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MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DIVISÃO DE TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE OFICIAIS DE CHANCELARIA NELSON DA COSTA ESTEVES JUNIOR A NACIONALIDADE BRASILEIRA E AS FORMAS DE SUA AQUISIÇÃO. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. A ATUAÇÃO DO ITAMARATY E SUAS CONSEQUÊNCIAS.

A Nacionalidade Brasileira e as Formas de Sua Aquisição V

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26MINISTRIO DAS RELAES EXTERIORESDIVISO DE TREINAMENTO E APERFEIOAMENTOCURSO DE ESPECIALIZAO DE OFICIAIS DE CHANCELARIA

NELSON DA COSTA ESTEVES JUNIOR

A NACIONALIDADE BRASILEIRA E AS FORMAS DE SUA AQUISIO. PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS. A ATUAO DO ITAMARATY E SUAS CONSEQUNCIAS.

Braslia - DF2013NELSON DA COSTA ESTEVES JUNIOR

A NACIONALIDADE BRASILEIRA E AS FORMAS DE SUA AQUISIO. PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS. A ATUAO DO ITAMARATY E SUAS CONSEQUNCIAS.

Monografia apresentada Banca Examinadora do Curso de Especializao dos Oficiais de Chancelaria CEOC, promovido pelo Ministrio das Relaes Exteriores.

Orientador: Oficial de Chancelaria Fernando Antonio Mota de Almeida

Braslia - DF2013

Aos meus pais, Nelson e Adelina, e aos meus irmos, Shirley, Simone, Adriano e Fbio, pois sem eles eu no sei se teria chegado to longe.

AGRADECIMENTOS

Meus mais sinceros agradecimentos vo para todas as pessoas que contriburam para esta monografia, em especial, aos antigos colegas da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FD/UFRJ), pelo fornecimento de bibliografia pertinente e aos colegas do Ministrio das Relaes Exteriores (MRE), pelas sugestes e observaes, particularmente, aos Oficiais de Chancelaria Fernando Antonio Mota de Almeida e Lilian Ramos Batalha.No poderia deixar de mencionar a minha famlia, principalmente, meus avs e minhas tias Aneida de Mendona Machado e Arlete Machado da Motta Maia, que sempre foram fonte de conforto e inspirao para mim e os colegas e amigos do Ministrio das Relaes Exteriores, que tive o prazer de trabalhar durante esses anos de Ministrio e com quem aprendi muito. Gostaria de agradecer, especialmente, ao Embaixador Benedicto Fonseca Filho, ao Embaixador Miguel Jnior Frana Chaves de Magalhes, Conselheira Adriana Rodrigues Martins, Conselheira Ellen Osthoff Ferreira de Barros, Oficial de Chancelaria Cssia Pinheiro Monteiro e ao Oficial de Chancelaria Raimundo de Arajo Castro Neto, pela compreenso e apoio irrestrito em momentos difceis na carreira e na vida.

[] and whether, as the Roman, in days of old, held himself free from indignity, when he could say civis romanus sum; so also a British subject, in whatever land he may be, shall feel confident that the watchful eye and the strong arm of England, will protect him against injustice and wrong. Lord Palmerston

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo definir o termo nacionalidade, fornecer breve retrospecto histrico do tema, detalhar as formas de sua aquisio, verificar a consolidao de certos princpios ao longo das constituies nacionais, mesmo em momentos de ruptura institucional e destacar a atuao do servio consular brasileiro, tanto na aplicao direta dos princpios constitucionais, como na divulgao de informaes e esclarecimentos pertinentes ao pblico. At a presente data, o assunto tem sido tratado no mbito do direito constitucional, por conseguinte, alteraes e interpretaes diversas s so possveis por meio de efetiva mudana constitucional.Com efeito, conforme seja o caso, ser possvel o reconhecimento imediato da nacionalidade brasileira ao pleiteante e sua concesso, o reconhecimento e concesso limitados a um espao de tempo e dependente de certas condies especficas que, uma vez satisfeitas, poderia transform-la em concesso definitiva ou simplesmente o no reconhecimento e concesso dessa nacionalidade por total falta de amparo legal. O registro consular volta a ser, a partir da EC n 54, de 20/09/2007, ato relevante e suficiente para que se conceda a nacionalidade brasileira a todos aqueles nascidos fora do territrio nacional. Contudo, salvo melhor direito, as regras anteriores a esse preceito legal e o seu rito continuariam, a princpio, vlidas para os fatos ocorridos anteriormente.O Manual de Servio Consular e Jurdico do Ministrio das Relaes Exteriores (MSCJ/MRE), utilizado exaustivamente pelos Consulados ou Setores Consulares Brasileiros no exterior, constitui-se importante fonte primria a aplicao das normas vigentes sobre a nacionalidade.

Palavras chave: Nacionalidade. Aquisio. Princpios constitucionais. Servio consular.

SUMRIO

1 INTRODUO82 CONCEITO DE NACIONALIDADE93 BREVE EVOLUO HISTRICA.134 NACIONALIDADE NAS CONSTITUIES BRASILEIRAS.164.1 Constituio de 1824164.2 Constituio de 1891174.3 Constituies de 1934 e de 1937184.4 Constituio de 1946194.5 Constituio de 1967 e Emenda Constitucional de 1969.204.6 Constituio de 1988 e Emendas Constitucionais de 1994, 1999 e 2007235 CONSOLIDAO DE PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS266 CONCLUSES.387 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS40

1 INTRODUO.

O termo nacionalidade pode ser entendido como o vnculo jurdico de direito pblico interno entre uma pessoa e um Estado. O vnculo jurdico por ser consequente de um conjunto de leis e normas que regem um determinado Estado. O direito publico e interno uma vez que diz respeito coletividade em geral e exercido dentro de um determinado territrio, com fronteiras e leis bem definidas. O Estado definido, tradicionalmente, como sendo uma sociedade, que vive em um determinado territrio sob uma autoridade (DOWER, 1987 apud FERREIRA FILHO, 1975, p. 65).A nacionalidade pressupe o gozo de determinados direitos e, tambm, deveres frente ao Estado de que se nacional. Dentre os direitos, temos, por exemplo: o de residir e trabalhar no territrio do mesmo, o de votar e de ser votado e o de no ser expulso ou extraditado, salvo nos casos autorizados em lei; dentre os deveres, temos, por exemplo: a obrigatoriedade do pagamento de impostos ou a prestao do servio militar, quando necessria.No Brasil, desde a sua independncia, a nacionalidade e sua aquisio tm sido colocadas no mbito do direito constitucional e aparecem logo em seus primeiros artigos, uma vez que importante se definir os membros do Estado, pessoa internacional, portanto, nada mais natural do que a Carta Magna do pas, comece declarando quais seriam os seus scios, a fim de determinar os seus componentes e disciplinar a formao do seu corpo social (VALLADO, 1970, p. 288). Assim, pois, procedeu a constituio imperial brasileira, de 1824 e todas as constituies republicanas que vieram aps, de 1891 at 1988 e as respectivas emendas de 1969, 1994 e 2007.H de se notar que, no direito brasileiro, a nacionalidade teve sempre um carter rigorosamente individual, no havendo a ideia de uma nacionalidade coletiva e que o casamento nunca foi meio de adquirir ou perder a nacionalidade brasileira. Esses princpios, dentre outros, foram, de modo geral, respeitados pelo Governo do momento, mesmo nas fases mais conturbadas da histria poltica nacional. A doutrina nos ensina, ademais, que a regra constitucional a ser aplicada seria aquela vigente no momento de ocorrncia do ato jurdico.

2 CONCEITO DE NACIONALIDADE.

O conceito de nacionalidade pode apresentar diferentes significaes, quer do ponto de vista etnogrfico, quer do ponto de vista poltico e jurdico. Ela , s vezes, realidade social ligada ao Estado e, outras vezes, simples consequncia de disposies legais, que estabelece, por processo arbitrrio, a distino entre o nacional ou sdito e o aliengena ou estrangeiro (TENRIO, 1961, p. 187).A teoria da nacionalidade tem o objetivo de distinguir o nacional do estrangeiro, que importante uma vez que o regime do ltimo especial, restrito, abrangendo, em particular, o gozo de direitos privados. O Estado protege os seus nacionais onde eles se encontrem, entretanto, esta proteo est condicionada ao critrio de que a pessoa natural no seja considerada nacional no pas onde se ache (TENRIO, 1961, p. 188).As regras sobre a nacionalidade, embora possam ter efeitos internacionais, emanam da soberania de cada pas. A liberdade para estabelec-las ampla, sofrendo apenas as restries impostas pelo prprio Estado ao assinar tratados e convenes a respeito. Os interesses resultantes da coexistncia das naes, por meio da atividade do comrcio mundial em seus mltiplos aspectos, tm mostrado a necessidade de certos princpios que norteiam o instituto da nacionalidade, dentre os quais: a) a pessoa deve ter uma nacionalidade, b) deve t-la desde o nascimento e c) pode mudar, voluntariamente, de nacionalidade com o assentimento do Estado interessado (TENRIO, 1961, p. 188). conveniente que o Estado, ao elaborar a legislao sobre a nacionalidade, no olhe apenas os prprios interesses, mas se aperceba da existncia das outras naes, da intensa comunicao entre os homens e do crescente intercmbio e interdependncia entre elas (TENRIO, 1961, p. 189).A nacionalidade pode ser dividida em duas espcies, a primria ou originria e a secundria ou adquirida. A primeira aquela obtida desde o nascimento, a segunda aquela que resulta de uma aquisio posterior ao nascimento, atravs do consentimento expresso ou tcito de um Estado, sendo conhecida esta como naturalizao[footnoteRef:1]. Em ambos os casos, o tema se encontrar na lei, pois no existe nacionalidade que no se origine do direito de cada Estado. Na primeira espcie [originria], ela decorre da lei no sentido de sua integral imposio, na segunda espcie [adquirida], h a voluntariedade unilateral do Estado ou bilateral - Estado e indivduo -, dando-se ao indivduo, agente capaz de manifestar sua vontade, relativa determinao, ainda que por omisso, na aquisio da nacionalidade (TENRIO, 1961, P. 189). [1: A naturalizao abrangeria, em seu sentido mais amplo, todas as formas que estabelecem os atos aquisitivos de uma nacionalidade no originria (TENRIO, 1961, p. 190).]

A nacionalidade primria, originria ou de origem concebida por meio de dois sistemas: o jus sanguinis[footnoteRef:2] e o jus soli[footnoteRef:3]. O primeiro, a nacionalidade dos pais determina a dos filhos. A ideia era de que somente o sangue daria a origem da pessoa, no importando muito o lugar onde a mesma houvesse nascido. Nesse sistema, a base da sociedade era a famlia, assim, para pertencer a um grupo poltico, era necessrio fazer parte de um grupo familiar. As pessoas s se tornavam parte da nao pelo nascimento dentro de um ncleo familiar. O jus sanguinis veio a renascer no sculo XIX, com a formao dos Estados nacionais modernos, principalmente, na Europa. O segundo, a nacionalidade estabelecida pelo lugar do nascimento, independentemente da nacionalidade dos pais. Foi o sistema dominante no feudalismo, onde existia o princpio feudal da aliana perptua, semel civis, semper civis[footnoteRef:4] e que ligava, por conseguinte, o homem a terra e , atualmente, o sistema dominante no continente americano (TENRIO, 1961, p. 190). [2: Expresso latina que significa o direito de sangue (2).] [3: Expresso latina que significa o direito de solo ou local de nascimento (2).] [4: Expresso latina que significa uma vez cidado (ou sdito), sempre cidado (ou sdito) (2).]

Com efeito, h diferenas quanto teoria da nacionalidade na Europa e na Amrica. O carter substancial do jus sanguinis o que domina no velho continente, composto de pases emigratrios e que se esforam por manter vinculados Nao os filhos que se dispersam pelo mundo. A formao e o povoamento dos pases americanos, por outro lado, exigiu a adoo do jus soli, pela necessidade de defesa poltico-nacional. Afluram s terras americanas caudalosas correntes imigratrias, de seculares sentimentos e de tradies europeias, por vezes, conflitantes. Se as legislaes do Novo Mundo seguissem o jus sanguinis, dentro de algumas geraes, talvez, pudessem brotar colnias estrangeiras, que possivelmente ameaariam soberania dos pases. Os dois sistemas, contudo, no tem rigor absoluto, havendo excees de acordo com os interesses dos Estados. Outra diferena relevante na teoria da nacionalidade na Europa e nas Amricas se liga ao fato de que h um carter preponderante de direito constitucional nas Amricas, enquanto que, na Europa, a matria est regulada em leis ordinrias, embora na categoria do direito pblico (TENRIO, 1961, p. 192).O Brasil tem consagrado, em todas as suas constituies, o princpio do jus soli, atendendo s condies polticas e demogrficas do pas. A interpretao deste princpio ampla e abrangeria todos aqueles nascidos em territrio nacional, o qual compreenderia a terra firme, o subsolo, as ilhas, o territrio fluvial, lacustre e martimo (guas territoriais), inclusive a plataforma submarina, o espao areo, os navios e aeronaves brasileiras, de guerra, onde quer que se encontrem, e de outra natureza quando em operao ou ancorados em territrio nacional ou no, no alto-mar ou em territrio que no pertena a nenhum outro Estado (TENRIO, 1961, p.194; VALLADO, 1970, p. 292). Por conta da mudana do perfil demogrfico ocorrida no pas nos ltimos 40 anos, percebe-se a adoo do jus sanguinis em casos especficos para a concesso da nacionalidade brasileira.Segundo observa Tenrio (1961, p 201), como no existe um registro (especial) de nacionalidade brasileiro, a certido de registro civil ou de nascimento [e antes dela, a certido de batismo], que, a princpio, no tem o carter de atribuir nacionalidade, mas sim e principalmente, estabelecer publicidade do estado civil da pessoa, serve comprovao da mesma.A nacionalidade adquirida a outorga da qualidade de nacional feita pela autoridade competente ao estrangeiro que a pede [como, por exemplo, na naturalizao]. O sentimento de liberdade prprio da civilizao moderna tem permitido, dentro dos limites da lei e da convenincia dos Estados, que o estrangeiro renuncie nacionalidade de origem e adquira outra. No devemos ver na naturalizao, por outro lado, uma obrigao do Estado, oriunda do direito internacional, como elemento necessrio s condies de vida entre os povos. A naturalizao , pois, vnculo poltico, j que liberta o individuo da submisso a uma soberania para lig-lo a outra, gerando direitos e deveres recprocos. Como ato de soberania, o Estado senhor exclusivo da convenincia de proceder a naturalizao. Embora a outorga de uma nacionalidade no constitua obrigao do Estado, ela registrada em manifestaes doutrinrias e declaraes internacionais no campo dos chamados direitos fundamentais. O pedido de naturalizao ato voluntrio individual, sendo indispensvel, em regra, que o estrangeiro declare por escrito o seu propsito. H a naturalizao tcita, que se opera com o simples preenchimento dos requisitos legais e, pois, ressalvada a recusa, e a naturalizao expressa, que quando o interessado manifesta a vontade de naturalizar-se, uma vez satisfeitas s exigncias legais. Uma ou outra depender sempre da inteno, da vontade e da implementao de certas condies habituais, da qual a mais importante a residncia no pas, pois no admissvel naturalizar-se algum apenas com a declarao do intento de adquirir a nacionalidade de um Estado. A naturalizao tcita foi, historicamente, sempre de ordem constitucional, j a naturalizao expressa foi matria deixada legislao ordinria (TENRIO, 1961, p. 203; VALLADO, 1970, p. 300).A primeira condio para a naturalizao a capacidade civil do requerente em solicit-la e seus efeitos so exclusivamente individuais. No tem ela qualquer influncia sobre a nacionalidade do outro cnjuge ou dos filhos. Se decretado a anulao do ato de naturalizao por qualquer vcio, o registro dever ser cancelado. O cancelamento da naturalizao se opera mediante sentena judiciria, concedendo-se ao naturalizado os necessrios meios de defesa.O cidado tem liberdade para romper o vnculo que o liga politicamente a um Estado, mediante a renncia voluntria de sua nacionalidade. Escolhe a pessoa o pas ao qual deseja unir-se, aceitando os direitos e deveres da cidadania. O Estado de origem no tem interesse na manuteno de um vnculo que encontra sua fora na reciprocidade de afetos. O direito internacional moderno, procurando resguardar os direitos essenciais do homem, tem proclamado que ningum ser privado arbitrariamente do direito de mudar de nacionalidade. H de se esclarecer que somente se cancela a naturalizao expressamente concedida, posto que a naturalizao tcita, por ser decorrente de um preceito constitucional ou de direito pblico, no se submete a apreciaes judiciais (TENRIO, 1961, p. 210).

3 BREVE EVOLUO HISTRICA.

Sabe-se hoje que os contatos entre povos na antiguidade eram frequentes e havia migraes regulares de um para outro territrio. Pouco se alterou, entretanto, a situao dos estrangeiros, que sempre eram vistos com suspeita. Com a intensificao do intercmbio comercial, firmaram-se tratados e instaurou-se a amizade entre os povos e de seus prncipes. Houve, ento, a evoluo dos espritos para uma forma de internacionalismo e, consequentemente, o estranho j no era olhado com desconfiana. Nesse contexto, criou-se um direito que garantisse a proteo da vida e dos bens dos estrangeiros, apesar de no serem cidados, ou seja, portadores de direitos civis e polticos. Na Grcia, por exemplo, tais direitos emanavam da participao no culto da cidade. Os altares eram inacessveis ao estrangeiro, a quem se vedava ainda ser proprietrio, casar-se ou contrair obrigao com cidado grego. A situao dele se modificou, quando a Grcia precisou dinamizar suas atividades econmicas. Mais tarde, a proteo se ampliou ao estrangeiro domiciliado e at aquele que estivesse de passagem. Em Roma, todo estrangeiro tinha a designao de hostis, inimigo, mesmo quando o Estado ao qual pertencia no estivesse necessariamente em guerra com Roma. No se podia esperar proteo alguma das leis romanas. O estrangeiro podia ser vendido como escravo e seus bens podiam ser sequestrados. Com o tempo, foram-lhe reconhecidos certos direitos, que o elevaram a condio de peregrino, aquele residente em Roma sem ser cidado. Mais tarde foi dado a ele, sob o princpio da reciprocidade, o jus conubii[footnoteRef:5] e o jus comercii[footnoteRef:6], que podiam ser admitidos conjunta ou separadamente, entretanto, sem nenhum direito poltico. [5: Expresso latina que significa direito de contrair matrimnio (2).] [6: Expresso latina que significa direito ao comrcio (2).]

Na poca dos brbaros, foi estabelecido um regime jurdico conhecido pelo nome de personalidade do direito, segundo o qual as leis da tribo ou da nao acompanhavam a pessoa onde ela se encontrasse, bem como os seus bens independentemente de sua situao. No existia, todavia, o princpio da territorialidade. Nessas condies, vrias leis se aplicavam no mesmo territrio, desde que se atendesse ao princpio de que o direito do grupo ou nao acompanhasse a pessoa onde ela se encontrasse. Os germanos, devido ao seu grau social inferior em relao ao povo romano, no conseguiram realizar logo a unidade jurdica em seus domnios, havendo, por conseguinte, um regime dual, onde os costumes brbaros eram seguidos por aqueles que pertenciam a mesma tribo e o restante da populao seguiam os costumes do antigo imprio romano. Tal regime dual criou uma verdadeira torre de Babel e a figura do estrangeiro tornou-se de difcil definio. Mais tarde, com a cristalizao da sociedade pela fuso das populaes indgenas e brbaras, o princpio da personalidade do direito deixou de existir. Durante o regime dual, havia regras para a soluo de conflitos de direitos, como por exemplo: na venda, aplicava-se a lei do vendedor, a sucesso era regida pela lei nacional do de cujus (falecido) e a mulher era submetida lei do marido. Havia ainda as declaraes feitas pelas partes, que asseguravam a prova de nacionalidade e que constavam nos atos. Foram tais declaraes, alis, que determinaram o enfraquecimento do regime da personalidade do direito, porque ofereceram oportunidade a que os interessados escolhessem a lei que melhor servisse aos seus intentos. Ao operar-se o seu declnio, a declarao da lei foi substituda pela eleio da lei, facilitando, destarte, o advento da territorialidade, uma das caractersticas do feudalismo (TENRIO, 1961, p 169).Com efeito, o princpio da personalidade foi substitudo, no feudalismo, pelo da territorialidade, posto que as relaes sociais neste sistema eram dependentes das relaes entre o homem e a terra. Em cada domnio feudal aplicavam-se as leis do territrio. As pessoas estavam ligadas a terra. A submisso impedia que algum mudasse de feudo e de direito sem a autorizao do senhor. O imprio da lei territorial exclua qualquer outro critrio legal. A submisso perptua, ou vassalagem, uniu o homem ao feudo, sem que tivesse importncia, como no perodo anterior, a ideia de nacionalidade. A distino entre as pessoas do local e os estranhos, entretanto, perdurou. Esses, que eram pessoas que deixavam uma senhoria, para viver em outra, deviam fazer um voto de reconhecimento ao novo senhor, seno, tornar-se-iam servos. Com o crescimento da realeza e das cidades e o enfraquecimento do regime feudal, a medida foi atenuada. Como na antiga Grcia, a necessidade de braos estrangeiros determinou a concesso de privilgios e direitos aos estranhos (TENRIO, 1961, p.172).A expanso martima, a formao de estados centralizados na figura do rei e a introduo dos monoplios em benefcio deste e de seu estado, dentro do ideal do mercantilismo, veio substituir o sistema feudal e a ideia de vassalagem. Interessava aos monarcas ter jurisdio total sobre seus territrios e suas populaes, sendo elas locais ou estrangeiras. Quando Lus XIV afirmou que ltat cest moi (o estado sou eu), o rei francs no estava muito distante da realidade daquela poca e da viso dos outros monarcas reinantes. Por conseguinte, nos estados j centralizados a noo de nacionalidade foi se desenvolvendo no sentido de unir os interesses dos monarcas e de suas populaes dentro de um dado territrio, em detrimento dos outros monarcas e de suas populaes. A Revoluo Gloriosa inglesa, em 1688/89, a independncia dos Estados Unidos, em 1776, a Revoluo Industrial, em 1780 e, por fim, a Revoluo Francesa, em 1789, vieram substituir finalmente o velho estado absolutista e as prticas mercantilistas. O estado foi ento organizado nos moldes capitalistas burgueses, seguindo os ideais do iluminismo e sob a gide das leis. O rei, quando preservado, tornou-se constitucional e os governantes passaram a ser eleitos, principio, por parte da populao, e mais tarde, pela grande maioria. Nasce a forma representativa de governo. A nacionalidade e a condio dos estrangeiros tornam-se, ento, assuntos a serem tratados dentro das legislaes internas de cada pas e utilizados segundo seus interesses. Na atualidade, o estado contemporneo, de modo geral, ainda guarda muito dos atributos idealizados pelos iluministas do sculo XVIII, alm dos princpios do liberalismo burgus ou do intervencionismo estatal em diferentes graus.

4 NACIONALIDADE NAS CONSTITUIES BRASILEIRAS.

4.1 Constituio de 1824.

A constituio, que vigorou durante todo o Brasil Imprio e que foi outorgada pelo Imperador D. Pedro I, em 25/03/1824, definiu no seu Art. 6, do Ttulo 2, os cidados brasileiros (Anexo 1).Pela leitura do artigo constitucional permite-se tecer os seguintes comentrios:(a) a alnea a informava que o nascimento em territrio nacional seria condio suficiente para ser cidado brasileiro. Seria a aplicao do jus soli, ou seja, a cidadania dependeria somente do lugar de nascimento do indivduo. Para os j nascidos poca da independncia, seriam considerados cidados brasileiros, ainda que menores de idade (ou seja, ingnuos) e que no fossem escravos (ou seja, libertos). O pai ou a me poderiam ser estrangeiros, mas se qualquer um deles estivesse residindo no Brasil a servio de seu pas, o nascido no seria considerado brasileiro, fato que se constitua uma exceo ao princpio fundamental do jus soli. Segundo Tenrio (1961, p. 199), o termo servio entendido aqui no seu conceito amplo, sendo cargo permanente ou mera representao, mesmo que de natureza transitria e gratuita.(b) a alnea b informava que os filhos de pai brasileiro - sendo eles legtimos ou ilegtimos - ou de me brasileira - inclusive aqueles ilegtimos -, nascidos no estrangeiro seriam cidados brasileiros, desde que viessem a estabelecer domiclio no Imprio. Seria a aplicao do jus sanguinis, uma vez que concede a cidadania brasileira aos filhos de brasileiros nascidos fora do territrio nacional.(c) a alnea c dizia que os nascidos de pai brasileiro, que estivesse em pas estrangeiro em servio do Imprio, seriam considerados cidados brasileiros, mesmo que no viessem a estabelecer domiclio no pas. Seria a aplicao do jus sanguinis somado a um requisito especfico (critrio funcional) Segundo observa Tenrio (1961, p. 199), no h referncia a npcias legtimas, por conseguinte, filhos legtimos ou naturais estariam, portanto, includos no preceito constitucional. No era necessrio que ambos os pais estivessem a servio do governo, bastava apenas um deles. A alnea no comportaria tambm nenhuma outra formalidade para o reconhecimento da qualidade de brasileiro, bastava a implementao da condio de estar o pai ou a me em servio prestado ao pas no exterior, mesmo que os nascidos no estabelecessem domiclio no Brasil.(d) a alnea d falava sobre a grande naturalizao aplicada aos portugueses da Metrpole ou de suas Possesses, que j residissem no Brasil poca da independncia e que aderissem a ela expressa ou tacitamente. Seria a naturalizao tcita, pois decorria do simples preenchimento dos requisitos constitucionais do momento, para que fosse concedida a nacionalidade brasileira.(e) a alnea e informava sobre a condio dos outros estrangeiros [no portugueses], que fossem residentes no Brasil no momento da independncia. Eles seriam considerados naturalizados, mas por naturalizao expressa, uma vez que dependeriam de legislao posterior sobre o assunto, na qual seriam determinadas as qualidades precisas para que eles obtivessem a Carta de Naturalizao.

4.2 Constituio de 1891.

A constituio, que vigorou no perodo da Repblica Velha e que foi promulgada pelo Congresso Constituinte, em 24/02/1891, definiu no seu Art. 69, da Seo I, do Ttulo IV, os cidados brasileiros (Anexo 2).Pela leitura do artigo constitucional cumpre fazer as seguintes consideraes:(a) o inciso 1 informava que seriam cidados brasileiros, todos aqueles nascidos no Brasil, ainda que de pai estrangeiro, desde que residente e que no estivesse a servio de seu pas. Seria a aplicao do jus soli. Como ocorreu no Imprio, o pai ou a me poderiam ser estrangeiros, mas se estivessem residindo no pas a servio do governo de seu pas, o nascido no seria considerado brasileiro.(b) o inciso 2 falava que seriam cidados brasileiros, os filhos de pais brasileiros e at os ilegtimos de me brasileira, nascidos em pas estrangeiro, desde que viessem a estabelecer domiclio na Repblica. Poderiam ser filhos legtimos ou ilegtimos de pai ou de me brasileiros. Seria a aplicao do jus sanguinis.(c) o inciso 3 informava que seriam cidados brasileiros, os nascidos de pai brasileiro, que estivesse em pas estrangeiro a servio da Repblica, mesmo que no viessem a estabelecer domiclio nela. Seria a aplicao do jus sanguinis somado ao critrio funcional, que foi preservado igualmente em todas as constituies republicanas. Pode-se entender o termo pai brasileiro na sua forma ampla, ou seja, poderia ser filho de pai e/ou de me brasileira, sendo os filhos legtimos ou no.(d) o inciso 4 dizia que seriam cidados brasileiros, todos os estrangeiros, que se encontrando no Brasil aos 15 de novembro de 1889 e que no declararem, dentro do prazo de seis meses, depois de entrar em vigor a Constituio, o nimo de conservar a sua nacionalidade de origem. Seria a aplicao da naturalizao tcita, posto que dependente de um preceito constitucional que, uma vez satisfeito, concederia ao estrangeiro a condio de brasileiro para todos os efeitos legais.(e) o inciso 5 relatava que seriam igualmente cidados brasileiros, os estrangeiros que possurem bens imveis no Brasil e fossem casados com brasileiros ou tivessem filhos brasileiros, contanto que residissem no Brasil, salvo se manifestassem a inteno de no mudar de nacionalidade. Seria a aplicao da naturalizao tcita, pois dependente de um preceito legal que, uma vez satisfeito, concederia ao estrangeiro a condio de brasileiro. Tenrio lembra que (1961, p 209) o comportamento posterior do indivduo no o despojaria da cidadania brasileira.(f) o inciso 6 dizia que os estrangeiros seriam cidados brasileiros, quando fossem por outro modo naturalizados, ou seja, seria a aplicao da modalidade da naturalizao expressa, dependente que era de uma legislao posterior sobre o assunto, na qual seriam determinadas as qualidades necessrias para que os estrangeiros fossem naturalizados.

4.3 Constituies de 1934 e de 1937.

A constituio, que vigorou aps a revoluo de 1930 e a revoluo constitucionalista paulista de 1932, e que foi promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte, em 16/07/1934, definiu no seu Art. 106, do Captulo I, do Ttulo III, os brasileiros (Anexo 3).A constituio, que vigorou durante o Estado-Novo e que foi outorgada pelo Presidente Getlio Vargas, em 10/11/1937, definiu, por sua vez, no seu Art. 115, os brasileiros (Anexo 4).Pela leitura dos artigos constitucionais podem-se fazer os seguintes comentrios:(a) a alnea a voltou a repetir o princpio do jus soli - to caracterstico da legislao brasileira desde a independncia - assim, os nascidos no pas seriam brasileiros, ainda que de pai ou me estrangeiros, desde que os pais fossem residentes, no Brasil, por outro lado, se um deles ou ambos estivessem a servio do seu Governo, seus filhos no seriam considerados brasileiros.(b) a alnea b dizia que os filhos (de brasileiro ou de brasileira), nascidos em pas estrangeiro, estando os pais a servio do Brasil, seriam brasileiros. Seria a aplicao do jus sanguinis. Por outro lado, se os pais no estivessem a servio do pas, os filhos nascidos no estrangeiro ainda poderiam ser brasileiros, desde que optassem pela nacionalidade brasileira ao atingirem a maioridade.(c) a alnea c informava que os estrangeiros poderiam adquirir a nacionalidade brasileira, uma vez satisfeita s condies dos incisos 4 e 5, do artigo 69 da Constituio de 1891. Seria a chamada naturalizao tcita, posto que dependente de um preceito constitucional que, uma vez satisfeito, concederia ao estrangeiro a condio de brasileiro.(d) a alnea d falava que os estrangeiros seriam brasileiros, quando fossem por outro modo naturalizados, ou seja, seria a aplicao direta da naturalizao expressa, que dependeria de uma legislao posterior sobre o assunto, a qual especificaria as qualidades necessrias para que tais estrangeiros fossem considerados brasileiros.H de se concluir que no houve diferenas nas constituies de 1934 e 1937 sobre o tema da nacionalidade. A constituio de 1937, especificamente, separou os termos nacionalidade e cidadania, pela primeira vez. Segundo Tenrio (1961, p. 194) a nacionalidade seria o vnculo jurdico-poltico que ligaria a pessoa fsica Nao de que faz parte e a cidadania seria, antes, o exerccio do poder poltico. Nas palavras de Vallado (1970, p. 290), o cidado seria o nacional alistado eleitor.

4.4 Constituio de 1946.

A constituio que vigorou no Brasil, aps o trmino da Segunda Guerra Mundial e da Ditadura Vargas, e que foi promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte, em 18/09/1946, definiu no seu Art. 129, do Captulo I, do Ttulo IV, os brasileiros (Anexo 5).Pela leitura do artigo constitucional convm fazer os seguintes comentrios:(a) o inciso I falava que os nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, seriam brasileiros por conta da aplicao do jus soli porm, desde que os referidos pais no estivessem residindo em territrio nacional a servio do Governo de seu pas. Neste caso, seus filhos no seriam considerados brasileiros.(b) o inciso II informava que os filhos (de brasileiro ou de brasileira), nascidos no estrangeiro, cujos pais estivessem a servio do Brasil, seriam brasileiros. Pelo menos, um deles deveria estar a servio do pas no exterior para que tal condio fosse aceita, seno, os filhos nascidos fora do pas poderiam ainda ser considerados brasileiros, desde que viessem a residir no Brasil [ainda menores] e, uma vez atingida maioridade, optassem por ela dentro de quatro anos. Seria a aplicao do jus sanguinis, com a obrigao de residncia e opo dentro de um prazo especfico.(c) o inciso III informava sobre os estrangeiros que poderiam adquirir a condio de brasileiros, uma vez satisfeitas s condies dos incisos IV e V, do artigo 69 da Constituio de 1891. Seria o caso da naturalizao tcita, que j havia aparecido nas Constituies de 1934 e 1937, assim, sendo satisfeito o preceito constitucional, se consideraria o estrangeiro brasileiro.(d) o inciso IV dizia que os estrangeiros poderiam ser brasileiros, quando fossem por outro modo naturalizados, conforme definido em lei. Seria a aplicao da naturalizao expressa, pois dependeria de uma definio legal posterior sobre o assunto. Por outro lado, no mesmo inciso falado que seria exigida aos portugueses apenas residncia no pas por um ano ininterrupto, idoneidade moral e sanidade fsica. Entende-se como portugus residente no pas, aquele que tivesse reconhecida a sua condio [de residente] pelo Governo brasileiro. Esta parte do inciso, ento, seria a aplicao da naturalizao tcita, uma vez que seria prontamente aplicada, se satisfeitas s condies constitucionais.

4.5 Constituio de 1967 e Emenda Constitucional de 1969.

A constituio, que vigorou aps o golpe militar de 1964 e que foi outorgada pelo Congresso Nacional, em 24/01/1967, definiu no seu Art. 140, do Captulo I, do Ttulo II, os brasileiros (Anexo 6).A Emenda Constitucional n 1, de 17/10/1969, Constituio de 24 de janeiro de 1967, promulgada pelos Ministros da Marinha de Guerra, do Exrcito e da Aeronutica, por fora do Ato Complementar n 38, de 13/12/1968, o qual havia decretado o recesso do Congresso Nacional, e havia usado das atribuies que lhes conferia o artigo 3 do Ato Institucional n 16, de 14/10/1969, combinado com o 1 do artigo 2 do Ato Institucional n 5, de 13/12/1968, incorporou o Ato Institucional n 5 - que havia, por sua vez, suspendido no ano anterior a Constituio de 1967, definiu no seu Art. 145, do Captulo I, do Ttulo II, os brasileiros (Anexo 7).Pela leitura dos artigos constitucionais cabe tecer as seguintes consideraes:(a) o inciso I(a) informava que seriam brasileiros natos, todos aqueles nascidos em territrio brasileiro, ainda que (1967)/embora de (1969) pais estrangeiros. Esta parte do inciso seria a aplicao direta do jus soli, uma vez que o importante seria o local de nascimento da pessoa para que ela tivesse a condio de brasileiro. Entretanto, se um dos pais ou ambos estivessem residindo no Brasil a servio de seu pas, o nascido no seria considerado brasileiro nato, o que se constituiria uma exceo regra do jus soli. Havia a presuno de possuir a nacionalidade brasileira, por fora da primeira parte do inciso, os menores enjeitados, nascidos ou encontrados no territrio nacional, enquanto no fosse provado que eles haviam nascidos no estrangeiro (VALLADO, 1970, p. 292).(b) o inciso I(b) dizia que seriam brasileiros natos, todos aqueles nascidos fora do territrio nacional, de pai ou de me brasileiros (1967)/de pai brasileiro ou me brasileira (1969), desde que os dois ou um deles estivesse no exterior a servio do Brasil. a aplicao do jus sanguinis, pois estende a condio de brasileiro nato queles nascidos fora do territrio nacional, entretanto, desde que um de seus pais ou ambos estivessem a servio do Governo brasileiro.(c) o inciso I(c) falava que seriam brasileiros natos, todos aqueles nascidos no estrangeiro, de pai ou me brasileiros (1967)/de pai brasileiro ou me brasileira (1969), no estando estes a servio do Brasil (1967)/embora no estejam estes a servio do Brasil (1969), entretanto, a condio de brasileiro nato s seria reconhecida, se os nascidos fossem previamente registrados em repartio brasileira competente no exterior. Por outro lado, se eles no o fossem, ainda poderiam ser considerados brasileiros natos, se viessem a residir no Brasil antes de atingir a maioridade e alcanada esta, optassem pela nacionalidade brasileira, dentro de quatro anos.(d) o inciso II(a) informava que seriam brasileiros naturalizados, todos aqueles estrangeiros que adquirissem a nacionalidade, nos termos do artigo 69, nos. IV e V, da Constituio de 1891. Seria a aplicao da naturalizao tcita, que j havia aparecido nas constituies republicanas anteriores, assim, sendo satisfeito o preceito constitucional, se concederia ao estrangeiro a condio de brasileiro naturalizado.(e) o inciso II(b) destacava os outros modos possveis de aquisio da nacionalidade brasileira por naturalizao. Seriam eles:1- aos nascidos no estrangeiro, que houvessem sido admitidos no Brasil durante os primeiros cinco anos de vida e que estivessem radicados (1967)/estabelecidos (1969) definitivamente no territrio nacional. Para tais estrangeiros, a condio de brasileiro naturalizado seria aceita pelo pas at que atingissem a maioridade e, a fim de preservar tal condio, eles deveriam manifestar-se por ela, inequivocamente, no perodo de at dois anos aps atingir a maioridade. Essa manifestao da vontade deveria ser feita perante Juiz Federal e para tal seria observado um procedimento especfico (VALLADO, 1970, p. 297);2- aos nascidos no estrangeiro que, vindo residir no pas antes de atingida a maioridade e tendo feito curso superior em estabelecimento nacional [de ensino], requeressem a nacionalidade brasileira at um ano depois de sua formatura e, no mais, aps atingir a maioridade civil;3- aos estrangeiros, no portugueses, que adquirissem a nacionalidade brasileira por outro modo - sendo este modo definido pela legislao nacional - tambm teriam a condio de brasileiros naturalizados. J aos portugueses seria necessria, apenas a residncia no Brasil por um ano ininterrupto, alm da idoneidade moral e sanidade fsica, para conseguir a condio de brasileiros naturalizados.O inciso II(b) (1, 2 e 3 (segunda parte)) forneceria, ento, o princpio da naturalizao tcita e o II(b) (3 (primeira parte)) forneceria, por sua vez, o princpio da naturalizao expressa. Por oportuno, esclareceu Vallado (1970, p.311), que a naturalizao no isentaria o estrangeiro das responsabilidades a que estava anteriormente obrigado perante o Estado de que era nacional (artigo 44 da Lei n 818, de 18/09/1949).O pargrafo 1 do inciso II informava que os cargos pblicos seriam ocupados privativamente pelos brasileiros natos, ou seja, todos aqueles que fossem cobertos pelo inciso I, do artigo 140 da Constituio Federal de 1967. O pargrafo 2 do inciso II informava, por outro lado, que nenhuma outra restrio seria possvel ao brasileiro em virtude da condio de nascimento, alm daqueles casos previstos no texto constitucional.Aps a emenda de 1969, os pargrafos 1 e 2, da carta de 1967, transformaram-se em pargrafo nico, o qual falava sobre os cargos que seriam privativos de brasileiros natos, que incluiriam aqueles j existentes no pargrafo 1 da constituio de 1967, acrescidos de outros, dentre os quais: Ministros de Tribunais Superiores, Procuradores-Gerais da Repblica, Embaixadores e oficiais militares.

4.6 Constituio de 1988 e Emendas Constitucionais de 1994, 1999 e 2007.

A constituio que vigora at os dias atuais e que foi promulgada pela Assembleia Nacional Constituinte, em 05/10/1988, definiu no seu Art. 12, do Captulo III, do Ttulo II, os brasileiros (Anexo 8).As Emendas Constitucionais n 6, de 07/06/1994, 23, de 02/09/1999 e 54, de 20/09/2007, modificaram o Art. 12 do texto constitucional de 1988, sendo que a ltima acrescentou no Ato das Disposies Constitucionais Transitrias, o artigo 95. (Anexos 9,10 e 11).Pela leitura do artigo constitucional (CF/88) vale fazer os seguintes comentrios:(a) o inciso I(a) informa que seriam brasileiros natos, todos aqueles nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros. Esta parte do inciso seria a aplicao do jus soli, j tradicional nas cartas constitucionais brasileiras, que indicava a importncia do local de nascimento da pessoa para que ela pudesse ter a condio de brasileiro nato. Contudo, se um dos pais ou ambos estivessem residindo no Brasil a servio de seu pas, o nascido no seria considerado brasileiro, o que se constituiria uma exceo regra do jus soli.(b) o inciso I(b) fala que seriam brasileiros natos, todos aqueles nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que qualquer um deles estivesse a servio da Repblica Federativa do Brasil. Seria a aplicao do jus sanguinis somado ao critrio funcional.(c) o inciso I(c) informa que seriam brasileiros natos, todos aqueles nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que fossem registrados em repartio brasileira competente, ou seja, os nascidos no estrangeiro nessas circunstncias, cujos pais no estivessem a servio do pas, teriam a condio de brasileiros natos reconhecida pelo Brasil, desde que fossem previamente registrados em repartio consular brasileira ou seco consular de Embaixada brasileira, no exterior. Se eles, contudo, no fossem registrados por alguma razo, poderiam ainda ser considerados brasileiros natos, se viessem a residir na Repblica Federativa do Brasil antes da maioridade e, alcanada esta optassem em qualquer tempo pela nacionalidade brasileira.(d) o inciso II(a) fala que seriam brasileiros naturalizados, todos aqueles [estrangeiros] que adquirissem a nacionalidade brasileira, na forma da lei. Esta parte do inciso seria a aplicao da naturalizao expressa, uma vez que dependeria de legislao nacional, a qual definiria as exigncias para solicitar tal naturalizao. Por outro lado, os pleiteantes originrios de pases de lngua portuguesa - ou seja, portugueses, mas tambm, angolanos, moambicanos, da Guin Bissau e outros provenientes das ex-colnias de Portugal - poderiam adquirir a nacionalidade brasileira, por naturalizao, tendo apenas que satisfazer o requisito de serem residentes no Brasil por um ano ininterrupto e que tivessem idoneidade moral. Esta parte do inciso seria a aplicao da naturalizao tcita, posto que satisfeito o preceito constitucional, se concederia ao estrangeiro a condio de brasileiro naturalizado.(e) o inciso II(b) informa que seriam brasileiros naturalizados, todos os estrangeiros - no originrios de pases de lngua portuguesa, pois estes estariam cobertos pela segunda parte do inciso II(a) - que residissem no pas, h mais de trinta anos ininterruptos e que no tivessem condenao penal, desde que os mesmos requeressem a nacionalidade brasileira. O inciso seria a aplicao da naturalizao tcita, pois dependente de preceito constitucional, que, uma vez satisfeito, concederia ao estrangeiro a condio de brasileiro.O pargrafo 1 diz que aos portugueses com residncia permanente no Brasil seriam atribudos os direitos inerentes ao brasileiro. Tais direitos, bem esclarece o pargrafo constitucional, somente concretizar-se-iam se houvesse reciprocidade em favor dos brasileiros [residentes], em Portugal e, mesmo havendo tal reciprocidade, os direitos no seriam devidos nos casos especficos previstos na constituio, uma vez que pertenceriam apenas aos nacionais natos brasileiros.O pargrafo 2 informa que a lei no poderia estabelecer distino entre brasileiros natos e naturalizados, a no ser nos casos especificamente previstos no texto constitucional, como, por exemplo, a distino prevista para a ocupao daqueles cargos enumerados no pargrafo 3, do Artigo 12, que seriam privativos de brasileiros natos.Aps a emenda constitucional de 1994, o artigo 12 da constituio de 1988 teve as seguintes modificaes: houve uma nova interpretao do inciso I(c), houve, no inciso II(b), a diminuio do prazo dado aos estrangeiros residentes para requerer a nacionalidade brasileira (15 anos) e no pargrafo 1 foi suprimido o termo nato do texto.Aps a emenda constitucional de 1999, no pargrafo 3 do artigo 12 da referida constituio, houve a adio de mais um cargo privativo de brasileiros natos, o de Ministro de Estado da Defesa.Aps a emenda constitucional de 2007, houve, mais uma vez, nova interpretao do inciso I(c) do artigo 12 da referida constituio e foi acrescentado o artigo 95 no Ato das Disposies Constitucionais Transitrias.

5 CONSOLIDAO DE PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS.

Ao longo da histria constitucional brasileira, a nacionalidade apresentou alguns princpios que se consolidaram e outros que sofreram alteraes ou foram simplesmente substitudos. O primeiro princpio consolidado e que aparece em todas as cartas magnas aquele relativo ao jus soli, ou seja, a nacionalidade seria dependente do lugar de nascimento do indivduo. Nesse contexto, cidado brasileiro (Constituies de 1824 e 1891) ou brasileiro (Constituies de 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988 e Emendas Constitucionais de 1969, 1994 e 2007) seria todo aquele nascido no territrio nacional, ou seja, onde o Brasil exercesse o seu domnio.O princpio do jus soli permitiria a ocorrncia de trs excees: a primeira seria aquela relativa aos nascidos no territrio nacional, de pais estrangeiros, os quais um deles ou ambos estivessem residindo localmente a servio de seu pas. Tais nascidos no seriam [cidados] brasileiros. A segunda seria aquela relativa aos nascidos fora do territrio nacional, filhos de pai, me ou ambos brasileiros e que estivessem residindo no estrangeiro a servio do Governo brasileiro. Tais nascidos seriam [cidados] brasileiros, mesmo que no viessem a estabelecer domiclio no pas, conforme observado nas Constituies de 1824 e 1891. A terceira exceo abrangeria todos aqueles nascidos no estrangeiro, filhos de pai, me ou ambos brasileiros, que no estivessem residindo no estrangeiro a servio do pas. Nesse caso, houve uma alterao do preceito constitucional ao longo do tempo, o que ensejou, por vezes, a atuao do Ministrio das Relaes Exteriores de modo fundamental - por meio do seu servio consular.Com efeito, as constituies do Imprio e da Primeira Repblica admitiam a concesso da nacionalidade brasileira, se tais nascidos no estrangeiro viessem a estabelecer domiclio no pas. Chega-se a pensar que esta teria sido uma soluo encontrada pelo Imprio e pela Repblica Velha para trazer ou atrair mais pessoas para ocupar o imenso territrio nacional, pois, foraria o estabelecimento do domiclio no pas desses filhos de brasileiros para que, ento, pudessem receber e gozar dos direitos da cidadania.As constituies de 34 e 37 admitia a concesso da nacionalidade, desde que aqueles filhos de brasileiros optassem por ela, uma vez que atingissem a maioridade (civil). A anlise permite afirmar que a maioridade em questo seria aquela estabelecida de acordo com a legislao brasileira poca e, segundo entendimento da Lei n 818, de 1949, a manifestao da opo deveria ser feita no Brasil (TENRIO, 1961, p. 200). A constituio de 1946, por outro lado, os admitiu como brasileiros, se eles viessem a residir no pas (ainda menores) e que, para conservar a nacionalidade brasileira, uma vez atingida maioridade, optassem por ela dentro de quatro anos. A opo, em questo, constaria de termo assinado pelo optante ou seu procurador, no Registro Civil de Nascimento (Lei no. 818, de 1949) (TENRIO, 1961, p. 199). A Constituio de 1967 e a Emenda de 1969 entenderam que, a nacionalidade brasileira originria seria concedida queles nascidos no estrangeiro, desde que os mesmos fossem registrados em repartio consular brasileira no exterior ou, no o sendo, o procedimento seria igual quele descrito no artigo correspondente da CF/46. Semelhante entendimento teve a Constituio de 1988, entretanto, a opo pela nacionalidade poderia ser feita em qualquer tempo, uma vez atingida maioridade, e no mais dentro de quatro anos. Pode-se esclarecer que, por uma questo de jurisdio consular, a repartio competente brasileira no exterior seria a repartio consular mais prxima do local de residncia do interessado e a referida opo deveria ser manifestada perante Juiz Federal e, se deferida, seria feita no Registro Civil do optante a transcrio no seu assento e cessaria, desde ento, as restries legais (VALLADO, 1970, p 297).As Emendas de 1994 e 2007 tiveram, por fim, diferentes interpretaes nesse ponto. A primeira entendeu que, a nacionalidade brasileira originria poderia ser concedida aos nascidos no estrangeiro, cujos pais no estivessem residindo localmente a servio do pas, desde que viessem a residir no Brasil, em qualquer tempo, e optassem, em qualquer tempo, por ela. Nada foi falado, portanto, sobre o registro civil em repartio consular brasileira, no exterior, como alternativa vlida para a obteno da nacionalidade ptria. Apesar disso, o registro consular poderia ainda ser normalmente lavrado pelos Consulados brasileiros. Haveria, portanto, a obrigatoriedade de residncia e opo em solo brasileiro. A segunda emenda corrigiu o texto da primeira e ampliou a interpretao do inciso constitucional de 88, quando admitiu que a referida nacionalidade brasileira fosse concedida queles nascidos, se os mesmos fossem registrados em repartio consular brasileira - voltando assim ao texto original - ou, no o sendo, que viessem a residir no pas, em qualquer tempo, e optassem por ela, em qualquer tempo, uma vez atingida maioridade. Vale sublinhar aqui que, possivelmente, a nova redao do inciso constitucional veio corrigir a situao criada pela EC/94, onde os filhos de brasileiros nascidos no estrangeiro no podiam mais ser registrados no Consulado brasileiro para fins de assegurar-lhes a nacionalidade e que, porventura, houvessem nascidos em pases que concedessem a nacionalidade seguindo apenas o princpio do jus sanguinis. Tais brasileirinhos tornar-se-iam, pois, aptridas, em algum momento e por certo tempo, caso no pudessem vir a residir no Brasil e optassem pela nacionalidade brasileira, em qualquer tempo.Dentro do todo o contexto acima descrito, h de se concluir que o registro de nascimento lavrado em repartio consular brasileira comea a ser de fundamental importncia, a partir da constituio de 1967, para a atribuio da nacionalidade queles nascidos fora do territrio nacional, filhos de pai, de me ou de ambos brasileiros e que no estivessem residindo no estrangeiro a servio do Governo. Com tal registro, portanto, no seria necessria a posterior obrigao do registrado em residir e optar, no pas, para confirmar a nacionalidade brasileira (salvo no perodo da Emenda Constitucional de 1994, onde tal possibilidade no existia). A Conveno de Viena sobre Relaes Consulares, assinada em Viena, em 24/04/1963 e promulgada no Brasil pelo decreto n 61.078, de 26/07/1967, forneceu o embasamento legal para que o Servio Consular do Ministrio de Relaes Exteriores (MRE) pudesse atuar como verdadeiro notrio ou oficial de registro civil, no exterior, permitindo que seus agentes pudessem aplicar, de forma efetiva, os artigos constitucionais correspondentes.Por fim, a experincia profissional vivida pelo autor na Embaixada em Tel Aviv e no Consulado-Geral em Chicago, onde atuou por cerca de quatro anos cada, contribuiu para que o mesmo chegasse concluso de que seria uma boa prtica consular - apesar de no estar prevista, textualmente, em qualquer parte do Manual do Servio Consular e Jurdico do Itamaraty (MSCJ/MRE), se funcionrio do quadro, com auxlio dos contratados locais, pudesse atuar, concomitantemente, nos setores de atos notariais, nacionalidade e passaportes, a fim de que pudesse atender melhor o pblico alvo, evitando-se, com isso, o fornecimento de informaes desencontradas ou passveis de questionamentos desnecessrios.Alguns princpios constitucionais, por outro lado, no se consolidaram, como, por exemplo, aquele que facilitava a naturalizao do elemento portugus da metrpole ou de suas possesses, que estivessem residindo no pas, no momento da independncia, e que aderissem a ela, expressa ou tacitamente (CF/1824). Os demais estrangeiros, por outro lado, teriam a naturalizao definida posteriormente, em legislao apropriada. Nos textos constitucionais posteriores, os portugueses foram includos junto aos outros estrangeiros, para fins de naturalizao. H de se notar aps anlise, contudo, certo tratamento diferenciado dado a eles e que aparece, explicitamente, nas cartas de 46, 67 e sua emenda, onde se fala sobre o tempo necessrio para a naturalizao dos portugueses residncia de apenas um ano ininterrupto no pas, idoneidade moral e sanidade fsica. Como falado anteriormente, o portugus residente no pas seria aquele que tivesse reconhecida a sua condio [de residente] pelo Governo brasileiro e tal fato se materializaria com a obteno, pelo interessado, da carteira nacional de estrangeiro, tambm chamada carteira RNE, junto ao Departamento de Polcia Federal (DPF), rgo ligado ao Ministrio da Justia. Por outro lado, os portugueses j naturalizados brasileiros, no seriam considerados residentes, mas sim nacionais para todos os efeitos legais. A idoneidade moral poderia ser provada por atestado policial de bons antecedentes e folha corrida, passados pelos servios competentes dos lugares do Brasil, onde o naturalizando houvesse residido e a sanidade fsica, a Lei n 818, de 18/09/1949 - que regulamentou o inciso constitucional - fala sobre um atestado de sanidade fsica emitida por rgo competente, e no, de um exame feito por profissional de sade (TENRIO, 1961, p. 212). Na carta de 88 e suas emendas, este tratamento diferenciado estendido a todos aqueles oriundos de pases de lngua portuguesa. Outra facilidade concebida, especificamente, aos portugueses na referida carta [de 88] foi aquela que atribuiu a eles direitos inerentes aos brasileiros natos, desde que houvesse reciprocidade em favor dos brasileiros [em Portugal].Em certos momentos histricos, especfica facilidade foi igualmente concedida aos estrangeiros, no portugueses, para naturalizar-se, dependente sempre de fatores particulares, como por exemplo: na Constituio de 1891, que autorizava a naturalizao, desde que requerida pelo interessado, se o estrangeiro possusse bens imveis no pas e fosse casado com brasileiro ou tivesse filhos brasileiros; na Constituio de 67 e sua emenda, que admitiam a naturalizao, se o estrangeiro tivesse sido admitido, no pas, durante os primeiros cinco anos de vida e se achando radicado, definitivamente, no Brasil, manifestasse a vontade de ser naturalizado brasileiro e na Constituio de 88 e suas emendas, que admitiam a naturalizao, se o estrangeiro, residente no Brasil por perodo superior a 30 anos e sem condenao penal (a Emenda de 94, fala de 15 anos) requeresse a nacionalidade brasileira.Pode-se esclarecer, por oportuno, que os filhos nascidos no estrangeiro, de pai e me estrangeira, aps a naturalizao aqui de um dos progenitores, no seriam considerados brasileiros natos para todos os efeitos legais, no podendo, por conseguinte, fazer a opo de que se trata o inciso constitucional correspondente, quando atingissem a maioridade, uma vez que tal opo seria considerada fraudulenta (VALLADO, 1970, p. 294). J os filhos, nascidos no estrangeiro, dos funcionrios brasileiros, localmente contratados pelas Embaixadas ou Consulados do Brasil, no exterior, seriam considerados brasileiros ou brasileiros natos por fora do inciso correspondente nas diferentes cartas magnas e, portanto, dependentes de seu rito especfico.Dentro das perspectivas futuras do tema, chega-se a concluso de que a nacionalidade continuar a ser matria tratada no mbito constitucional nos prximos anos, levando-se em conta o desenvolvimento histrico at aqui verificado, entretanto, a composio e organizao dos incisos podero sofrer novas alteraes, com interpretao mais ampla ou mais restritiva, dependendo do momento poltico-econmico nacional. Uma possibilidade de alterao se relacionaria, por exemplo - devido contnua diminuio das taxas de natalidade do pas, consequente envelhecimento da populao e fortalecimento substancial da economia- definio do [cidado] brasileiro, que poderia ser ampliada e passar a incluir os nascidos no exterior, netos de brasileiros, no estando seus avs residindo localmente a servio do pas; outra possibilidade se prenderia a ampliao da naturalizao aos nacionais dos pases do MERCOSUL, aps a residncia deles no Brasil por um ano ininterrupto (atualmente, esta regra aplicvel apenas aos estrangeiros provenientes dos pases de lngua portuguesa). Uma ampliao ou diminuio de cargos privativos de brasileiro nato tambm poderia se estudada, dentro das necessidades do Brasil e de sua insero no mundo.

6 CONCLUSES.

Como se sabe, existe uma ligao entre o conceito de nacionalismo surgido no fim do sculo XVIII e no sculo XIX e o da nacionalidade moderna. Tal conceito veio influenciar as colnias da Espanha e Portugal no Novo Mundo, propiciando a sua independncia durante o sculo XIX. O nacionalismo poderia ser definido como um sentimento com razes em amplas circunstncias histricas, geogrficas, lingusticas ou culturais. Ele se caracterizaria, portanto, pela conscincia que tem um grupo de pertencer a uma tradio derivada dessas circunstncias, as quais diferem das tradies de outros grupos. Nesse contexto, a formao nacional seria a realizao poltica dos propsitos do nacionalismo. Na Gr-Bretanha, Frana, Espanha e Portugal dos sculos XVIII e XIX j existiam as tradies e sentimentos que eram indissoluvelmente ligados vida dos ingleses, franceses, espanhis e portugueses. Por outro lado, em outras reas da Europa, o nacionalismo viria a constituir um fenmeno de carter mais auto afirmativo do que nos outros quatro pases de referncia, os quais j existiam durante sculos como entidades geogrficas, culturais e polticas particulares. O nacionalismo e a nacionalidade moderna foram, em parte, frutos da Revoluo Francesa. No sculo XIX passou a existir a ideia do desenvolvimento progressivo da sociedade e de que a civilizao no seria apenas o produto de uma elite artificial e internacional, mas da genuna cultura do povo comum (BURNS, 1989, p. 573). A formao de uma sociedade e povo com caractersticas distintas nas reas coloniais americanas j estava em curso havia tempo e a debilidade poltico-econmica das metrpoles europeias nos referidos sculos abriu caminho para o processo de emancipao nacional da Amrica espanhola e portuguesa. Com a independncia, o tema nacionalidade, no direito ptrio brasileiro, foi colocado como preceito constitucional, desde o incio e o princpio do jus soli norteou todas as cartas magnas nacionais com o surgimento do pas, sendo ele, afinal, que possibilitou a assimilao dos imigrantes pelo Brasil e permitiu, por fim, a existncia e o desenvolvimento da Amrica portuguesa.Por outro lado, houve sempre a ressalva de no se aplicar o referido princpio aos filhos de estrangeiros nascidos no Brasil, cujos pais estivessem residindo em territrio nacional, por fora de ser agente de seu Governo internamente, sendo salvaguardados, pela aplicao do mesmo princpio, aos nascidos no estrangeiro de pai e/ou de me brasileiro a servio do nosso Governo, no exterior.A naturalizao tcita, quando possvel, na legislao brasileira, sempre foi matria tratada no mbito da constituio e a naturalizao expressa sempre foi competncia do Poder Executivo Federal. Cabe assim, pois, ao Presidente da Repblica, por meio do Ministrio da Justia, a apreciao no caso da naturalizao expressa e, por ser ato de soberania, de admisso comunidade brasileira, poder ela ser recusada muitas vezes por motivos que devem permanecer secretos (VALLADO, 1970, p. 307).

7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.

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4. BRASIL. Ministrio das Relaes Exteriores. Subsecretaria Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior. Manual de Servio Consular e Jurdico. Tomo I. Captulos 4 e 5. Braslia, 2010.

5. BRASIL. Nova Constituio Brasileira. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 1988. 119 p.

6. BRASIL. Senado Federal. Portal de legislao. Constituio Federal de 1988 e suas emendas. Braslia, DF. Disponvel em: e . Acesso em 29/01/2013.

7. BURNS, Edward McNall; LERNER, Robert E.; MEACHAM, Standish. Histria da Civilizao Ocidental: Do homem das cavernas s naves espaciais. 30 edio. Rio de Janeiro: Editora Globo S/A, 1989.

8. DOWER, Nlson Godoy Bassil. Instituies de Direito Pblico e Privado. 6 edio, revista e atualizada. So Paulo: Editora Atlas S/A, 1987.

9. TENRIO, Oscar. Direito Internacional Privado. 7 edio, revista e aumentada. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos S/A, 1961.

10. VALLADO, Haroldo. Direito Internacional Privado. 2 edio, revista e atualizada. Rio de Janeiro: Biblioteca Universitria Freitas Bastos Ltda., 1970.ANEXO 1

Ttulo 2Dos Cidados Brazileiros (sic).Art. 6. So Cidados Brazileiros (sic)a) Os que no Brazil (sic) tiverem nascido, quer sejam ingnuos, ou libertos, ainda que o pai seja estrangeiro, uma vez que este no resida por servio de sua Nao.b) Os filhos de pai Brazileiro (sic), e os ilegtimos de mi (sic) Brazileira (sic), nascidos em pas estrangeiro, que vierem estabelecer domiclio no Imprio.c) Os filhos de pai Brazileiro (sic), que estivesse em pas estrangeiro, em servio do Imprio, embora eles no venham estabelecer domiclio no Brazil (sic).d) Todos os nascidos em Portugal, e suas Possesses, que sendo j residentes no Brazil (sic) na poca, em que se proclamou a independncia nas Provncias, onde habitavam, aderiram esta expressa, ou tacitamente, pela continuao de sua residncia.e) Os estrangeiros naturalizados, qualquer que seja a sua religio. A Lei determinar as qualidades precisas, para se obter Carta de naturalizao. (1)

ANEXO 2

Ttulo IVDos Cidados BrasileirosSeo IDas Qualidades do Cidado BrasileiroArt. 69 So cidados brasileiros:1) os nascidos no Brasil, ainda que de pai estrangeiro, no residindo este a servio de sua nao;2) os filhos de pai brasileiro e os ilegtimos de me brasileira, nascidos em pas estrangeiro, se estabelecerem domiclio na Repblica;3) os filhos de pai brasileiro, que estiver em outro pas ao (sic) servio da Repblica, embora nela no venham domiciliar-se;4) os estrangeiros, que achando-se (sic) no Brasil aos 15 de novembro de 1889, no declararem, dentro em seis meses depois de entrar em vigor a Constituio, o nimo de conservar a nacionalidade de origem;5) os estrangeiros que possurem bens imveis no Brasil e forem casados com brasileiros ou tiverem filhos brasileiros contanto que residam no Brasil, salvo se manifestarem a inteno de no mudar de nacionalidade;6) os estrangeiros por outro modo naturalizados. (1)

ANEXO 3

Ttulo IIIDa Declarao de DireitosCaptulo IDos Direitos PolticosArt. 106 So brasileiros:a) os nascidos no Brasil, ainda que de pai estrangeiro, no residindo este a servio do Governo do seu pas;b) os filhos de brasileiro, ou brasileira, nascidos em pas estrangeiro, estando os seus pais a servio pblico e, fora deste caso, se, ao atingirem a maioridade, optarem pela nacionalidade brasileira;c) os que j adquiriram a nacionalidade brasileira, em virtude do art. 69, nos. 4 e 5, da Constituio, de 24 de fevereiro de 1891;d) os estrangeiros por outro modo naturalizados. (1)

ANEXO 4

Da Nacionalidade e da CidadaniaArt. 115 So brasileiros:a) os nascidos no Brasil, ainda que de pai estrangeiro, no residindo este a servio do governo do seu pas;b) os filhos de brasileiro ou brasileira, nascidos em pas estrangeiro, estando os pais a servio do Brasil e, fora deste caso, se, atingida a maioridade, optarem pela nacionalidade brasileira;c) os que adquiriram a nacionalidade brasileira nos termos do art. 69, nos. 4 e 5, da Constituio de 24 de fevereiro de 1891;d) os estrangeiros por outro modo naturalizados. (1)

ANEXO 5

Ttulo IVDa Declarao de DireitosCaptulo IDa Nacionalidade e da CidadaniaArt. 129 So brasileiros:I- os nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, no residindo estes a servio do seu pas;II- os filhos de brasileiro ou brasileira, nascidos no estrangeiro, se os pais estiverem a servio do Brasil ou, no o estando, se vierem residir no Pas. Neste caso, atingida a maioridade, devero, para conservar a nacionalidade brasileira, optar por ela, dentro em quatro anos;III- os que adquiriram a nacionalidade brasileira nos termos do art. 69, nos IV e V, da Constituio de 24 de fevereiro de 1891;IV- os naturalizados pela forma que a lei estabelecer, exigidas aos portugueses apenas residncia no Pas por um ano ininterrupto, idoneidade moral e sanidade fsica. (1)

ANEXO 6

Ttulo IIDa Declarao de DireitosCaptulo IDa NacionalidadeArt. 140 So brasileirosI- natos:a) os nascidos em territrio brasileiro, ainda que de pais estrangeiros, no estando estes a servio de seu pas;b) os nascidos fora do territrio nacional, de pai ou de me brasileiros, estando ambas ou qualquer um deles a servio do Brasil;c) os nascidos no estrangeiro, de pai ou me brasileiros (sic), no estando estes a servio do Brasil, desde que, registrados em repartio brasileira competente no exterior, ou no registrados, venham a residir no Brasil antes de atingir a maioridade. Neste caso, alcanada esta, devero, dentro de quatro anos, optar pela nacionalidade brasileira;II- naturalizados:a) os que adquiriram a nacionalidade brasileira, nos termos do art. 69, nos. IV e V, da Constituio de 24 de fevereiro de 1891;b) pela forma que a lei estabelecer:1- os nascidos no estrangeiro, que hajam sido admitidos no Brasil durante os primeiros cinco anos de vida, radicados definitivamente no territrio nacional. Para preservar a nacionalidade brasileira, devero manifestar-se por ela, inequivocamente, at dois anos aps atingir a maioridade;2- os nascidos no estrangeiro que, vindo residir no Pas antes de atingida a maioridade, faam curso superior em estabelecimento nacional e requeiram a nacionalidade at um ano depois da formatura;3- os que, por outro modo, adquirirem a nacionalidade brasileira; exigida aos portugueses apenas residncia por um ano ininterrupto, idoneidade moral e sanidade fsica.1 - So privativos de brasileiros natos os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Repblica, Ministro de Estado, Ministro do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Federal de Recursos, Senador, Deputado Federal, Governador e Vice-Governador de Estado e de Territrio e seus substitutos.2 - Alm das previstas nesta Constituio, nenhuma outra restrio se far ao brasileiro em virtude a condio de nascimento. (1)

ANEXO 7

Ttulo IIDa Declarao de DireitosCaptulo IDa NacionalidadeArt. 145. So brasileiros:I- natos:a) os nascidos em territrio brasileiro, embora de pais estrangeiros, desde que estes no estejam a servio de seu pas;b) os nascidos fora do territrio nacional, de pai brasileiro ou me brasileira, desde que qualquer deles esteja a servio do Brasil; ec) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou me brasileira, embora no estejam estes a servio do Brasil, desde que registrados em repartio brasileira competente no exterior ou, no registrados, venham a residir no territrio nacional antes de atingir a maioridade; neste caso, alcanada esta, devero, dentro de quatro anos, optar pela nacionalidade brasileira.II- naturalizados:a) os que adquiriram a nacionalidade brasileira, nos termos do artigo 69, itens IV e V, da Constituio de 24 de fevereiro de 1891;b) pela forma que a lei estabelecer:1- os nascidos no estrangeiro, que hajam sido admitidos no Brasil durante os primeiros cinco anos de vida, estabelecidos definitivamente no territrio nacional. Para preservar a nacionalidade brasileira, devero manifestar-se por ela, inequivocamente, at dois anos aps atingir a maioridade;2- os nascidos no estrangeiro que, vindo residir no Pas antes de atingida a maioridade, faam curso superior em estabelecimento nacional e requeiram a nacionalidade at um ano depois da formatura;3- os que, por outro modo, adquirirem a nacionalidade brasileira, exigida aos portugueses apenas residncia por um ano ininterrupto, idoneidade moral e sanidade fsica.Pargrafo nico. So privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Repblica, Ministro de Estado, Ministro do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho, do Tribunal Federal de Recursos, do Tribunal de Contas da Unio, Procurador-Geral da Repblica, Senador, Deputado Federal, Governador do Distrito Federal, Governador e Vice-Governador de Estado e de Territrio e seus substitutos, os de Embaixador e os das carreiras de Diplomata, de Oficial da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica. (1)

ANEXO 8

Ttulo IIDos Direitos e Garantias Fundamentais[...]Captulo III Da NacionalidadeArt. 12. So brasileiros:I- Natos:a) os nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes no estejam a servio de seu pas;b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que qualquer deles esteja a servio da Repblica Federativa do Brasil;c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou me brasileira, desde que sejam registrados em repartio brasileira competente, ou venham a residir na Repblica Federativa do Brasil antes da maioridade e, alcanada esta, optem em qualquer tempo pela nacionalidade brasileira;II- Naturalizados:a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originrios de pases de lngua portuguesa apenas residncia por um ano ininterrupto e idoneidade moral;b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na Repblica Federativa do Brasil h mais de trinta anos ininterruptos e sem condenao penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.1 Aos portugueses com residncia permanente no Pas, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, sero atribudos os direitos inerentes ao brasileiro nato, salvo nos casos previstos nesta Constituio.2 A lei no poder estabelecer distino entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituio.3 So privativos de brasileiro nato os cargos:I- de Presidente e Vice-Presidente da Repblica;II- de Presidente da Cmara dos Deputados;III- de Presidente do Senado Federal;IV- de Ministro de Supremo Tribunal Federal;V- da carreira diplomtica;VI- de oficial das Foras Armadas.4[...]. (5)

ANEXO 9

Ttulo IIDos Direitos e Garantias Fundamentais[...]Captulo III - Da NacionalidadeArt. 12. So brasileiros:I- Natos:a) os nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes no estejam a servio de seu pas;b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que qualquer deles esteja a servio da Repblica Federativa do Brasil;c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que venham a residir na Repblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira;II- Naturalizados:a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originrios de pases de lngua portuguesa apenas residncia por um ano ininterrupto e idoneidade moral;b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na Repblica Federativa do Brasil h mais de quinze anos ininterruptos e sem condenao penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 1 Aos portugueses com residncia permanente no Pas, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, sero atribudos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituio. 2 A lei no poder estabelecer distino entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituio. 3 So privativos de brasileiro nato os cargos:I- de Presidente e Vice-Presidente da Repblica;II- de Presidente da Cmara dos Deputados;III- de Presidente do Senado Federal;IV- de Ministro do Supremo Tribunal Federal;V- da carreira diplomtica;VI- de oficial das Foras Armadas. 4 [...] (6)

ANEXO 10

Ttulo IIDos Direitos e Garantias Fundamentais[...]Captulo III - Da NacionalidadeArt. 12. So brasileiros:I- Natos:a) os nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes no estejam a servio de seu pas;b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que qualquer deles esteja a servio da Repblica Federativa do Brasil;c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que venham a residir na Repblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira;II- Naturalizados:a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originrios de pases de lngua portuguesa apenas residncia por um ano ininterrupto e idoneidade moral;b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na Repblica Federativa do Brasil h mais de quinze anos ininterruptos e sem condenao penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 1 Aos portugueses com residncia permanente no Pas, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, sero atribudos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituio. 2 A lei no poder estabelecer distino entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituio. 3 So privativos de brasileiro nato os cargos:I- de Presidente e Vice-Presidente da Repblica;II- de Presidente da Cmara dos Deputados;III- de Presidente do Senado Federal;IV- de Ministro do Supremo Tribunal Federal;V- da carreira diplomtica;VI- de oficial das Foras Armadas;VII- de Ministro de Estado da Defesa. 4 [...] (6)

ANEXO 11

Ttulo IIDos Direitos e Garantias Fundamentais[...]Captulo III - Da NacionalidadeArt. 12. So brasileiros:I- Natos:a) os nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes no estejam a servio de seu pas;b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que qualquer deles esteja a servio da Repblica Federativa do Brasil;c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que sejam registrados em repartio brasileira competente ou venham a residir na Repblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;II- Naturalizados:a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originrios de pases de lngua portuguesa apenas residncia por um ano ininterrupto e idoneidade moral;b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na Repblica Federativa do Brasil h mais de quinze anos ininterruptos e sem condenao penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.1 Aos portugueses com residncia permanente no Pas, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, sero atribudos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituio.2 A lei no poder estabelecer distino entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituio.3 So privativos de brasileiro nato os cargos:I de Presidente e Vice-Presidente da Repblica;II de Presidente da Cmara dos Deputados;III de Presidente do Senado Federal;IV de Ministro do Supremo Tribunal Federal;V da carreira diplomtica;VI de oficial das Foras Armadas;VII de Ministro de Estado da Defesa.4 [...].[............]Art. 2 O Ato das Disposies Constitucionais Transitrias passa a vigorar acrescido do seguinte art. 95:Art. 95. Os nascidos no estrangeiro entre 7 de junho de 1994 e a data da promulgao desta Emenda Constitucional, filhos de pai brasileiro ou me brasileira, podero ser registrados em repartio diplomtica ou consular brasileira competente ou em ofcio de registro, se vierem a residir na Repblica Federativa do Brasil.(6)