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A MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: A formação de professores no município de Castanhal PA. SANTOS, Maria Caroline Cavalcante dos 1 FERREIRA, Mônica Eliana de Oliveira 2 RESUMO: O presente artigo, abordará a mercantilização do ensino superior com ênfase no crescente processo de formação de professores em Instituições de Ensino Superior Privadas (IESP), atuantes em diversas cidades do Estado do Pará, dentre elas Castanhal. Os procedimentos metodológicos adotados versam na perspectiva da pesquisa bibliográfica, fundamental para compreensão do contexto histórico acerca da formação de professores tendo em vista a influência da política neoliberal; e a pesquisa quantitativa, realizada com base nos dados estatísticos do MEC e INEP evidenciam o crescimento de IESP no estado e no referido município que ofertam principalmente cursos de Pedagogia. Palavras-chave: Mercantilização; Educação Superior; Instituições privadas. ABSTRACT: This article will deal with the commercialization of higher education, with emphasis on the growing process of teacher training in Private Higher Education Institutions (IESP), which operate in several cities of the State of Pará, among them Castanhal. The methodological procedures adopted are based on the perspective of bibliographical research, fundamental for understanding the historical context of teacher education in view of the influence of neoliberal politics; and the quantitative research, based on the statistical data of the MEC and INEP, show the growth of IESP in the state and in the said municipality that offer mainly Pedagogy courses. Keywords: Mercantilization; College education; Private institutions. 1 Discente do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, atualmente Monitora da disciplina de Psicologia da Educação pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus X (Igarapé-Açu). E-mail: [email protected] 2 Orientadora do artigo. Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Internacional de Lisboa - Portugal. Docente na Universidade do Estado do Pará (UEPA) E-mail: [email protected]

A MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: no município PA. … · 2019. 11. 12. · A MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: A formação de professores no município de Castanhal –

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A MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: A formação de professores no município

de Castanhal – PA.

SANTOS, Maria Caroline Cavalcante dos1

FERREIRA, Mônica Eliana de Oliveira2

RESUMO: O presente artigo, abordará a mercantilização do ensino superior com ênfase no crescente processo de formação de professores em Instituições de Ensino Superior Privadas (IESP), atuantes em diversas cidades do Estado do Pará, dentre elas Castanhal. Os procedimentos metodológicos adotados versam na perspectiva da pesquisa bibliográfica, fundamental para compreensão do contexto histórico acerca da formação de professores tendo em vista a influência da política neoliberal; e a pesquisa quantitativa, realizada com base nos dados estatísticos do MEC e INEP evidenciam o crescimento de IESP no estado e no referido município que ofertam principalmente cursos de Pedagogia.

Palavras-chave: Mercantilização; Educação Superior; Instituições privadas.

ABSTRACT: This article will deal with the commercialization of higher education, with emphasis on the growing process of teacher training in Private Higher Education Institutions (IESP), which operate in several cities of the State of Pará, among them Castanhal. The methodological procedures adopted are based on the perspective of bibliographical research, fundamental for understanding the historical context of teacher education in view of the influence of neoliberal politics; and the quantitative research, based on the statistical data of the MEC and INEP, show the growth of IESP in the state and in the said municipality that offer mainly Pedagogy courses.

Keywords: Mercantilization; College education; Private

institutions.

1 Discente do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, atualmente Monitora da disciplina de Psicologia da Educação pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus X (Igarapé-Açu). E-mail: [email protected] 2 Orientadora do artigo. Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Internacional de Lisboa - Portugal. Docente na Universidade do Estado do Pará (UEPA) E-mail: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

Ao falarmos de ensino superior buscarmos as trajetórias educacionais que marcaram

o Brasil desde o período colonial, afinal as faculdades e universidades foram criadas apenas

para os nobres e burgueses brancos, do sexo masculino, ou seja, havia um público

privilegiado, pois até então só possuía nível superior quem detinha condições financeiras para

custeá-lo. De acordo HUMEREZ e JANKEVICIUS (2015) os sujeitos que possuíam esse

privilégio, naquela época, estudavam em Portugal, que detinha um sistema de ensino voltado

as muitas influências das escolas e seminários, administrados pelos padres Jesuítas, que

propagaram a ideologia cristã por quase 300 anos até 1972. Logo desde o início o ensino

superior foi privado a um seleto grupo de indivíduos, e com o passar dos tempos mediante a

‘evolução’ das sociedades, este veio a ser ainda mais valorizado e ao ponto de tornar-se uma

mercadoria.

A mercantilização do ensino superior é um processo que vem crescendo em especial

no Brasil nas décadas iniciais do século XXI, mediante a uma capacidade intrigante de

proliferação das Instituições de Ensino Superior Privadas (IESP), o que por conseguinte,

ocasiona a disseminação/oferta de diversos cursos de graduação, em especial os de

Licenciatura Plena, que destacam-se como um grande produto a ser

explorado/comercializado no lucrativo mercado educacional. Os avanços do processo de

mercantilização podem ser observados em distintas escalas de análise e realidades, seja a

nível dos estados, capitais, grandes centros urbanos, cidades médias, e cidades pequenas

localizadas nos inúmeros municípios difundidos pelo território nacional.

A entrada “legalizada” das IESP no âmbito educacional, desencadeia uma série de

controvérsias no que tange os princípios educacionais, pois a evidente nitidez quanto aos

interesses econômicos ofusca uma série de demandas e carências presentes na educação

brasileira.

Este trabalho estabelece uma discussão sobre o processo de reconfiguração da

educação superior, enfatizando os efeitos posto sobre as políticas atribuídas a formação de

professores. Tomamos como investigação abranger os teóricos com um conjunto de ideias

sobre as IES privadas presentes no Estado do Pará, com destaque no município de

Castanhal.

Esta pesquisa justifica-se pela necessidade de compreender os processos de

reconfigurações políticas do ensino superior brasileiro com instituições privadas formadoras

de profissionais cujo efeito vem reproduzindo sobre a mercantilização deste ensino,

proporcionando uma disputa de “mercado”, sobretudo os cursos de licenciaturas oferecidos

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com baixas infraestrutura e o público que o procura para concluir o ensino superior, na maioria

das vezes semipresencial e a distância, o que nos permite questionar a expansão do ensino

superior privado.

As reflexões do estudo desta pesquisa estruturaram-se com tais questionamento: 1)

Como ocorreu a expansão da educação superior de Instituições privadas?; 2) Quais os dados

quantitativos de Instituições do ensino superior privado no Estado do Pará, principalmente no

Município de Castanhal?

O objetivo geral desta pesquisa consiste em analisar através dos dados quantitativos

o crescimento das unidades de Instituições superiores privadas no Estado do Pará.

Especificamente no município de Castanhal. A ideia orientada desta pesquisa parte do

pressuposto da caracterização sobre a mercantilização educacional como aspecto

econômico, político e social.

O artigo encontra-se estruturado da seguinte forma: na primeira seção aborda estudos

sobre o contexto histórico sobre a formação de professores e um breve contexto sobre

acordos políticos; na segunda seção sobre o encadeamento do neoliberalismo e

privatizações; já a terceira seção traz amostras de dados quantitativos de Instituições

superiores presentes no Estado do Pará em cursos de licenciaturas; e por último as

considerações finais.

2 O CONTEXTO HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL

A formação de professores no país passou a ter mais significado na fase imperial, logo

após a Independência do Brasil em 1822, se “desligando” de Portugal, apesar de ainda obter

grande influência do ensino europeu. De acordo com Corrêa (2002) menciona que essa

visibilidade educacional obteve a partir da Constituição Federal de 1824 através do Decreto

Imperial de 1827, o que posteriormente foram criadas as primeiras Escolas Normais, cuja

visibilidade era a formação profissional e ao magistério público.

Ademais, essa profissão da formação de professores não era valorizada da forma que

deveria ser, como é até os dias atuais, comparado com os demais cursos, como medicina,

engenharia etc. Pois estes eram os cursos para um público com mais qualidade financeira e

classe social. Posteriormente com o passar dos anos, aproximando-se a década de noventa

ocorreram muitas mudanças políticas que afetaram na formação de professores.

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Com isso, Oliveira (2015) menciona que o país neste período passava por um

momento complicado de estagnação e altos índices de inflação, herdados desde o governo

de Juscelino Kubitschek (1956) e ampliados na ditadura militar. Com a reforma de Estado na

década de noventa as modificações educacionais obtiveram uma estratégia de erguer essa

reforma juntamente com os setores econômicos, políticos e sociais, visto que, o Estado

sempre teve influências de mercado voltado aos aspectos econômicos, o que não seria

diferente com a educação superior.

Neste sentido, essa formação de professores passa por uma perspectiva econômica

e mercadológica, o que abrange o ensino superior privado. Segundo Oliveira (2015) ao

adentarmos neste aspecto de mercantilização privada, é de suma importância entender que

a expansão privatista ultimamente vem tomando “carro chefe” do mercado, e esta abertura se

aprovou também por grande influência da Segunda Guerra Mundial em 1948, por conta do

país precisar de conhecimentos científicos para a segurança no próprio território, quanto

também teve grande influência da Ditadura militar em 1964, com acordos estabelecidos com

o Ministério da Educação (MEC) e a Agência dos Estados Unidos para o desenvolvimento

internacional (USAID).

“A USAID é um órgão do governo dos Estados Unidos encarregado de distribuir a

maior parte da ajuda externa de caráter civil. ” (MENEZES, 2019. p. 1). Esta agência teve

grande influência com os acordos brasileiros com a privatização de setores econômicos e

sociais, dentro deles a educação brasileira. A USAID tinha como objetivo o ensino superior

que exerceria um papel estratégico, porque caberia a ele forjar o novo quadro técnico que

“desse conta” do novo projeto econômico brasileiro, alinhado com a política norte-americana.

(MENEZES, 2019).

Além disso, visavam a contratação de assessores americanos para auxiliar nas

reformas da educação pública, em todos os níveis de ensino. Neste sentido, Fávero (2008)

diz que os acordos relativos deste órgão com o Brasil, no que tange ao ensino superior,

sobretudo o pós - 1964: “[...] a educação passa a ser vista como fator estratégico da política

de desenvolvimento, sendo entendida como eficiente instrumento para conter conflitos sociais

e eliminar obstáculos que se antepõem ao desenvolvimento econômico.” (FÁVERO, 2008, p.

91)

Esses acordos tiveram grandes modificações no âmbito do ensino superior voltado a

um ensino técnico para a preparação do mercado de trabalho, visando a produção econômica

e política, dirigindo-se um “lucro” educacional, o que posteriormente há uma abertura de

instituições empresariais. Além disso, enfatizaremos a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação/LDB nº 9394 de 20 de 7 dezembro de 1996, que também “colaborou” legalizando

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Instituições privadas, percorrendo um trajeto educacional do ensino superior privatista, em

que ainda se faz presente nos dias atuais. Entretanto precisamos entender um breve

entendimento de como esse processo de privatização da educação obtiveram grandes

influências neoliberais, o que será discutido na próxima seção.

3 PROCESSO NEOLIBERAL DE PRIVATIZAÇÃO

Mencionar o que é o neoliberalismo, é juntar com os aspectos abordados acima, em

que, este termo refere-se a um conjunto de fatores sociais. Segundo GENTILI (1996) O

neoliberalismo é todo um processo de construção da hegemonia. Após a Segunda Guerra

Mundial em 1948, como foi mencionando acima, essa “guerra” detinha como estratégia a

saída da crise capitalista que se inicia ao final dos anos 60 que se manifesta claramente já

nos anos 70 para encontrar uma solução dominante para a crise, foi quando houve a

participação da USAID para “ajudar” o país, o que posteriormente ocorreram a implementação

de empresas privadas.

De acordo com Chaves (2010) a expansão da privatização e mercantilização do ensino

superior brasileiro começa a partir de reforma do Estado, no início de 1990, chegando até os

dias atuais, teve como influência as bases da reforma do Estado brasileiro que foram

estabelecidas em 1995, visto pelo primeiro mandato do 34° presidente da república por

Fernando Henrique Cardoso, conhecido por (FHC), através do Plano Diretor da Reforma do

Estado (PDRE), que tem como principais características a privatização, a terceirização e a

publicização.

Diante o governo de FHC, Rodrigues (2018) diz que a proposta política dele era

adequar o Brasil ao neoliberalismo, se contrapondo ao modelo político e econômico da era

Vargas, marcado por uma forte intervenção do Estado na economia, inclusive com a criação

de empresas estatais como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Companhia do Vale

do Rio Doce (CVRD), que se expandiram no território brasileiro. Logo após em 1997 o governo

de FHC, privatizou essas empresas alegando como melhor estratégia. Enquanto o primeiro

governo presidencial de FHC (1995-2002) foi marcado por desestatizações e pela entrada de

capital estrangeiro no país, com essas privatizações são consideradas como estratégias

políticas de Estado, o que sucedeu a abertura para empresas privadas educacionais no Brasil,

como as instituições de ensino superior privada (IESP).

Neste sentido, Chaves (2010) menciona que “a privatização vem sendo utilizada

com a finalidade de reduzir a presença do Estado tanto na área produtiva, quanto na área

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social. ” (CHAVES, 2010, p. 482). Diante disso percebemos que essa estratégia remete a

“tirar” tais responsabilidades do Estado, deixando sobre custódia a empresas privadas.

No caso em análise, destacamos que as determinações tipificadas no Art. 62 da Lei

de Diretrizes e Bases da Educação/LDB nº 9394:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível

superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima

para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos

do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

(BRASIL, 1996.)

É bem verdade que, o texto constitucional nos remente a interpretarmos a concluir que

essa legislação propiciou grande parte de professores a buscarem formação profissional

através das licenciaturas nas diversas áreas, com destaque para a educação infantil e ensino

fundamental, com ênfase no curso de Licenciatura plena em Pedagogia, uma vez que o ensino

magistério a nível de ensino médio foi sendo “descartado” neste contexto. O que nos permite

identificar que grande parte da população irá a busca de uma formação superior, no entanto

sabemos que há um processo para ingressar nas instituições superiores públicas, o que deixa

muita gente “de fora” e fazem ir em busca de outras instituições cujo valor seja acessível.

Diante disso, as IESP ingressão para “suprir essa necessidade”, no entanto visam ao

ensino, e não a pesquisa e extensão de caráter lucrativo. Assim, ocorreram as liberações que

cedem o acesso a essas instituições atuarem a partir de autorizações legais, para que fossem

criadas e institucionalizadas. Segundo deliberação da LDB nº 9394, através do Decreto nº

2.207 de 15 de Abril de 1997 (Regulamenta, para o Sistema Federal de Ensino e dá outras

providências), no seu Art. 1: II- privadas, quando mantidas e administradas por pessoas físicas

ou jurídicas direito privado e também pelo Decreto nº 2.306 de 19 de agosto de 1997. Art. 1;

as pessoas jurídicas de direito poderão assumir de qualquer das formas admitidas em direito,

de natureza civil ou comercial.

Estas liberações distorcem a condição de direito a educação superior pública, gratuita,

laica e de qualidade, que atribuiu a entrada dos investimentos do setor privado ingressando

no mercado de trabalho educacional. A partir disso, iremos analisar quanto o curso de

Licenciatura plena em Pedagogia é procurado e preenchido por IESP no município de

Castanhal, levando sempre em consideração todo o contexto histórico mencionado acima.

Neste viés, a educação profissional passa a ter um caráter mercadológico, desde

então permanecem fortemente até os dias atuais. Portanto, o processo neoliberal continua a

implicar a expansão de IESP com uma demanda altíssima, principalmente no Estado do Pará

e nos diversos municípios, o que será versado na próxima seção.

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4 IES PRIVADAS NO ESTADO PARÁ E NO MUNICÍPIO DE CASTANHAL: O Aumento da

Oferta de Cursos de Licenciaturas em Pedagogia.

A mercantilização do ensino superior no Estado do Pará expandiu-se fortemente a

partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), estabelecida por meio

da Lei Federal nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), que ocorreram de forma acelerada e de várias

formas essa ampliação de Instituições privadas. Por conseguinte, apresentaremos o Gráfico

1 com dados estatísticos gerais das IES presentes no Estado do Pará, ressaltando que são

dados recentes que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

(INEP) disponibiliza através do Censo da educação superior referentes ao ano de 2017.

Gráfico 1: Número de instituições de Ensino Superior no Estado do Pará (2017)

Fonte: INEP (2019)

A partir deste gráfico, notamos que o total possui 48 Instituições de ensino superior e

o número de IES privadas são de 30, que faz-se presentes principalmente nos interiores de

diversos municípios, um número muito menor comparado as IES presentes na capital no

Estado do Pará, o que nos permite destacar em que essas Instituições privadas de um certo

modo se expandem para uma determinada localidade, para um determinado público,

destinados a sujeitos que provavelmente não dispõem de meios que condicionem acesso ao

estudo na capital, destacados nos interiores com aproximadamente 30 instituições no ano de

2017.

5 1 -

48

3 1 -

18

2 - -

30

0

10

20

30

40

50

60

Federal Estadual Municipal

Privada

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NO ESTADO DO PARÁ (2017)

TOTAL CAPITAL INTERIOR

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Com isso, apresentaremos outros dados quantitativos com análise crítica das políticas

de expansão da educação superior, no Brasil, instituídas pós-LDB/1996, ressaltando que a

legalização oficial da LDB foi posta no dia 20 de Dezembro de 1996, destacaremos o período

de 1997- 2017.

Gráfico 2: Evolução das IES no Estado do Pará

Fonte: INEP (2019)

A partir disso, percebemos o crescimento de IES privadas do pós - LDB 1997 a 2017

que nos permite analisar que antes das promulgações da LDB haviam instituições de caráter

privado, no entanto os números não eram demasiadamente elevados comparados a 2017,

nota-se que em 2009 as IESP já estavam com 30 instituições e em seguida foram diminuindo,

porém, em 2014 retorna ao mesmo número de 2009. Comparados a Instituições públicas é

notável que elas continuam com 4 instituições em 2002 que se mantem até 2009,

posteriormente em 2010 esse número cresce para 5 Instituições permanecendo até 2012,

pois em 2013 acrescenta-se mais uma, o que perdura até 2017. Porém, o crescimento

expande-se ainda mais a partir de 2015 ampliando para 35, sucessivamente em 2017 com 48

instituições superiores privadas.

Neste sentido, tais instituições até hoje oferecem cursos de licenciaturas de forma

presencial, e a distância, com baixos preços cujo o objetivo é a dinâmica mercadológica, em

detrimento ao lucro. Destacamos que na maioria destas instituições pouco se preocupou com

a formação acadêmica do seu quadro de professores no que tange somente ao ensino, não

visando a pesquisa e extensão.

6 6 5 6 7 9

16

21

21 22 2

6 27 3

0

26 28 29

28 30

35

41

48

4 4 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 6 6 6 6 6

EVOLUÇÃO DAS IES NO ESTADO DO PARÁ (1997 - 2017)

Privadas Públicas

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Por conseguinte, será posto um quadro que remete as 17 IESP presentes no Município

de Castanhal, justaposto com as duas formas de modalidade de ensino, presencial e a

distância.

Quadro 1: IESP que Ofertam curso de Licenciatura plena em Pedagogia em Castanhal

Nº Instituição Modalidade

1. Centro Universitário Campos de Andrade Distância

2. Centro Universitário de Maringá – UNICESUMAR Distância

3. Centro Universitário Internacional - UNINTER Distância

4. Centro Universitário Leonardo da Vince - UNIASSELVI Distância

5. Centro Universitário SENAC - SENACSP Distância

6. Centro Universitário UNIBTA Distância

7. Faculdade Católica Paulista - FACAP Distância

8. Faculdade de Tecnologia, Filosofia e Ciências Humanas

GAMALIEL- FATEFIG Distância

9. Faculdade educacional da Lapa - FAEL Distância

10. Faculdade superior de ensino PROGRAMOS - ISEPRO Distância

11. Universidade Anhanguera - UNIDERP Distância

12. Universidade Brasil Distância

13. Universidade Castelo Branco - UCB Distância

14. Universidade Estácio de Sá - UNESA Distância

15. Universidade Paulista - UNIP Distância

16. Universidade Pitágoras - UNOPAR Distância

17. Faculdade Estácio de Castanhal Presencial

Fonte: Ministério da Educação ∕ Sistema e - MEC (2019)

Diante deste quadro percebe-se a quantidade de Instituições de ensino superior

privadas, totalizando em 17 Instituições, no entanto são divididas em Centros Universitários,

Faculdades e Universidades, visto que 16 são na modalidade a Distância, e apenas uma

classificada de forma presencial. Ressaltando que estes dados foram retirados por meio do

site do Ministério da Educação através do sistema e – MEC atualizados no ano de 2019.

A seguir iremos apresentar o terceiro gráfico com porcentagens do total de Instituições

de Ensino Superior privada (IESP) localizadas no Município de Castanhal.

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Gráfico 3: Oferta do curso de Pedagogia de IESP no Município de Castanhal

Fonte: Ministério da Educação ∕ Sistema e - MEC (2019)

Partindo desse pressuposto, percebe-se que 94% de IESP em Castanhal ofertam o

curso de Licenciatura plena em Pedagogia na modalidade a Distância, e 6% ofertam de forma

presencial. Assim, nota-se o grande índice de Instituições que se utilizam desta modalidade

da educação a distância (EAD) para expandir diversos cursos, principalmente o curso de

Pedagogia, que de uma certa forma essas Instituições de ensino se “aproveitam” das

deliberações legais para atuarem no município, reforçando o contexto neoliberal no território

brasileiro.

5 CONCLUSÃO

Portanto, conclui-se que o objetivo proposto neste artigo foi alcançado pelas análises

feitas principalmente através dos dados quantitativos sobre o crescimento das unidades de

Instituições superiores privadas no Estado do Pará e no município de Castanhal, como

também o percentual da demanda do curso de Licenciatura plena em Pedagogia, que foram

representadas através de gráficos e um quadro. Do mesmo modo as duas perguntas postas

no início do artigo, em que conseguimos abranger um breve histórico da formação de

professores e a contextualização das ocorrências de expansões das IESP no território

6%

94%

OFERTA DO CURSO DE PEDAGOGIA DE IESP EM CASTANHAL

Presencial

Distância

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brasileiro, o que nos permite afirmar que essas IESP estão diretamente ligadas a interesses

políticos e econômicos que giram em torno do capital, “mercantilizando” a educação superior.

REFERÊNCIAS

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