ausncia de um instrumento de pesquisa uni-

    ficador fez com que os documentos desse conjunto fos-

    sem apresentados e utilizados de forma distinta, per-

    dendo exatamente a chamada organicidade em vrios

    trabalhos.

    As discusses sobre a questo da periodizao nos

    museus apontam para problema similar existente nes-

    sas instituies, j que as exposies museolgicas

    tambm acabam por desenhar uma definio de pero-

    dos histricos, como aponta Sophie Jugie39. Tema que

    tambm demanda uma maior discusso sobre as ativi-

    dades nos arquivos.

    Notas |

    1. COSTA, Clia. O Arquivo Pblico do Imprio: o legado absolutista naconstruo da nacionalidade. Estudos Histricos, Rio de Janeiro, v. 14,n. 26, p. 221-222, 2000. Esse artigo resume a tese da autora: Memriae administrao: o Arquivo Pblico do Imprio e a consolidao doEstado brasileiro, defendida em 1997 no Instituto de Filosofia e CinciasSociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ). Em suasconcluses ela afirma que a sobrevivncia de concepo de arquivoexcludente, que no atende o cidado, vai explicar a criao de uma pol-tica nacional de arquivos apenas em 1991, pela Lei n. 8.159.

    2. A Lei n. 126, de 11 de julho de 1895, cria na cidade de Ouro Pretouma repartio denominada Archivo Pblico Mineiro (APM).

    3. Lei n. 126, art. 2.

    4. COSTA. O Arquivo Pblico do Imprio..., p. 223.

    5. Cf. modelos de cartas circulares enviadas para diversas reparties,juntamente com o registro das respostas obtidas. Arquivo PblicoMineiro/Francisco Peixoto de Moura (APM/FPM), Cx. 1, doc. 2, p. 2; eAPM/FPM, Cx. 1, doc. 12; Arquivo Pblico Mineiro/Mrio Franzen deLima (APM/MFL) Cx. 1, doc. 2. Como exemplo da mobilizao de par-ticulares, vale destacar o papel do padre Lucindo Jos de SouzaCoutinho, residente em Santa Brbara, que da dcada de 1910 at a de1940, quando morreu, recolhe acervos para o Arquivo. Cf. APM/FPM,Cx. 1, doc. 10 e sua anotao no verso.

    6. Diretor do Arquivo e da Seo de Estatstica do Estado de 1910 a 1922.Poltico, deputado por vrias legislaturas, irmo de Raul Soares. Cf.APM/FPM, Cx. 1, doc. 10.

    7. Cf. APM/FPM, Cx. 1, doc. 15; e APM/FPM, Cx. 1, doc. 10.

    8. Cf. registro da carta de agradecimento em APM/FPM, Cx. 1, doc. 7.

    9. Cf. APM/FPM, Cx. 1, doc. 12.10. Carta de Mascarenhas a Senna, de 14/03/1921, encaminhada pelodestinatrio a Feu de Carvalho. Cf. APM/FPM, Cx. 1, doc. 7. Para maisdados sobre a trajetria do pesquisador, consultar o Arquivo PessoalNelson de Senna, sob a custdia do Arquivo Pblico da Cidade de BeloHorizonte (APCBH).

    Revista do Arquivo Pblico Mineiro | Dossi104 |

    Ivana Parrela mestre em histria pela UFMG, doutorandanessa disciplina pela mesma universidade, desenvolvendopesquisa intitulada Entre Arquivos e Museus: polticaspblicas para patrimnio documental em Minas Gerais 1895-1945. Especialista em organizao de arquivos pelaUniversidade de So Paulo (USP), trabalhou em diversasinstituies arquivsticas, especialmente no Arquivo Pblicoda Cidade de Belo Horizonte, de 1995 a 2006, instituioque dirigiu entre 2001 a 2004. Atualmente, professora daUniversidade Fumec.

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