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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO A POLÍTICA HABITACIONAL EM JOÃO PESSOA/PB: uma análise sobre a implementação do Conjunto Residencial Monte Cassino Jaiane Rodrigues de Morais Pós-graduanda lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB Herbert de Oliveira Rêgo Professor do Departamento de Finanças e Contabilidade - UFPB RESUMO A questão da moradia representa um dos principais desafios enfrentados pelos gestores de todo o País. Em João Pessoa a Habitação de Interesse Social tem ganhado papel de destaque no âmbito da Prefeitura Municipal, demonstrando o comprometimento da gestão com o enfrentamento do problema habitacional na cidade. O presente artigo visa analisar a implementação do Residencial Monte Cassino, um dos Projetos Habitacionais de Interesse Social executados no âmbito da Gestão Municipal de João Pessoa. Trata-se de um estudo de caso, baseado em uma pesquisa qualitativa de cunho fundamentalmente explicativo. O trabalho pretende abordar o tratamento que a questão habitacional recebeu no Brasil ao longo dos anos e que serviram de referência para a Política Nacional, suscita a produção de Unidades Habitacionais no âmbito da Prefeitura Municipal de João Pessoa PB, focando a análise nos resultados alcançados com a implantação do Residencial Monte Cassino. Como metodologia foram utilizadas essencialmente pesquisas documentais e análise de conteúdo. O resultados mostraram que através da implementação do Residencial Monte Cassino, a gestão municipal garantiu a efetivação do direito à moradia e o resgate da cidadania, no entanto, há necessidade de aprimoramento da gestão, de modo a adotar uma visão estratégica, superando os limites organizacionais, técnicos e políticos que tanto dificultam a implementação das políticas públicas. Palavras-chave: Habitação, moradia, políticas públicas. 1. INTRODUÇÃO A busca por um abrigo sempre esteve presente na trajetória humana de luta por sobrevivência, sendo considerada uma das necessidades básicas à reprodução social. Percebida como expressão da questão social, a questão da moradia é agravada, especialmente,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

A POLÍTICA HABITACIONAL EM JOÃO PESSOA/PB: uma análise

sobre a implementação do Conjunto Residencial Monte Cassino

Jaiane Rodrigues de Morais

Pós-graduanda lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB

Herbert de Oliveira Rêgo

Professor do Departamento de Finanças e Contabilidade - UFPB

RESUMO

A questão da moradia representa um dos principais desafios enfrentados pelos gestores de

todo o País. Em João Pessoa a Habitação de Interesse Social tem ganhado papel de destaque

no âmbito da Prefeitura Municipal, demonstrando o comprometimento da gestão com o

enfrentamento do problema habitacional na cidade. O presente artigo visa analisar a

implementação do Residencial Monte Cassino, um dos Projetos Habitacionais de Interesse

Social executados no âmbito da Gestão Municipal de João Pessoa. Trata-se de um estudo de

caso, baseado em uma pesquisa qualitativa de cunho fundamentalmente explicativo. O

trabalho pretende abordar o tratamento que a questão habitacional recebeu no Brasil ao longo

dos anos e que serviram de referência para a Política Nacional, suscita a produção de

Unidades Habitacionais no âmbito da Prefeitura Municipal de João Pessoa – PB, focando a

análise nos resultados alcançados com a implantação do Residencial Monte Cassino. Como

metodologia foram utilizadas essencialmente pesquisas documentais e análise de conteúdo. O

resultados mostraram que através da implementação do Residencial Monte Cassino, a gestão

municipal garantiu a efetivação do direito à moradia e o resgate da cidadania, no entanto, há

necessidade de aprimoramento da gestão, de modo a adotar uma visão estratégica, superando

os limites organizacionais, técnicos e políticos que tanto dificultam a implementação das

políticas públicas.

Palavras-chave: Habitação, moradia, políticas públicas.

1. INTRODUÇÃO

A busca por um abrigo sempre esteve presente na trajetória humana de luta por

sobrevivência, sendo considerada uma das necessidades básicas à reprodução social.

Percebida como expressão da questão social, a questão da moradia é agravada, especialmente,

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pela crescente concentração de renda, aliada ao intenso processo de crescimento das cidades

e, sobretudo, ao papel do Estado frente à oferta de moradias.

O acesso à habitação insere-se no campo dos direitos sociais, pois reflete o

atendimento das necessidades humanas básicas, mas apesar de afiançado em âmbito

internacional através da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 é só a partir da

emenda constitucional nº 26/2000 que a moradia passa a ser reconhecida enquanto direito

social formalmente explicitado no Brasil, mas para que esse direito tenha eficácia jurídica e

social torna-se necessário a ação positiva do Estado por meio de execução de políticas

públicas.

Mas, a despeito desses instrumentos, o Brasil entra para o século XXI com um déficit

habitacional de quase 10 milhões de habitações; a dívida social acumulada no país em relação

à carência habitacional impressiona, de acordo com o Caderno MCidades: Habitação (2004),

são mais de sete milhões de famílias que precisam de novas moradias, além de 10 milhões de

domicílios com problemas de infraestrutura básica.

As desigualdades sociais e a concentração de renda, características da sociedade bra-

sileira, se manifestam fisicamente nos espaços segregados das nossas cidades. Nelas, as

carências habitacionais constituem-se um dos maiores problemas: a falta de moradia digna

para população mais carente responde por 83% do déficit habitacional brasileiro (ROLNIK,

2008). De acordo com Bonduki [200-], o crescimento das favelas e loteamentos irregulares no

país é um dos grandes indicadores de gravidade da situação urbana no Brasil. É notória a

permanência do déficit habitacional concentrado na população de baixa renda, situação que se

agravou, sobretudo, ao longo do governo Fernando Henrique Cardoso.

Nota-se, portanto, que a origem dos problemas habitacionais é fruto de uma herança

histórica relacionada ao modelo de política adotado ao longo do tempo, pautado em

programas isolados e constantemente alterados, que apesar de necessários para minimizar a

questão da moradia, não são suficientes para solucioná-la.

A questão da moradia surge, assim, como objeto de análise especialmente para quem

atua no âmbito da gestão pública, tendo como marco a Constituição de 1988, quando a

habitação torna-se uma atribuição concorrente nos três níveis de governo, atribuindo-se

especialmente ao poder local a responsabilidade pelo equacionamento das demandas sociais,

notadamente por estar em contato direto com os problemas da população carente.

No município de João Pessoa, a atual política tem privilegiado a implementação, em

parceria com o Governo Federal, de programas que visem reduzir, gradativamente o déficit

habitacional, garantido mais que um imóvel, um local dotado de infraestrutura e

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equipamentos comunitários que confiram habitabilidade aos moradores. Sobre o conceito de

habitabilidade, a Cartilha Produção Social do Habitat ([200-], p. 8) define:

A habitabilidade é um conceito complexo, o qual envolve diversos aspectos

que afetam a qualidade da moradia, como a qualidade da casa em termos de

material de construção, área construída, divisões internas e instalações, a

segurança da posse da terra, a infra-estrutura de abastecimento de água,

esgoto, drenagem, sistema viário, forma do bairro e disponibilidade de

equipamentos urbanos e serviços públicos, transporte, segurança, áreas de

lazer e convivência comunitária, dentre outros.

Entre as ações de enfrentamento ao déficit habitacional no município, destaca-se a

criação de vários conjuntos habitacionais a exemplo do Residencial Monte Cassino, entregue

em 2010, beneficiando diretamente 250 famílias em situação de vulnerabilidade social, que

habitavam irregularmente uma área de preservação ambiental localizada no Bairro de

Jaguaribe.

Nessa perspectiva, destacamos como objetivo geral do artigo: analisar a

implementação do Conjunto Residencial Monte Cassino, para tanto se fez necessário traçar os

seguintes objetivos específicos: conhecer a proposta inicial do projeto; analisar o

cumprimento dos seus objetivos; e verificar, a partir de documentos oficiais, se o resultado

pretendido foi alcançado.

Cabe ressaltar que parte das impressões presentes nesse estudo advém das

experiências enquanto profissional do Serviço Social na Prefeitura Municipal de João Pessoa,

durante os anos de 2007 a 2011, especificamente no acompanhamento às famílias

beneficiadas pelos Projetos de Habitação de Interesse Social, onde o Trabalho Técnico Social

é um quesito obrigatório. Trata-se de um conjunto de ações educativas e planejadas,

adequadas à realidade socioeconômica e cultural da população e às características da área de

intervenção, respeitando as diretrizes do programa habitacional, visando ao desenvolvimento

comunitário e a sustentabilidade do empreendimento.

Pretende-se inicialmente abordar a questão da moradia enquanto necessidade humana,

objeto de intervenção do Estado, num segundo momento será traçado um breve histórico da

Política Habitacional no Brasil, posteriormente discute-se a provisão habitacional no

município de João Pessoa e, por fim, será analisada a implementação do Residencial Monte

Cassino, buscando verificar os resultados alcançados com a intervenção.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. A questão habitacional: considerações históricas

A necessidade de abrigar-se sempre esteve presente na trajetória humana, estando

relacionada à própria luta por sobrevivência. O direito à moradia pode ser definido, portanto,

como o direito que se tem a um lugar adequado para se viver, em que haja possibilidade de

uma vida digna e saudável, ou seja, corresponde ao direito de viver com segurança, paz e

dignidade, incluindo serviços públicos, saneamento, infra-estrutura urbana, transporte,

trabalho e lazer.

De acordo com Rodrigues (2003), o ato de morar é uma das necessidades básicas do

indivíduo, pois não é possível viver sem ocupar espaço, contudo o acesso à habitação, assim

como aos meios de consumo coletivos são historicamente diferenciados, em outras palavras o

tipo de abrigo será determinado pela renda que, por sua vez, define a inclusão no mundo

capitalista.

No Brasil, o acesso à moradia sempre esteve articulado a interesses contraditórios. As

primeiras ações voltadas para a moradia, além de ajudarem a consolidar a classe operária no

País, foram articuladas por diversas forças sociais, a exemplo do próprio Estado. Segundo

Rodrigues (2003) no final do século XIX e início do século XX, as cidades apresentavam um

padrão concentrado, com a maioria dos trabalhadores morando em cortiços. Durante esse

período, a intervenção estatal na área habitacional esteve intrinsecamente ligada ao

autoritarismo sanitário, na tentativa de impedir a expansão desse tipo de moradia através de

incentivos à produção de casas higiênicas, impondo limites à construção dos cortiços, por

considerar que estes propiciavam a contaminação e a disseminação de epidemias, mas apesar

da ação repressora do Estado não foi possível impedir a proliferação de moradias precárias.

Nesse período, o padrão de habitação nas cidades estava baseado na moradia alugada, para os

trabalhadores de baixa renda a única alternativa eram os cortiços, enquanto para os

trabalhadores de classe média ou trabalhadores formais existiam as vilas ou conjuntos de

pequenas casas construídas pelas fábricas onde trabalhavam. Nota-se que a habitação era

elemento de formação ideológica, política e moral do trabalhador.

Já nos anos 40, foi criado o primeiro órgão voltado para prover habitação à população

de baixa renda, a Fundação Casa Popular que possuía uma ação limitada, pautada no

clientelismo. Sobre a atuação da Fundação Azevedo e Andrade (2011, p. 9) contribuem:

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Em princípio, a seleção da cidade para a construção de conjuntos deveria

levar em conta as necessidades locais, o apoio da prefeitura e a ordem das

solicitações. Nem sempre as decisões se pautaram exclusivamente por

aspectos técnicos. O número de solicitações excedendo as possibilidades da

Fundação da Casa Popular dava a esta última posição privilegiada de

escolha. Sendo a casa um recurso escasso e politicamente rendoso, a decisão

de onde construir muitas vezes baseou-se em considerações de interesse

clientelístico. Motivações políticas teriam, entretanto, peso ainda maior na

alocação das casas entre os postulantes.

É só a partir de 64, contraditoriamente aos fatos políticos e sociais inerentes à época,

que a habitação popular passa a ser assumida como questão social; elabora-se a Política

Habitacional Brasileira – PHB e cria-se o Banco Nacional de Habitação - BNH, sem, contudo,

abrir mão da centralização da política (PAULO NETTO, 2002).

O BNH passou a financiar a construção de várias unidades habitacionais no país,

contudo, tratava-se de uma estratégia tipicamente keynesiana de impulsionar a economia por

meio de incremento à construção civil e da geração de empregos, num contexto de total

ausência de transparência e controle dos gastos públicos (CIGNOLLI apud BEHRING;

BOSCHETTI, 2007).

De acordo com os dados do relatório do BNH apresentado por Rodrigues (2003, p.59):

“de 1964 a 1984 [...] foram financiadas 4 milhões e 369 mil unidades, sendo milhões e 557

mil na faixa de interesse social, o que representa 58,5% do total de unidades financiadas (...)”.

Cabe ressaltar que a gestão empreendida pelo BNH esteve pautada no autoritarismo

típico do regime militar; na ausência de participação na concepção dos programas e projetos;

na falta de controle social na gestão dos recursos; dentre outros. Nessa perspectiva, Bonduki

([200-], p. 73) afirma que: muito embora a produção habitacional, durante esse período, tenha

sido significativa, ela esteve aquém das necessidades geradas pelo intenso processo de

urbanização ocorrido no Brasil na segunda metade do século XX. De acordo com o autor

dentre outras características da política desenvolvida nesse período destaca-se a opção por

grandes conjuntos localizados na periferia das cidades, a desarticulação entre os projetos

habitacionais e a política urbana, a utilização de soluções uniformizadas, padronizadas, sem

nenhuma preocupação com a qualidade da moradia.

Com o fim do regime militar e a extinção do BNH deixa-se de ter uma estrutura de

caráter nacional responsável pela política habitacional, abrindo espaço para uma nova fase na

política conhecida como pós-BNH, período no qual os Estados e Municípios passam a

enfrentar a questão habitacional a partir de modelos alternativos. Progressivamente essa

responsabilidade passa a ser transferida para os Estados e Municípios, tendo como marco a

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Constituição Federal de 1988, que tornou a habitação uma atribuição concorrente dos três

níveis de governo, processo que se deve, sobretudo, pelas crescentes mobilizações em torno

da moradia, consolidando o poder local enquanto principal interlocutor das organizações

populares, acentuando a tendência à descentralização dos programas habitacionais.

Nesse período, surgem paralelamente às intervenções tradicionais, diversas

experiências municipais de habitação de interesse social, além de programas que adotam

pressupostos inovadores dentre os quais: desenvolvimento sustentável; diversidade de

tipologias; estímulo a processos participativos, além de projetos integrados (grifo nosso) e a

articulação com a política urbana (BONDUKI, [200-]).

Embora rompendo com a concepção herdada do BNH, essas alterações não

conseguiram impulsionar uma nova política. As ações habitacionais durante o governo FHC

não conseguiram combater o déficit habitacional 1que se concentrava nos segmentos de baixa

renda, uma vez que os financiamentos para a obtenção da casa própria se concentravam nas

faixas de renda acima de cinco salários mínimos. Como consequência acesso à terra

urbanizada, dotada de serviços, equipamentos e infraestrutura tornou-se cada vez mais caro,

impulsionando aqueles que não tem recursos a habitarem locais cada vez mais distantes,

precários, irregulares e insalubres. Nessa perspectiva Rolnik (2008, p. 26) ressalta que:

Os terrenos que a lei permite urbanizar, assim como os financiamentos que a

política habitacional praticada no país tem disponibilizado, estão reservados

ao restrito círculo dos que têm dinheiro e propriedade da terra. [...] Para as

maiorias, sobram os mercados informais e irregulares, em terras que a

legislação urbanística e ambiental não disponibilizou para o mercado formal:

áreas de preservação, zonas rurais, áreas non-edificandi, parcelamentos

irregulares.

No entanto, após um longo processo de discussão, um importante avanço foi

alcançado: a aprovação do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), criando novos

instrumentos urbanísticos para viabilizar a regularização fundiária, fazendo cumprir a função

social da propriedade. Com sua aprovação ficou regulamentado o capítulo da política urbana

da Constituição Federal de 1988.

1 O déficit habitacional pode ser traduzido em déficit quantitativo, ou seja, necessidade quantitativa de moradias,

decorrente da coabitação familiar, do ônus excessivo com aluguel e dos domicílios improvisados, já o déficit

qualitativo está relacionado à precariedade da moradia, decorre da deficiência no acesso à infraestrutura e de

irregularidades fundiárias.

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A partir de 2003, surge uma nova interface para a política de habitação no país, com a

criação do Ministério das Cidades2, incumbido de exercer a coordenação da Política Urbana

Nacional. Sua criação representou um grande avanço no âmbito da gestão pública, pois

pressupõe um tratamento integrado da questão urbana, sendo considerado o mais importante

órgão responsável pelo enfrentamento à questão da moradia desde a extinção do BNH.

Dentre os princípios que regem a nova política ganham destaque: o direito à moradia

digna como vetor de inclusão social, que pressupõe não só o acesso à unidade habitacional,

mas a diversos serviços que garantam um padrão mínimo de habitabilidade; função social da

propriedade urbana; gestão democrática com participação dos diferentes segmentos sociais e

da articulação à política urbana, de modo integrado às demais políticas sociais e ambientais, e

tem como principal objetivo promover condições de acesso à moradia digna para todos

especialmente os segmentos de baixa renda, historicamente excluídos, com os quais há uma

enorme dívida social a ser resgatada.

Outra importante inovação foi a inclusão, em 2003, do trabalho social em todos os

programas em que o Ministério das Cidades concede recursos a fundo perdido ou através de

empréstimos aos Estados e Municípios. O trabalho Social passa a ser um componente

essencial na política habitacional e urbana, tendo como principal objetivo contribuir com a

melhoria da qualidade de vida, a defesa dos direitos e a promoção da inclusão social das

famílias beneficiadas pelos projetos.

2.2. A Política Habitacional em João Pessoa

A evolução espacial de João Pessoa reflete a dinâmica da urbanização nacional

consolida numa forte disparidade, que ultrapassa as desigualdades entre as Regiões Nordeste e

o Sudeste, alcançando os limites da própria cidade, na qual é possível observar um

planejamento guiado pela lógica capitalista do preço do solo urbano, que continua segregando

para a periferia parcela significativa da classe trabalhadora que se encontra no limite da

sobrevivência.

O processo de urbanização da cidade começa a se redesenhar, incentivado pelo

crescimento dos serviços públicos, a partir do deslocamento dos senhores de engenho e

fazendeiros do campo para a cidade exigindo novos serviços de transportes e abastecimento

de água. Aqui, como em qualquer cidade brasileira, não é difícil visualizar as desigualdades

2 A criação do Ministério das Cidades representou o atendimento de uma demanda antiga dentre as mobilizações

pela reforma urbana, com o horizonte de retomar a agenda de uma política nacional, integrando os setores de

habitação, saneamento ambiental e transportes em um mesmo órgão. (ROLNIK, 2008)

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de condições de vida existentes, frutos de um processo de precarização da classe trabalhadora,

o que agrava ainda mais os problemas urbanos.

De acordo com Vale e Garcia (2008), em João Pessoa os principais investimentos na

questão da moradia se deram a partir de 64, quando começaram a ser construídos conjuntos

habitacionais seguindo a política do BNH, direcionando a expansão urbana a partir de dois

eixos: norte, onde se concentrava a população de melhor poder aquisitivo, e sul, onde

prevalecia a população de baixa renda. Entre a década de 1970 e 1980 a cidade estende-se em

direção ao Sudeste, processo que se deu através da construção de habitações populares pelo

poder estatal, a exemplo dos conjuntos habitacionais Ernesto Geisel, José Américo de

Almeida, Mangabeira e Valentina de Figueiredo.

A partir de 1997, o poder público municipal passa a desenvolver diversos programas

habitacionais como o “É pra Morar”, “Habitar Brasil” e “Morar Melhor” beneficiando

diversas famílias através da construção de unidades habitacionais em condomínios localizados

nas áreas periféricas da cidade. A política desenvolvida nesse período foi resultante de um

modelo predominantemente elitista que não refletia as demandas da população, nesse período

eram comuns processos de remoção das famílias que habitavam áreas inadequadas, estas eram

deslocadas para locais distantes das áreas dinâmicas economicamente como também do lugar

onde foram construídas historicamente as relações sociais e sem as mínimas condições de

habitabilidade.

A respeito desse assunto, Rua (2009) destaca que o modelo elitista vê a política como

resultado de preferências e valores de elites governamentais; portanto, a política pública não é

vista como reflexo das demandas dos governados e não surge das massas, mas das elites.

Segundo dados do IBGE (2010), João Pessoa possui hoje uma população de 720.789

habitantes sendo predominantemente urbana3. Contudo, sua evolução espacial não pode ser

dissociada da dinâmica da urbanização nacional, aqui também é possível observar um

planejamento guiado pela lógica capitalista do preço do solo urbano, que continua segregando

para a periferia parcela significativa da classe trabalhadora. Sem recursos, a única alternativa

para a essa população é construir em etapas a casa própria, em assentamentos precários, como

loteamentos clandestinos, vilas, favelas, alagados, etc.

Nessa perspectiva, Rolnik (2008, p.23) contribui ao afirmar que a Organização das

Nações Unidas – ONU define assentamento precário da seguinte forma:

3 A taxa de urbanização do município é de 99.62%.

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Trata-se de um assentamento contíguo, caracterizado por condições

inadequadas de habitação e/ou serviços básicos. Um assentamento precário é

frequentemente não reconhecido/considerado pelo poder público como parte

integral da cidade. Cinco componentes refletem as condições que

caracterizam os assentamentos precários: status residencial inseguro; acesso

inadequado à água potável; acesso inadequado a saneamento e infra-

estrutura em geral; baixa qualidade estrutural dos domicílios; adensamento

excessivo.

Sabemos que a política fundiária tem um papel importante para a implantação da

política habitacional, mas para que essa se viabilize é fundamental a implementação de

instrumentos como os Planos Diretores Municipais, que garantam a função social da

propriedade, e de Regularização Fundiária, que ampliem o acesso da população de baixa

renda à terra urbanizada, além da revisão urbanística.

Na tentativa de minimizar esses problemas a Prefeitura Municipal de João Pessoa

criou, no ano de 2006, o órgão responsável exclusivamente por coordenar a elaboração e a

implementação de programas habitacionais e de regularização fundiária, a Secretaria

Municipal da Habitação Social – SEMHAB.

De acordo com o portal da SEMHAB4 as Diretrizes da Política de Habitação Social do

município de João Pessoa estão baseadas nos seguintes elementos:

- Desenvolvimento de projetos habitacionais que considerem as

características da população local, suas formas de organização, condições

físicas e econômicas;

- Estímulo a participação e controle social na definição das políticas e

prioridades da produção habitacional;

- Promoção da regularização física e fundiária de assentamentos já

consolidados e das unidades construídas;

- Intervenção em áreas degradadas e de risco, tendo em vista garantir a

integridade física, o direito à moradia e a recuperação da qualidade

ambiental dessas áreas.

É necessário ressaltar que concomitantemente às obras físicas (construções) é

desenvolvido o Trabalho Técnico Social (TTS), componente obrigatório em todos os projetos.

O TTS é desenvolvido durante e após a entrega das unidades habitacionais, período, pós-

ocupacional, e possui um caráter informativo, educativo e de promoção social, visando o

desenvolvimento comunitário e a sustentabilidade do empreendimento, com ações divididas

nos eixos Mobilização e Organização Comunitária, Educação Sanitária e Ambiental e

Geração de Trabalho e Renda. As atividades desenvolvidas nos eixos visam estimular a

4 Para maiores informações consultar o portal: < http://www.joaopessoa.pb.gov.br/secretarias/semhab/> Acesso

em: set. 2010.

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participação ativa dos moradores e seus processos de organização e decisão através de

oficinas e reuniões; sensibilizar os moradores quanto à correta seleção, armazenamento e

destinação do lixo, saneamento e abastecimento de água, conservação dos imóveis, poluição

atmosférica e sonora, além de promover a formação e qualificação profissional, inclusão

produtiva e geração de renda dos moradores, conforme o interesse, habilidade e demanda do

mercado.

Na implementação dessa política são observados alguns critérios/prioridades para a

seleção dos beneficiários como: cidadãos idosos, na forma da Lei nº 10.741, 1º de outubro de

2003, ou cidadãos portadores de necessidades especiais, na forma do Decreto nº 5.296, de 2

de dezembro de 2004; famílias com menor renda per capita; famílias com maior números de

dependentes; além de mulheres responsáveis pelo domicílio.

Percebe-se, portanto, que a Política Pública geralmente envolve mais que uma decisão,

requer diversas ações estrategicamente selecionadas para implementar as decisões tomadas

(RUA, 2009). Contudo, introduzir o planejamento habitacional, firmar a habitação como

política social de estado a partir de princípios comuns, recursos compatíveis e ações

articuladas, nem sempre é uma tarefa fácil. Na prática, a implementação de uma política

pública versa sobre um conjunto de decisões e ações direcionadas para a consecução de

objetivos estabelecidos sobre determinada política, ou seja, consiste em fazer uma política sair

do papel e funcionar efetivamente.

Nesse sentido, a construção do Residencial Monte Cassino pode ser classificada como

uma tentativa de minimização do déficit habitacional no município de João Pessoa. Destinado

a 250 famílias em situação de risco e vulnerabilidade social da antiga Comunidade Paulo

Afonso, localizada em área de preservação ambiental de 3.204 ha, num dos bairros mais

tradicionais da cidade, o bairro de Jaguaribe.

Figura 1. Mapa de Localização do Residencial Monte Cassino.

Fonte: Projeto de Trabalho Técnico Social (2007)

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O início do seu povoamento se deu há 20 anos quando através do processo de

autoconstrução foram erguidas as primeiras casas com os mais diversos materiais: alvenaria,

madeira, misto, taipa. Sobre a autoconstrução Rodrigues (2003, p. 30) afirma:

A construção da casa se prolonga por muitos anos, absorvendo maior parte

do “tempo livre” da família. [...] O ritmo da construção depende do “tempo

livre”, do dinheiro disponível para a compra do material de construção e da

contratação eventual de um trabalhador especializado para determinadas

etapas da construção. [...] A autoconstrução é um processo de trabalho

extremamente penoso, com elevados custos individuais que recaem sobre os

setores mais pauperizados. [...] O produto – a casa – embora seja muito

precário – pela qualidade do material de construção, da edificação – é uma

alternativa de moradia.

A comunidade dispunha mesmo de forma irregular de água, energia elétrica, coleta de

lixo, telefonia pública. Sua única via de acesso além de não ser pavimentada, não permitia a

circulação de automóveis, os esgotos eram lançados na rua e apesar da coleta de lixo regular

eram comuns os despejos na Mata do Buraquinho.

Figura 2. Deficiência de infraestrutura da

comunidade.

Fonte: Projeto de Trabalho Técnico Social – 2010.

Figura 3. Área ocupada pela antiga Comunidade

Paulo Afonso.

Fonte: Projeto de Trabalho Técnico Social – 2010.

O Projeto Paulo Afonso surgiu como fruto da luta dos moradores, que após vários

mandados judiciais, exigindo a realocação das famílias residentes na área de preservação

ambiental para outra área, conquistaram junto à Prefeitura Municipal de João Pessoa o direito

à moradia digna.

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Os recursos investidos no projeto totalizam R$ 3.353.330,74, sendo R$ 2.925.000,00

em recursos federais, através do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS, e

R$ 428.330,74 através de contrapartida da gestão municipal.5

A intervenção teve como proposta a realocação das famílias residentes na comunidade

Paulo Afonso para uma área regular, situada a poucos metros da área de preservação

ambiental. A área do novo empreendimento foi declarada de utilidade pública, conforme

Decreto nº 5.651de 09 de junho de 2006, tendo sido adquirida sob desapropriação amigável.

O processo de construção das unidades habitacionais iniciou-se em 2007, e a previsão

de entrega das novas unidades habitacionais era de 180 dias. Paralelamente à execução das

obras físicas, construção das residências, desenvolvia-se o trabalho social com as famílias.

De acordo com o projeto inicial as novas unidades, do tipo “Duplex”, com dois

quartos, sala, cozinha e banheiro, com área de 40,5 m² construída em alvenaria em tijolo

cerâmico, rebocado e pintado, piso cimentado, telhado em madeira aparelhada e telha canal,

esquadrias e portas de madeira, bancada em resilínea, cerâmica em todo o piso do banheiro,

bem como em sua parede até 1,50m. Previa, ainda, a execução da distribuição de água e

iluminação pública, a implantação de meio-fio e pavimentação em paralelepípedo em todas as

ruas, além do acesso a transportes coletivos de diversas linhas. Outro aspecto importante com

a mudança das famílias: a área desocupada seria destinada ao seu propósito, a preservação

ambiental.

2.3 A perspectiva avaliativa na Gestão Pública

Feita algumas considerações sobre a questão habitacional no país e a política

habitacional em João Pessoa, cabe ressaltar um dos importantes elementos do processo de

implantação de uma política pública, elemento este de responsabilidade prioritária da Gestão

Pública na perspectiva de aferir a eficiência e a eficácia da política, trata-se da avaliação.

Sabe-se que o poder público se destaca entre os vários agentes que produzem o solo

urbano, contudo a atuação dos gestores varia de acordo com determinantes que vão desde a

necessidade, a existência de recursos e principalmente o interesse político ou econômico, por

isso é imprescindível a intervenção de um Estado capaz de agir no interesse público,

desenvolvendo políticas públicas.

5 Informações disponíveis no Portal da Transparência: <http://www.portaldatransparencia.gov.br>. Acesso em:

dez. 2011.

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Nesse sentido, torna-se necessário que os gestores orientem suas ações de forma a

provocar mudanças efetivas na situação da população beneficiária. Isso implica não apenas

cumprir metas relacionadas a atividades e recursos, mais que isso implica planejar e orientar a

gestão em busca de resultados.

A avaliação cumpre um papel importante no ciclo das políticas públicas, pois

possibilita medir a efetividade das intervenções, auxiliando a tomada de decisões. Avaliar,

portanto, significa julgar a importância de uma ação e no âmbito da gestão pública traduz uma

obrigação pública e um dever ético, uma vez que as políticas públicas envolvem recursos da

coletividade.

Mas, apesar de sua importância no ciclo de políticas, a incorporação efetiva da

avaliação na agenda pública esbarra em vários limites dentre os quais a ausência de uma

cultura de avaliação, a baixa capacidade de produzir indicadores, a falta de pessoal

capacitado, quiçá o principal limite esteja também na dificuldade de alterar a forma

tradicional da administração pública.

De acordo com Cano (2006), a avaliação de impacto ou resultado procura verificar se

os efeitos finais forma alcançados. Segundo o autor, um programa pode ser perfeitamente

implementado e não consegui os resultados previstos.

Nessa perspectiva, a concepção adotada neste trabalho considera a avaliação como o

julgamento dos resultados objetivos e práticos da intervenção realizada, tendo como

referência a integração da análise documental com a análise dos resultados.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os investimentos da gestão municipal na área habitacional demonstram a capacidade

desta em formular propostas a partir de demandas que afetam a coletividade. Assim, o

presente trabalho tem como particularidade contribuir para a construção de reflexões acerca

da provisão habitacional em João Pessoa, tendo como referência a implementação do

Residencial Monte Cassino.

Observa-se que são relativamente poucos os trabalhos onde o foco analisado é a

implementação de ações na área habitacional. É importante ressaltar que esse estudo visa

contribuir para o processo de consolidação da capacidade de implementação dessa política,

tendo em vista tratar-se de uma demanda que consubstancia uma das expressões da questão

social, objeto de intervenção dos gestores públicos municipais.

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Dessa forma, a metodologia aqui adotada constitui-se na sistematização e utilização de

métodos específicos que garantam uma melhor apreensão do empírico. Trata-se de um estudo

de caso, cujo objeto é a análise da implementação do Residencial Monte Cassino, com

destaque para o cumprimento ou não dos objetivos iniciais da proposta. Para a concretização

do objetivo ora exposto, a pesquisa será de cunho essencialmente qualitativo, priorizando a

análise dos discursos, a análise do conteúdo, confrontando-as com as informações construídas

pela academia por meio das referências bibliográficas adotadas.

É imperioso destacar que a análise empreendida neste trabalho estará centrada nos

efeitos finais alcançados pela intervenção, destacando as razões de sucesso ou fracasso.

Portanto, a pesquisa será fundamentalmente explicativa, uma vez que a preocupação estará

centrada na identificação de fatores determinantes ou contributivos aos desencadeamentos dos

fenômenos (ZANELLA, 2010).

Ressalte-se, ainda, que o presente artigo fundamenta-se no plano teórico em

contribuições de autores como: Bonduki ([200-]), Rodrigues (2003), Rolnik (2008), Rua

(2009) entre outros pesquisadores sobre o assunto.

Quanto aos procedimentos adotados para a coleta de dados apontados por Zanella

(2010) foram utilizadas para viabilização deste artigo pesquisas bibliográficas, por meio de

artigos e livros sobre o objeto da pesquisa, em acervo pessoal e portais eletrônicos, além de

visitas de campo à Prefeitura Municipal, na perspectiva de buscar consolidar informações

essenciais para o desenvolvimento desse trabalho. Com destaque para a pesquisa documental,

principal técnica utilizada para a coleta das informações aqui presentes. Buscou-se o acesso

aos documentos referentes ao projeto inicial, documentos de monitoramento, relatórios

mensais e relatório final.

4. ANÁLISE DE RESULTADOS

Nos últimos anos as ações de habitação social no âmbito da gestão pública municipal de

João Pessoa têm ganhado visibilidade. O balanço das unidades já construídas demonstra a

dimensão desse investimento. De acordo com o Relatório de Ações (2010)6, a gestão

municipal já construiu e entregou 5 mil casas, e outras 5 mil já possuem projeto ou estão em

fase de licitação, a construção do Residencial Monte Cassino representa parte desse

investimento.

6 Para maiores informações consultar o portal <http://www.joaopessoa.pb.gov.br/acoes/relatorios/#habitacao>.

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A proposta de avaliação da implantação do residencial levou em consideração as

diretrizes da política nacional, os objetivos iniciais do projeto, incluindo o tempo previsto

para a conclusão das obras, bem como o trabalho social realizado durante e após a execução e

entrega das unidades habitacionais.

O Projeto Paulo Afonso foi elaborado em março de 2007 tendo como objeto de

intervenção uma ocupação irregular em área de preservação ambiental no bairro de Jaguaribe,

conhecida por Comunidade Paulo Afonso. A proposta da gestão municipal era a remoção dos

moradores e a liberação da área ocupada, garantindo a todas as famílias uma nova unidade

habitacional em outra área. Inicialmente o projeto previa a construção de 259 unidades

habitacionais e a realização do Trabalho Técnico Social. De acordo o Projeto de Trabalho

Técnico Social – Paulo Afonso (2007) a previsão para a conclusão das obras seria de 180 dias,

porém a paralisação destas ocasionou morosidade na conclusão e entrega das novas unidades

habitacionais no Residencial Monte Cassino, prevista para o ano de 2008.

A entrega do empreendimento foi concretizada em fevereiro de 2010, sem, contudo

beneficiar a todos os moradores da comunidade, essa constatação está fundamentada na

análise do Relatório Final do Trabalho Técnico Social (2011) no qual figura como atividades

executadas a realização de “Reunião com os moradores excedentes da comunidade Paulo

Afonso” e a “Remoção de duas famílias desabrigadas para um Galpão no [bairro] Distrito

Mecânico”. Observa-se, assim a incompletude da intervenção que não beneficiou o total de

famílias inicialmente previsto. Nesse sentido a existência de 11 famílias excedentes reflete

dois principais aspectos: as falhas no processo de cadastramento das famílias, que em geral é

realizado por equipes mal preparadas e diversas daquelas que irão executar o projeto, e um

monitoramento ineficaz, que não consegue traduzir as demandas reais, consequentemente não

se consolida um sistema de informações e indicadores confiáveis, o que inviabiliza a

avaliação interna e o possível redirecionamento das ações.

Com relação ao monitoramento Rua (2009) destaca que esta é uma ferramenta de gestão

interativa e proativa, que utiliza as informações com a profundidade necessária para a sua

finalidade, qual seja: obter mais eficácia, eficiência e efetividade, subsidiando a tomada de

decisões, característica que não foi observada na realidade investigada, nesse sentido percebe-

se que o monitoramento é visto como uma operação técnica desvinculada das etapas do ciclo

de políticas, caracterizando-se como uma ferramenta emergencial, utilizada apenas quando se

necessita de uma informação a fim de subsidiar a elaboração de relatórios.

Embora, não atendendo todas as famílias, observa-se que a gestão municipal garantiu

o princípio da função social da propriedade, estabelecido na Constituição Federal e no

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Estatuto da Cidade, à medida que respeitou o direito da população permanecer em uma área

próxima, adequada ambiental e socialmente, preservando assim os vínculos sociais

estabelecidos na região, o entorno e sua inserção na estrutura urbana. Se comparada à política

desenvolvida nas gestões anteriores, a intervenção realizada na comunidade Paulo Afonso

refletiu as demandas dos moradores que almejavam ser realocados para uma área regular

favorecida com serviços de saúde, educação, cultura, meio ambiente e desenvolvimento

social, localizada a poucos metros da anterior.

É importante ressaltar que esse processo não se deu de forma harmoniosa, apesar da

população não ter sido deslocada para uma área distante, houve muita resistência. As

discussões versavam sobre o padrão das novas habitações. A proposta da prefeitura era a

construção de residências no formato duplex (Ver figura 4), garantindo o atendimento ao

maior numero de famílias em detrimento do espaço do terreno. No entanto essa proposta não

favorecia o desenvolvimento das atividades de reciclagem exercidas por alguns moradores

que com a intervenção não teriam onde armazenar os materiais recolhidos.

Figura 4. Residencial Monte Cassino antes da entrega.

Fonte: Projeto de Trabalho Técnico Social – 2010.

No tocante aos critérios de inclusão observa-se que a política desenvolvida seguiu as

diretrizes que orientam a Política Nacional de Habitação – PNH, com destaque para a

promoção do atendimento à população de baixa renda, onde se concentra o déficit qualitativo

e quantitativo, priorizando as famílias com renda de até 03 (três) salários mínimos. Levando

em consideração tal critério observa-se que a intervenção ora analisada alcançou o público

alvo, tendo em vista todas as famílias beneficiadas apresentarem renda familiar inferior a 1

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(um) salário mínimo, aliada a essa constatação há uma série de limitações a exemplo das

precárias condições de sobrevivência, onde o desemprego, a informalidade e a inserção

precária são marcas presentes. Na Comunidade Paulo Afonso 28.96% dos chefes de família

estavam inseridos no mercado de trabalho informal, 42.47% encontravam-se em situação de

desemprego e apenas 11.97% estavam empregados formalmente (PTTS, 2007).

De acordo com o Projeto de Trabalho Técnico Social (2010) parcela significativa dos

moradores tinha como principal fonte de renda a coleta de materiais recicláveis. Na

perspectiva de contornar o conflito ocasionado com o formato das habitações a serem

construídas, foi realizado o cadastramento desses trabalhadores, no intuito de subsidiar a

construção de uma estrutura para armazenar o material coletado, ou seja, a construção de um

galpão para os recicladores, contudo a proposta não foi concretizada.

O projeto contemplou ainda um eixo de ação voltado para geração de emprego e renda,

através do qual foram desenvolvidas oficinas, cursos profissionalizantes e capacitações.

Contudo, percebe-se que o alcance dessas ações foi bastante limitado e deficiente. Apesar da

maioria dos beneficiários estarem na faixa de idade produtiva poucos foram aqueles que se

inseriram nos cursos e capacitações ofertados tendo em vista a baixa escolaridade ser um dos

fatores determinantes.

Outra característica identificada foi o significativo crescimento de famílias chefiadas

por mulheres, traço marcante na sociedade contemporânea e contemplada nos programas de

habitação de interesse social desenvolvidos pela Prefeitura de João Pessoa, que estabelece,

dentre outros critérios para a inclusão nos projetos habitacionais, a preferência por famílias

em que mulheres são as responsáveis pelo domicílio. Sobre esse fato Oliveira e Cassab (2010,

p. 83) destacam que “(...) a preferência pela mulher ocorre pelas qualidades que a mesma

possui na relação de vínculos afetivos estabelecidos com a família, na responsabilidade de

garantir abrigo, na manutenção do lar e, principalmente, pela persistência na luta pela

aquisição da casa própria.”

Na Comunidade Paulo Afonso essa foi uma característica presente uma vez que das

250 famílias beneficiadas, 178 eram chefiadas por mulheres, o que corresponde a 68,73%

desse universo. Tal presença gera a importância de se considerar no trabalho social as relações

de gênero e as manifestações a ela inerentes.

Quanto aos critérios de acessibilidade, todas as pessoas idosas e com deficiência da

comunidade foram contempladas com moradias em conformidade com as leis que garante

cotas do benefício e a acessibilidade (Estatuto do Idoso, Lei n. 10.098, Normas da ABNT -

NBR 9050/2004).

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Figura 5: Vista parcial do Residencial Monte Cassino.

Fonte: Acervo pessoal – Data: 01 dez. 2011.

No tocante à execução do Trabalho Técnico Social observa-se que este foi desenvolvido

de forma gradual durante as fases de planejamento, execução e pós-ocupação, totalizando um

período além do previsto (180 dias) para o um período de mais de dois anos. Contudo, embora

o período para a execução do projeto tenha sido extenso, as atividades desenvolvidas:

reuniões, oficinas, cursos profissionalizantes, não representaram uma alteração significativa

na vida desses moradores. Apesar de todo o estimulo à participação, promovido pela gestão

municipal aos beneficiários do projeto, nota-se a discrepância no envolvimento destes nas

atividades sócioeducativas desenvolvidas, a exemplo do eixo empreendedorismo (Geração de

Trabalho e Renda/ Capacitação Profissional), que de acordo com os dados do Relatório Final

do Trabalho Técnico Social teve participação inferior a 50% nas 26 atividades realizadas.

Por fim, cabe ressaltar que através das ações apontadas no decorrer deste texto, a gestão

municipal procurou garantir um padrão mínimo de habitabilidade, infra-estrutura, saneamento

ambiental, mobilidade, transporte coletivo, equipamentos e serviços urbanos e sociais.

5. CONCLUSÕES

O desenvolvimento e execução de políticas públicas são fundamentais para reverter o

quadro de exclusão social em que vivem milhões de habitantes deste país. Sabe-se a questão

habitacional está longe de ser solucionada, contudo algumas iniciativas começaram a ser

tomadas.

Através desse estudo foi possível identificar a forma de atuação da gestão municipal

de João Pessoa no enfrentamento à questão habitacional e inferir o quão necessário se faz

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acompanhar o processo de implementação dessa política, identificando questões relevantes,

muitas vezes observadas no processo de formulação da proposta e que chegam a influenciar

diretamente os resultados pretendidos.

Tomando como referencial o Residencial Monte Cassino, foi possível identificar que

as ações estão centradas no conceito da efetivação do direito à habitabilidade e no resgate da

cidadania, atendendo às referências institucionais da política nacional.

Como pontos positivos das ações desenvolvidas no projeto destacam-se: a opção de

remanejar as famílias para uma área próxima do local de origem, medida esta de extrema

dificuldade para os gestores públicos, especialmente diante da escassez de áreas públicas em

bairros antigos e centrais; o atendimento quase que na totalidade das famílias da comunidade

e também o projeto arquitetônico que levou em consideração as necessidades especiais de

idosos e deficientes físicos.

Contudo, são identificadas fragilidades que acabam por prejudicar a eficiência e a

eficácia das ações a exemplo, como citamos anteriormente as deficiências no monitoramento

do projeto, a ausência de uma cultura de avaliação e do fortalecimento da capacidade de

execução. No tocante às ações implementadas na comunidade destaca-se a pouca ou nenhuma

iniciativa eficaz para contornar a questão da precarização do trabalho dos moradores

beneficiados.

Cabe ressaltar ainda, que as análises feitas sobre o Relatório Final do Trabalho

Técnico Social atreladas as experiências vivenciadas em projetos semelhantes no leva a

perceber que muitas decisões relevantes não são tomadas na fase de formulação da proposta,

sendo adiadas para a fase de implementação, além disso, percebe-se que as ações propostas

pelo projeto apresentam-se de forma fragmentada, como consequência estão presentes no

projeto equívocos de execução que refletem diretamente na qualidade do trabalho

desenvolvido.

Dessa forma torna-se necessário o aprimoramento da gestão, de modo a adotar uma

visão estratégica, superando os limites organizacionais, técnicos e políticos que tanto

dificultam a implementação das políticas públicas.

Percebe-se que os problemas da habitação não se resolvem apenas mediante vontade

política, são necessários recursos e ações articuladas que sejam capazes de traduzir as

demandas postas pela sociedade de forma participativa e inovadora.

É importante ressaltar que, apesar de algumas limitações, as ações realizadas pela

gestão municipal contribuíram significativamente para a melhoria da qualidade de vida da

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população beneficiada que deixou para trás casas improvisadas sem a mínima condição de

habitabilidade, passando a habitar em uma área regular dotada de infraestrutura.

Recomenda-se, assim, o estreitamento das relações entre a Secretaria de

Desenvolvimento Social e a Secretaria Municipal de Habitação, órgãos responsáveis pela

execução dessa política, na perspectiva do melhor atendimento as demandas. É imperiosa

também a necessidade de uma assessoria que contribua com a identificação dos desafios e a

elaboração de propostas participativas e inovadoras, além da realização de encontros entre

técnicos e gestores da área. Por fim, espera-se que as reflexões tecidas ao longo deste artigo

contribuam para o aprimoramento da atuação de técnicos e gestores públicos envolvidos nesse

processo.

Jaiane Rodrigues de Morais

Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba em 2006, atuou na

elaboração e gestão de projetos sociais na área de habitação, junto à Secretaria de

Desenvolvimento Social do Município de João Pessoa, especificamente no Projeto de

Trabalho Técnico Social – PTTS. Foi Diretora da Casa Educativa, unidade de ressocialização

para adolescentes do sexo feminino, em conflito com a Lei. É Assistente Social do Ministério

Público da Paraíba.

e-mail: [email protected]

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