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[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ HISTÓRIA & ESPORTE] Ano 4, n° 4 | 2014, vol.2 ISSN [2236-4846]
A organização da Federação Hípica Sul-Rio-Grandense (décadas de
1920 a 1940) Ester Liberato Pereira*
Janice Zarpellon Mazo**
Resumo
Este estudo objetiva analisar o processo de agenciamento no hipismo a partir da
organização da Federação Hípica Sul Rio Grandense (FHSRG), atualmente Federação
Gaúcha dos Esportes Equestres (FGEE), no período das décadas de 1920 a 1940. Por
meio da análise documental da ata de fundação da FHSRG, além de reportagens de
jornal e revistas porto-alegrenses que circulavam no período, evidenciamos outras
formas de influência do referido esporte no Estado. A fundação da FHSRG, na década
de 1940, representa os primórdios da burocratização desta prática esportiva no Estado.
Neste período, novas associações hípicas foram emergindo no Rio Grande do Sul.
Além disto, também é possível que os reflexos da incipiente legislação esportiva
brasileira tenham contribuído para o estabelecimento desta entidade hípica no Estado.
Palavras-chave: Hipismo. História do Esporte. Clubes.
Abstract
This study aims to analyze the process of assemblage in equestrianism from the
organization of the Sul Rio Grandense Equestrian Federation (SRGEF) currently
Gaúcha Federation of Equestrian Sports (GFES), during the decades from 1920 to
1940. Through a documentary analysis of the founding proceedings of SRGEF, plus
newspaper reports and magazines that circulated in Porto Alegre in the period, we
evidenced other forms of influence of that sport in the State. The foundation of
SRGEF, in the 1940s, represents the beginning of the bureaucratization of this sports
practice in the State. In this period, new equestrian associations were emerging in Rio
* Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). **Professora dos cursos de Licenciatura e de Bacharelado em Educação Física e do PPGCMH da ESEF/UFRGS.
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Grande do Sul. Moreover, it is also possible that the effects of the emerging Brazilian
sports legislation have contributed to the establishment of this equestrian organization
in the State.
Keywords: Equestrianism. History of Sport. Clubs.
Introdução
As práticas equestres, em especial, o hipismo, estão relacionadas, de forma
intrínseca, com a configuração do cenário sociocultural do estado do Rio Grande do
Sul. O cavalo, para a identidade do sul-rio-grandense, representa um de seus
símbolos, uma vez que sempre se associaram, ao longo da história deste Estado.
Aproximadamente, desde o século XVII, no Rio Grande do Sul, já havia redutos de
criação de cavalos nas denominadas reduções jesuíticas, onde os indígenas tiveram
seu primeiro contato com estes animais, passando a utilizá-los, paulatinamente, como
meio de transporte, tração, auxiliar da caça, de disputas por territórios e montaria
(RUBERT, 1998).
No que diz respeito ao fenômeno do associativismo esportivo em Porto
Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, por volta da segunda metade do
século XIX, já ocorriam, na cidade, práticas esportivas que abarcavam a participação
do cavalo, como as corridas de cavalos, conhecidas como “carreiras em cancha reta”,
e o turfe, corridas de cavalos em pista circular/elíptica (MAZO, 2003). Novas práticas
equestres emergem nos quartéis no início do século XX: polo equestre, caça à raposa,
volteio e hipismo, onde o salto1 constitui a prática mais divulgada (PEREIRA, 2012).
A prática do salto do hipismo, em Porto Alegre, imprimiu seus primeiros
passos oficiais na região por meio da denominada Escolta Presidencial, criada em 25
de janeiro de 1916, pelo Decreto-Lei nº 2.172, a qual passava a constituir uma nova
unidade da Brigada Militar - como é denominada a polícia militar do Rio Grande do
Sul. Durante muitos anos, o hipismo foi praticado, principalmente, por militares nos
1 O salto, no hipismo, consiste em uma prova realizada em pista de areia ou grama, na qual o conjunto, composto por atleta e cavalo, deve transpor de 10 a 15 obstáculos, com o intuito de finalizar a passagem sem cometer faltas no menor tempo possível (VIEIRA; FREITAS, 2007).
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seus espaços próprios, sendo escassa a presença de civis, como também de clubes
hípicos no Estado. Somente após quase uma década, em 1925, é que se tem registro
de uma sociedade promotora deste esporte também para indivíduos do meio civil: a
Sociedade Hípica Rio-Grandense (SHR).
Para além dos ambientes militares e da SHR, a prática do hipismo, no
princípio da década de 1930, começou a ser oferecida, pela primeira vez, por uma
associação esportiva: o Porto Alegre Country Club. Este clube, instituído no ano de
1930, visava, exclusivamente, à prática do golfe; mas, posteriormente, também
oportunizou aos sócios a prática do hipismo (PEREIRA; FERNÁNDEZ; MAZO,
2010). Posteriormente, em seis de junho de 1939, a Sociedade Hípica Porto-
Alegrense é fundada e passa a configurar-se como um espaço em que, mais do que
oferecer a prática hípica, tinha nesta a essência de sua organização (AMARO
JUNIOR, 1944).
O hipismo, paulatinamente, foi desenvolvendo-se e ocupando outros
ambientes não só em Porto Alegre, como em outras cidades do Rio Grande do Sul
(MAZO et. al., 2012). De tal modo, a necessidade de gerência do esporte hípico foi
sendo percebida; além disso, os reflexos do Decreto-Lei n° 3.199 de 1941, que
impunha, dentre outras, a obrigação de instituir federações para conduzir os esportes
no país, forçou mudanças no campo esportivo. Com estes fins, em 1946, na capital do
Estado, foi fundada a Federação Hípica Sul-Rio-Grandense (FHSRG) – atual
Federação Gaúcha dos Esportes Equestres (FGEE).
Diante desta conjuntura, este estudo se propõe a analisar o processo de
agenciamento no hipismo a partir da organização da FHSRG, atualmente FGEE, no
período das décadas de 1920 a 1940. Circunscrito nas dimensões de um estudo
histórico, procurou-se contemplar o objetivo proposto por meio de uma coleta de
informações em fontes impressas, como a ata de fundação da FHSRG, o Almanaque
Esportivo do Rio Grande do Sul, a Revista do Globo e os jornais A Federação e
Diário de Notícias, de grande circulação na cidade na época. Além disso, foi realizada
uma revisão bibliográfica em livros, artigos científicos, dissertações e teses. As
informações obtidas foram submetidas à análise documental, conforme Bacellar
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(2005) e Pimentel (2001), tendo como embasamento teórico as ideias de Elias,
Dunning (1992) e Guttmann (1978) acerca do esporte moderno e da esportivização. O
resultado da análise das informações coletadas nas fontes é exposto nos tópicos que
seguem.
Panorama do esporte nos clubes de Porto Alegre
Nas primeiras décadas do século XX, conforme Pesavento (1999), era
avocada, na cidade, uma nova estética corporal anunciada pelos ares da modernidade.
Neste ambiente, as práticas consideradas modernas passaram a ser vistas pela
população como propícias à construção de um indivíduo desafiador, corajoso,
conquistador, vitorioso. Esta nova perspectiva conferiu aos esportes – remo, ciclismo,
futebol-, notoriedade, sendo cada vez mais aceitos pelas pessoas e encarados como
atividades favoráveis aos novos tempos (MELO, 2006). As novidades esportivas se
faziam presentes, em Porto Alegre, na construção de um imaginário da modernidade,
conforme revelam os estudos de Pesavento (1999) e Monteiro (2006).
Tal cenário refletiu-se, inclusive, nos primórdios da prática do hipismo porto-
alegrense, pela iniciativa da Brigada Militar. Ao promover o esporte, esta corporação
militar almejava melhor condicionar e preparar seus cavalos e cavaleiros para a
atuação nas suas funções de segurança, vigilância e guarda. Então, o hipismo
compunha parte da instrução física nos quarteis da Brigada Militar do Rio Grande do
Sul, sendo visto, conforme reportagem da Revista do Globo, como uma prática
“muitíssimo intensa e segue os padrões mais modernos internacionalmente adotados”
(MAZO, 2004, p. 48, grifo nosso).
Durante as comemorações dos regimentos da Brigada Militar, a equitação
também se fazia presente ao compor parte do programa esportivo. De acordo com
uma reportagem do jornal A Federação, notava-se o empenho dos oficiais e policiais
desta corporação no treinamento dos exercícios físicos que faziam parte da “moderna
educação militar” (A FEDERAÇÃO, 1931, p.13, grifo nosso). Tal busca pela
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adequação às representações de novos tempos foi apontada de forma recorrente pelo
jornal A Federação.
Em reportagem sobre a Sociedade Hípica Rio-Grandense, destacou que o
“gaúcho de antanho mostrava a sua destreza nas difíceis ‘corridas de cavalhadas’ e o
gaúcho de hoje encontrará nos modernos desportos hípicos como manter as glórias
alcançadas por seus antepassados [...]” (A FEDERAÇÃO, 1933, p. 3, grifo nosso).
Tal discurso representativo da modernidade, integrado às características de
racionalização, secularização e quantificação do esporte, recebe um novo significado
ao se associar com as especificidades locais. Revela as representações identitárias da
cidade, onde passado e presente convivem; respectivamente, as cavalhadas
relacionadas ao antigo e o hipismo ao moderno.
O estudo de Elias e Dunning (1992) aborda os avanços da civilização,
utilizando a prática da caça à raposa, oriunda da Inglaterra, como modelo empírico a
demonstrar algumas das características do tipo de passatempo que é chamado esporte.
Esta é uma das primeiras práticas equestres citadas como exemplo de um processo de
esportivização. Os autores (1992) apresentam informações acerca da criação de regras
que diminuíam a violência inserida na realização da caça à raposa, evidenciando uma
racionalização da prática. Desta forma, o termo “esportivização”, como um
neologismo proveniente do que Elias e Dunning (1992) designam por
“desportivização”, constitui um processo por meio do qual os jogos, passatempos e
divertimentos vão se transformando em práticas institucionalizadas nomeadas
esportes, no contexto da sociedade inglesa do século XIX e, a partir daí, disseminados
mundialmente como processo civilizatório.
Este cenário internacional, perpassado pelos ares da modernidade, apresenta
possíveis relações no contexto porto-alegrense, na primeira década do século XX,
quando se destaca a fundação das primeiras associações de futebol em Porto Alegre: o
Grêmio Foot - Ball Porto Alegrense (1903), o Fussball Porto Alegre (1903) e o Sport
Club Internacional (1909) 2. Antes da chegada do futebol, já havia, na cidade, as
2 MORAES, Ronaldo; SILVA, Carolina da; MAZO, Janice Zarpellon. Esporte Clube São José de Porto Alegre (RS): a busca pela sua sede definitiva (1913-1940). In: Kinesis. Santa Maria, v. 2, p. 22-37,
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associações ciclísticas3 e o mais antigo clube de tênis brasileiro4, fundado em Porto
Alegre. A pesquisa de Mazo e colaboradores (2012) demonstrou que já existia, não
apenas em Porto Alegre, mas em outros lugares do estado do Rio Grande do Sul,
desde meados do século XIX, um número considerável de associações esportivas5
que, além das práticas mencionadas anteriormente, promoviam a ginástica6, o tiro ao
alvo7, o turfe8, o bolão9, a natação10, e o remo11.
O remo, de acordo com Melo (2006), congregava a modernidade da transição
do século, proporcionando uma participação mais ativa do ser humano. Além disto,
2014. Disponível em: < http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/kinesis/article/view/13246/8367>. Acesso em: 18 mai. 2014. 3 FROSI, Tiago; CRUZ, Lucas; MORAES, Ronaldo; MAZO, Janice. A prática do ciclismo em clubes de Porto Alegre/RS. Pensar a Prática, Goiânia, v. 14, n. 3, p. 118, set./dez. 2011, p. 1-18. Disponível em: < http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/article/view/9755/10117>. Acesso em: 18 mai. 2014. 4 MAZO, Janice Zarpellon; BALBINOTTI, Carlos. A história do tênis na era moderna. In: BALBINOTTI, Carlos; BERLEZE, Adriana... [et al.] (Orgs). O ensino do tênis: novas perspectivas de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2009. p. 267-282. 5 Estudos a respeito do associativismo esportivo, no Rio Grande do Sul, podem ser consultados no seguinte link: https://www.facebook.com/NEHME.RS?fref=ts 6 MAZO, Janice; GAYA, Adroaldo. As associações desportivas em Porto Alegre, Brasil: espaço de representações da identidade cultural teuto-brasileira. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v. 6, n. 2, p. 205-213, maio/ago. 2006, p. 205-213. Disponível em: < http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rpcd/v6n2/v6n2a09.pdf>. Acesso em: 18 mai. 2014. 7 ASSMANN, Alice; MAZO, Janice. As Scutzenvereine – Sociedade de Atiradores – de Santa Cruz do Sul: um tiro certo na história do esporte no Rio Grande do Sul. Esporte e Sociedade. Ano 7, n. 20, Set. 2012, p. 122-153. Disponível em: < http://www.uff.br/esportesociedade/pdf/es2006.pdf>. Acesso em: 18 mai. 2014. 8 PEREIRA, Ester Liberato. As práticas equestres em Porto Alegre: percorrendo o processo da esportivização. 2012. 156 f. Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, Porto Alegre, 2012. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufrgs.br/da.php?nrb=000861427&loc=2012&l=d78f3c8f7d03f59a>. Acesso em: 25 nov. 2013. 9 KILPP, Cecília Elisa; MAZO, Janice Zarpellon; LYRA, Vanessa Bellani. Um olhar histórico sobre a emergência dos primeiros clubes esportivos na cidade de Teutônia, no Rio Grande do Sul. In: Pensar a Prática. Goiânia, v.13, n.1, p.1-16, jan./abr.2010. Disponível em: < http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/87006/000742825.pdf?sequence=1>. Acesso em: 18 mai. 2014. 10 ASSMANN, Alice Beatriz; SILVA, Carolina Fernandes da; MAZO, Janice Zarpellon. A natação em piscinas nos clubes da cidade de Porto Alegre (décadas de 1930 e 1940). In: Kinesis. Santa Maria, ed.31, v.2, março 2014. Disponível em: < http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/kinesis/article/view/13253/8374>. Acesso em: 18 mai. 2014. 11 SILVA, Carolina Fernandes da. O remo e a história de Porto Alegre, Rio Grande do Sul: mosaico de identidades culturais no longo século XIX. 2011. 151 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, Porto Alegre, 2011. Disponível em: < http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/32722/000788024.pdf?sequence=1>. Acesso em: 01 dez. 2013.
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evidenciava, no próprio corpo saudável e potente, os sinais de um novo Brasil,
incorporando um novo modo de vida correspondente à velocidade dos novos tempos.
Os estudos de Silva (2011) e Silva, Pereira e Mazo (2014), sobre o remo porto-
alegrense, corroboram com as afirmações de Melo.
Para além do caso do remo, ao estabelecer um diálogo com tal situação,
algumas práticas, igualmente, são sistematizadas em consonância com um modo de
vida burguês, ou seja, das novas elites, formando pontes entre os diversos estratos das
camadas economicamente mais privilegiadas. Tratava-se de práticas realizadas na
cidade, as quais, normalmente, existiam no campo e não demandavam de seus
praticantes um significativo esforço corporal. Neste panorama, Melo (2009) refere o
críquete, o golfe e o tênis. No mesmo passo, Mazo (2003, p. 202) alude que, em Porto
Alegre, em meados da década de 1930, as práticas do golfe, do polo equestre12 e do
hipismo eram tidas como esportes que demandavam onerosos custos financeiros,
associadas, naquele período, aos criadores de cavalos e militares. Faz-se a ressalva de
que outra elite econômica da cidade dedicava-se ao automobilismo 13, prática que
despontou na segunda década do século XX, com as competições oficiais pelas ruas
da cidade, exacerbando os sinais da modernidade aos porto-alegrenses.
A presença de autoridades militares e civis era constante nos torneios hípicos,
como os realizados no Campo da Redenção (atual Parque Farroupilha). Nestas
oportunidades, os espectadores que estavam nas tribunas oficiais, tanto homens
quanto mulheres, vestiam trajes elegantes e usavam chapéus para prestigiar tais
12 O polo (também denominado de polo equestre) é originário da Ásia, apesar de ter sido desenvolvido por ingleses na Índia colonial (DUARTE, 2000). Este esporte equestre migrou para o Reino Unido e outras partes do mundo, chegando até a América do Sul, em especial à Argentina e ao Brasil, o qual conquistou um título mundial em 1996 (VIEIRA; FREITAS, 2007). O polo equestre constitui um dos jogos mais rápidos do mundo. É composto por duas equipes com quatro cavaleiros cada uma, cujo intuito é marcar mais gols que o adversário. Os jogos são controlados por dois juízes montados a cavalo e um terceiro, que se posiciona fora do campo, para ser consultado caso aconteça algum desacordo. O polo equestre integrou o programa olímpico nos Jogos de 1900, 1908, 1920, 1924 e 1936; contudo, foi excluído em função dos altos custos de manutenção e transporte de animais, já que, cada atleta, possuía de dois a quatro animais para competir. Além disto, o polo equestre não é reconhecido oficialmente pela Federação Equestre Internacional (FEI). 13 MADURO, Paula; PEREIRA, Ester Liberato; MAZO, Janice Zarpellon. Dos pegas as primeiras corridas oficiais de automobilismo de rua em Porto Alegre na década de 1920. Revista Didática Sistêmica. Rio Grande, v. 15, p. 17-31, 2013. Disponível em: < http://www.seer.furg.br/redsis/article/view/3406/2241>. Acesso em: 18 mai. 2014.
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eventos. Tal fato corrobora com a ideia de Soares (2011), para a qual cobrir ou
enfeitar o corpo desnudo estabelece traço de distinção, e toda civilização e sociedade
tratarão de abalizar sua singularidade igualmente por esse sinal, uma vez que as vestes
expõem explicitamente marcadores sociais e sexuais, permitindo ajuizar, incluir ou
afastar indivíduos e grupos. As práticas do salto do hipismo e do polo equestre, assim,
ao se encontrarem articuladas com costumes dos grupos privilegiados econômica e
politicamente, perfaziam parte do cotidiano das incipientes elites da sociedade, além
de demandarem um razoável empenho físico.
Além disto, de acordo com Mazo (2003), as práticas do golfe, do hipismo e do
polo equestre parecem constituir uma exceção com relação à predominância do grupo
cultural teuto-brasileiro nos esportes, pois também foram promovidas por outros
grupos culturais. Deste modo, o golfe, provavelmente, atingiu o Rio Grande do Sul
por meio da Argentina e do Uruguai, chegando às cidades de Santana do Livramento
e Rosário, onde existiam dois amplos frigoríficos gerenciados por ingleses oriundos
dos Estados Unidos. Na capital do Estado, a prática do golfe chegou mais tarde e
também com marcante influência dos ingleses.
A introdução do golfe, na cidade, refere-se à estruturação, pelos funcionários
da Companhia de Energia Elétrica, do Porto Alegre Country Club, em 1930. A
própria denominação escolhida para o clube, na língua inglesa, aponta para uma
relação entre os ingleses e esta associação em Porto Alegre. A relação entre os
ingleses e a introdução do golfe, hipismo e polo equestre, fez-se sentir no princípio;
porém, o desenvolvimento de tais práticas, no Rio Grande do Sul, atribui-se, além da
iniciativa dos brasileiros, principalmente à afinidade com os vizinhos uruguaios e
argentinos.
O Porto Alegre Country Club nasceu, exclusivamente, para a prática do golfe;
mas, não resistiu à pressão de alguns associados e, em dezembro de 1934, instituiu o
departamento hípico no interior de suas dependências (FERNÁNDEZ, 2009). Assim,
passou a congregar, também, as práticas do hipismo e do polo equestre (SOUZA,
2000). Para tanto, foi construída, no clube, uma carrière – pista para a prática
esportiva com equinos - e um campo de polo equestre. Muitas vezes, enquanto os
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casais jogavam golfe, os seus filhos praticavam o hipismo, orientados por um
professor, nas tardes hípicas promovidas por este clube.
Em 1939, foi fundada a Sociedade Hípica Porto-Alegrense (SHPA) – ainda
hoje vigente -, com muitos de seus sócios migrando do Porto Alegre Country Club,
conforme Oswaldo (2009). Seus fundadores eram grupos de amigos que organizaram
a nova sociedade, arrecadando fundos para a construção da estrutura por meio de
diversas ações. Neste período inicial, a prática do polo equestre era marcante nas
dependências da SHPA.
Esta sociedade também desempenhou um importante papel no
desenvolvimento da prática do hipismo no Brasil, em categorias como o
adestramento.14 Na busca por uma maior profissionalização do esporte no Estado, de
acordo com Ney (2009), a SHPA passou a promover torneios que integravam não
somente seus sócios, mas também os praticantes do Porto Alegre Country Club e da
Brigada Militar (MAZO, 2004). A Brigada Militar é pioneira na prática do hipismo,
permanecendo, até meados da década de 1920, como a única entidade a promover tal
prática na cidade. Com a organização das novas sociedades, o hipismo extrapolou as
fronteiras do âmbito militar e passou a congregar também civis. Contudo, os militares
não se afastaram totalmente da tomada de decisões, uma vez que a SHPA, por
exemplo, os congregava, em seu quadro de sócios, juntamente com os civis (DIÁRIO
DE NOTÍCIAS, 1931).
As competições se multiplicaram na década seguinte, tornando possível
perceber um movimento em direção a uma incipiente burocratização, quando já havia
duas sociedades esportivas que se dedicavam à prática hípica na cidade. Em
reportagem da Revista do Globo de 1943, a Sociedade Hípica Porto Alegrense e a
14 O adestramento, em essência, é um conjunto de padrões e técnicas precisas que levam à harmonia de movimentos entre o cavalo e o cavaleiro, desenvolvendo, em ambos, a disciplina, a prontidão e a elegância. Nas provas de adestramento, cada conjunto, formado pelo cavaleiro/amazona e pelo cavalo, é obrigado a realizar movimentos obrigatórios, além de uma apresentação livre. O objetivo principal é avaliar a evolução do conjunto, verificando a capacidade do mesmo de comunicar-se entre si e, com a menor movimentação possível, executarem os movimentos específicos, denominados figuras. Tudo dentro de um tempo predefinido. A área de competição, um picadeiro, é plana, tem a forma de retângulo e mede 60m de comprimento por 20m de largura (VIEIRA; FREITAS, 2007).
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seção hípica do Porto Alegre Country Club se mostram à frente deste processo, ao
iniciarem a organização de temporadas hípicas na cidade:
Tanto a “Sociedade Hípica Porto-alegrense”, como a secção15 de hipismo do Country Club estão desenvolvendo plenos esforços para o completo sucesso de mais essa temporada e, quando sabemos que elas congregam figuras destacadas da sociedade gaúcha, não há por que duvidar de seus planos e do êxito social das reuniões que essas sociedades promoverão proximamente (MAZO, 2004, p. 38).
O esporte foi desenvolvendo-se a ponto de ocorrer a fundação de novas
associações hípicas na região serrana do Estado, onde muitos imigrantes,
principalmente alemães, habitavam (MAZO, 2004). Estas condições favoreceram para
que, em Porto Alegre, na sede do Círculo Militar, no dia 22 de março de 1946, fosse
fundada a Federação Hípica Sul Rio-Grandense (FHSRG) – atual Federação Gaúcha
dos Esportes Equestres (FGEE). Ao ser organizada, na segunda metade da década de
1940, a FHSRG representou mais um passo visando ao controle e à burocratização da
prática esportiva equestre no Estado.
O intuito da nova entidade era “dirigir o esporte hípico em todo o Estado e
propõe o nome do Tenente Coronel Walter Peracchi Barcellos para dirigir os
trabalhos” (FONTOURA, 1946, p. 1). Tendo este como primeiro presidente (de 1946
a 1947), tal entidade civil primou pela união das sociedades filiadas, mas sob a tutela
de um militar. Estas ações passaram a compor parte do plano de regulamentação dos
esportes almejado pelo governo federal, visando ao respeito por estatutos e
legislações.
Conforme Drumond (2009), a “oficialização dos esportes” – uma perífrase
para a intercessão do Estado no esporte – germina na administração de Getúlio Vargas
em meados de 1935. Nos anos seguintes, diversos planos foram organizados; contudo,
nenhum foi levado adiante. Somente em 1938, no Estado Novo, mais especificamente
no dia primeiro de julho, Vargas adotou a medida inicial no que se refere à
regulamentação dos esportes: o Decreto-lei nº 526.
15 Nesta citação literal, optou-se por manter a grafia original do período, a fim de não descaracterizar ou alterar o sentido contido na fonte primária.
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O Decreto-lei nº 526, de 1938, instituiu o Conselho Nacional de Cultura, órgão
que apontava para o desenvolvimento cultural, do qual faziam parte tanto a promoção
e a empreitada em benefício dos ensejos cívicos ou humanitários como a Educação
Física (ginástica e esporte). O governo, ao arriscar uma aproximação ainda maior dos
esportes pátrios, almejava alcançar máxima autoridade sobre os mesmos e, no ano
seguinte, no dia 21 de janeiro de 1939, anunciou o Decreto-lei nº 1.056. Por meio
deste, constituiu a Comissão Nacional de Desportos, composta de cinco integrantes
aconselhados pelo presidente da República, incumbidos de realizar um esboço das
dificuldades dos esportes do país e de organizar um plano geral para a regulamentação
dos mesmos. O trabalho da Comissão resultou nas origens do Decreto-lei nº 3.199, de
14 de abril de 1941. Com esta ação, o governo criou o Conselho Nacional de
Desportos (CND) no Ministério da Educação e Saúde, cuja publicação do decreto-lei
no Diário Oficial da União foi no dia 16 de abril, efetivando o antigo plano da
oficialização dos esportes (DRUMOND, 2009).
O CND apresentava, como função, “orientar, fiscalizar e incentivar a prática
dos desportos em todo o país” (BRASIL, 1941). Este órgão apreendia a autoridade
absoluta dos esportes e constituía uma autocracia de poderes. O referido conselho
alocava as práticas esportivas para a trajetória de aparelhamento do Estado Novo.
Segundo Drumond (2009), assim como os sindicatos estavam sujeitos a alvará,
modelos de estatuto e intervenções diretas do Ministério do Trabalho e da Justiça do
Trabalho, os clubes e as federações esportivas estavam sujeitos ao CND.
A composição da coordenação esportiva brasileira foi modificada a partir do
Decreto-lei nº 3.199 (DRUMOND, 2009). Desde então, uma prática esportiva, ou
grupo de práticas esportivas, poderia instituir, exclusivamente, uma confederação no
território nacional, sendo esta afiliada à entidade internacional de sua seção esportiva.
Assim, toda unidade territorial brasileira – Distrito Federal, estados e territórios –
possuiria uma federação afiliada a cada confederação. As confederações abarcadas
imediatamente pelo decreto foram: Confederação Brasileira de Desportos;
Confederação Brasileira de Basquetebol; Confederação Brasileira de Pugilismo;
Confederação Brasileira de Vela e Motor; Confederação Brasileira de Esgrima;
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Confederação Brasileira de Xadrez; e Confederação Brasileira de Hipismo (CBH).
Em seguida, as federações esportivas começaram a ser organizadas ou adaptadas nos
estados pela imposição do referido Decreto-lei.
O hipismo no Rio Grande do Sul molda-se à legislação federal
A FHSRG foi criada somente três anos mais tarde do que a fundação da CBH,
a qual ocorreu em 1943, o que pode indicar reflexos do Decreto-lei nº 3.199 que, à
época, determinava a formação de federações estaduais para todos os esportes, com
três clubes, no mínimo. No documento da ata inaugural, de junho de 1946,
igualmente, é destacada a apresentação dos estatutos da FHSRG, os quais foram
aprovados após uma “prolongada discussão” (FONTOURA, 1946, p. 1), sugerindo
disputas de poder para decidir os rumos dos regulamentos que determinariam o
desenvolvimento da prática no Estado a partir daquele momento. Deste modo, como
apontado na ata inaugural da FHSRG, seu intuito era atuar conforme preconizava o
Decreto-Lei n° 3.199, de abril de 1941.
Consta, na ata inaugural da FHSRG, que o grupo de práticas que compunham
o hipismo no período (salto, adestramento, cross16, raids17, steeple18 e polo equestre),
estava organizado na CBH (FONTOURA, 1946, p. 2). Esta ata ainda referia a filiação
16 Esta competição também pode ser denominada steeple-chase, rallye, Concurso Completo de Equitação (CCE), ou ainda Three day event, uma vez que consiste em três provas diferentes (adestramento, prova de fundo e prova de saltos), as quais ocorrem em três dias consecutivos, parecendo uma prova de triatlo equestre (VIEIRA; FREITAS, 2007). As duas últimas denominações são oficializadas pela Federação Equestre Internacional (FEI). A prática tem seus primórdios associados aos regimentos de cavalaria, os quais existiam em grande número nos exércitos europeus antes da mecanização das unidades hipomóveis. Consistia em parte dos exercícios rotineiros da tropa e dos oficiais, envolvendo longos percursos de estrada, exercícios sobre terrenos acidentados e largos períodos de galope pelos campos atravessados por obstáculos naturais. Tais exercícios, eventualmente, vieram a constituir disputas entre esquadrões; posteriormente, entre regimentos e, mais tarde, entre equipes de cavaleiros de diferentes nacionalidades (MORGADO, 1990). O Concurso Completo de Equitação figurou, pela primeira vez, no calendário dos Jogos Olímpicos, em 1912, na cidade de Estocolmo (Suécia), como um campeonato militar, não admitindo, na competição, em um primeiro momento, cavaleiros civis nem amazonas. 17 Corridas longas de velocidade a cavalo. 18 Um tipo de corrida de cavalos com obstáculos a transpor, semelhante ao atual Concurso Completo de Equitação (CCE).
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com a entidade internacional que rege o ramo hípico, a Federação Equestre
Internacional (FEI), conforme segue:
Parágrafo 3° - Velar pela aplicação das leis e regras internacionais adotadas pela Federação Equestre Internacional (FEI) e pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) – cumprindo e fazendo cumprir as modificações que nelas se vierem introduzir (FONTOURA, 1946, p. 2-3).
Havia algumas exceções, tais como os esportes universitários e os da
juventude brasileira, assim como os da marinha, os do exército e os das forças
policiais, os quais tinham uma organização à parte dos demais esportes, atrelados
inteiramente ao CND. Este constitui mais um fato que se reflete na ata inaugural da
FHSRG, na medida em que as entidades fundadoras que constam neste documento
são as seguintes: a Sociedade Hípica Porto Alegrense, o Clube Farrapos 19 , a
Sociedade Hípica Santanense, a Liga de Polo20 e o Clube Hípico Andrade Neves21
(FONTOURA 1946, p. 12). Isto é, os regimentos de cavalaria do Exército e da
Brigada Militar organizavam-se à parte das demais entidades civis que promoviam o
esporte hípico.
Vale ressaltar, ainda com relação ao texto da ata inaugural da FHSRG, atual
Federação Gaúcha dos Esportes Equestres (FGEE), que, curiosamente, havia uma
significativa presença de militares entre os nomes dos presentes na reunião de
fundação. Além de seu primeiro presidente, Tenente Coronel Walter Peracchi
Barcellos, o secretário também ocupava um posto militar: Tenente Ney Gomes da
Câmara (FONTOURA, 1946). Seguem outros militares, o Major Armando de Freitas
Rolim e o Capitão Rubens Ferraz Machado, os quais, no total, representavam quatro
dos sete componentes da reunião inaugural. Cabe ressaltar que o vice-presidente, Dr.
19 Organização formada por oficiais da Brigada Militar do Rio Grande do Sul; além de outros esportes, cuidou do hipismo, muito incentivando a sua prática entre seus associados (AMARO JUNIOR, 1947). 20 Conforme o Capítulo 5, Art. 24, do Decreto-Lei n. 3.199, diferentemente das associações esportivas, as quais eram consideradas como entidades básicas da organização nacional dos esportes, constituindo os centros em que os esportes eram ensinados e praticados, as ligas esportivas, como a Liga de Polo, tinham um caráter facultativo, sendo entidades de direção dos esportes, no âmbito municipal, podendo ser, assim como as associações esportivas, especializadas ou ecléticas (BRASIL, 1941). 21 Fundado em janeiro de 1946, mesmo ano de institucionalização da FHSRG, o Clube Hípico Andrade Neves, já no primeiro ano de sua vida, foi dos que mais colaboraram para o desenvolvimento do hipismo em Porto Alegre, realizando com regularidade, as competições programadas (AMARO JUNIOR, 1947).
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João Kessler Coelho de Souza, era membro do Conselho Regional de Desportos22,
reforçando, assim, os indícios de que a legislação esportiva brasileira e seu objetivo
de controlar o desenvolvimento dos esportes, até mesmo ao nível regional, estavam
relacionados com o estabelecimento da FHSRG (AMARO JUNIOR, 1947).
Constituindo-se como mais um indício da marcante presença dos militares no
cenário desta prática esportiva, tem-se o local escolhido para a realização da reunião
de fundação da FHSRG: as dependências do Círculo Militar. Esta entidade, fundada
em 1943, proporciona, até os dias atuais, atividades sociais e esportivas para oficiais
da ativa ou da reserva do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e da Brigada Militar;
juízes, procuradores e defensores da Justiça Militar; alunos do Centro de Preparação
de Oficiais da Reserva (CPOR) e Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA); os civis
só poderiam associar-se se apresentados por sócios (CÍRCULO MILITAR DE
PORTO ALEGRE, 2011). Nota-se que, em todos os distintos momentos de alguma
burocratização estabelecida no meio esportivo equestre de Porto Alegre, os militares
faziam-se ali presentes, mesmo que conjuntamente com os civis.
Ao considerar-se a conjuntura do nacionalismo do Estado Novo, os valores
militares estavam em voga, como bem afirmava Vargas: “a grande virtude nacional
deve ser uma virtude militar – a disciplina” (VARGAS, 1938, p. 54). Com o reforço
da ideia de uma disciplina, seguindo um padrão militarizado de comportamento, a
presença e a ação dos militares nas deliberações das orientações que a prática hípica
adotaria na cidade podem refletir o interesse de evidenciar que este esporte equestre
era controlado e tinha um papel preventivo e corretivo com relação aos cidadãos, para
impedir que eles se voltassem contra a ordem estabelecida.
Tal fato alude que o hipismo não testemunharia o início de um novo período
com a fundação da FHSRG, uma vez que os militares estiveram envolvidos com esta
prática esportiva desde seus primórdios na cidade e no Estado. O que poderia
representar uma modificação mais concreta teria relação com o concernente aos
objetivos incluídos na ata inaugural, a saber: “organizar, administrar e intensificar a
prática do esporte hípico” (FONTOURA, 1946, p. 1) nas práticas que lhe são
22 A aprovação do Regimento do Conselho Regional de Desportos do Rio Grande do Sul ocorreu pelo Decreto-Lei n. 625, de 19 de outubro de 1942 (LEGISLAÇÃO, 2014).
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peculiares, ou seja, as provas de salto, adestramento, cross, raids, steeple e
campeonatos de polo equestre. Esta organização almejada pela FHSRG talvez
pudesse confirmar mudança, apoio e incentivo ao desenvolvimento dos esportes
hípicos.
É evidente que a FHSRG também pretendia velar pela aplicação das leis e
regras internas adotadas pela FEI e pela CBH. Percebe-se que a hierarquização
instalou-se na organização do hipismo regional, o qual deveria nortear-se pelas
orientações da entidade máxima nacional e esta, por sua vez, guiar-se pela entidade
que determinava os regulamentos no cenário internacional. Contudo, parece que uma
das preocupações centrais da FHSRG foi a promoção e apoio à realização de vários
concursos, torneios e campeonatos, divulgando o hipismo por todo o Estado e, desta
forma, buscando incrementar o desenvolvimento desta prática.
Outro aspecto a ser destacado, ainda com relação aos fins desta federação,
também listados em sua ata inaugural, refere-se ao objetivo de incitar a criação e o
aprimoramento da raça equestre, sobretudo do “cavalo de sela 23” (FONTOURA,
1946, p. 2). Tal intuito registrado pela FHSRG implica que o que se pretendia com
sua fundação era algo mais do que uma agremiação que organizaria um esporte;
possivelmente, ponderava-se criar uma associação que articulasse, também, interesses
econômicos do Estado.
Neste mesmo passo, se podia notar que o mesmo também ocorria com o turfe
porto-alegrense, cuja Associação Protetora do Turfe, quando da sua fundação, em
1907, dentre seus objetivos, destacava a necessidade de, cada vez mais, estimular a
criação de cavalos de corridas puro-sangue-inglês em nosso Estado (ROZANO;
FONSECA, 2005). Estes animais, criados no Rio Grande do Sul, já haviam sido até
mesmo vitoriosos em várias exposições realizadas no Rio de Janeiro, então capital
federal. Melo (2009) refere que os clubes de turfe do Rio de Janeiro apregoavam, na
transição do século XIX para o XX, que uma de suas intenções era cooperar para o
23 Um “cavalo de sela” (ou cavalo ligeiro) apresenta peculiaridades de conformação que o tornam ideal para a montaria. A configuração de seu dorso, por exemplo, facilita a colocação da sela (EDWARDS, 1994). Como exemplos de raças equinas que identificam cavalos de sela, têm-se: Crioulo, Árabe, Puro-Sangue Inglês, Brasileiro de Hipismo.
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desenvolvimento da boa raça de cavalos brasileiros. Esta intenção revela interesses
econômicos como parte das finalidades destas agremiações que se articulavam em
torno do esporte, especialmente das práticas esportivas equestres.
Por fim, evidenciou-se que diversas práticas equestres apresentaram elementos
de esportivização na cidade de Porto Alegre, em diferentes momentos históricos.
Destaca-se que, dentro do recorte temporal proposto para o estudo, as práticas que
compõem o tiro de laço24 e o Prêmio Freio de Ouro25 estavam institucionalizadas;
porém, verifica-se, atualmente, que estas já abrangeram elementos de esporte
moderno. Apesar disto, o Prêmio Freio de Ouro não apresenta um aspecto básico
indicado por Elias e Dunning (1992): a busca pelo prazer por meio da prática em si.
Este conjunto de provas do Freio de Ouro tampouco apresenta a secularização
proposta por Guttmann (1978) para pensar-se em um esporte moderno. Em
detrimento disto, o que se identifica é um fim utilitário, a saber, a avaliação dos
cavalos da raça crioula com a finalidade de aprimorá-la. Consequentemente,
considera-se, nesta pesquisa, que as práticas que compõem o Prêmio Freio de Ouro
não se configuram como práticas esportivas, mas sim como práticas equestres com
elementos de esportivização.
Considerações finais
Ao buscar compreender a instituição do hipismo nas associações esportivas de
Porto Alegre, bem como, a organização de seu ente federativo, puderam-se identificar
24 As provas de Tiro de Laço e Crioulaço, por sua vez, também realizadas com cavalos crioulos, são desempenhadas pelo prazer em si na prática (PEREIRA, 2012). Tais disputas fundamentam-se no que é realizado nas fazendas, quando existe a necessidade de imobilizar um boi/novilho para cuidá-lo ou marcá-lo (COELHO, 2003). Desta forma, estas provas consistem em utilizar o cavalo e uma corda de couro para perseguir e laçar uma rês por uma pista de 100 metros de distância. Em 2013, o Tiro de Laço teve seu processo de burocratização consolidado com a fundação da Federação Gaúcha de Laço, a qual passou, então, a produzir e promover eventos esportivos desta prática, a partir da necessidade de consolidá-la como um esporte sem deixar de lado os aspectos do tradicionalismo cultural sul-rio-grandense (FEDERAÇÃO..., 2013). 25 As provas que constituem o Prêmio Freio de Ouro visam difundir e valorizar a raça crioula de equinos, além de servir-se das mesmas como um instrumento de seleção de animais (GIANLUPPI et al, 2009).
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diferentes configurações que apontaram para um processo de esportivização desta
prática esportiva na cidade, o qual possuiu suas peculiaridades consonantes com o
contexto sociocultural e político-econômico dos períodos históricos.
Ao analisar a prática do turfe, em Porto Alegre, uma das primeiras práticas que
abarcavam a participação do cavalo, na cidade, pode-se afirmar que se trata de uma
prática esportiva equestre. Desde a organização dos primeiros prados da cidade,
observam-se manifestações das características propostas por Guttmann para
classificar uma prática como tal. Assim, a utilização do cavalo no lazer é re-
apropriada, emergindo um esporte: o turfe. Especialmente a partir da fundação da sua
entidade promotora, Associação Protetora do Turfe, em 1907, tem-se o fortalecimento
do caráter esportivo do turfe.
Já a entidade federativa da prática do hipismo, a Federação Hípica Sul-Rio-
Grandense (FHSRG), fundada em 1946, um contexto histórico posterior e distinto da
Associação Protetora do Turfe, pretendia, essencialmente, velar pela aplicação das
leis e regras internas adotadas pela Federação Equestre Internacional e pela
Confederação Brasileira de Hipismo (CBH). Além disto, também é provável que os
reflexos da incipiente legislação esportiva brasileira tenham apresentado alguma
relação com o estabelecimento desta entidade hípica no Estado. E, ao também
preocupar-se em promover e estimular inúmeros concursos, torneios e campeonatos, a
FHSRG fazia propaganda para o desenvolvimento do hipismo e o divulgava por todo
o Estado.
Uma vez que a prática do salto do hipismo tem seus primórdios, em Porto
Alegre, associados ao contexto militar, reporta às possíveis origens de
desenvolvimento deste esporte ao nível mundial. Posteriormente, esta prática
expande-se também para a parcela civil da população, aproximando-se da igualdade
de acesso proposta por Guttmann para compor um esporte moderno. Além de as
fontes históricas não ocultarem que tal prática era somente acessível aos detentores de
capital social e econômico, elas também realçavam e reforçavam tal distinção por
meio do emprego de termos tais como, por exemplo, “elegante”, “elite porto-
alegrense”, “figuras destacadas da sociedade gaúcha”. Portanto, esta característica
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inerente a um esporte moderno, a igualdade de acesso à prática, apesar de expressar-
se de uma forma muito particular e com limitações, estava presente no contexto do
hipismo de Porto Alegre, entre as décadas de 1920 a 1940.
Deste modo, diante da organização e consolidação da FHSRG, a prática do
hipismo, assim como o turfe, tem contempladas todas as características de Guttmann
propostas para a composição de um esporte moderno, bem como a finalidade do
prazer pela prática em si indicada por Elias e Dunning. Porém, diferentemente do
turfe, o qual tem suas representações ligadas a uma sociedade patriarcal
predominantemente rural, onde a força e a capacidade concentram-se no animal, o
hipismo, por outro lado, já incorpora representações mais ligadas ao desempenho do
ser humano também, o que está em consonância com um contexto de modernização.
Nesta conjuntura, as ideias humanistas, as quais conferiam valor crucial à aptidão do
ser humano, especificamente à sua capacidade racional, estavam em voga. Por este
motivo, nesta pesquisa, considera-se a prática do hipismo como um moderno esporte
equestre.
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