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Anais do III Encontro de Pesquisas Históricas - PPGH/PUCRS.
Porto Alegre, 2016. p.392-405. <www.ephispucrs.com.br>.
A MAN CAN HIDE ANOTHER: ENTRE A POÉTICA E A
ARTE POLÍTICA DE CLAUDIO GOULART
UN HOMBRE PUEDE OCULTAR UN OTRO: ENTRE LA POÉTICA Y LA
ARTE POLÍTICA DE CLAUDIO GOULART
Fernanda Soares da Rosa
Mestranda em Artes Visuais, área de concentração em História, Teoria e Crítica
Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais / Instituto de Artes da UFRGS
RESUMO A presente pesquisa aborda a trajetória e a produção artística de Claudio Goulart (1954-2005), a partir de sua
coleção presente no acervo da Fundação Vera Chaves Barcellos (FVCB). O artista desenvolveu sua carreira em
Amsterdam, onde viveu desde o final da década de 1970. Fez parte de diversos projetos internacionais expondo
em países como Holanda, Portugal, Espanha, Alemanha, Suíça, Inglaterra, Cuba, México, Japão, Brasil, entre
outros. Na Coleção Claudio Goulart da FVCB, as obras de arte em diferentes suportes e técnicas – arte postal,
livro de artista, fotografia, videoarte, instalações, registros de performances, entre outros – apresentam-se
imersas em diversas camadas de conceitos e formas. Em seus trabalhos com acentuado viés político surgem
referências na história cultural e na história da arte. Seja em suas obras de videoarte, seja através da web, o artista
contribuiu para a aplicação de novas mídias na arte, influenciando na evolução de tendências internacionais e
novos meio de expressão entre 1970 e 2005. A investigação se dá através das obras e da documentação presente
no acervo da FVCB, ainda conta com uma entrevista com o artista Flavio Pons, figura importante que conviveu
com o artista e influenciou sua produção. Dessa forma, o presente estudo pretende além de investigar a coleção,
analisar a obra de Goulart, a fim de delimitar sua importante contribuição para o campo das artes visuais.
Palavras-chave: Claudio Goulart. Arte Contemporânea. Fundação Vera Chaves Barcellos. Acervo de arte. Arte
Política.
RESUMEN
La presente investigación aborda la trayectoria y la producción artística de Claudio Goulart (1954-2005), a partir
de su colección presente en el acervo de la Fundación Vera Chaves Barcellos (FVCB). El artista desarolló su
carrera en Amsterdam, dónde vivió desde el final de la década de 1970. Hizo parte de diversos proyectos
internacionales exponendo en países como Holanda, Portugal, Espanha, Alemanha, Suíça, Inglaterra, Cuba,
México, Japão, Brasil, entre otros. En la Colección Claudio Goulart de la FVCB, las obras de arte en diferentes
soportes y técnicas – arte postal, libro de artista, fotografía, videoarte, instalaciones, registros de performances,
entre otros – presentanse inmersas en diversos estratos de conceptos y formas. En sus trabajos con acentuado
sesgo político surgen referencias en la historia cultural y en la história del arte. Sea en sus obras de videoarte, sea
través de la web, el artista contribuyó para la aplicación de nuevas tecnologías digitales en la arte, influenció en
la evolución de tendencias internacionales y nuevos medio de expresión entre 1970 y 2005. La investigación
ocurre través de las obras y de la documentación presente en el acervo de la FVCB, aún cuenta con una
entrevista hecha con el artista Flavio, figura importante que convivió con el artista y influenció su producción.
De esa manera, el presente estudio pretende allá investigar la colección, analizar la obra de Goulart, con el fin de
delimitar su importante contribucíon para el campo de las artes visuales.
Palabras clave: Claudio Goulart. Arte Contemporánea. Fundación Vera Chaves Barcellos. Acervo de arte. Arte
Política.
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Anais do III Encontro de Pesquisas Históricas - PPGH/PUCRS.
Porto Alegre, 2016. p.392-405. <www.ephispucrs.com.br>.
A Coleção Claudio Goulart da Fundação Vera Chaves Barcellos
A Fundação Vera Chaves Barcellos (FVCB) adquiriu em 2015 quase a totalidade das
obras do artista Claudio Goulart. Um vasto número de trabalhos, documentação bibliográfica
e fotografias foram doados pela Fundação Art Zone1, legatária das obras de Goulart. Através
do projeto Revelando Acervos, contemplado pelo programa Rumos (2013-2014) do Itaú
Cultural, a recente Coleção Claudio Goulart foi organizada no acervo da FVCB. Durante a
catalogação, higienização, digitalização, documentação, guarda e disponibilização desse
acervo documental e artístico para pesquisadores e exposições se iniciou uma investigação
sobre a trajetória e a produção do artista, interesse esse que resultou no presente artigo.
Entidade cultural, privada e sem fins lucrativos, a FVCB, criada em 2003, por Vera
Chaves Barcellos2 tem como proposição a preservação, a pesquisa e a difusão da obra da
artista, bem como incentivar a investigação e a produção artística contemporânea. Vera
Chaves foi amiga de Goulart e dividiu com ele importantes projetos, como a série fotográfica
On Ice, registros de uma performance realizada em Amsterdam, em 19783.
O acervo da instituição abriga as seguintes coleções: Coleção Artistas
Contemporâneos, Coleção Vera Chaves Barcellos e as recentes Coleção Silvio Nunes Pinto e
1 A Fundação Art Zone é uma organização sem fins lucrativos, localizada em Amsterdam e criada pelo artista
Claudio Goulart. Mais informações sobre a Fundação através do site: www.artzone.nl. 2 Vera Chaves Barcellos (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 1938): artista visual, formada em Música pelo
Instituto de Belas Artes de Porto Alegre, em 1956, atual Instituto de Artes da UFRGS. Cursa Artes Plásticas por
dois anos na mesma instituição. Na primeira metade da década de 1960, em viagem à Europa, continua seus
estudos na Central School of Arts and Crafts e na St. Martin’s School, em Londres, na Academie van Beeldende
Kunsten, na Holanda e na Académie de la Grande Chaumière, em Paris, onde estuda desenho, gravura e pintura.
De volta ao Brasil, em 1965, dedica-se exclusivamente à gravura. Na década de 1970, começa a utilizar a
fotografia em seus trabalhos, combinando-a à serigrafia. Em 1975 aprofunda seu conhecimento em técnicas
gráficas e fotografia, a partir da bolsa de estudos do British Council, onde estuda no Croydon College of Art and
Technology, em Londres. Em 1976 expõe seu trabalho Testarte na Bienal de Veneza. Integra o grupo Nervo
Óptico (1976-1978), em Porto Alegre e participa da fundação do Espaço N.O. (1979-1982) e da galeria Obra
Aberta (1999-2002). Desde a década de 1980 realiza instalações multimídia, empregando, além da fotografia,
outros meios. Em 2003, com a doação de sua coleção particular, institui a Fundação dedicada à Arte
Contemporânea que leva seu nome, a qual preside desde então e participa da organização de várias exposições e
publicações. Já realizou inúmeras exposições individuais no Brasil e no exterior, participou de quatro Bienais de
São Paulo e de exposições coletivas na América Latina, Alemanha, Bélgica, Coréia, França, Holanda, Inglaterra,
Japão, Estados Unidos e Austrália. Entre suas exposições individuais nos últimos anos, destacamos: Enigmas, no
Espaço 0, Porto Alegre (2005), O Grão da Imagem, no Santander Cultural, Porto Alegre (2007) e Imagens em
Migração (2009), exposição realizada no Museu de Arte de São Paulo – MASP. Vera atualmente vive e trabalha
em Viamão, RS, Brasil, mantendo também seu estúdio em Barcelona, Espanha, desde a segunda metade da
década de 1980. Para mais informações sobre a artista consulte: SOULAGES, François. Vera Chaves Barcellos:
obras incompletas. Cronologia comentada por Ana Albani de Carvalho. Zouk: Porto Alegre, 2009. 3 A obra On Ice, produzida em conjunto – característica recorrente na arte nos anos 1970 –, fotografada por
Vera, é o registro de uma performance realizada pelos artistas Claudio Goulart e Flavio Pons, sob um lago
gelado, em Amsterdam, em 1978. O trabalho foi publicado em maio do mesmo ano no exemplar nº 11 do
boletim Nervo Óptico (SOULAGES, 2009, p. 154).
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Coleção Claudio Goulart, totalizando atualmente quase 3 mil obras catalogadas4. Além das
coleções de obras de arte, dispõe de um acervo documental sobre Arte Contemporânea,
disponível para consulta através do Centro de Documentação e Pesquisa da Fundação. Conta
também com uma programação regular de exposições e atividades paralelas, desenvolvidas
através do Programa Educativo, que recebe escolas, professores e o público interessado em
artes visuais.
A Coleção Claudio Goulart, com atualmente com mais de 120 obras catalogadas,
abriga diferentes trabalhos do artista realizados nos mais diferentes suportes e técnicas, como
desenho, colagem, fotografia, arte postal, livro de artista, videoarte, instalações, registros de
performances, entre outros. Abordando diversas temáticas, as obras envolvem várias
tendências, que se alternaram e se transpuseram durante toda a vida de Goulart. Suas
produções são imersa em camadas de conceitos e formas.
Através da coleção, percebe-se que, ao longo de sua trajetória, a obra de Goulart
tomou um rumo acentuadamente político, com referências na história mundial e na história da
arte. Destacam-se a série Travel Book America, de 1992, na qual colagens, desenhos,
fotocópias e escritos a lápis e tinta dourada sob papel retratam em vários aspectos a invasão e
conquista da América pelos europeus a partir de uma perspectiva crítica e, a instalação
multimídia Om de tuin Leide, exposta em Oude Kerk5, em 1992, em que Goulart compilou
desde representações de Albert Eckhout e Frans Post até fragmentos de várias cenas de filmes
diversos de Tarzan, reunidas em um vídeo. Dispondo fotografias, malas pintadas de ouro,
entre outros materiais, a instalação aborda e problematiza a visão europeia sobre o continente
americano, nela o artista enfatiza os preconceitos presentes no imaginário coletivo
estrangeiro, gerados por representações exóticas do Brasil. Sobre a obra, Goulart enfatiza:
Cem malas douradas estão colocadas, lado a lado, sobre o chão de três capelas
consecutivas da antiga igreja. Quinze colunas em forma de palmeiras e feitas de
vários materiais estão colocadas entre as malas. Um vídeo é mostrado multiplicando
numa linha de doze monitores, o que realça efeitos gráficos e movimentos de
câmera. Esta linha parece estar em constante movimento e reforça, em termos
espaciais, o efeito do plano dourado interseccionando as três capelas. A instalação é
4 A Coleção Vera Chaves Barcellos abrange grande parte da produção visual da artista; a Coleção Artistas
Contemporâneos conta com obras de artistas nacionais e internacionais, como: Adriana Varejão, Anna Bella
Geiger, Antoni Muntadas, Begoña Egurbide, Bill Viola, Carmela Gross, Christo, Cildo Meireles, Dennis
Oppenheim, Elcio Rossini, Félix Bressan, Flavio Pons, Gary Hill, Hannah Colins, Hélio Fervenza, John Cage,
Julio Plaza, Leon Ferrari, Leticia Parente, Luis Carlos Felizardo, Lygia Clark, Marcel-lí Antúnez, Nelson Leiner,
Paulo Bruscky, Rafael Fança, Regina Silveira, Sol LeWitt, Teresa Poester, Vik Muniz, entre outros; e a Coleção
Silvio Nunes Pinto reúne trabalhos do artista popular que viveu em Viamão, RS. 5 A instalação foi exposta em Oude Kerk, uma antiga igreja construída no século XII. É o prédio mais antigo de
Amsterdam, possui uma arquitetura gótica icônica da Idade Média e dispõe de espaços expositivos dedicados à
arte.
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uma reconstrução do paraíso perdido. É como se se alguém abrisse os arquivos de
nossa memória visual de lugares exóticos. Registros visuais de expedições desde a
época das Grandes Navegações (como pinturas de Eckhout e Post), fragmentos de
filme (como Tarzan), etc, são usados para mostrar, em fotocópia e vídeo, a
relatividade de imagens históricas e atuais feitas de outras culturas. A mistura de
fatos com fantasia e exoticíssimo perturba a nossa percepção do que está sendo
representado. Estas representações são muitas vezes reflexos de nossos preconceitos
e desejos. 6
Entre os vídeos de Goulart, as obras Diálogos (Figura 1) e Lovers (Figura 2), ambos
de 1980, que foram produzidos em parceria com o artista Flavio Pons7, possuem uma poética
particular. Os dois trabalhos apresentam uma interlocução que transparece representada por
meio de uma fita. Em Diálogos, uma fita branca emerge como um fio condutor de uma
conversa sem palavras. Já em Lovers, uma fita vermelha é usada como objeto, que propõe um
entrelaçamento dos corpos dos artistas, em um ato de ligação poética. Pons foi parceiro de
Goulart durante os primeiros anos do artista em Amsterdam, os dois cultivaram uma relação
de amizade durante toda a vida. Em conjunto, desenvolveram vários projetos artísticos.
Figura 1: Diálogos, 1980. Vídeo (frames). 15 min. Preto e branco.
Fonte: Coleção Claudio Goulart, Fundação Vera Chaves Barcellos.
6 Registros sobre as obras estão em um compilado de documentos, folhas e cadernos datilografados, alguns com
imagens, escritos pelo artista, na Coleção Claudio Goulart. O documento citado não possui data, somente o título
da obra em questão. 7 Flavio Pons (Dom Pedrito, Rio Grande do Sul, Brasil, 1947), artista visual. Participa de exposições individuais
e coletivas, no Brasil e no exterior, desde a década de 1960. Mora e trabalha em Amsterdam desde a década de
1970. Destaque para algumas exposições coletivas que fez parte: XII Bienal de Paris, Musée de l'Art Moderne,
1982; La Vie en Rose, Bracknel, Air Gallery e Brixton Gallery, Londres, 1983; Aparejos de beleza, Centro
Wifredo Lam, Havana, 1995; V e VI Bienais de Havana, 1994 e 1977; Évora à luz holandesa (The triumph of
love), Museu de Évora, Portugal, 1996; Arte Holandesa Contemporanea, em 2000, no Centro Cultural de
Cascais, Portugal; A Short History of Dutch Video Art, que percorreu vários países como Holanda, Espanha,
Croácia. Para biografia detalhada do artista consulte o acervo do Centro de Documentação e Pesquisa da FVCB.
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Figura 2: Lovers, 1980. Vídeo (frames). 8 min. Em cores.
Fonte: Coleção Claudio Goulart, Fundação Vera Chaves Barcellos.
Em entrevista concedida durante a pesquisa, Pons (2016) contou que os trabalhos em
conjunto feitos em vídeo surgiram de performances ou foram incentivados após performances
apresentadas:
Diálogos e Lovers são dois trabalhos que começaram como live performances e
foram transformados em vídeo. Depois de que, em 1981, apresentamos Concerto no
espaço The Bank em Amsterdam, o Studio VideoHeads nos ofereceu acesso a
equipamento e mesa de edição. Isto nos estimulou muito e acelerou a nossa
produção nesta área. Claudio criou então muitas obras individuais usando o vídeo
como suporte. Entre outros, ele criou e fez a curadoria por duas vezes do Live Video
Performance Festival, na galeria Time Based Arts, em Amsterdam, em 1983 e 1987,
com artistas convidados de vários países europeus. Entre 1991 e 1994, Claudio
produziu o programa Kanaal Zero, para a Salto Channel (televisão a cabo de
Amsterdam) apresentado mensalmente e às vezes semanalmente. Neste programa
ele mostrava vídeos de outros artistas, vídeos dele mesmo e também comissionava
artistas a criarem novos vídeos, em geral sobre um tema especifico. Em 1982,
Claudio criou e fez a curadoria do projeto multimídia Catalogue Raisonné na Time
Based Arts, em Amsterdam.
Na Coleção sobressai-se ainda o forte vínculo de Goulart com a videoarte. Produzindo
significativas obras através da linguagem do vídeo, o artista fora sensível ao perceber as
transformações que ocorriam no cenário internacional nas artes visuais envolvendo as
tecnologias e o uso de novas mídias, que se acentuaram nas décadas de 1970 e 1980 no
cenário brasileiro. Caracteriza-se assim como um dos artistas brasileiros que desde a década
de 1970 se aventurou em experimentos por meio da videoarte e que ainda abriu espaço para
outros artistas inspirando e incentivando o uso da mídia através de seu projeto televisivo
Kanaal Zero8. Projeto este que transgrediu temas e modelos habituais de produção,
8 Kanaal Zero, organizado por Claudio Goulart, David Garcia e Raul Marroquin, foi um programa televisivo,
exibido em um primeiro momento mensamente, depois semanalmente e mais tarde conforme solicitação
semanal, por um canal de televisão a cabo de Amsterdam, entre 1991 e 1994. Inteiramente gerido e produzido
por artistas, apresentava trabalhos que exploravam o uso do vídeo em suas mais diversas possibilidades através
do espaço televisivo. Mais informações sobre o projeto em: www.artzone,nl/pages/aboutkanaalzero.html.
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apresentação e apreciação da arte, além de desenvolver e apoiar trabalhos e artistas não só em
Amsterdam, mas de vários outros países.
Ao longo da organização e pesquisa para a catalogação das obras feitas na plataforma
do acervo da Fundação, o sistema Donato, notava-se uma característica do próprio artista
sobre sua produção, havia uma necessidade por parte de Goulart em documentar, organizar e
escrever sobre suas obras. Várias instalações, vídeos, exposições e fotografias estão
registradas através de cadernos com imagens e escritos compilados pelo artista. Esse senso de
registro demonstra o cuidado e a preocupação de Goulart por seu legado em um arquivamento
pessoal de seu trabalho. Como que propiciando um acesso a memórias, o
artista ainda criou uma espécie de banco de imagens, salvas em CDs e DVDs, onde esse
arquivo imagético serviu de referência para suas produções, pois algumas imagens presentes
nesses arquivos fazem parte de obras do artista.9 Dessa forma, o acervo completo
reunido na FVCB sobre Goulart possibilita infinitas investigações envolvendo o artista e
ainda sobre o cenário artístico nacional e internacional em que ele esteva inserido e transitou,
sobre diversos enfoques e aspectos.
A trajetória de Goulart
Natural de Porto Alegre, Goulart estudou Artes e Arquitetura no Instituto de Artes da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Seus trabalhos iniciais permeiam
temas e espaços urbanos e arquitetônicos, que o levam ao interesse de estudar Artes em
Barcelona. Em 1976, ao transladar-se para a Europa, fez uma parada na Holanda. Seu contato
com o artista Flavio Pons, bem como o efervescente contexto das artes local, influenciam para
uma mudança de planos. Goulart se estabelece assim em Amsterdam, onde morou e
desenvolveu sua carreira.
Antes de envolver-se diretamente com o cenário internacional, Goulart participou de
alguns projetos e exposições nacionais, como a parceria com Flavio Pons em uma exposição
no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), em 1977. A
mostra As ilusões aconteceu no Espaço B, núcleo idealizado e criado em 1976, pelo então
diretor do museu Walter Zanini, a fim de apoiar e incentivar o uso do vídeo nas artes visuais.
No período os primeiros artistas brasileiros que passaram a explorar o audiovisual
enfrentaram dificuldades devido ao alto custo dos equipamentos, dessa forma o Espaço
9 Este importante material de pesquisa foi doado juntamente com as obras e encontra-se disponível para consulta
no acervo da FVCB.
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disponibilizava o uso da câmera Portapack da Sony e promovia cursos, debates e mostras
referentes à nova linguagem e as recentes produções de vídeo que vinham sendo
desenvolvidas. Assim como Goulart e Pons, participaram desse núcleo artistas precursores na
videoarte no Brasil, como Anna Bella Geiger, Leticia Parente, Paulo Herkenhoff, Regina
Silveira, Carmela Gross, entre outros.
Em 1979, Goulart, juntamente com Pons, durante uma curta temporada dos dois em
Porto Alegre, apresenta uma performance no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado
Malagoli (MARGS). A arte como adorno do poder, realizada em 8 de novembro de 1979, às
21 horas, levantou temas sobre o sistema de artes no Brasil e principalmente no estado.
Matérias sobre a performance veiculadas nos jornais impressos locais
abordaram o ineditismo da manifestação artística no cenário cultural porto-alegrense. Os
artistas com a ação suscitam no contexto local discussões acerca da arte contemporânea, que
ainda no final dos anos 1970 no Rio Grande do Sul era vista como experimental pelo público
e pela mídia, principalmente quando se tratava do uso de projetos, conceitos e suportes até
então não usuais para o sistema de arte gaúcho, como uma performance. Entrevistado pelo
jornal Zero Hora, Pons (PERFORMANCE, 1979, p.3), falou sobre a temática central do
trabalho, dando ênfase à “função mais corriqueira da arte”, como colocou, “entregue ao elogio
do poder”:
A ideia é essa: Médici na Renascença pagava as obras de arte para os artistas como
Miguel Angelo e Boticelli, logo determinava o que iria ser feito. Hoje, se existe
mercado de arte, existe também uma sociedade que determina o que se faz, tudo se
liga ao tempo atual que a gente recebe por viver aqui e agora. Poder então é um
conjunto de coisas – político, social, individual – que determinamos que pessoas
criem certas coisas. Muitas vezes a arte é só ornamento, enfeite, pura estética. Mas
passa um tempo e de quem é que você se lembra: do Médici ou do Miguel Angelo?
Por isso tentamos colocar as coisas no nível do indivíduo, da pessoa, do processo
criativo checando a posição do artista na sociedade. Tudo é feito de maneira não
discursiva, expressa através de símbolos.
Ainda em novembro de 1979, com projeto intitulado O.A.N.I / Objeto Anônimo Não
Identificado (Figura 3), Goulart expõe em mostra individual no Espaço N.O.10 A exposição
10 O Espaço N.O. – Centro Alternativo de Cultura foi idealizado, mantido e administrado por um grupo, entre
eles Vera Chaves Barcellos e Telmo Lanes e atuou como núcleo difusor, promovendo atividades coletivas de
intercâmbio cultural e artístico no cenário cultural porto-alegrense. Diversos artistas também fizeram parte do
projeto, como Ana Torrano, Heloisa Schneiders da Silva, Karin Lambrecht, Regina Coeli Rodrigues, Simone
Basso, Cris Vigiano, Rogério Nazari, Milton Kurtz, Mario Rohnelt, Calos Wladimirsky, Ricardo Argemi e
Sergio Sakakibara. Entre seu período de funcionamento, de outubro de 1979 a abril de 1982, o Espaço N.O.
organizou e apresentou mais de 22 mostras coletivas, 19 individuais, além de participações como equipe em
eventos como a XVI Bienal de São Paulo e o IV Salão Nacional de Artes Plásticas do Museu de Arte Moderna
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reuniu a documentação fotográfica de uma intervenção realizada em Porto Alegre. O artista se
propôs a desenvolver um projeto de comunicação visual na cidade através de uma campanha
publicitária anônima, que consistia em grafitar espaços públicos com um símbolo - muito
usado em vários trabalhos posteriores de Goulart, principalmente em livros de artista e arte
postal. O trabalho ainda contou com um vídeo, uma reportagem transmitida por um programa
jornalístico fictício, no qual um repórter revela a descoberta da autoria de tais grafites
espalhados pela cidade.
Figura 3: O.A.N.I. /Objeto Anônimo Não Identificado/, 1979. Fotocópias de imagens da intervenção urbana.
10 x 15 cm cada lâmina. Fonte: Coleção Claudio Goulart, Fundação Vera Chaves Barcellos.
Entre trabalhos e projetos Goulart transitou entre inúmeros territórios da arte. Seu
caminho foi marcado por experimentações e também por parcerias com outros artistas. Seu
envolvimento na editora, livraria e espaço alternativo de arte, a Other Books & So, de Ulises
Carrión11, localizada em Amsterdam, gerou trabalhos em parceria com o artista mexicano,
como a publicação O roubo do ano, em 1982. O livro de artista conta com o registro da
instalação de Carrión feito em imagens por Goulart. A 12ª edição da publicação Ephemera12,
intitulada Brazil special, de 1978, também conta com a participação de Goulart.
Nas obras de Goulart produzidas entre 1979 e 1981 há uma exploração no campo da
linguagem. Entre produções que trazem carimbos de borracha, como Stamp by stamp,
Portraits, History (Figura 4), as séries Between you and me (obras de 1979), Ephemeral,
do Rio de Janeiro, entre outros encontros, palestras, cursos e atividades envolvendo artistas e intelectuais
nacionais (CARVALHO, 1995, [p.8]). 11 Ulises Carrión (San Andrés Tuxtla, Veracruz, México, 1941 – Amsterdam, Holanda, 1989), figura chave da
arte conceitual mexicana, foi artista, editor, poeta, curador e teórico da vanguarda artística internacional posterior
a década de 1960. Viveu vários anos em Amsterdam, onde fundou a Other Books and So, em 1975, uma editora-
livraria-galeria de arte alternativa, local sede de uma importante rede internacional de intercâmbio de ideias e
trabalhos, principalmente de livros de artista e arte postal. 12 Ephemera foi uma revista de “mail and ephemeral art”, editada por Carrión, no final dos anos 1970, pela Other
Books and So, cuja edição número 12 é composta apenas por trabalhos de artistas brasileiros, como Regina
Silveira, Paulo Bruscky, Julio Plaza, Vera Chaves Barcellos, entre outros.
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Anais do III Encontro de Pesquisas Históricas - PPGH/PUCRS.
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Visual, Verbal (Figura 5) e Painting (obras de 1981), apresentam em comum a exploração da
visualidade das palavras. Proposta essa que nos lembram as poesias visuais de Carrión, sendo
possível visualizar influencias da poética do artista em seu trabalho.
Figura 4: History, 1979. Carimbo de borracha colorido sobre papel. 29,5 x 40 cm.
Fonte: Coleção Claudio Goulart, Fundação Vera Chaves Barcellos.
Figura 5: Verbal, 1981. Carimbo de borracha colorido sobre papel. 29,5 x 40 cm.
Fonte: Coleção Claudio Goulart, Fundação Vera Chaves Barcellos.
Dentre as 16 exposições individuais de Goulart, em sua maioria realizadas na Holanda,
destacam-se: Casino Royale, 1982, na Other Books and So, Night and day, 1983, na Time
Based Arts, Om de tuin Leiden, 1992, na Oude Kern, Vale quanto pesa, 1995 e The Gallery of
Battles, 1999, ambas na Gate Foundation, todas em Amsterdam. Goulart realizou mais de 30
exposições coletivas em diversos países como Holanda, Portugal, Espanha, Alemanha, Suíça,
Inglaterra, Cuba, México, Japão, Brasil, entre outros. Destacam-se sua participação na XVI
Bienal de São Paulo – Arte Postal, de 1981, no Brasil, nas V e VI Bienais de Havana, em
Cuba, em 1994 e 1997, nas exposições El arte de los libros de artista, em 1999, na Ciudad del
Mexico, Arte Holandesa Contemporanea, em 2000, no Centro Cultural de Cascais, Portugal
e, nas exposições de videoarte Una breve historia del videoarte en Holanda, realizadas em
2003, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Espanha, no Museo de Arte y Deseño
Contemporáneo, Costa Rica e no Netherlands Media Art Institute, Holanda.
Na FVCB as exposições coletivas que contaram com obras de Goulart foram: A
Imagem Lúcida – fotografia contemporânea no acervo FVCB, de 2006, na qual foram
expostas fotografias da série Wishful Thinking; Um Porto de Ironia, realizada 2011, com a
obra de arte postal Artista/papel, de 1982, assinada junto com Paulo Bruscky e Flavio Pons;
Um Salto no Espaço, de 2014, com três impressões Home sweet home, da série Printout; e em
401
Anais do III Encontro de Pesquisas Históricas - PPGH/PUCRS.
Porto Alegre, 2016. p.392-405. <www.ephispucrs.com.br>.
2016 a exposição Humanas Interlocuções apresentou uma seleção com cinco impressões
também da série Printout.
A poética e a arte política em Goulart
Nas pichações de Goulart pelas ruas da capital gaúcha, no já citado projeto O.A.N.I /
Objeto Anônimo Não Identificado (Figura 3), o ato ao mesmo tempo performático e marginal,
dado o contexto político nacional do período da produção e exibição, revela uma atitude
transgressora muito adotada por artistas nas décadas de 1960 e 1970. Os artistas do período
adotaram estratégias de expressão quase que subterrâneas carregadas de discurso político e
ideológico, que tomaram conta dos trabalhos artísticos durante os períodos de repressão
ditatorial militar nos países latinos americanos.
Quando expôs o projeto no Espaço N.O., Goulart já vivia na Holanda, porém mostra-
se ligado ao contexto brasileiro em suas produções, pelos temas abordados e pelo caráter
político de seus trabalhos. Transparece através de suas obras uma identidade crítica e de
ligação com a arte produzida no Brasil no período ditatorial brasileiro e que buscava
estratégias artísticas de liberdade de expressão. Como lugar e momento de resistência, a “ação
subterrânea” do artista, se apresenta como uma intervenção poética e política. Pichar os muros
e as ruas da cidade, com um símbolo criado por ele próprio, imprime através da ação o
conceito trazido por Hélio Oiticica, em 1969, em um texto/manifesto, no qual o artista explica
que o termo subterrâneo, “diferencialmente de underground, delimita uma posição crítica,
experimental e construtiva” (FREIRE, 2012, p. 92) da arte. Goulart ainda ironiza o ato, ao
encenar a descoberta fictícia do pichador anônimo em um programa de televisão.
O artista foi pioneiro não só em suas experimentações com vídeo, mas foi ainda um
dos primeiros a usar a internet como expressão artística, desenvolvendo através da ferramenta
da web um projeto inteiramente de domínio público. Pons (2016) enfatiza em sua entrevista
que Goulart “viu bem cedo as possibilidades da internet para a divulgação de ideias, conceitos
e manifestações de arte”. Produzindo a série Printout, pensada e feita em um espaço que não
os convencionais do campo das artes, como galerias e museus, o artista dessacraliza o objeto
artístico, tornando-o totalmente acessível, gratuito e de certa forma atemporal. As imagens
selecionadas para a série abordam diversas temáticas, mas apontam, em sua maioria, para
questões sociais e políticas.
Em uma cena de guerra, uma fotografia (Figura 6 A), traz um fila de homens com os
olhos vendados por uma fita branca, seguido de homens armados, encaminhando-os
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possivelmente para a execução. Porém Claudio amplia a imagens duas vezes, dando ênfase
aos olhos de um dos carrascos. Assim percebemos que o artista também venda os olhos dos
homens armados da foto, com uma fita preta, sugerindo que estes também caminham cegados.
Como a inscrição na imagem indica, os homens armados da caravana dos olhos vendados
seguem impossibilitados de visualizar a violência que contém seus atos e o sistema político e
social no qual estão inseridos, sem reconhecerem o caminho que também se iguala a o dos
condenados que guiam.
Figuras 6 A e B: Printout, 2000. Seleção de duas imagens das que abordam temas políticos na série.
A série completa encontra-se disponível online. Fonte: www.artzone.nl.
Jacques Rancière aponta os paradoxos da arte política em O espectador emancipado,
onde atenta para os diversos caminhos em que a arte pode ir ao encontro a questões políticas e
sociais. O autor atenta que a arte considerada política “mostra os estigmas da dominação,
porque ridiculariza os ícones reinantes ou porque sai de seus lugares próprios para
transformar-se em social” (RANCIÈRE, 2012, p. 52). Olhos vendados, recorrentes em alguns
trabalhos de Goulart, nos atentam a perceber o decorrente caráter crítico do artista. Aparecem
nas fotografias da série A man can hide another, apresentada na V Bienal de Havana, no
projeto em fotocópia e colagem Unfinished Book, nas instalações Retrato Interior, exposta no
Centro de Arte Contemporânea de Genebra, em 1998 e na obra Los Juguetes, que fez parte da
VI Bienal de Havana, entre outros trabalhos. Em todos aqui citados a própria imagens do
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artista com os olhos vendados trazem com certa ironia comportamentos e posturas do homem
contemporâneo.
Em um jogo estético proposto pela ação de desnudar seu próprio olhar, Goulart
convida o espectador a enxergar para além da sua imagem retratada, buscando os significados
implícitos em sua série. Em A man can hide another, o artista se representa em diferentes
fotografias, que o trazem ora vestido com um elegante terno escuro, ora com o peito desnudo.
As vendas que cegam seus olhos mudam de cor, em vermelho, branco e preto, nos convidam a
desvendar sua subjetividade. Segundo o artista sua série de retratos representam os vários
papéis que um homem pode jogar de acordo com as circunstâncias. Sutilmente aborda assim
as formas com que o homem vive em sociedade, tendendo a se transformar em vários para
viver na contemporaneidade.
Figuras 7: A man can hide another,1994. Imagem da obra exposta na V Bienal de Havana.
Fonte: Coleção Claudio Goulart, Fundação Vera Chaves Barcellos.
Analisando a obra e refletindo com Rancière, que nos convida a perceber os elementos
presentes na arte política, estando sensíveis a exposições, instalações, vídeos e nas mais
variadas formas de suportes, como destaca, “reconhecer esses signos é emprenhar-se em certa
leitura de nosso mundo” (RANCIÈRE, 2012, 53), percebe-se em A man can hide another que
ao retratar o homem em seus papéis diversos na sociedade, Goulart apresenta através de um
elemento quase que simbólico, uma venda nos olhos, a cegueira social frente os problemas do
mundo atual.
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Considerações
Claudio Goulart, artista pouco conhecido no Brasil não possui destaque entre a
historiografia da arte nacional, nem há, até o presente momento, um estudo que se detenha e
se aprofunde a pesquisar questões acerca de sua produção e trajetória nas artes plásticas. Sua
atuação no cenário regional, nacional e internacional é enfoque neste artigo, que além de
abordar sua significativa presença em um acervo de arte contemporânea, remonta sua obra,
buscando investigar e perceber temas recorrentes nos trabalhos de Goulart. Dessa forma
visualizou-se seu importante papel e sua contribuição para o campo das artes, não só no
cenário nacional. Procurou-se ainda divulgar o interessante material para pesquisa sobre o
artista presente no acervo da Fundação Vera Chaves Barcellos, assim como seu potencial de
investigação.
Percebemos através da Coleção Claudio Goulart, que o artista seja trabalhando com
performances, instalações, videoarte e afins, seja através da plataforma online, contribuiu para
a aplicação de novas mídias na arte, influenciando na evolução de tendências internacionais e
novos meio de expressão para a arte entre 1970 e 2005. Fora pioneiro na expressão da arte
através do vídeo e em meios de comunicação como a importante rede de arte postal na década
de 1970 e televisão. Com o projeto Art Zone e Printout, Goulart fora pioneiro no uso da
internet como expressão artística. Disponibilizando de forma gratuita e de livre acesso obras
de arte contorna o sistema de artes e questiona suas convenções. Fez uso de materiais de seu
cotidiano objetos de trabalho, pensando produções repletas de conceito e identidade. Ainda
foi influencia e apoio concreto para novos artistas através de seu programa de televisão
Kanaal Zero, entre outros projetos.
Politicamente e socialmente engajado, expos em seu trabalho críticas envolvendo
questões culturais e sociais, com referências na história mundial e da arte. Suas obras que
exploram temas políticas mundiais, nos fazendo refletir para além das questões estéticas e nos
transportam aos períodos históricos em que foram produzidas.
Referências A ARTE como ornamento do poder, performance no MARGS. Folha da Manhã, Porto
Alegre, p. 34, 8 nov. 1979.
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Fontes: São Paulo, 2012.
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