A Ocupação Islâmica Do Castelo Dos Mouros (Sintra)

  • Upload
    nombry

  • View
    8

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Sintra Castelo

Citation preview

  • 207

    R E S U M O Centro de defesa de um territrio essencialmente rural, no extremo ocidental do Garb

    al-Andaluz, o Castelo dos Mouros apresenta uma estrutura de planta irregular, para alm

    das vrias reconstrues ali realizadas. Em 1993, na sequncia das escavaes arqueolgicas

    efectuadas na encosta sul do castelo, foram postas a descoberto evidncias da ocupao

    muulmana desta fortificao, atravs do aparecimento de trs silos completamente entu-

    lhados, um deles em associao com um pavimento argamassado. O conjunto dos materi-

    ais cermicos exumados insere-se num leque cronolgico entre os sculos IX-XI.

    A B S T R A C T The defensive center of an essentially rural territory in the extreme west of the

    Garb al-Andalus, the Castelo dos Mouros is characterized by a plan with an irregular struc-

    ture, with constructions of later settlements added to it. In 1993, following an archaeologi-

    cal survey, evidence was found that confirms the Moorish occupation of this castle. Three

    storage pits were found completely filled; one was associated with a mortar-paved floor. The

    ceramics found date to between the 9th and 11th centuries.

    1. O territrio

    Fontes islmicas descrevem, nos sculos XI e XII, a regio de Sintra realando a sua riqueza emrecursos naturais, cujo aproveitamento permitiria, por um lado, o desenvolvimento da agricultura eda pastorcia e, por outro, pela proximidade do Oceano Atlntico, a utilizao dos recursos marinhos.

    Instalado num dos cumes sobranceiros da Serra de Sintra, numa rea de caos de blocosque to bem caracterizam a rea oriental deste macio isolado, o denominado Castelo dos Mou-ros domina toda uma vasta regio de plataformas calcrias circundantes constitudas por ter-renos essencialmente agrcolas pertencentes aos clssicos agri olisiponenses. A rede hidrogrficada serra onde est implantado revela-se atravs de pequenas, mas numerosas, linhas de gua,assim como de fontes naturais de gua lmpida e fresca.

    A ocupao islmica do Castelo dos Mouros (Sintra):interpretao comparada*

    CATARINA COELHO

    REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia . volume 3. nmero 1. 2000

  • 208

    A caracterizao das potencialidades da regio de Sintra foi, como j dissemos, objecto deanlise por diversos gegrafos, historiadores e viajantes islmicos, nomeadamente AlmunimeAlhimiari, que ao compilar escritos anteriores descreve a proximidade do mar em relao vilade Sintra, bem como a riqueza e fertilidade dos seus frutos, assim como as violetas selvagens quecrescem na serra e o mbar recolhido na costa vizinha (Coelho, 1989, p. 63).

    A situao geogrfica que ocupa, grosso modo um territrio a Norte do esturio do Tejo,faz com que se constitua como parte integrante dos cinco territrios geo-histricos do Garb al--Andaluz (Torres, 1992).

    Identificada por Al-Bakri, no sculo XI como uma das oito cidades mais importantes doGarb al-Andaluz, Sintra comportava no seu termo Cascais, que ainda na Baixa Idade Mdia fun-cionava como seu porto martimo muito embora tenha sido desvinculado daquele territrioatravs da Carta Rgia de 1364 e parte de Mafra (Marques, 1988).

    De Sintra partiam trs importantes vias terrestres que a ligavam a Mafra, a Cascais, atravsde Alcabideche e, a mais significativa, a Lisboa, grande centro urbano a Leste, importante pla-taforma de redistribuio e encontro de diversas redes virias e das mais variadas culturas. Sabendoque a definio do espao no Al-Andaluz admitia uma distncia de cerca de 100 km, no mximo,e os 40 km, no mnimo, entre as principais cidades, podemos observar essa realidade, por exem-plo, para Santarm e Lisboa, no primeiro caso, e para Sintra e Lisboa, no segundo.

    A importncia de Sintra durante a ocupao muulmana deve ser analisada destacando aparticularidade das relaes estabelecidas com Lisboa. Contextualizando cronolgica, poltica,administrativa e economicamente a rea da pennsula de Lisboa no pode ser percebida sem adevida articulao entre as duas comunidades mais ocidentais do Garb al-Andaluz.

    A regio de Lisboa sempre gozou de uma certa autonomia face aos centros de deciso pol-tica do Al-Andaluz, o que lhe confere, ao mesmo tempo, uniformidade e especificidade. Por outrolado, no esqueamos que a partir do sculo XI, constitui-se como uma rea de fronteira esta-belecendo o limite mais ocidental da Marca Inferior.

    Com efeito, durante a administrao do califado parece evidente a distncia relativamenteao lugar central. Para alguns autores (Marques, 1993), poder mesmo ter ocorrido, esporadica-mente, uma Cora em Sintra no sculo X, relacionada com a existncia de um bispado por voltade 974. De acordo com a informao anterior, podemos, eventualmente, pensar na formao deum lqlim em Sintra, que abarcaria Cascais e Mafra nos limites do seu termo.

    Aparentemente, nos incios do sculo X com a fragmentao do Al-Andaluz em diversosReinos Taifas, Lisboa e a regio que abrangia, a depender, ento, directamente de Badajoz, passaa ter um papel mais interveniente na vida poltica da taifa a que pertencia. Segundo Vldez Fer-nndez (1995, p. 281), o papel desta relao era fundamental, uma vez que Badajoz ... disponeadems del puerto de Lisboa como importante salida natural a su comercio exterior, una partedel cual alcanzaba horizontes mais dilatados que los propiamente ibricos. H, ainda, que real-ar o facto da dinastia aftssida reinante em Badajoz, de origem berbere, possuir fortes ligaesa Santarm e Lisboa (Marques, 1993). A constante situao de moeda de troca em que as cida-des, que compunham estes reinos, eram colocadas aquando da existncia de conflitos fez comque estas mesmas cidades e vilas constitussem, segundo Borges Coelho (19862, p. 57), rep-blicas semi-independentes que asseguravam, por um lado, a paz e independncia em situaesde conflito e, por outro, o estabelecimento de laos interfronteirios entre os vrios reinos vizi-nhos, como o caso de Badajoz e Sevilha que, dividindo entre si, ocupavam todo o Sul do actualterritrio portugus.

    REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia . volume 3. nmero 1. 2000

  • 1.1. A toponmia

    Com a atribuio do Foral a Sintra, em 1154, ficaram definidos os limites do seu termo,mais propriamente a rea para lavrar e plantar. Observando a toponmia ali registada, reco-nhecemos o predomnio dos nomes comeados por -al- comummente aceites como de origemmuulmana (Machado, 1940):

    Almograve (al-mugavir > o que faz incurses), Almorquim, Alfouvar (al-fauwara > o bolho),Alcolombal (al+columbare [latim] > pombal), Almargem (al-marje > o prado, campo), Alpolentim(al+polemtin [latim] > farinha de cevada (?)), Almornos (vocbulo hbrido ?), Algueiro(al-g(u)erane >cova, gruta, barranco), Almoageme (al-mesijide > a mesquita), Almosquer, Alconde, Arrabalde(arabade > subrbios), Alcobela (ab-qubba > a cpula + ela sufixo romnico > cupulazinha), Mau-fal (mafal > o lugar que est em baixo), Moaravia (de mutarabe > morabe - local de mora-bes) e Calaferrim (termo que discutiremos mais adiante).

    Mais recentemente, outros autores (Marques, 1993), apoiaram a tese anterior, salientando,contudo, a influncia berbere nesta regio do Garb al-Andaluz, nomeadamente das suas tribose cls, influncia essa que se viria a perpetuar, mais uma vez, na toponmica local:

    Hawwara > Alfavar; Matmata > Massam; Sadfura > Assafora e Banu Qasim > Cacm. Por outro lado, o mesmo autor aponta razes etimolgicas idnticas no que diz respeito aos

    nomes relacionados com produtos agrcolas, nomeadamente:

    209A ocupao islmica do Castelo dos Mouros (Sintra): interpretao comparada

    CATARINA COELHO

    Fig. 1 Foral rea para lavrar e plantar.

  • 210

    Tin > (figo) } al-bim-a-tin (poo do figo ou figueira ) ou ainda ben-ath-then (poo do lodo) >Borratm (Rio de Mouro); Luz (amendoeira) } Qual-luz (vale da amendoeira) > Queluz. Denotam-se, ainda, algumas aluses feitas ao territrio recentemente conquistado (1147),

    nomeadamente de ndole militar, ou seja, defesa desta rea, bem como com sua administrao.A importncia da comunidade islmica bem destacada, uma vez que, ainda, no reinado

    de D. Dinis se faz referncia num documento de Chancelaria, aos mouros forros de Colares, acon-tecendo o mesmo posteriormente, de acordo com testemunhos que temos vindo a observar emdocumentao medieval de contratos de compra e venda de propriedades. A confirmar a conti-nuao da tradio muulmana nesta rea esto as escavaes arqueolgicas realizadas em Cola-res, onde se identificou algum esplio cermico claramente muulmano (sculos X-XI), prove-niente de silos entulhados.

    Por outro lado, diversos trabalhos arqueolgicos, quer a nvel de escavao quer de pros-peco, realizados em stios de reconhecida ocupao romana, nomeadamente villae, distribu-dos pelos anteriormente referidos agri olisiponenses, revelaram uma lata cronologia na utilizaodo espao rural.

    2. O Castelo dos Mouros

    Segundo um excerto das Memrias Paroquiais de 1758 a Serra de Sintra define-se como ummarco na paisagem, onde est localizada uma antiga fortaleza a todos os nveis inexpugnvel ede alargadas dimenses: (...), servindo de guia aos que navegam o mar oceanno, de que est afas-tado duas legoas (...), compe-se esta montanha de calhaos de imensa grandeza, (...) sem liga-dura, sustentados s no equilbrio, principalmente os que esto na mayor eminncia da serra,onde se vem vestgios da antiga fortificao dos mouros, formando uma vila sufficientenienteconsidervel (Azevedo, 1982, p.169).

    Centro de defesa de um territrio, como j vimos, essencialmente rural, no extremo oci-dental do Garb al-Andaluz, o Castelo dos Mouros apresenta-se como uma estrutura de plantairregular, mau grado as sucessivas reconstrues de que foi alvo.

    Pela observao linear da estrutura amuralhada e de acordo com o stio onde est implan-tado, bem como pelo territrio rural que domina penso que podemos afirmar estar na presenade um grande albacar. A confirmar tal ideia temos a existncia de uma cisterna localizada entrada do castelo, ou pelo menos entrada da actual porta principal, mas seguramente no cen-tro recinto amuralhado.

    Pelo que anteriormente foi j estabelecido, no que diz respeito aos testemunhos, arqueo-lgicos e no s, detectados no territrio abrangido pelo castelo, bem como pela proximidadeda vila de Sintra, no sop da serra, onde foram igualmente exumados vestgios muulmanos,quer a nvel estrutural quer material, podemos, uma vez mais, confirmar as funes de controlee proteco que este recinto encerrava em si mesmo.

    Definida, portanto, a sua funo em termos estratgicos de povoamento, importa pois obser-var mais em pormenor a sua estrutura. O aparelho construtivo que apresenta e salvaguardando,como dissemos, as vrias reconstrues a que foi sujeito, quer aps a Reconquista, quer, ainda, nosculo XIX de acordo com o esprito romntico de D. Fernando II que invadiu toda a rea daSerra de Sintra revela uma base executada segundo a tcnica apurada da soga e tisso.

    Para Pavn Maldonado (1993, p. 20-25), existiro contudo duas fases distintas de constru-o. A mais antiga dataria dos sculos IX-X, semelhana do que acontece noutras realidades penin-

    REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia . volume 3. nmero 1. 2000

  • sulares. A segunda fase estaria patente tanto na edificao de algumas das torres existentes, ondeas diferentes tcnicas construtivas parecem revel-lo, como pela ampliao do recinto amuralhado,desta feita, para um grande albacar, tendo em vista a proteco da populao ali concentrada.

    A existncia de um estreito adarve escalonado com um pequeno murete sugere alguma rela-o com os exemplos das estruturas amuralhadas de Badajoz, Cceres e Silves.

    Quanto ao aparelho propriamente dito, podemos descrev-lo, a partir do lano da mura-lha melhor conservado, que apresenta cerca de 2,13 m de espessura e 15 m de comprimento, noqual esto inseridas duas torres semicirculares. A tcnica construtiva soga e tisso caracteriza--se, neste caso especfico, por faixas de silhares com cerca de 0,30 a 0,40 m de altura, colocadosora em largura ora em comprimento, intervaladas por faixas de pedras bastante estreitas e cur-tas, integradas numa argamassa com grande percentagem de gesso.

    211A ocupao islmica do Castelo dos Mouros (Sintra): interpretao comparada

    CATARINA COELHO

    Fig. 2 Planta do Castelo dos Mouros, esc. 1:2000.

  • 212REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia . volume 3. nmero 1. 2000

    Fig 3 Vista geral do Castelo dos Mouros.

    Fig 4 Troo de muralha mais antigo pormenor do aparelho construtivo.

  • 213A ocupao islmica do Castelo dos Mouros (Sintra): interpretao comparada

    CATARINA COELHO

    As torres semicirculares, anteriormente referidas, so executadas no mesmo aparelho cons-trutivo e perfeitamente integradas no desenrolar de todo o lano da muralha em anlise. Interi-ormente so ocas desde a base tendo uma delas no exterior uma pequena escada de acesso comcinco degraus. Por estes acede-se a uma porta com ombreira recortada, cujo vo mede cerca de1,68 m. de altura por 0,90 m. de largura. Segundo Pavn Maldonado, e de acordo com exemplossemelhantes encontrados na rea de Jan, podero ter existido nas torres de Sintra andares demadeira, cuja presena de pequenos buracos para emadeiramentos parece sugerir.

    Idntica estrutura da porta, agora descrita, revela-se o pequeno postigo presente neste lanoconservado da muralha. A abertura foi em tempos utilizada como porta de emergncia ou esca-patria do interior do recinto amuralhado, j que devido s suas reduzidas dimenses (0,56 m decomprimento por 0,67 m de altura e 0,60 m de profundidade) se torna impossvel atribuir-lhe qual-quer outra funcionalidade. Para o mesmo autor, em pocas posteriores esta pequena abertura terservido para escoar guas, pois observa-se que parte do postigo foi tapado e consequentementeaplanado na base formando uma rampa para melhor exercer a sua nova funo. O autor estabe-lece, ainda, alguns paralelos para este tipo de aberturas em Vascos e Talavera de la Reina.

    A partir dos 4/5 m de altura a tcnica construtiva altera-se, registando-se uma segunda fasede edificao das muralhas, cujo aparelho de menor qualidade no define uma cronologia pre-cisa. Realce-se que a existncia de uma mudana ao nvel da tcnica utilizada no implica, neces-sariamente, a presena de uma ruptura poltico-cultural, isto , muulmana-crist.

    Num outro pano da muralha, cujo aparelho se apresenta mais imperfeito, so notrias asdiferentes tcnicas construtivas ali empregues. Parece-nos evidente que o aparelho registado naparte superior da parede um testemunho efectivo das reconstrues do sculo XIX. Se obser-varmos a parte exterior deste lano da muralha podemos constatar, sem quaisquer dvidas, a rea da costura das vrias tcnicas utilizadas. Neste mesmo troo do recinto amuralhado estimplantada a tradicionalmente chamada porta rabe do Castelo dos Mouros. formada por umevidente arco de ferradura, to caracte-rstico neste tipo de elementos arqui-tectnicos (Bermdez Cano, 1995). Estaporta encontra-se, actualmente, bas-tante degradada, uma vez que d acesso referida torre, no interior da qual foiinstalado, h j alguns anos, o posto deelectricidade que abastece toda a rede deiluminao do monumento.

    Descritas as estruturas, importaagora pensar, embora com alguma difi-culdade, na cronologia a atribuir ao alba-car sintrense. Para tal iremos fazer a an-lise: (1) dos dados estabelecidos pelaproposta de Pavn Maldonado; (2) damicro-toponmia; (3) dos resultados obti-dos no stio de So Pedro de Canaferrim.

    Ficou claro que para Pavn Mal-donado o recinto amuralhado do Cas-telo dos Mouros apresenta duas fasesdistintas de construo. Uma primeira Fig 5 Porta rabe do Castelo dos Mouros.

  • 214

    fase mais antiga seria atribuvel aos sculos IX-X, tendo em linha de conta a morfologia do apa-relho empregue no lano de muralha melhor conservado, podendo obter-se paralelos nas mura-lhas emirais e califais de outras reas peninsulares. Ainda de acordo com o mesmo autor,enquanto nos sculos X-XI observamos a generalizao do emprego da taipa para a construoou reforo dos recintos amuralhados no actual territrio portugus, em Sintra regista-se a uti-lizao de uma aparelho de alvenaria estreita preenchida com pequenas pedras, sugerindo, destaforma, a adopo de diferentes tcnicas construtivas face ao terreno onde as estruturas eramimplantadas.

    No que diz respeito microtoponmia do local observamos que o termo Calaferrim quena documentao medieval precede o topnimo Canaferrim encerra em si mesmo mais algunscontributos para tentar aferir a cronologia do Castelo de Sintra.

    Recorrendo a alguns conceituados autores que sobre esta matria pensaram temos presenteas seguintes propostas:

    Calaferrim topnimo hbrido formado por qala (povoao situada em planalto ourochedo escarpado)+ ferrium (de ferro - guas ou terrenos) (Machado, 1967).

    Calaferrim > qalaa } qalat > cat- ou cal- } termo relacionado com estruturas defensivas(Marques, 1993). Pelo exposto chegamos concluso de que o topnimo Calaferrim, constitudo pelo prefixo

    qala, est intimamente relacionado quer com a rea onde a fortificao est implantada, quercom a prpria estrutura em si. O caso especfico de -ferrim ainda algo controverso.

    Por outro lado, concentrando-nos, especificamente, no prefixo qala e recorrendo a AcinAlmansa (1992, p. 140), obtemos a indicao de que estes topnimos aparecem muitas vezes uti-lizados como sinnimos de hisn e relacionados, na generalidade, com fortalezas de grandes dimen-ses, particularmente inacessveis. Trata-se de um dos topnimos mais cedo utilizados e para oautor ... una de las formas del primitivo asentamiento de la poblacin rabe, e independiente-nente de la posterior evolucin de los topnimos (...), su posterior identificacin con husun omodun, como apareceu en las fuentes, el que se llama as a una fundacin califal: Qalat Jalifa(Calatalifa)... (Acin Almansa, 1992, p. 141). Outros exemplos citados so os casos de Calata-yud e Calatrava.

    Estes elementos vm juntar-se aos aspectos arquitectnicos valorizando a tese da antigui-dade do Castelo dos Mouros. A verificar-se esta ideia teramos a relao do nome qala com a pri-meira fase do recinto amuralhado apontada por Pavn Maldonado para o sculo IX.

    3. O exemplo do stio de So Pedro de Canaferrim

    Em 1993, na sequncia das escavaes arqueolgicas levadas a cabo por Teresa Simesvisando o estudo da implantao de comunidades do Neoltico antigo na Estremadura, forampostas a descoberto evidncias arqueolgicas da ocupao muulmana do Castelo dos Mouros.

    O stio de So Pedro de Canaferrim localiza-se entre os 395 m. e os 402 m. de altitude, comas coordenadas UTM 29SMC664941. A sondagem foi implantada numa rea que abrange doispatamares da vertente SE do Castelo dos Mouros, a cerca de 1,1 km a NNE do vrtice geodsicoda Cruz Alta, junto s runas da antiga igreja paroquial de So Pedro de Canaferrim.

    Definida a rea de escavao, com apenas 8 m2, verificou-se que nas UEs 1 e 2, a presenade uma camada de terras amarelas muito compactadas que poder estar relacionada com umapequena estrutura de taipa UE 1, ou, eventualmente, com a desagregao da mesma. Este facto

    REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia . volume 3. nmero 1. 2000

  • merece especial destaque, uma vez que no foi, at ao momento, identificado qualquer vestgiode taipa nas estruturas visveis do Castelo dos Mouros. Registou-se uma grande variedade cro-nolgica relativamente aos materiais recolhidos.

    Na sequncia da escavao, e sob a estrutura referida, foi identificado um pavimento UE 6com alguns carves e material cermico associados, aparentemente, a um pequeno muro UE 3.Na argamassa, algo rude, desta estrutura aquando da sua destruio para registo da ocupaoneoltica identificaram-se alguns fragmentos de cermica que, pelo o seu estado deteriorado,no nos forneceram quaisquer dados relativos sua cronologia.

    Sob este solo de ocupao registou-se uma camada de terras UE 7 indiferenciadas emplanta, mas significativamente marcadas no corte estratigrfico sul. Numa primeira anlise,estamos perante outro momento de ocupao e respectivo pavimento. Contudo, no se podeassegurar qualquer diferenciao material. Relacionado com este solo regista-se a abertura de um silo UE 9 que poder estar na origem da indefinio do pavimento na sua observaohorizontal.

    215A ocupao islmica do Castelo dos Mouros (Sintra): interpretao comparada

    CATARINA COELHO

    Fig 6 Localizao do Castelo dos Mouros (Sintra), esc. 1:25 000.

  • 216REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia . volume 3. nmero 1. 2000

    Finalmente, foram identificados mais dois silos, UEs 10 e 11, escavados nos nveis arqueo-lgicos anteriores, cujo limite inferior aparece registado na rocha de base bastante frivel. Entu-lhados com fragmentos de telhas, pedras e abundante esplio cermico verificou-se, no entanto,uma escassa existncia de material metlico e, sobretudo, osteolgico. A disposio destes doissilos apresenta-se curiosa, uma vez que se regista o rompimento de um UE 11 pelo outro UE 10,fenmeno que s podemos observar ao nvel da estratigrafia, j que pela observao dos mate-riais cermicos exumados no obtemos qualquer diferenciao cronolgica.

    Pela anlise do esplio recolhido, na sua grande maioria material cermico, estas estrutu-ras parecem ter funcionado, numa ltima fase de utilizao, como uma rea de lixeira, uma vezque alguns dos fragmentos apresentam sinais de fogo ps-fractura.

    Devemos, entretanto, realar que o stio de So Pedro de Canaferrim se localiza, como jdissemos na encosta sul do castelo, ou seja, na rea mais abrigada dos ventos dominantes e, porisso mesmo, excelente para o armazenamento de alimentos, funo original das estruturas sub-terrneas identificadas.

    Alis, so visveis por todo o recinto amuralhado vestgios de aberturas no solo testemu-nhando a presena de outros silos, que confirmam a existncia das concavidades descritas nasMemrias Paroquiais de 1758. Analisando o esplio cermico exumado ainda que salvaguardandoo estado bastante fragmentado em que se encontra possvel registar uma grande variedadetipolgica, salientando-se:

    (a) cinco grupos fundamentais quanto forma:

    I. Panelas [grupo Burma, Qidr de Rossell Bordoy (1991, p.168)].Esta forma aparece registada em nmero bastante significativo. Predominando no con-junto das formas fechadas, integra-se facilmente nas tipologias peninsulares elaboradaspara este tipo de recipiente. Na sua maioria encontram-se paralelos em ambientes dos scu-los IX-X para as mais antigas, nomeadamente na Alcova de Silves (Gomes, 1988), no Cas-telo Velho de Alcoutim (Catarino, 1988), nas Mesas do Castelinho, em Almodvar (Fabioe Guerra, 1994), em Cascais (Rodrigues, 1990), em Crdova (Fuentes Santos et al., 1994),em Saragoa (Galve Izquierdo, 1988) e em Alicante (Azuar Ruiz, 1989), apenas para referiralguns (Est. I: 1-6).

    II. Potes [grupo Qulla de Rossell Bordoy (1991, p. 164)].Registados em pequena escala estes recipientes apresentam-se como fiis testemunhos daarmazenagem de alimentos a que se destinavam. Muito embora no tenham ainda sidorecolhidos quaisquer fragmentos de grandes talhas no de ignorar totalmente a sua pre-sena neste contexto, sobretudo tendo em ateno as reduzidas dimenses da rea inter-vencionada (Est. I: 7-9).

    III. Cntaros [grupo Yarra, Surba de Rossell Bordoy (1991, p. 164)].Foram recolhidos apenas trs fragmentos de bordo associados a esta forma especfica. Apre-sentando ou no pinturas sobre o bordo, estes exemplares obtm paralelos em Mrtola(Khawli, 1994), Silves (Gomes, 1988), e Palmela (1993), ainda que para contextos j maistardios, dos sculos XI-XII (Est.I: 10-12).

  • 217A ocupao islmica do Castelo dos Mouros (Sintra): interpretao comparada

    CATARINA COELHO

    IV. Jarrinhas [grupo Yarra de Rosseil Bordoy (1991, p. 165)]. O grupo das jarrinhas apresenta-se bastante homogneo. Apenas um fragmento nos per-mite obter a forma do recipiente na sua quase totalidade, ainda que lhe faltem as asas (Est.I: 13). Pela anlise dos bordos, bojos e asas, que registam uma tendncia para as jarras decolo alto, cilndrico, ou ligeiramente convexos, de corpo com tendncia bitroncocnica ecarena baixa onde vo colar as asas, obtemos paralelos nos stios arqueolgicos assinala-dos anteriormente para o grupo 1 em contextos dos sculos IX-XI (Est.I: 13-20).

    V. Pratos [grupo Sahfa, Tayfur, Gidr de Rossell Bordoy (1991, p.167)]. Os pratos e taas, com ou sem decorao, so indiscutivelmente o grupo que melhor est repre-sentado na totalidade do conjunto recolhido. Por comparao com outras estaes arqueol-gicas podemos inseri-lo na sua maioria em contextos dos sculos X-XI, excepo de um frag-mento que define um ambiente j tardio, encontrando-se na Alcova de Silves associado camada 2, ou seja, relativa ocupao almada (Gomes, 1988, p. 223) (Est.II: 5-11). De realar a existncia de apenas um fragmento de bordo de alguidar (Est. II: 12) perten-cente, aparentemente, a contextos mais tardios, e de apenas uma tampa, ainda que frag-mentada (Est. I: 21). Registe-se, ainda, o aparecimento de trs fragmentos de bico de candeia, um dos quais depasta branca compacta e bem depurada, com decorao a vidrado melado claro.

    (b) quatro grupos quanto s tcnicas decorativas:

    I. vidrados melados com ou sem decorao a xido de mangans (Est. II: 5);

    II. vidrados com decorao a verde e mangans (alguns dos quais revelam claramente moti-vos decorativos especficos, tais como o cordo da eternidade (Est. II: 6) e um pequeno bolbode flor de ltus);

    III. pinturas a branco e a xido de ferro sobre superfcies no vidradas (Est. I: 4, 17 e 18; Est. II: 3 e 4);

    IV. cordes plsticos digitados ou ungulados (Est. II: 1 e 2).

    Sistematizando, os materiais recolhidos em So Pedro de Canaferrim agrupam-se em trs cla-ros grupos quer em relao sua distribuio no terreno, quer relativamente sua cronologia:

    materiais de superfcie e revolvimento que, para alm de registarem uma grande hetero-geneidade tipolgica, apresentam uma larga diacronia;

    fragmentos provenientes das camadas de ocupao preservadas (UEs 5, 6 e 7), podendoser englobados num ambiente claramente do sculo X, possivelmente IX, muito embora severifiquem as intruses em metade desta rea e, simultaneamente, o registo de esplio ligei-ramente posterior:

    material cermico proveniente de trs silos e, por isso mesmo, posterior ao conjunto ante-rior, enquadrvel num contexto do sculo XI, ou mesmo mais tardio.

  • 218

    4. Em concluso

    Pelo que expusemos ao longo deste trabalho, podemos pensar na atribuio de uma datasensivelmente antiga para a fundao do Castelo dos Mouros.

    Quer atravs da observao do aparelho construtivo das muralhas, quer pela anlise damicro-toponmia qala , quer ainda pelos dados obtidos no registo arqueolgico, parece resul-tar evidente uma origem recuada ao sculo IX para o recinto amuralhado de Sintra.

    Como vimos, este reconhecimento no coloca qualquer entrave a posteriores obras de res-tauro ou remodelao, ainda sob domnio islmico, uma vez que a importncia que a regio deSintra adquire ao longo dos tempos est j por demais estabelecida.

    A existncia de um albacar que exerce simultaneamente funes de defesa e controle sobreum territrio vasto, essencialmente agrcola, revela a principal razo de ser do Castelo dos Mou-ros, em Sintra, durante pelo menos cerca de quatro sculos, isto , desde a sua fundao atmomentos imediatamente posteriores Reconquista.

    Sintra, Setembro de 1996

    Catlogo

    Estampa I

    1. CSP1(93)F3[6]11Panela. Bordo boleado com ligeira inflexo externa; asa fitiforme; pasta homognea e com-pacta laranja escuro acastanhado; c.n.p.. mdios e finos; superfcies alisadas castanho acin-zentado, com aguada cinzenta (exterior); dimetro do bordo: 140 mm.

    2. CSP1(93)F3[6]20Panela. Bordo boleado, colo com leve ressalto; asa fitiforme, pasta homognea e compactalaranja; c.n.p. finos e mdios; superfcies alisadas laranja acastanhado; dimetro do bordo:134 mm.

    3. CSP1(93)F3[8]11Panela. Bordo espessado externamente, colo curvo-cncavo; pasta homognea e compactacastanha escura; c.n.p.. finos (micceos); superfcies alisadas castanho escuro; dimetro dobordo: 136 mm.

    4. CSP1(93)F3 [6]26 Panela. Bordo espessado externamente; colo alto estrangulado; pasta homognea e com-pacta com ncleo cinzento acastanhado; c.n.p.. finos e mdios; superfcies alisadas laranja(interior) e creme rosada (exterior); dimetro do bordo: 120 mm.

    5. CSP1(93)F3[11]28Panela ou pote. Bordo boleado em barbela; paredes curvo-convexas; colo curvo-cncavo;pasta homognea e compacta laranja acastanhada escura; c.n.p.. finos (micceos); superf-cies alisadas castanho alaranjado; dimetro do bordo: 110 mm.

    REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia . volume 3. nmero 1. 2000

  • 219A ocupao islmica do Castelo dos Mouros (Sintra): interpretao comparada

    CATARINA COELHO

    Estampa 1

  • 220

    6. CSP1(93)E3[0]33Panela ou pote. Bordo boleado em barbela; pasta homognea e compacta cinzenta acasta-nhada; c.n.p. finos e mdios; superfcies alisadas castanho acinzentado, com engobe ala-ranjado (exterior); dimetro do bordo: 110 mm.

    7. CSP1(93)F3[11]17 Pote. Bordo recto levemente exvertido com ligao ao colo em curva contnua; pasta homo-gnea muito depurada cinzenta rosada; c.n.p. finos (micceos); superfcies alisadas rosaclaro (interior) e laranja claro (exterior); dimetro do bordo: 130 mm.

    8. CSP1(93)F3[8]17 Pote. Bordo boleado com inflexo externa; colo evas; pasta muito porosa rosada; c.n.p.finos, mdios e grossos; superfcies alisadas creme rosado/alaranjado; dimetro do bordo:170 mm.

    9. CSP1(93)E3[1]31 Pote. Bordo direito com inflexo externa; pasta homognea castanha clara rosada; c.n.p.finos e mdios; superfcies alisadas castanho escuro; dimetro do bordo: 222 mm.

    10. CSP1(93)F3[11]16 Cntaro. Bordo boleado com inflexo interna, com uma fina canelura na quebra da liga-o ao colo; pasta homognea cinzenta clara; c.n.p. finos e mdios (calcrios); superfciesalisadas com engobe castanho amarelado; dimetro do bordo: 100 mm.

    11. CSP1(93)F3[8]6 Cntaro. Bordo espessado interna e externamente com ligeira inflexo interna; colo ciln-drico; pasta homognea compacta de ncleo castanho; superfcies alisadas laranja forte;pingos de cor branca sobre o bordo; dimetro do bordo: 120 mm.

    12. CSP1(93)F3[5]2 Cntaro. Bordo plano estendido em aba; pasta homognea compacta de ncleo cinzento;c.n.p. finos e mdios; superfcies alisadas laranja forte; dimetro do bordo: 142 mm.

    13. CSP1(93)F3[7]35Jarrinha. Bordo direito; colo cilndrico tendencialmente curvo-convexo; bojo acentuada-mente curvo-convexo; pasta homognea compacta castanha clara; c.n.p. finos (micceos);superfcies alisadas castanho claro; dimetro do bordo: 66 mm.

    14. CSP1(93)F3[7]26Jarrinha. Bordo boleado com ligeiro espessamento interno, formando um pequeno sulco;asa de seco oval; pasta homognea compacta laranja; c.n.p. finos e mdios; superfcies ali-sadas laranja; dimetro do bordo: 72 mm.

    REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia . volume 3. nmero 1. 2000

  • 15 CSP1(93)F3[11]16Jarrinha. Bordo boleado com inflexo externa e ligeiro espessamento interno formando umpequeno sulco; asa de seco oval; pasta homognea compacta laranja escura; c.n.p. finose mdios; superfcies alisadas laranja; dimetro do bordo: 80 mm.

    16. CSP1(93)E3[0]7Jarrinha. Bordo boleado com ligeiro espessamento; colo curto curvo-cncavo; pasta homo-gnea compacta laranja; c.n.p. finos; superfcies alisada laranja forte; dimetro do bordo:52 mm.

    17. CSP1(93)F3[11]13Jarrinha. Bordo direito boleado; colo cilndrico com um a canelura muito fina; pasta homo-gnea compacta laranja acastanhado claro; c.n.p. finos; superfcies alisadas laranja forte;dimetro do bordo: 52 mm.

    18. CSP1(93)F3[1]33Jarrinha. Bordo boleado com ligeiro espessamento interno; ligao para o colo apresentauma fina canelura; pasta homognea compacta creme alaranjada; c.n.p. finos; superfciesalisadas com engobe creme esbranquiado; apresenta pingos de xido de ferro sobre o bordo;dimetro do bordo: 70 mm.

    19. CSP1(93)F3[7]10Jarrinha. Bordo boleado; ressalto na passagem para o colo cilndrico; apresenta vestgiosdo arranque da asa; pasta homognea compacta castanha clara; c.n.p. finos; superfcie ali-sadas cinzento (interior) e creme acastanhado (exterior); dimetro do bordo: 69 mm.

    20. CSP1(93)F3[7]1Jarrinha ou jarro. Bordo boleado com ligeira inflexo externa; ressalto na ligao ao colotendencialmente convexo; pasta homognea compacta laranja; c.n.p. finos e mdios; super-fcies alisadas laranja avermelhado; dimetro do bordo: 90 mm.

    21. CSP1(93)F3[5]5Tampa. Paredes troncocnicas; pega em forma de mamilo ao centro; fundo plano; pastaheterognea compacta castanha clara; c.n.p. finos, mdios e grossos; superfcies rugosaslaranja (interior) e creme acastanhado (exterior); dimetro do fundo: 70 mm.

    221A ocupao islmica do Castelo dos Mouros (Sintra): interpretao comparada

    CATARINA COELHO

  • 222REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia . volume 3. nmero 1. 2000

    Estampa 2

  • Estampa II

    1. CSP1(93)F3[8]2Pote. Parede curvo-cncava; pasta homognea laranja avermelhada; c.n.p. finos e mdios;superfcies alisadas com engobe laranja acastanhado claro; aplicao de um cordo pls-tico ungulado com 6 mm de espessura e cinco depresses; espessura da parede: 8 mm.

    2. CSP1(93)F3[7]62Parede com aplicao de dois cordes plsticos paralelos digitados; pasta homognea com-pacta laranja forte, c.n.p. muito abundantes finos e mdios; superfcies alisadas laranjaforte; espessura parede: 6 mm.

    3. CSP1(93)F3[11]19Jarrinha. Parede com pingos de cor branca; pasta homognea compacta laranja; c.n.p. finos(micceos); superfcies alisadas laranja com vestgios de engobe cinzento (exterior); espes-sura parede: 4 mm.

    4. CSP1(93)F3[8]7Cntaro. Parede com linhas paralelas horizontais e onduladas de cor branca; pasta homo-gnea compacta laranja acastanhada; c.n.p. muito abundantes finos e mdios (calcrios);superfcies alisadas castanho alaranjado (interior) e laranja escuro (exterior); espessura daparede: 7 mm.

    5. CSP1(93)F3[8]7Prato. P anelar; pasta homognea compacta rosa acastanhada; c.n.p. finos e mdios; super-fcies com vidrado interno e externo melado escuro; decorao sobre o fundo com pingosde xido de mangans; dimetro do fundo: 110 mm.

    6. CSP1(93)F3[8]7 Prato. P anelar; pasta homognea compacta laranja rosada; c.n.p. finos, mdios e grandes;superfcies vidradas interna e externamente de cor creme amarelada; decorao a verde emangans representando parte do cordo da eternidade; dimetro do fundo: 160 mm.

    7. CSP1(93)E3[1]92Prato. Bordo boleado com espessamento externo; paredes curvo-cncavas; pasta homog-nea muito compacta; c.n.p. muito finos; superfcies vidradas de cor creme; decorao a verdee mangans; dimetro do bordo: 135 mm.

    8. CSP1(93)E3[0]6Prato. Bordo boleado com inflexo externa; paredes curvo-cncavas; pasta homognea com-pacta rosada; c.n.p. finos e mdios; superfcies vidradas de cor branca (interior) e melada(exterior); decorao a verde e mangans; dimetro do bordo: 230 mm.

    223A ocupao islmica do Castelo dos Mouros (Sintra): interpretao comparada

    CATARINA COELHO

  • 224

    9. CSP1(93)F3[8]10Tacinha. Bordo boleado; paredes curvo-cncavas com ligeira canelura paralela ao bordo;pasta homognea compacta laranja escura; c.n.p. finos (micceos); superfcies alisadas decor castanha; dimetro do bordo: 110 mm.

    10. CSP1(93)E3[0]86Taa. Bordo boleado espessado interna e externamente; paredes curvo-cncavas; pasta homo-gnea xistosa laranja acastanhadas; c.n.p. finos; superfcies alisadas de cor castanha; di-metro do bordo: 117 mm.

    11. CSP1(93)F3[7]17Taa. Bordo boleado com ligeiro bisel interno; paredes curvo-cncavas; pasta homogneasemi-compacta laranja acastanhada; c.n.p. finos e mdios; superfcie externa alisada casta-nho alaranjado, superfcie interna com engobe castanho avermelhado; dimetro do bordo:200 mm.

    12. CSP1(93)F3[1]1Alguidar. Bordo em aba com dupla inflexo externa; paredes curvo-cncavas; pasta homo-gnea xistosa acinzentada; c.n.p. finos, mdios e grossos; superfcie alisada com engobelaranja acinzentado; decorao no bordo feita a partir de linhas concntricas incisas na abae digitaes na aresta; dimetro do bordo: 318 mm.

    REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia . volume 3. nmero 1. 2000

  • * Comunicao apresentada ao II Congreso de Arqueologa Peninsular (Zamora, 1996)

    BIBLIOGRAFIA

    AA-VV. (1993) - Catlogo da exposio: Arqueologia em Palmela 1988/92. Palmela: Cmara Municipal.

    ACIN ALMANSA, M. (1992) - Poblamiento y forticacin en el sur de Al-Andalus. La formacin de un pas de Husun. In II Congreso de Arqueologa

    Medieval Espaola (Oviedo, 1989). Oviedo, p. 135-150.

    AZEVEDO, J. A. da C. (1982) - Memrias paroquiais de 1758. In Velharias de Sintra. Sintra. 4, p. 139-187.

    AZUAR RUIZ, R. (1989) - La rbita califal de las Dunas de Guardamar. Alicante: Diputacin Provincial.

    BAZZANA, A. (1979) - Cramiques mdievales: les mthodes de la description analythique apliques aux productions de lEspagne orientale. 1.

    Les poteries domestiques dusage courant. Mlanges de la Casa de Velzquez. Paris. 15, p. 135-185.

    BAZZANA, A. (1980) - Cramiques mdievales: les mthodes de la description analythique apliques aux productions de lEspagne orientale. 2.

    Les poteries dcores: chronologie des productions cramiques mdievales. Mlanges de la Casa de Velzquez. Paris. 16, p. 57-95.

    BAZZANA, A.; CRESSIER, P.; GUICHARD, P (1988) - Les Chateaux ruraux dAl-Andalus. Histoire et Archologie des Husun du Sud-est de LEspagne.

    Madrid: Casa de Velzquez (Srie Archologie; 11).

    BERMDEZ CANO, J. M. (1995) - La forma construtiva de herradura: su funcin en las obras de infraestrutura hispano-musulmana (puentes e

    acuedutos). Anales de Arqueologa Cordobesa. Crdoba. 6, p. 239-264.

    CARVALHO, S. L. de (1987) - A presena rabe em Sintra durante a Idade Mdia. Histria. Lisboa. 101, p. 82-94.

    CATARINO, H. (1988) - Para o estudo da ocupao muulmana no Algarve Oriental. Texto policopiado de apresentao das provas de aptido

    pedaggica Universidade de Coimbra.

    COELHO, A. B. (1986) - Comunas ou concelhos. 2 ed. Lisboa: Editorial Caminho.

    COELHO, A. B. (1989) - Portugal na Espanha rabe. 2 vols. Lisboa: Editorial Caminho.

    COSTA, F. (1976) - O foral de Sintra (1154). Sintra: Cmara Municipal.

    FABIO, C.; GUERRA, A. (1994) - Uma fortificao omada em Mesas do Castelinho (Almodvar). Arqueologia Medieval. Porto. 2, p. 85-102.

    FUERTES SANTOS, M. del C.; GONZLEZ VIRSEDA, M. (1994) - Nuevos materiales cermicos emirales de Cercadilla (Crdoba): Ensayo

    tipolgico. Anales de Arqueologa Cordobesa. Crdoba. 5, p. 277-301.

    FUERTES SANTOS, M. del C. (1995) - Un conjunto cermico post-califal precedente de Cercadilla, Crdoba. Anales de Arqueologa Cordobesa.

    Crdoba. 6, p. 265-291.

    GALVE IZQUIERDO, P. (1988) - Aproximacin a la cermica de poca emiral en la ciudad de Zaragoza. Caesaraugusta. Zaragoza. 65, p. 235-261.

    GOMES, R. V. (1988) - Cermicas muulmanas do Castelo de Silves. Xelb. Silves. 1.

    KHAWLI, A. (1994) - Introduo ao estudo das vasilhas de armazenamento da Mrtola islmica. Arqueologia Medieval. Porto. 2, p. 63-78.

    MACHADO, J. P. (1940) - Sintra muulmana. Sintra: Imprensa Nacional.

    MACHADO, J. P. (1967) - Dicionrio Etimolgico da Lngua Portuguesa. 2 ed., vols. 1 a 3. Lisboa: Confluncia.

    MARQUES, A. H. de O. (1988) - Novos ensaios de Histria Medieval Portuguesa. Lisboa: Editorial Presena.

    MARQUES, A. H. de O. (1993) - O Portugal Islmico. In SERRO, J.; MARQUES, A.H. de O., eds. - Nova Histria de Portugal. Lisboa: Presena,

    vol. 2, p. 117-249.

    PAVN MALDONADO, B. (1993) - Ciudades y fortalezas luso-musulmanas. Crnicas de viajes por el sur de Portugal. Madrid: M.A.E. Agncia Espaola

    de Cooperacin Internacional (Cuadernos de Arte y Arqueologa; 5).

    RODRIGUES, S. (1990) - Silos medievais de Caparide. Arquivo de Cascais. Cascais. 9, p. 63-74.

    ROSSELL BORDOY, G. (1991) - El nombre de las cosas en Al-Andalus: una proposta de terminologia cermica. Palma de Maiorca: Museu de

    Maiorca/S.A-C. (Monografies dArt i Arqueologia 1).

    TORRES, C. (1992) - O Garb al-Andaluz. In MATTOSO, J., ed. - Histria de Portugal. Lisboa: Crculo de Leitores, vol.1, p.360-437.

    VALDZ FERNNDEZ, F. (1995) - Arqueologa en Extremadura: 10 aos de descubrimientos. Extremadura Arqueolgica. Mrida-Cceres. 4, p.

    265-296.

    225A ocupao islmica do Castelo dos Mouros (Sintra): interpretao comparada

    CATARINA COELHO