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A reforma do ensino

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Page 1: A reforma do ensino

A REFORMA DO ENSINO

O momento presente vem demonstrando, pelos diferentes setores

da vida nacional, significativas manifestações em prol da educação.

Parece estar havendo a grande conscientização do peso da educação

na nova realidade que vem remodelando o mundo.

O aperfeiçoamento educacional e cultural nunca foi tão necessário.

Não basta a criança ser educada, ela tem que ser bem educada.

Estamos vivendo um processo de revolução tecnológica industrial, que

introduz mudanças rápidas e importantes nos métodos e na

organização da produção. Não é o suficiente ajustar-se às mudanças

do mercado de trabalho, é necessário acompanhar as variações

rápidas dessas mudanças, visto que, em cada setor, a tecnologia da

produção muda muito e rapidamente.

Por décadas, o País descuidou-se da educação de seu povo. Os

alertas de educadores, de intelectuais, passavam como desapercebidos

pelos governantes. Os ilustrados discursos políticos ficavam,

grandemente, no papel, não se transmutavam em ações efetivas. A

educação, relegada a um plano inferior, foi deteriorando-se, caindo na

grave e significativa defasagem dos dias atuais. A escola, que deveria

representar portas abertas à ascensão social, tornara-se obsoleta pelo

de-sajuste entre sua fraca atuação e a alta competitividade do mercado

de trabalho, que exige qualificação profissional.

A professora Luciana Velo, ganhadora do concurso “O professor

escreve sua história”, desabafou, dizendo: “O professor é discriminado

e tratado com descaso pelo governo e pela sociedade e não tem

chance de evoluir”. Isso em 1997! A concepção em nada mudou!

Até ontem, a repercussão e as conseqüências dessa defasagem ti-

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nham seu reflexo voltado, quase que exclusivamente, para o interior do

País. Hoje, com a globalização, com o País plugado ao mundo, lidando

com novos referenciais, o baixo nível de escolaridade de sua população

afeta a sua imagem externa e a sua credibilidade. Os centros

internacionais, com sua economia forte de mercado, regem, em

massificação, destinos dos demais países, sendo mais prejudicados os

que menos aparelhados estão.

Em tempos em que o conhecimento não tem fronteiras, não há

como conviver com padrões de escolaridade baixos; são incompatíveis

com essa realidade. No impacto da competitividade, o mercado já exige

fluência em dois ou mais idiomas, conhecimentos aprimorados de

informática e uma cultura geral ampla. O consultor francês Olivier

Bertrand reforça esta análise, dizendo: “A competitividade das nações

depende cada vez mais da qualidade de seus recursos humanos e não

da quantidade de seus recursos naturais”.

No Brasil, as deficiências do sistema educacional perpassam os três

níveis de ensino, atingindo o quarto grau, que é o da pós-graduação.

O modelo educacional do País é posto em cheque. O pensamento

pedagógico vai para uma escola identificada com as necessidades

presentes e futuras. Uma escola que promova o exercício simultâneo

entre a área do saber e a do fazer, através de treinamentos

operacionalizados pelos estágios. Uma escola que crie no jovem a

mentalidade tecnológica e científica para que ele possa responder aos

novos tipos de competitividade, adequando o ensino às exigências

sociais.

A escola, como um todo, tem que se mobilizar, criar projetos

renovados. Deve questionar-se: a que contexto e a que desafios

históricos estou me prestando? Que tipo de profissional estou formando

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e para qual sociedade? Sem mudança, teremos dificuldade para

competir no

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mercado globalizado do século XXI.

A estagnação, a domestificação da escola levam ao insucesso, ao

desemprego. O prof. Anísio Teixeira, em sua famosa palestra na

Associação Brasileira de Educação (1952), alertava: “O que importa na

cultura de um povo é o atrito, a oposição, pois esses são os elementos

que promovem o revigoramento e a vida de suas instituições e maneira

de ser”.

Para que a reforma do ensino venha acontecer, para se alcançar a

sonhada educação de qualidade, é essencial investir na qualificação

docente, assistir o professor nas mudanças que venham a

ocorrer.

A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), sancionada,

pelo presidente da República, em 20 de dezembro de 1996, diz que “a

União fiscalizará e avaliará o ensino em qualquer nível”. Com base na

lei, o Ministério da Educação (MEC), utilizando-se de duas

ferramentas básicas – a estatística e a avaliação – avaliou o ensino

fundamental e o ensino médio. Através do Sistema de Avaliação da

Educação Básica (Saeb) – que é uma avaliação processual, contínua

do sistema – revelou ao País uma escola decadente, uma safra

enfraquecida, com frutos doentes, reveladores da doença da árvore.

Era preciso adubar a terra, refortalecer o tronco, recuperando os frutos.

Deslocou-se, então, do aluno o foco do problema e passou-se a corrigir

as falhas do sistema.,

Já em 1997, iniciava-se a reforma do ensino e as mesmas

estratégias utilizadas para a visão inicial – estatística e avaliação –

demonstram, hoje, que a safra não robusteceu, que a árvore continua

doente, alguns poucos ramos enverdeceram, mas, no conjunto,

secaram ainda mais.

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Page 5: A reforma do ensino

O Ministério da Educação e Cultura (MEC), ao avaliar o ensino mé-

dio, deu início ao projeto do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem),

um exame nacional de final desse ensino, que tem o propósito de

verificar as habilidades e as competências do aluno adquiridas no final

desse grau e oferecer, também, um outro critério de seleção ao

ingresso do aluno à universidade. A nova lei abre possibilidades de

as instituições encontrarem seus próprios caminhos para o acesso ao

ensino superior.

Instituiu o Exame Nacional de Cursos (ENC), o provão, em que,

através do desempenho dos alunos, avalia a qualidade do ensino

superior, o 3.º grau. Esse exame serviria de base para a concessão do

recadastramento dos cursos superiores, a cada 5 anos.

O MEC formulou as “Diretrizes Curriculares Nacionais” (DCN), que

fixam o currículo mínimo obrigatório e a carga horária a ser seguida

para todas as escolas do território nacional. As diretrizes foram

apresentadas, ao Sistema de Ensino, pelo Conselho Nacional de

Educação.

Buscando ajustar-se ao quadro social que se descortina, o currículo

educacional brasileiro do ensino médio, com a nova lei, atrela, ao

sistema básico de educação geral, um sistema diversificado de

educação profissional. Passa a ser um currículo mais flexível, plural e

includente, que dá ao aluno a opção de se aprofundar na preparação

para o vestibular ou para o mercado de trabalho. A nova LDB separa o

ensino técnico do ensino médio, até então funcionando de modo

integrado. A Lei separa a parte acadêmica da parte profissional.

O MEC elaborou os “Parâmetros Curriculares Nacionais” (PCN), que

são uma valiosa ajuda ao professor, em sala de aula. São uma

referência nacional do que é uma boa escola, no dizer do então ministro

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Page 6: A reforma do ensino

Paulo Renato Souza. Os “Parâmetros Curriculares Nacionais” abordam

currículos com conteúdos e métodos de ensino renovados que

priorizam o raciocínio, que levam o aluno a “aprender a aprender”, onde

informação e formação caminham em movimento circular. Abordam,

entre outros, temas transversais, pluralidade cultural, mito da

democracia racial.

Diferentemente das “Diretrizes Curriculares Nacionais”, os

“Parâmetros Curriculares Nacionais” não têm caráter obrigatório;

deixam, numa postura descentralizadora, espaço às realidades

específicas dos estados, municípios e escolas.

No decorrer deste trabalho, daremos maiores detalhes às principais

iniciativas tomadas pelo MEC na implantação da nova Lei de Diretrizes

e Bases da Educação (LDB).

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Page 7: A reforma do ensino

Paulo Renato Souza. Os “Parâmetros Curriculares Nacionais” abordam

currículos com conteúdos e métodos de ensino renovados que

priorizam o raciocínio, que levam o aluno a “aprender a aprender”, onde

informação e formação caminham em movimento circular. Abordam,

entre outros, temas transversais, pluralidade cultural, mito da

democracia racial.

Diferentemente das “Diretrizes Curriculares Nacionais”, os

“Parâmetros Curriculares Nacionais” não têm caráter obrigatório;

deixam, numa postura descentralizadora, espaço às realidades

específicas dos estados, municípios e escolas.

No decorrer deste trabalho, daremos maiores detalhes às principais

iniciativas tomadas pelo MEC na implantação da nova Lei de Diretrizes

e Bases da Educação (LDB).

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