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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A MAGIA DE PODER RESGATAR CONHECIMENTO MAYARA SULAMITA DIAS NOGUEIRA GROSSOS-RN 2016

A MAGIA DE PODER RESGATAR CONHECIMENTO · ... foi pesquisado igualmente as ideias do autor Gabriel Chalita, ... e afetividade está diretamente ... nas obras “Educação: a solução

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

A MAGIA DE PODER RESGATAR CONHECIMENTO

MAYARA SULAMITA DIAS NOGUEIRA

GROSSOS-RN

2016

MAYARA SULAMITA DIAS NOGUEIRA

A MAGIA DE PODER RESGATAR CONHECIMENTO

Memorial apresentado ao Curso de

Pedagogia, na modalidade a distância, do

Centro de Educação, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para obtenção do título

de Licenciatura em Pedagogia, sob a

orientação do professor Ms.Josenildo S

Martins .

GROSSOS-RN

2016

FICHA CATALOGRÁFICA

A MAGIA DE PODER RESGATAR CONHECIMENTO

Por

MAYARA SULAMITA DIAS NOGUEIRA

Memorial apresentado ao Curso de

Pedagogia, na modalidade a distância, do

Centro de Educação, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para obtenção do título

de Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Prof. Ms. Josenildo da Silva Martins (Orientador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________

Profª. Esp. Marinalva Lucas Raimundo da Silva (Examinadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________

Prof. Esp. Valdemar Cordeiro Valle Neto (Examinador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Dedico este trabalho aos meus pais, Magno

Alves Nogueira e Maria Suzete Dias, meu

filho Luiz Otavio Dias Oliveira, e em

especial ao meu esposo Cássio Alexandre

Oliveira Santos, que em todos os momentos

souberam compreender a minha ausência e

puderam me ajudar a concluir essa jornada.

AGRADECIMENTOS

Quero primeiramente agradecer ao grandioso Deus por ter me guiado não só na

conclusão desse trabalho, mais por ter sido minha luz guia em todos os momentos de

dificuldade ate aqui enfrentados para que eu pudesse concluir este curso.

A minha família em um todo contribui para realização deste sonho

principalmente ao meu esposo e companheiro de vida, sem a ajuda dele teria sido

impossível chegar ate aqui.

Ao meu grupo de estudo que era formado por Antônia Jayane e Andreza Dayne,

por terem em inúmeros momentos me ajudado, me alegrado e não ter me deixado abater

nem desiste.

A querida tutora e amiga Micheli Shirley pelos conselhos e puxões de orelhas

quando necessário, ao orientador. Josenildo Martins que foi de muita importância para

realização deste trabalho, pois sempre quando existe dúvida ele estava ali para

soluciona-las no mesmo momento.

A todos o meu agradecimento.

SUMÁRIO

Introdução..................................................................................................................09

1. Infância e ensino fundamental I: momento mágico de minha vida................10

2. Ensino fundamental II e ensino médio: momento de novos desafios............19

3. Graduação: a realização de um sonho..............................................................24

3.1. O Percurso: dificuldades e descobertas......................................................25

4. Perspectivas.......................................................................................................28

Considerações finais....................................................................................................29

Referências ..................................................................................................................30

RESUMO

Este memorial tem como objetivo refletir sobre a trajetória de vida de Mayara Sulamita Dias

Nogueira. Trata dos pontos mais importantes da sua infância, todo seu processo de

escolarização. Utiliza-se, como metodologia o conceito do desenvolvendo infantil, defendido

por Vygotsky e Piaget, apoiam a ideia de que as vivências da infância podem contribuir para a

formação humana, foi pesquisado igualmente as ideias do autor Gabriel Chalita, o mesmo busca

mostra a importância da família no contexto escolar, e apoia a ideia de que o professor tem que

amar seu trabalho, e afetividade está diretamente vinculada com a aprendizagem de qualidade.

Por fim, chaga-se a conclusão de que o processo de formação humana está intimamente ligado a

todas as experiências vivenciadas na infância, nas quais podem possibilitar boas lembranças, ou

traumas irreversíveis, na fase da vida adulta, além de ser responsável pela construção sócio-

histórica e humana do indivíduo, que modelará sua trajetória de vida, ficou claro que o professor

tem um papel importantíssimo no processo de formação do individuo, que escola, família e

educador têm que estarem juntos, para que a aprendizagem se torne satisfatória.

PALAVRAS-CHAVE: Memorial. Escolarização. Trajetória de Vida.

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INTRODUÇÃO

Meu nome é Mayara Sulamita Dias Nogueira, tenho 25 anos sou graduanda do

Curso de Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Conto, por

meio deste Memorial como Trabalho de Conclusão de Curso, um pouco sobre minha

trajetória acadêmica ao tratar do meu processo de escolarização desde minha infância e

adolescência, sucedendo ao processo de graduação, até chegar a minhas atuais

perspectivas. Faço, pois, uma relação entre minha vida cronológica a partir de dado

contexto histórico com o contexto educacional.

Retratarei experiências significativas vividas por mim que almejava se torna

pedagoga para que, assim, pudesse, também, contribuir com um mundo melhor para se

viver. Acredito no poder transformador do amor e do afeto para torna o processo de

ensino-aprendizagem mais satisfatório e significativo, para que às pessoas venham a

aprender com entusiasmo e prazer, onde “a escola dos sonhos dos sonhadores, da poesia

dos poetas, da maternidade, da luta dos lutadores começa com a crença de que, em se

falando em vida - e como educação é vida -; a solução esta no afeto”. (CHALITA, 2010,

p. 260).

Para tanto, compartilho dos pensamentos contidos nas obras “Educação: a

solução esta no afeto”(2010)e “Pedagogia do Amor”(2005), do professor e escritor

Gabriel Benedito Isaac Chalita, que enfatiza a importância da presença da família no

contexto escolar e a ideia de uma educação transformadora, vista como um ato de afeto,

que contribui para a formação sociocultural e humana do individuo, na condição de

sujeito construtor de ideais, em busca de sua felicidade.

Ao anseio por um futuro de conquistas e realizações, ao refletir sobre o

momento em que me despertou o interesse pela área da educação, articularei sobre a

minha perspectiva profissional, acerca de minha pretensão de exercer a função de

educadora, e cursar uma especialização em Educação Infantil, após a minha conclusão

do curso.

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1. INFÂNCIA E ENSINO FUNDAMENTAL I: MOMENTO MÁGICO DE

MINHA VIDA

“o tempo não pede licença para passar!” O mundo muda a todo

instante, melhor, nós o mudamos. Pois bem, de geração em geração,

vamos convivendo entre velhas e novas ideias, valores, práticas

sociais, influenciados pela cultura e pelos construtores dela. Por isso,

tanto o mundo quanto as pessoas se modificam, transforma-se,

marcam seus tempos e espaços existenciais. Modificamos a sociedade,

a cultura, a tecnologia, a historia, a economia, a nos mesmos e o nosso

contexto, ou seja, ao nos relacionarmos com os “outros”, somos

capazes de construir ideias e também de desconstruí-las, somos

influenciados e influenciamos os outros. Partindo dai, podemos

entender que um tempo possuem vários “agora”, que ressiguinificam e

ganham diferentes sentidos em cada relação estabelecida. Dessa

forma, como seres de linguagem que somos, aprendemos a criar o

mundo e a nós mesmos (SEABRA; SOUSA, 2010, p.20-21).

O pensamento que ora abre este capítulo é capaz de revelar que estamos sempre

em constante transformação, reconstruindo e ressignificando nossas ideias e conceitos,

perante nosso modo de vida, com relação ao nosso próprio “eu”, e ao meio social que

estamos inseridos.

Voltar ao passado é reviver minha historia de vida, que foi marcada por

acontecimentos que considero inesquecíveis e que, de maneira direta ou indireta,

contribuíram para formação da pessoa que sou hoje. Lembrar é importante, pois,

revivemos momentos, sejam eles alegres, sejam eles tristes já que, nesse tempo, a

memória exerce a alta função de recordar (BOSI, 1994), pois as memórias e as

experiências resgataram o passado para explicar o presente.

Nasci no dia 29 de agosto de 1990, filha única do Sr. Magno Alves Nogueira e

da Sr.ª Maria Suzete Dias Nogueira. Fui criada com muito amor pelos meus pais, eles

me educaram com sabedoria e me fez a mulher que sou hoje. Fui acompanhada de perto

na escola e cobrada também. Queriam me ver crescer e por isso devo a eles este

crescimento. Esse acompanhamento de perto na vida escolar rebate diretamente na

educação de qualidade que vivenciei. Essa ideia coincide de perto com a assertiva de

que:

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Por melhor que seja a escola, por mais bem preparados que estejam

seus professores, nunca vai suprir a carência deixada por uma família

ausente. Pai, mãe, avó, avô, tios, quem quer que tenha

responsabilidade pela educação da criança deve dela participar

efetivamente sob pena de a escola não conseguir atingir seu objetivo.

A família tem que acompanhar de perto o que se desenvolve nos

bancos escolares (CHALITA, 2001, p. 17-18).

No ano de meu nascimento o Brasil passava por um momento difícil. Era o

inicio do governo Collor de Melo (1990-1992). Ele entrou no governo prometendo

inúmeras mudanças positivas, mas, infelizmente nada do que foi prometido foi

cumprido. Em 1992 ele sofreu um processo de impeachment, por inúmeras denuncias

de corrupção e crime de responsabilidade. Para evitar que este processo fosse às vias de

fato, o presidente que foi eleito pelo voto popular resolveu renunciar ao cargo em

dezembro de 1992.

Nesse contexto econômico, meu pai muitas vezes ficava desempregado. Na

nossa cidade a renda vinha/vem basicamente do sal. Ele, motorista de trator, trabalhava

seis meses de carteira assinada e passava seis sem trabalho certo, fazendo o que

aparecia. Minha mãe era lavadeira e trabalhava fazendo faxina pra ajudar em casa.

Sempre fizeram de tudo para me dar o melhor, lutavam sempre para que não me faltasse

o alimento, e nunca me faltou.

Lembro-me com imensa alegria de minha infância, uma fase deliciosa da vida.

Segundo Spigel (1998, p.110 apud BUJES, 2002):

A criança é um construto cultural, uma imagem gratificante que os

adultos necessitam para sustentar suas próprias identidades. A infância

constitui a diferença a partir da qual os adultos definem-se a si

mesmos. É vista como um tempo de inocência, um tempo que se

refere a um mundo de fantasia, no qual realidades dolorosas e as

coerções sociais da cultura adulta não mais existem. A infância tem

menos a ver com as experiências vividas pelas crianças (porque

também elas estão sujeitas às ameaças de nosso mundo social) do que

com as crenças dos adultos.

A infância é um período que vai do nascimento até, aproximadamente, o

décimo-segundo ano de vida, é um momento de intenso desenvolvimento físico,

intelectual, psicológico e social do individuo, no qual propicia mudanças significativas,

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que contribuem para construção de sua personalidade. (BERGER; MORO; LAROCCA,

2010).

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, a

criança é:

Um sujeito histórico que possui direitos, que nas interações,

praticas e nas relações cotidianas vivenciadas, afim de construir

sua identidades pessoal e coletiva, através da brincadeira,

imaginação e observação, ao experimentar, questionar e

construir sentido a respeito da natureza e da sociedade, como

agente produtor de cultura (BRASIL, 2010, p.12).

A partir da perspectiva piagetiana é possível apontar a criança como um ser que

expande suas estruturas, de acordo com as experiências vivenciadas, mediante as

interações com o objeto de conhecimento, além do que, é congruente afirmar que as

novas estruturas são elaboradas com base dos esquemas, posteriormente assimilados.

(PIAGET, 1941).

Nesta etapa de desenvolvimento me encontrava na cidade de Grossos onde moro

desde que nasci. Por ser uma cidade pequena, com cerca de 9.393 mil habitantes (IBGE,

2010), as crianças tem a liberdade de brincar e se diverte onde quiserem. O Estatuto da

Criança e do Adolescente Lei nº 8.069 de 1990, prevê, 9°Art. 15 que “a criança e o

adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em

processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais

garantidos na Constituição e nas leis” (BRASIL, 1990, p. 05).

Ainda conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, o conceito de liberdade

é entendido como um direito, no qual de deve ser assistido e garantido a toda criança:

Art. 16 o direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

I – ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,

ressalvadas as restrições legais;

II – opinião e expressão;

III – crença e culto religioso;

IV – brincar, praticar esportes e divertir-se;

V – participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;

VI – participar da vida política, na forma da lei;

VII – buscar refúgio, auxílio e orientação (BRASIL, 1990, p. 05).

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Eu adorava brincar na rua com toda a turma de amigos. Brincávamos de roda,

esconde-esconde e amarelinha. De todas essas brincadeiras, a que eu mais gostava era

pular corda. Hoje, após estudar muitas teorias sobre o desenvolvimento pessoal e a

importância de se construir laços com o outro, percebo como foi importante essas

brincadeiras em grupos, pois, aprendi a conviver com as diferenças de forma

harmoniosa e com o distinto. Até os dias de hoje muitos destes amigos de infância

fazem parte da minha vida.

Disto, acredito que a,

Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire

informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato

com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas. É um processo

que se diferencia dos fatores inatos (a capacidade de digestão, por

exemplo, que já nasce com o indivíduo) e dos processos de maturação

do organismo, independentes da informação do ambiente (a maturação

sexual, por exemplo). Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos

processos sócio-históricos, a ideia de aprendizado inclui a

interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. [...] o

conceito em Vygotsky tem um significado mais abrangente, sempre

envolvendo interação social (OLIVEIRA, 1997, p. 57).

Esta assertiva revela a importância da brincadeira para o desenvolvimento. Na

época, não tinha essa noção. Brincava pelo prazer e divertimento que as brincadeiras

propiciavam, hoje tenho uma melhor compreensão da importância da brincadeira para o

desenvolvimento da aprendizagem e do ser social. Assim, posso destacar a importância

do brincar como forma de exercício para a vida social.

Ouvir história que a minha avó contava sobre sua época, como era as

brincadeiras, como foi sua infância que, por sinal, era bem diferente da minha, era outra

atividade que me encantava! Ela nos contava as histórias da cidade., Uma que me

lembro bem era a do lobisomem. Nesta, ela nos contava que em dias de lua cheia

aparecia sempre no mesmo lugar um bairro chamado Coqueiros, uma criatura metade

homem e metade lobo. Meus amigos e eu ficávamos sempre bem atentos ao que ela

contava.

Eu, sempre curiosa e obediente, nunca fui uma criança travessa e sempre

obedeci a minha mãe, meu pai e minha avó. Vovó Titinha, como eu a chamo, faz parte

da minha história. Uma mulher forte e que sempre batalhou pra dar o melhor para minha

mãe e minhas tias. Ela sempre foi um espelho para mim e eu a amo como se tivesse

saído dela. Quando criança passei algum tempo morando em sua casa, quando eu e

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meus pais fomos morar em nossa própria casa, tanto eu como ela e meu avô Francisco

sofremos muito com essa separação.

No ano de 1996 foi quando principiei minha vida estudantil, estudava na Escola

Estadual Professor Manoel João, minhas primeiras educadoras foram Cimar e Joana

(Figura 1), duas queridas que tenho contato até hoje. Lembro-me de muitos delineies

daquela época. Na sala havia mesas grandes e verdes que cabiam cinco crianças, para

que na hora do lanche pudéssemos lavar as mãos. Todos os dias letivos eu ia para escola

com minha mochila de pelúcia em forma de coelho, que eu a adorava.

Figura 1: Professoras Cimar e Joana.

Fonte: Arquivo da autora.

No ano seguinte, em 1997, fui transferida desta escola para a Escola Estadual

Coronel Sólon (Figura 2), localizada na Rua Manoel Firmino de Sousa, 127, Centro de

Grossos/RN.

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Figura 2: Escola Estadual Coronel Sólon.

Fonte: Arquivo da autora.

Minha adaptação nesta escola não foi fácil. Como não conhecia ninguém lá,

chorava bastante, da hora em que minha mãe saia até o momento dela voltar. Conforme

Baladan (1988), o processo de adaptação pode variar de criança para criança, onde a

separação pode ser um processo doloroso.

A separação afeta as crianças. Afeta os pais. Faz brotar sentimentos

nos professores. O início da vida escolar pode ser uma ocasião

excitante ou também uma ocasião agradável. Junto com aqueles que

realmente estão encantados por estarem iniciando sua vida escolar,

existem frequentemente outras crianças chorando ou pais tensos e

nervosos (BALABAN, 1988, p. 24)

O processo de adaptação durou até metade do ano. Muitas vezes, por pena,

minha mãe não me deixava ir à escola. Assim, eu acabava perdendo atividades e ficava

atrasada com relação à turma. Nos dias em que eu ia à escola ficava chorando e não

prestava atenção em nada do que a professora falava. Com isso, a professora chamou

minha família pra uma conversa na qual foi discutido sobre minha aprovação no

primeiro ano ou não, porque eu não tinha absolvido quase nada dos conteúdos

trabalhados. Foi então decidido que eu iria repetir o 1º (primeiro) ano. Minha professora

da época se chamava Socorro, hoje ela ainda trabalha na escola, só que como

bibliotecária. Em uma conversa para lá de distraída, ela falou que todos na escola me

chamavam de chorona, porque durante todo o horário de aula eu estava aos prantos.

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Em 1998 repeti a 1ª Série do Ensino Fundamental. Neste ano, me permiti

aprender, estudei e fui aprovada pela mesma docente. Segundo a professora Socorro1,

eu cheguei à escola totalmente diferente do ano antecedente, em vez de chorar, eu tinha

me tornado uma aluna participativa que adora desenvolver atividades lúdicas em sala de

aula, apesar de nessa época essa prática não ser muito utilizadas pelos educadores. Ela

também destacou que todos os dias eu chegava no horário, gostava de atividades em

grupo, tinha todas as atividades de casa realizadas. Foi quando comecei a ler minhas

primeiras palavras, apesar desse processo de aquisição da leitura ter sido um pouco

demorado pra mim, pelas razões já citadas anteriormente.

Assim, o ato de ler tornou-se uma atividade prazerosa, pois, comecei a atribuir

significados do mundo ao meu redor. Pensando assim compartilho a ideia de que

Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa

que certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder

ter acesso a essa escrita, significa construir uma resposta que integra

parte das novas informações ao que já se é (FOUCAMBERT, 1994,

p.5)

Sobre as considerações de leitura enquanto prática social vai muito além da

simples decodificação da linguagem verbal escrita, pois nele está implantada a ideia de

que ler é atribuir sentido ao texto, relacionando-o com o contexto e com as experiências

posteriores do sujeito leitor. Nesse sentido cabe afirmar que esse tipo de leitura sempre

será precedido de uma finalidade concreta, que atenderá a um objetivo presente no

contexto real em que o leitor está inserido. A leitura como prática social é um meio que

poderá conduzir o leitor a resolver um problema prático, responder a um objetivo

concreto ou a uma necessidade pessoal. (VYGOTSKY, 1997).

Dando prosseguimento, estudei todos os anos do Ensino Fundamental no turno

vespertino. Sinto muitas saudades daquela época! Foi um tempo bom e inesquecível.

Minha mãe todos os dias, logo após o almoço, pedia para que eu me arrumasse e

pegasse minha mochila e a garrafinha de água para que eu pudesse ir à escola.

1 Entrevista concedida por Maria do Socorro Souza da Costa, 55 anos, no dia 04 de maio de 2016, em sua

residência, Grossos/RN.

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Minha mãe todos os dias levava a minha mochila em suas costas e eu então

partia para mais uma tarde de estudo, brincadeiras e aprendizados diversos. Todos os

dias tinham uma rotina diária a seguir, éramos recebidos, tínhamos a hora do lanche,

intervalo e tarefas.

De acordo com o Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI), a

rotina deve ser avaliada como um aparelho de dinamização da aprendizagem, e facilitar

as percepções infantis sobre o tempo e o espaço (BRASIL, 1998, p.55). Logo, Assim

que chegávamos a professora nos recebia com boa tarde, ela era sempre bem agradável,

fazia a chamada e, então, fazíamos uma atividade de contar história. Quem sabia ler era

convidado a realizar a leitura, depois fazíamos uma atividade no quadro e, em seguida,

era nos servido a merenda. Após o lanche partíamos para o momento do intervalo.

Nesse momento, podíamos brincar livremente. Chegando ao fim do intervalo

voltávamos para sala com o intuito de fazer outras atividades. Alguns dias, no último

horário da aula, a educadora criava atividades diversificadas como: ditados de frutas,

adivinhas e brincadeiras, dança das cadeiras, amarelinha e outras. Esse momento era

sempre bastante agradável para todos, pois, contribui para o desenvolvimento da

ludicidade que é de extrema importância. Isso por que, em uma aula lúdica, o educando

é incitado a desenvolver a criatividade e não a sua produtividade, se tornando sujeito do

processo pedagógico. Com as brincadeiras o aluno tem vontade de aprender, a ambição

de participar e a alegria da conquista. Quando a criança percebe que existe uma

sistematização na proposta de uma atividade dinâmica e lúdica, o brincar tende a ser

atraente e o aluno se concentra com facilidade, absorvendo os conteúdos repassados

com naturalismo. (KISHIMOTO, 1994).

A escola, na época, tinha uma enorme caixa d’agua. Sentávamos lá perto no

intervalo e brincávamos de roda e passa o anel. Outra diversão que era garantida de

todos os dias era esconde-esconde, momentos que jamais irão sair de minha memória.

A cada ano, depois da 1ª Série, estudei com uma professora diferente. Uma em

especial, que me recordo até hoje, foi à professora Devanir, uma docente exemplar que

me acompanhou até o terceiro ano. Seu jeito de falar era doce, sempre carinhosa,

cuidadosa, preocupada com todos, suas aulas eram sempre divertidas e prazerosas,

espelho-me em sua postura profissional.

Vários momentos estão gravados em minha mente, por terem sido agradáveis e

felizes em aprendizado, mais um se destacou por que me concedeu inúmeros

aprendizados, tanto no âmbito escolar como na vida, na escola pude aprender a ler

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escrever, e na vida obtive um pouco menos de dependência da minha mãe, comecei a

me relacionar com outras pessoas e tive mais independência. Nessa época a vida era

menos complicada, a parte desse momento deu início ao período do fundamental II.

19

2. ENSINO FUNDAMENTAL II E ENSINO MÉDIO: MOMENTO DE

NOVOS DESAFIOS.

O aluno tratado com respeito, tendo valorizada a sua historia de vida,

sente-se amado, querido na escola em que estuda e pode ser promessa

para os pais que queremos. É dos bancos escolares que sairão as

mulheres e os homens que vão assumir o posto de comando da nação,

como políticos, executivos, jornalistas, formadores de opinião,

professores, profissionais das mais diversas atividades com sua

atuação e exemplo de vida poderão servir com nova referencia para

novos tempos (CHALITA, 2004, P.159).

Da reflexão anteposta, acredito que o respeito mútuo faz toda diferença no

processo de ensino e aprendizagem. Isso foi bem evidente na escola Estadual Coronel

Sólon, que buscava sempre incentivar seu alunado e valorizar suas histórias de vida. Por

isso, continuei na mesma escola em todos os anos de estudos, até a conclusão do Ensino

Médio.

No ano de 2001, comecei a cursa a antiga 5ª serie do Ensino Fundamental,

porque no ano de 2006 entra em vigor a Lei n. 11.274/2006 (BRASIL, 2006), que muda

o Ensino Fundamental de oito para nove anos de duração. Este ano foi de muitas

mudanças para mim. Passei a estudar no turno matutino, e passei a ver uma matéria

nova: o inglês. Não era apenas um professor e sim um para cada disciplina!

Diante daquela nova configuração de ensino, percebi que minha adaptação, em

relação à disciplina de inglês, não seria muito fácil. Deparei-me com alguns obstáculos

no processo de aprendizagem da mesma, pois, apresentei certa resistência aos conteúdos

trabalhados pelo educador: gramática; escrita e pronúncia. Suponho que pelo fato de

não ter mantido uma familiarização com outra língua. Provavelmente tenha me

propiciado um prejuízo no progresso de aquisição do idioma, pois, encontrava grande

dificuldade para compreender os assuntos. Contudo, a metodologia aplicada pelo

professor Stherferson era satisfatória e envolvia atividades dinâmicas com músicas,

diálogos, filmes, entre outras.

Enquanto tive dificuldades no inglês, na disciplina de historia não tive

praticamente dificuldades, pois o professor Veronilde era ótimo , ele era atencioso, suas

aulas muito envolvente, aprendia sem muito esforço, o aprendizado era obtido

naturalmente, ele adorava fazer avaliações orais, era bom e divertido, consegui um

envolvimento que nenhum outro tinha.

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Diante desse novo contexto no ambiente escolar passei a me organizar melhor e

adquiri mais autonomia. Até esse momento minha mãe, todos os dias, ia me deixar e me

buscar na escola. Por ser filha única sempre ouvi um misto de superproteção e apego,

mas, conversei com ela e falei que queria ir sozinha para aula, pois minhas colegas já

iam, e eu poderia ir com elas. Assim, minha mãe teria mais tempo para desenvolver seus

afazeres do lar, e então comecei a ganhar mais autonomia. Pereira (2002, p. 70),

formula a ideia de autonomia como “o recurso capaz de livrar os indivíduos não só da

opressão sobre as suas liberdades (de escolha e de ação), mas também da miséria e do

desamparo”.

Após conhecer diversos professores e inúmeros métodos de ensino, alguns com

aulas mais divertidas, outros com seus questionários e livros, pude perceber que

aprendemos muito mais quando a aula é dinâmica e proporcionava a participação direta

do aluno.

No ano de 2006, ingressei no Ensino Médio. Nesse momento de minha vida, vivi

um misto de afetividades, de emoções, fase de descobertas, de amores, de amizades e

experiências imensuráveis. Tomando com base a teoria de (wallon, 1968 apud

BERGER; MORO; LAROCC, 2010, p. 71), o conceito de afetividade é amplo, pois

além de envolver um componente orgânico, corporal, motor e plástico, que é a emoção,

apresenta também um componente cognitivo, representacional que compreende os

sentimentos e a paixão.

Nesta época, construí amizades e aprendizados que jamais esquecerei. Uma

amizade que merece lembrança é a que nutro até hoje por minha companheira de curso

Hilda Sabrina (terceira pessoa a esquerda, Figura 3). Quanto ao aprendizado mais

significativo atribuo às feiras de ciências que acontecia na instituição, algumas imagens

dessa fase tão importante e cheia de aprendizado. (Figura 3-4).

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Figura 3: Feira de Ciências, ano-2007.

Fonte: Arquivo da autora.

Figura 4: Feira de ciências, ano-2008.

Fonte: Arquivo da autora.

A avaliação, nesse tipo de atividade, era feita individualmente. Cada aluno era

convidado pelo professor para fazer uma analise do tema proposto na feira. Tímida, eu

não conseguia falar muito bem em público. Com a realização das feiras pude superar a

timidez!

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Bentes (2010, p. 137) diz que:

[...] deve-se não apenas dar oportunidade aos alunos de observarem e

de analisarem determinadas práticas orais, como também deve

fornecer os contextos, as motivações e as finalidades para o exercício

de diferentes oralidades, na sala de aula e fora dela (BENTES 2010, p.

137).

Provavelmente as oportunidades oferecidas na ocasião das feiras de ciências

tenham contribuído bastante nesse processo.

Em todo meu processo de aprendizagem busquei ser uma aluna competente,

guiada pelo desejo do conhecer. Nunca permiti que domassem o meu pensamento, a

todo o momento procurei ter autonomia sobre minhas decisões, buscava formas

diferenciadas de pesquisa, como: jornais escritos e televisados, ouvir histórias de

pessoas mais velhas para, assim, ficar a par da cultura da minha cidade e das notícias do

mundo. Esta ideia coincide com o pensamento de Chalita (2004, p. 65) ao defender que:

A questão da aprendizagem supera a questão do ensino. O processo de

aprendizagem, que é do professor e do aluno, tem de ser permanente.

Ele faz com que a educação não se reduza a meros conteúdos

decididos, de forma autoritária, por pessoas distanciadas das

peculiaridades regionais e culturais. O enorme desafio do aprender a

aprender é o desafio de formar seres aptos a governar a si mesmo,

desenvolver a liderança participativa, a aprender a dizer sim e a dizer

não. De que serve uma multidão de seres repetidores de ideias alheias

sem capacidade de pensar por si mesmo? O grave problema da

formação inadequada é a ausência de objetivos definidos, sem a

perspectiva de finalidade.

A fase do Ensino é importante e decisiva, uma fase de construção da

personalidade, de definição do próprio eu. Por isso, é tão importante que os educadores

estejam preparados para trabalhar com esses jovens que, muitas vezes, tem uma

realidade tão complicada, com famílias destruídas, desemprego, preconceito e inúmeros

outros desafios desta etapa da vida que ora se apresenta tão doce, ora tão complicada.

Com isso faz-se necessário, então, que:

23

O aluno seja olhado de outra forma, que as relações sejam menos

traumáticas porque nascidas no respeito ao espaço e ao papel de cada

um. Os alunos serão diferentes a cada ano, a cada dia, e o professor

também será. Um mestre que tem diante de si a responsabilidade e a

missão de forma pessoas equilibradas e felizes, além de competentes

(CHALITA, 2004, p.159).

A missão do educador vai além de meramente passar conteúdos, ele tem que se

reinventar e contribuir para a formação do cidadão, educar e cuidar para a vida.

24

3. GRADUAÇÃO: A REALIZAÇÃO DE UM SONHO

O primeiro contato se deu ao ver minha amiga Izolda Silva exercer a docência.

Muitas vezes necessitava ir a sua sala de aula para tratar de algum assunto mais urgente,

via a maneira que seus alunos a tratavam, como ela tratava eles, uma troca de afeto

amor e admiração. Isso despertou a minha atenção para esta profissão que, além de

proporcionar imensos momentos satisfatórios com as aprendizagens desenvolvidas

pelos alunos, é capaz de oferecer uma nova visão de amor e conhecimento no momento

da aprendizagem.

Pensando assim, partilho a ideia de que:

O ato de educar não pode ser visto apenas como depositar

informações nem transmitir conhecimento. Há muitas formas de

transmissão de conhecimento, mas o ato de educar só se dá com afeto,

só se completa com amor (CHALITA, 2004, p.11).

É necessário, pois, amar o que se faz para que o trabalho seja desenvolvido de

forma satisfatória.

Depois de algum tempo consegui um emprego como auxiliar de uma professora,

mais precisamente no ano de 2010. Adorei trabalhar com crianças! Cada dia era um

novo aprendizado, alguns mais trabalhosos, outros carinhosos, e assim por diante cada

um com sua peculiaridade, mais todos encantadores. Foi um momento de descoberta,

onde vi a importância de se passar o conhecimento, o ensinar é algo inexplicável para

mim.

Confesso que, mesmo adorando a área da educação, não pensava em ingressar

em uma faculdade, pois, na cidade não havia a possibilidade de fazer o curso de

Pedagogia. No entanto, em 2012 essa ideia veio com a chegada do edital de vestibular

para os cursos de Pedagogia e Educação Física na UAB, Eram 93 vagas para os dois

cursos e as aulas seriam realizadas na minha cidade, por meio da Universidade Aberta

do Brasil (UAB) Polo Educa Grossos (Figura 5).

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Figura: UAB Polo Educa Grossos.

Fonte: Arquivo da autora.

Criei um grupo de estudos com professores do município, estudei muito e

consegui ser aprovada! A felicidade tomou conta de mim, logo depois veio o medo,

receio do novo. Como seria? Será que iria conseguir me adaptar ao sistema? Será que

iria gostar do curso? Quando se tem perseverança e coragem, podemos acreditar e

enfrentar tudo que nos da medo. “Munido de coragem, o ser humano esta, por assim

dizer, capacitado a trilhar qualquer caminho com a dignidade e a perseverança

essenciais as grandes trajetórias” (CHALITA, 2005, P. 58). No fundo, eu sabia que iria

vencer, e, com isso, essas perguntas seriam respondidas.

3.1. O PERCURSO: DIFICULDADES E DESCOBERTAS

Ingressei no curso de pedagogia em Agosto de 2012, com imensas expectativas

de aprendizados. Almejava aprender novos conceitos e concepções sobre o processo de

ensino e aprendizagem, ficar a par das correntes teóricas, que contribuem para um saber

mais elaborado e critico diante da complexidade da sociedade.

Durante o andamento do curso pesquisei sobre teóricos como Vygotsky e Piaget.

Esses contribuíram essencialmente em meu crescimento intelectual e profissional. Após

os estudos de suas respectivas abordagens teóricas, pude compreender os processos de

desenvolvimento de aprendizagem que cada um defende em suas teorias.

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Na teoria da Epistemologia Genética de Piaget (1978), o conhecimento acontece

através da interação do sujeito com o objeto:

A característica da epistemologia genética é de procurar descobrir as

raízes dos diversos tipos de conhecimento, desde suas formas

elementares, e de seguir seu desenvolvimento nos níveis posteriores

ate o pensamento cientifico [...]. (PIAGET, 1978a apud BERGER;

MORO; LAROCCA, p.18, 2010).

A abordagem histórico-cultural de Vygotsky (1989) designa que é através da

formação histórica do individuo que o mesmo se desenvolve, ao interagir com o meio

social onde está inserido. Essa teoria estuda as raízes sócio-históricas do psiquismo

humano, a compreensão da origem social e histórica, do funcionamento cognitivo, de

acordo com a realidade sociocultural.

A mediação que propicia um bom aprendizado propicia também a ampliação do

desenvolvimento real do sujeito, do domínio das funções mentais, ao mesmo tempo em

que lhe abre novas possibilidades ou novas zonas de desenvolvimento proximal

(BERGER; MORO; LAROCCA, 2010, p.52).

Todas as disciplinas estudadas contribuíram para minha formação de professora

pensante e comprometida com a busca por ampliar as habilidades que garantam aos

educandos seu desenvolvimento tanto educacional, quanto de sua personalidade. Dentre

as disciplinas cursadas, as que mais despertaram minha atenção foram as de Psicologia e

Educação Inclusiva, pois abordam a complexidade e a diversidade relacionada aos

fatores biológicos e psicológicos do ser humano de forma direta, contribuindo no

entendimento do desenvolvimento humano.

A Psicologia da Educação serve para se transmitir ao professor, todos os

conhecimentos e problemas que podem estar associados ao aprendizado. A Psicologia

possui diversas ramificações de conhecimento, uma dessas subdivisões dedica-se a

estudar como se atribui o processo de aprendizado no âmbito educacional, com o intuito

de contribuir para o trabalho pedagógico aplicado pelo educador em sala de aula.

Através dos conhecimentos adquiridos o professor pode realizar seu trabalho de forma

mais criteriosa, ao compreender cada um dos processos de desenvolvimento que ocorre

com os indivíduos ao longo da vida. Na condição de mediador e colaborador para a

formação humana, ao compreender o comportamento humano no ambiente educacional,

o docente sustenta-se nas abordagens teóricas, nas quais pode e deve usá-las como

recurso no processo de ensino-aprendizagem.

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Educação Inclusiva foi uma disciplina que transmitiu clareza de suas

perspectivas, quando ao nosso aprendizado. Por meio dela, é possível se orientar em

prol a garantia de uma escola de qualidade, com espaços adaptados e diversificados,

como salas multifuncionais, com inúmeras atividades de ensino para diferentes tipos de

deficiências.

É necessária, também, a busca pelo aperfeiçoamento constante dos professores, a

inserção e permanência do aluno na escola, com aprendizados satisfatórios. O Capítulo

5 da lei 9394/1996, no Art. 58, entende, por Educação Especial, “a modalidade de

educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para

educandos portadores de necessidades especiais”.

A disciplina proporcionou um seminário que, para ser realizado, era necessário

uma visita a uma escola que contasse com uma sala de Atendimento Educacional

Especializado (AEE). Na época, visitamos a Creche Municipal Luiz Breno, localizada

na cidade de Areia Branca-RN. Nesta instituição havia uma sala multifuncional bastante

organizada, sob a responsabilidade de uma educadora que atendia as crianças. Ela tinha

Especialização em Educação Especial e Psicologia.

A Ordem CNE/CEB nº 4/2009, estabelece as Diretrizes Operacionais para o

Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, definindo, no Art. 5º, que:

O AEE é realizado, prioritariamente, nas salas de recursos

multifuncionais da própria escola ou em outra de ensino regular, no

turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes

comuns, podendo ser realizado, em centro de atendimento educacional

especializado de 6 instituição especializada da rede pública ou de

instituição especializada comunitárias, confessionais ou filantrópicas

sem fins lucrativos, conveniadas com a secretaria de educação ou

órgão equivalente dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios

(BRASIL, 2009, p. 2).

Vale ressaltar a importância que meu grupo de estudos proporcionou para o

desenvolvimento da minha aprendizagem e para me tornar uma pessoa mais esclarecida

e crítica. Procurando resgatar o passado, analisar o presente e melhorar o futuro,

refletido o fazer pedagógico em função das transformações sócio-políticas que impõem

novos saberes e postura profissional.

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3. PESPECTATIVAS

Como educadora, vou desenvolver um trabalho voltado para o amplo

desenvolvimento do educando, quero colocar em prática tudo que aprendi no decorrer

do curso. Buscarei sempre formas de aprendizagem diferenciadas para que, com isso, as

aulas se tornem mais envolventes, dinâmicas e preocupadas com a educação para a vida,

para a cidadania.

Isso porque, acredito que:

A tarefa de todo educador, não apenas do professor, é a de forma seres

humanos felizes e equilibrados. O conteúdo vale mais do que o

equilíbrio? E as questões emocionais? E a dimensão social? É preciso

preparar o aluno para que ele tenha capacidade de trabalhar em grupo,

como líder ou colaborador, mas em grupo. Só assim ele saberá atuar

na família e na sociedade (CHALITA, 2004, p.13).

Quando penso em capacitações futuras, logo me remeto à possibilidade de

especializar-me em Educação Infantil, a área na qual já trabalhei, e pretendo atuar. Após

a aplicação dos Estágios Supervisionados realizados na Educação Infantil e nos Anos

Iniciais do Ensino Fundamental, percebi que me identifico com a área de Educação

Infantil. Um universo encantador e alegre, cheio de descobertas e transformações, na

qual aspiro trabalhar, como mediadora do desenvolvimento cognitivo, sensório-motor e

psíquico das crianças, proporcionando-as um contexto que beneficie o processo de

interação da criança com o mundo, onde os bens culturais tornem-se acessíveis e

possibilitem a aquisição de novos conhecimentos (LIMA, 2007 apud SEABRA;

SOUZA, 2010, p.199).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo de todo meu processo de formação acadêmica, obtive inúmeros

aprendizados que auxiliaram no desenvolvimento de uma prática docente consistente e

eficaz, uma das práticas que mais foi relevante na minha formação acadêmica, foi o que

me deu a entender a importância da parceria família, escola e professor, essa é a base de

uma educação de qualidade, se os três estiverem ligados teremos uma boa educação,

pois eles não andam sozinhos.

A construção deste memorial foi de inestimável contribuição para o registro de

minhas memórias, funcionando como uma incumbência discursiva, por meio da qual,

concebe a conjunção de diversificados processos. O recordar, a eclosão intangível e a

formação dos posicionamentos identitários. A construção da escrita, sustentada pelas

lembranças e recordações que procedem aos movimentos discursivos, nos quais

apresentam a imagem de um sujeito que reflete sobre si, e a respeito de seus saberes

profissionais.

Poder fazer um balanço de todo meu processo de aprendizagem, todos os

professores que estudei nesse processo, momentos marcantes, como era as feiras de

ciências, minha entrada na faculdade e termino com aquisição de novos saberes, sendo

esses de inestimável importância para o desenvolvimento de meu aprendizado.

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REFERÊNCIAS

BALABAN, N. O início da vida escolar: da separação à independência. Porto Alegre:

Artes Médicas, 1988.

BERGER, M.V.B., MORO, N.O., LAROCCA, P. Psicologia da Educação. 2. ed. Ponta

Grossa: UEPG/NUTEAD, 2010.

BENTES, A.C. Linguagem oral no espaço escolar: rediscutindo o lugar das práticas e

dos gêneros orais na escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação

Básica, 2010.

BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 3. ed. São Paulo: Companhia

das Letras, 1994.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases. Lei 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, 1998.

BRASIL. Presidência da República. Lei n. 11.274/2006. Brasília, 2006.

BRASIL. Ministério Da Educação. Conselho Nacional De Educação Câmara De

Educação Básica. RESOLUÇÃO nº 4 de 2 de Outubro de 2009.

BUJES, M.I. E. Infância e maquinarias. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

CHALITA, G. Educação: o poder esta no afeto. São Paulo. Editora: Gente, 2004.

CHALITA, G. pedagogia do amor. São Paulo. Editora: Gente, 2005.

FOUCAMBERT, J. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

IBGE. Infográficos: dados gerais do município. Disponível em:

http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=240440&search=%7Cgross

os&lang. Acesso em: 10 de maio de 2016.

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KISHIMOTO, T.M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Livraria Pioneira Editora,

1994.

OLIVEIRA, M. K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-

históricos. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1997.

PEREIRA, P. A. P. Necessidades Humanas: subsídios à crítica dos mínimos sociais. 2

ed. São Paulo: Cortez, 2002.

SEABRA, L.; SOUSA, S. Educação infantil. Rio de Janeiro: fundação CECIERJ, 2010.