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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MONA SUYANNE FACUNDO A PERCEPÇÃO DOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS EM RELAÇÃO AO ENVELHECIMENTO FORTALEZA

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

MONA SUYANNE FACUNDO

A PERCEPÇÃO DOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS EM

RELAÇÃO AO ENVELHECIMENTO

FORTALEZA

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2013

MONA SUYANNE FACUNDO

A PERCEPÇÃO DOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS EM

RELAÇÃO AO ENVELHECIMENTO

Monografia apresentada ao curso de Serviço Social da Faculdade Cearense, como requisito parcial para obtenção do titulo de bacharel em Serviço Social.

FORTALEZA

2013

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“É graça divina começar bem. Graça

maior persistir na caminhada certa.

Mas graça das graças é não desistir

nunca.”

Dom Hélder Câmara

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo dom da vida e a força e coragem que

sempre tem me dado.

Aos meus Pais Juce e Gerardo, pelo amor incondicional e exemplos de

pais em minha educação e formação pessoal.

Ao meu Tio Juvêncio (in memorian) que sempre me mostrou a

importância do conhecimento, me incentivando sempre a estudar.

Ao meu esposo Francisco, pelo carinho, amor e compreensão nos anos

de faculdade.

À minha Tia Lúcia que sempre me incentivou e sempre sonhou que eu

me formasse.

Ao meu Avô Antônio (in memorian) pelo incentivo de sempre me dava

para estudar.

Aos meus Tios José e Roci, que me criaram até certa idade, pela

educação que me deram a tornar-me a pessoa que sou hoje.

À minha querida e magnífica orientadora Valney Rocha, pelo exemplo de

professora e por ter aceitado o meu pedido de orientação em meio de tantas

orientandas. Pela educação, dedicação, compreensão em momentos difíceis

que passei durante a produção.

Às minhas supervisoras de estágio e colegas de estágio, Jean

Assunção, Graça Braga, e Gisele. Por terem contribuído para a minha

formação acadêmica e profissional e pelo enorme carinho e paciência em me

ensinar a prática cotidiana no Hospital Gonzaga Mota.

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Às minhas colegas, Sumara Frota, Nádia Bessa, Ideusa Gadelha, que

sempre estiveram ao meu lado em momentos difíceis da faculdade e

compartilhando os momentos de alegrias.

À banca examinadora Maria Hélia e Virzângela Sandy pela aceitação e

disponibilidade ao meu convite. Pelo carinho e respeito que sempre tive as

mesmas.

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À minha filha Maria Cecília, que em

momentos de estudo, sempre foi

compreensível em realizar as

atividades cotidianas sem minha

ajuda, pelo carinho, amor e

paciência que sempre me dedicou.

Por ser uma filha abençoada e um

ser que consegue me transmitir paz

e felicidade.

Dedico!

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RESUMO

Este estudo tem como objetivo geral desenvolver uma análise acerca do envelhecimento do idoso institucionalizado. E como objetivos específicos: Definir o processo de envelhecimento do idoso; Definir e caracterizar lares institucionais; Elucidar acerca dos sentimentos vivenciados pelo idoso institucionalizado durante o processo de envelhecimento. Foram definidas as seguintes variáveis da pesquisa: Envelhecimento, Institucionalização e Idoso. Utilizou-se como metodologia pesquisa bibliográfica, documental e análise de dados. A coleta de dados foi feita com base em entrevistas semi estruturadas aplicadas a seis idosas do lar em estudo, número justificado pelo fato de que as demais já estavam muito debilitadas e não conseguiam se comunicar. Verificou-se que o perfil das idosas institucionalizadas no Lar Fraternidade Toca de Assis era a partir de 40 anos tendo como principais características aquelas relacionadas ao declínio das funções fisiológicas. As necessidades pertinentes a essa clientela englobam o cuidado humanizado, bem como o atendimento das necessidades físicas. No entanto, estes cuidados foram evidenciados de forma dissociada. Sugere-se, neste contexto, uma atuação multiprofissional em lares institucionalizados, não no sentido de exaurir as atividades específicas de cada profissão, pelo contrário, devem-se manter as diferenças técnico-operativas de cada profissão.

Palavras-chaves: Envelhecimento. Institucionalização. Idoso. Família.

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ABSTRACT

This study aims to develop a general review about the aging of the institutionalized elderly. And the following objectives: Define the aging process of the elderly; Define and characterize institutional homes; Elucidating about the feelings experienced by institutionalized elderly during the aging process. The following variables were defined research: Aging, Elderly and Institutionalization. Used as research methodology literature, documentary and data analysis. Data collection was based on semi-structured interviews applied to six elderly home study; number justified by the fact that the others were already very weak and could not communicate. It was found that the profile of the institutionalized elderly in the Home Fraternity Toca de Assis was from 40 years its main features to those related decline of physiological functions. Relevant needs of this clientele include humanized care, as well as meeting physical needs. However, these concerns were highlighted in a decoupled. It is suggested, in this context, a multidisciplinary performance institutionalized in homes, not in the sense of exhausting activities specific to each profession, by contrast, must be maintained technical and operational differences of each profession.

Keywords: Aging. Institutionalization. Elderly. Family.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10

2.1 VELHICE AO LONGO DA HISTÓRIA ................................................. 16

2.2 FATORES RELACIONADOS AO ENVELHECIMENTO ......................... 19

2.3 PERCEPÇÃO CORPORAL DO IDOSO .............................................. 22

2.4 A FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ....................... 24

2.5 LARES INSTITUCIONALIZADOS ........................................................... 27

2.6 VÍNCULOS E ISOLAMENTO DO IDOSO ASILADO ............................... 30

3 OS CAMINHOS DA PESQUISA DE CAMPO ............................................... 33

4 RESULTADOS DA PESQUISA .................................................................... 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 46

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 49

APÊNDICES .................................................................................................... 53

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1 INTRODUÇÃO

O envelhecer não é somente um momento na vida de um indivíduo, mas

um processo extremamente complexo e pouco conhecido, com implicações

tanto para quem o vivencia como para a sociedade que o suporta ou o assiste.

Ser idoso não é uma abstração, porém é uma condição visível e que

determina, de certo modo, as possibilidades de ação e inter-relacionamento

social. Segundo Butler (1985) Envelhecer, em si mesmo, pode ser assustador,

especialmente se você não sabe o que o espera nem como agir diante das

mudanças. Suas experiências anteriores e as atitudes da sociedade também

terão certo impacto.

A ONU (Organizações das Nações Unidas) considera as pessoas acima

de 60 anos como idosos, eles são uma grande parte da população. Segundo

Veras (2002), nunca antes da história da humanidade os países haviam

registrado um contingente tão elevado de idosos em suas populações. Nos

dias atuais, o relógio biológico da espécie humana atinge 90 - 95 anos, estima-

se, no entanto, que nas próximas décadas esse indicador se ampliará,

alcançando 120 – 130 anos. O desafio que se apresenta é a elaboração de

cenários em que os avanços da ciência e da tecnologia permitirão ao ser

humano alcançar esses limites de forma independente, não fragilizado, livre de

diversas doenças e com uma expectativa de vida que se aproxime do limite

biológico máximo.

O processo de envelhecimento e a velhice neste país precisam ser

objeto de novas propostas profissionais, de novos investimentos sociais e de

uma nova postura da nossa sociedade, e traçam o perfil de uma realidade que

precisa ser estudada e divulgada. Na terceira idade estão contidos dois

subgrupos, o primeiro está relacionado às mulheres em geral, por terem

servido marido e filhos a vida inteira, e por isso acabaram alienando a outros

papéis, ficando subjugada a monotonia, criando em si uma grande frustração,

já o segundo subgrupo está relacionado ao velho e ao senil; o senil está em um

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estado avançado de deteorização de suas capacidades, o velho é “obrigado” a

se afastar de seus afazeres cedendo seu lugar para os jovens que estão

entrando no mercado de trabalho tendo assim que guardar para si, toda sua

potencialidade.

Numericamente os idosos têm aumentado significativamente nos últimos

anos, pois a velhice é uma etapa do ciclo da vida que uma parcela crescente

da população brasileira vem alcançando e desfrutando por mais tempo, em

virtude do aumento da expectativa de vida e do acelerado envelhecimento

populacional do país nas últimas décadas.

Tem-se o idoso como aquele que tem muitos anos de idade e uma

enorme experiência acumulada, uma pessoa que já viveu e passou por muitas

coisas, isso acaba diferenciando-o dos outros. Segundo Veras (1999) ser

maduro é ter experiência, prudência, paciência, tolerância, ser bom ouvinte,

sábio, ter prazer em ensinar o que aprendeu ao longo da vida e preocupar-se

com o bem estar das pessoas ao seu redor. A idade cronológica nem sempre

está diretamente ligada à idade biológica, pois a idade cronológica dependerá

de cada um, do seu ritmo de vida, dos seus objetivos, não é preciso ser um

garotão por fora, mas sim por dentro, nunca se esquecendo do seu lado mais

moleque e também das condições físicas, sociais e econômicas que devem ser

favoráveis.

Born (2002) diz que no Brasil, muitos não perceberam que o tempo

passou deixamos de ser um país de jovens. Dada às condições econômicas

extremamente desfavoráveis de uma grande parte da população, o

envelhecimento torna-se mais um castigo do que prêmio para muitos idosos:

sua aposentadoria irrisória tende a sofrer achatamento, sua saúde está em

declínio por más condições de trabalho e vida, e falta de hábitos saudáveis.

Quando enfermos, só pode valer-se da rede pública de saúde, que se encontra

em estado falimentar, e, quando perde autonomia, sua moradia é inadequada.

Caso procure uma instituição, seus recursos só lhe permitem pagar uma casa

de repouso de baixo padrão ou esperar vaga numa entidade filantrópica.

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Não esquecendo o papel da família na vida do idoso, onde a família é

definida como um grupo enraizado numa sociedade e tem uma trajetória que

lhe delega responsabilidades sociais. Perante o idoso, a família vem

assumindo um papel importante e inovador, na medida em que o

envelhecimento acelerado da população que estamos constatando é um

processo recente e ainda pouco estudado pelas ciências sociais. O papel da

família é importante em qualquer estágio da vida, segundo Leme e Silva (1996)

a população idosa é proveniente de uma época com marcados valores cultural,

nos quais a família ampliada exercia importante papel. Particularmente na

sociedade rural a convivência com avós, tios e primos fazia parte do cotidiano;

por outro lado, esta família ampliada, de alguma maneira, provia às

necessidades de apoio de saúde de seus membros. Assim, o cuidado dos

doentes da família era dado, como ponto de honra, pela própria família. Tal

situação, de valorização afetiva, efetiva e social da família, permaneceu e

permanece de maneira nítida no consciente ou no subconsciente da grande

maioria dos idosos.

Teixeira (2000) diz que a família brasileira do terceiro milênio está cada

vez mais distanciada desse modelo tradicional, estamos vivendo um importante

período de transição e mudanças, no qual se faz necessário o entendimento

das transformações sociais e culturais que vem se processando nas últimas

décadas, para enfrentarmos o nosso próprio processo de envelhecimento

dentro de expectativas condizentes com as novas formas de organização

familiar. Nesta fase da vida, o que o idoso necessita é sentir-se valorizado,

viver com dignidade, tranquilidade e receber a atenção e o carinho da família.

Pode-se assim dizer que não só a família tem um papel importante na

vida do idoso como a sociedade conforme Teixeira e Melo (1997) é necessário

tanto à sociedade quanto à família lançarem um novo olhar para o idoso. A

sociedade, porque precisa assegurar-lhe os direitos sociais que garantam a

satisfação de suas necessidades fundamentais como saúde, alimentação,

segurança, transporte e lazer, bem como conceder uma aposentadoria digna

para que ele não tenha a impressão de viver da benevolência dos outros. A

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família para tratá-lo com respeito, compreensão, carinho e sentir-se acolhido,

amado e exercer seu papel sociocultural.

No imaginário social a velhice sempre foi pensada como uma carga

econômica seja para família, seja para sociedade e como uma ameaça às

mudanças. Essa noção tem levado as sociedades a subtraírem dos velhos seu

papel de pensar seu próprio destino. No entanto, nunca faltaram exceções a

tais práticas, o que pode ser exemplificado com o reconhecimento pelas

sociedades indígenas da figura do pajé ou xamã ancião ou, nas sociedades

ocidentais, dos poderosos, ricos e famosos quando gozam de saúde física,

mental e econômica. As exceções, porém, não podem esconder as grandes

dificuldades socioeconômicas que os idosos, particularmente os pobres, sofrem

em diversos contextos de vida. Por isso mesmo, a velhice é por eles assumida

como “problema”, na mesma medida em que sofrem por causa dela e o

imaginário social assim define. Portanto, cabe os seguintes questionamentos:

Fernandes (2002) diz que a idade não é critério de discriminação, muito

menos condição para atuação dos atos da vida, pois não torna um ser humano

menos cidadão que o outro. Contudo, apesar de ser dos menos precisos, o

critério cronológico é um dos mais utilizados para estabelecer o que é ser

idoso, até para delimitar a população de um determinado estudo, ou para

análise epidemiológica, ou com propósitos administrativos e legais voltados

para desenho de políticas públicas e para planejamento ou oferta de serviços.

Levando em conta que uma interpretação de que envelhecer, mais que

inevitável, pode ser um momento da vida extremamente produtivo, dada a

experiência e sabedoria do indivíduo. Esse indivíduo, devido às suas vivências,

pode discernir o que é imprescindível do que não é; o que é inadiável e o que

realmente somará positivamente em qualquer instância da vida na velhice uma

liberdade de escolha, Uma liberdade de sermos o que somos, de termos

desejos, de podermos realizar as coisas dentro do nosso ritmo, de aprender

coisas novas à luz de nossas preferências, de reinterpretarmos nossas vidas e

nosso entorno, então levarei meus questionamentos aqueles idosos que

residem na Toca de Assis enfatizando para eles qual o significado de

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envelhecer e o que isso afeta na sua vida, mostrando seus direitos e seu papel

na sociedade como pessoa idosa.

Diante do exposto, este estudo tem como objetivo geral desenvolver

uma análise acerca do envelhecimento do idoso institucionalizado. E como

objetivos específicos: Definir o processo de envelhecimento do idoso; Definir e

caracterizar lares institucionais; Elucidar acerca dos sentimentos vivenciados

pelo idoso institucionalizado durante o processo de envelhecimento.

Foram definidas as seguintes variáveis da pesquisa: Envelhecimento,

Institucionalização e Idoso. Para a variável envelhecimento utilizou-se como

base teórica: Azevedo (2001) e Santos (2002). Para a variável

Institucionalização a base teórica foi: Debert (1999) e Elias (2001). Por fim,

para a variável Idoso, os autores utilizados foram Maia (2009) e Neri (2002).

Utilizou-se como metodologia pesquisa de abordagem qualitativa que se

preocupa com o comportamento dos acontecimentos, analisando os porquês

de determinado problema, com a finalidade de analisar e descobrir os fatos.

Quanto ao tipo a mesma é explicativa da realidade dos meus sujeitos

pesquisados. Para esta pesquisa realizou-se uma pesquisa de campo, esta

que consiste em um recorte da realidade empírica que se quer investigar a

partir das escolhas teóricas feitas para tratar do objeto de investigação. A

pesquisa desenvolvida para este trabalho é de natureza descritiva que tem

como principal objetivo a descrição das características de determinadas

populações ou fenômenos. Durante a pesquisa de campo são utilizadas as

técnicas de observação participante, entrevista semiestruturada, grupo focal e

diário de campo. O lar analisado foi a Fraternidade Toca de Assis. A pesquisa

foi realizada de forma global, considerando, aspectos físicos, cognitivos e

sociais. A coleta de dados foi feita com base em entrevistas semi estruturadas

aplicadas aos idosos do lar em estudo. Após a verificação dos dados, estes

foram verificados para o desenvolvimento da análise dos resultados. Após a

leitura e releitura do material empírico obtido procedeu-se à análise e escrita

dos resultados, de acordo com os objetivos da pesquisa.

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Para um melhor entendimento este trabalho se estrutura em quatro capítulos,

sendo que o primeiro consta a introdução, no segundo capítulo realiza-se uma

reflexão sobre a velhice, verificando a velhice ao longo da história, fatos relacionados

ao envelhecimento, percepção corporal do idoso, família no processo do

envelhecimento, lares institucionalizados, vínculos e isolamento do idoso asilado. No

capítulo 3 têm-se os caminhos da pesquisa de campo. No capítulo 4 apontam-se os

resultados da pesquisa e por fim constam as considerações finais.

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2 REFLEXÕES SOBRE A VELHICE

2.1 VELHICE AO LONGO DA HISTÓRIA

Desde os primórdios da vida humana, a questão do envelhecimento e da

longevidade tem sido uma preocupação constante do homem, que nos últimos

anos passou a ser um tema de estudos mais aprofundados. O filósofo grego

Aristóteles e o médico também grego, Galeno acreditavam que cada pessoa

nascia com certa quantidade de calor interno, que iria se diminuindo com o

tempo. E a cada dia o calor iria de dissipando e quando esse calor estive bem

pouco, era chegada a velhice. Com base nesse pensamento, Aristóteles,

sugeriu que fosse desenvolvido estudos científicos para criar fórmulas e

métodos que evitasse a perda de calor, o que prolongaria a vida humana

(AZEVEDO, 2001).

De acordo com Leme (1996), nos países ocidentais, os jovens viam nos

idosos conhecimentos e experiência de vida, enquanto em algumas civilizações

mais antigas, as pessoas buscavam sua valorização baseados na capacidade

física, força, vitalidade, beleza e virilidade. No Egito, “viver 110 anos era

considerado o prêmio de uma vida equilibrada e virtuosa” (LEME, 1996, p. 15)

e os filhos tinham obrigação de cuidar dos seus pais idosos. Em Israel,

maltratar os pais era considerado crime que poderia ser punido com a morte. A

China já reconhecia a limitação natural da vida humana. Porém acreditava-se

que, de maneira natural, esta devesse se prolongar das faculdades mentais e

dos sentidos.

Azevedo (2001) complementa a afirmação de Leme em relação à China,

afirmando que para manter-se plenamente sadios físico e mental, os chineses

tinham que aprender a conservar as energias vitais, mantendo o controle da

respiração, alimentando-se de frutas e raízes, evitando carne e álcool, como

também abster-se do sexo, substituindo-o pelo ato da meditação.

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Os cientistas Francis Bacon, Descartes e Benjamim Franklin, cientistas

do século XVI, já desenvolviam trabalhos sobre envelhecimento humano.

Bacon (1561-1626) escreveu “A História Natural da Vida e da Morte e a

Prolongação da Vida”, defendendo a ideia de que um espírito jovem inserido

em um corpo velho faria regredir a evolução da natureza. Benjamim Franklin

(1745-1813) já dizia que a velhice não é uma doença e são as doenças que

causam a morte e não a velhice (AZEVEDO, 2001; LEME, 1996).

Conforme Azevedo (2001), Jean Marie Charcot, médico francês, no ano

de 1867 realizou estudos sobre a velhice que o denominou como “Estudo

clínico sobre a senilidade e doenças crônicas” que objetivava estudar o

processo de envelhecimento, suas causas e consequências sobre o

organismo. No ano de 1908, o prêmio Nobel de medicina foi concedido ao

cientista Elie Metchnikoff, por seus estudos que defendiam ser o intestino

grosso que expelia venenos responsáveis pela deterioração dos alimentos,

para isso preconizava a ingestão regular de leite ou iogurte, e o hábito de

utilizar laxantes para esterilizar o organismo.

Nos dia de hoje, o idoso é desvalorizado. Já não são capazes de viver

socialmente e a figura do homem experiente e aconselhador são desprezados.

Para tanto existem mecanismos institucionais como as casas de repouso e

asilos. Bem como por questões psicológicas (a tutelagem, a inexistência do

diálogo, discriminação) e mecanismos científicos com pesquisas que

demonstram deterioração física, deficiência nas relações interpessoais (CHAUÍ,

1994).

De acordo com Peixoto (1998) até o século XIX, o idoso não tinha

condições financeiras de se assegurar, devido a sua incapacidade de trabalhar,

de produzir. Com isso os velhos viviam à margem da sociedade e viviam em

estado de mendicância. Paiva (1996) diz que por muito tempo, a velhice foi

associada a limitações e deficiências, uma vez que esta era objeto da

Psicologia do Excepcional, e não do desenvolvimento humano. Em

complemento às declarações de Paiva, os estudiosos Telford e Sawrey (1976),

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caracterizam a velhice como sendo o estágio do desenvolvimento pouco

produtivo do ponto de vista comportamental.

Como forma de amenizar os problemas de marginalização e descaso

com a velhice, o termo “idoso” foi adotado para caracterizar tanto a população

envelhecida em geral, como aquela mais favorecida. Daí, os “problemas dos

velhos” passaram a ser vistos como “necessidades dos idosos” (PEIXOTO,

1998). Para Neri e Freire (2000), os preconceitos contra a velhice se

conformam com a troca dos termos velhice por melhor idade.

O termo “terceira idade” foi criado nos anos 60, para definir a idade

em que a pessoa se apresenta servindo para designar a faixa etária

intermediária entre a vida adulta e a velhice (NERI & FREIRE, 2000,

p. 13).

A ONU (Organização das Nações Unidas) define como o início da

velhice nos países em desenvolvimento a partir dos 60 anos, elevada aos 65

anos nos países desenvolvidos. Para Del Prette (1999) é importante e

necessário que se estabeleça respeito pelo idoso, reconhecendo-o enquanto

ser humano que, se por vezes apresenta certa diminuição de suas habilidades

físicas e sensoriais, possui outras qualidades que podem ser igualmente

importantes.

Para Bosi (1994), na velhice a participação nas relações interpessoais

não é permitida. Portanto observa-se que a velhice decorre mais da luta de

classes que de conflitos de gerações. Existe um consenso entre estudiosos e

pesquisadores, no sentido de conceituar melhor aqueles que chegaram a uma

idade mais avançada. Somente o critério etário não é suficiente para

determinar o último curso da vida, antecessora a morte; pois o fenômeno

depende de uma série de fatores como socioeconômico, fisiológico e

psicológico (GÓMEZ, 2002).

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É importante e oportuno ressaltar que a velhice é mais uma fase da vida

humana e como humanos que são merecem todo o respeito e cuidados, tanto

por médicos, psicólogos, dos estudiosos, da sociedade civil em geral. A família

é parte fundamental nesse contexto. É dever de o Estado promover políticas

públicas, através do planejamento e operacionalização. A socialização do idoso

é necessária, para não se sinta isolado e inútil.

2.2 FATORES RELACIONADOS AO ENVELHECIMENTO

O ambiente familiar, a vida social, a situação econômica e as

características pessoais de cada um, determinam que tipo de vida o indivíduo

vá ter na velhice. Diversos fatores podem influenciar no envelhecimento.

Fatores esses que podem ser intrínsecos, que são inerentes ao próprio

indivíduo e extrínsecos, que são fatores inerentes ao meio ambiente (SANTOS,

2002). O isolamento, as perdas, a falta de recursos financeiros entre outras são

fatores e condições em que o idoso são submetidos, trazendo-lhes além de

doenças clínicas, também psiquiátricas. Santos (2002, p. 34) ainda diz:

[...] verifica-se, nesta fase da vida, grandes transformações a nível

físico, psíquico e social. Cada uma delas, é susceptível de afetar de

maneira mais ou menos significativa a saúde mental do idoso.

Importa ainda acrescentar que as transformações a nível físico,

psíquico e social.

Com o envelhecimento também chegam crises de identidade (perda da

autoestima), mudanças de papéis (desnecessário na família e na tomada de

decisões), aposentadoria (falta do que fazer-isolamento e depressão), perdas

diversas (dinheiro, morte de parentes e amigos, e autonomia), diminuição de

contatos sociais (condição física e psicológica, perigos diversos e poder

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econômico). Diante disso ocorre uma modificação no status do idoso e no

relacionamento dele com outras pessoas (ZIMERMAN, 2000). Conforme

Santos (2002), a idade dependendo das perspectivas de cada indivíduo, pode

ser caracterizada como: idade cronológica, idade biológica, idade social e

psicológica. De acordo com Santos (2002, p. 35-36):

Idade cronológica: determinada pelo calendário e pelo passar do

tempo; Idade biológica: definida como a posição atual do individuo no

ciclo de vida e que pode não coincidir com a idade cronológica; a sua

avaliação implica a observação das capacidades funcionais do

organismo; Idade social: refere-se aos papéis e hábitos do indivíduo

em relação com o seu grupo social; pode avaliar-se através de

padrões de comportamentos, como por exemplo, o desempenho de

funções sociais.

Para Santos (2002) a idade psicológica, é a capacidade que o indivíduo

possui de se adaptar ao meio ambiente, inclusive o uso de capacidades

adaptativas, tais como a motivação, a aprendizagem, entre outros. A perda

está associada ao insucesso, uma variação, uma separação, uma proibição

afetando o status do indivíduo, os seus papéis, os seus objetivos ou os seus

sonhos e ilusões. Elucida Santos (2002, p. 37):

As perdas sempre são palpáveis em diversas situações como a morte

de uma pessoa, amputação de membro, etc. Mas a esta perda

palpável também está associada a perdas simbólicas de natureza

abstrata, psicossocial, como a perda de autoestima.

As perdas econômicas e sociais que assolam o idoso, acarretam os

mesmos distúrbios emotivos como a mágoa, a depressão e a sensação de

fracasso, além da sensação de dependência, abandono, isolamento e

humilhação, etc. (SANTOS,2002). Zimerman, (2000, p. 97) define a perda e a

morte como segue:

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Apesar de a morte ser um acontecimento quase diário nas

instituições para velhos, existe uma grande resistência a aceitá-la. A

negação do staff em relação à morte é resultado da dificuldade de

elaborá-la, o que deve ser trabalhado, até porque, para os velhos, a

morte é vista com maior naturalidade, uma vez que passaram por

diversas situações de perda ao longo da vida. É preciso que os

velhos institucionalizados possam falar sobre a morte e trabalhar as

questões da perda constante de pessoas com quem criaram laços

afetivos e também da sua própria morte.

Na velhice, entende-se como adaptação como sendo a maneira de

responder às exigências do mundo exterior e interior, embora que nem todo o

indivíduo se adapta da melhor maneira e facilmente (SANTOS, 2002). Em

relação à adaptação do idoso, Zimerman, (2000, p. 32), diz ser um processo

importante para este possa encarar esta noiva fase da vida:

Outra conclusão a que cheguei com a minha convivência com os

velhos é que a maneira de encarar a terceira idade tem muito a ver

com a capacidade de adaptação às mudanças da vida. É preciso ver

o envelhecimento como um processo que vai ocorrendo de forma

gradual. Desde que nascemos estamos envelhecendo um pouco a

cada dia. Uma pessoa não se torna velha de um dia para o outro (…).

Tudo é um processo. Se soubermos nos adaptar às mudanças

físicas, psíquicas e sociais que vão ocorrendo conosco ao longo da

vida, o envelhecimento aos poucos irá se tornar uma realidade.

Talvez seja necessário mudar comportamentos, adquirir hábitos e

criar outra postura. É preciso ter coragem para enfrentar a terceira

idade, para superar as perdas, continuar amando e tendo prazeres na

vida.

De acordo com Santos (2002, p. 46) “o ambiente é o meio em que o

indivíduo evolui. Portanto, o ambiente não é simplesmente um espaço físico em

que se vive”. Quando necessariamente ou não o idoso vai para uma instituição,

permanece muito tempo no hospital, ou mesmo quando muda de residência, o

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ambiente deve ser organizado para atender suas necessidades. Vale salientar

que o idoso é particularmente vulnerável às alterações do ambiente e caso se

sentirem em perigo ou ameaçados em relação ao ambiente, refugiam-se para a

segurança de um mundo interior, entram em regressão e a sua saúde pode ser

afetada.

Devido à falta de tempo, de condições de espaço físico e de disposição

e preparo das famílias para tomarem conta dos seus idosos, as instituições

tornaram-se um mal necessário. Em contra partida, apesar de plenas

condições financeiras, as famílias não conseguem proporcionar um ambiente

agradável ao idoso, impossibilitando a convivência com pessoas da mesma

geração, com quem possam conversar e trocar experiências de vida e

conhecimentos (ZIMERMAN, 2000).

2.3 PERCEPÇÃO CORPORAL DO IDOSO

Com o passar dos anos, de forma natural, os aspectos físicos sofrem

alterações e que influenciam sobremaneira na atividade motora dos indivíduos

e essa modificações mexem também com os sentimentos dos idosos. Além

das mudanças no corpo e no psicológico do idoso, também este é passivo de

mudanças na sua vida econômica e social que está diretamente relacionada

com sua atitude corporal.

Os indivíduos ao envelhecerem ficam dotados de preocupações e

insatisfações com sua própria imagem corporal, o que os leva geralmente à

prática de exercícios e atividades físicas, com objetivos de prevenirem

problemas de saúde e ao mesmo tempo cuidarem d e seus corpos, desejos e

visual. Na verdade estão cuidando da autoestima.

Shilder (1999) conceitua a imagem corporal como sendo a figuração de

nosso corpo que é a forma em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo

se apresenta para nós. Concordando com o pensamento de Shilder, Damásio

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(2000), diz que a percepção corporal é a representação mental do nosso corpo

próprio. Para Novaes (2006), a percepção que o indivíduo tem do seu corpo,ou

seja, a imagem corporal é refletida em uma série de fatores psicológicos,

sociais,econômicos, culturais e biológicos. Vale acrescentar que tais fatores

influenciam na forma de como os indivíduos se veem e até mesmo imaginarem

de como são vistos pelos outros.

Para os autores Balestra (2002) e Tavares (2003), a percepção do corpo

é dotada de uma característica dinâmica e mutável, que se configura numa

parte passiva de constantes transformações, podendo ser reconstruída a partir

de novas sensações que se somam às antigas. Porém podem acontecer no

decorrer dessas fases de mudanças, acontecimentos que possam influenciar o

indivíduo como doenças e declínios físicos comuns da velhice.

O idoso que foge do sedentarismo e que tem uma vida social ativa,

seguida pelas práticas de exercícios físicos (caminhadas, hidroginástica, etc.) e

prática de esportes como a natação e o vôlei adaptado para a idade, entre

outros, certamente melhorará sua autoestima e terá menos problemas de

saúde seja física (diabetes, hipertensão, colesterol, doenças nos músculos e

ossos, etc.) ou psicológica, como a rejeição, invalidez, incapacidade, etc

(MAIA, 2009).

É sabido que os chineses são considerados como povo de vida longa. A

título de ilustração e oportuno diante do assunto em questão vale a pena citar a

terapia chinesa chamada “Lian Gong” que é um meio permite a realização do

sentir, do refletir e do conscientizar sobre o envelhecimento. A ginástica

terapêutica Lian Gong é baseada nas técnicas do Chi Chuan que permite ao

indivíduo se mover respeitando sua condição física e sempre atenta e

respeitosa com o idoso e o processo de envelhecimento.

Lee (1997) refere-se à terapia chinesa Lian Gong dizendo que os

movimentos foram desenvolvidos de acordo com as características anatômicas

e fisiológicas de cada região do corpo, considerando-os dentro do organismo

como um todo. Caracterizados pela calma, a tranquilidade e a lentidão na sua

execução, os exercícios chineses propiciam a percepção corporal e do

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processo de envelhecimento de cada indivíduo, prevenindo ou revertendo o

envelhecimento.

2.4 A FAMÍLIA NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

O idoso e a família tem sido um tema frequente de estudos, como bem

estar e o âmbito familiar são o espaço da intimidade e do segredo nesse

sentido. Trata-se de um assunto que os pesquisadores têm dificuldades, em

face de complexidade das relações familiares, tendo em vistas as diversidades

de características pertinentes a cada uma (MOTTA, 1998).

Segundo Cabral (1998, p.18):

A ideia da família como refúgio e porto seguro se apresenta no

imaginário de todos nós e aparece de forma recorrente ao longo do

tempo, especialmente, em relação aos grupos mais necessitados de

proteção e apoio.

Na concepção de Debert e Simões (2006), estudar o idoso e a família é

atravessar o fogo cruzado de visões ambivalentes e contraditórias sobre o que

são envelhecimento adequado e qualidade de vida na velhice. A tendência dos

enfoques baseados na reflexão sobre a condição dos velhos é considerar que

a troca e a ajuda mútua no interior da família nuclear garantiram, ao longo da

história, a sobrevivência e o bem-estar dos idosos e que, portanto, é dos seus

filhos que todos esperam cuidados e amparo na velhice.

Conforme Gomes (2002), os estudos relacionados da família com o

idoso, mostram que, de modo geral, os cuidados aos mais velhos são

prestados por uma rede informal de apoio: suas famílias – cônjuges, filhos,

parentes – e, na falta destes, por amigos e vizinhos. Sarti (1996), afirma que a

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solidariedade entre os membros das famílias é fundamental não somente para

a existência do grupo familiar enquanto tal, mas também para assegurar as

condições elementares de dignidade para seus membros. Portanto apoio

familiar constitui-se na principal aliada do indivíduo idoso para enfrentar os

desafios da sociedade.

A Lei 8.842 em seu artigo 3º, inciso I, em texto declara que é dever da

família, da sociedade e do Estado, assegurar ao idoso todos os direitos da

cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua

dignidade, bem-estar e o direito à vida. Diz que o idoso não deve sofrer

discriminação de qualquer natureza, e que as diferenças econômicas, sociais,

regionais e particularmente, as contradições entre os meios rural e urbano

devem ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral.

Destaca a priorização do atendimento ao idoso através das suas próprias

famílias, de modo a evitar a sua internação em asilos, salvo para aqueles que

não têm condições de garantir a própria sobrevivência (BRASIL, 1994, p. 1).

Leme (2000), referindo-se à necessidade do homem viver em sociedade,

afirma:

O homem é por si só incapaz de atingir os fins essenciais da sua

vida: somente pode atingi-los vinculando-se socialmente. Desta

característica inerente à sua própria natureza derivam as diferentes

formas de associações humanas sejam elas de caráter familiar,

político, religioso, econômico, recreativo e educativo sendo, que de

todas estas formas associativas, não resta dúvida, a família detém a

primazia.

Gomes (2002, p. 20), conceitua família como sendo:

Um grupo de pessoas vivendo numa estrutura hierarquizada que

convive com a proposta de uma adjetiva duradoura incluindo uma

relação de cuidados entre os adultos e deles para com as crianças e

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idosos que aparecem neste contexto. Geralmente o papel da família é

prestar cuidados aos idosos fragilizados.

A família é de suma importância no processo de envelhecimento, porém

á medida que o grau de complexidade dos cuidados com o idoso aumenta, a

responsabilidade e a insegurança também cresce por parte dos familiares,

ficando um ou outro membro da família com a missão.

Segundo Neri (2002), normalmente uma família que possui um melhor

poder aquisitivo, tendo em vista a falta de um membro da familiar para cuidar

do seu idoso, recorre à contratação de uma profissional qualificada para esse

trabalho. Já os idosos mais dependentes e os mais pobres provavelmente são

cuidados por estruturas mais complexas, que envolvem filhas, noras, netos,

sobrinhos, vizinhança e amigos; não em virtude das características dos idosos

ou dos cuidados prestados, mas por causa da co-residência, das necessidades

de sobrevivência, que dificilmente permitem que uma só pessoa se dedique em

tempo integral ao cuidado.

Devido aos cuidados obrigatórios com o idoso, na convivência familiar,

sempre acontecem desentendimentos, impasses e bloqueios, gerando

sintomas emocionais que podem levar a conflitos entre os membros da família,

causando um desconforto que irá afetar a rotina diária, e em consequência a

esse desconforto, o estresse familiar. A pessoa que cuida do idoso tem uma

grande sobrecarga, variando de acordo com a quantidade e qualidade do que

necessita o idoso, no ponto de vista físico e emocional. Conclui-se assim, que

aquele(s) membro(s) da família que cuida(m) do seu idoso, deve estar sempre

atento ao seu grau de estresse.

Um assunto complexo e pouco discutido é a experiência vivida por um

parente de um idoso enfermo, com Alzheimer por exemplo. Em geral, filha ou

esposa designada para cuidarem do pai, da mãe ou do cônjuge doente. Trata-

se de uma situação dificílima, não só pelas razões de ordem prática como

pelas emocionais, pois a pessoa que se responsabiliza do cuidar de idoso

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nesse estado acaba abdicando de sua própria vida, dos seus sonhos e projetos

(PINHEIRO, 2006). Observa-se que a maioria das pessoas da família que

cuidam do seu idoso está despreparada de conhecimentos para lhe darem com

situações, pois o idoso pode apresentar momentos de agressividade, perdas

de memórias, tristezas profundas, isolamento, etc.

Aquino e Cabral (2002), afirmam que o afeto, o carinho, o amor, a

atenção e a dedicação, são de suma importância para que o idoso se perceba

como um ser existente, que está presente, que tem o seu lugar na família, e

continua fazendo parte da relação familiar. De acordo com os autores o

sentimento da obrigação no cuidado de seus idosos nem sempre está ligado à

afeição, pois cuidar nem sempre é escolha, muitas vezes impõe-se pelas

circunstâncias.

Conclui-se dessa forma que a família brasileira continua a ser a fonte

mais direta de apoio informal para a população idosa. Por outro lado

também se percebe que a violência contra a pessoa idosa familiar é a mais

frequente forma de abuso contra a pessoa idosa. Há uma tendência de

idealizar a família, mas não se pode falar de família, sim de famílias para

contemplar as diversidades de relações que convivem na sociedade. Neste

aspecto devem ser consideradas as condições de vulnerabilidade das famílias

brasileiras, e consequentemente a falta de condições para a sustentação e

manutenção dos vínculos.

2.5 LARES INSTITUCIONALIZADOS

Lares institucionalizados, o que são vulgarmente conhecidos como

“asilos”. Algumas pessoas, como forma de amenizar o peso do termo “asilo”,

usam as expressões como: casas de lar dos velhinhos, jardim ou casa de

repouso, casa lar, dentre outras denominações. Apesar de tantas

denominações, não muda o significado, pois estas instituições foram criadas

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para cuidar de pessoas consideradas incapazes, dependentes, velhas,

e incapazes para realizar atividades diárias e tomar decisões. Debert (2004)

refere-se aos lares institucionalizados como sendo:

Um lugar em que o indivíduo pode ter um controle sobre sua vida e

ao mesmo tempo não ter que ficar só; onde o idoso pode manter a

independência funcional sem ser “uma pedra no sapato”,um estorvo

para os filhos e podem participar de uma vida social ativa. Falam

ainda que, o asilo não pode ser entendido como representação do fim

de uma carreira, mas antes, sua continuação em um novo espaço

social. Outros retratam os asilos como a concretização dramática da

solidão e do desprezo que o idoso é relegado em nossa sociedade.

Após o Tratado de Viena e de Madri, o Brasil passou a fazer políticas

públicas, quando foram tomadas medidas de proteção, formalizando as

instituições de longa permanência (asilos)

em alguns documentos com recomendações e determinações legais das

normas mínimas de funcionamento dessas instituições: Política Nacional do

Idoso (Lei 8.842/94), Portarias do Ministério da Saúde e do Ministério da

Previdência e Assistência Social, Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003. e

a Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa nº 283 de 26 de setembro de

2005. O Ministério da Saúde, através da Portaria 810/89, estabeleceu normas e

padrões para o funcionamento das instituições destinadas ao público idoso,

definindo a organização, área física, recursos humanos, entre outros.

A Portaria n. 2000 do Ministério da Previdência e Assistência Social

define o atendimento integral institucional às pessoas idosas garantindo a

oferta de serviços assistenciais, tais como, alimentação, saúde, higiene, apoio

psicológico, atividades ocupacionais e de lazer e cultura, privilegiando sempre

o retorno familiar.

De acordo com o artigo 35 da referida Portaria, todas as entidades de

longa permanência são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços

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com a pessoa abrigada, e que no caso de instituição filantrópica, é facultada a

cobrança de participação do idoso no custeio da entidade, sendo que não

poderá exceder a 70% de qualquer benefício previdenciário ou assistencial

percebido pelo idoso. O artigo 49 da portaria n. 2000 diz:

As entidades que desenvolvam programas de institucionalização de

longa permanência adotarão os seguintes princípios: I – preservação dos

vínculos familiares; II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;

(...)IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter

interno e externo; (...) VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos

familiares (Artigo 49).

As instituições são passivas de fiscalização obrigatória por parte do

Ministério Público, Vigilância Sanitária e Conselho do Idoso, sendo passiva de

multas, suspensão temporária dos serviços e até o fechamento definitivo

decorrentes das infrações. Vale salientar que a obrigatoriedade de fiscalização

e os atos inflacionários estão previstos nos artigos 52 e 56 respectivamente.

De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada n. 283 da ANVISA,

foi regulamentado o funcionamento dos lares constitucionais de longa

permanência para idosos, que determina o devido atendimento às seguintes

premissas: observar os direitos e garantias dos idosos; preservar a identidade

e a privacidade do idoso; promover a convivência intergeracional, desenvolverá

autonomia e integração social do idoso, além de prevenir e coibir qualquer tipo

de violência e discriminação contra as pessoas residentes. Ainda em

conformidade com o item 4.3.7, a instituição deve “incentivar e promover a

participação da família e da comunidade na atenção ao idoso residente”.

A instituição para idosos é uma espécie de hospital onde os pacientes

não têm perspectivas de alta. É prisão sem grades; campo de

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prisioneiros sem cercas, quartel sem sentinelas; claustro sem fé e

nem esperança (NETTO, 1986, p. 23).

O autor refere-se ao fato de estas instituições intituladas de “asilos”,

representam na verdade o despreparo da família, da sociedade e do Estado,

que numa maneira mais fácil de livrar do idoso. Observa-se nos asilos, basta

fazer uma visita surpresa a ausência parcial ou total das famílias, causando-lhe

solidão, a perda de identidade e da autoestima. A hipótese que se coloca é de

que a opção pela internação do idoso em asilos é multifatorial e passa por

questões familiares, sociais, econômicas e subjetivas que são construídas ao

longo do tempo.

2.6 VÍNCULOS E ISOLAMENTO DO IDOSO ASILADO

Os idosos, em sua maioria, vão perdendo gradativamente a sua vida

social, tornam-se passivos de múltiplas formas de violência, perdem sua

liberdade e a sua dignidade, e por fim, o asilo passa a ser o seu destino. A

solidão infelizmente constitui-se em uma expectativa da velhice, sendo esta, o

sentimento dos que hoje estão nessa fase da vida vivendo em asilos.

Elias (2001) compara um asilo de idosos com o caminho para as

câmaras de gás nazistas, pois as pessoas estão próximas fisicamente uma das

outras, e levados para a morte eram reunidos ao acaso e não se conheciam

entre si, cada um deles, em meio a várias pessoas, estava sozinho e solitário,

sem expectativa de vida.

A comparação é muito forte e pode causar indignação, porém reflete no

sentimento do idoso ao se sentirem excluídos da sociedade mais ampla,

mostrando que a admissão em um asilo, normalmente significa não só a

ruptura definitiva dos velhos laços afetivos, mas também a necessidade de se

submeter a uma vida comunitária com pessoas as quais ele nunca antes teve

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qualquer ligação afetiva. Significa em princípio, um estado de extrema solidão e

isolamento.

O asilo é uma instituição organizada que possui normas e regulamentos,

que determinam o poder que cada um ocupa dentro da hierarquia. Assim os

idosos internos ficam sob os cuidados dos multiprofissionais com

conhecimentos especializados. Os idosos asilados recebem os cuidados

necessários de forma a mantê-los vivos e razoavelmente confortáveis até que a

morte chegue. Para Costa (1998):

A morte para os idosos se inicia antes de sua entrada no asilo e um

de seus eventos mais importantes quando da separação dos que

envelhecem do âmbito das relações em que atuam os outros vivos.

Assim, a morte é simbólica e acontece sob várias dimensões de

maneira lenta e gradativamente.

Ainda conforme o pensamento da autora, a velhice é sinônimo de

maturidade, o que faz com que o velho adquira consciência da transitoriedade

da vida, aceita e convive com a proximidade da morte. Quando os idosos

passam a viver em asilo, geralmente ocorre a separação dos membros de sua

família (filhos, netos, nora, etc.), amigos e outros parentes. Essa falta de calor

humano faz com que eles se sintam rejeitados, abandonados e isolados,

causando-lhes sofrimentos.

Outro agravante para os idosos que vivem em asilo é a condição

submissa que estes vivem em relação àqueles que administram a instituição.

Como já foi mencionado anteriormente, estas instituições possuem regras e

para que estas sejam cumpridas,os “profissionais” que lá trabalham,premiam

os idosos que acatam tais regras e punem àqueles que não as

cumprem.Absurdamente usam esse tipo de estratégia para manipulá-los e

torná-los dóceis.

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Geralmente o idoso tendo que atender a vontade da família vai para um

asilo contra sua vontade, causando-lhe tristezas e distância da sua vida social.

Para Debert (1999), a impossibilidade do resgate da multiplicidade de papéis

sociais torna a experiência na instituição decepcionante e dá a ela dinâmica

própria.

Embora que se diga que a família e o Estado, ao internar um idoso em

um asilo, têm as melhores intenções e que por melhor e diferenciada que seja

aquela instituição, não evitam os maus tratos e sofrimentos, pois por si só, o

asilo já é motivo de angústias e sensações de desprezo, isolamento,

inutilidade, incapacidade de viver em sociedade, sentem-se isolados e o pior, o

desejo de morrer.

Segundo Haddad (1993) “o fim da vida é um fenômeno que evidencia a

reprodução e ampliação das desigualdades sociais”. O asilo é visto pela

sociedade em geral como um lugar onde são “depositados” aqueles seres

humanos que não servem mais. Porém têm que ser cuidados de alguma forma

e dessa forma fica viva a possibilidade de reconstrução de um novo mundo

social para o idoso, limitado, restrito em relação à sociedade mais ampla, mas

ainda assim suficiente para que ele incorpore alguns papéis e resgate, pelo

menos parcialmente, sua condição de ser humano.

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3 OS CAMINHOS DA PESQUISA DE CAMPO

Utilizar-se-á abordagem qualitativa que conforme Goldenberg (2004, PP.

16,17) “os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa em pesquisa se

opõem ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas

as ciências”. Pesquisar levanta indagações e questionamentos, e envolve a

capacidade de criar, de unir teoria e prática. É no estudo da realidade que o

pesquisador tem a possibilidade de sentido a estudos sobre universos sociais.

Sendo esta uma pesquisa primordial ao processo educativo e a construção do

conhecimento.

Neste trabalho seguirá a proposta da abordagem qualitativa se preocupa

com o comportamento dos acontecimentos, analisando os porquês de

determinado problema, com a finalidade de analisar e descobrir os fatos. De

acordo com Richardson (1999, p. 30) “os estudos que empregam uma

metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado

problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar

processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. De acordo com André (1995,

p. 17) a pesquisa qualitativa:

Contrapõe-se ao esquema quantitativista de pesquisa (que divide a

realidade em unidades passíveis de mensuração, estudando-as

isoladamente), defendendo uma visão holística dos fenômenos, isto

é, que leve em conta todos os componentes de uma situação em

suas interações e influências recíprocas.

Quanto ao tipo a mesma será explicativa da realidade dos meus sujeitos

pesquisados conforme Gil (2002) “as pesquisas explicativas [...] valem-se

quase exclusivamente do método experimental”, realizar-se-á uma pesquisa

bibliográfica dos autores com ênfase nas categorias idoso e envelhecimento,

onde Goldenberg (apud BECKER 1994) afirma que:

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[...] tem algumas reflexões interessantes sobre a utilização do

método biográfico nas ciências sociais. Este autor considera que a

principal diferença entre o método biográfico nas ciências sociais e as

biografias e autobiografias tradicionais está na perspectiva a partir da

qual o trabalho é realizado e nos métodos utilizados (BECKER, 1994;

p.42).

Para esta pesquisa será realizada uma pesquisa de campo, esta que

consiste em um recorte da realidade empírica que se quer investigar a partir

das escolhas teóricas feitas para tratar do objeto de investigação. A pesquisa

de campo pode ser utilizada tanto numa abordagem qualitativa tendo em vista

que são muitas as possibilidades e os limites da realidade existentes no

cotidiano social, permitindo que se disponha de grande variedade de

procedimentos e descobertas. No caso deste trabalho se utilizará abordagem

qualitativa, conforme já mencionado. Para Markoni e Lakatos (2006, p. 188), a

pesquisa de campo:

[...] é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou

conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma

resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda,

descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.

Neste tipo de pesquisa, é fundamental a relação entre o objeto a ser

estudado e o pesquisador. A pesquisa desenvolvida para este trabalho será de

natureza descritiva que tem como principal objetivo a descrição das

características de determinadas populações ou fenômenos. Durante a pesquisa

de campo serão utilizadas as técnicas de observação participante, entrevista

semiestruturada, grupo focal e diário de campo.

A observação, de acordo com Dana e Matos (2006), mostra-se

relevante, especialmente, para que se possa entender o que os organismos

fazem e sob quais circunstâncias. Na observação participante o investigador é,

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de forma simultânea, instrumento de coleta de dados e interpretador, trata-se

de uma técnica dinâmica e envolvente com o modo cooperativo de agir, e

caracteriza-se pela interação entre os pesquisadores e os membros das

situações investigadas. No caso desse estudo tratou-se de uma observação de

situações do cotidiano, ressalta-se, corroborando com os autores acima

citados, que, em interações humanas, as situações vividas dificilmente seriam

captadas ou aprendidas de outra forma.

A entrevista, de acordo com Haguette (1995), consiste em um processo

de interação social, onde o entrevistador possui o objetivo de coletar

informações dos sujeitos de pesquisa, utilizando para tanto de um roteiro com

tópicos que cercam o problema levantado para a pesquisa, bem como os

objetivos traçados.

A entrevista sendo utilizada como técnica de pesquisa, para Minayo

(1994) possibilita ao pesquisador a obtenção de informações privilegiadas pelo

fato de ser obtida por meio da fala individual revelando condições estruturais,

sistema de valores, normas e símbolos, e ainda, transmite por meio de um

“porta-voz” as representações do grupo social em estudo.

Neste trabalho se optará pela entrevista semiestruturada, a qual

possibilitada ao entrevistado um espaço maior para que possa discorrer sobre

suas experiências, não limitando o que ele deve responder, apenas

direcionando o assunto a partir do foco da pesquisa, este tipo de entrevista ao

mesmo tempo em que permite à entrevista respostas mais livres, valoriza a

atuação do pesquisador. Segundo Triviños (1987, p. 146)

Entrevista semiestruturada é aquela que parte de certos

questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que

interessam à pesquisa e que, em seguida, oferecem amplo campo de

interrogativas, junto de novas hipóteses que vão surgindo à medida

que recebem as respostas do informante. Desta maneira o

informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e

de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo

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investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da

pesquisa.

Os tópicos da entrevista semiestruturada a ser realizada para este

trabalho levarão em consideração o embasamento teórico utilizado nesta

pesquisa, e as informações a serem recolhidas pelo pesquisador sobre o

fenômeno social em estudo, com a formulação de perguntas básicas, na qual

as respostas possibilitem o alcance dos objetivos.

O diário de campo será utilizado com o intuito de anotar todas

observações de forma aprofundada, nele são anotados o máximo possível de

aspectos observados, devendo ser escrito no momento exato da observação.

Posteriormente tais observações anotadas serão transformadas em relatos

ampliados, englobando aspectos descritivos, reflexivos e comentários

pessoais, com o maior número possível de detalhes sobre as atividades e

situações abordadas (VIÉGAS, 2007).

O lar analisado será a Fraternidade Toca de Assis, fundada em

Campinas, Estado de São Paulo, tendo se expandido para vários estados

brasileiros, inclusive o Ceará.

A Fraternidade de Aliança Toca de Assis é uma instituição católica

fundada em meados de 1994 pelo Padre Roberto José Lettieri para viver o

carisma aos pobres sofredores de rua.

A Toca de Assis tem por finalidade acolher e amparar as pessoas que se

encontram excluídas da sociedade, objetivando promover e restabelecer seu

desenvolvimento físico, intelectual e psicológico.

A Toca de Assis conta com 96 casas espalhadas por todo o Brasil,

acolhendo mais de 5.000 homens e mulheres em extremo estado de pobreza.

O estudo foi realizado na Fraternidade Toca de Assis - Casa Fraterna

Nossa Senhora Mãe dos Pobres, dirigido pela Guardiã Irmã Natali e

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postulantes que está localizado na cidade de Fortaleza, na Av. João Pessoa,

5052, Damas.

Foto n. 1 – Toca de Assis

Fonte: Diário do Nordeste, 2013.

A Toca de Assis conta com vários tipos de atendimentos ao idoso, como

acolhimento e atendimento para alívio imediato das necessidades básicas do

idoso e fazer barba, cortar cabelo, oferecer alimentos aos moradores de rua.

Sua missão é fazer com que Jesus Sacramentado seja conhecido e amado.

Revelar ao mundo essa presença escondida de Jesus nos pobres. Amar e

fazer amada a Santa Igreja, rezando pelos sacerdotes e zelando pela Sagrada

Liturgia (TOCA DE ASSIS, 2013).

Serão entrevistados apenas seis idosos pelo fato de que os demais já

não falavam e se encontravam prostrados. A instituição foi escolhida pela

autora desta monografia pelo fato de ser a única que se dispôs a aceitar uma

pesquisa acadêmica. As demais instituições procuradas expuseram várias

dificuldades como excesso de pesquisas realizadas que saturam os idosos.

A pesquisa será realizada de forma global, considerando, aspectos

físicos, cognitivos e sociais. Será entregue aos idosos um termo de Livre e

Esclarecido, contendo os dados da pesquisa atendendo ao quadro ético das

pesquisas científicas, todo estudo será explicado para que tenha total

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esclarecimento do que será feito, os nomes foram preservados, não sendo

expostos no estudo.

A coleta de dados será feita com base em entrevistas semi estruturadas

aplicadas a seis idosas do lar em estudo, número justificado pelo fato de que

as demais já estavam muito debilitadas e não conseguiam se comunicar. Após

a verificação dos dados, estes serão verificados para o desenvolvimento da

análise dos resultados.

As informações contidas nas entrevistas serão agrupadas de modo a

evidenciar categorias de análise possibilitando a identificação dos pressupostos

da pesquisa; e expor, de modo claro, sua linha de investigação, tornando-a

mais isenta de interpretações eminentemente subjetivas. Após a leitura e

releitura do material empírico obtido proceder-se-á a análise e escrita dos

resultados, de acordo com os objetivos da pesquisa.

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4 RESULTADOS DA PESQUISA

Analisam-se aqui as entrevistas realizadas com idosos na Instituição

Toca de Assis focando nos indicadores de investigação, buscando em teóricos

da área o embasamento necessário para fomentar a discussão.

Chegada das idosas à instituição

A primeira pergunta buscou saber como foi a vinda dos idosos para a

instituição.

Sra. M. conta como chegou à Instituição:

Ah não lembro não, eu só lembro que fiquei no Hospital São Gerardo,

fiquei doente... Uma pessoa me internou, precisei fazer um

tratamento lá. De lá vim pra cá.

Por sua vez a dirigente da Toca de Assis que acompanhava a entrevista

informou que a interna já morava de três a cinco anos.

A segunda idosa entrevistada foi a Senhora R., de 41 anos de idade,

casada, introspectiva com expressão facial triste, estudou somente até a

terceira série primária, sendo sua fala é sempre estimulada pela entrevistadora.

Percebeu-se, porém uma conformação com a vida que tem muito forte. Relata:

Cheguei até a instituição há três anos por vontade própria, pois já

conhecia o local.

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Outra idosa entrevistada foi M. H. R., uma senhora que diz ter seis anos

de idade, muito alegre que gosta de conversar. Conta com orgulho que sabe

escrever seu nome, sua fala é de difícil compreensão. A supervisora da Toca

de Assis conta que souberam da situação em que vivia a Sra. M. H. R.,, seu pai

e irmão e a trouxeram para p lar feminino e seu irmão para o lar masculino logo

após o falecimento de seu pai.

A terceira entrevistada foi a senhora M.F, uma idosa que não sabia sua

idade, mas lembrava da sua data de nascimento, dois de junho de 1965. Ela já

foi casada duas vezes e concluiu o primeiro grau. Quando indagada sobre

como chegou até a instituição, M.F conta:

Fui filha única e meu filho mais velho do meu primeiro casamento era

ruim e preguiçoso igual o pai dele, e quando minha mãe morreu, ele

me colocou na instituição dizendo que a casa era dele.

A última entrevistada foi a senhora V. que conta que chegou até a

Instituição por uma assistente social quando estava internada no hospital da

Messejana há sete anos.

Percepção das idosas sobre a instituição

A idosa M. fala sobre a Instituição:

A vida na casa é boa Graças a Deus não falta nada, tenho todo o

conforto do mundo. As irmãs educam a gente, isso é muito importante

né?

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A idosa R. Não respondeu sobre o que acha do Lar Toca de Assis.

M.H.R por sua vez quando indagada sobre o que acha da Instituição, a

idosa mistura os assuntos:

“Eu gosto de morar, gosto das meninas, tenho muitas amigas. Dói

coluna, dói a barriga, os olhos doem. Tenho muitas amiguinhas”.

M.F diz que gosta da sua vida na Instituição e que se não fosse isso não

saberia o seria de si.

Para V. a sua vida é boa, gosta da comida da Toca de Assis e ajuda as

irmãs a limpar o lar.

Percepção das idosas sobre a família

Quando indagada sobre sua família, conta a Sra. M:

Fui colocada na porta da casa de uma mulher para me criarem, mas

nunca me visitaram, nem os verdadeiros pais que eu não conhecia e

nem os adotivos.

Mas acerca desta questão Sra. M. contra que fez muitas amizades no

lar, que se dão bem e gostam umas das outras.

Percebe-se nesse depoimento que o sentimento é avivado pela

ausência da família, há tristeza pelo distanciamento da família em sua vivência

e por isso seria importante que os profissionais dessa instituição buscassem

favorecer relações de amizade, procurando dar atenção aos idosos.

Já Sra. R, quando indagada sobre sua família, ela afirma que tem filhos,

mas não sabe quantos são.

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A idosa M.H.R novamente confunde a entrevista e não responde sobre

sua família. Muito vaidosa sempre de unhas pintadas e bijuterias, M. H. R.

nesse momento pediu um anel de presente a entrevistadora. Mas, no fim da

entrevista a M. H. R., conta que se sente só porque tem saudades do irmão:

“Ele tá bem grandão, ele puxou meu pai. Ele gosta de namorar”.

M.F explica que seu segundo marido vendeu tudo o que tinha ao irmão

mais novo e comprou um terreno no Bom Jardim (bairro de Fortaleza-CE), um

dia saiu de casa para trabalhar com o irmão. Por volta das 17 h, seu irmão

chega para avisar que seu esposo havia falecido de tuberculose e que já

estava enterrado. Relata: “Eu deixei tudo para lá, peguei meus filhos (do

segundo casamento), vendi o botijão de gás e me mandei pra casa de mainha”.

Quando perguntada se sua família a visita, a idosa demonstra muita

afeição por seus filhos do segundo casamento, conta com muita alegria que

seu filho caçula, o Guga está namorando uma mulher mais velha de 45 anos.

Diz que sempre recebe visitas da sua filha Karol e do irmão do seu segundo

marido. Quanto às amizades, ela diz que gosta das meninas:

Se bem que muitas delas estão adoentadas, eu já to aposentada.

Não sei para onde que vão me mandar. A Cícera não gosta de mim

não, mas ela não tem o juízo muito certo não.

Já a idosa V. conta que não se sente só apesar de não ter contato com

familiares.

Significado de envelhecer

Sobre o significado de envelhecer para a idosa, M. menciona que tem

dificuldade de enxergar, mas que o envelhecimento é uma coisa boa, porque

Deus deu a Toca de Assis para ela morar como uma oportunidade de vida.

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R. não soube explicar o que significa envelhecer, mas se referiu aos

produtos (comida, higiene) que ganha.

M.H.R não respondeu a pergunta sobre o envelhecimento. Talvez pelo

fato de acreditar ter 6 anos de idade, a velhice para ela ainda não chegou. Vive

sua eterna infância.

Quando a entrevistadora perguntou a M.F sobre o que ela achava de

envelhecer, ela voltou a falar do seu primeiro marido e relembra o seguinte

episódio:

Eu apanhei muito na cabeça do meu primeiro marido, ele não queria

trabalhar. Eu disse, rapaz, eu to ficando é mole mesmo nessa

história... Sustentar um negão desse? Sabe o que esse negão tá

precisando? É de um par de chifres. Aí chegou o finado Evandro lá

em casa, pedindo um copo d’água e perguntou meu nome... Eu disse

é Filomena, mas pode me chamar de Filó. Aí ele disse... Pois Filó tem

coragem de namorar mais eu? Eu disse... Rapaz eu sou

comprometida. Ele disse... tem nada não, a gente faz escondidinho.

Aí toda noite ele (o marido) saia por um lado e eu saia por outro e ia

me encontrar com finado Evandro lá detrás do Colégio Santa Cecília.

Aí quando foi um dia ele pegou nós 2.Finado Evandro correu por um

lado, eu por outro. O negão me atracou pelos cabelos.... Me derrubou

no chão, quebrou meu braço, quebrou meus dentes tudinho, deu

muito na minha cabeça, aí um bichinho me socorreu, aí chamou a

polícia e me levaram pro pronto socorro, lá me levaram pra UTI,

passei uns três dias, aí saí, depois rasparam minha cabeça todinha,

examinaram tudo e detectou um negócio na cabeça, tiraram um

nódulo. Enfaixaram a cabeça todinha e eu recebi alta. Aí fui pra casa

de mainha e fui me recuperando.

Após ouvir toda a história contada por M.F, a entrevistadora voltou a

perguntar o que ela achava do envelhecimento. Responde que para ela é uma

vivência, um aprendizado. Pois feliz daquele que chega há meio século.

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Acerca do envelhecimento, V. acha ruim, porque bom mesmo é ser

nova.

Maior sonho das idosas

Sra. M. conta que seu maior sonho é ir morar com seus pais

verdadeiros. É notório o sentimento de ausência expressado durante essa

entrevista latente na sua insegurança emocional. Pelo fato da família a ter

abandonado há sempre uma sensação de necessidade de criar laços afetivos,

de que pode ser importante para alguém.

Para Sra. R. a vida é boa e não tem nenhum sonho para realizar.

No que se refere ao seu sonho, a idosa M.H.R diz que deseja se casar,

ter uma família, que tem um filho que já está na escola e até a chama de mãe.

Verifica-se que diferente das outras duas idosas anteriores, esta senhora

conseguiu se socializar com os demais internos e adotou como família algumas

pessoas da Instituição. Importante observar que essa ação é meio que o idoso

encontra para apagar o sofrimento do passado e tentar reescrever a sua

história.

Conta M.F que seu maior sonho é atingir pelo menos seus netos. M.F

ensina:

Não existe solidão, o que existe é saudade, mas quando sinto, eu

rezo. Rezo pelos que Deus já levou.

V. diz que seu maior sonho é que seu pai vá buscá-la, pois tem vontade

de morar com a família.

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O que mais gosta e o que menos gosta no Lar Toca de Assis

Finaliza-se a entrevista perguntando o que M.R mais gosta e o que

menos gosta na Instituição. A idosa afirmou:

Gosto de morar aqui, pois de manhã tem um café da manhã especial

que muitos não podem ter. Não há nada que eu não goste.

Finalizando a entrevista, a Sra. R. conta que o que mais gosta na Toca

de Assis é ser cuidada pelas “meninas” de lá.

A idosa M.H.R afirma que o que mais gosta da Toca de Assis é ajudar

as meninas a fazer as coisas, cuidar da casa. No meio da entrevista ela pediu

para irem para a parte de dentro da Instituição, que segundo ela era mais

bonito, mais “chic”. Chegando lá mostrou brinquedos de montar e enquanto

conversavam ficou brincando.

Finaliza a entrevista M.F dizendo que gosta muito da instituição e só

está lá porque não pode sair, porque se pudesse já tinha arranjado um terceiro

marido.

A idosa V. não respondeu esta pergunta.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os teóricos analisados neste estudo apresentaram temas voltados para

o envelhecimento do idoso institucionalizado, publicados em sua maioria no

Brasil. Tais resultados inferem que o Brasil se apresenta notadamente

preocupado com os estudos que envolvem a população idosa, o que reflete de

maneira positiva no processo de envelhecimento no qual o país se encontra.

Apesar do crescimento observado no número de publicações, as mais recentes

ainda são consideradas poucas. Além disto, as publicações não se mantiveram

homogêneas, tendendo a diminuir em alguns anos.

Por um lado, isso denota que os profissionais têm buscado formas de

compartilhar conhecimento através de publicações contemplando a temática do

idoso, independente do grau de formação superior. Porém, o que se observa é

que há uma lacuna acerca de certas abordagens no contexto da qualidade de

vida do idoso.

Salienta-se que apesar de haver um número significativo de pesquisas

sobre a qualidade de vida de idosos, ainda há a necessidade de enfoque no

real papel das instituições permanentes, principalmente na sua contribuição na

promoção da saúde do idoso. Talvez tal lacuna pudesse ser minimizada se

mais estudos fossem elaborados por pesquisadores com formação específica

na área de Assistência Social.

Dentre os tipos de estudo identificados, prevaleceu a técnica de análise

de dados e análise de conteúdo. Tais resultados demonstram que os artigos

analisados tiveram uma abordagem mais complexa acerca das dimensões do

cuidado ao idoso. Ou seja, os artifícios utilizados para desenvolver os estudos

pertinentes à temática, não ficaram restritos a dados puramente numéricos, e

sim refletiram toda uma subjetividade inerente à questão do cuidado ao idoso e

do ser idoso.

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Em relação às categorias gerais identificadas, elas foram analisadas de

acordo com os resultados de cada estudo que as formaram, observando-se

convergências e/ou divergências entre os autores. Verificou-se que o perfil das

idosas institucionalizadas no Lar Fraternidade Toca de Assis era a partir de 55

anos tendo como principais características aquelas relacionadas ao declínio

das funções fisiológicas. As necessidades pertinentes a essa clientela

englobam o cuidado humanizado, bem como o atendimento das necessidades

físicas. No entanto, estes cuidados foram evidenciados de forma dissociada.

Destaca-se a importância da família nesse ambiente, haja vista, quando

institucionalizado, o idoso apresenta sentimentos relacionados ao medo, à

angustia, à perda de privacidade, já que seu elemento psíquico encontra-se

fragilizado. Pode, portanto, haver um incentivo ao autocuidado, diálogo e

personalização do ambiente, bem como participando a família dos cuidados

básicos, para que o idoso sinta-se mais à vontade.

A partir do momento em que se presta um atendimento mais

humanizado, passando ao idoso a segurança e o respeito necessários ao seu

bem estar, acaba contribuindo para que ele possua uma maior qualidade de

vida, a partir do momento que se sente em um ambiente mais familiar.

Após um longo período de desenvolvimento desse estudo, a partir de

leituras e vivências, chegou-se à conclusão de que o envelhecer está mais

relacionado à mente do que ao físico. Puderam-se contemplar histórias de

idosas marcadas pelo sofrimento, abandono, saudade, mas com sonhos,

rainhas em seu reino, princesas em seu castelo, no auge de sessenta, setenta

anos, um sonho de menina, casar, ter filhos, constituir família.

Quantos jovens com uma vida pela frente não se permitem mais sonhar?

Estão entregues a um mundo solitário, frio. Poder-se-ia dizer que muitos estão

institucionalizados enquanto livres. E os idosos institucionalizados? Estas são

livros, viajam para onde querem, conversam com quem querem no seu mundo,

o da imaginação, dos sonhos. Desta forma, pode-se dizer que o idoso

institucionalizado tem como percepção acerca do envelhecimento de que ainda

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há muito para viver, são apenas ideias em um corpo cansado, com marcas que

a vida deixou.

Sugere-se, neste contexto, uma atuação multiprofissional em lares

institucionalizados, não no sentido de exaurir as atividades específicas de cada

profissão, pelo contrário, devem-se manter as diferenças técnico-operativas de

cada profissão. Por exemplo, os profissionais de serviço social têm suas ações

pautadas nas questões sociais que envolvem o idoso. Dessa forma, o

assistente social não atua apenas junto ao idoso, mas com todo seu contexto

social, passando a ter uma visão integral sobre ele, identificando as expressões

e os rebatimentos que afetam sua qualidade de vida.

Quanto aos psicólogos, o ponto de partida para trabalhar com o idoso é

analisar como anda a relação deste com o outro, o outro com ele e ele consigo

mesmo. Tem-se ainda o profissional de nutrição, visto que o idoso necessita de

uma alimentação equilibrada, considerando que seu sistema imunológico fica

fragilizado, portanto, manter uma alimentação saudável, prevenindo a

desnutrição é fundamental para eles. O médico como parte integrante da

equipe multidisciplinar tem como função promover a saúde e prescrever o

tratamento a ser realizado pelo paciente.

Ou seja, faz-se a integração do psicológico – psico, do meio ambiente –

social, e do modelo biomédico, o físico – bio. Esse modelo mostra a

necessidade do profissional, além de aprender e evoluir suas habilidades

técnico-instrumentais, deve evoluir também suas capacidades relacionais que

permitem o estabelecimento de um vínculo adequado e uma comunicação

efetiva.

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APÊNDICES

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APÊNDICE 1 – ROTEIRO DA ENTREVISTA

Nome-

Idade –

Sexo –

Estado civil –

Escolaridade –

1 Como foi a sua vinda para essa instituição? Há quanto tempo?

2 Quais foram os motivos que o levaram a vir para essa instituição?

3 Como é a sua vida aqui?

4 Tem contato com seus familiares? Como?

5 O Sr(a) fez amizades aqui? Conte um pouco?

6 E quanto às pessoas que trabalham aqui?

7 Para o senhor o que é envelhecer?

8 Qual o seu maior sonho?

9 O que mais gosta e o que menos gosta nessa instituição?

10 Em relação à solidão? Como a senhora encara?

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APÊNDICE 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário(a), de uma pesquisa - no

caso de você concordar em participar, favor assinar o termo de Consentimento de

Participação da Pessoa como Sujeito. Sua participação não é obrigatória, e, a

qualquer momento, você poderá desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua

recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador. Você receberá

uma cópia deste termo onde consta o telefone do pesquisador, podendo tirar dúvidas

acerca da pesquisa e de sua participação.

Nome da Pesquisa: A percepção dos idosos institucionalizados em relação ao

envelhecimento

Pesquisador Responsável: Mona Suyanne Facundo

Procedimentos do Estudo: Se concordar em participar da pesquisa, você terá que

responder a uma entrevista sobre o seu conhecimento dos riscos de infecção

sexualmente transmissível. Por meio das entrevistas serão levantados os dados

necessários para que possa analisar o referido assunto.

Riscos: A pesquisa apresenta riscos mínimos aos participantes, por se tratar de um

trabalho acadêmico.

Custo/Reembolsa para os participantes: A pesquisa não demanda de custos,

portanto, não há possibilidades de reembolso.

Confidencialidade da Pesquisa: Garante-se o sigilo, com o intuito de assegurar a

privacidade dos participantes quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa,

sendo divulgados, somente, dados diretamente relacionados aos objetivos da

pesquisa.

________________________________________________________

PESQUISADO