Universidade Federal de UberlândiaInstituto de Letras e Linguística

Mestrado em Teoria LiteráriaDisciplina: Seminário em Teorias da Cultura

Docente: Profa. Dra. Kênia Maria de Almeida PereiraDiscente: Juliane Emiliano

A MULHER QUE A MULHER QUE ENGANOU ENGANOU O DIABO O DIABO

LITERATURA DE CORDEL

No Brasil a Literatura de Cordel aparece como sinônimo de poesia popular em verso, esta expressão foi inicialmente empregada pelos estudiosos da nossa cultura para designar os folhetos vendidos nas feiras que ficavam pendurados por um barbante. Nela são narradas histórias de batalhas, amores, sofrimentos, crimes, fatos políticos e sociais do país e do mundo.

A literatura de Cordel pode ser distinguida de duas formas primeira como poesia criada de modo improvisado, o chamado de “cantorias”, a outra é o da poesia tradicional, de composição literária, contida em folhetos pobremente impressos. Hoje é no Nordeste brasileiro, nas feiras, esquinas e mercados, que encontramos uma forte produção dessa literatura.

Manuel D’Almeida filhoManuel D’Almeida filho

O escritor Manuel D´Almeida Filho nasceu em 1914, no município de Alagoa Grande, próximo a Campina Grande (PB). Aos oitenta anos, ainda em atividade no Mercado Municipal de Aracaju e envolvido com o trabalho de revisão de diversos originais, veio a falecer no dia 8 de junho de 1995.

Obras Obras Mais de 150 obras escritas:

ANÁLISE ESTRUTURAL

1 2 3 4 5 6 7

1 Po/ de_es/ cre/ ver/ o /con/ tra/ to(x)

2 Que/ não/ me /re/ cu/ so_a /na/ da,(a)

3 Que/ ro/ ga/ nhar/ du/ as/ al/ mas(x)

4 So/ men/ te /nu/ ma/ jo/ ga/ da;(a)

5 A/ ssim,/ vou/ “ma/ tar/ dois/ co_e/ lhos(x)

6 Com/ u/ ma/ só/ ca/ ja/ da/ da”.(a)

Versos heptassílabos(ou redondilha maior)Sílabas

fortes

Esquemas de rimasAs letras indicam as Que rimam entre si.Indicam se com x os Versos que não rimamCom nenhum outro

Estrofe com seis versos:Sexteto ou sextilha.No total são 118 versos.

Narrador – Onisciente

“segundo uma lenda, até/O Diabo foi enganado Por uma mulher/ Que o deixou desmantelado:”

Tempo – cronológico

“Quando Tisnado saiu/Já estava escurecendo, Só voltou no outro dia/ Alegremente dizendo:”

Espaço – casa/cidade

“Ao redor de minha casa/ Quero as ruas alinhadas Muito limpas e espaçosas/ Todas com pedras calçadas”

Apresentação

“Muitas mulheres no mundo/ Só exibindo a beleza Enganaram vários homens/ Usando nessa proeza”

Complicação

“Um dia a mulher estava/Fazendo em casa um pudim” [...] Quando apareceu um preto/ Que foi perguntando assim Mora aqui Pedro Botelho, Pois ele vem me chamando”

Clímax

“Maria disse: - Atenção/ Cuidado que lá vai fumaça! Quero agora que construa/ Uma catedral católica”

Desfecho

“Entrego os pontos, porém/ Sei que fui bem enganado Na boa-fé, fui traído/ Trabalhei como um danado”

ANÁLISE DOS PERSONAGENS

Negro (diabo)Maria da Conceição

Personagens principiais

Pedro Botelho Personagem secundário

A PRESENÇA DO PACTO DE FAUSTO

Vamos fazer uma apostaEscrita em um documento;Com termos da propostaNossa assinatura em sangueNo contrato fica posta[...]Com sangue de um dedo seuFez o contrato e assinou;O preto assinou tambémOnde Maria mandou,Também com sangue de um dedoQue no momento furou

LOGRO“Quero agora que construa Uma catedral católica Que caiba todos os santosDa união apostólica...”

“Sei que não posso fazer

Um trabalho tão imundo,

Não vou perder meu conceito

Porque não sou vagabundo;

Nem mesmo se fosse por

Todas as almas do mundo.”

O ASPECTO RELIGIOSO DA FIGURA FEMININA NO CORDEL

Nome da personagem: Maria da Conceição/ Maria mãe de Jesus

Livro de Gênesis: “Você vai comer... A maçã de sua mãe” Adão e Eva

Livro de Juízes: “Falamos só em Dalila... Que subjugou Sansão” Sansão e Dalila

A IMAGEM DO NEGRO NO CORDEL

De acordo com Franklin Maxado o negro no cordel muitas vezes foi associado ao Diabo católico Medieval que era negro e horroroso, e como eles vieram para o Brasil como escravos eram ditos como “seres irracionais” e sempre que enfrentavam os patrões ou tentava fugir eram chamados de “um diabo”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como notamos por meio da Literatura de Cordel é possível perceber características da “cultura produzida pelas classes populares” e como esta literatura até hoje se concentra em transmitir/criticar por meio oral/escrita situações da história e cultura do povo brasileiro.

REFERÊNCIAS

GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons e ritmos. 12ª ed. São Paulo: Ática, 1999. Série

Princípio.

MAXADO, Franklin. O negro na literatura de cordel. Sitientibus, Feira de Santana, n.

12, p. 93 a 100, 1994.

PINHEIRO, Hélder. LÚCIO, Ana Cristina Marinho. Cordel na sala de aula.

São Paulo: Duas Cidades, 2001.

SITES

• http://www.ablc.com.br/historia/hist_ablc.htm

• http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/ManuelDalmeida/

manuelDalmeida_biografia.html#• http://www.marcohaurelio.blogspot.com