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A QUESTÃO AGRÁRIA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DO PASSO REAL Pedro Vicente Stefanello Medeiros Doutorando em História UPF/ Bolsista Capes/Fapergs [email protected] Resumo: Objetivamos nesta comunicação elucidar o desenvolvimento de nossa proposta de Tese acerca da propriedade da terra e políticas de Reforma Agrária no processo de construção da barragem do Passo Real. A partir de 1967, para a construção da citada barragem, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul desapropriou 23.000 hectares de terras, desalojando milhares de famílias. O Governo Federal e o Governo do Estado realizaram um acordo onde a União se responsabilizaria pelo reassentamento das famílias. Contudo, foi possível evidenciar diversas contradições referentes a este processo, podendo sinalizar que até hoje há famílias que não foram reassentadas. Neste sentido, construiremos um debate inicial sobre a questão agrária no Passo Real através dos primeiros levantamentos documentais que fizemos com processos emitidos pelo INCRA e relatórios elaborados pela CEEE. Palavras-chave: Reforma Agrária; Propriedade; Desapropriação; Reassentamento; Passo Real. A partir de 1967, para a construção da Usina Hidrelétrica do Passo Real, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul desapropriou 23.000 hectares de terras na região de Cruz Alta, Ibirubá e Espumoso, desalojando milhares de famílias. Em 28 de agosto de 1968 foi assinado entre o Estado, através da CEEE (Comissão Estadual de Energia Elétrica) e a União, representada pelo IBRA (Instituto Brasileiro de Reforma Agrária), posteriormente transformado em INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o

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A QUESTÃO AGRÁRIA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM

DO PASSO REAL

Pedro Vicente Stefanello Medeiros

Doutorando em História – UPF/ Bolsista Capes/Fapergs

[email protected]

Resumo:

Objetivamos nesta comunicação elucidar o desenvolvimento de nossa proposta de Tese

acerca da propriedade da terra e políticas de Reforma Agrária no processo de construção da

barragem do Passo Real. A partir de 1967, para a construção da citada barragem, o

Governo do Estado do Rio Grande do Sul desapropriou 23.000 hectares de terras,

desalojando milhares de famílias. O Governo Federal e o Governo do Estado realizaram

um acordo onde a União se responsabilizaria pelo reassentamento das famílias. Contudo,

foi possível evidenciar diversas contradições referentes a este processo, podendo sinalizar

que até hoje há famílias que não foram reassentadas. Neste sentido, construiremos um

debate inicial sobre a questão agrária no Passo Real através dos primeiros levantamentos

documentais que fizemos com processos emitidos pelo INCRA e relatórios elaborados pela

CEEE.

Palavras-chave: Reforma Agrária; Propriedade; Desapropriação; Reassentamento; Passo

Real.

A partir de 1967, para a construção da Usina Hidrelétrica do Passo Real, o Governo

do Estado do Rio Grande do Sul desapropriou 23.000 hectares de terras na região de Cruz

Alta, Ibirubá e Espumoso, desalojando milhares de famílias. Em 28 de agosto de 1968 foi

assinado entre o Estado, através da CEEE (Comissão Estadual de Energia Elétrica) e a

União, representada pelo IBRA (Instituto Brasileiro de Reforma Agrária), posteriormente

transformado em INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o

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chamado “Acordo de Cooperação”, pelo qual o Governo Federal assumia a

responsabilidade do reassentamento dos desalojados.

De acordo com um relatório da CEEE, datado de 8 de setembro de 19691, foram

desapropriadas 3129 propriedades rurais, sendo destas 1498 na margem direita do Rio

Jacuí e 1631 à margem esquerda. Neste sentido, segundo dados do INCRA2,

aproximadamente 1600 famílias de agricultores foram atingidas. Deste total, 1050 optaram

pelo reassentamento em novas terras em um primeiro momento. Assim, o órgão federal

teria desapropriado em uma primeira etapa 16.449,36 hectares. Dentre estes, foram

9.774,37 hectares pertencentes à Fazenda Boa Vista localizada no município de Cruz Alta,

3.064,1878 hectares desapropriados da Fazenda Colorados, situada no mesmo município e

3.140,1003 hectares da Fazenda Itaíba, encontrada nos municípios de Ibirubá e Santa

Bárbara do Sul.

Este processo de reassentamento foi institucionalmente elaborado como um Projeto

Integrado de Colonização (PIC). Estes projetos desapropriavam uma área conforme as

normas do Estatuto da Terra e a repartiam de forma parcimoniosa para serem

disponibilizada aos agricultores que a compravam mediante o pagamento em 20 anos,

deste modo obtendo o título legal das propriedades. Neste processo também havia fomento

de crédito para a aquisição de utensílios e maquinário bem como era realizado um estudo

técnico acerca das condições de exploração agrícola dos terrenos.

Neste sentido, o então Projeto Integrado de Colonização – Passo Real reassentou

528 famílias. Posteriormente, visando à recolocação das famílias restantes, o INCRA

ampliou o Projeto Integrado de Colonização – Sarandi3, desapropriando a Invernada do

Butiá, pertencente à Firma SAGRISA – Comercial e a Agrícola Ltda. Também foram

desapropriadas a Fazenda Sarandi, propriedade de Ernesto José Annoni e, ainda, a antiga

1 CEEE – Relatório publicado em 8 de setembro de 1969 acerca das propriedades que tiveram suas terras

atingidas pelas águas da bacia de alagamento do Passo Real. 2 Projeto Integrado de Colonização Sarandi (Gleba I – Invernada do Butiá) – Ministério da Agricultura –

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA Coordenadoria Regional do Rio Grande do

Sul – Publicado em dezembro de 1972. 3 Este “PIC” teve origem através do primeiro processo de desapropriação da Fazenda Sarandi em 1962, em

ação decorrente das mobilizações e acampamentos realizados naquele ano pelo MASTER – Movimento dos

Agricultores Sem Terra – na região.

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Estação Experimental Engenheiro Luiz Englert, mediante um entendimento entre o

Governo do Estado com o Ministério da Agricultura para a passagem ao patrimônio do

INCRA de parte da área não lotada do Núcleo Colonial de Reforma Agrária de Sarandi.

Os atingidos pela barragem do Passo Real ficaram conhecidos como “afogados”,

pois assim foram denominados em alguns documentos da Comissão Especial dos

Agricultores Desalojados do Passo Real, criada em 1983 pela Assembleia Legislativa do

Rio Grande do Sul para solucionar os conflitos entre os reassentados e os proprietários da

Fazenda Annoni, que contestavam sua desapropriação na justiça há mais de dez anos.

Assim, a denominação “afogados” se consolidou quando o deputado Algir Lorenzon

publicou o Relatório da Comissão4 com o título “AFOGADOS: Até Quando?”. O termo

ganhou mais amplitude pelo destaque que a imprensa deu a matéria naquele ano, muitas

vezes se referindo aos agricultores como “afogados”5.

No entanto, é possível que tal alcunha tenha aparecido há alguns anos antes. Em seu

livro de memórias, o Prefeito de Ibirubá entre 1963 e 1968, Olavo Stefanello, havia sido

procurado pelos atingidos para que intervisse em seus clamores. Assim, Olavo teria os

denominado de “afogados”: “Os afogados do Passo Real, como eu os denominei, só

aceitariam sair de suas terras pacificamente se a CEEE e os governos lhe dessem outras

terras, assentando-os não distante dali e com a mesma infraestrutura” (STEFANELLO,

2008, p.227).

O então Prefeito de Ibirubá também relata que se entrevistara com os Presidentes

Castello Branco, Costa e Silva e Médici, dizendo que “como a solução ideal e necessária”

tardou em vir, muitas audiências e reuniões foram realizadas sem que o problema fosse

resolvido.

È neste sentido que nos dedicamos a elaborar esta proposta com o objetivo de

compreender o processo de desenvolvimento da barragem do Passo Real mediante a

5 LORENZON, Algir (Org.). AFOGADOS: Até Quando? Relatório da Comissão Especial dos Agricultores

Desalojados do Passo Real. Porto Alegre: Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul;

Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas. S/d.

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desapropriação de terras e o desalojamento de milhares de famílias, bem como os

posteriores projetos de reassentamento e das lutas pela terra.

Nosso interesse em estudar este processo surgiu mediante o contato com a crescente

produção acadêmica tangente a processos de desapropriação de terras em face da

construção de grandes barragens. Contudo, nos demos conta que a maioria destes trabalhos

trata sobre empreendimentos posteriores aos anos 1980. Portanto voltamos nosso olhar ao

período anterior, entre as décadas de 1960 e 1980, momento marcado pelas políticas

autoritárias e desenvolvimentistas do regime militar que consolidou o modelo de produção

energética mediante a edificação de grandes barragens e hidrelétricas.

Assim, devido à magnitude da área alagada (23.000 hectares) e da quantidade de

propriedades rurais atingidas (3.129), percebemos a ausência de um estudo do ponto de

vista da propriedade que se dedicasse a compreender os desdobramentos referentes às

desapropriações das terras alagadas pela barragem do Passo Real e dos conseguintes

projetos de reassentamento dos desalojados.

A Usina Hidrelétrica Passo Real é o segundo aproveitamento do Rio Jacuí, a

contar de sua nascente, estando localizada 12 km à montante da barragem de Maia Filho e

190 km à jusante da UHE Ernestina por via fluvial. As unidades 1 e 2 entraram em

operação, respectivamente, em 17 de março e 20 de junho de 1973, sendo sua inauguração

em 25 de setembro de 1973. A casa de força está localizada ao pé de barragem principal,

sob o leito do rio, no município de Salto do Jacuí. O reservatório da UHE Passo Real, cujo

perímetro é de 610,27km, constitui-se no maior reservatório das Usinas Hidrelétricas de

concessão da CEEE-GT. Com 233,39km2 de área, situam-se no seu entorno os atuais

municípios de Fortaleza dos Valos, Quinze de Novembro, Alto Alegre, Campos Borges,

Ibirubá, Salto do Jacuí, Jacuizinho e Selbach. Sua potência efetiva é de 158 MW. A

barragem possui altura de 58 m6.

6Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica – CEEE-GT. Plano de uso e ocupação

do solo no entorno do reservatório da UHE Passo Real. Porto Alegre, 2011.

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Localização do reservatório do Passo Real 7

A primeira experiência de aproveitamento das águas do Jacuí se dera em 1957 com

o inicio das operações da Usina de Ernestina. Em 1962 foi inaugurada a Usina Jacuí (hoje

denominada Usina Leonel de Moura Brizola). Em 27 de maio de 1969 o Presidente Costa e

Silva publicou um Decreto de Lei8 que autorizava o Estado do Rio Grande do Sul

juntamente com a Companhia Estadual de Energia Elétrica realizar a operação de

empréstimo externo com a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento

Internacional – USAID, destinada ao financiamento de parte da construção da Usina

7WACHHOLZ, Flávio; FILHO, Waterloo Pereira; FILHO Archimedes Perez. Compartimentação aquática

espectral dos reservatórios em cascata no alto Jacuí – RS. Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento

Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE,p.4929-4935.http://marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/

2008/11.17.17.57/doc/4929-4935.pdf>.

8 BRASIL, DECRETO-LEI nº597, de 27 de maio de 1969. Autoriza o Govêrno do Estado do Rio Grande do

Sul a contratar empréstimo externo com a USAID. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28.5.1969.

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Hidrelétrica de Passo Real. O valor da operação foi de US$ 27.400.000,00 (vinte sete

milhões e quatrocentos mil dólares), à taxa de juros de 6% ao ano a ser pago no prazo de

25 anos com 4 anos e 6 meses de carência, em prestações semestrais.

Esta autorização decretada por Costa e Silva evidencia que a empresa do Passo

Real fora desenvolvida com capital estrangeiro, e neste caso, principalmente norte-

americano, já que a USAID fora um dos principais órgãos internacionais que financiaram

as políticas do Regime.

Segundo Martins (2009, p.61), o caráter centralizador e autoritário assumido pelo

Estado, contribuiu para que a expansão do sistema elétrico assumisse uma forma particular,

caracterizada pela construção de grandes barragens que pouco considerava questões sociais

ligadas às comunidades rurais e aos impactos ambientais associados. Portanto, na maioria

dos casos, a construção das usinas e as consequentes inundações acabavam atingindo um

significativo número de pessoas que tinham de deixar suas terras sem muita escolha,

recebendo pequenas indenizações em dinheiro ou ficando à mercê da incerteza de serem

reassentados.

É neste ponto que a questão hidrelétrica e o problema da terra se tencionam. O

Estado brasileiro, responsável pelos empreendimentos que desalojariam milhares de

pessoas, também assumiria a responsabilidade de reassentar as famílias.

Deste modo, é possível dizer que a questão da Reforma Agrária no Brasil dos anos

1960 ocuparia pauta central dos debates políticos e acadêmicos.

Conforme assinalou Marluza Harres (2007, p.236), a Reforma Agrária passa a ser

aceita por vários setores da sociedade civil. O país nos anos 60 tomava consciência da

necessidade de dar um passo na direção da democracia. E uma das tensões mais sérias

nesse processo aconteceu no campo. A Massa rural começava a aparecer em forma de

ocupação da terra. Em Forma de grandes marchas. È neste momento que surgem as Ligas

Camponesas no nordeste e o MASTER (Movimento dos Agricultores Sem Terra) no Rio

Grande do Sul.

Para Roberto Sander (2013, p.47), João Goulart estava pronto para dar o passo mais

decisivo, objetivando resolver em definitivo o problema agrário. Não por acaso, aquele que

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mais revelava o desequilíbrio da sociedade brasileira. De acordo com o autor, o censo

agrícola de 1960 mostrou que dos 3.374.314 proprietários, 70 mil tinham posse de 64% das

áreas cultiváveis. Segundo pesquisa de universitários gaúchos realizada em prostíbulos de

Porto Alegre, 88% das moças que ganhavam a vida fazendo programa tinham origem

camponesa. Eram filhas de lavradores sem terra que trabalhavam em condições miseráveis

em estâncias gaúchas e catarinenses e em cafezais paranaenses. Mesmo assim,

ironicamente, os adversários de Goulart diziam que a reforma agrária “atentava contra os

sentimentos da família cristã”.

È neste prisma, balizado pela geopolítica da guerra fria, pelos sucessos da

Revolução Cubana e conseguinte avanço das esquerdas na América Latina, que as políticas

reformistas de Jango foram acusadas de comunistas. Portanto, com a reação conservadora e

o desfecho do golpe em 1964, o novo governo, imbuído de uma postura “anticomunista”

de caça as bruxas deu outra tônica para a questão agrária no Brasil.

Segundo Simone Dickel (2016, p. 30), existe diferentes visões sobre a questão

agrária a partir do golpe militar. Para alguns autores, o período é lembrado como de grande

retrocesso em termos de conquistas sociais. A repressão teria sido fator responsável pela

relativa paralisação na atuação dos movimentos sociais. Na tentativa de instaurar a ordem e

diminuir os conflitos no campo, o regime militar perseguiu e prendeu diversas lideranças

desses movimentos. Nesta lógica, a autora também assinala que com objetivo de mitigar os

conflitos no campo e acalmar os ânimos dos movimentos sociais o Governo criou em 1964

o Estatuto da Terra:

O Estatuto da Terra, conforme foi visto, surgiu no contexto posterior às

manifestações feitas pelas ligas camponesas, em um contexto em que o

latifúndio passa a ser questionado, e visto inclusive como um entrave ao

desenvolvimento econômico, sinônimo de atraso. Assim, o Estatuto da Terra

surge para racionalizar a propriedade agrícola, adequando-a ao modelo de

desenvolvimento vigente, modernizando a propriedade capitalista, mais do que

se preocupando em reduzir a complexidade social. (2016, p.130).

De acordo com Dickel, o Estatuto da Terra foi um instrumento de Revolução

passiva, onde o Estado assume os encargos para efetivar as transformações necessárias

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para adequar a sociedade a novo modelo de desenvolvimento que atenda os interesses dos

grupos dominantes.

Em sua obra mais recente, Márcia Motta9 construiu uma reflexão sobre

campesinato e latifúndio nas interpretações de esquerda entre 1955 e 1996. Primeiramente

realizou uma discussão entre o já citado Alberto Passos Guimarães e Nélson Werneck

Sodré, que defenderam a tese de um Brasil feudal baseado no latifúndio colonial. Estes

prismas interpretativos consolidaram as noções de um país atrasado e sem camponeses

(MOTTA, 2014, p.19). Neste sentido, também analisou as contraposições feitas à vertente

feudal por Caio Prado Júnior como já evidenciamos e demonstrou como após 1964, a

pobreza na base teórica das explicações marxistas somada à censura ideológica do novo

regime enfraqueceram as interpretações de esquerda demorando em que algo novo viesse à

luz.

Neste âmbito, avança cronologicamente mostrando como nos anos de reabertura

política uma nova geração procurou entender o rural. Os dois expoentes dessa nova onda

foram Ciro Flamarion Santana Cardoso e Maria Yedda Leite Linhares que criaram uma

linha de pesquisa conhecida como história agrária, ou história social da agricultura. Deste

modo, é importante salientar que a partir de 1980, inaugura-se todo um processo de

consolidação de programas de pós-graduação em história no país, também se

desenvolvendo uma crescente perspectiva regional nas pesquisas sobre o passado:

Já não é mais possível falar de uma história do Brasil, no sentido em que este

termo tinha nos projetos editoriais dos autores que escreveram no limiar dos anos

1960. Tampouco é possível falar de um rural singular, pois as experiências

históricas num país de dimensões continentais tornaram-se cada vez mais

evidentes e marcadamente diversas. Talvez também não fosse mais possível

defender a ideia de que uma teoria seria a fonte da verdade, único caminho para

se deslindar a história rural no país e o passado marcado por um modo de

produção específico e subordinado (MOTTA, 2014, p.109).

9 MOTTA, Márcia Maria Menendes. O Rural à la gauche: campesinato e latifúndio nas interpretações de

esquerda (1955-1996). Niterói: Editora da UFF, 2014.

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Inspirados pelas produções francesas e por novas leituras do marxismo, Ciro e

Maria Yedda passaram a produzir textos e orientar trabalhos que permitiam a divulgação

das reflexões de Chayanov, Lenin e Kautski, que pouco foram abordados até os anos 1970.

Neste interim começaram a circular os trabalhos de Ernest Labrousse, dando ênfase a uma

história econômica quantitativa baseada na sistematização de fontes como documentos

cartoriais, judiciários, eleitorais, demográficos e fiscais (MOTTA, 2014, p.166).

Outro importante escritor que influenciou os estudos sobre o rural no Brasil foi o

marxista francês, Pierre Vilar. O autor contribuiu para a utilização do conceito de “Modo

de Produção” inovando ao trazer para as discussões a relevância dos aspectos geográficos e

demográficos. Vilar também acrescentou ao “Modo de Produção” o aspecto mais renitente

aos marxistas de sua época: a superestrutura, começando pela importância do papel do

Estado (BARROS, 2010).

Assim sendo, outro autor de grande respaldo na historiografia “agrária” brasileira

foi o inglês Edward Palmer Thompson, que em “Costumes em comum”10 consolidou o

conceito de “Economia Moral”, discutindo a partir do contexto inglês do século XVIII que

Economia e Moral, bem como Economia e Cultura não eram separáveis, pois se as

separamos em nossas análises perdemos a oportunidade compreender os processos no

embate de suas complexidades.

Seguindo os passos de Thompson e Vilar, também temos o recente trabalho de

Rosa Congost11, que com a perspectiva das “condições de realização da propriedade” vem

contribuindo com diversas produções brasileiras na última década.

Assim, dialogando com os clássicos que se propuseram a entender o rural no Brasil,

bem como repensando algumas perspectivas a partir dos debates historiográficos mais

recentes é que queremos discutir nosso objeto. Neste contexto, é possível qualificar o

reassentamento dos atingidos pela barragem do Passo Real como Reforma Agrária? Para

tratar essa questão é necessário tecer um debate das complexidades acerca da relação

10 THOMPSON, Edward P. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

11 CONGOST, Rosa. Tierras, Leyes, Historia: Estudios sobre la Gran Obra de la Propiedad. Barcelona:

Editora Crítica, 2007.

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existente entre as políticas públicas sobre a matéria no período e as condições práticas de

desenvolvimento do processo de desapropriação e alagamento, bem como dos posteriores

reassentamentos.

O Estatuto da Terra de 196412 considera Reforma Agrária o conjunto de medidas

que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de

sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de

produtividade. Contudo, é interessante ressaltar que a área alagada pela barragem era

composta por terras altamente férteis que propiciavam uma agricultura familiar dinâmica e

produtiva balizada na distribuição entre pequenas e médias propriedades.

É possível entender essa agricultura familiar de pequenas propriedades mediante

um modelo de produção rural, cujo objetivo não é apenas a subsistência, estando inserido

no sistema capitalista, uma vez que não se preocupa somente em suprir as necessidades

básicas do núcleo familiar e sim, assegurar a reprodução de sua família e da unidade de

produção ao longo do tempo (DICKEL, 2016, p.22).

Conforme Mantelli (2006, p.98), em áreas de pequenas propriedades, como as do

noroeste gaúcho, apesar da agricultura classificar-se como uma policultura encarregada de

cultivar vários produtos destinados ao consumo, na verdade sempre esteve encabeçada por

um ou mais produtos de maior valor comercial. Esses produtos variam conforme as

condições de produção, sua valorização e a maneira como se integram no mercado.

No final dos anos 1960 e começos da década de 1970, o trigo liderava o panorama

produtivo da região do Alto Jacuí, estando a soja em um patamar secundário. Em poucos

anos a situação se inverteria, a partir do final dos anos 1970 e ao longo dos anos 1980 a

soja se consolidou como o principal produto agrícola da região seguido pelo milho,

encontrando-se o trigo em um terceiro plano. Esse processo ficou conhecido como a

“Revolução Verde”, que, marcada por um pacote tecnológico importado dos Estados

Unidos, contribuiu para a introdução de novas formas tecnológicas e técnicas de produção

12 BRASIL. Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras

providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 30 nov. 1964.

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no campo, modificando as formas tradicionais de produção e, com o tempo, acentuando

ainda mais a desigualdade no acesso a terra.

De todo modo, apesar da contradição aparente, as desapropriações em função da

barragem poderiam se justificar no mesmo instrumento jurídico, já que o Estatuto prevê a

efetuação de obras de renovação, melhoria e valorização de recursos naturais, da mesma

forma que incrementar a eletrificação e a industrialização no meio rural. O problema destas

medidas é que elas não se aplicam na relação entre os objetivos de construção da represa e

justificativa de desapropriação das terras.

Neste sentido é importante problematizar as razões de sua construção naquela área,

e, portanto, se a incipiente eletrificação rural na região naqueles anos, por exemplo, guarda

relação direta com edificação daquela hidrelétrica. Em nossas primeiras investigações

podemos evidenciar que a eletrificação rural no Alto Jacuí havia começado em 1968,

quando algumas lideranças regionais fundaram uma cooperativa.

A “Coprel” fundada em janeiro de 1968 em Ibirubá começou a distribuir energia no

campo através da compra junto à CEEE. Segundo um texto institucional da entidade13, e

as memórias de um de seus fundadores e principais líderes14, as necessidades das famílias

de agricultores da região não eram atendidas pelas grandes concessionárias e tampouco

eram vistas como prioridade para o poder público.

Outro prisma fundamental diz respeito à propriedade da terra. Os tamanhos dos

terrenos da região alagada variavam de 100 hectares a outros com menos de 1 hectare.

Muitos dos títulos de propriedade foram legalizados tardiamente, apenas em 1967,

existindo, portanto um grande número de posseiros, agregados e meeiros. Deste modo,

apreciamos um panorama complexo, pois muitas pessoas que possuíam entre 50 e 100

hectares foram reassentadas em lotes de 20 a 30 hectares, sendo muitas vezes em terras

com piores condições produtivas que suas anteriores. Contudo, houve também processos

distintos, famílias que possuíam de 1 a 10 hectares, aumentaram seu patrimônio recebendo

de 20 a 30, ainda sim, as fontes também mostram casos de trabalhadores que não eram

13 https://www.coprel.com.br/paginas/ver/apresentacao-2

14 STEFANELLO, Olavo. Esmeraldas cá na terra, estrelas lá no céu. São Paulo: Editora Gente, 2008.

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proprietários, do ponto de vista legal, e, mediante o reassentamento, conquistaram o acesso

legal à propriedade.

Neste ínterim outra questão problemática também diz respeito às indenizações.

Encontramos a ocorrência de pessoas que optaram por indenização em dinheiro face o

reassentamento. Todavia, em função dos baixos valores, que não correspondiam com a

totalidade do dano causado pela perda da terra, acabaram posteriormente também

reivindicando o acesso a novas terras. Somado a isto temos famílias que foram

reassentadas na primeira etapa e que também receberam indenização. Além disso, ainda

constatamos agricultores que não receberam indenização, bem como até 1988 não tinham

sido reassentados.

De acordo com o relato de Olavo Stefanello em suas memórias, considerava injusto

o método de desapropriação e pagamento indenizatório em dinheiro:

O método configurava-se legal, mas injusto, porque os agricultores resistiam,

alegando diversas razões, entre elas que o valor das indenizações era baixo,

muito aquém do mercado. Outros não se conformavam com o fato de perderem

tudo, casas, terras, benfeitorias, até entes queridos sepultados nos cemitérios.

(STEFANELLO, 2008, p. 227).

Como já citamos anteriormente, no início de nosso texto, Olavo também relatou

que os atingidos só aceitariam sair de suas terras pacificamente se a CEEE e os governos

lhes dessem outras terras, não distantes dali e com a mesma infraestrutura.

Nos documentos do INCRA, em consonância com o Estatuto da Terra, o

reassentamento dos desalojados foi concebido como um projeto de Reforma Agrária.

Contudo, em função deste cenário complexo, considerando o amálgama de distintas

situações, talvez devêssemos repensar o ponto de vista de nossa pergunta, se foi ou não

Reforma Agrária, mediante a dimensão das condições de realização da propriedade.

De acordo com o trabalho de Rosa Congost (2007), muitos historiadores

caracterizaram o Estado liberal como instituição protetora e garante dos direitos modernos

de propriedade. Entretanto, essas interpretações estão pautadas por um olhar que enxerga o

processo de transição de uma sociedade de Antigo Regime para o Estado liberal moderno

de modo linear. Antes, os direitos de propriedade eram difusos e não existia um sistema de

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segurança jurídica que os garantisse. A partir da aplicação da doutrina jurídica liberal

surgiria a propriedade perfeita e um Estado que a protegesse. Uma visão bastante “oficial”

e simplista, concebida fundamentalmente através do conteúdo jurídico.

Congost realizou um denso trabalho, com diversos estudos empíricos,

demonstrando que esse prisma é demasiado abstrato, não dialogando na maioria das vezes

com a realidade social. Conforme a autora, o processo de transição de uma sociedade de

Antigo Regime para a construção de um Estado liberal moderno deve ser encarado com

mais complexidade, estudado para além dos ordenamentos jurídicos, mediante fontes que

possam dar uma dimensão do panorama social.

Neste sentido, é importante levar em conta a interpretação que faz Rosa Congost

(2007, p.15), da propriedade não como ideia e sim como obra, prestando atenção nas

condições de realização da propriedade, que podem ser muito diversas, sendo resultado de

múltiplas facetas da atividade humana, não só as condições legais de propriedade, bem

como o conjunto de elementos relacionados com as formas de acessar os recursos, com as

práticas de uso, ou seja, por diferentes formas de ser proprietário.

Assim, sob pena de construir uma análise generalista e linear, é importante

considerar as reflexões de Congost como ferramentas para construir uma história da

propriedade através de um mosaico amplo e complexo. É preciso levar em conta que estas

terras não são apenas números e hectares, e sim, o alicerce da vida da maioria daquelas

pessoas, que embora compartilhassem formas similares de vivência, muitas vezes trilharam

diferentes trajetórias em relação às condições de realização da propriedade.

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