37
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ LICENCIATURA EM GEOGRAFIA JOANICE DA SILVA A PRECARIZAÇÃO E A RESISTÊNCIA DO TRABALHADOR RURAL BRASILEIRO: O CASO DO MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS DE GOIÁS IPORÁ 2011

A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

Embed Size (px)

DESCRIPTION

geo

Citation preview

Page 1: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ

LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

JOANICE DA SILVA

A PRECARIZAÇÃO E A RESISTÊNCIA DO TRABALHADOR

RURAL BRASILEIRO: O CASO DO MUNICÍPIO DE

MONTES CLAROS DE GOIÁS

IPORÁ

2011

Page 2: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

2

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ

LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

JOANICE DA SILVA

A PRECARIZAÇÃO E A RESISTÊNCIA DO TRABALHADOR

RURAL BRASILEIRO: O CASO DO MUNICÍPIO DE

MONTES CLAROS DE GOIÁS

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como requisito parcial à

obtenção do grau de licenciado no curso

de Geografia da Universidade Estadual

de Goiás – Unidade Universitária de

Iporá.

Orientador: Prof. Ms. Julio César P.

Borges

IPORÁ

2011

Page 3: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

3

Dedico este meu trabalho a toda minha família e

amigos, em especial minha avó Benedita Maria

de Jesus por ter sido uma mulher forte que nunca

desistia de nada, agradeço todos os momentos

que tivemos juntas.

Page 4: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

4

AGRADECIMENTOS

À Deus, o que seria de mim sem a fé que tenho nele, sem o suporte que ele nos

proporciona a todo momento.

A minha família pelo estímulo e compreensão, nos momentos importantes que

deixei de estar com eles em especial meu esposo, Danúbio Borges da Silva que nos momentos

difíceis, estava ao meu lado, com incentivos e tranqüilidade para que eu não desistisse e

chegasse a essa etapa final. Obrigado a todos por serem tolerantes nos momentos críticos da

minha vida acadêmica.

Ao professor orientador Júlio César Pereira Borges, por seu apoio e inspiração no

amadurecimento dos conhecimentos e conceitos, que através de suas orientações,

proporcionou a execução e conclusão deste trabalho.

A todos os professores da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária

de Iporá, que de alguma forma contribuiu, na minha vida acadêmica e no desenvolvimento

desse trabalho.

Aos amigos e colegas do Curso de Geografia.

Page 5: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

5

Nosso dia vai chegar, Teremos nossa vez.

Não é pedir demais:

Quero justiça, Quero trabalhar em paz.

Não é muito o que lhe peço –

Eu quero um trabalho honesto

Em vez de escravidão.

Deve haver algum lugar

Onde o mais forte não consegue escravizar

Quem não tem chance.

Musica: Legião Urbana (Fábrica)

Page 6: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

6

RESUMO

O Brasil possui uma estrutura agrária bastante desigual, fato desencadeado pela sua ocupação

territorial, baseada no sistema de concentração de terras na mão de aliados dos colonizadores

e exclusão dos povos nativos. Esse fato vem desde os primórdios da sua ocupação, ou seja, a

propriedade da terra sempre foi privilégio de uma minoria. Essa concentração de terra é

acompanhada de uma intensa exploração do trabalhador, desde a escravização de índios e

negros até a atual exploração do trabalho assalariado. Não pretendemos fazer nenhuma

revisão histórica, do modelo de produção excludente que temos hoje, somente esclarecer a

ocupação capitalista no território brasileiro e seus impactos no meio rural, que ganhou

proporção a partir de 1960, com a modernização da agricultura. A pesquisa trás uma breve

discussão sobre a questão fundiária do Brasil e a precarização do trabalhador rural, com

ênfase o município de Montes Claros de Goiás. O foco de alcance principal é centrado na

ação do STR como resistência ao processo capitalista desde 1997 até os dias atuais, e as

contribuições do órgão em melhorar a vida e as condições de trabalho do pequeno produtor e

do trabalhador da zona rural. A proposta metodológica foi pautada no estudo e compreensão

da ação sindical em prol dos trabalhadores rurais montesclarenrenses, onde utilizamos fontes

diretas tais como: leituras de atas, documentos e arquivos do Sindicato; entrevistas com

associados e o presidente Walter Moreira, que esclareceu dúvidas sobre o processo de

funcionamento na dinâmica socioeconômica dos associados; utilizamos também, fontes

indiretas como leituras de referências teóricas de autores como: Oliveira (1993), Moreira

(1990), Mendes (1996), dentre outros. É no contexto da precarização e da resistência do

trabalhador rural que a pesquisa proposta se direcionou, na qual se fez uma leitura da situação

do trabalhador rural e sua influência no espaço agrário no município de Montes Claros de

Goiás.

PALAVRAS-CHAVE: Modernização – Democracia política – socioeconômica - Sindicato

dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás

Page 7: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

7

LISTA DE ABREVIATURAS

CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CPT – Comissão Pastoral da Terra

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INSS – Instituto Nacional de Seguro Social

MSTR – Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais

MST – Movimento dos Sem Terra

PCB – Partido Comunista Brasileiro

PT – Partido Trabalhista

STR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais

STRM – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás

SIRUM – Sindicato Rural de Montes Claros de Goiás

ULTAB – União dos Trabalhadores Agrícolas do Brasil

Page 8: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1- Mapa de localização do município de Montes Claros de Goiás.............................12

Imagem 2- Prédio do Sindicato Rural de Montes Claros de Goiás (SIRUM)..........................23

Imagem 3- Prédio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás

(STRM).....................................................................................................................................24

Imagem 4- Meios tecnológicos oferecidos pelo (STRM) aos produtores associados..............25

Page 9: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

9

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Trabalhadores que se Associaram no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de

Montes Claros de Goiás – desde sua fundação até os dias atuais............................................29

Gráfico 2 – Quantidade de Trabalhadores Inscritos no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de

Montes Claros de Goiás (de ano em ano).................................................................................30

Gráfico 3 – Situação Atual dos Associados no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes

Claros de Goiás.........................................................................................................................31

Page 10: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................11

1. O TRABALHADOR RURAL NA HISTÓRIA DO BRASIL..............................................14

1.1. Modernização do Campo e a Exclusão do Sertanejo.........................................................19

1.2. Os Movimentos Sociais e o Sindicalismo em Goiás..........................................................21

2. O SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS EM MONTES CLAROS DE

GOIÁS......................................................................................................................................23

CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................33

REFERÊNCIAS........................................................................................................................35

Page 11: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

11

INTRODUÇÃO

A precarização do trabalhador rural no Brasil é resultado do processo histórico de

produção do território brasileiro, que desde o início teve como base o modelo excludente e

concentrador, fator determinante no sistema capitalista de produção. Alguns autores como

Oliveira (1993), Moreira (1990), dentre outros, consideram que a ação do capital na

apropriação do território se deu de forma conservadora, pois ao longo da história mudaram as

estratégias, mas conservaram a exploração do trabalhador do campo.

A intensificação da exploração do trabalhador rural se dá com a modernização do

campo brasileiro, a partir de 1960, pois além da exploração, este foi submetido à exclusão do

campo, engrossando a massa dos despossuídos que ocupam a periferia das cidades. No

entanto, a intensificação dessa exploração fez com que, movimentos de resistência se

organizassem em busca de melhores condições de existência, surgindo cooperativas,

sindicatos e o próprio MST (Movimento dos Sem Terra), mesmo que a mídia passa uma

imagem negativa da realização de suas ações, na atualidade, é um dos movimentos que é

reconhecido, e garantiu várias conquistas para o trabalhador rural brasileiro.

É no contexto da precarização e da resistência do trabalhador rural que a pesquisa

proposta está direcionada, na qual pretende-se fazer uma leitura da situação do trabalhador e

do pequeno produtor rural no município de Montes Claros de Goiás, localizado no Oeste

goiano. (imagem 1)

De acordo com os dados oficias da prefeitura de Montes Claros de Goiás, o

município começou a ser formado por algumas ocupações que se deu no inicio de 1956,

quando o advogado Afonso Borges doou oito alqueires de terras, da fazenda Salobinha, ao

senhor Neemias Lino de Oliveira, como pagamento do serviço de corretagem. O mesmo, ao

Page 12: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

12

receber os oito alqueires, dividiu as terras em lotes, doando os primeiros a três famílias que

lhe ajudaram muito, abrindo ruas estradas.

Na verdade, o verdadeiro interesse era atrair mão de obra para as atividades

agrícola e pecuária. Rumores começaram a ocorrer longe sobre oportunidades de serviços e

lotes “de graça”, assim, as pessoas vinham para trabalhar na região e acabavam fixando suas

famílias no povoado. Em 1958 devido à quantidade de pessoas na região, o povoado

Salobinha foi considerado distrito da cidade de Goiás. No entanto só se tornou município em

23 de outubro de 1963, pela Lei nº 4.717. Então, recebeu um novo nome: Montes Claros de

Goiás.

Imagem 1: Mapa de localização do município de Montes Claros de Goiás

Page 13: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

13

Para dar plausibilidade ao trabalho proposto, alguns estudiosos foram de grande

relevância, destacando Andrade (1991), Duarte Junior (2003), Fausto (2002), Guimarâes

(2004), Oliveira (2003), Stédile (1997), dentre outros. Os procedimentos metodológicos para

a realização da pesquisa teve como base uma diversidade de fontes, como as fontes

secundárias das instituições oficiais; as dissertações, que discutem sobre o assunto, alem da

fonte oral para entendermos a opinião dos associados. Buscou-se também investigar algumas

fontes quantitativas do próprio órgão sindical pesquisado.

O trabalho, esta dividido em dois capítulos, o primeiro, faz um levantamento

histórico da situação do trabalhador rural brasileiro, destacando as ações políticas de exclusão

do mesmo, assim como, a resistência ao modelo excludente, através das organizações de

trabalhadores, na busca pela inserção do mesmo, com mais oportunidades, no processo de

avanço do capital. No segundo, se trata da discussão da realidade do trabalhador e da ação do

Sindicato dos Trabalhadores Rurais, no município de Montes Claros, na busca de uma melhor

compreensão da realidade local.

Por fim, foi feito uma tentativa de entender a realidade do trabalhador e do

pequeno produtor de Montes Claros de Goiás, inserindo-o no contexto histórico do Brasil,

destacando o importante papel do Sindicato na busca por melhores condições de existência.

Page 14: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

14

1. O TRABALHADOR RURAL NA HISTÓRIA DO BRASIL

A ocupação capitalista do território brasileiro adotou um modelo de produção que

sempre vislumbrou atender as necessidades do mercado externo, com a intensa exploração do

trabalhador no campo. Segundo Marx, „„esta é umas das bases de acumulação capitalista, a

mais valia, que consiste na exploração da mão de obra‟‟, o que no caso do trabalhador rural

brasileiro foi intensa.

A exploração do trabalhador do campo, no Brasil, está atrelada à sua exclusão de

posse da terra, a qual, para garantir seu sustento, é obrigado a se submeter em condições

precárias de trabalho. De acordo com Andrade (1991), o problema da terra atravessou o

período colonial e escravocrata chegando até os nossos dias. Como naquela época, hoje uma

grande parte dos trabalhadores não tem acesso à terra. Pode-se dizer que a forma de

exploração do trabalhador foi e continua sendo um fator grave, sendo resultado do monopólio

capitalista da terra, cujos responsáveis em grande parte pelos problemas sociais no que diz

respeito às diferentes maneiras em que os trabalhadores rurais são tratados, se inserem na

sociedade.

O monopólio da terra dá início à Lei de Sesmarias, cuja a lei tinha como objetivo

estimular a produção agrícola e garantir a posse da terra na América portuguesa.

A Lei de Sesmaria visava a regulamentar o uso e a exploração das extensas terras

estatais e da Igreja. A Lei de Sesmarias deve ser entendida, portanto, dentro do quadro

geral de um sistema produtivo que o Estado pretendia organizar, a partir de uma forma

de domínio condicionado. (apud. Duarte Júnior, 2003, p. 7).

Page 15: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

15

Através dessa Lei, começou um sistema de repartição de terras, as quais eram

entregues para aqueles que vinham para a colônia brasileira e, para tornar esta divisão um

sistema fácil de controlar, o território brasileiro foi dividido em capitanias hereditárias, cujo

principal objetivo era proporcionar às regiões divididas, grandes posses produtoras

(MENDES, 1996). Os interesses desses homens que vinham para o território brasileiro eram

aumentar suas riquezas em Portugal. A Coroa proporcionava incentivos e benefícios aos

colonizadores porque era lucrativo investir na produção agrícola.

Mendes (1996), diz que as terras doadas para esses homens, não poderiam ser

vendidas a ninguém, pois as posses continuavam sendo do Rei de Portugal. Portanto os

sesmeiros não tinham direito à posse da terra e sim ao uso dela. Este direito, após a morte do

pai, era herdado pelos filhos, sob o comando do primogênito homem e assim sucessivamente,

como é retratado por Fausto (2002. p. 44).

Os donatários receberam uma doação da Coroa, pela qual se tornavam possuidores,

mas não proprietários da terra. Isso significa que ficava entre outras coisas, que não

podiam vender ou dividir a capitania, cabendo ao rei o direito de modificá-la ou

mesmo extingui-la (arrecadação de tributos) como na esfera administrativa.

Ao longo do período colonial e até as primeiras décadas do Império, esse sistema

permaneceu; a terra era um bem da coroa, que concedia a posse àqueles que considerassem

merecedores dela. Com o tempo e o aumento da população e principalmente, depois da

instalação da Corte portuguesa no Brasil, em 1808, a extensão das terras concedidas foram

diminuindo, mas mantinham-se ainda, as proporções gigantescas, se levarmos em conta os

parâmetros atuais de propriedade de terra. Em geral, os limites de propriedade eram definidos

obedecendo-se apenas a acidentes geográficos, usando-se a légua como medida básica.

(STÉDILE, 1997. P. 9).

Outro exemplo de controle estatal e de concentração da terra foi a Lei da Terra,

em 1850, que trazia uma discussão sobre a questão fundiária do Brasil no período Imperial,

que procurava ampliar uma política diferenciada, buscando vários objetivos como criar

setores agrícolas para os pequenos proprietários. Essa Lei acabaria com o sistema de posses e

cadastraria os trabalhadores num novo sistema, onde receberiam sua propriedade, incentivaria

e financiaria imigrações, oferecendo diversos tipos de oportunidades como garantias, sobre a

terra e empréstimos acessíveis e confiáveis. Silva (1996. P. 81,82).

Page 16: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

16

Silva (1996), argumenta que a Lei da Terra foi uma jogada de forças políticas

dominantes, onde grandes proprietários de terras tinham liberdade de aumentar suas posses. O

novo sistema pautado na Lei, trazia no discurso, a resolução dos problemas que os

movimentos sociais enfrentavam com os latifundiários, acabando com a posse e oferecendo

aos trabalhadores rurais o direito sobre um pedaço de terra através de um cadastramento. Na

prática, não foi realizado como a classe menos favorecida esperava e estava planejado. Ao

contrario, trouxe uma grande discriminação e expôs a fraqueza do Estado, que não conseguia

realizar o planejado, em detrimento dos interesses dos latifundiários.

A Lei da Terra rezava que as propriedades que não estavam registradas em

cartórios, pertenciam ao Estado brasileiro, dando condenação a qualquer forma de invasão,

levando os trabalhadores a pagar multas ou serem presos.

A análise de Stédile (1997, p.11) sobre as Leis de Terras é bastante esclarecedora

e trás uma reflexão sobre a questão agrária presente no Brasil.

Essa lei discriminou os pobres e impediu que os escravos libertos se tornassem

proprietários, pois nem uns nem outros possuíam recursos para adquirir parcelas da

terra da Coroa ou para legalizar as que possuíam. Por essa razão, após a libertação dos

escravos, a maior parte deles optou por migrar para as cidades como Rio de Janeiro,

Salvador e Recife, ao invés de permanecer nas fazendas ou nas pequenas vilas do

interior. Uma vez nas cidades, sem opção de moradia e de trabalho, formaram vilas

paupérrimas, sobrevivendo à custa do subemprego ou da mendicância. (Stédile, 1997,

p.11)

Esta realidade se perpetuou por anos e intensificou-se após 1950, quando inicia no

Brasil o processo de modernização do campo. Neste, o trabalhador continua sendo uma massa

de manobra do capitalismo. No entanto, inicia-se um processo de organização dos mesmos

contra a exclusão da terra e em prol de uma reforma agrária, além da defesa do trabalhador

rural que já havia sido negligenciado pela esfera trabalhista ao longo da história,

principalmente na reforma trabalhista do Governo Vargas, que cria a CLT (Consolidação das

Leis do Trabalho), que surgiu pelo Decreto-Lei nº 5.452, dando condições de melhoria ao

trabalhador urbano, mas nega o mesmo ao trabalhador rural.

A Organização dos trabalhadores rurais no Brasil intensificou na década de 1950,

onde muitos movimentos de camponeses começaram a ter grandes proporções em varias

regiões do Brasil, mas foi em 1955 que esses movimentos se tornaram mais organizados e

potentes para lutar em prol dos direitos dos trabalhadores rurais buscando também a proteção

Page 17: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

17

para os pequenos agricultores, que almejavam um reconhecimento no setor agrícola e preços

acessíveis no arrendamento de terra.

Em 1955 foi criada a primeira Liga Camponesa, no engenho da Galiléia, no

município de Vitória de Santo Antão, no Estado de Pernambuco que se juntou a ULTAB

(União de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil), juntos deram início a uma luta,

englobando todos os camponeses do Brasil, tendo como objetivo principal a reforma agrária.

(STÉDILE, 1997. P. 11-13)

Neste contexto, multiplicaram as Ligas Camponesas de Francisco Julião, com

necessidade pública; para buscar seus direitos aos senhores de terra, melhores condições e

menos exploração nos contratos anuais de alugueis; posteriormente, consegui sua posse de

terra, por meio de reivindicações à uma reforma no meio agrário. (Oliveira, 2003. p. 524)

Baseados neste princípio, surgiram também organizações sindicais que tinham o

propósito de atrair o pequeno produtor e o trabalhador rural, na busca por uma estrutura

melhor em seu campo de trabalho. Como é um movimento contra a desigualdade e

reivindicações de direitos no campo, as organizações das Ligas e Sindicatos sofreram

conseqüências como violência e repressão, por parte da oposição ao governo João Goulart.

O ano de 1963 foi marcado como o ano da regulamentação de muitos Sindicatos

de Trabalhadores Rurais. O governo Goulart proporcionava aos órgãos um processo de

organização pelos seus direitos e propósitos, com destaque à reforma agrária, na tentativa de

estruturar o país através da atividade agrária voltada para o mercado interno, o que

beneficiava a pequena produção e o trabalhador rural.

Em 20 de dezembro de 1963 nasce a Confederação Nacional dos Trabalhadores

Rurais na Agricultura (CONTAG), fundada pelas Ligas Camponesas e os Sindicatos dos

Trabalhadores Rurais (STR), tendo seu reconhecimento oficial em 31 de janeiro de 1964. Isso

se deu alguns meses antes do golpe militar de 64, o qual teve como principio desmobilizar as

organizações e movimentos sociais através de perseguições, exilamentos e massacres, por

meio de interventores militares. Apesar dessas intervenções, a CONTAG continuava sendo

representante dos movimentos sindicais atuante na resistência contra a ditadura militar no

Brasil.

De acordo com Oliveira (1993. p. 28), naquela época, aconteciam muitas

mudanças em toda parte do território brasileiro: de um lado ULTAB, sobre as orientações do

PCB (Partido Comunista Brasileiro); e de outro lado, as Ligas Camponesas sob lideranças de

Francisco Julião. Estes buscavam organizar as primeiras manifestações que continham

Page 18: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

18

grandes quantidades de pessoas lutando pelos mesmos propósitos, direitos e melhorias no

campo, na busca de inserção dos seus interesses no debate nacional sobre a questão agrária.

De acordo com Gonçalves Neto (1997), na década de 1960, o setor agrário

brasileiro se constitui em um ponto de debate da política econômica do Governo Nacional

preconizada pela necessidade de otimização do campo. Para tal, duas principais linhas de

análise apontavam ou para a aplicação de uma reforma agrária ou para a modernização das

relações de produção sem que, necessariamente, se promovesse uma intervenção sobre a

estrutura agrária do país.

A segunda opção prevaleceu, obedecendo à política militar que se instala no país a

partir de 1964, abrindo precedentes para a intensificação da intervenção estatal no setor

agrário. O investimento, nesse setor, faria ressonância com a necessidade de, a partir da

exportação de produtos primários, diminuírem o déficit orçamentário e gerar o equilíbrio das

contas. (Borges 2007).

Para Gonçalves Neto (1997), os governos militares assumiram essa tarefa, com a

modernização do campo como etapa do planejamento de organização do território brasileiro,

sem preocupação com os problemas sociais que afligiam o setor agrário na época, o que é

confirmado pelo modelo excludente e concentrador em que ocorreu esse processo, refletido

no descaso com a política de reforma agrária.

O período militar era muito violento e cheio de repressão, principalmente quando

se referia aos diversos tipos de movimentos que lutavam contra as contradições do

capitalismo no campo, tinham a visão de concentrar ainda mais a propriedade da terra no

Brasil, necessária para o projeto de modernização do campo no país.

De acordo com Oliveira (1993), o governo militar colocou, um ponto final em

qualquer esperança sobre o plano de reforma agrária, prendendo, assassinado e exilando os

lideres dos movimentos, deixando muitos trabalhadores silenciados e desmotivados.

A única opção para os trabalhadores rurais era esperar um novo plano de governo

surgir. Enquanto isso, eram forçados a trabalhar em serviços provisórios e de pouco valor ou

migrar para outras cidades. Essas eram as duas saídas sociais que o governo oferecia para

eles, porque os sonhos de ter um pedaço de terra haviam acabado.

No entanto, o Movimento dos Trabalhadores Rurais, nesse período, não perdeu

seu foco sobre a reforma agrária. Apesar de seus líderes serem presos, exilados e

assassinados, eles se organizavam para encontrar uma nova forma de agir, pelos interesses da

classe trabalhadora.

Page 19: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

19

De acordo com Stédile (1997), durante um período de 1979 a 1984, o Movimento

dos Trabalhadores Rurais Sem Terra organizaram diversas lutas realizadas em 16 Estados,

principalmente no Centro-Sul do país, buscando construir um movimento de um caráter mais

sólido.

De acordo com Oliveira (2001), no decorrer dos anos, as lutas dos Trabalhadores

Rurais serviam para alicerçar e intensificar ainda mais seus objetivos e visar suas conquistas

no decorrer de sua trajetória.

Primeiro surgiram lemas tais como: “Terra de Deus, Terra de irmãos”, “Terra para que

quem nela trabalha” e particularmente “Terra não se ganha, terra se conquista” que se

constituiu numa espécie de marca registrada no surgimento do MST. (...) Já a primeira

metade de década de 90 as palavras de ordem mudaram novamente, revelando a

necessidade do MST intensificar a luta pela terra (...) “Reforma Agrária essa luta é

nossa”, “MST agora é pra valer” e aquele que se constitui na mais importante palavra

de ordem do MST na década de 90: “Ocupar, Resistir e Produzir”. (Oliveira, 2001,

p.87)

1.1 Modernização do Campo e a Exclusão do Sertanejo

Através da análise do processo histórico das difíceis conquistas obtidas pelos

sertanejos, vimos que os movimentos dos trabalhadores no campo ganharam incentivos e

força, a partir da década de 1950, quando se organizaram para lutar por um objetivo maior: a

reforma agrária.

Baseado nesses conflitos sociais que ocorreram no campo, sucedido na década de

1960, iniciou-se um novo sistema: o processo de modernização no campo. (Graziano Neto,

1985, p.27).

Conforme Graziano Neto (1985), a modernização ocorreu com o surgimento de

novos equipamentos e técnicas inovadoras que proporcionaram ao produtor a não utilização

em grandes quantidades da mão-de-obra humana devido à chegada de equipamentos e

métodos modernos como; tratores, fertilizantes e outros que substituíram os trabalhadores.

Com esse novo sistema, o grande produtor utilizaria uma maneira fácil e rápida de trabalhar,

coerente com seus interesses capitalistas e, como resultado, a exclusão do sertanejo de sua

área de trabalho - a terra.

Page 20: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

20

De acordo com Graziano Neto (1985), o novo modelo da agricultura brasileira

tinha também objetivos e maneiras diferentes de procurar transformações agrícolas em outras

áreas que lhes favoreciam: agricultura e pecuária. Já na década de 1970, com o sistema de

modernização organizado, houve incentivo pelo governo com diversos tipos de

financiamentos para o grande produtor: o setor agrário em desenvolvimento com uma

expansão enorme na agricultura e a exclusão clara do trabalhador rural. Gonçalves Neto

(1997, p.78), faz uma análise real sobre essa situação:

A década de 70 assistirá a uma profunda mudança. Impulsionada por uma política de

créditos facilitados, a agricultura brasileira não apenas respondeu às demandas da

economia, como foi profundamente alterada em sua base produtiva. O maciço

crescimento do uso da tecnologia mecânica, de defensivos e adubos, a presença da

assistência técnica, o monumental êxodo rural, permite dizer que o Brasil mudou e o

campo também.

Nesta citação, Gonçalves Neto traz uma clareza sobre o período de modernização

ao apontar a exclusão do trabalhador rural que são forçados a irem para as cidades em busca

de uma nova oportunidade para recomeçar suas vidas, trazendo consigo conseqüências sociais

como: o desemprego, a falta de moradia e, alimentação. Devido a essas circunstâncias, os

trabalhadores se uniram formando um movimento organizado, os “sem terras”, que lutavam

para obter seus direitos trabalhistas e um pedaço de terra.

Stédile (1997, p.29) faz uma análise das conseqüências e contradições geradas

pela modernização no campo que ainda existe em nosso país. Os conflitos sociais da zona

rural são um exemplo claro. Cada ano que se passa vem ganhando grandes proporções com

essas controversas; de um lado o grande produtor, com suas enormes quantidades de terras

improdutivas, e do outro temos os trabalhadores que sabem lidar com a terra e precisam dela

para sobreviver, não tendo a oportunidade de fazê-lo.

Conforme Stédile (1997) a CPT (Comissão Pastoral da Terra), ligada a Igreja

Católica desde 1975, tem oferecido seu trabalho ao registrar os movimentos sociais que

envolvem os trabalhadores rurais, que há décadas lutam por uma reforma agrária verdadeira,

no meio rural brasileiro. A CPT ocupava um papel muito importante em parceria com a Igreja

transmitindo uma linguagem simples e social para a população que havia sido prejudicada

pela modernização, entendendo bem a busca pela qual os trabalhadores rurais lutavam. O

Page 21: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

21

propósito principal da CPT era trabalhar o social e não o agrário e, por este motivo, apoiava a

trajetória dos camponeses e suas organizações.

1.2 Os Movimentos Sociais e o Sindicalismo em Goiás

Como abordamos nas discussões anteriores, os anos de 1950 e 1960 foram

considerados anos de representações e organizações à classe dos trabalhadores rurais que

alicerçaram seus objetivos na busca dos direitos trabalhistas, oportunidades e melhorias no

campo, assim como a conquista de um pedaço de terra, onde teriam uma estrutura econômica

diferenciada dentro de uma reforma reposicionada no espaço agrário brasileiro.

De acordo com Guimarães (2004), em Goiás não foi diferente em relação às

experiências e estruturas intensificadas nas lutas sociais nos campos goianos, que foram

alicerçadas pelas organizações camponesas que lutavam contra o avanço do capitalismo no

âmbito rural do Brasil. Os confrontos sobre as conquistas de terras eram feitas de forma

organizada para que atingissem os setores políticos goianos, na tentativa de uma proteção

política para os trabalhadores rurais e pequenos produtores da região.

Guimarães (2004) diz que o PCB, a Igreja Católica e outras organizações foram

de grande importância para os objetivos definidos do Sindicato que estava surgindo na região

centro-norte de Goiás, com apoios e propostas benéficas aos trabalhadores rurais na luta por

suas posses e direitos no campo. Organizados pelos Sindicatos Rurais, PCB, ULTAB e outras

organizações, os conflitos na zona rural na região de Goiás ganharam grandes proporções.

Com a posse do regime militar sobre o território brasileiro em 1964, as Ligas

Camponesas, os Sindicatos e as organizações ativas, que apoiavam os trabalhadores, foram

bloqueadas e reprimidas, desmotivando e paralisando os trabalhadores goianos e de todo

Brasil a lutar pelos seus direitos. Implantado um sistema rígido, a sociedade e principalmente

a classe menos favorecida, tinham de se submeter aos setores dominantes, que usufruía de

novos mecanismos tecnológicos, dificultando aos camponeses o cumprimento de seus direitos

e a oportunidade de ter um pedaço de terra em Goiás.

Esses movimentos em território goiano foram intensamente combatido, tendo em

vista que esse território era estratégico para o avanço do capital no campo e por conseqüência

era a porta de entrada para o projeto capitalista agroexportador que, mais tarde, na década de

Page 22: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

22

1990, consolida-se no Centro Oeste brasileiro.

Este resumo histórico, que se refere aos trabalhadores rurais e seus combates no

campo goiano, refletem o desejo de uma democracia agrária. No entanto, percebe-se também,

a artimanha do capital sobre o trabalho, ao atingir o trabalhador rural no seu espaço.

Mendonça (2002, p.8), diz que „„a novidade é perceber que as novas formas de

controle social do capital sobre o trabalho alteraram a estrutura interna do modo de vida dos

camponeses e trabalhadores da terra”. Cabe as organizações sindicais reestruturar a classe

trabalhadora da zona rural, à resistir as contradições do processo capitalista, e ao mesmo

tempo se inserir de uma forma socialista no sistema de reprodução capitalista no espaço

agrário.

Mendonça (2002, p.9), discute que a “Reforma Agrária necessita ser

reposicionada no debate político nacional, pois o conteúdo da relação cidade-campo se

modificou substancialmente”. Hoje não existe mais a visão de que o campo é o lugar de atraso

e a cidade lugar de avanço; um grande exemplo é a região goiana que com a chegada da

modernização na agricultura, expandiu os setores agrários e levou tecnologia às áreas

consideradas impróprias para o cultivo de grãos. Portanto, foi possível proporcionar um

intercâmbio social entre os órgãos superiores avançados e os Sindicatos ao inserir o

trabalhador rural e o pequeno produtor nos avanços tecnológico e culturais que a

modernização oferece.

A análise de Mendonça (2002) diz que no momento, a Reforma Agrária é um

meio de se fazer justiça social em prol dos trabalhadores e pequenos produtores da região

goiana e do Brasil, que luta pelos direitos no campo e o almejado pedaço de terra. Essa só

será possível com a união da classe trabalhadora em torno de organizações que legitime a sua

luta, como é o caso do Sindicalismo Rural.

Page 23: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

23

2. O SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS EM MONTES

CLAROS DE GOIÁS.

No município de Montes Claros de Goiás, existem dois Sindicatos com objetivos

diferentes, o STRM (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás) e

SIRUM (Sindicato Rural de Montes Claros de Goiás/Sindicato do Produtor). Ambos buscam

crescimento e melhorias no campo com interesses diferentes para seus associados e cada um

representa uma classe social: o SIRUM defende os mais favorecidos economicamente e o

STRM representa os menos favorecidos, agindo como resistência ao sistema capitalista.

Imagem 2: Prédio do Sindicato Rural de Montes Claros de Goiás (SIRUM)

Sindicato Rural de Montes Claros de Goiás (SIRUM)

Fonte: Silva, Joanice. 2011

Page 24: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

24

O SIRUM busca interesses dos grandes produtores da região, tem a visão de

melhorar as condições de lucro para seus associados, usa perfeitamente o sistema capitalista a

favor dessa classe dominante, não representa de forma alguma o trabalhador rural.

Imagem 3: Prédio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás

(STRM)

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás (STRM)

Fonte: Silva, Joanice. 2011

O STRM no entanto, tem um foco voltado para a classe menos favorecida da zona

rural, trabalhando com interesses diferenciados, como: proporcionar melhores condições de

trabalho; buscar oportunidades através dos projetos oferecidos pelo governo; e representar o

trabalhador rural e o pequeno produtor no espaço social e político do município. Ao qual

focaremos a pesquisa.

Segundo os documentos oficiais, Ata de criação e organização do Sindicato dos

Trabalhadores Rurais em Montes Claros de Goiás, o órgão deu início em 1997, a partir de

uma pequena associação dos trabalhadores rurais que precisariam de apoio para cobrar seus

direitos. Em um primeiro momento esses trabalhadores tinham apoio do STR de Iporá, mas

devido a distância e a difícil relação com o mesmo, os trabalhadores foram se desvinculando.

Page 25: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

25

Havia apenas 15 famílias no município e essas famílias teriam que ir diretamente na sede em

Goiânia a FETAEG (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás). Houve

então, a necessidade de criar um sindicato para adquirir os direitos desses trabalhadores e dos

outros que iriam surgir.

Em 25 de maio de 1997, nasce o sindicato dos trabalhadores em Montes Claros de

Goiás, com o foco de conseguir um pedaço de terra para os trabalhadores que soubessem usá-

la como deveria. Hoje o sindicato tem um intuito diferente: a agricultura familiar, a qual luta

em prol dos direitos trabalhistas e de novas tecnologias que os pequenos produtores colocam

em prática com a produção de alimentos e matérias-primas como: a produção de leite,

plantação de cana e mandioca entre outros, buscando reconhecimento e novas relações de

mercado no meio social do município.

Como hoje a tecnologia vem crescendo na área agrícola, o sindicato luta para que

esses trabalhadores também cresçam utilizando os meios tecnológicos como benefícios, tendo

acesso a ferramentas e métodos modernos, agilizando sua produção no campo, conforme a

imagem 4.

Imagem 4: Meios tecnológicos oferecidos pelo (STRM) aos produtores associados

Meios tecnológicos oferecidos pelo STRM ( tanque de leite e caminhonete )

Fonte: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás, 2011.

Page 26: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

26

O estatuto do sindicato tem como papel primordial no município representar e dar

suporte a classe que vive na zona rural. De acordo com o presidente do sindicato Walter

Moreira, mais de 500 famílias precisam do sindicato para conseguir créditos e financiamentos

rápidos e acessíveis. Faz também uma ressalva: “o governo, quando recebe um projeto sobre

a agricultura familiar, os métodos a serem utilizados chegam mais rápido. Não é como o MST

que tem que esperar em torno de 5 anos para ter um parecer”.

Conforme os documentos oficiais do sindicato, para que essas famílias recebam

ajuda elas tem que se adequar a algumas regras para entrar no programa que o governo

oferece por meio do sindicato aos trabalhadores e pequenos produtores. Essas famílias têm

que se encaixar nos módulos existentes no projeto, indo de 0 ao 4º módulo, onde receberão

ajuda através de um sistema classificatório, o qual é aplicado no projeto da agricultura

familiar. O módulo fiscal analisa os bens dos pequenos produtores de uma forma geral

independente da quantidade de terras que eles tem, dando classificações que determina a

situação dos produtores dentro dos módulos, como: de 0 ao 2º módulo é considerado mini

produtor; do 2º ao 4º módulo é o médio produtor; e do 4º ao 15º ou mais módulos são

considerados grandes produtores. Cada módulo corresponde a 45 hectares, variando pelo

tamanho do município. Se passar do 4º modulo não entra no programa oferecido pelo

governo, pois é considerado um empregador. O programa oferece cursos e oportunidades na

compra de ferramentas para quem está no modulo 0, recebendo ajuda e facilitações do

governo para adquirir suas posses.

De acordo com as informações levantadas em fonte direta e documentos de

aposentadorias dentro STR de Montes Claros de Goiás, como todos STRs do país, o sindicato

do município estudado é responsável pelo FUNRURAL (Fundo Rural) - programa criado

pelo o governo federal - que beneficia trabalhadores da zona rural, orientando os STRs a

requerer seus direitos no INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). Logo após sua fundação

no município de Montes Claros de Goiás, o Sindicato começou a praticar ações referentes à

previdência social e mediante essas ações, obteve também muitas vitórias para os

trabalhadores rurais, principalmente àqueles que haviam tido problemas em se aposentar.

Com a intervenção do STRM muitos dos trabalhadores injustiçados receberam seu benefício.

O Sr. Benedito Gomes de Oliveira, um dos beneficiados do programa

FUNRURAL, diz no seu depoimento que antes de se associar ao Sindicato, pensava que iria

se aposentar quando chegasse a hora certa. Como, não conhecia bem seus direitos, restava-lhe

apenas espera os 65 anos chegar. Ao se mudar para a região de Montes Claros de Goiás, em

Page 27: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

27

2001, se associou no STRM por orientações do Presidente do Sindicato. E começou a

contribuir com o Fundo Rural. Como já tinha 53 anos e trabalhou a vida toda na zona rural,

poderia se aposentar com 60 anos e sua esposa com 55.

“Achei bom me filiar no Sindicato, porque é uma entidade que se preocupa e ajuda o

trabalhador. Hoje vejo que o Sindicato cresceu socialmente e financeiramente, os

trabalhadores têm mais assistência do que na minha época, eles estão bem

entendidos de seus direitos, e tem apoio do governo para melhorar de vida e ganhar

mais dinheiro com o que faz no campo. Não tenho o que reclamar da direção, eles

são como nós, precisamos de oportunidades e credibilidade para crescer, até hoje

continuo contribuindo com o Sindicato, pago as mensalidades direitinho, pois eles

precisam se manter para ajudar outros trabalhadores.”

Para ele o Sindicato foi algo muito importante, principalmente na área econômica,

pois já estava cansado e não tinha forças e nem saúde para trabalhar. Hoje ele e a esposa são

aposentados pelo FUNRURAL, moram na cidade e recebe os benefícios todo mês sem

precisar trabalhar.

A função do Sindicato é lutar contra um sistema capitalista esmagador, que não se

importa com a classe sertaneja. Esse, por sua vez ajuda a fazer a diferença econômica do

município de Montes Claros de Goiás. Não podemos esquecer que o sindicato combate o

trabalho escravo rural, não aquele da época colonial, onde se possuía pessoas (Andrade,1991).

O trabalho escravo rural de hoje, é aquele que mexe com a dignidade do

trabalhador, fazendo-os sentirem-se diminuídos, não proporcionando equipamentos

adequados, forçando-os a uma carga horária enorme e deixando de esclarecer os direitos que o

sertanejo tem para melhorar seu desempenho no serviço. Tudo isso faz com que os

trabalhadores, juntamente com suas famílias, paguem para trabalhar. Cabe porém, ao

sindicato levar clareza a esses trabalhadores para combater o sistema capitalista, oferecendo

ajuda para buscar seus direitos, os quais a maioria deles não tem acesso (documentos oficiais

do STRM).

Conversando com o Presidente do Sindicato do município de Montes Claros de

Goiás Walter Moreira, ele faz algumas colocações sobre o papel do sindicato dizendo:

“O Sindicato dos Trabalhadores Rurais, age como um despertador para os

trabalhadores no município, que se sentem anestesiados pelo sistema capitalista, dá

chance a eles de obter novas oportunidades no seu ramo de trabalho, no

cumprimento dos direitos e de lutar pela sonhada reforma agrária e aproveita as

Page 28: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

28

tecnologias e projetos que são oferecidos a eles, para que possam crescer no campo.”

Como o Sindicato tem um foco voltado para agricultura familiar, ele acreditou no

cooperativismo entre os pequenos produtores rurais que se encaixam nos módulos de 0 a 4º.

Ele viu que os trabalhadores estavam tendo dificuldades, principalmente na parte econômica;

na hora de vender o leite, eles não estavam tendo o controle de sua renda. Então, houve a

necessidade de criar a cooperativa do leite. Segundo os dados oficiais, com o apoio do STR, a

cooperativa foi criada em 25 de agosto de 2009, cujo projeto dá incentivos oferecendo espaço

dentro da sede, assim como funcionários e outros benefícios. Esse projeto foi criado para os

pequenos produtores, os quais têm a oportunidade de estar acompanhando a venda do seu

produto.

O Sr. Welitom José Guimarães é o responsável pela organização do

funcionamento do projeto que vem melhorando a renda dos produtores que fazem parte da

cooperativa. Para que o projeto se mantenha é cobrado 0,2 centavos em cada litro de leite,

pois não recebe verba alguma do governo, e por isso tem somente o apoio do sindicato e dos

pequenos produtores rurais com essa taxa.

Conversando com o Sr Welitom, ele faz alguns relatos dizendo:

“Hoje os pequenos produtores têm o controle do seu produto, e ao mesmo tempo são

incentivados a produzir mais independente da quantidade que eles produzem e estão

vendo que o produto deles tem valor. Quando o projeto começou a ser executado o

valor do litro de leite era de 0,58 centavos e agora está a 0,88 centavos. Através

deste crescimento vimos que houve uma grande influência na economia do

município, porque o dinheiro ganho gira dentro da própria cidade”.

O Presidente Walter Moreira foi um dos fundadores do sindicato, o qual luta em

prol de melhorias para os trabalhadores rurais, assim como novos projetos que beneficiam a

classe rural que almeja ter um espaço econômico valorizado, e ampliações da sede para a

realização de reuniões, cursos disponíveis aos pequenos produtores e trabalhadores.

Apesar de ter uma estrutura física inadequada, bem diferente do que os

trabalhadores e lideranças desejam, o Sindicato conseguiu e está conseguindo prosseguir em

atividades importantes no meio social.

Como já foi discutido, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de

Goiás, iniciou suas atividades em prol dos trabalhadores e pequenos produtores no ano de

Page 29: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

29

1997, com intuito de dar suporte e desenvolver uma consciência crítica, com uma proteção

política a favor dos trabalhadores da zona rural. O gráfico 1 apresenta o crescimento do novo

órgão, no espaço político e social do município.

Gráfico 1:

237

393493

634744

836910

10461125

12041273

1341 1385 1428 1465

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Trabalhadores Associados

ANOS

Trabalhadores que se Associaram no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás – desde sua

Fundação até os dias atuais

Fonte: Livro de Registro de Associados do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás, 2011

Org.: Silva, Danúbio Borges da. 2011

Diante dos dados podemos perceber que o STR de Montes Claros de Goiás teve

um aumento satisfatório nas ações sindicais, desde sua criação, tento em vista o crescimento

no número de associados. Sinal de um bom trabalho desenvolvido na busca de seus objetivos,

o que transmite confiança.

O gráfico 2 nos mostra o número de inscrições por ano, onde percebemos uma

oscilação, que por falta de fontes, não foi possível explicar claramente os motivos da mesma,

no entanto, após conversas informais, com membros e liderança do sindicato, algumas

hipóteses foram levantadas.

Page 30: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

30

Gráfico 2:

0

237

156

100

141

11092

74

136

79 7969 68

44 43 37

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Trab

alh

ado

res

insc

rito

s

ANOS

Quantidade de Trabalhadores Inscritos no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes

Claros de Goiás ( de ano em ano)

Fonte: Livro de Registro de Associados do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás, 2011

Org.: Silva, Danúbio Borges da. 2011

A primeira se refere ao ano 1997, foi o ano que houve mais inscrições, por ser o

ano da implantação da entidade; segunda é que de 1998 a 2003 os números de inscritos caiu,

devido o município ser pequeno e o número de trabalhadores e pequenos produtores

interessados, já terem se inscritos antes, considerando assim, um fato normal; a terceira é que,

em 2004 o aumento no número de inscrições se deva a um novo foco do STR de Montes

Claros de Goiás, o projeto da agricultura familiar, no qual teriam mais incentivos por parte do

governo, principalmente quando o PT (Partido Trabalhista), tinha Lula como o novo

Presidente. Este, por ter enfrentado conflitos semelhantes aos deles, despertou o interesse dos

trabalhadores rurais do município e de outras regiões como Diorama, para se associarem a

uma entidade que lutasse por seus interesses, tendo uma autoridade política que os entendesse

bem; a quarta, é que, nos anos posteriores, o número de inscrições reduziu devido à condição

normal, semelhante à segunda hipótese.

Um fato concreto é que, em 2009, teve uma grande queda, com a implantação de

uma extensão do STR de Montes Claros de Goiás no município de Diorama, pois havia

Page 31: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

31

muitos associados que precisavam de suporte devido à distância que dificultava suas

participações ativas na entidade.

Gráfico 3:

62,4%ATIVOS

TRANSFERIDOS

20%

INATIVOS

17,6%

SITUAÇÃO ATUAL DOS ASSOCIADOS NO SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE MONTES CLAROS DE GOIÁS

915 Pessoas (ATIVOS)

292 Pessoas (TRANSFERIDOS)

258 Pessoas (INATIVOS)

QUANTIDADES DEPESSOAS:

Fonte: Livro de Registro de Associados do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás, 2011

Org.: Silva, Danúbio Borges da. 2011

Através dos dados coletados temos a situação atual dos associados ativos no

Sindicato, atingindo uma maioria de 62,4%, que de alguma forma estão inseridos na entidade

em prol de seus interesses econômicos e de melhorias. 20% dos associados foram

transferidos; alguns se mudaram para outras cidades e outros continuaram no município,

adquiriram mais terras e se transferiram para outro Sindicato do Produtor que atende a

interesse do grande produtor.

É o caso do Sr. José, que resguardamos o sobrenome para a não exposição do

mesmo, o mesmo, nos relatou que até em 2004 era associado com o STRM, depois do projeto

da agricultura familiar não tinha como ele continuar, pois já estava no 5º modulo fiscal onde

foram analisados de uma forma geral todos os seus bens, o qual recebeu uma nova

classificação: grande produtor, havia se tornado um empregador precisava por tanto de uma

entidade que defendesse seus interesses e não de seus funcionários. Então, resolveu se

transferir para o Sindicato do Produtor, onde pagaria seus impostos sindicais.

Page 32: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

32

As informações analisadas no gráfico 3, mostram em porcentagens que 17,6% dos

associados são inativos; alguns falecerem e a maioria são aposentados, os quais residem na

cidade, deixando suas posses como herança para os filhos, ou se desfez delas através de

vendas.

Diante dos dados coletados no Sindicato, temos o número de 915 associados

ativos, entre trabalhadores e pequenos produtores. É uma realidade que a sociedade

montesclarense desconhece, por não se importar com essa classe que influencia positivamente

o espaço social e econômico do município.

Page 33: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

33

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A precarização do trabalhador rural no Brasil foi o resultado do processo histórico

de produção do território brasileiro, que desde o surgimento teve como base o modelo

excludente, concentrador e explorador, seja do trabalhador rural, ou qualquer outro meio no

qual o sistema capitalista se insere. Nesse caso, em especial, com o trabalhador e pequeno

produtor rural, foram explorados e submetidos. Com a modernização tecnológica do campo

brasileiro, a partir de 1960, pois além da exploração, começou-se a encadear a exclusão do

trabalhador e pequeno produtor do campo e em conseqüência, ao aumento da migração

urbana dos mesmos, aumentando a massa de despossuídos.

A pesquisa estava direcionada na resistência do trabalhador rural e pequenos

produtores, neste contexto de precarização, na qual pretendeu-se fazer uma leitura de situação

dos mesmos no Município de Montes Claros de Goiás. Analisando o desempenho do

Sindicato na busca de reconhecimento, a essa classe que, vem influenciando o espaço agrário

e econômico da região. Na maioria das vezes, enfrentam problemas socioeconômicos,

impedindo o desenvolvimento na sua área de trabalho: o campo.

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Montes Claros de Goiás, exerce

um grande papel em relação ao processo capitalista, buscando melhorias e oportunidades a

essa classe que precisa de apoio, ferramentas e métodos modernos para conseguir se adequar

aos meios de produção do sistema capitalista esmagador. Mesmo com os direitos e

oportunidades que lhes são oferecidos, ainda não é o suficiente para que eles tenham um

reconhecimento no espaço social e econômico no município, mesmo fazendo uma diferença

muito grande como: o combate ao trabalho escravo rural, ajudando as pessoas à receber o

benefício pelo FUNRURAL, aos quais estavam cansadas de trabalhar e esperar a

Page 34: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

34

aposentadoria, dentre várias outras prestações de serviços á essa classe trabalhadora, em

especial, à rural.

O STRM usa o processo capitalista entrelaçado ao socialista, a favor dos

pequenos produtores e trabalhadores da zona rural do município estudado, fazendo com que

eles tenham acesso à modernização através de incentivos governamentais.

Pesquisar e estudar sobre os movimentos sociais, trajetória e as conquistas dos

trabalhadores rurais desde 1950 até os dias atuais foi uma oportunidade única, pois cada autor

proporcionou a formação de conhecimentos e idéias, na realização desse trabalho, no qual,

possa ajudar outros simpatizantes pela luta, conhecimento e entendimento de um sindicato,

seja de trabalhador rural, de professores, operários, dentre outros, que define como uma

associação de indivíduos da mesma classe ou profissão para a defesa e busca de seus

interesses.

Buscar esses conhecimentos profundos sobre o STRM foi importante na

elaboração deste trabalho devido à oportunidade de aprender sobre o funcionamento e as

ações sindicais, na qual a relevância pessoal foi um fator primordial na construção de idéias

para o projeto pesquisado. Com isso, foi construído um olhar diferente a respeito e orgulho

em relação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais, por representar uma classe muito grande

de trabalhadores que buscam um crescimento, e até para sobreviver, neste mundo capitalista

que a cada dia massacra-os.

Page 35: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

35

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Manuel Correia de. Abolição da Reforma Agrária. 2 ed. São Paulo: Ática,

1991.

BORGES, Júlio César Pereira. Estado e Políticas: trilhos, estradas e gêneses da

modernização do território goiano. Dissertação de mestrado em Geografia pela IESA –

UFG; 2007

DUARTE JUNIOR. Inventário da Legislação Sesmarias para a Terra do Brasil e melhor

entender as concessões das sesmarias na Capitania de São Paulo, através da bibliografia e

documentos disponíveis para compreensão de seus feitos e efeitos. Sumaré: SCP, 2003.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 10 ed. São Paulo: Edusp, 2002.

GUIMARÃES, Tereza Canezin. Organização Camponesa em Goiás: Nas Décadas de 1950-

1960 e os Sinais de Novas Práticas Educativas nos Atuais Movimentos Sociais. Conferência

Aprovada em 24/10/2004. Inter-Ação: Ver. Fac. Educ. UHG, Julho/dez. 2004.

GONÇALVES NETO, Wenceslau. Estado e Agricultura no Brasil. São Paulo:

Hucitec,1997. 245 p.

GRAZIANO NETO, Francisco. Questão Agrária e Ecologia: Crítica da Agricultura

Moderna. São Paulo: Brasiliense, 1985.

Page 36: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

36

Lutas e Classes: Outra característica importante do capitalismo e o conceito criado pó Karl

Marx disponível em www.wikipédia.org/luta_de_classes > acesso em junho de 2011.

MENDONÇA, Marcelo Rodrigues. Movimentos Sociais e Unicidade Orgânica do

Trabalho: Os povos Cerradeiros. Publicado Originalmente em: XIII Encontro Nacional de

Geógrafos . 21 a 26 de julho de 2002 – João Pessoa - PB. UFG/ Campous de Catalão, 2002.

MENDES, Claudinei Magno Magre. Construindo um Mundo Novo: os escritos coloniais do

Brasil nos séculos XVI e XVII. São Paulo, 1996.

MOREIRA, Rui. O espaço agrário capitalista. Formação do espaço agrário brasileiro. 1 ed.

São Paulo: Brasiliense, 1990

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Os Movimentos Sociais no Campo e a Reforma

Agrária no Brasil, in: Ross, Jurandyr L. Sanches. Geografia do Brasil ( 3 ). São Paulo:

Edusp, 2003.

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. A Geografia das Lutas no Campo: Conflitos e

violência, movimentos sociais e resistência, os “sem terra” e o neoliberalismo. Edição Revista

e Ampliada. São Paulo: Contexto, 2001.

__________. A Geografia das Lutas no Campo. Conflitos violência movimentos sociais e

resistência a “nova republica” e a reforma agrária. 5 ed. São Paulo: Contexto, 1993.

RIBEIRO, José Carlos. O Sindicalismo de Trabalhadores Rurais na Organização do

Espaço Agrário de Anicuns-GO. Faculdade de Educação e Ciências Humanas de Anicuns.

Dezembro 2006.

SILVA, Lígia Osório. Terras Devolutas e Latifúndio. Campinas SP: Unicamp, 1996.

STÉDILE, João Pedro. A Questão A grária no Brasil. 10 ed. São Paulo: Atual, 1997.

TEIXEIRA, Jodenir Calixto. Modernização da Agricultura no Brasil: Impactos

Econômicos, Sociais e Ambientais. Três Lagoas-MS, v.2, p. 21-42, Setembro de 2005.

Page 37: A Precarização e a Resistência Do Trabalhador Rural Brasileiro o Caso Do Município de Montes Claros de Goiás

37

Atas:

ACESSO DE DOCUMENTOS ORIGINAIS. Processos de Aposentadoria dos associados no

Sindicato para receber o FUNRURAL.

DOCUMENTOSO OFICIAIS DO SINDICATO DOS TRALHADORES RURAIS DE

MONTES CLAROS DE GOIÁS. Sobre o projeto Agricultura Familiar.

DOCUMENTOSO OFICIAIS DO SINDICATO DOS TRALHADORES RURAIS DE

MONTES CLAROS DE GOIÁS. Sobre Cooperativa do Leite. Criada em 25/08/2009.

DOCUMENTOS OFICIAIS DA PREFEITUTA MUNICÍPIAL DE MONTES CLAROS DE

GOIÁS. Sobre a criação do município.

SINDICATO DOS TRALHADORES RURAIS DE MONTES CLAROS DE GOIÁS. Ata de

criação no dia 25/05/1997. Montes Claros de Goiás.

Entrevistas:

GUIMARÃES, Welitom José. Entrevista sobre a cooperativa do leite e o apoio do

Sindicato. Montes Claros de Goiás. 17/08/20011.

SANTOS FILHO, Walter Moreira dos. Entrevista sobre a criação e o foco do Sindicato em

pro dos trabalhadores rurais 22/06/2011.

OLIVEIRA, Benedito Gomes de. Entrevista sobre sua aposentadoria com ajuda do

Sindicato no FUNRURAL. Montes Claros de Goiás, 26/08/2011.

PERES, José Itácio. Entrevista sobre sua transferência para o Sindicato Rural (Sindicato

do Produtor Rural). Montes Claros de Goiás. 05/10/2011.