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Consultoria Parecer nº: 352 Pergunta: FIZEMOS VÁRIOS REGISTROS DE PREÇOS EM NOSSO MUNICÍPIO. ENTRETANTO, NO DECORRER DA VIGÊNCIA DA ATA, ALGUNS FORNECEDORES SOLICITARAM A MUDANÇA DE MARCA PARA ITENS OS QUAIS FORAM EXIGIDOS AMOSTRAS E QUE JÁ FORAM APROVADOS PRELIMINARMENTE PELA ADMINISTRAÇÃO... EXISTE A POSSIBILIDADE DE ACEITAR A MUDANÇA DE MARCA NESTES MATERIAIS REGISTRADOS? Resposta: A consulta versa sobre a possibilidade de alteração do objeto cuja marca consta na ata de registro de preços. Embora não seja determinação expressa da Lei de Licitações, a Administração pode exigir que os licitantes indiquem as marcas de seus produtos nas suas propostas, inclusive para melhor analisá-las. Trata-se, no bem da verdade, de ato discricionário do administrador, que busca com a análise da produto específico indicado pelo licitante aferir sua adequação ao interesse público perseguido. Procedendo desta forma, integra a ata a marca do produto oferecido pelo futuro contratado. A título ilustrativo, toma-se a aquisição estimada de dez mil canetas. Os fornecedores interessados, observando que seus produtos atendem às especificações do edital, apresentam amostras das marcas que comercializam para a Administração. Para ela, a seu turno, pouco importa se as canetas são da marca Bic, Faber Castell, etc. Desde que atendam as especificações do edital, devem ser aprovadas. Pois então, o licitante vencedor cota suas canetas Bic a R$ 0,30 a unidade. Em nossa perspectiva, não existe prejuízo ao interesse público que o licitante vencedor postule a alteração da marca Bic - cuja amostra havia sido aprovada pela Comissão e integrava a ata - para passar a fornecer canetas Faber Castell, desde que, frise-se, a nova marca indicada satisfaça todas as exigências editalícias. O que se quer dizer é que, se plausível a justificativa do fornecedor para a alteração do produto consignado na ata, e não verificado no caso concreto prejuízo algum para ointeresse público, a alteração pode ser legal. O procedimento, no caso, deve ser o seguinte: a) exigir do interessado justificativa para a substituição da marca indicada na proposta, assim como a indicação da nova marca e modelo do produto; b) se a justificativa for plausível, analisar a nova marca e modelo, a fim de verificar se o mesmo atende às exigências técnicas formuladas no edital de licitação;

A possibilidade de alteração do objeto cuja marca consta na ata de registro de preços

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Page 1: A possibilidade de alteração do objeto cuja marca consta na ata de registro de preços

Consultoria

Parecer nº: 352

Pergunta:

FIZEMOS VÁRIOS REGISTROS DE PREÇOS EM NOSSO MUNICÍPIO.

ENTRETANTO, NO DECORRER DA VIGÊNCIA DA ATA, ALGUNS FORNECEDORES SOLICITARAM A

MUDANÇA DE MARCA PARA ITENS OS QUAIS FORAM EXIGIDOS AMOSTRAS E QUE JÁ FORAM

APROVADOS PRELIMINARMENTE PELA ADMINISTRAÇÃO... EXISTE A POSSIBILIDADE DE

ACEITAR A MUDANÇA DE MARCA NESTES MATERIAIS REGISTRADOS?

Resposta:

A consulta versa sobre a possibilidade de alteração do objeto cuja marca consta na ata de

registro de preços.

Embora não seja determinação expressa da Lei de Licitações, a Administração pode exigir que

os licitantes indiquem as marcas de seus produtos nas suas propostas, inclusive para melhor

analisá-las. Trata-se, no bem da verdade, de ato discricionário do administrador, que busca

com a análise da produto específico indicado pelo licitante aferir sua adequação ao interesse

público perseguido. Procedendo desta forma, integra a ata a marca do produto oferecido pelo

futuro contratado.

A título ilustrativo, toma-se a aquisição estimada de dez mil canetas. Os fornecedores

interessados, observando que seus produtos atendem às especificações do edital, apresentam

amostras das marcas que comercializam para a Administração. Para ela, a seu turno, pouco

importa se as canetas são da marca Bic, Faber Castell, etc. Desde que atendam as

especificações do edital, devem ser aprovadas.

Pois então, o licitante vencedor cota suas canetas Bic a R$ 0,30 a unidade. Em nossa

perspectiva, não existe prejuízo ao interesse público que o licitante vencedor postule a

alteração da marca Bic - cuja amostra havia sido aprovada pela Comissão e integrava a ata -

para passar a fornecer canetas Faber Castell, desde que, frise-se, a nova marca indicada

satisfaça todas as exigências editalícias.

O que se quer dizer é que, se plausível a justificativa do fornecedor para a alteração do

produto consignado na ata, e não verificado no caso concreto prejuízo algum para ointeresse

público, a alteração pode ser legal.

O procedimento, no caso, deve ser o seguinte:

a) exigir do interessado justificativa para a substituição da marca indicada na proposta, assim

como a indicação da nova marca e modelo do produto;

b) se a justificativa for plausível, analisar a nova marca e modelo, a fim de verificar se o mesmo

atende às exigências técnicas formuladas no edital de licitação;

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c) se a resposta for positiva, promover aditivo à ata de registro de preços e a publicação de seu

extrato.

Salvo melhor juízo, é o parecer.

Estamos à disposição para esclarecimentos complementares.

Florianópolis, 28 de junho de 2007.

JOEL DE MENEZES NIEBUHR

Consultor da FECAM. Advogado inscrito na OAB/SC sob o nº 12.639. Doutor em Direito

Administrativo pela PUC/SP. Mestre em Direito pela UFSC. Professor Convidado de Direito

Administrativo da Escola da Magistratura do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Professor

Convidado de Direito Administrativo da Escola do Ministério Público de Santa Catarina.

Professor Convidado de diversos cursos de especialização em Direito Administrativo. Autor dos

livros "Princípio da Isonomia na Licitação Pública" (Florianópolis: Obra Jurídica, 2000); "O Novo

Regime Constitucional da Medida Provisória" (São Paulo: Dialética, 2001); "Dispensa e

Inexigibilidade de Licitação Pública" (São Paul: Dialética, 2003) e "Pregão Presencial e

Eletrônico" (2. ed. Curitiba: Zênite, 2004), além de diversos artigos e ensaios publicados em

revistas especializadas.

PEDRO DE MENEZES NIEBUHR

Consultor da FECAM. Advogado inscrito na OAB/SC sob o n° 19.555. Mestre em Direito ela

UFSC. Autor do livro "Princípio da Competitividade na Licitação Pública" (Florianópolis: Obra

Jurídica, 2004), e de artigos e ensaios publicados em revistas especializadas.