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A PRISÃO DE MÉDICOS POR A PRISÃO DE MÉDICOS POR A PRISÃO DE MÉDICOS POR A PRISÃO DE MÉDICOS POR OBJEÇÃO À REVELAÇÃO DO OBJEÇÃO À REVELAÇÃO DO OBJEÇÃO À REVELAÇÃO DO OBJEÇÃO À REVELAÇÃO DO
SIGILO PROFISSIONALSIGILO PROFISSIONALSIGILO PROFISSIONALSIGILO PROFISSIONAL
Néfi Cordeiro
Sigilo Profissional
Juramento de HipócratesVersão de 1771
Sobre aquilo que vir ou ouvir respeitante à vidados doentes, no exercício da minha profissão ou foradela, e que não convenha que seja divulgado,guardarei silêncio como umsegredo religioso,Se eu respeitar este juramento e não o violar, sereidigno de gozar de reputação entre os homens emtodos os tempos; se o transgredir ou violar que meaconteça o contrário.
Versão de 1983
Mesmo após a morte do doenterespeitarei ossegredos que me tiver confiado....Faço estas promessas solenemente, livremente esob a minha honra.
Na primeira versão havia excepcionamento: NÃOCONVENHASERDIVULGADO
O que convémser divulgado?
Segredo como preservação da intimidade
Constituição Federal, Art. 5º, X - são invioláveis aintimidade, a vida privada, a honra e a imagemdas pessoas, assegurado o direito à indenizaçãopelo dano material ou moral decorrente de suaviolação;
Nenhumdireito é absoluto.
Segredo como condição para o exercícioprofissionalMédicos, Psicólogos, Atendimentos da saúde efamiliares, Serviço Social, Contadores, Advogados...
� Paciente/clienterevela o fato por saber dosegredo profissional
� Desempenho regular da profissão depende decompletas informações
Não há possibilidade do exercício da medicina semaexistência e a estrita observância do sigilo médico.Ele é a segurança do paciente!– CRMSC
Revelar segredo profissionalcomdano écrime:
Código Penal, Art. 154 - Revelar alguém,semjusta causa, segredode que tenha ciência, emrazão de função, ministério, ofício ouprofissão, ecuja revelação possa produzir dano a outrem. Pena- detenção de 3 meses a umano ou multa de 1 a 10mil cruzeiros.Parágrafo único - Somente se procede medianterepresentação.
Documentos profissionais:
• documentos privados : registrosdestinados aoexercício da profissão, narelação entre profissional epaciente/cliente.
O direto e prevalente interesse privadogarante a condição desigilo ante todosterceiros (mesmo frente ao Estado) – sãopapéis, gravações, dados do atendimento,orientações....
• documentos públicos– registros exigidospor lei para demonstração defatos dointeresse coletivo.
O prevalente interesse público torna essesdocumentos passíveis deacesso pelo públicoem geral (como atas ou nota fiscal), porterceiros indicados (Junta Comercial...) ouapenas pelo Estado (livros fiscais). O sigilo érestringido ou nenhum.O exercício profissional não dependediretamente desses livros.
Documentos médicos:
� São de finalidade privada: registro deatendimentos, exames, diagnósticos eprescrições – Prontuários Médicos.
� São de finalidade pública: laudos oficiais(judiciais ou administrativos), atestados ecomunicados destinados a terceiros (pararestrição ou afastamento do trabalho – futuroou prévio).
Requisições judiciais, ministeriais ou de delegados depolícia para obtenção deprontuários médicosocorrempor inadequada compreensãode ser registro deatividade profissional privada e sigilosa.
As Resoluções do CRMfavorecema dúvida ao indicarsigilo entre médicose nãosigilo médico-paciente.
Exemplificando, a RESOLUÇÃOCFM nº 1.605/2000proíbe a remessa do prontuáriomédico àpolícia (art.2º), mas permite sua requisiçãopelos ConselhosFederal ou Regional de Medicina (Art. 6º) e a entregadesses documentos aperito judicial:
Art. 4º - Se nainstrução de processo criminalfor requisitada, por autoridade judiciáriacompetente, a apresentação do conteúdo doprontuário ou da ficha médica, o médicodisponibilizará os documentos ao peritonomeado pelo juiz, para que neles seja realizadaperícia restrita aos fatos emquestionamento.
É difícil admitir o Estado segredos profissionaisfora da relação com o paciente/cliente (entremédicos, advogados ou psicólogos).
Não altera o caráter público ou privado, ecorrespondente sigilo, ser a medicinadesempenhada emhospital público ouparticular, por médico celetista, autônomo ouservidor público.
Pode a lei criar exigência de documentospúblicos para atos da medicina, como o registrodo atendimento, a realização de cirurgias, etc.
Necessário será aproporcionalidade entre o benefíciogerado e a invasão da intimidade, ou do prejuízo aoserviço médico pela quebra de confiança. A discussãopode se dar pelo médicointeressado, mas melhor seráse promovida porADIN .
Similarmente, oadvogado jamais será obrigado aentregar suas anotações a terceiros – mesmo aojudiciário – salvo se o própriocorpo do delito(vestígios ou produto do crime) ou se é o advogadoautor de crime. Isso para o exercício da advocaciaisolado, emgrandes escritórios ou órgãos oficiais.
Código de Processo Penal. Art. 243. § 2o Nãoserá permitida a apreensão de documento empoder do defensor do acusado,salvo quandoconstituir elemento do corpo de delito.
EAOAB, Lei n.º 8.906/94. Art. 7.º São direitos doadvogado: II - a inviolabilidade de seu escritórioou local de trabalho, bem como de seusinstrumentos de trabalho, de suacorrespondência escrita, eletrônica, telefônicae telemática, desde que relativas ao exercício daadvocacia.
Veda-se acesso a:
• instrumentos de trabalho (livros, agendas,computadores, disquetes, CD-ROMS,pastas de clientes, etc)
• correspondência escrita (cartas, ofícios,etc), eletrônica (e-mails), telefônica(elaboração de escutas, gravaçõestelefônicas, etc) e telemática (dados, como acomunicação entre computador e telefonecelular via SMS)
Mas o § 6º admite quando sejacrime do advogado:
Presentes indícios de autoria e materialidade daprática de crime por parte de advogado, aautoridade judiciária competente poderá decretar aquebra da inviolabilidade de que trata o inciso IIdo caput deste artigo, emdecisão motivada,expedindo mandado de busca e apreensão,específico e pormenorizado , a ser cumprido napresença de representante da OAB, sendo, emqualquer hipótese, vedada a utilização dosdocumentos, das mídias e dos objetos pertencentesa clientes do advogado averiguado, bemcomo dosdemais instrumentos de trabalho que contenhaminformações sobre clientes.
Art. 404. A parte e o terceiro se escusamdeexibir , emjuízo, o documento ou a coisa se... IV-sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujorespeito, por estado ouprofissão, devamguardarsegredo;Parágrafo único. Se os motivos de que tratamosincisos I a VI do caputdisseremrespeito a apenasuma parcela do documento, a parte ou o terceiroexibirá a outra em cartório, para dela ser extraídacópia reprográfica, de tudo sendo lavrado autocircunstanciado.
Na defesa própria, o médico poderá dessesdocumentos profisisonais utilizar, o que veminclusive expresso na RESOLUÇÃOCFM nº1.605/2000:
Art. 7º - Para sua defesajudicial, o médico poderáapresentar a ficha ou prontuário médico àautoridade competente, solicitando que a matériaseja mantida emsegredo de justiça.
Sigilo Médico
Dispõe a RESOLUÇÃOCFM nº 1.605/2000. Art.1º - O médico não pode, semo consentimento dopaciente, revelar o conteúdo do prontuário ouficha médica.
Código de Ética Médica – RESOLUÇÃOCFMNº1931/2009 (24/09/2009, retificada em13/10/2009)
Capítulo IX- SIGILO PROFISSIONAL- É vedadoao médico:
Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento emvirtude do exercício de suaprofissão, salvo por motivojusto, dever legal ou consentimento, por escrito, dopaciente.Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que ofato seja deconhecimento público ou o paciente tenhafalecido; b) quando de seu depoimento comotestemunha.Nessa hipótese, o médico comparecerá perante a autoridadee declarará seu impedimento; c) nainvestigaçãode suspeitade crime, o médico estará impedido de revelar segredo quepossaexpor o paciente a processo penal.Só comunica atos de terceiros, preparatórios ou de execuçãofutura (pois atos pretéritos do paciente geramresponsabilização criminal)
Art. 74. Revelar sigilo profissionalrelacionado a paciente menor de idade,inclusive a seus paisou representantes legais,desde que o menor tenha capacidade dediscernimento, salvo quando a não revelaçãopossa acarretardano ao paciente.
Interesse daquele a quemo sigilo protege(o paciente menor)
Art. 75. Fazer referência acasos clínicosidentificáveis, exibirpacientes ou seus retratosem anúncios profissionais ou na divulgação deassuntos médicos, emmeios de comunicaçãoemgeral,mesmo comautorização do paciente.
Art. 76. Revelar informações confidenciaisobtidas quando do exame médico detrabalhadores, inclusive por exigência dosdirigentes de empresas ou de instituições,salvose o silêncio puser emrisco a saúde dosempregados ouda comunidade.
Art. 77. Prestar informações a empresasseguradorassobre as circunstâncias da morte dopaciente sob seus cuidados,além das contidasna declaração de óbito. (redação ResoluçãoCFM nº 1997/2012)
Art. 79. Deixar de guardar o sigilo profissionalna cobrança de honoráriospor meio judicial ouextrajudicial.
Sigilo abrange médicos, alunos eauxiliares:
Art. 78. Deixar de orientar seus auxiliares ealunos a respeitar o sigiloprofissional e zelarpara que seja por eles mantido.
Excepcionamentos ao sigiloVersão de 1771 -Juramento de HipócratesSegredo da vida dos doentesque não convenhaque seja divulgado, guardarei silêncio como umsegredo religioso,O que convémser divulgado?
� Riscos futuros a pessoasa terceirosao paciente menorao próprio paciente?� Riscos ao patrimônio?� Riscos ao ambiente?
�Colaboração coma saúde pública nanotificação de doenças de comunicaçãoobrigatória e morte encefálica.
�Colaboração com a segurança públicacomunicando crime de ação pública sempersecução penal ao paciente
• Crimes de terceiros• Ematos preparatórios
�Defesa do próprio médico
Entrega de documentos eminvestigação ouprocedimento judiciário
Obstáculo não é o sigilo emsi, pois váriossão os documentos de segredo exigidos naatividade investigatória ou jurisdicional – étransferência de segredos (fiscal, bancário, deconversas privadas, emails....).Obstáculo é o sigilo de atividadeprofisisonal, que não pode ser quebrado comprejuízo do cliente/paciente.
O segredo médico pertence ao paciente sendo omédico seu depositário e guardador, somentepodendo revelá-lo emsituações muito especiaiscomo: dever legal, justa causa ou autorizaçãoexpressa do paciente.Autorização expressa do paciente– segredo é emseu favor. Ninguémpode ser obrigado a exercerumdireito.O consentimento deve ser consciente e resultantede uma vontade esclarecida, prestado de maneiraexpressa e não pode deduzido tacitamente decomportamentos.
Se falece o paciente, por analogia incide oparágrafo único do art. 12 do Código CivilBrasileiro, como sigilo sendo passado ao cônjugesobrevivente, ou qualquer parente emlinha reta, oucolateral até o quarto grau.
Justa Causa -valor ponderável de riscos.
Dever Legal - observada a proporcionalidade,vem a lei a exigir a publicização parcial ou plenade documentos médicos, ou comunicações.
Código Penal, Art. 269 - Deixar o médico dedenunciar à autoridade pública doença cujanotificação é compulsória. Pena - detenção de seismeses a dois anos, e multa, de quinhentos a três milcruzeiros.Lei das Contravenções Penais, Art. 66 -Deixar decomunicar à autoridade competente... II -crime deação pública, de que teve conhecimento no exercíciodamedicina ou de outra profissão sanitária, desde quea ação penal não dependa derepresentação e acomunicação não exponha o cliente a procedimentocriminal . Pena - multa de trezentos mil réis a trêscontos de réis.
Lei nº 9.434, de 04/02/97 – Lei dos Transplantes deÓrgãos, Art. 13. É obrigatório, para todos osestabelecimentos de saúde,notificar , às centrais denotificação, captação e distribuição de órgãos daunidade federada onde ocorrer,o diagnóstico demorte encefálica feito em pacientes por elesatendidos.
A revelação do segredo médico é permitida noscasos de abuso e/ou sevícia sexual para apurarresponsabilidades; nas doenças de notificaçãocompulsória; nos defeitos físicos ou doenças queensejemerro essencial quanto a pessoa e levemànulidade de casamento; nos crimes que nãoimpliquemem processo do paciente; na cobrançajudicial de honorários; ao testemunhar o médicopara evitar injustiça; nas perícias médicas; nosexames biométricos admissionais e previdenciáriase nos exames de sanidade mental paraseguradoras.
Impedimento de depor
Como parte
Código de Processo Civil, Art. 388.A parte não éobrigada adepor sobre fatos... II - a cujo respeito,por estado ouprofissão, deva guardar sigilo;Parágrafo único. Esta disposiçãonão se aplicaàsações de estado e de família.
Como testemunha
Código de Processo Penal – Art. 207. São proibidasde depor as pessoas que, emrazão de função,ministério, ofício ou profissão, devamguardarsegredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,quiseremdar o seu testemunho.Código Civil, Art. 144 - Ninguémpode ser obrigado adepor sobre fatos a cujo respeito, por estado ouprofissão, deve guardar segredo.Código de Processo Civil, Art. 448. Atestemunhanão é obrigada adepor sobre fatos... II - a cujorespeito, por estado ouprofissão, deva guardarsigilo.
Desobediência a ordemjudicial, ministerial ou daautoridade policial:
CRIME DE DESOBEDIÊNCIA – CódigoPenal. Art. 330 - Desobedecer a ordemlegal defuncionário público: Pena - detenção, de quinzedias a seis meses, e multa.
1. Ordem de servidor – e caráter cogente dajurisdição e da requisição ministerial.
2. Ordemlegal – a lei permite a requisição dedocumentos médicos?
3. Dolo (vontade livre e consciente) dedesobedecer a ordemlegal.
Há risco de persecução penal por desobediência,pois ninguémpode desatender comando legal deservidor – com mais força a cogente ordemjudicial.
Nem médico, nem organização (Conselho deMedicina) podemdesatender ordemjudicial.
Há risco deabsolvição apenas ao final– comofertada denúncia e denegação da absolvição sumária – poisa alegação defalta de dolo (não quis desatenderrequisição do Estado, mas proteger a confiança e apessoa de seu paciente) é normalmente tratada comomatéria de prova e de mérito, a seremsolvidas ao finaldo curso da ação penal.
Também as teses de excludentes da antijuridicidadepelo estrito cumprimento do dever legal ou deinexigilidade de conduta diversa tenderiama teradmissão apenas ao final do processo penal.
EM CONTRÁRIO
1. Prova ilegal: violação ao sigiloprofissional somente se dá comautorizaçãolegal ou do paciente/cliente.Não há dever jurídico de agir: médico nãotem obrigação (nem pode) de entregardocumentos confidenciais.2. Dolo não inferido das circunstânciasfáticasMittermayer afirma que oordinário sepresume e o extraordinário se prova.
Ordinário seria o médico rejeitar a entrega dedocumentos na proteção do cliente e não pordesatendimento a ordemlegal de servidor público.Assim, salvo prova inicial de dolo, este não seriapresumido.
Jurisprudência
Crime quando há interesse do pacienteQuando o paciente se coloca na posição desujeitopassivo de imperícia médica, não cabe ainvocação do preceito expresso no art. 102 doCódigo de Ética para desatender requisição judicialda 'ficha clínica' pertinente, por isso que, então,configurada hipótese de justa causa a revelação"(RJDTACRIM26/247).
Fica caracterizado o crime de desobediência quando omédico desatende reiteradas vezes ofícios expedidospor juiz a requerimento de autora de açãoprevidenciária visando o fornecimento de seuprontuário (RT705/332 – TACRSP)
Desobediência. Delito caracterizado emtese. Médicoque, emnome do sigilo profissional, se recusa afornecer esclarecimento à Justiça, acerca de crime deque fora vítima a sua paciente. Inquérito, entretanto,instaurado por solicitação desta. Ausência, pois, deconstrangimento ilegal. Habeas corpus denegado.Inteligência dos arts. 330, 269 e 154 do Código Penal"(RT 515/316- TACRSP).
Habeas Corpus - Determinação judicial para fornecimentode prontuário médico - Constrangimento ilegal -Inocorrência - Alegação de violação ao sigilo previsto noCódigo de Ética Médica - Inadmissibilidade: - Inteligência:art. 102 do Código de Ética Médica, art. 108 do Código deÉtica Médica . Inocorre constrangimento ilegal, sanável viaHabeas Corpus, na determinação judicial para Diretor deHospital fornecer prontuário médico a ser juntado eminquérito que apura possível crime de lesão corporalpraticado contra paciente da instituição, vez que o sigilo,previsto no Código de Ética Médica, resguarda a intimidadedo doente e não a conduta profissional do Médico, sendocerto ainda que, se a própria vítima recorre à Polícia para sequeixar de mau atendimento, não existe intimidade a serassegurada. (HC281.108/0 )
Sigilo no contato comadvogado:
Não fere o disposto no art. 330 do CPa recusa doadvogado em prestar inforrmações pedidas ourequisitadas pelo Ministério Público sobre fatoshavidos emprocesso no qual funcionou, bemcomo emnão forneceresclarecimentos acerca desuas relações profissionais comseu clienteparticular . A questão está afeta exclusivamenteaos órgãos disciplinares da Ordemdos Advogadosdo Brasil. Para que haja desobediência é precisoque a ordemseja legal e o agente tenha o deverjurídico de obedecê-la (RT695/348- TJMG).
Advogado. Crime de desobediência. Ainviolabilidade do mandato recebido confere aoadvogado o direito de não revelar informação que,a seu juízo, possa prejudicar seu constituinte. Nãopratica o crime de desobediência o advogado quedesatende a intimação judicial que lhe ordenefornecer o endereço residencial de seu constituinte(JTAERGS74/11 e RT660/332).
Ordem ilegal
Desobediência. Inexistência. O crime dedesobediência (CP, art. 330), como é da estruturadas infrações penais, requer conduta ilícita, ou seja,oposta ao Direito. Neste, não há contradiçãológica. Resistência ao cumprimento de mandadojudicial é lícita, uma vez expedida liminar, porórgão competente, sustando aquela ordem.Inexistência de crime (RHC1.872-SP-DJUde 3-8-1992, p. 11.334).
Agravo de instrumento – Mandado de segurançacontra ato de promotor de justiça – Competência dojuízo de primeiro grau – Requisição de prontuáriomédico pelo Ministério Público emprocedimentoinvestigatório – Recusa do profissional – Concessãode liminar para assegurar o sigilo médico –Admissibilidade – Decisão mantida – Agravodesprovido – O poder de requisitar documentosconferido ao Ministério Público encontra obstáculo nosegredo profissional, como é o caso do sigilo médico,instituído pelo Código de Ética Médica, comrespaldoconstitucional. (TJPR– Ag Instr 0118624-7, 2002).
Do voto, se extrai: ... mesmo que o segredo versesobre ato criminoso, deve ser guardado guardado.Entre dois interesses colidentes - o de assegurar aconfiança geral dos confidentes necessários e o darepressão de umcriminoso - a lei do Estado prefereresguardar o primeiro, por ser mais relevante. Poroutras palavras: entre dois males - o da revelação dasconfidências necessárias (difundindo o receio geral emtorno destas, comgrave dano ao funcionamento davida social) e a impunidade do autor de umcrime – oEstado escolhe o último, que é o menor' (Comentáriosao Código Penal, p. 261).
De outra forma, não há como acenar-se comagarantida outorgada ao indivíduo que procura ajuda deprofissional de sua confiança, na persuasão de que osfatos compartilhados não escaparão àquela órbitarestrita, seno futuro acabasse o interessado por vê-losestampados a terceiros e mais – caracterizaremprovacontra si, comprometendo inclusive o princípioconstitucional da ampla defesa. - TJPR, Agravo deinstrumento 118.624-7.
Prevalente interesse estatal – administrativo e criminal
Segredo profissional. A obrigatoriedade do sigiloprofissional do médico não temcaráter absoluto. Amatéria, pela sua delicadeza, reclama diversidade detratamento diante das particularidades de cada caso. Arevelação do segredo médico emcaso de investigação depossível abortamento criminoso faz-se necessária emtermos, comressalvas do interesse do cliente. Na espécie ohospital pôs a ficha clinica a disposição de perito medico,que "não estará preso ao segredo profissional, devendo,entretanto, guardar sigilo pericial" (art-87 do código deética medica). Por que se exigir a requisição da fichaclínica?
Nas circunstâncias do caso o nosocômio, de modocauteloso, procurou resguardar o segredoprofissional. Outrossim, a concessão do "writ",anulando o ato da autoridade coatora, não impedeo prosseguimento regular da apuração daresponsabilidade criminal de quemse achar emculpa. Recurso extraordinário conhecido, emfaceda divergência jurisprudencial, e provido. Decisãotomada por maioria de votos”. (STF, RE91218/SP,1981)
Administrativo e criminal. Requisição de prontuário.Atendimento a cota ministerial. Investigação de“queda acidental”. ARTS. 11, 102 e 105 do Código deÉtica. Quebra de sigilo profissional. Não verificação.O sigilo profissional não é absoluto, contémexceções,conforme depreende-se da leitura dos respectivosdispositivos do Código de Ética. A hipótese dos autosabrange as exceções, considerando que a requisição doprontuário médico foi feita pelo juízo, ematendimentoà cota ministerial, visando apurar possível prática decrime contra a vida. Precedentes análogos”. (STJ,ROMS11453, 2003)
Melhor à sociedade é a proteção de sigilosprofissionais, para o pleno exercício damedicina, advocacia e atividades que exigemaplena confiança do paciente/cliente.
Cabe à jurisprudência conformar o interessepatrimonial de terceiros e a persecução porcrimes à prevalente proteção do sigiloprofissional.