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A questão do A questão do método na método na filosofia filosofia O objetivo da razão é O objetivo da razão é compreender a realidade compreender a realidade

A questão do método na filosofia O objetivo da razão é compreender a realidade

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A questão do método na A questão do método na filosofiafilosofia

O objetivo da razão é O objetivo da razão é compreender a realidadecompreender a realidade

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O tema do método faz parte do nascimento e do desenvolvimento da filosofia.

Desde sua origem, muitos métodos foram elaborados na e para a filosofia

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O que é método?O que é método?

Conceitos...Conceitos...

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É imprescindível um instrumento É imprescindível um instrumento

Todo método, seja na filosofia ou em Todo método, seja na filosofia ou em qualquer outro campo, tem por finalidade qualquer outro campo, tem por finalidade descobrir meios de chegar a uma descobrir meios de chegar a uma reflexão mais precisa e eficaz sobre o reflexão mais precisa e eficaz sobre o “eu”, “o outro” e o “mundo” “eu”, “o outro” e o “mundo”

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O método na história...O método na história...

No decorrer dos séculos surgiram No decorrer dos séculos surgiram vários métodos, vários métodos,

no entanto há duas no entanto há duas constantes constantes comum comum a todos:a todos:

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1. Confiança...1. Confiança...

Na capacidade de a razão conhecer a Na capacidade de a razão conhecer a realidade:realidade:Segundo Descartes,Segundo Descartes,

““O bom senso é a coisa mais O bom senso é a coisa mais compartilhada do mundo (...) o poder de compartilhada do mundo (...) o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é o que se denomina razão, é falso, que é o que se denomina razão, é igual em todos os homens”igual em todos os homens”

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2. A intuição...2. A intuição...

A capacidade natural de perceber A capacidade natural de perceber espontânea e imediatamente o espontânea e imediatamente o conhecimento de certos princípios conhecimento de certos princípios fundamentais. fundamentais.

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Alguns métodos:Alguns métodos:

1.1. A dúvida hiperbólica;A dúvida hiperbólica;

2.2. A dialética;A dialética;

3.3. A fenomenologia como método;A fenomenologia como método;

4.4. A análise lingüística;A análise lingüística;

5.5. O estruturalismoO estruturalismo

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1. O método como resultado da 1. O método como resultado da dúvidadúvida

DescartesDescartes

Paradoxalmente, é o caminho da dúvida Paradoxalmente, é o caminho da dúvida que leva Descartes ao método que nos que leva Descartes ao método que nos conduz ao conhecimento das coisas. conduz ao conhecimento das coisas.

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Ponto de partida:Ponto de partida:

Aquilo que nos enganou, mesmo uma só Aquilo que nos enganou, mesmo uma só vez, nunca mais merece nossa confiança, vez, nunca mais merece nossa confiança, tornando–se duvidoso;tornando–se duvidoso;

Aquilo que é duvidoso deve ser Aquilo que é duvidoso deve ser considerado como falso, pois a realidade considerado como falso, pois a realidade só comporta dois valores: o verdadeiro ou só comporta dois valores: o verdadeiro ou o falso. o falso.

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A dúvida...A dúvida...

Os sentidos enganam;Os sentidos enganam; O que aprendeu na escola;O que aprendeu na escola; Senso comum;Senso comum;

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Trata-se da “dúvida metódica”Trata-se da “dúvida metódica”

““Não posso duvidar do fato de que estou Não posso duvidar do fato de que estou duvidando”.duvidando”.

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O “penso, logo existo”O “penso, logo existo”

Se percebe intuitivamente, expressa a Se percebe intuitivamente, expressa a verdade fundamental, que dá acesso a verdade fundamental, que dá acesso a todas as demais verdades.todas as demais verdades.

Duvidar, afirmar, negar, amar, odiar, Duvidar, afirmar, negar, amar, odiar, querer, sentir, revelam a evidência do eu querer, sentir, revelam a evidência do eu pensante. pensante.

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O cogitoO cogito

A utilização dessa descoberta fundamental, A utilização dessa descoberta fundamental, que me levará ao conhecimento de Deus e do que me levará ao conhecimento de Deus e do mundo material, depende de quatro regras mundo material, depende de quatro regras ((Discurso do métodoDiscurso do método))

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1. Regra1. Regra

Jamais aceitar como certa coisa alguma Jamais aceitar como certa coisa alguma que não conheço com evidência (evitar a que não conheço com evidência (evitar a precipitação e só aceitar os juízos claros e precipitação e só aceitar os juízos claros e distintos)distintos)

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2. Regra2. Regra

Dividir cada dificuldade a ser examinada Dividir cada dificuldade a ser examinada em tantas partes for possível e necessário em tantas partes for possível e necessário para resolvê-la.para resolvê-la.

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3. Regra3. Regra

Ordenar os pensamentos, começando Ordenar os pensamentos, começando pelos mais simples e fáceis, para atingir o pelos mais simples e fáceis, para atingir o complexo.complexo.

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4. Regra4. Regra

Consiste em fazer, para cada caso, Consiste em fazer, para cada caso, enumerações tão exatas e revisão tão enumerações tão exatas e revisão tão geral, que se tenha certeza de não haver geral, que se tenha certeza de não haver esquecido nada.esquecido nada.

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Segundo Descartes,Segundo Descartes,

Seguido essas regras certas e fáceis, Seguido essas regras certas e fáceis, nunca tomaremos o falso por verdadeiro, nunca tomaremos o falso por verdadeiro, e chegaremos, sem despender esforço e chegaremos, sem despender esforço inutilmente, ao conhecimento de tudo inutilmente, ao conhecimento de tudo aquilo que está ao alcance da mente. aquilo que está ao alcance da mente.

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2. A dialética como método.2. A dialética como método.

Primeira formulação moderna com Hegel;Primeira formulação moderna com Hegel;

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Abrange três momentosAbrange três momentos

1. O positivo, da unidade1. O positivo, da unidade 2. O negativo, da divisão2. O negativo, da divisão 3. O da nova unidade3. O da nova unidade

Este processo renova-se constantementeEste processo renova-se constantemente

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O memento mais importante nesse O memento mais importante nesse processo é o da negação, que não processo é o da negação, que não consiste em neutralizar os opostos, mas consiste em neutralizar os opostos, mas em provar o ressurgimento do primeiro em provar o ressurgimento do primeiro momento, a unidade ou o positivo, só que momento, a unidade ou o positivo, só que agora muito mais rico.agora muito mais rico.

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Diz Hegel na Diz Hegel na LógicaLógica

““O único meio de alcançar o processo científico O único meio de alcançar o processo científico é o conhecimento desta proposição lógica: o é o conhecimento desta proposição lógica: o negativo está junto com o positivo, ou seja: negativo está junto com o positivo, ou seja: aquilo que se contradiz não se resolve no zero, aquilo que se contradiz não se resolve no zero, no nada absoluto, mas se resolve no nada absoluto, mas se resolve essencialmente só na negação do seu conteúdo essencialmente só na negação do seu conteúdo particular (...) Surge então um novo conceito, particular (...) Surge então um novo conceito, superior e mais rico que o precedente, pois superior e mais rico que o precedente, pois contém em si aquele ainda mais: é a unidade contém em si aquele ainda mais: é a unidade deste e de seu contrário”. deste e de seu contrário”.

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O método dialético é uma visão da O método dialético é uma visão da realidade – do mundo, do homem e da realidade – do mundo, do homem e da história – que ressalta o desenvolvimento história – que ressalta o desenvolvimento através da luta. através da luta.

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Nova formulação com MarxNova formulação com Marx

Tanto para Marx como para Hegel, o Tanto para Marx como para Hegel, o método dialético é o único meio de método dialético é o único meio de compreender o mundo real.compreender o mundo real.

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MÉTODO DIALÉTICOMÉTODO DIALÉTICO

Karl Marx (1818-1883) e Friederich Engels Karl Marx (1818-1883) e Friederich Engels (1820-1895) reformam o conceito (1820-1895) reformam o conceito hegeliano de dialética: utilizam a mesma hegeliano de dialética: utilizam a mesma forma, mas introduzem um novo forma, mas introduzem um novo conteúdo. Chamam essa nova dialética de conteúdo. Chamam essa nova dialética de materialista, porque o movimento materialista, porque o movimento histórico, para eles, pode ser explicado histórico, para eles, pode ser explicado sem o auxílio da Providência Divina. sem o auxílio da Providência Divina.

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MÉTODO DIALÉTICOMÉTODO DIALÉTICO A dialética materialista analisa a História do A dialética materialista analisa a História do

ponto de vista dos processos econômicos e ponto de vista dos processos econômicos e sociais e a divide em quatro momentos: sociais e a divide em quatro momentos: Antiguidade, feudalismo, capitalismo e Antiguidade, feudalismo, capitalismo e socialismo. Cada um dos três primeiros é socialismo. Cada um dos três primeiros é superado por uma contradição interna, que eles superado por uma contradição interna, que eles chamam de "germe da destruição". A chamam de "germe da destruição". A contradição da Antiguidade é a escravidão. Do contradição da Antiguidade é a escravidão. Do feudalismo, os servos. Do capitalismo, o feudalismo, os servos. Do capitalismo, o proletariado. E o socialismo seria a síntese final, proletariado. E o socialismo seria a síntese final, em que a História cumpre seu desenvolvimento em que a História cumpre seu desenvolvimento dialético. dialético.

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MÉTODO DIALÉTICOMÉTODO DIALÉTICO

O conceito de dialética usado hoje pelos O conceito de dialética usado hoje pelos intelectuais é um misto da forma idealista de Hegel intelectuais é um misto da forma idealista de Hegel e da materialista de Marx.e da materialista de Marx.

Didaticamente essa teoria é apresentada como Didaticamente essa teoria é apresentada como consistindo de tese [posição] que produz sua consistindo de tese [posição] que produz sua antítese [oposição]. A união dessas duas produz a antítese [oposição]. A união dessas duas produz a síntese [composição] que é uma nova tese que síntese [composição] que é uma nova tese que produzirá sua antítese.produzirá sua antítese.

Tese X Antítese = Síntese

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3. MÉTODO 3. MÉTODO FENOMENOLÓGICOFENOMENOLÓGICO

Husserl foi criador do método fenomenológico, que Husserl foi criador do método fenomenológico, que não foi concebido para ser dedutivo, nem não foi concebido para ser dedutivo, nem empírico, empírico, consistindo na descrição do consistindo na descrição do fenômeno,fenômeno, tal como ele se apresenta, sem reduzi- tal como ele se apresenta, sem reduzi-lo a algo que não aparece. lo a algo que não aparece.

Epistemologicamente, opõe-se à visão de sujeito e Epistemologicamente, opõe-se à visão de sujeito e objeto isolados, passando a considerá-los como objeto isolados, passando a considerá-los como correlacionados, já que a consciência é sempre correlacionados, já que a consciência é sempre intencional.intencional.

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Como corrente filosófica fundada por Husserl, a Fenomenologia surge intimamente ligada à Matemática: "O que motivou o início da fenomenologia - afirma Husserl - foi 'o problema radical de uma clarificação dos conceitos fundamentais lógicos e matemáticos, e com isso o de uma fundamentação efetivamente radical da lógica e da matemática' "(Moura, 1989; p.47).

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MÉTODO FENOMENOLÓGICOMÉTODO FENOMENOLÓGICO

O método fenomenológico consiste em O método fenomenológico consiste em mostrarmostrar o o que é dado e em que é dado e em esclareceresclarecer este dado. Não explica este dado. Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está perante a considera imediatamente o que está perante a consciência, o objeto. Conseqüentemente, tem uma consciência, o objeto. Conseqüentemente, tem uma tendência orientada totalmente para o objetivo. tendência orientada totalmente para o objetivo. Interessa-lhe imediatamente não o conceito Interessa-lhe imediatamente não o conceito subjetivo, nem uma atividade do sujeito (se bem subjetivo, nem uma atividade do sujeito (se bem que esta atividade possa igualmente tornar-se em que esta atividade possa igualmente tornar-se em objeto da investigação), mas aquilo que objeto da investigação), mas aquilo que éé sabido, sabido, posto em dúvida, amado, odiado, etc. posto em dúvida, amado, odiado, etc.

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MÉTODO FENOMENOLÓGICOMÉTODO FENOMENOLÓGICO

Deve-se avançar para as próprias coisas. Esta é a Deve-se avançar para as próprias coisas. Esta é a regra primeira e fundamental do método regra primeira e fundamental do método fenomenológico. Por "coisas" entenda-se fenomenológico. Por "coisas" entenda-se simplesmente o dado, aquilo que vemos ante nossa simplesmente o dado, aquilo que vemos ante nossa consciência. Este dado chama-se consciência. Este dado chama-se fenômenofenômeno, no , no sentido de que sentido de que phainetaiphainetai, de que aparece diante da , de que aparece diante da consciência. A palavra não significa que algo consciência. A palavra não significa que algo desconhecido se encontre detrás do fenômeno. A desconhecido se encontre detrás do fenômeno. A fenomenologia não se ocupa disso, só visa o dado, fenomenologia não se ocupa disso, só visa o dado, sem querer decidir se este dado é uma realidade ou sem querer decidir se este dado é uma realidade ou uma aparência: haja o que houver, a coisa está aí, uma aparência: haja o que houver, a coisa está aí, é dada. é dada.

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Alguns conceitosAlguns conceitos

"Realidade já não é tida como algo objetivo e passível de ser explicado em termos de um conhecimento que privilegia explicações em termos de causa e efeito. Porém, a realidade, “o que é”, emerge da intencionalidade da consciência voltada

para o fenômeno“ (Bicudo, 1994, p.18)

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Mundo-vida (lebenswelt) e intencionalidade da consciência são termos cunhados, inicialmente, por Husserl, em sua fenomenologia estrutural.

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A fenomenologia, portanto, responderá ao filósofo que não se contenta com o conhecimento natural, o diretamente dado e apoucadamente questionado, pedindo por uma clarificação dos conceitos fundamentais, da realidade última das coisas do mundo, buscando transcender a ingenuidade, que é, exatamente, "a convivência pacífica com o não-justificado" (Moura, 1989; p.48).

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HeideggerHeidegger

Usando o método fenomenológico Martin Usando o método fenomenológico Martin Heidegger aplicou-o a um estudo do homem e Heidegger aplicou-o a um estudo do homem e concluiu que o homem é um ser que está concluiu que o homem é um ser que está presente; o homem tem um senso de angústia; presente; o homem tem um senso de angústia; é um ser lançado do mundo e seguindo a é um ser lançado do mundo e seguindo a direção da morte (do nada) sem qualquer direção da morte (do nada) sem qualquer explicação do "por que há algo ao invés de explicação do "por que há algo ao invés de nada". O homem como um ser-indo-para-o-nada". O homem como um ser-indo-para-o-nada, portanto, é a estrutura fundamental da nada, portanto, é a estrutura fundamental da realidade descoberta por este método. realidade descoberta por este método.

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Heidegger, discípulo de Husserl, afasta-se da fenomenologia como inicialmente posta, debruçando-se sobre a existência humana e seu sentido mais profundo,vinculando suas preocupações à questão do ser, em sua ontologia fundamental.

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Propondo a destruição da ontologia tradicional, Heidegger volta-se à procura do sentido original do ser, construindo uma nova terminologia filosófica que possa dar conta dessa proposta, iniciando sua busca no estudo de fragmentos pré-socráticos. É na linguagem que a apreensão do ser se dá, e toda a filosofia heideggeriana acaba sendo caracterizada como uma hermenêutica do ser.

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SarteSarte

Segue estritamente o pensamento de Segue estritamente o pensamento de Husserl na análise da consciência em Husserl na análise da consciência em seus primeiros trabalhos. Suas obras seus primeiros trabalhos. Suas obras sofrem forte influência da fenomenologia, sofrem forte influência da fenomenologia, especialmente de Heidegger.especialmente de Heidegger.

L’Être et le néantL’Être et le néant (1943) (1943) A náuseaA náusea

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A idéia de que a consciência é um nada e A idéia de que a consciência é um nada e a distinção fundamental entre o a distinção fundamental entre o pour soipour soi e e o o en soien soi são idéias tiradas de Heidegger. são idéias tiradas de Heidegger.

O “ser-para-si” (O “ser-para-si” (pour soipour soi), que é aquilo em ), que é aquilo em que consiste a consciência, é na verdade que consiste a consciência, é na verdade o o DaseinDasein de Heidegger. de Heidegger.

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A consciência...A consciência...

envolve a consciência de si mesma. É um envolve a consciência de si mesma. É um nada no sentido de não ter essência. Os nada no sentido de não ter essência. Os seres humanos, como seres conscientes, seres humanos, como seres conscientes, podem fazer a si mesmos por sua própria podem fazer a si mesmos por sua própria livre escolha, e a existência, bem como a livre escolha, e a existência, bem como a inevitabilidade do livre-arbítrio, constituem inevitabilidade do livre-arbítrio, constituem elementos fundamentais da filosofia de elementos fundamentais da filosofia de Sartre. Qualquer tentativa de evitá-las Sartre. Qualquer tentativa de evitá-las implica o que ele denomina de “má fé”. implica o que ele denomina de “má fé”.

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Merleau-PontyMerleau-Ponty

1. A re-leitura da fenomenologia de Husserl por Merleau-Ponty;

2. A Fenomenologia da percepção (1945);

3. Criticando o idealismo transcendental e transpondo a essência idealista para a existência factual em fenomenologia M-P afirma:

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Phénomenologie, Avant-proposPhénomenologie, Avant-propos

“A fenomenologia é o estudo das essências; e todos os problemas, segundo ela, voltam a definir as essências: a essência da percepção, a essência da consciência, por exemplo. Mas a fenomenologia é também uma filosofia que recoloca a essência na existência, e não pensa que se possa compreender o homem e o mundo de outra forma, que não seja a partir de sua facticidade... É uma filosofia transcendental, que põe em suspenso, para compreendê-las, as afirmações da atitude natural, mas é também uma filosofia para a qual o mundo já está sempre lá, antes da reflexão, como uma presença inalienável, e cujo esforço de reencontrar o contato ingênuo com o mundo pode lhe dar, enfim, um status filosófico” (p.1)

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Merleau-Ponty afirmaMerleau-Ponty afirma

que não há homem interior, e, além de transcender uma perspectiva dualista que divide o homem em interior e exterior, nega o idealismo transcendental, que despoja o mundo de sua opacidade.

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A percepçãoA percepção

Coloca a percepção como o fundo sobre o qual todos os atos se liberam, ao mesmo tempo em que ela é pressuposta por estes. A percepção é o campo de revelação do mundo. Campo de experiência, não é um ato psíquico. A percepção é o campo onde se fundem sujeito e objeto.

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Descartes e KantDescartes e Kant

Retoma a crítica husserliana a Descartes e Kant, que diferenciam sujeito e objeto e para quem as relações não são bilaterais, mas o mundo é reconstruído pelo sujeito.

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Ao contrário desta forma de pensar, defenderá a idéia de que homem é mundo e o mundo é homem, o homem é parte do mundo e vice-e-versa. Trata-se, então, do enraizamento do homem no mundo

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AplicaçãoAplicação

O método fenomenológico é amplamente O método fenomenológico é amplamente aplicado às ciências humanas, aplicado às ciências humanas, especialmente na psicologia.especialmente na psicologia.

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A questão da hermenêuticaA questão da hermenêutica

a) Enquanto arte, técnica, doutrina ou ciência da interpretação, a hermenêutica metodológica pode ser caracterizada como instrumental ou epistemológica ao ser restringida à atividade de conhecer para dominar determinados objetos. Nessa ótica, ela segue os passos do procedimento metodológico das ciências naturais.

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b) É metodológica ao pretender analisar e dissecar um objeto como se faz com um fóssil ou um corpo qualquer. É o caso, p. ex., também do psicanalista que, ao interpretar os relatos ou os silêncios de um paciente, deduz respostas e soluções, como se faz com o levantamento de dados de uma determinada pesquisa.

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A hermenêutica fenomenológicaA hermenêutica fenomenológica

A redução da hermenêutica filosófica a A redução da hermenêutica filosófica a uma teoria da interpretação do texto uma teoria da interpretação do texto tendeu a limitar a compreensão da tendeu a limitar a compreensão da experiência ao âmbito estritamente experiência ao âmbito estritamente semântico, mantendo em segundo plano semântico, mantendo em segundo plano aspectos igualmente decisivos, como a aspectos igualmente decisivos, como a forma e o valor, desse modo, e num forma e o valor, desse modo, e num terreno inesperado, a desqualificação das terreno inesperado, a desqualificação das sensações e dos sentimentos, frente a sensações e dos sentimentos, frente a uma idéia cognitivista de sentido. uma idéia cognitivista de sentido.

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4. O método de análise lingüística4. O método de análise lingüística

Parte do princípio de que o instrumento Parte do princípio de que o instrumento utilizado atualmente para filosofar, isto é, utilizado atualmente para filosofar, isto é, as línguas correntes, é totalmente as línguas correntes, é totalmente deficiente e inadequado.deficiente e inadequado.

Principais nomes: Wittgenstein; Russell; Principais nomes: Wittgenstein; Russell; Carnap; Ryle; Ayer... Carnap; Ryle; Ayer...

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Idéias centraisIdéias centrais

A. O objeto da filosofia é a linguagem; A. O objeto da filosofia é a linguagem;

B. O método da filosofia é a análise lógica B. O método da filosofia é a análise lógica

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Filosofia analíticaFilosofia analítica

As duas correntes principais da As duas correntes principais da metodologia analítica estão relacionadas metodologia analítica estão relacionadas primariamente com à primariamente com à verificação ou verificação ou confirmaçãoconfirmação e a outra com a e a outra com a elucidação.elucidação.

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A verificaçãoA verificação

A eliminação da metafísica no método da A eliminação da metafísica no método da verificação é baseada no princípio de que verificação é baseada no princípio de que para uma declaração fazer sentido, deve para uma declaração fazer sentido, deve ser ou puramente definicional (analítica) ser ou puramente definicional (analítica) ou, senão, verificável (sintética) por um ou ou, senão, verificável (sintética) por um ou mais dos cinco sentidos.mais dos cinco sentidos.

Todas as demais declarações (éticas, Todas as demais declarações (éticas, teológicas e metafísicas) são contra-teológicas e metafísicas) são contra-senso, ou sem sentido. senso, ou sem sentido.

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As objeções a este método são em decorrência As objeções a este método são em decorrência do fracasso do princípio da verificação que em do fracasso do princípio da verificação que em algumas formas é exclusivo demais e em algumas formas é exclusivo demais e em outras, é inclusivo demais.outras, é inclusivo demais.

Outro lado negativo da verificação é o que se Outro lado negativo da verificação é o que se chamou de "princípio da falsificação", que chamou de "princípio da falsificação", que consiste em afirmar que — "qualquer consiste em afirmar que — "qualquer declaração ou proposição não faz sentido a não declaração ou proposição não faz sentido a não ser que seja sujeita a ser comprovada falsa". ser que seja sujeita a ser comprovada falsa".

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A elucidaçãoA elucidação

baseia-se na crença de que enigmas baseia-se na crença de que enigmas filosóficos pudessem ser solucionados filosóficos pudessem ser solucionados pela análise (elucidação) da linguagem. pela análise (elucidação) da linguagem. Logo, onde uma pergunta pode ser feita, Logo, onde uma pergunta pode ser feita, também pode ser respondida, contudo também pode ser respondida, contudo nem todas as perguntas podem ser feitas nem todas as perguntas podem ser feitas de modo significativo. Em resumo a de modo significativo. Em resumo a experiência é o tribunal de apelo que julga experiência é o tribunal de apelo que julga o significado. o significado.

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O sentido é determinado pelo modo como O sentido é determinado pelo modo como uma palavra é usada naquele contexto. uma palavra é usada naquele contexto. Por uma análise da linguagem, pode-se Por uma análise da linguagem, pode-se elucidar o significado da linguagem elucidar o significado da linguagem conforme a intenção de seus usuários. conforme a intenção de seus usuários.

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A elucidação portanto, é um elemento-A elucidação portanto, é um elemento-chave na busca da verdade, porque a chave na busca da verdade, porque a ambigüidade leva a confusão. Por outro ambigüidade leva a confusão. Por outro lado, as alegações quanto à verdade lado, as alegações quanto à verdade devem ser testadas ou confirmadas, pois devem ser testadas ou confirmadas, pois há muitas alegações conflitantes quanto à há muitas alegações conflitantes quanto à verdade.verdade.

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5. O método estruturalista5. O método estruturalista

O O estruturalismoestruturalismo pretende ser um método, pretende ser um método, ao mesmo tempo científico [no caso das ao mesmo tempo científico [no caso das ciências humanas] e filosófico [um modo ciências humanas] e filosófico [um modo de fazer filosofia] (Goldschmidt, Tempo de fazer filosofia] (Goldschmidt, Tempo histórico e tempo lógico na interpretação histórico e tempo lógico na interpretação dos textos filosóficos). dos textos filosóficos).

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O que é [O estruturalismo?] O que é [O estruturalismo?]

Nasceu na Genebra do lingüista Nasceu na Genebra do lingüista Ferdinand de Saussure, chegou a França Ferdinand de Saussure, chegou a França através do antropólogo Lévi-Strauss e através do antropólogo Lévi-Strauss e proliferou impregnando a crítica literária proliferou impregnando a crítica literária de Barthes, a psiquiatria de Lacan e o de Barthes, a psiquiatria de Lacan e o marxismo de Althusser. marxismo de Althusser.

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Saussure sustentou que a linguagem não Saussure sustentou que a linguagem não consiste numa acumulação de consiste numa acumulação de convenções independentes mas num convenções independentes mas num sistema de interligações no qual cada sistema de interligações no qual cada elemento é o que é em virtude do conjunto elemento é o que é em virtude do conjunto de relações que mantém com todos os de relações que mantém com todos os outros no sistema. outros no sistema.

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Nas mãos de Lévi-Strauss isto conduziu à Nas mãos de Lévi-Strauss isto conduziu à conclusão de que nada existe de realmente conclusão de que nada existe de realmente primitivo nas linguagens até então primitivo nas linguagens até então supostamente primitivas e nos povos supostamente primitivas e nos povos supostamente primitivos que as falam. Foucault supostamente primitivos que as falam. Foucault viu na mente humana o predomínio de viu na mente humana o predomínio de diferentes formas de representar o mundo em diferentes formas de representar o mundo em épocas sucessivas, cada uma das quais épocas sucessivas, cada uma das quais consistiria num estratagema nietzscheano consistiria num estratagema nietzscheano impessoal para dominar as restantes. impessoal para dominar as restantes.

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Defensores do estruturalismo em filosofia Defensores do estruturalismo em filosofia [Bréhier, E. [Bréhier, E. La Philosophie et son La Philosophie et son PassePasse,, Goldschmidt, Goldschmidt, Tempo histórico e Tempo histórico e Tempo lógico na interpretação dos Tempo lógico na interpretação dos sistemas filosóficossistemas filosóficos, Gueroult, , Gueroult, Filosofia Filosofia da história da filosofiada história da filosofia]. ].

Page 65: A questão do método na filosofia O objetivo da razão é compreender a realidade

o que é ser “estruturalista”?o que é ser “estruturalista”? ““É exigir que a história da filosofia seja relevante É exigir que a história da filosofia seja relevante

para a filosofia, é considerar o passado como para a filosofia, é considerar o passado como presente e manter o interesse pela verdade. é presente e manter o interesse pela verdade. é situar-se em um horizonte filosófico pós-situar-se em um horizonte filosófico pós-hegeliano e anticartesiano. Mas é também, ao hegeliano e anticartesiano. Mas é também, ao mesmo tempo, exigir que a história da filosofia mesmo tempo, exigir que a história da filosofia seja científica, é considerar o passado apenas seja científica, é considerar o passado apenas como passado e neutralizar o verdadeiro e o como passado e neutralizar o verdadeiro e o falso. É situar-se em um horizonte filosófico anti-falso. É situar-se em um horizonte filosófico anti-hegeliano e pró-cartesiano. Ser estruturalista é, hegeliano e pró-cartesiano. Ser estruturalista é, antes de tudo, conviver com essa situação antes de tudo, conviver com essa situação esquizofrênica” (MOURA, p. 32). esquizofrênica” (MOURA, p. 32).

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O que é uma estruturaO que é uma estrutura??

“’“’Sistema de relações, totalidade na qual Sistema de relações, totalidade na qual os elementos não podem ser analisados os elementos não podem ser analisados sem referência a essa totalidade’. Donde sem referência a essa totalidade’. Donde a referência da noção de estrutura à ideia a referência da noção de estrutura à ideia de um todo orgânico e sua oposição a de um todo orgânico e sua oposição a uma mera seqüência demonstrativa” uma mera seqüência demonstrativa” (MOURA, p. 38). (MOURA, p. 38).