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CARMO, Maristela S. do A produção familiar como locus ideal da agricultura sustentável, Agricultura em São Paulo, SP, 45(1):1-15, 1998. (ISSN 0044-6793). A PRODUÇÃO FAMILIAR COMO LOCUS IDEAL DA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL Maristela Simões do Carmo 1 RESUMO: O trabalho versa sobre o estudo dos espaços da agricultura sustentável no locus privilegiado da produção familiar, inseridos nas novas tendências de flexibilização da oferta agrícola. Diante dos novos padrões de consumo objetiva, visto sob outro ângulo, explorar as características da agricultura em bases familiares vis-à-vis as possibilidades de uma determinada agricultura sustentável, qual seja, aquela que se opõe ao padrão tecnológico de acumulação da revolução verde. Palavras chave: Desenvolvimento rural sustentado, flexibilização da produção agropecuária, agricultura familiar, sustentabilidade agrícola. SUMMARY: The main subject of this paper is to study the sustainable agriculture spaces emphasizing the familiar production as an ideal locus in the context of new flexibilization tendencies of the agriculture supply. In the other hand, concerning the consumption new patterns, it looks for to explore the agriculture characteristics on familiar basis vis-à-vis the possibilities of the specified sustainable agriculture discussed in this text, in opposition to the green revolution accumulation technology pattern. Key words: Sustainable rural development, supply flexibilization, familiar agriculture, agricultural sustentability. INTRODUÇÃO As idéias aqui colocadas pretendem levantar pontos para aprofundar as discussões acerca de dois grandes temas sumamente atuais e importantes, tanto nas sociedades pós- industriais avançadas quanto em países ainda em atraso no seu desenvolvimento: a produção agropecuária em bases familiares e a evolução tecnológica apoiada no paradigma da sustentabilidade. Logo de início surgem questionamentos quanto à ambigüidade dessas temáticas, uma vez que a conceituação da terminologia tem relação com a inserção social dos interlocutores.

A Produção Familiar

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  • CARMO, Maristela S. do A produo familiar como locus ideal da agricultura sustentvel,

    Agricultura em So Paulo, SP, 45(1):1-15, 1998. (ISSN 0044-6793).

    A PRODUO FAMILIAR COMO LOCUS IDEAL DA AGRICULTURA SUSTENTVEL

    Maristela Simes do Carmo1

    RESUMO: O trabalho versa sobre o estudo dos espaos da agricultura sustentvel no locus privilegiado da produo familiar, inseridos nas novas tendncias de flexibilizao da oferta agrcola. Diante dos novos padres de consumo objetiva, visto sob outro ngulo, explorar as caractersticas da agricultura em bases familiares vis--vis as possibilidades de uma determinada agricultura sustentvel, qual seja, aquela que se ope ao padro tecnolgico de acumulao da revoluo verde. Palavras chave: Desenvolvimento rural sustentado, flexibilizao da produo agropecuria, agricultura familiar, sustentabilidade agrcola.

    SUMMARY: The main subject of this paper is to study the sustainable agriculture spaces emphasizing the familiar production as an ideal locus in the context of new flexibilization tendencies of the agriculture supply. In the other hand, concerning the consumption new patterns, it looks for to explore the agriculture characteristics on familiar basis vis--vis the possibilities of the specified sustainable agriculture discussed in this text, in opposition to the green revolution accumulation technology pattern. Key words: Sustainable rural development, supply flexibilization, familiar agriculture, agricultural sustentability. INTRODUO

    As idias aqui colocadas pretendem levantar pontos para aprofundar as discusses

    acerca de dois grandes temas sumamente atuais e importantes, tanto nas sociedades ps-

    industriais avanadas quanto em pases ainda em atraso no seu desenvolvimento: a produo

    agropecuria em bases familiares e a evoluo tecnolgica apoiada no paradigma da

    sustentabilidade.

    Logo de incio surgem questionamentos quanto ambigidade dessas temticas, uma

    vez que a conceituao da terminologia tem relao com a insero social dos interlocutores.

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    Ou seja, quais so as bases sociais que apoiam determinado conceito analtico para se estudar

    a produo familiar? Que condies sociais devem emergir para que se processe uma

    transio agricultura sustentvel? A qual sustentabilidade se refere e quais estratos sociais

    incorporam qual conceito?

    Se de um lado as dificuldades se reportam natureza conceitual dos temas segundo

    pontos de vistas de classes sociais, existem tambm os aspectos multidimensionais relativos

    aos diferentes estgios de desenvolvimento entre os pases e mesmo regionalmente dentro de

    cada pas. E ademais, alm da evoluo histrica das relaes sociais de produo e dos

    diferentes nveis de desenvolvimento econmico, confronta-se ainda com novas tendncias

    mundiais na trajetria do crescimento industrial. A reestruturao dos sistemas econmicos

    dos pases de capitalismo avanado, com base numa terceira revoluo industrial, est

    ocorrendo tanto ao nvel da oferta como da demanda por alimentos. Nesse sentido, as formas

    de produzir, circular e consumir os produtos agrcolas, esto se alterando, com forte contedo

    de servios nos estgios finais de processamento. O eixo da acumulao capitalista desloca-

    se do modelo fordista2 quele de carter flexvel e diversificado.

    O objetivo deste artigo discutir as possibilidades da agricultura sustentvel, e da

    produo familiar, face s novas tendncias mundiais de reestruturao do sistema

    agroalimentar. Visto de outro ngulo, trata-se de estudar os espaos da agricultura sustentvel

    no segmento da produo familiar enquanto um lugar privilegiado de mxima aderncia aos

    sistemas produtivos no convencionais3, visando preencher as caractersticas dos padres

    emergentes da demanda de alimentos. Nesse sentido espera-se balizar a interpretao dos

    instrumentais terico-metodolgicos na compreenso das interfaces das dinmicas familiares

    de produo, evoluo do paradigma sustentvel e tendncias de reorganizao mundial da

    indstria agroalimentar.

    AMPLITUDES CONCEITUAIS

    1 Prof Dr da Faculdade de Cincias Agronmicas da UNESP, Botucatu. Email: [email protected] 2 Fordismo o perodo do desenvolvimento capitalista, cujo auge ocorreu no ps segunda guerra mundial (1950 - 1975), e que se convencionou chamar idadde de ouro do capitalismo. Caracteriza-se por uma organizao do processo de trabalho em linhas de montagem e produo em srie, fabricando produtos indiferenciados dentro de um padro de rigidez tecnolgica. Ao lado da produo em massa acoplou o consumo em massa, possivel graas poltica salarial fordista, com base no compromisso de redistribuio dos ganhos de produtividade aos assalariados. A lgica produtiva espelha-se em economias de escala e estruturas superdimensionadas, alm da forte presena do Estado. A concepo do desenvolvimento e da felicidade se d no consumo crescente de mercadorias, o que levou este modelo a ser conhecido tambm como o american way of life (LIPIETZ, 1991). 3Sistemas convencionais de produo devem ser entendidos, neste texto, como aqueles em regime de explorao sob o paradigma da revoluo verde, onde o emprego de sementes geneticamente manipuladas para o aumento da produtividade associado ao uso macio de agroqumicos. Esse pacote tecnolgico, enquanto um conjunto ordenado de tcnicas, considerado hegemnico, embora em pases como o Brasil, no tenha atingido a totalidade das regies e dos agricultores.

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    A discusso sobre o tema desenvolvimento rural sustentado confronta-se, de incio,

    com a relatividade do adjetivo que qualifica o desenvolvimento. Conceitualmente, torna-se

    difcil operacionalizar a sustentabilidade do desenvolvimento, uma vez que, alm dos

    interesses econmicos e de classes sociais envolvidas, h a necessidade de compatibilizar o

    que deve sustentar-se do que deve desenvolver-se. Apesar do termo sustentvel implicar, num

    certo sentido, a imutabilidade no tempo e no espao, a noo de desenvolvimento pressupe o

    inverso, a necessria mutao, o crescimento nesta intemporalidade espacial. Ento como

    concili-los para que sustentabilidade seja entendida de forma dinmica, e desenvolvimento

    pressuponha limites na efetivao do bem estar econmico para poder-se realizar um bem-

    estar social e ambiental?

    A noo de tecnologias sustentveis tambm mostra-se contraditria e com conotaes

    ideolgicas e culturais. A amplitude da sustentabilidade da tecnologia vai da engenharia

    gentica, codificadora da vida, que ainda no conhece seus impactos na cadeia biolgica-

    alimentar, ao resgate de prticas primitivas de produo. No h consenso sobre um equilbrio

    tecnolgico, aonde no se percam os ganhos de produtividade alcanados, mas tambm no se

    ouse em demasia na direo de um futuro incerto e arriscado quanto estabilidade gentica da

    prpria vida.

    Atualmente, a banalizao das expresses sustentabilidade, meio ambiente e ecologia,

    pode mascarar a seriedade necessria ao manuseio e operacionalidade destas terminologias,

    levando uma vulgarizao inconseqente da chamada questo ambiental. O momento

    importante para uma consolidao conceitual em direo ao equilbrio. Os problemas da

    natureza tm que ir alm de um modismo, mesmo que conseqente e catastroficamente

    impressionveis. Tm que atingir a sociedade global, de forma solidria, e mais, embutir nas

    classes dirigentes outras racionalidades ticas que se manifestem em estratgias econmicas

    diferentes das atuais. Isso implica em manter e melhor distribuir os progressos tecnolgicos e

    o bem estar material alcanado pela humanidade, sem destruir a base natural sobre a qual se

    apoiam.

    O crescimento atravs da desigualdade, modelo at hoje vigente, e que j teve seus

    anos dourados (1950/1975), levou a uma produo em massa de alimentos, porm, com mais

    fome, misria e desperdcio (HOBSBAWN, 1995).

    A viso da misria como a pior das poluies advm dessa desigualdade de

    crescimento, enquanto um fenmeno mundial, levando os pases centrais a um superconsumo,

    e a maior parte da populao mundial, pobreza e fome. Nos pases com industrializao

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    recente, (New Industrialized Countries - NICs), principalmente na Amrica Latina, a

    convivncia da misria com a opulncia foi tamanha que durante muitos anos, seno at os

    dias atuais, os subprodutos do boom desenvolvimentista, a poluio e a destruio da base

    natural, foram considerados bem-vindos e incentivados pelas autoridades governamentais.

    As preocupaes com a natureza, a despeito de uma maior conscientizao popular no

    Brasil da dcada de 80, eram meras retricas em nveis de discurso, planos ou programas de

    governo. Na fase eufrica do crescimento econmico, onde o bolo cresceu concentrado, os

    papis marginais do social e do ambiental expressaram-se nas assertivas do governo ao abrir

    as portas ao capital internacional, reforando a idia dos espaos continentais brasileiros

    capazes de absorver uma poluio necessria e pouco impactante ao desenvolvimento

    industrial nacional.

    Embora a criao de orgos estatais para gesto ambiental se iniciem j na dcada de

    70, muito mais com a funo de atenuar a imagem negativa do pas, foi somente com a

    Constituio de 1988 que se incorporou, literalmente, a defesa do meio ambiente atravs de

    polticas ambientais, na tentativa de se controlar as atividades econmicas (MAIMON, s.d.).

    No entanto, as amplitudes conceituais persistem, num verdadeiro dilogo de surdos, o

    que somente favorece segmentos sociais organizados apoiados na elite dirigente, mais voltada

    sua prpria reproduo e ampliao. preciso, portanto, que se pontue a viso sustentada

    do desenvolvimento no mbito deste trabalho, afim de clarear sobre qual desenvolvimento

    faz-se referncias.

    Seguindo a linha da Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

    (CMMAD, 1988), preconiza-se desenvolvimento sustentvel alicerado em trs eixos,

    econmico, social e ambiental, interrelacionados, num processo de transformao que

    transcende limites geogrfico-polticos e coloca a sobrevivncia do Homem, e das outras

    espcies, como seu objetivo maior. Entende-se o sustentvel como um desenvolvimento

    social e de progresso econmico, mantendo e conservando os recursos naturais, origem do

    futuro comum de uma humanidade que pretende tornar os impactos econmicos sobre o meio

    ambiente coisas do passado. Nesse sentido o ambientalismo, face poltica da questo

    ambiental, representa uma subverso aos valores atuais, e deve recolocar antigas questes

    como cultura e tica.

    Fica, nesse caso, o desafio poltico para uma nova relao entre os homens. Da

    resoluo dos problemas especficos - distribuio de riqueza, alimentao, energia , poluio,

    urbanizao, industrializao e crescimento populacional - aos esforos da administrao de

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    reas comuns do globo terrestre, da paz e segurana internacional, e da evoluo mais

    harmnica das economias nacionais. O desenvolvimento rural sustentado insere-se nesse

    contexto.

    TECNOLOGIA E SOCIEDADE

    No caminho trilhado pela revoluo tecnolgica perpassa a incompatibilidade entre o

    atual crescimento econmico e a possibilidade de se preservar a base natural dos recursos

    produtivos para as geraes futuras. O tecnicismo, enquanto sada inconteste para as mazelas

    distributivas, sociais e econmicas, enquanto soluo para os problemas ambientais, parece

    ter esgotado seu poder de persuaso, embora o avano ps-75 da tecnologia da informao, da

    engenharia gentica e da robotizao procure alterar esse quadro, eliminando as velhas

    tecnologias consideradas sujas. Os modelos massais de Ford, concentrados em produo,

    dispendiosos em capital e poluidores na sua base energtico-produtiva, podero ser

    substitudos por outros, mais leves, do racionalmente econmico just in time4 e com tcnicas

    ambientalmente pouco impactantes a olho nu.

    Indstrias limpas exigem alta tecnologia e elevados investimentos em pesquisa e

    desenvolvimento, iniciando-se, alm disso, estratgias de produo e marketing na linha da

    ISO 14000, a ISO ecolgica. A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), que

    representa o Brasil na International Organization for Standardization, prev a perda de fatias

    do mercado consumidor para as empresas que no produzirem de forma ecologicamente

    correta (Revista ABNT, 1996).

    Alm disso, o padro tecnolgico atual da agricultura produz a custos crescentes, e o

    modelo produtivista intensivo da idade do ouro sofre um questionamento do ponto de vista

    ambiental, principalmente porque as superprodues de alimentos e os excedentes agrcolas

    dos pases industrializados centrais induzem a novos caminhos para a indstria alimentar com

    vistas a manuteno do nvel de acumulao.

    Os problemas ambientais, extrapolando a esfera do movimento ambientalista para

    ocupar considervel espao na esfera institucional, tem nos pases capitalistas lderes maior

    presso por mudanas no padro tecnolgico de produo. No atual padro produtivo, a

    4 O conceito just in time nasceu com o sistema Toyota de produo (Toyotismo ou ps-fordismo). Este se constitui no modo de organizao do trabalho em bases mais flexveis, produzindo pequenos lotes de bens diferenciados. Emprega maciamente a automao e a microeletrnica, alm de novas formas organizacionais como o suprimento de peas e componentes, sem defeitos, e na quantidade que apenas se necessita naquele exato momento (just in time), eliminando estoques e desperdcios. Renova o conceito de custos e introduz maior flexibilidade funcional. Surgiu no Japo como uma alternativa crise do sistema fordista de produo e, procura se centrar numa lgica de respostas rpidas e flexveis a uma demanda diversificada e voltil (MACEDO NETO, 1989).

  • 6

    indstria de insumos agrcolas causa graves danos ambientais, e as presses que recebe do

    indcios de alterao na sua forma de agir. Esto abertos os caminhos para mudanas na forma

    de produzir na agricultura. O padro tecnolgico est em transio, em fase de mudanas. A

    questo est em qual ser a nova direo do progresso tcnico na agricultura e se existe

    espao para uma agricultura sustentvel em bases cientficas, com condies de competir com

    a agricultura convencional da revoluo verde.

    A transio do progresso tcnico na agricultura tem forte apoio na maior

    diversificao da demanda, face saciedade em alimentos bsicos da populao do primeiro

    mundo. No mundo subdesenvolvido, embora a fome endmica no esteja resolvida, a

    tecnologia de ponta incorpora-se tardiamente, num processo histrico de dependncia

    tecnolgica. A tecnologia, fruto das relaes sociais de produo historicamente

    determinadas, aparece muitas vezes, contraditoriamente, como soluo para resolver os

    problemas sociais. o caso da modernizao conservadora da agricultura brasileira que

    colocou no aumento da produtividade a sada para as questes sociais do campo.

    De outro lado, a imposio das sociedades industriais modernas que, ao desorganizar a

    produo centrada no valor de uso, facilmente subordina o homem s necessidades de

    reproduo e ampliao do capital, concebe a natureza como objeto e base da explorao

    humana. Visto sob este ngulo, o padro tecnolgico promove com sucesso, a separao

    homem-natureza. Coloca o sujeito dessa relao fora da natureza, implicando em processos

    dominadores sobre esta, que ironicamente, so apenas panos de fundo para a dominao do

    homem pelo homem. E a cincia, enquanto fruto dessas relaes, legitima tais prticas.

    Instituda pelas possibilidades histricas e efetivada atravs de disputas sociais, a

    forma tecnolgica de dominao social no necessariamente imutvel. A cincia do atual

    paradigma atomstico-individualista est sendo questionada, j que as solues dos problemas

    ambientais no se esgotam apenas na mediao tcnica homem-natureza, mas

    fundamentalmente na luta poltica.

    REORGANIZAO MUNDIAL DO SISTEMA AGROALIMENTAR E A INSERO DA AGRICULTURA SUSTENTVEL

    As tendncias mundiais de reorganizao do sistema agroalimentar apontam para uma

    maior flexibilizao da produo, muito embora os caminhos da oferta agrcola ainda no

    estejam perfeitamente definidos. Como estratgia de sobrevivncia era das crises os

  • 7

    pases centrais vm investindo em novas tecnologias, alterando as formas de produzir e

    comercializar, e criando novas necessidades de consumo. O rearranjo estrutural das indstrias

    alimentares est ocorrendo em nvel mundial de acordo com as caractersticas internas de cada

    pas, ou seja, em funo do seu padro econmico, nvel tecnolgico e perfil distributivo de renda

    o que propicia a maior ou menor incorporao de novos produtos alimentao bsica.

    O impulso vigoroso da oferta agrcola via technology push5, vem perdendo alcance

    medida em que se acentuam os sinais na direo de um saturamento e, talvez, at de um colapso

    no sistema produtivo internacional. Os sinais do desmonte desse modelo apontam para novas

    formas de produzir, tendo grande impulso com o desenvolvimento da microeletrnica. A

    terceirizao, parceria e especializao so exemplos do desmonte de estruturas administrativas

    superdimensionadas, que no padro anterior significavam condies de competitividade, e que

    resultaram na obteno de produtos indiferenciados para consumo massal, produzidos em

    srie na linha de montagem taylorista6, especializando o trabalho mas desqualificando o

    trabalhador. Grandes plantas, associadas a grandes estoques, eram ento adequadas

    parcelizao da mo-de-obra e separao entre concepo e execuo das atividades num

    esquema rgido de automao da produo. A sobreposio dos servios sobre os processos

    produtivos propriamente ditos um outro elemento das transformaes recentes.

    A era do predomnio irrestrito das commodities est acabando. Hoje o mercado se

    segmenta entre produo de massa de origem fordista e produo flexvel da nova fase de

    diferenciao dos produtos.

    Ao padro fordista, rgido em automao e diviso do trabalho, com produo

    massificada e em srie, de poucos produtos indiferenciados, grandes plantas industriais e alta

    capacidade de estocagem, contrape-se agora o padro flexvel, que contrariamente ao anterior,

    necessita de plantas industriais e mquinas menores, conseguindo com a mesma base produtiva,

    atravs de adaptaes, produzir maior variedade de bens em quantidades menores e reguladas.

    Conseqentemente, a fragmentao crescente de produtos que passa a caracterizar o

    mercado, vai tornar mais complexas as funes de venda e de circulao diria de diferentes

    produtos em diferentes locais. Logo, mais do que a inovao tcnico-produtiva propriamente dita,

    5 So movimentos associados aumentos de produtividade a partir de inovaes tecnolgicas, resultando em aumentos virtuosos da produo e do valor adicionado dos bens consumidos. Nesse processo, os consumidores tm papel irrelevante e so levados a consumir produtos originados a partir de estratgias tecnolgicas pelo lado da produo. 6 O taylorismo compreende as bases organizacionais de produo associadas ao princpio da mecanizao. Desenvolvidas por Taylor, em fins do sculo passado e incio deste, emprega os mtodos da organizao cientfica do trabalho, e coloca nfase na separao completa entre o planejamento e concepo da produo, e a execuo das tarefas. Com a especializao maior do trabalho, introduziu o que ficou conhecido como o princpio do controle dos movimentos e dos tempos para as diferentes fases do processo de produo.

  • 8

    a gesto gerencial-administrativa que proporcionar as vantagens concorrenciais e de

    produtividade (GREEN & SANTOS, 1991).

    Isso no elimina o consumo atual de produtos tradicionais, que convivem com produtos

    novos. Alm disso, o mercado varejista tem papel determinante nesse processo, pois, ao refletir,

    em certa medida, os desejos dos consumidores, consegue impor condies s indstrias, que so

    obrigadas a investir em marketing para promover seus produtos e conquistar espaos nos

    supermercados.

    O que importante registrar a tendncia da diversificao do consumo em funo da

    saturao do mercado aos produtos tradicionais e, dos novos comportamentos sociais e

    econmicos. Grandes tendncias marcam as transformaes qualitativas do consumo nos pases

    desenvolvidos, e devero constituir o cenrio sobre o qual as empresas vo apoiar suas estratgias

    de crescimento. So movimentos que marcam a presena cada vez maior da mulher no mercado

    de trabalho, o aumento das refeies fora do domiclio, o uso de congelados e alimentos prontos,

    e o avano na tecnologia de preparao e cozimento. O aparecimento de precaues dietticas e

    nutricionais, a procura pela qualidade de vida, que inclui alimentao natural e saudvel, produtos

    com baixo valor calrico e sem colesterol, e novos valores sociais, como a no agresso ao

    ambiente e a defesa do consumidor, so pautas a serem seguidas.

    Enquanto os pases desenvolvidos apostam na diferenciao cada vez maior dos produtos

    como sada para enfrentar a concorrncia pela preferncia de consumidores saciados, os

    subdesenvolvidos tm tal estratgia direcionada parcela da populao com altas rendas. No

    Brasil a renovao da estrutura industrial do setor alimentar est se dando, semelhana do que

    ocorre nos pases desenvolvidos, porm com uma defasagem temporal, o que parte da estratgia

    concorrencial e de ganhos de produtividade das empresas lderes em mercados desenvolvidos de

    soma-zero, ou seja, em situaes onde o mercado, dada as caractersticas de renda elevada,

    encontra-se saciado em alimentos da pauta bsica de consumo. Vale dizer, que no Brasil de hoje,

    essencialmente urbano, desconsiderando os 32 milhes de pessoas que apenas conseguem

    subsistir (PELIANO, 1993) e a populao rural - cerca de 30% da populao total - que ainda

    consegue, em parte, se auto-abastecer de alimentos, tem-se o respeitvel potencial de consumo de

    70 milhes de pessoas para os mais variados produtos da indstria moderna (CARMO, 1994).

    Segundo BONNY, 1995, para atender mercados futuros, a agricultura dever produzir

    produtos de massa - das tradicionais commodities aos transgnicos - e, produtos de qualidade -

    melhores qualidades organolpticas e nutricionais, alimentos orgnicos/biolgicos e aqueles

  • 9

    voltados nichos de mercado. A produo de servios dever tambm ser parte das

    possibilidades do rural num processo de sua revalorizao e de novas demandas urbanas.

    Produtos novos, no entanto, devero tambm considerar a potencialidade dos mercados

    nacionais de baixo poder aquisitivo. A estratgia empresarial da diferenciao de produtos, como

    base da concorrncia entre empresas e do aumento nos ganhos de produtividade, deve direcionar-

    se s caractersticas do mercado nacional. Novos tipos de produtos podem ser lanados como

    parte das estratgias da oferta de alimentos, explorando as preferncias do consumidor, mas sem

    se esquecer dos hbitos, nveis de renda, e necessidades do consumidor mdio terceiromundista.

    A flexibilizao do sistema produtivo apoia-se no just in time japons onde estruturas

    produtivo-administrativas superdimensionadas implicam em custos insuportveis. Novas

    tecnologias de produo emergem com o "estoque zero" e tecnologias de automao que

    acabam por desarticular as estruturas rgidas do fordismo, e induzem as empresas a produzir

    lotes menores de produtos diferenciados para o atendimento de uma demanda diversificada,

    personalizada e exigente em qualidade. O relacionamento mais estreito e de mo dupla entre a

    produo e o consumo refora um padro diferente do fordismo, com sinergias tipo demand pull.7

    Para esse novo corpo so necessrias novas roupagens administrativas. A organizao da

    produo tambm sofre alterao, aproximando os trabalhadores da concepo da tarefa, alm

    da maior compreenso de todo o processo produtivo. O padro de plantas industriais flexveis

    consegue se adaptar com rapidez s alteraes da demanda por alimentos, e mais, aos

    aspectos organizacionais da produo.

    Dentro dessas tendncias mundiais a agricultura sustentvel insere-se como um campo

    promissor. Latu sensu, as potencialidades dessa agricultura aumentam, visto que

    sustentabilidade agrcola, muitas vezes, entendida como um conjunto de tcnicas capaz de

    minimizar impactos ambientais no curto prazo.

    O sucesso ou fracasso do homem, em sua relao com a natureza, no entanto, tm

    significados diversos dependendo das metas sociais propostas. Foram sucessos, por exemplo,

    os elevados ganhos de produtividade, com aumentos expressivos na quantidade total

    produzida, mas foram fracassos a fome que se estendeu a milhares de pessoas e a delapidao

    dos recursos naturais. Se antes a fome se localizava em redutos de rea com recursos naturais

    e climas inspitos, hoje ela se generaliza nos grandes centros urbanos e mesmo na zona rural

    desvalorizada e sem destino prprio. Por outro lado, ao se exaurirem os recursos da natureza, 7 So novos movimentos do mercado, no perodo ps-fordista, onde as inovaes tecnolgicas de produo consideram o consumidor como um elo importante nas estratgias das empresas para o lanamento de novos produtos, interagindo nos mecanismos oferta-demanda-oferta. H

  • 10

    aumentam os riscos da sobrevivncia biolgica, principalmente no que toca aos recursos

    naturais no renovveis.

    O modelo produtivista confronta-se com outros modelos tcnicos que tambm podem

    atingir altas produtividades. O potencial de crescimento das foras produtivas to auspicioso

    que o desafio da produo de alimentos no prximo milnio no passa pela questo

    tecnolgica. Na realidade sero os mecanismos de apropriao de lucros de qualquer

    novidade tecnolgica que indicaro os rumos das estratgias empresariais, restando para a

    questo ambiental um tratamento de conformidade com as relaes sociais de privilgios

    estabelecidas.

    Por isso, o qualificativo sustentvel da agricultura, oportunisticamente, possui diversas

    conotaes, conforme os interesses de classe. Os limites entre sustentar e desenvolver

    refletem-se nas dificuldades em se trilhar o desenvolvimento sustentado, que comea pela

    impreciso e falta de consenso sobre o termo.

    Uma concepo fsica de agricultura sustentvel a de manter a produtividade do

    solo, o que altera o enfoque produtivo da relao nutrio da planta x pragas x doenas, para o

    solo e suas reaes s tcnicas empregadas. A vida do solo, o equilbrio dos ecossistemas, a

    diversificao e o uso de matria orgnica so alguns dos elementos que devem ser

    repensados em uma nova agricultura. Porm, so pressupostos bsicos que embora sejam

    necessrios, no so suficientes para impor um novo padro tecnolgico sustentvel. A

    sustentabilidade, em sentido pleno, alm do enfoque tcnico-produtivo, que envolve o

    econmico, no pode prescindir dos enfoques ambiental, associado explorao dos recursos

    naturais, e social, ligado concentrao dos meios de produo (Quadro 1).

    A agricultura moderna fortemente mediada pela questo da escala de produo. A

    mecanizao intensiva pressupe grandes reas cultivadas que possam responder

    economicamente ao capital aplicado. Fertilizantes qumicos, agrotxicos e sementes

    geneticamente melhoradas completam o padro tecnolgico vigente, e so compatveis com

    as grandes monoculturas. Ou melhor, tornam-se necessrias prtica monocultural por esta

    simplificar o ecossistema agrcola e propiciar o estreitamento das bases genticas. O conjunto

    sementes melhoradas e agroqumicos, no presente, sinnimo de uniformidade gentica e

    lucro certo, porm com maior vulnerabilidade s pragas e doenas, e portanto, maior risco

    ambiental.

    uma preocupao com a maior influncia dos consumidores na concepo dos produtos, o que leva a ganhos de concorrncia entre as empresas e ao estabelecimento de estratgias de oferta diferenciadas (FANFANI et alii, 1990).

  • 11

    O padro intensivo de explorao agrcola poder ser substitudo sem ocorrer queda na

    produtividade, mas mister que se invista na pesquisa agropecuria para aumentar a

    eficincia dos sistemas sustentveis. necessrio um esforo da pesquisa no sentido de uma

    transio para uma nova agricultura, onde a manuteno e o aumento da fertilidade do solo, a

    preservao de outros recursos naturais e a permanncia dos valores culturais das populaes

    rurais sejam partes de um modelo de desenvolvimento com novas formas de produo e

    organizao social. Sem o que h o risco da cristalizao de uma agricultura sustentvel

    distante de reformas sociais.

    QUADRO 1.- Principais Diferenas Entre Agricultura Sustentvel e Convencional

    Agricultura Sustentvel Agricultura Convencional Aspectos Tecnolgicos

    1.Adapta-se s diferentes condies regionais, aproveitando ao mximo os recursos locais.

    1.Desconsidera-se as condies locais, impondo pacotes tecnolgicos.

    2.Atua considerando o agrossistema como um todo, procurando antever as possveis conseqncias da adoo das tcnicas. O manejo do solo visa sua movimentao mnima, conservando a fauna e a flora.

    2.Atua diretamente sobre os indivduos produtivos visando somente o aumento da produo e da produtividade.

    3.As prticas adotadas visam estimular a atividade biolgica do solo.

    3.O manejo do solo, com intensa movimentao, desconsidera sua atividade orgnica e biolgica.

    Aspectos Ecolgicos 1.Grande diversificao. Policultura e/ou culturas em rotao.

    1.Pouca diversificao. Predominncia de monoculturas.

    2.Integra, sustenta e intensifica as interaes biolgicas. 2.Reduz e simplifica as interaes biolgicas. 3.Associao da produo animal vegetal. 3.Sistemas pouco estveis, com grandes possibilidades de

    desequilbrios. 4.Agrossistemas formados por indivduos de potencial produtivo alto ou mdio, e com relativa resistncia s variaes das condies ambientais.

    4.Formado por indivduos com alto potencial produtivo, que necessitam de condies especiais para produzir, e so altamente suscetveis s variaes ambientais.

    Aspectos Scio-Econmicos 1.Retorno econmico a mdio e longo prazo, com elevado objetivo social.

    1.Rpido retorno econmico, com objetivo social de classe.

    2.Relao capital/homem baixa 2.Maior relao capital/homem. 3.Alta eficincia energtica. Grande parte da energia introduzida e produzida reciclada.

    3.Baixa eficincia energtica. A maior parte da energia gasta no processo produtivo introduzida, e , em grande parte, dissipada.

    4.Alimentos de alto valor biolgico e sem resduos qumicos.

    4.Alimentos de menor valor biolgico e com resduos qumicos.

    Fonte: Sistematizado e adaptado pela autora.

    As discusses sobre os conceitos bsicos, as experincias empricas e as tcnicas de

    uma agricultura sustentvel segundo o entendimento proposto, tm a inteno de ressaltar as

    possibilidades dessas prticas na manuteno do atual nvel da oferta agrcola. Vrias

    pesquisas, em nvel mundial, demonstraram a viabilidade tcnica do padro sustentvel de

    desenvolvimento da agricultura. Do ponto de vista econmico aumentam as possibilidades

    dos agricultores no convencionais, principalmente ao se institucionalizar um mercado

  • 12

    diferenciado para seus produtos8. Faltam, no entanto, mecanismos de incentivos econmicos

    para uma adoo crescente das prticas sustentveis em nvel do produtor. E mais, enquanto

    os problemas ambientais no as tiverem efetivamente incorporado ao sistema nacional de

    incentivos pesquisa e ao investimento agrcola, e mesmo ao custeio da produo, ficam

    diludas as possibilidades da expanso de uma nova agricultura, tecnicamente sustentvel,

    frente ao enfoque apenas produtivista do aparato institucional tradicional.

    Os destinos do progresso tcnico, em nvel mundial, so enfatizados no sentido de

    alterar o eixo quantitativo do desenvolvimento para a qualidade de vida, e em sendo assim

    fundamental relativizar o poder das solues tecnolgicas. Muito mais importante diminuir

    o superconsumo dos pases ricos e superar a pobreza absoluta da populao miservel do

    terceiro mundo.

    A LGICA FAMILIAR DE PRODUO E SUAS POSSIBILIDADES NUM CONTEXTO FLEXVEL DE SUSTENTABILIDADE AGRCOLA

    O conhecimento das caractersticas da agricultura familiar comporta o estudo da

    complexidade desse segmento produtivo no desenho claro dos seus contornos, buscando

    eliminar as ambigidades existentes. A definio precisa do objeto a ser estudado

    fundamental para a perfeita compreenso da dinmica envolvida. Pesquisas tm procurado

    avanar nessa questo, abrangendo aspectos conceituais que possam ser remetidos a diversos

    contextos internacionais. A anlise do funcionamento da explorao familiar vem no sentido

    de apreender sua lgica produtiva de produo enquanto um equilbrio da famlia e o

    comportamento econmico circundante. Para uma conceituao geral, LAMARCHE

    (1993:15), explicita que A explorao familiar, tal como a concebemos, corresponde a uma

    unidade de produo agrcola onde propriedade e trabalho esto intimamente ligados

    famlia.

    As trs principais funes apostas explorao familiar, produo, consumo e

    acumulao do patrimnio, lhe atribui uma lgica de produo-reproduo em que cada

    gerao procura assegurar um nvel de vida estvel para o conjunto da famlia e a reproduo

    dos meios de produo.

    O funcionamento de uma explorao familiar passa necessariamente pela famlia

    enquanto elemento bsico de gesto financeira - destinao dos recursos monetrios auferidos

    8 Para maiores detalhes consultar PRIMAVESI(1980); AUBERT(1985); ALTIERI(1989); BONNY (1995); HARKALY(1995); CARMO, MAGALHES & COMITRE (1995).

  • 13

    - e do trabalho total disponvel internamente na unidade do conjunto familiar. Nesse sentido,

    as decises sobre a renda lquida obtida com a venda da produo, fruto do trabalho da

    famlia, pouco tem a ver com a categoria lucro "puro" de uma empresa, representado pela

    diferena entre renda bruta e custo total9.

    Aos agricultores familiares o significado da remunerao do seu capital, terra e meios

    de produo, minimizado frente a quantidade de dinheiro que conseguem extrair do sistema

    de produo, quantidade que lhes permita viver e dar continuidade famlia. o projeto

    familiar que vai definir a destinao do dinheiro arrecadado.

    Crticas respeito da baixa adoo de tecnologias pelos agricultores familiares foram

    constantes em passado prximo. Porm, atualmente existe quase um consenso entre os

    analistas preocupados com esta questo, que as propostas tecnolgicas no esto adaptadas s

    reais necessidades dos agricultores, provocando adoes desiguais para um progresso tcnico

    que uniformiza as condies produtivas de todos (sic) agricultores.

    Na realidade os diagnsticos para se adequar a oferta tecnolgica realidade scio-

    econmica e agro-natural dos agricultores se apoiam em elementos tericos inadequados.

    Nesse caso, a compreenso corrente da racionalidade dos agricultores, da lgica empresarial

    das exploraes agrcolas e da caracterizao dos sistemas de produo, pelos formuladores

    da poltica agrcola-tecnolgica, encobre as reais necessidades desses agricultores (BRAVO,

    DORADO & CHIA, 1995).

    Ao pressupor para os agricultores familiares, semelhana dos empresrios agrcolas,

    a maximizao de uma funo utilidade, com liberdade para substituio de fatores de

    produo e atividades, e mais, o completo domnio da informao, o comportamento

    complexo daqueles agricultores reduz-se procura pela maximizao do lucro. Ademais,

    pressupe a completa dissociao da unidade de produo e da unidade de consumo,

    remunerando em separado os recursos produtivos.

    Considerando as diferenas entre o modelo patronal e o modelo familiar, pode-se

    superar a insuficincia e limitao das interpretaes sobre a dinmica familiar de produo,

    introduzindo a noo da racionalidade limitada do agricultor, enquanto modelo econmico.

    Este no chega otimizao da sua funo utilidade, dado que no tem a informao perfeita,

    mas tem uma grande capacidade adaptativa entre o timo e o satisfatrio possvel. Estabelece,

    assim, o equilbrio entre seus projetos e objetivos, os meios para atingi-los e os resultados que

    quer obter. As especificidades da organizao familiar frente capitalista, operando em trs 9Custo total compreende a remunerao de todos fatores de produo, inclusive juros sobre o capital, renda da terra e rendimentos do

  • 14

    direes, no dissociadas - produo, consumo e acumulao de patrimnio - procura o

    equilbrio entre elas em funo do conjunto domstico e da fase que atravessam quanto ao

    crescimento, maturidade ou regresso numrica. A lgica do consumo muito forte nesse

    grupo, onde capital e patrimnio se confundem, podendo ocorrer prosperidade familiar com

    renda capitalista declinante.

    Todo agricultor tem um conjunto de prticas tcnicas, econmicas e sociais coerentes

    com a finalidade dada ao seu sistema de explorao. Compatibiliza os objetivos familiares

    com o meio ambiente, interagindo elementos e subsistemas muito alm da constatao

    elementar da sua estrutura produtiva e das recomendaes tcnicas. por isso, que os

    agricultores familiares tm razo de fazer o que fazem (Brossier&Petit, apud DURAND, s.d.).

    Tm razes que permitem explicar porque atuam de maneiras diferentes entre si e em relao

    aos empresrios capitalistas.

    O conceito de explorao familiar, que procura apreender a importncia da pequena

    produo, no tendo como base categorias estritamente econmicas, necessariamente se

    contrape noo de empresa agrcola exclusivamente voltada ao mercado, usando

    tecnologia de ponta e, quase totalmente dependente da sociedade global, e mais, apresentando

    uma relao familiar nula no que se relaciona explorao agropecuria.

    Entre esses dois extremos ocorrem diferenciados graus de relaes produtivas. Do

    modelo campons ao modelo produtivista da empresa instala-se a diferenciao social da

    agricultura. No Brasil a importncia quantitativa da produo familiar cristaliza-se na

    tipologia de KAGEYAMA & BERGAMASCO (1989/90), onde, em 1980, dos 5,1 milhes de

    estabelecimentos rurais existentes, 3,6 milhes (70,5%) foram classificados como familiares,

    ou seja, utilizam o trabalho da famlia total ou parcialmente em relao ao emprego de mo-

    de-obra assalariada. Outra estimativa, mais recente, refere-se a 6,5 milhes de

    estabelecimentos familiares, ocupando uma rea de 100 milhes de hectares (GUANZIROLI,

    1994).

    Segundo LAMARCHE (1993), o grau de lgica familiar e a relao entre autonomia e

    dependncia da explorao ao mercado, mostram tipologias de explorao agrcola. Em seus

    extremos, pode-se definir quatro categorias de explorao: a empresa agrcola, a empresa

    familiar, a explorao moderna e a explorao camponesa. Assim, em um sistema de eixos

    cartesianos da autonomia em relao ao grau de relao familiar, a empresa agrcola se

    situaria como completamente dependente do mercado e no familiar; a empresa familiar

    empresrio.

  • 15

    como dependente do mercado e familiar; a explorao moderna como de mxima autonomia

    e no familiar e o campons como autnomo e totalmente familiar.

    A maior parte das exploraes familiares se situam entre esses extremos em diferentes

    graus de autonomia em relao ao mercado e em diversos nveis de atuao, trazendo uma

    grande diversidade na composio desse segmento. A coexistncia de unidades produtivas,

    com diferentes dinmicas internas inibe uma explicao geral para o funcionamento da

    produo familiar. preciso, pois, categorizar estas unidades atravs de critrios pr-

    estabelecidos. Entre os principais critrios scio-econmicos de funcionamento esto os

    sistemas de produo, que podem ser enfocados, principalmente, em relao varivel

    tecnolgica como a necessidade de modernizao; os sistemas fundirios que propiciam o

    acesso terra; e os sistemas de organizao scio-familiar que se configuram na contradio

    subordinao versus autonomia.

    Tais anlises implicam em extrapolar as avaliaes simplesmente econmicas para

    entender as relaes entre a organizao interna da produo em bases familiares e o mundo

    externo, consubstanciado no processo de produo/reproduo/acumulao, o que esclarece,

    em parte, a lgica do agricultor face ao processo produtivo e o equilbrio da famlia.

    A produo familiar , dada as suas caractersticas de diversificao/integrao de

    atividades vegetais e animais, e por trabalhar em menores escalas, pode representar o locus

    ideal ao desenvolvimento de uma agricultura ambientalmente sustentvel. fundamental,

    porm, que seja alvo de uma poltica estruturada e implementada para este fim. Um novo

    padro de desenvolvimento definido pela autosustentabilidade, potencializa a participao da

    agricultura familiar na oferta agrcola, embora no seja um segmento homogneo.

    A potencialidade tcnica dos agricultores familiares em seus diferentes matizes, coloca

    a necessidade de polticas diferenciadas, concebidas em um processo interativo junto aos

    agricultores nas suas regies produtoras, num enfoque de sistemas agrrios (MAZOYER,

    1988). Conceitualmente, sistemas agrrios implicam em explicar as mudanas histricas e as

    adaptaes geogrficas dos processos de produo, levando ao entendimento dos modos de

    explorao por uma sociedade rural, em um determinado espao, resultado da combinao de

    fatores naturais, scio-culturais, econmicos e tcnicos.

    Tecnologias caras so excludentes aos agricultores familiares, mas dentro dos limites

    da sua lgica encontram-se espaos que podem ser ocupados, principalmente se apoiados nas

    diretrizes da sustentabilidade da produo agrcola. BERDEGU & ESCOBAR (1995) citam

    exemplos de agricultores de vrios pases da Amrica Latina, que associados no

  • 16

    desenvolvimento de uma nova mentalidade, conseguiram identificar oportunidades de

    mercado e alcanar nveis competitivos de produtividade. Para citar apenas trs, a produo

    de alimentos naturais em Irupana-Bolvia, a de aspargos no Peru e a de feijes no Chile.

    Os produtos com sabor e qualidade, uma das tendncias emergentes do padro de

    consumo, abrem perspectivas a esses agricultores, visando no s a onda por produtos

    naturais/orgnicos, mas tambm aqueles de carter regional e especiais, em atendimento aos

    mercados diversificados e sofisticados.

    O fato desses produtos apresentarem diferenciao qualitativa em relao aos

    convencionais, lhes agrega um diferencial de valor de venda, fato que nem sempre

    acompanhado de maiores custos de produo. Normalmente, o emprego da mo-de-obra

    familiar e o uso de insumos produzidos internamente na fazenda que viabiliza a permanncia

    desses agricultores no longo prazo.

    O reordenamento do sistema agroalimentar, tambm no Brasil, pressupe que a

    questo da produo agropecuria um aprofundamento, em maior ou menor intensidade da

    evoluo dos padres de demanda. Os agricultores familiares, com maior disponibilidade

    relativa de mo-de-obra, adaptam-se mais facilmente obteno de produtos diferenciados,

    que se caracterizam em relao as commodities, pela incorporao de maior quantidade de

    trabalho. H que se considerar, mais uma vez, que a adjetivao sustentvel do

    desenvolvimento e da agricultura no se restringe simplesmente alteraes na base tcnica

    agronmica de produo, mas traz consigo a necessidade de polticas que possam, de fato,

    promover o acesso democrtico aos meios de produo e desconcentrao da renda.

    No menos importante a produo agrcola de pequenos agricultores, que ainda

    respondem por grande parte da produo de mercado interno, e que ainda nem se

    incorporaram revoluo tecnolgica da modernizao conservadora.

    A maior parte do feijo (63,6%) e da mandioca (86,2%) produzidos no Brasil se deu,

    de acordo com o Censo Agropecurio de 1985, a partir do nvel tecnolgico mais baixo, ou

    seja, empregando apenas sementes prprias ou ento sementes prprias associadas a prticas

    agronmicas inadequadas (CARMO, 1994). Essas porcentagens aumentam conforme diminui

    o desenvolvimento econmico do Estado. O grande divisor tecnolgico para os agricultores

    brasileiros o emprego de sementes certificadas, indicando, de um modo geral,

    principalmente entre os pequenos, o uso generalizado de sementes prprias empregadas ou

    no com prticas irregulares de cultivo.

  • 17

    Esse quadro acaba por demonstrar que parte da produo agrcola no Brasil, por fora

    das circunstncias, se mantm nos padres de sustentabilidade ecolgica. Para que os

    agricultores possam se inserir tambm num quadro de sustentabilidade social e econmica,

    faz-se mister mais investimento em pesquisa tecnolgica no convencional de agricultura,

    mais instrumentalizao e vontade poltica para que maior produtividade agropecuria em

    bases sustentveis reflita menores custos de produo e maior estabilidade social e econmica

    dos agricultores familiares.

    CONCLUSES

    O processo decisrio sobre os rumos da economia brasileira historicamente no

    contemplou o desenvolvimento social e muito menos o meio ambiente.

    Desde a conferncia em Estocolmo (1972) o avocado direito ao desenvolvimento dos

    pases pobres tem sido o pano de fundo para a defesa do crescimento sem limite. Enquanto as

    discusses sobre o crescimento zero tinham posies catastrficas para um modelo de

    super-desenvolvimento, semelhana dos Estados Unidos da Amrica, o mundo

    subdesenvolvido colocou sua retrica na tese dos pobres impedidos de crescer. De l para

    c, passando pela ECO-92, onde esta tnica no se alterou, a poltica ambiental mundial

    tornou-se sofisticada em retrica, mas pouco eficiente em aes.

    Os pases ricos no diminuram a presso na explorao dos recursos naturais, e

    portanto no alteraram seu padro de consumo, e os pobres no conseguiram, com esse eixo

    desenvolvimentista, diminuir as desigualdades sociais. Muito pelo contrrio, estas se

    acentuaram e, hoje h superproduo mundial de alimentos com mais fome. O problema

    ambiental tambm se globalizou e tanto mais perverso quanto mais pobres so as

    populaes atingidas.

    Isso refora a busca por um terceiro caminho. A sustentabilidade do desenvolvimento

    passa por problemticas de anlise, onde na obteno do produto social faz-se necessria uma

    redefinio, no s da questo ambiental, mas tambm das necessidades sociais e da

    racionalidade, exclusivamente econmica.

    No que diz respeito ao desenvolvimento rural sustentado urge implantar, efetivamente,

    uma poltica agrcola diferenciada onde se incluam as restries naturais no processo de

    deciso do uso alternativo dos recursos. Como faz-lo? Nesse caso, alm da deciso poltica,

  • 18

    o conhecimento terico-metodolgico indica caminhos entre diferentes formas de se

    interpretar e entender a sustentabilidade ecolgica. Para o estabelecimento de polticas

    pblicas adequadas a um desenvolvimento rural sustentado, conforme concebido

    anteriormente, fundamental relacionar as dinmicas sociais com os sistemas tcnicos e

    ambientais.

    Autores tem se ocupado dessa temtica10. Noes sobre capital natural, contabilidade

    ambiental, manejo dos resduos, qualidade biolgica de vida, entre outros, precisam se

    desvencilhar do conceito de renda como satisfao mxima da riqueza e bem estar social. Isso

    implica em uma alterao no paradigma vigente de produo. preciso no esquecer que a

    natureza tem limites na sua explorao, e antes que estes sejam atingidos, a humanidade

    precisa repensar seu desenvolvimento. E nunca demais lembrar as palavras que, no passado

    pronunciou o chefe ndio americano: O homem parte do tecido da vida....

    Por outro lado, uma poltica agrcola diferenciada ainda implica em reconhecer como

    legtimo o espao da agricultura familiar dentro das polticas pblicas. Concretamente, a fora

    poltica desse segmento pequena. Na dinmica social brasileira faz-se mister a organizao

    dos agricultores familiares em formas associativas. Hoje, o sistema creditcio financia a

    atividade produtiva em polticas por produto, enquanto uma poltica agrcola diferenciada

    dever propor-se financiar o sistema familiar de produo. O que significa assegurar

    agricultura como um todo a remunerao do seu trabalho, e no do lucro e da renda da terra

    strictu sensu.

    No fundo a mo-de-obra que organiza o processo de produo, de tal forma que a

    influncia do mercado, a escala de produo, a fertilidade natural e os meios de produo,

    entre outros, tm seu crivo na lgica familiar, onde a composio, a dinmica do sistema

    enquanto processos de acumulao e desacumulao, o ciclo de vida e os projetos gerais

    familiares passam por decises estratgicas dentro da rationale dos agricultores, que

    normalmente no a mesma da empresa agrcola. A intensidade da atividade econmica, em

    seus limites inferiores e superiores, dada pela composio familiar e portanto pela

    disponibilidade de trabalho.

    Os instrumentos convencionais de poltica agrcola no do conta dessas questes.

    Tanto o ambiente quanto a sociedade ficam fora das decises a partir da lgica estritamente

    produtivista. O desenvolvimento, para realmente ser sustentado, tem que considerar os limites

    10Ver sobre esse assunto MAY, 1995; CAVALCANTI (org.), 1995 e COSTANZA, 1991.

  • 19

    exaustivos da explorao dos recursos naturais e os agricultores menos favorecidos pela

    revoluo verde.

    A idade de ouro acabou. A crise que se instalou propicia elementos para a reflexo dos

    rumos do desenvolvimento escolhido. Resta-nos buscar solues, que sempre vo passar pela

    organizao da sociedade civil, credenciando os negociadores ao estabelecimento de novas

    regras. Interesses socialmente difusos, de atores mal organizados, pulverizam-se em grupos

    minoritrios ou individualizados, dificultando as gestes polticas mais abrangentes relativas

    a um desenvolvimento rural sustentvel. A referncia volta-se a necessidade de se escolher,

    democraticamente, novos personagens, comprometidos com estas questes, para negociar em

    novas bases, o resgate das dvidas sociais e ambientais pendentes no nosso pas.

    Desenvolvimento rural sustentado depende da tcnica, e esta fruto das relaes sociais,

    portanto, na luta poltica que se define a sustentabilidade do desenvolvimento.

    Observe-se que na arena da disputa entre interesses de classe colocam-se agora

    elementos novos, entre eles a exausto dos recursos naturais, a poluio ambiental e a nova

    era onde as determinaes scio-econmicas tendem globalizao. A histria vai nos dizer

    quem sero os atores vitoriosos, mas uma coisa certa, os limites sejam eles naturais ou

    tecnolgicos ainda esto presentes tanto nos pases desenvolvidos como, dolorosamente, no

    terceiro mundo.

    A agricultura sustentvel, banalizada no contexto atual, vista como tcnicas que

    podem minimizar alguns impactos ambientais. No entanto, ela s faz sentido em um contexto

    diferente, onde a diversidade seja privilegiada nas relaes fsicas e sociais de produo,

    conferindo novo carter s polticas pblicas enquanto um conjunto de instrumentos para se

    atingir determinadas metas, determinado desenvolvimento.

    Por isso, o desafio da produo de alimentos em uma economia globalizada e flexvel,

    atravs da agricultura sustentvel, implica, no Brasil, na retomada das discusses sobre

    polticas pblicas amplas e diferenciadas, reforma agrria, agricultura familiar e segurana

    alimentar. Fica claro porm, que no pequeno o esforo para um redirecionamento que leve

    a uma mudana no paradigma da pesquisa agrcola, principalmente quando esta est atrelada

    alteraes scio-polticas de carter estrutural.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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