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12 Cultura Francisco Rohen [email protected] Francisco Rohen é publicitário e jornalista. Do total de espanhóis no país 65% são galegos; catalães e valen- cianos 15%; andaluzes 10%; asturia- nos, castelhanos e outros 10%. Estão distribuídos desproporcionalmente no país. Em Salvador e Rio mais de 90% são galegos. São Paulo apesar de concentrar a maior população es- panhola catalães e valencianos supera a de galegos. Os espanhóis no Brasil trabalham especialmente nas áreas de restauração, hotelaria e alimentação. No Rio e São Paulo além destas dedicam- se ao ramo de gastronomia, construção civil, serviços, indústrias e turismo. Presença dos espanhóis em Nova Friburgo A presença dos espanhóis em Nova Friburgo acontece simultanea- mente à chegada ao Brasil. Aqui os es- panhóis inicialmente dedicaram-se ao comércio, nas olarias e na construção civil. As primeiras famílias dos irmãos Jesus, Ignacios foram para Conselheiro Paulino, no distrito instalaram a indús- tria de cerâmicas. Vicente Sobrinho no Centro da Cidade fundou a “Casa Ma- drid”, material de construção, na Rua. General Argolo (Av. Alberto Braune). Mais tarde o casal José e Car- mem Ruiz Boléia fi caram famosos na cidade fabricando sorvetes “chapéu chinês” (casquinha de sorvete). Foram A presença dos espanhóis em Nova Friburgo Breve história da Espanha O território espanhol começou a ser criado pelos romanos depois de 206 a. C. O país está situado na península ibérica, com 504.030 km², faz fronteira no nordeste com a França e o principado de Andorra, a noroeste e o oeste com o Oceano Atlântico e Portugal. É o segundo maior país da Europa. O espanhol é a língua ofi cial e o quarto idioma do mundo, falado por mais de 400 milhões de pessoas. Nas Américas é adota- do em 16 países, sendo o Bra- sil único de língua portuguesa. Em 1479 Fernando II de Aragão e Isabel de Castela uniram seus reinos e reconquista- ram a província de Granada sob domínio muçulmano. Unifi cada torna-se potência européia e mundial. O Império Es- panhol dominava as Ilhas Canárias, ilhas no caribe, América Central, parte da América do Sul e Filipinas. O seu poderio começa a cair no início do Sec XVIII, na transição do governo Hansburgo para o Bourbon. No século XIX as guerras na- poleônicas na Europa interromperam o contato com as Américas, isso fa- cilitou a independência de importantes colônias ibero-americanas. Instabilidades políticas, agi- tações sociais, misérias; guerras e epidemias dizimaram milhões de europeus. Já no Sec XX, oprimidos pelas ditaduras dos generais Miguel Primo de Rivera (1923-39) e de Fran- cisco Franco (1939-75), milhões de espanhóis deixaram o país, a maioria com destino a América Latina e EUA. Espanhóis no Brasil O Brasil precisando de mão de obra, principalmente, nas fazen- das de café de São Paulo, negocia com a Espanha a vinda de imigran- tes. Na década (1889-99) entraram no país 174 mil colonos. Do fi nal do século XIX, em várias etapas, até 1961 chegaram aqui quase um milhão de espanhóis. Estima-se que 15 milhões de brasileiros sejam descendentes de espanhóis. Em 1975, restabelecida a monar- quia, com o rei Juan Carlos I no trono, a imigração baixou. homenageados pela Câmara Municipal com o nome da Rua José Luiz Bolea, no Centro. As famílias de Lorenzo e Ju- lio Alvarez aderiram ao ramo de olarias fabricando telhas e tijolos. Francisco Vi- dal Gomez fez história em Nova Friburgo construindo o Colégio Anchieta, fundado em 1886, da ordem jesuítas, criado por Santo Inácio de Loyola, espanhol. Obra iniciada em 1902, concluída em 1910. E ainda foram construídas estradas de fer- ro, o Colégio Nossa Senhora das Dores, vilas operárias e prédios; o Colégio Nos- sa Senhora das Mercês, fundado em 1962, também da ordem religiosa jesuíta. Em Olaria, a presença dos es- panhóis foi tão marcante que viraram nomes das ruas: Vicente Sobrinho; Julio Vicente Espanhol e Manoel Lou- renço Sobrinho, fundador da olaria de telhas e tijolos. Na extinta olaria foi criada a Praça 1º de Maio, área cedida pelo ex-prefeito Cesar Guinle, funcio- nou ali o HORTO FLORESTAL MU- NICIPAL. Hoje, abriga o posto policial e o parquinho. Em frente existiu o depósito de materiais de construção de José Lourenço (fi lho de Manoel Lourenço Sobrinho). Julio Vicente era corre- tor de imóveis no bairro, devoto de São Roque, e doou sete terrenos para construção da capela, inaugu- rada em 1940. Demolida em 2001, Pa- dre Flavio com apoio da comunidade e entidades ergueu a nova igreja. Padre Miele comandou a igreja de São Roque e Sant’Ana de 1947 a 56. São inúmeros os espanhóis que se destacaram em Nova Friburgo. Entre os destaques está o querido Pa- dre Paco, que esteve a frente do Cen- tro Social Nossa Senhora das Graças, em Olaria, na década de 1990. Padre Paco (Francisco Perez Blasco) nasceu em Barcelona em 1940 e chegou ao Brasil em 1966. A Colônia Espanhola em Nova Friburgo A Colônia Espanhola a mais de século em Nova Friburgo comemorou no dia 12 de outubro, data nacional e alusiva ao descobri- mento da América em 1492, por Cris- tovão Colombo, navegador genovês, com apoio real de Fernando e Isabel, a bordo das caravelas: Santa Maria, Pinta e Nina conquistou a América ‘o novo mundo’. Data também de Nossa Senhora de Aparecida, pa- droeira do Brasil e Dia da Criança, criada pelo ex-prefeito e deputado friburguense Galdino do Valle Filho. No município, os espanhóis representam aproxima- damente quatro por cento da popu- lação – oito mil descendentes. Estão presentes em diversos setores da nossa economia: indústria, hote- laria, turismo, metalurgia, educação, profi ssões liberais, imobiliário e gas- tronômico etc. Além de contribuírem para o progresso de Friburgo; disseminam ainda sua rica cultura que abrangem: as artes, a dança e a música. A Colô- nia tem como presidente Vicente Quintá Alfaya, natural de Pontevedra, Espanha. Atuante representa sua en- tidade nas solenidades ofi ciais e datas cívicas. Também como representante, Maria do Carmo sempre participa dos eventos. Assim como os outros colo- nizadores, os espanhóis ajudaram a construir a História de Nova Friburgo. O terreno da antiga Capela de São Roque foi doado por espanhóis Sandra Mara Ortegosa Arquiteta e urbanista pela USP Projetos e consultoria nas áreas de arquitetura e urbanismo sustentáveis Contato: (22) 9287-6699 [email protected]

A presença dos espanhóis em Nova Friburgopag.12).pdfdas de café de São Paulo, negocia com a Espanha a vinda de imigran-tes. Na década (1889-99) entraram no país 174 mil colonos

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Page 1: A presença dos espanhóis em Nova Friburgopag.12).pdfdas de café de São Paulo, negocia com a Espanha a vinda de imigran-tes. Na década (1889-99) entraram no país 174 mil colonos

12 Cultura

Francisco [email protected]

Francisco Rohen é publicitário e jornalista.

Do total de espanhóis no país 65% são galegos; catalães e valen-cianos 15%; andaluzes 10%; asturia-nos, castelhanos e outros 10%. Estão distribuídos desproporcionalmente no país. Em Salvador e Rio mais de 90% são galegos. São Paulo apesar de concentrar a maior população es-panhola catalães e valencianos supera a de galegos. Os espanhóis no Brasil trabalham especialmente nas áreas de restauração, hotelaria e alimentação. No Rio e São Paulo além destas dedicam-se ao ramo de gastronomia, construção civil, serviços, indústrias e turismo.

Presença dos espanhóis em Nova Friburgo

A presença dos espanhóis em Nova Friburgo acontece simultanea-mente à chegada ao Brasil. Aqui os es-panhóis inicialmente dedicaram-se ao comércio, nas olarias e na construção civil. As primeiras famílias dos irmãos Jesus, Ignacios foram para Conselheiro Paulino, no distrito instalaram a indús-tria de cerâmicas. Vicente Sobrinho no Centro da Cidade fundou a “Casa Ma-drid”, material de construção, na Rua. General Argolo (Av. Alberto Braune). Mais tarde o casal José e Car-mem Ruiz Boléia fi caram famosos na cidade fabricando sorvetes “chapéu chinês” (casquinha de sorvete). Foram

A presença dos espanhóis em Nova Friburgo

Breve história da Espanha

O território espanhol começou a ser criado pelos romanos depois de 206 a. C. O país está situado na península ibérica, com 504.030 km², faz fronteira no nordeste com a França e o principado de Andorra, a noroeste e o oeste com o Oceano Atlântico e Portugal. É o segundo maior país da Europa. O espanhol é a língua ofi cial e o quarto idioma do mundo, falado por mais de 400 milhões de pessoas. Nas Américas é adota-do em 16 países, sendo o Bra-sil único de língua portuguesa. Em 1479 Fernando II de Aragão e Isabel de Castela uniram seus reinos e reconquista-ram a província de Granada sob domínio muçulmano. Unifi cada torna-se potência européia e mundial. O Império Es-panhol dominava as Ilhas Canárias, ilhas no caribe, América Central, parte da América do Sul e Filipinas. O seu poderio começa a cair no início do Sec XVIII, na transição do governo Hansburgo para o Bourbon. No século XIX as guerras na-poleônicas na Europa interromperam o contato com as Américas, isso fa-cilitou a independência de importantes colônias ibero-americanas. Instabilidades políticas, agi-tações sociais, misérias; guerras e epidemias dizimaram milhões de europeus. Já no Sec XX, oprimidos pelas ditaduras dos generais Miguel Primo de Rivera (1923-39) e de Fran-cisco Franco (1939-75), milhões de espanhóis deixaram o país, a maioria com destino a América Latina e EUA.

Espanhóis no Brasil

O Brasil precisando de mão de obra, principalmente, nas fazen-das de café de São Paulo, negocia com a Espanha a vinda de imigran-tes. Na década (1889-99) entraram no país 174 mil colonos. Do fi nal do século XIX, em várias etapas, até 1961 chegaram aqui quase um milhão de espanhóis. Estima-se que 15 milhões de brasileiros sejam descendentes de espanhóis. Em 1975, restabelecida a monar-quia, com o rei Juan Carlos I no trono, a imigração baixou.

homenageados pela Câmara Municipal com o nome da Rua José Luiz Bolea, no Centro. As famílias de Lorenzo e Ju-lio Alvarez aderiram ao ramo de olarias fabricando telhas e tijolos. Francisco Vi-dal Gomez fez história em Nova Friburgo construindo o Colégio Anchieta, fundado em 1886, da ordem jesuítas, criado por Santo Inácio de Loyola, espanhol. Obra iniciada em 1902, concluída em 1910. E ainda foram construídas estradas de fer-ro, o Colégio Nossa Senhora das Dores, vilas operárias e prédios; o Colégio Nos-sa Senhora das Mercês, fundado em 1962, também da ordem religiosa jesuíta. Em Olaria, a presença dos es-panhóis foi tão marcante que viraram nomes das ruas: Vicente Sobrinho; Julio Vicente Espanhol e Manoel Lou-renço Sobrinho, fundador da olaria de telhas e tijolos. Na extinta olaria foi criada a Praça 1º de Maio, área cedida pelo ex-prefeito Cesar Guinle, funcio-nou ali o HORTO FLORESTAL MU-NICIPAL. Hoje, abriga o posto policial e o parquinho. Em frente existiu o depósito de materiais de construção de José Lourenço (fi lho de Manoel Lourenço Sobrinho). Julio Vicente era corre-tor de imóveis no bairro, devoto de São Roque, e doou sete terrenos para construção da capela, inaugu-rada em 1940. Demolida em 2001, Pa-dre Flavio com apoio da comunidade

e entidades ergueu a nova igreja.Padre Miele comandou a igreja de São Roque e Sant’Ana de 1947 a 56. São inúmeros os espanhóis que se destacaram em Nova Friburgo. Entre os destaques está o querido Pa-dre Paco, que esteve a frente do Cen-tro Social Nossa Senhora das Graças, em Olaria, na década de 1990. Padre Paco (Francisco Perez Blasco) nasceu em Barcelona em 1940 e chegou ao Brasil em 1966.

A Colônia Espanhola em Nova Friburgo

A Colônia Espanhola a mais de século em Nova Friburgo comemorou no dia 12 de outubro, data nacional e alusiva ao descobri-mento da América em 1492, por Cris-tovão Colombo, navegador genovês, com apoio real de Fernando e Isabel, a bordo das caravelas: Santa Maria, Pinta e Nina conquistou a América ‘o novo mundo’. Data também de Nossa Senhora de Aparecida, pa-droeira do Brasil e Dia da Criança, criada pelo ex-prefeito e deputado friburguense Galdino do Valle Filho. No município, os espanhóis representam aproxima-damente quatro por cento da popu-lação – oito mil descendentes. Estão presentes em diversos setores da nossa economia: indústria, hote-laria, turismo, metalurgia, educação, profi ssões liberais, imobiliário e gas-tronômico etc. Além de contribuírem para o progresso de Friburgo; disseminam ainda sua rica cultura que abrangem: as artes, a dança e a música. A Colô-nia tem como presidente Vicente Quintá Alfaya, natural de Pontevedra, Espanha. Atuante representa sua en-tidade nas solenidades ofi ciais e datas cívicas. Também como representante, Maria do Carmo sempre participa dos eventos. Assim como os outros colo-nizadores, os espanhóis ajudaram a construir a História de Nova Friburgo.

O terreno da antiga Capela de São Roque foi doado por espanhóis

Sandra Mara OrtegosaArquiteta e urbanista pela USP

Projetos e consultoria nas áreas de arquitetura e urbanismo sustentáveis

Contato: (22) 9287-6699 [email protected]