23
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846] A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense (décadas de 1920 a 1940) Ester Liberato Pereira * Janice Zarpellon Mazo ** Resumo Este estudo objetiva analisar o processo de agenciamento no hipismo a partir da organização da Federação Hípica Sul Rio Grandense (FHSRG), atualmente Federação Gaúcha dos Esportes Equestres (FGEE), no período das décadas de 1920 a 1940. Por meio da análise documental da ata de fundação da FHSRG, além de reportagens de jornal e revistas porto-alegrenses que circulavam no período, evidenciamos outras formas de influência do referido esporte no Estado. A fundação da FHSRG, na década de 1940, representa os primórdios da burocratização desta prática esportiva no Estado. Neste período, novas associações hípicas foram emergindo no Rio Grande do Sul. Além disto, também é possível que os reflexos da incipiente legislação esportiva brasileira tenham contribuído para o estabelecimento desta entidade hípica no Estado. Palavras-chave: Hipismo. História do Esporte. Clubes. Abstract This study aims to analyze the process of assemblage in equestrianism from the organization of the Sul Rio Grandense Equestrian Federation (SRGEF) currently Gaúcha Federation of Equestrian Sports (GFES), during the decades from 1920 to 1940. Through a documentary analysis of the founding proceedings of SRGEF, plus newspaper reports and magazines that circulated in Porto Alegre in the period, we evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of SRGEF, in the 1940s, represents the beginning of the bureaucratization of this sports practice in the State. In this period, new equestrian associations were emerging in Rio * Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). ** Professora dos cursos de Licenciatura e de Bacharelado em Educação Física e do PPGCMH da ESEF/UFRGS. 1

A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense (décadas de

1920 a 1940) Ester Liberato Pereira*

Janice Zarpellon Mazo**

Resumo

Este estudo objetiva analisar o processo de agenciamento no hipismo a partir da

organização da Federação Hípica Sul Rio Grandense (FHSRG), atualmente Federação

Gaúcha dos Esportes Equestres (FGEE), no período das décadas de 1920 a 1940. Por

meio da análise documental da ata de fundação da FHSRG, além de reportagens de

jornal e revistas porto-alegrenses que circulavam no período, evidenciamos outras

formas de influência do referido esporte no Estado. A fundação da FHSRG, na década

de 1940, representa os primórdios da burocratização desta prática esportiva no Estado.

Neste período, novas associações hípicas foram emergindo no Rio Grande do Sul.

Além disto, também é possível que os reflexos da incipiente legislação esportiva

brasileira tenham contribuído para o estabelecimento desta entidade hípica no Estado.

Palavras-chave: Hipismo. História do Esporte. Clubes.

Abstract

This study aims to analyze the process of assemblage in equestrianism from the

organization of the Sul Rio Grandense Equestrian Federation (SRGEF) currently

Gaúcha Federation of Equestrian Sports (GFES), during the decades from 1920 to

1940. Through a documentary analysis of the founding proceedings of SRGEF, plus

newspaper reports and magazines that circulated in Porto Alegre in the period, we

evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of

SRGEF, in the 1940s, represents the beginning of the bureaucratization of this sports

practice in the State. In this period, new equestrian associations were emerging in Rio

* Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). **Professora dos cursos de Licenciatura e de Bacharelado em Educação Física e do PPGCMH da ESEF/UFRGS.

1

Page 2: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

Grande do Sul. Moreover, it is also possible that the effects of the emerging Brazilian

sports legislation have contributed to the establishment of this equestrian organization

in the State.

Keywords: Equestrianism. History of Sport. Clubs.

Introdução

As práticas equestres, em especial, o hipismo, estão relacionadas, de forma

intrínseca, com a configuração do cenário sociocultural do estado do Rio Grande do

Sul. O cavalo, para a identidade do sul-rio-grandense, representa um de seus

símbolos, uma vez que sempre se associaram, ao longo da história deste Estado.

Aproximadamente, desde o século XVII, no Rio Grande do Sul, já havia redutos de

criação de cavalos nas denominadas reduções jesuíticas, onde os indígenas tiveram

seu primeiro contato com estes animais, passando a utilizá-los, paulatinamente, como

meio de transporte, tração, auxiliar da caça, de disputas por territórios e montaria

(RUBERT, 1998).

No que diz respeito ao fenômeno do associativismo esportivo em Porto

Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, por volta da segunda metade do

século XIX, já ocorriam, na cidade, práticas esportivas que abarcavam a participação

do cavalo, como as corridas de cavalos, conhecidas como “carreiras em cancha reta”,

e o turfe, corridas de cavalos em pista circular/elíptica (MAZO, 2003). Novas práticas

equestres emergem nos quartéis no início do século XX: polo equestre, caça à raposa,

volteio e hipismo, onde o salto1 constitui a prática mais divulgada (PEREIRA, 2012).

A prática do salto do hipismo, em Porto Alegre, imprimiu seus primeiros

passos oficiais na região por meio da denominada Escolta Presidencial, criada em 25

de janeiro de 1916, pelo Decreto-Lei nº 2.172, a qual passava a constituir uma nova

unidade da Brigada Militar - como é denominada a polícia militar do Rio Grande do

Sul. Durante muitos anos, o hipismo foi praticado, principalmente, por militares nos

1 O salto, no hipismo, consiste em uma prova realizada em pista de areia ou grama, na qual o conjunto, composto por atleta e cavalo, deve transpor de 10 a 15 obstáculos, com o intuito de finalizar a passagem sem cometer faltas no menor tempo possível (VIEIRA; FREITAS, 2007).

2

Page 3: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

seus espaços próprios, sendo escassa a presença de civis, como também de clubes

hípicos no Estado. Somente após quase uma década, em 1925, é que se tem registro

de uma sociedade promotora deste esporte também para indivíduos do meio civil: a

Sociedade Hípica Rio-Grandense (SHR).

Para além dos ambientes militares e da SHR, a prática do hipismo, no

princípio da década de 1930, começou a ser oferecida, pela primeira vez, por uma

associação esportiva: o Porto Alegre Country Club. Este clube, instituído no ano de

1930, visava, exclusivamente, à prática do golfe; mas, posteriormente, também

oportunizou aos sócios a prática do hipismo (PEREIRA; FERNÁNDEZ; MAZO,

2010). Posteriormente, em seis de junho de 1939, a Sociedade Hípica Porto-

Alegrense é fundada e passa a configurar-se como um espaço em que, mais do que

oferecer a prática hípica, tinha nesta a essência de sua organização (AMARO

JUNIOR, 1944).

O hipismo, paulatinamente, foi desenvolvendo-se e ocupando outros

ambientes não só em Porto Alegre, como em outras cidades do Rio Grande do Sul

(MAZO et. al., 2012). De tal modo, a necessidade de gerência do esporte hípico foi

sendo percebida; além disso, os reflexos do Decreto-Lei n° 3.199 de 1941, que

impunha, dentre outras, a obrigação de instituir federações para conduzir os esportes

no país, forçou mudanças no campo esportivo. Com estes fins, em 1946, na capital do

Estado, foi fundada a Federação Hípica Sul-Rio-Grandense (FHSRG) – atual

Federação Gaúcha dos Esportes Equestres (FGEE).

Diante desta conjuntura, este estudo se propõe a analisar o processo de

agenciamento no hipismo a partir da organização da FHSRG, atualmente FGEE, no

período das décadas de 1920 a 1940. Circunscrito nas dimensões de um estudo

histórico, procurou-se contemplar o objetivo proposto por meio de uma coleta de

informações em fontes impressas, como a ata de fundação da FHSRG, o Almanaque

Esportivo do Rio Grande do Sul, a Revista do Globo e os jornais A Federação e

Diário de Notícias, de grande circulação na cidade na época. Além disso, foi realizada

uma revisão bibliográfica em livros, artigos científicos, dissertações e teses. As

informações obtidas foram submetidas à análise documental, conforme Bacellar

3

Page 4: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

(2005) e Pimentel (2001), tendo como embasamento teórico as ideias de Elias,

Dunning (1992) e Guttmann (1978) acerca do esporte moderno e da esportivização. O

resultado da análise das informações coletadas nas fontes é exposto nos tópicos que

seguem.

Panorama do esporte nos clubes de Porto Alegre

Nas primeiras décadas do século XX, conforme Pesavento (1999), era

avocada, na cidade, uma nova estética corporal anunciada pelos ares da modernidade.

Neste ambiente, as práticas consideradas modernas passaram a ser vistas pela

população como propícias à construção de um indivíduo desafiador, corajoso,

conquistador, vitorioso. Esta nova perspectiva conferiu aos esportes – remo, ciclismo,

futebol-, notoriedade, sendo cada vez mais aceitos pelas pessoas e encarados como

atividades favoráveis aos novos tempos (MELO, 2006). As novidades esportivas se

faziam presentes, em Porto Alegre, na construção de um imaginário da modernidade,

conforme revelam os estudos de Pesavento (1999) e Monteiro (2006).

Tal cenário refletiu-se, inclusive, nos primórdios da prática do hipismo porto-

alegrense, pela iniciativa da Brigada Militar. Ao promover o esporte, esta corporação

militar almejava melhor condicionar e preparar seus cavalos e cavaleiros para a

atuação nas suas funções de segurança, vigilância e guarda. Então, o hipismo

compunha parte da instrução física nos quarteis da Brigada Militar do Rio Grande do

Sul, sendo visto, conforme reportagem da Revista do Globo, como uma prática

“muitíssimo intensa e segue os padrões mais modernos internacionalmente adotados”

(MAZO, 2004, p. 48, grifo nosso).

Durante as comemorações dos regimentos da Brigada Militar, a equitação

também se fazia presente ao compor parte do programa esportivo. De acordo com

uma reportagem do jornal A Federação, notava-se o empenho dos oficiais e policiais

desta corporação no treinamento dos exercícios físicos que faziam parte da “moderna

educação militar” (A FEDERAÇÃO, 1931, p.13, grifo nosso). Tal busca pela

4

Page 5: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

adequação às representações de novos tempos foi apontada de forma recorrente pelo

jornal A Federação.

Em reportagem sobre a Sociedade Hípica Rio-Grandense, destacou que o

“gaúcho de antanho mostrava a sua destreza nas difíceis ‘corridas de cavalhadas’ e o

gaúcho de hoje encontrará nos modernos desportos hípicos como manter as glórias

alcançadas por seus antepassados [...]” (A FEDERAÇÃO, 1933, p. 3, grifo nosso).

Tal discurso representativo da modernidade, integrado às características de

racionalização, secularização e quantificação do esporte, recebe um novo significado

ao se associar com as especificidades locais. Revela as representações identitárias da

cidade, onde passado e presente convivem; respectivamente, as cavalhadas

relacionadas ao antigo e o hipismo ao moderno.

O estudo de Elias e Dunning (1992) aborda os avanços da civilização,

utilizando a prática da caça à raposa, oriunda da Inglaterra, como modelo empírico a

demonstrar algumas das características do tipo de passatempo que é chamado esporte.

Esta é uma das primeiras práticas equestres citadas como exemplo de um processo de

esportivização. Os autores (1992) apresentam informações acerca da criação de regras

que diminuíam a violência inserida na realização da caça à raposa, evidenciando uma

racionalização da prática. Desta forma, o termo “esportivização”, como um

neologismo proveniente do que Elias e Dunning (1992) designam por

“desportivização”, constitui um processo por meio do qual os jogos, passatempos e

divertimentos vão se transformando em práticas institucionalizadas nomeadas

esportes, no contexto da sociedade inglesa do século XIX e, a partir daí, disseminados

mundialmente como processo civilizatório.

Este cenário internacional, perpassado pelos ares da modernidade, apresenta

possíveis relações no contexto porto-alegrense, na primeira década do século XX,

quando se destaca a fundação das primeiras associações de futebol em Porto Alegre: o

Grêmio Foot - Ball Porto Alegrense (1903), o Fussball Porto Alegre (1903) e o Sport

Club Internacional (1909) 2. Antes da chegada do futebol, já havia, na cidade, as

2 MORAES, Ronaldo; SILVA, Carolina da; MAZO, Janice Zarpellon. Esporte Clube São José de Porto Alegre (RS): a busca pela sua sede definitiva (1913-1940). In: Kinesis. Santa Maria, v. 2, p. 22-37,

5

Page 6: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

associações ciclísticas3 e o mais antigo clube de tênis brasileiro4, fundado em Porto

Alegre. A pesquisa de Mazo e colaboradores (2012) demonstrou que já existia, não

apenas em Porto Alegre, mas em outros lugares do estado do Rio Grande do Sul,

desde meados do século XIX, um número considerável de associações esportivas5

que, além das práticas mencionadas anteriormente, promoviam a ginástica6, o tiro ao

alvo7, o turfe8, o bolão9, a natação10, e o remo11.

O remo, de acordo com Melo (2006), congregava a modernidade da transição

do século, proporcionando uma participação mais ativa do ser humano. Além disto,

2014. Disponível em: < http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/kinesis/article/view/13246/8367>. Acesso em: 18 mai. 2014. 3 FROSI, Tiago; CRUZ, Lucas; MORAES, Ronaldo; MAZO, Janice. A prática do ciclismo em clubes de Porto Alegre/RS. Pensar a Prática, Goiânia, v. 14, n. 3, p. 118, set./dez. 2011, p. 1-18. Disponível em: < http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/article/view/9755/10117>. Acesso em: 18 mai. 2014. 4 MAZO, Janice Zarpellon; BALBINOTTI, Carlos. A história do tênis na era moderna. In: BALBINOTTI, Carlos; BERLEZE, Adriana... [et al.] (Orgs). O ensino do tênis: novas perspectivas de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2009. p. 267-282. 5 Estudos a respeito do associativismo esportivo, no Rio Grande do Sul, podem ser consultados no seguinte link: https://www.facebook.com/NEHME.RS?fref=ts 6 MAZO, Janice; GAYA, Adroaldo. As associações desportivas em Porto Alegre, Brasil: espaço de representações da identidade cultural teuto-brasileira. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v. 6, n. 2, p. 205-213, maio/ago. 2006, p. 205-213. Disponível em: < http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rpcd/v6n2/v6n2a09.pdf>. Acesso em: 18 mai. 2014. 7 ASSMANN, Alice; MAZO, Janice. As Scutzenvereine – Sociedade de Atiradores – de Santa Cruz do Sul: um tiro certo na história do esporte no Rio Grande do Sul. Esporte e Sociedade. Ano 7, n. 20, Set. 2012, p. 122-153. Disponível em: < http://www.uff.br/esportesociedade/pdf/es2006.pdf>. Acesso em: 18 mai. 2014. 8 PEREIRA, Ester Liberato. As práticas equestres em Porto Alegre: percorrendo o processo da esportivização. 2012. 156 f. Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, Porto Alegre, 2012. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufrgs.br/da.php?nrb=000861427&loc=2012&l=d78f3c8f7d03f59a>. Acesso em: 25 nov. 2013. 9 KILPP, Cecília Elisa; MAZO, Janice Zarpellon; LYRA, Vanessa Bellani. Um olhar histórico sobre a emergência dos primeiros clubes esportivos na cidade de Teutônia, no Rio Grande do Sul. In: Pensar a Prática. Goiânia, v.13, n.1, p.1-16, jan./abr.2010. Disponível em: < http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/87006/000742825.pdf?sequence=1>. Acesso em: 18 mai. 2014. 10 ASSMANN, Alice Beatriz; SILVA, Carolina Fernandes da; MAZO, Janice Zarpellon. A natação em piscinas nos clubes da cidade de Porto Alegre (décadas de 1930 e 1940). In: Kinesis. Santa Maria, ed.31, v.2, março 2014. Disponível em: < http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/kinesis/article/view/13253/8374>. Acesso em: 18 mai. 2014. 11 SILVA, Carolina Fernandes da. O remo e a história de Porto Alegre, Rio Grande do Sul: mosaico de identidades culturais no longo século XIX. 2011. 151 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, Porto Alegre, 2011. Disponível em: < http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/32722/000788024.pdf?sequence=1>. Acesso em: 01 dez. 2013.

6

Page 7: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

evidenciava, no próprio corpo saudável e potente, os sinais de um novo Brasil,

incorporando um novo modo de vida correspondente à velocidade dos novos tempos.

Os estudos de Silva (2011) e Silva, Pereira e Mazo (2014), sobre o remo porto-

alegrense, corroboram com as afirmações de Melo.

Para além do caso do remo, ao estabelecer um diálogo com tal situação,

algumas práticas, igualmente, são sistematizadas em consonância com um modo de

vida burguês, ou seja, das novas elites, formando pontes entre os diversos estratos das

camadas economicamente mais privilegiadas. Tratava-se de práticas realizadas na

cidade, as quais, normalmente, existiam no campo e não demandavam de seus

praticantes um significativo esforço corporal. Neste panorama, Melo (2009) refere o

críquete, o golfe e o tênis. No mesmo passo, Mazo (2003, p. 202) alude que, em Porto

Alegre, em meados da década de 1930, as práticas do golfe, do polo equestre12 e do

hipismo eram tidas como esportes que demandavam onerosos custos financeiros,

associadas, naquele período, aos criadores de cavalos e militares. Faz-se a ressalva de

que outra elite econômica da cidade dedicava-se ao automobilismo 13, prática que

despontou na segunda década do século XX, com as competições oficiais pelas ruas

da cidade, exacerbando os sinais da modernidade aos porto-alegrenses.

A presença de autoridades militares e civis era constante nos torneios hípicos,

como os realizados no Campo da Redenção (atual Parque Farroupilha). Nestas

oportunidades, os espectadores que estavam nas tribunas oficiais, tanto homens

quanto mulheres, vestiam trajes elegantes e usavam chapéus para prestigiar tais

12 O polo (também denominado de polo equestre) é originário da Ásia, apesar de ter sido desenvolvido por ingleses na Índia colonial (DUARTE, 2000). Este esporte equestre migrou para o Reino Unido e outras partes do mundo, chegando até a América do Sul, em especial à Argentina e ao Brasil, o qual conquistou um título mundial em 1996 (VIEIRA; FREITAS, 2007). O polo equestre constitui um dos jogos mais rápidos do mundo. É composto por duas equipes com quatro cavaleiros cada uma, cujo intuito é marcar mais gols que o adversário. Os jogos são controlados por dois juízes montados a cavalo e um terceiro, que se posiciona fora do campo, para ser consultado caso aconteça algum desacordo. O polo equestre integrou o programa olímpico nos Jogos de 1900, 1908, 1920, 1924 e 1936; contudo, foi excluído em função dos altos custos de manutenção e transporte de animais, já que, cada atleta, possuía de dois a quatro animais para competir. Além disto, o polo equestre não é reconhecido oficialmente pela Federação Equestre Internacional (FEI). 13 MADURO, Paula; PEREIRA, Ester Liberato; MAZO, Janice Zarpellon. Dos pegas as primeiras corridas oficiais de automobilismo de rua em Porto Alegre na década de 1920. Revista Didática Sistêmica. Rio Grande, v. 15, p. 17-31, 2013. Disponível em: < http://www.seer.furg.br/redsis/article/view/3406/2241>. Acesso em: 18 mai. 2014.

7

Page 8: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

eventos. Tal fato corrobora com a ideia de Soares (2011), para a qual cobrir ou

enfeitar o corpo desnudo estabelece traço de distinção, e toda civilização e sociedade

tratarão de abalizar sua singularidade igualmente por esse sinal, uma vez que as vestes

expõem explicitamente marcadores sociais e sexuais, permitindo ajuizar, incluir ou

afastar indivíduos e grupos. As práticas do salto do hipismo e do polo equestre, assim,

ao se encontrarem articuladas com costumes dos grupos privilegiados econômica e

politicamente, perfaziam parte do cotidiano das incipientes elites da sociedade, além

de demandarem um razoável empenho físico.

Além disto, de acordo com Mazo (2003), as práticas do golfe, do hipismo e do

polo equestre parecem constituir uma exceção com relação à predominância do grupo

cultural teuto-brasileiro nos esportes, pois também foram promovidas por outros

grupos culturais. Deste modo, o golfe, provavelmente, atingiu o Rio Grande do Sul

por meio da Argentina e do Uruguai, chegando às cidades de Santana do Livramento

e Rosário, onde existiam dois amplos frigoríficos gerenciados por ingleses oriundos

dos Estados Unidos. Na capital do Estado, a prática do golfe chegou mais tarde e

também com marcante influência dos ingleses.

A introdução do golfe, na cidade, refere-se à estruturação, pelos funcionários

da Companhia de Energia Elétrica, do Porto Alegre Country Club, em 1930. A

própria denominação escolhida para o clube, na língua inglesa, aponta para uma

relação entre os ingleses e esta associação em Porto Alegre. A relação entre os

ingleses e a introdução do golfe, hipismo e polo equestre, fez-se sentir no princípio;

porém, o desenvolvimento de tais práticas, no Rio Grande do Sul, atribui-se, além da

iniciativa dos brasileiros, principalmente à afinidade com os vizinhos uruguaios e

argentinos.

O Porto Alegre Country Club nasceu, exclusivamente, para a prática do golfe;

mas, não resistiu à pressão de alguns associados e, em dezembro de 1934, instituiu o

departamento hípico no interior de suas dependências (FERNÁNDEZ, 2009). Assim,

passou a congregar, também, as práticas do hipismo e do polo equestre (SOUZA,

2000). Para tanto, foi construída, no clube, uma carrière – pista para a prática

esportiva com equinos - e um campo de polo equestre. Muitas vezes, enquanto os

8

Page 9: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

casais jogavam golfe, os seus filhos praticavam o hipismo, orientados por um

professor, nas tardes hípicas promovidas por este clube.

Em 1939, foi fundada a Sociedade Hípica Porto-Alegrense (SHPA) – ainda

hoje vigente -, com muitos de seus sócios migrando do Porto Alegre Country Club,

conforme Oswaldo (2009). Seus fundadores eram grupos de amigos que organizaram

a nova sociedade, arrecadando fundos para a construção da estrutura por meio de

diversas ações. Neste período inicial, a prática do polo equestre era marcante nas

dependências da SHPA.

Esta sociedade também desempenhou um importante papel no

desenvolvimento da prática do hipismo no Brasil, em categorias como o

adestramento.14 Na busca por uma maior profissionalização do esporte no Estado, de

acordo com Ney (2009), a SHPA passou a promover torneios que integravam não

somente seus sócios, mas também os praticantes do Porto Alegre Country Club e da

Brigada Militar (MAZO, 2004). A Brigada Militar é pioneira na prática do hipismo,

permanecendo, até meados da década de 1920, como a única entidade a promover tal

prática na cidade. Com a organização das novas sociedades, o hipismo extrapolou as

fronteiras do âmbito militar e passou a congregar também civis. Contudo, os militares

não se afastaram totalmente da tomada de decisões, uma vez que a SHPA, por

exemplo, os congregava, em seu quadro de sócios, juntamente com os civis (DIÁRIO

DE NOTÍCIAS, 1931).

As competições se multiplicaram na década seguinte, tornando possível

perceber um movimento em direção a uma incipiente burocratização, quando já havia

duas sociedades esportivas que se dedicavam à prática hípica na cidade. Em

reportagem da Revista do Globo de 1943, a Sociedade Hípica Porto Alegrense e a

14 O adestramento, em essência, é um conjunto de padrões e técnicas precisas que levam à harmonia de movimentos entre o cavalo e o cavaleiro, desenvolvendo, em ambos, a disciplina, a prontidão e a elegância. Nas provas de adestramento, cada conjunto, formado pelo cavaleiro/amazona e pelo cavalo, é obrigado a realizar movimentos obrigatórios, além de uma apresentação livre. O objetivo principal é avaliar a evolução do conjunto, verificando a capacidade do mesmo de comunicar-se entre si e, com a menor movimentação possível, executarem os movimentos específicos, denominados figuras. Tudo dentro de um tempo predefinido. A área de competição, um picadeiro, é plana, tem a forma de retângulo e mede 60m de comprimento por 20m de largura (VIEIRA; FREITAS, 2007).

9

Page 10: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

seção hípica do Porto Alegre Country Club se mostram à frente deste processo, ao

iniciarem a organização de temporadas hípicas na cidade:

Tanto a “Sociedade Hípica Porto-alegrense”, como a secção15 de hipismo do Country Club estão desenvolvendo plenos esforços para o completo sucesso de mais essa temporada e, quando sabemos que elas congregam figuras destacadas da sociedade gaúcha, não há por que duvidar de seus planos e do êxito social das reuniões que essas sociedades promoverão proximamente (MAZO, 2004, p. 38).

O esporte foi desenvolvendo-se a ponto de ocorrer a fundação de novas

associações hípicas na região serrana do Estado, onde muitos imigrantes,

principalmente alemães, habitavam (MAZO, 2004). Estas condições favoreceram para

que, em Porto Alegre, na sede do Círculo Militar, no dia 22 de março de 1946, fosse

fundada a Federação Hípica Sul Rio-Grandense (FHSRG) – atual Federação Gaúcha

dos Esportes Equestres (FGEE). Ao ser organizada, na segunda metade da década de

1940, a FHSRG representou mais um passo visando ao controle e à burocratização da

prática esportiva equestre no Estado.

O intuito da nova entidade era “dirigir o esporte hípico em todo o Estado e

propõe o nome do Tenente Coronel Walter Peracchi Barcellos para dirigir os

trabalhos” (FONTOURA, 1946, p. 1). Tendo este como primeiro presidente (de 1946

a 1947), tal entidade civil primou pela união das sociedades filiadas, mas sob a tutela

de um militar. Estas ações passaram a compor parte do plano de regulamentação dos

esportes almejado pelo governo federal, visando ao respeito por estatutos e

legislações.

Conforme Drumond (2009), a “oficialização dos esportes” – uma perífrase

para a intercessão do Estado no esporte – germina na administração de Getúlio Vargas

em meados de 1935. Nos anos seguintes, diversos planos foram organizados; contudo,

nenhum foi levado adiante. Somente em 1938, no Estado Novo, mais especificamente

no dia primeiro de julho, Vargas adotou a medida inicial no que se refere à

regulamentação dos esportes: o Decreto-lei nº 526.

15 Nesta citação literal, optou-se por manter a grafia original do período, a fim de não descaracterizar ou alterar o sentido contido na fonte primária.

10

Page 11: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

O Decreto-lei nº 526, de 1938, instituiu o Conselho Nacional de Cultura, órgão

que apontava para o desenvolvimento cultural, do qual faziam parte tanto a promoção

e a empreitada em benefício dos ensejos cívicos ou humanitários como a Educação

Física (ginástica e esporte). O governo, ao arriscar uma aproximação ainda maior dos

esportes pátrios, almejava alcançar máxima autoridade sobre os mesmos e, no ano

seguinte, no dia 21 de janeiro de 1939, anunciou o Decreto-lei nº 1.056. Por meio

deste, constituiu a Comissão Nacional de Desportos, composta de cinco integrantes

aconselhados pelo presidente da República, incumbidos de realizar um esboço das

dificuldades dos esportes do país e de organizar um plano geral para a regulamentação

dos mesmos. O trabalho da Comissão resultou nas origens do Decreto-lei nº 3.199, de

14 de abril de 1941. Com esta ação, o governo criou o Conselho Nacional de

Desportos (CND) no Ministério da Educação e Saúde, cuja publicação do decreto-lei

no Diário Oficial da União foi no dia 16 de abril, efetivando o antigo plano da

oficialização dos esportes (DRUMOND, 2009).

O CND apresentava, como função, “orientar, fiscalizar e incentivar a prática

dos desportos em todo o país” (BRASIL, 1941). Este órgão apreendia a autoridade

absoluta dos esportes e constituía uma autocracia de poderes. O referido conselho

alocava as práticas esportivas para a trajetória de aparelhamento do Estado Novo.

Segundo Drumond (2009), assim como os sindicatos estavam sujeitos a alvará,

modelos de estatuto e intervenções diretas do Ministério do Trabalho e da Justiça do

Trabalho, os clubes e as federações esportivas estavam sujeitos ao CND.

A composição da coordenação esportiva brasileira foi modificada a partir do

Decreto-lei nº 3.199 (DRUMOND, 2009). Desde então, uma prática esportiva, ou

grupo de práticas esportivas, poderia instituir, exclusivamente, uma confederação no

território nacional, sendo esta afiliada à entidade internacional de sua seção esportiva.

Assim, toda unidade territorial brasileira – Distrito Federal, estados e territórios –

possuiria uma federação afiliada a cada confederação. As confederações abarcadas

imediatamente pelo decreto foram: Confederação Brasileira de Desportos;

Confederação Brasileira de Basquetebol; Confederação Brasileira de Pugilismo;

Confederação Brasileira de Vela e Motor; Confederação Brasileira de Esgrima;

11

Page 12: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

Confederação Brasileira de Xadrez; e Confederação Brasileira de Hipismo (CBH).

Em seguida, as federações esportivas começaram a ser organizadas ou adaptadas nos

estados pela imposição do referido Decreto-lei.

O hipismo no Rio Grande do Sul molda-se à legislação federal

A FHSRG foi criada somente três anos mais tarde do que a fundação da CBH,

a qual ocorreu em 1943, o que pode indicar reflexos do Decreto-lei nº 3.199 que, à

época, determinava a formação de federações estaduais para todos os esportes, com

três clubes, no mínimo. No documento da ata inaugural, de junho de 1946,

igualmente, é destacada a apresentação dos estatutos da FHSRG, os quais foram

aprovados após uma “prolongada discussão” (FONTOURA, 1946, p. 1), sugerindo

disputas de poder para decidir os rumos dos regulamentos que determinariam o

desenvolvimento da prática no Estado a partir daquele momento. Deste modo, como

apontado na ata inaugural da FHSRG, seu intuito era atuar conforme preconizava o

Decreto-Lei n° 3.199, de abril de 1941.

Consta, na ata inaugural da FHSRG, que o grupo de práticas que compunham

o hipismo no período (salto, adestramento, cross16, raids17, steeple18 e polo equestre),

estava organizado na CBH (FONTOURA, 1946, p. 2). Esta ata ainda referia a filiação

16 Esta competição também pode ser denominada steeple-chase, rallye, Concurso Completo de Equitação (CCE), ou ainda Three day event, uma vez que consiste em três provas diferentes (adestramento, prova de fundo e prova de saltos), as quais ocorrem em três dias consecutivos, parecendo uma prova de triatlo equestre (VIEIRA; FREITAS, 2007). As duas últimas denominações são oficializadas pela Federação Equestre Internacional (FEI). A prática tem seus primórdios associados aos regimentos de cavalaria, os quais existiam em grande número nos exércitos europeus antes da mecanização das unidades hipomóveis. Consistia em parte dos exercícios rotineiros da tropa e dos oficiais, envolvendo longos percursos de estrada, exercícios sobre terrenos acidentados e largos períodos de galope pelos campos atravessados por obstáculos naturais. Tais exercícios, eventualmente, vieram a constituir disputas entre esquadrões; posteriormente, entre regimentos e, mais tarde, entre equipes de cavaleiros de diferentes nacionalidades (MORGADO, 1990). O Concurso Completo de Equitação figurou, pela primeira vez, no calendário dos Jogos Olímpicos, em 1912, na cidade de Estocolmo (Suécia), como um campeonato militar, não admitindo, na competição, em um primeiro momento, cavaleiros civis nem amazonas. 17 Corridas longas de velocidade a cavalo. 18 Um tipo de corrida de cavalos com obstáculos a transpor, semelhante ao atual Concurso Completo de Equitação (CCE).

12

Page 13: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

com a entidade internacional que rege o ramo hípico, a Federação Equestre

Internacional (FEI), conforme segue:

Parágrafo 3° - Velar pela aplicação das leis e regras internacionais adotadas pela Federação Equestre Internacional (FEI) e pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) – cumprindo e fazendo cumprir as modificações que nelas se vierem introduzir (FONTOURA, 1946, p. 2-3).

Havia algumas exceções, tais como os esportes universitários e os da

juventude brasileira, assim como os da marinha, os do exército e os das forças

policiais, os quais tinham uma organização à parte dos demais esportes, atrelados

inteiramente ao CND. Este constitui mais um fato que se reflete na ata inaugural da

FHSRG, na medida em que as entidades fundadoras que constam neste documento

são as seguintes: a Sociedade Hípica Porto Alegrense, o Clube Farrapos 19 , a

Sociedade Hípica Santanense, a Liga de Polo20 e o Clube Hípico Andrade Neves21

(FONTOURA 1946, p. 12). Isto é, os regimentos de cavalaria do Exército e da

Brigada Militar organizavam-se à parte das demais entidades civis que promoviam o

esporte hípico.

Vale ressaltar, ainda com relação ao texto da ata inaugural da FHSRG, atual

Federação Gaúcha dos Esportes Equestres (FGEE), que, curiosamente, havia uma

significativa presença de militares entre os nomes dos presentes na reunião de

fundação. Além de seu primeiro presidente, Tenente Coronel Walter Peracchi

Barcellos, o secretário também ocupava um posto militar: Tenente Ney Gomes da

Câmara (FONTOURA, 1946). Seguem outros militares, o Major Armando de Freitas

Rolim e o Capitão Rubens Ferraz Machado, os quais, no total, representavam quatro

dos sete componentes da reunião inaugural. Cabe ressaltar que o vice-presidente, Dr.

19 Organização formada por oficiais da Brigada Militar do Rio Grande do Sul; além de outros esportes, cuidou do hipismo, muito incentivando a sua prática entre seus associados (AMARO JUNIOR, 1947). 20 Conforme o Capítulo 5, Art. 24, do Decreto-Lei n. 3.199, diferentemente das associações esportivas, as quais eram consideradas como entidades básicas da organização nacional dos esportes, constituindo os centros em que os esportes eram ensinados e praticados, as ligas esportivas, como a Liga de Polo, tinham um caráter facultativo, sendo entidades de direção dos esportes, no âmbito municipal, podendo ser, assim como as associações esportivas, especializadas ou ecléticas (BRASIL, 1941). 21 Fundado em janeiro de 1946, mesmo ano de institucionalização da FHSRG, o Clube Hípico Andrade Neves, já no primeiro ano de sua vida, foi dos que mais colaboraram para o desenvolvimento do hipismo em Porto Alegre, realizando com regularidade, as competições programadas (AMARO JUNIOR, 1947).

13

Page 14: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

João Kessler Coelho de Souza, era membro do Conselho Regional de Desportos22,

reforçando, assim, os indícios de que a legislação esportiva brasileira e seu objetivo

de controlar o desenvolvimento dos esportes, até mesmo ao nível regional, estavam

relacionados com o estabelecimento da FHSRG (AMARO JUNIOR, 1947).

Constituindo-se como mais um indício da marcante presença dos militares no

cenário desta prática esportiva, tem-se o local escolhido para a realização da reunião

de fundação da FHSRG: as dependências do Círculo Militar. Esta entidade, fundada

em 1943, proporciona, até os dias atuais, atividades sociais e esportivas para oficiais

da ativa ou da reserva do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e da Brigada Militar;

juízes, procuradores e defensores da Justiça Militar; alunos do Centro de Preparação

de Oficiais da Reserva (CPOR) e Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); os civis

só poderiam associar-se se apresentados por sócios (CÍRCULO MILITAR DE

PORTO ALEGRE, 2011). Nota-se que, em todos os distintos momentos de alguma

burocratização estabelecida no meio esportivo equestre de Porto Alegre, os militares

faziam-se ali presentes, mesmo que conjuntamente com os civis.

Ao considerar-se a conjuntura do nacionalismo do Estado Novo, os valores

militares estavam em voga, como bem afirmava Vargas: “a grande virtude nacional

deve ser uma virtude militar – a disciplina” (VARGAS, 1938, p. 54). Com o reforço

da ideia de uma disciplina, seguindo um padrão militarizado de comportamento, a

presença e a ação dos militares nas deliberações das orientações que a prática hípica

adotaria na cidade podem refletir o interesse de evidenciar que este esporte equestre

era controlado e tinha um papel preventivo e corretivo com relação aos cidadãos, para

impedir que eles se voltassem contra a ordem estabelecida.

Tal fato alude que o hipismo não testemunharia o início de um novo período

com a fundação da FHSRG, uma vez que os militares estiveram envolvidos com esta

prática esportiva desde seus primórdios na cidade e no Estado. O que poderia

representar uma modificação mais concreta teria relação com o concernente aos

objetivos incluídos na ata inaugural, a saber: “organizar, administrar e intensificar a

prática do esporte hípico” (FONTOURA, 1946, p. 1) nas práticas que lhe são

22 A aprovação do Regimento do Conselho Regional de Desportos do Rio Grande do Sul ocorreu pelo Decreto-Lei n. 625, de 19 de outubro de 1942 (LEGISLAÇÃO, 2014).

14

Page 15: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

peculiares, ou seja, as provas de salto, adestramento, cross, raids, steeple e

campeonatos de polo equestre. Esta organização almejada pela FHSRG talvez

pudesse confirmar mudança, apoio e incentivo ao desenvolvimento dos esportes

hípicos.

É evidente que a FHSRG também pretendia velar pela aplicação das leis e

regras internas adotadas pela FEI e pela CBH. Percebe-se que a hierarquização

instalou-se na organização do hipismo regional, o qual deveria nortear-se pelas

orientações da entidade máxima nacional e esta, por sua vez, guiar-se pela entidade

que determinava os regulamentos no cenário internacional. Contudo, parece que uma

das preocupações centrais da FHSRG foi a promoção e apoio à realização de vários

concursos, torneios e campeonatos, divulgando o hipismo por todo o Estado e, desta

forma, buscando incrementar o desenvolvimento desta prática.

Outro aspecto a ser destacado, ainda com relação aos fins desta federação,

também listados em sua ata inaugural, refere-se ao objetivo de incitar a criação e o

aprimoramento da raça equestre, sobretudo do “cavalo de sela 23” (FONTOURA,

1946, p. 2). Tal intuito registrado pela FHSRG implica que o que se pretendia com

sua fundação era algo mais do que uma agremiação que organizaria um esporte;

possivelmente, ponderava-se criar uma associação que articulasse, também, interesses

econômicos do Estado.

Neste mesmo passo, se podia notar que o mesmo também ocorria com o turfe

porto-alegrense, cuja Associação Protetora do Turfe, quando da sua fundação, em

1907, dentre seus objetivos, destacava a necessidade de, cada vez mais, estimular a

criação de cavalos de corridas puro-sangue-inglês em nosso Estado (ROZANO;

FONSECA, 2005). Estes animais, criados no Rio Grande do Sul, já haviam sido até

mesmo vitoriosos em várias exposições realizadas no Rio de Janeiro, então capital

federal. Melo (2009) refere que os clubes de turfe do Rio de Janeiro apregoavam, na

transição do século XIX para o XX, que uma de suas intenções era cooperar para o

23 Um “cavalo de sela” (ou cavalo ligeiro) apresenta peculiaridades de conformação que o tornam ideal para a montaria. A configuração de seu dorso, por exemplo, facilita a colocação da sela (EDWARDS, 1994). Como exemplos de raças equinas que identificam cavalos de sela, têm-se: Crioulo, Árabe, Puro-Sangue Inglês, Brasileiro de Hipismo.

15

Page 16: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

desenvolvimento da boa raça de cavalos brasileiros. Esta intenção revela interesses

econômicos como parte das finalidades destas agremiações que se articulavam em

torno do esporte, especialmente das práticas esportivas equestres.

Por fim, evidenciou-se que diversas práticas equestres apresentaram elementos

de esportivização na cidade de Porto Alegre, em diferentes momentos históricos.

Destaca-se que, dentro do recorte temporal proposto para o estudo, as práticas que

compõem o tiro de laço24 e o Prêmio Freio de Ouro25 estavam institucionalizadas;

porém, verifica-se, atualmente, que estas já abrangeram elementos de esporte

moderno. Apesar disto, o Prêmio Freio de Ouro não apresenta um aspecto básico

indicado por Elias e Dunning (1992): a busca pelo prazer por meio da prática em si.

Este conjunto de provas do Freio de Ouro tampouco apresenta a secularização

proposta por Guttmann (1978) para pensar-se em um esporte moderno. Em

detrimento disto, o que se identifica é um fim utilitário, a saber, a avaliação dos

cavalos da raça crioula com a finalidade de aprimorá-la. Consequentemente,

considera-se, nesta pesquisa, que as práticas que compõem o Prêmio Freio de Ouro

não se configuram como práticas esportivas, mas sim como práticas equestres com

elementos de esportivização.

Considerações finais

Ao buscar compreender a instituição do hipismo nas associações esportivas de

Porto Alegre, bem como, a organização de seu ente federativo, puderam-se identificar

24 As provas de Tiro de Laço e Crioulaço, por sua vez, também realizadas com cavalos crioulos, são desempenhadas pelo prazer em si na prática (PEREIRA, 2012). Tais disputas fundamentam-se no que é realizado nas fazendas, quando existe a necessidade de imobilizar um boi/novilho para cuidá-lo ou marcá-lo (COELHO, 2003). Desta forma, estas provas consistem em utilizar o cavalo e uma corda de couro para perseguir e laçar uma rês por uma pista de 100 metros de distância. Em 2013, o Tiro de Laço teve seu processo de burocratização consolidado com a fundação da Federação Gaúcha de Laço, a qual passou, então, a produzir e promover eventos esportivos desta prática, a partir da necessidade de consolidá-la como um esporte sem deixar de lado os aspectos do tradicionalismo cultural sul-rio-grandense (FEDERAÇÃO..., 2013). 25 As provas que constituem o Prêmio Freio de Ouro visam difundir e valorizar a raça crioula de equinos, além de servir-se das mesmas como um instrumento de seleção de animais (GIANLUPPI et al, 2009).

16

Page 17: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

diferentes configurações que apontaram para um processo de esportivização desta

prática esportiva na cidade, o qual possuiu suas peculiaridades consonantes com o

contexto sociocultural e político-econômico dos períodos históricos.

Ao analisar a prática do turfe, em Porto Alegre, uma das primeiras práticas que

abarcavam a participação do cavalo, na cidade, pode-se afirmar que se trata de uma

prática esportiva equestre. Desde a organização dos primeiros prados da cidade,

observam-se manifestações das características propostas por Guttmann para

classificar uma prática como tal. Assim, a utilização do cavalo no lazer é re-

apropriada, emergindo um esporte: o turfe. Especialmente a partir da fundação da sua

entidade promotora, Associação Protetora do Turfe, em 1907, tem-se o fortalecimento

do caráter esportivo do turfe.

Já a entidade federativa da prática do hipismo, a Federação Hípica Sul-Rio-

Grandense (FHSRG), fundada em 1946, um contexto histórico posterior e distinto da

Associação Protetora do Turfe, pretendia, essencialmente, velar pela aplicação das

leis e regras internas adotadas pela Federação Equestre Internacional e pela

Confederação Brasileira de Hipismo (CBH). Além disto, também é provável que os

reflexos da incipiente legislação esportiva brasileira tenham apresentado alguma

relação com o estabelecimento desta entidade hípica no Estado. E, ao também

preocupar-se em promover e estimular inúmeros concursos, torneios e campeonatos, a

FHSRG fazia propaganda para o desenvolvimento do hipismo e o divulgava por todo

o Estado.

Uma vez que a prática do salto do hipismo tem seus primórdios, em Porto

Alegre, associados ao contexto militar, reporta às possíveis origens de

desenvolvimento deste esporte ao nível mundial. Posteriormente, esta prática

expande-se também para a parcela civil da população, aproximando-se da igualdade

de acesso proposta por Guttmann para compor um esporte moderno. Além de as

fontes históricas não ocultarem que tal prática era somente acessível aos detentores de

capital social e econômico, elas também realçavam e reforçavam tal distinção por

meio do emprego de termos tais como, por exemplo, “elegante”, “elite porto-

alegrense”, “figuras destacadas da sociedade gaúcha”. Portanto, esta característica

17

Page 18: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

inerente a um esporte moderno, a igualdade de acesso à prática, apesar de expressar-

se de uma forma muito particular e com limitações, estava presente no contexto do

hipismo de Porto Alegre, entre as décadas de 1920 a 1940.

Deste modo, diante da organização e consolidação da FHSRG, a prática do

hipismo, assim como o turfe, tem contempladas todas as características de Guttmann

propostas para a composição de um esporte moderno, bem como a finalidade do

prazer pela prática em si indicada por Elias e Dunning. Porém, diferentemente do

turfe, o qual tem suas representações ligadas a uma sociedade patriarcal

predominantemente rural, onde a força e a capacidade concentram-se no animal, o

hipismo, por outro lado, já incorpora representações mais ligadas ao desempenho do

ser humano também, o que está em consonância com um contexto de modernização.

Nesta conjuntura, as ideias humanistas, as quais conferiam valor crucial à aptidão do

ser humano, especificamente à sua capacidade racional, estavam em voga. Por este

motivo, nesta pesquisa, considera-se a prática do hipismo como um moderno esporte

equestre.

Referências

A FEDERAÇÃO. Inauguração de um quartel militar. Porto Alegre: 21/09/1931,

p.03.

______. Uma grandiosa e louvável aspiração da Sociedade Hípica Rio

Grandense. Porto Alegre: 02/09/1933, p. 3.

AMARO JUNIOR, José. (org.). Almanaque Esportivo do Rio Grande do Sul. Porto

Alegre: Thurmann, 1944.

______ Almanaque Esportivo do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Thurmann,

1947.

BACELLAR, Carlos. Fontes documentais: uso e mau uso dos arquivos. In: PINSKI,

C. (Org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2010, p. 23 - 80.

BRASIL. Conselho Nacional de Desportos. Decreto-lei n. 3199, de 14 de abril de

1941. DOU: 16 abr. 1941. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 1941. Disponível

18

Page 19: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

em:

http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=152593.

Acesso em 16/01//2012.

CÍRCULO Militar de Porto Alegre. Social. Disponível em: <

http://www.circulomilitarpoa.com.br/social.html>. Acesso em: 30 jun. 2011.

COELHO, Diogo Osório. História do Tiro de Laço e Crioulaço. Raça Crioula.

Pelotas, 2012. Disponível em: <

http://www.racacrioula.com.br/site/content/historia/index.php?np=8>. Acesso

em: 20 jun. 2012.

DIÁRIO de Notícias. Abertura de temporada do corrente anno. Vida Desportiva.

Hippismo. Sociedade Hippica Rio-Grandense. Porto Alegre, 16 junho 1931, p.

2.

DRUMOND, Maurício. O esporte como política de Estado: Vargas. In: DEL

PRIORE, Mary; MELO, Victor. (orgs). História do Esporte no Brasil: do

império aos dias atuais. São Paulo: Editora UNESP, 2009, p.213-244.

DUARTE, Orlando. História dos Esportes. São Paulo: MAKRON Books, 2000.

EDWARDS, Elwyn Hartley. Cavalos: um guia ilustrado com mais de 100 raças de

cavalos de todo o mundo. Tradução de Raul de Sá Barbosa. – 2a ed. – Rio de

Janeiro: Ediouro, 1994.

ELIAS, Norbert; DUNNING, Eric. A Busca da Excitação. Lisboa, Difel, 1992.

FEDERAÇÃO Gaúcha de Laço divulga prática que envolve esporte com tradição.

Folha do Sul Gaúcho. Bagé, ano 5, n.1232, 29/06/2013. Disponível em: <

http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2013/06/29/federacao-gaucha-de-

laco-divulga-pratica-que-envolve-esporte-com-tradicao>. Acesso em: 19 mai.

2014.

FERNÁNDEZ, Elias. Porto Alegre Country Club (1930-1960): uma tacada da elite

na prática do golfe em Porto Alegre. Porto Alegre. UFRGS/Escola da

Educação Física. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso), 2009.

Disponível em < http://hdl.handle.net/10183/42335>. Acesso em: 16 mai.

2014.

19

Page 20: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

FONTOURA, Nélio Corrêa da. Ata Inaugural da Federação Hípica Sul Rio-

Grandense, p. 1, 1946.

GIANLUPPI, L.D.F.; BORTOLI, E.C. de; SCHVARZ SOBRINHO, R.; FALCÃO,

T.F.; SILVA, T.N. Agregação de valor em equinos da raça crioula: um estudo

de caso. In: Archivos de Zootecnia. Córdoba/Argentina, v. 58, n. 223, p.

471-474, 2009. Disponível em: <

http://scielo.isciii.es/pdf/azoo/v58n223/art19.pdf>. Acesso em: 06 abr. 2012.

GUTTMANN, Allen. From ritual to Record: the nature of modern sports. New

York: Columbia University, 1978.

LEGISLAÇÃO. Legislação Esportiva Estadual. DECRETO Nº 615, de 19 de

outubro de 1942. Conselho Regional de Desportos. Disponível em: <

http://www.crd-se.rs.gov.br/crd/html/legislacao.jsp?ACAO=acao1>. Acesso

em: 19 mai. 2014.

MAZO, Janice. Emergência e a Expansão do Associativismo Desportivo em Porto

Alegre (1867-1945): espaço de representação da identidade cultural teuto-

brasileira. Tese Doutorado. Faculdade de Educação Física e Ciências do

Desporto, Universidade do Porto, Portugal, 2003. Disponível em: <

http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/18673>. Acesso em: 16 mai. 2014.

______. A Brigada de ontem e hoje. 01°/03/1952, 555, p.48. O Esporte e a

Educação Física na Revista do Globo: Catálogo 1929-1967. Porto Alegre:

FEFID/PUCRS; ESEF/UFRGS, 2004, CD-ROM.

______. Festa Hípica no Country Club. 29/05/1943, n. 340, p. 38. O Esporte e a

Educação Física na Revista do Globo: Catálogo 1929-1967. Porto Alegre:

FEFID/PUCRS; ESEF/UFRGS, 2004, CD-ROM.

______. Festa na serra. 10/03/1945, n. 382, p. 19. O Esporte e a Educação Física na

Revista do Globo: Catálogo 1929-1967. Porto Alegre: FEFID/PUCRS;

ESEF/UFRGS, 2004, CD-ROM.

______. Quinzena Desportiva. 16/12/1939, n. 265, p. 48. O Esporte e a Educação

Física na Revista do Globo: Catálogo 1929-1967. Porto Alegre:

FEFID/PUCRS; ESEF/UFRGS, 2004, CD-ROM.

20

Page 21: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

______. Associações esportivas de Porto Alegre-RS, 1867-1941. In: MAZO, Janice;

REPPOLD FILHO, Alberto Reinaldo. (orgs.). Atlas do Esporte no Rio

Grande do Sul: atlas do esporte, educação física e atividades de saúde e lazer

no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: CREF2/RS, 2005.

MAZO, Janice Zarpellon et al. Associações esportivas no Rio Grande do Sul:

lugares e memórias. Novo Hamburgo: Universidade Feevale, CD-ROM, 2012.

Disponível em: <

https://hotfile.com/dl/179277257/066fdff/Associaes_Esportivas_no_RS_-

_Lugares_e_Memrias.pdf.html>. Acesso em: 26 nov. 2013.

MELO, Victor Andrade de. “Remo, Modernidade e Pereira Passos: primórdios das

políticas públicas de esporte no Brasil”. In: Esporte e Sociedade. Rio de

Janeiro, UFF. N. 3, jul./out 2006. Disponível em: <

http://www.uff.br/esportesociedade/pdf/es305.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2011.

______. Das touradas às corridas de cavalo e regatas: primeiros momentos da

configuração do campo esportivo no Brasil. In: DEL PRIORE, Mary; MELO,

Victor. (orgs). História do Esporte no Brasil: do império aos dias atuais. São

Paulo: Editora UNESP, p.35-70, 2009.

MONTEIRO, Charles. Porto Alegre e suas escritas: história e memórias da cidade.

Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.

MORGADO, Félix. Adestramento do cavalo. São Paulo: Nobel, 1990.

NEY Fontana Feijó. Álbum 70 anos da Sociedade Hípica Porto Alegrense. p. 18,

2009.

OSWALDO de Lia Pires. Álbum 70 anos da Sociedade Hípica Porto Alegrense. p.

3, 2009.

PEREIRA, Ester Liberato. As práticas equestres em Porto Alegre: percorrendo o

processo da esportivização. 2012. 156 f. Dissertação (Mestrado) --

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física,

Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, Porto

Alegre, 2012. Disponível em:

21

Page 22: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

<http://www.bibliotecadigital.ufrgs.br/da.php?nrb=000861427&loc=2012&l=

d78f3c8f7d03f59a>. Acesso em: 25 nov. 2013.

PEREIRA, Ester Liberato; FERNÁNDEZ, Elias Casemiro Dutra; MAZO, Janice

Zarpellon. “A fundação do primeiro clube de golfe em Porto Alegre”. In:

Cinergis, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), v.11, n.2, p.26-34,

jul./dez 2010. Disponível em:

http://online.unisc.br/seer/index.php/cinergis/article/viewFile/2346/1649.

Acesso em: 18 jun. 2012.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. O imaginário da cidade: visões do urbano – Paris,

Rio de Janeiro, Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS. 1999

PIMENTEL, Alessandra. O método da análise documental: seu uso numa pesquisa

historiográfica. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 114, p. 179-195,

nov./2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/cp/n114/a08n114.pdf>.

Acesso em: 13 jun. 2011.

ROZANO, Mário; FONSECA, Ricardo da. (orgs.). História de Porto Alegre: Jockey

Club. Porto Alegre: Nova Prova, 2005.

RUBERT, Arlindo. História da Igreja no Rio Grande do Sul. Porto Alegre:

EDIPUCRS, 1998.

SILVA, Carolina Fernandes da. O remo e a história de Porto Alegre, Rio Grande

do Sul: mosaico de identidades culturais no longo século XIX. 2011. 151 f.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola

de Educação Física, Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento

Humano, Porto Alegre, 2011. Disponível em: <

http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/32722/000788024.pdf?sequ

ence=1>. Acesso em: 01 dez. 2013.

SILVA, Carolina Fernandes da; PEREIRA, Ester Liberato; MAZO, Janice Zarpellon.

“Grêmio de Regatas Almirante Tamandaré: uma ameaça ao império identitário

teuto-brasileiro no cenário do remo porto-alegrense”. Movimento. Porto

Alegre, v. 20, p. 59-79, 2014. Disponível em: <

22

Page 23: A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense ... · evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of ... unidade da Brigada Militar como

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]

http://www.seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/article/view/37783/28343>.

Acesso em: 18 maio. 2014.

SOARES, Carmen Lúcia. As roupas nas práticas corporais e esportivas: a

educação do corpo entre o conforto, a elegância e a eficiência (1920-1940).

Campinas, SP: Autores Associados, 2011.

SOUZA, Giane Ferreira de (coord.). Porto Alegre Country Club. Porto Alegre,

2000.

VARGAS, Getúlio. As diretrizes da Nova Política do Brasil. Rio de Janeiro: José

Olympio, 1938.

VIEIRA, Silvia; FREITAS, Armando. O que é hipismo. Rio de Janeiro: Casa da

Palavra: COB, 2007.

23