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A Regionalização como Imperativo de Coesão Territorial Portugal é um Estado-Nação alicerçado em mais de 800 anos de história como país com povo, território e poder politico organizado. As fronteiras do nosso território mantêm-se estáveis e são das mais antigas da Europa. Constituído por realidades geográficas distintas do Minho ao Algarve é um país com causas comuns e sociologicamente coeso. Somos um só povo, com uma só língua e uma só cultura. Tradicionalmente Portugal é um país centralista que encontra raízes desse centralismo no período pós reconquista e de fundação da nacionalidade. Com efeito, nunca chegou a haver em Portugal um regime feudal muito vincado e o monarca não teve grandes concorrentes em poder e prestigio. A coroa rapidamente eliminou a concorrência territorial das ordens religiosas e implementou um sistema tendencialmente absolutista e centralista. Por outro lado, também a expansão ultramarina contribuiu para este centralismo. Os preparativos, a burocracia de apoio, as partidas e as chegadas centraram-se em Lisboa. Todo o poder administrativo foi sendo desenvolvido desde a expansão até ao Estado Novo na “capital do império”.

A regionalização como imperativo de coesão territorial

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A Regionalização como Imperativo de Coesão Territorial

Portugal é um Estado-Nação alicerçado em mais de 800 anos de história como país com povo, território e poder politico organizado. As fronteiras do nosso território mantêm-se estáveis e são das mais antigas da Europa. Constituído por realidades geográficas distintas do Minho ao Algarve é um país com causas comuns e sociologicamente coeso. Somos um só povo, com uma só língua e uma só cultura.

Tradicionalmente Portugal é um país centralista que encontra raízes desse centralismo no período pós reconquista e de fundação da nacionalidade. Com efeito, nunca chegou a haver em Portugal um regime feudal muito vincado e o monarca não teve grandes concorrentes em poder e prestigio. A coroa rapidamente eliminou a concorrência territorial das ordens religiosas e implementou um sistema tendencialmente absolutista e centralista. Por outro lado, também a expansão ultramarina contribuiu para este centralismo. Os preparativos, a burocracia de apoio, as partidas e as chegadas centraram-se em Lisboa. Todo o poder administrativo foi sendo desenvolvido desde a expansão até ao Estado Novo na “capital do império”.

Este modelo de organização territorial ditou ao longo dos séculos o desenvolvimento de assimetrias entre o Norte e o Sul e sobretudo entre o interior e o litoral. O estado democrático saído da revolução do 25 de Abril de 1974 não foi capaz, até hoje, de resolver este problema, bem pelo contrário, a tendência centralista acentuou-se e o recente conceito de spill-over criou e está a criar um país desequilibrado. No sentido de contrariar esta tendencia, tem sido defendido por uma significativa, embora oscilante, parte da classe politica a implementação das constitucionalmente previstas REGIÕES ADMINISTRATIVAS.

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Alguns afirmam que em Portugal não existem regiões claramente diferenciadas e com identidade própria que justifiquem a regionalização mas por esta ordem de ideias também não se justificariam os municípios nem as freguesias.

Também há quem acene com os perigos da democracia direta mas com a regionalização as populações não passarão a ter poder de decisão direto mas os centros de decisão aproximar-se-ão do território regional e por conseguinte das pessoas. À entidade, região administrativa, caberiam funções que ultrapassam o domínio e a escala municipal e que por conseguinte não poderiam ser alvo de delegação de competências municipais. Também é errado pensar-se que a regionalização acabará com as assimetrias entre umas regiões e outras pelo simples facto que estas não dependem única e exclusivamente de questões de ordenamento do território. Mas dentro de cada uma das regiões estas assimetrias podem ser atenuadas com uma política regional integrada. O aumento da despesa e da carga fiscal são desmistificados com a ausência de capacidade fiscal das regiões por um lado, e com a integração na região administrativa de inúmeros órgãos desconcentrados que atualmente existem e que são meras dependências administrativas do poder central e ainda pelos limites ao endividamento que estão consagrados na Lei. Também a unidade e coesão nacional não ficarão em perigo porque a regionalização não pode servir de mote a aspirações independentistas que não estão enraizadas na população portuguesa. Nem nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores estes receios fazem sentido.

Para alguns académicos, as regiões são anteriores ao próprio Estado-Nação e a coesão e integração europeias são perfeitamente compatíveis e mesmo desejáveis com o aprofundamento da autonomia local e das regiões. Aliás a regionalização no contexto europeu é precisamente um processo de baixo para cima da construção europeia e pode assumir o papel de “cimento” dessa mesma construção. Conceitos como o federalismo, o “amor da complexidade” ou ainda a “geometria variável” são dimensões de uma mesma realidade multicultural, diversa, plural e a garantia de vida e de continuação do projeto europeu. Quando o centralismo for exacerbado a fragmentação será a consequência.

Por toda a Europa existem regiões administrativas, ou instituições regionais equiparadas, em países de dimensão e população semelhantes e até inferiores às de Portugal.

Como país, temos o enorme privilégio de uma considerável estabilidade e da ausência de conflitos civis fruto duma forte identidade como povo, como partes integrantes de um projeto político comum, nacional. Estes são argumentos favoráveis à REGIONALIZAÇÂO porquanto evidenciam não haver perigo de

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fragmentação, de independentismos nem perda de sentido patriótico. A instituição das regiões administrativas não sendo um perigo para a identidade nacional nem comportando o risco de aumento desmesurado de despesa e de cargos políticos como atrás ficou demonstrado parece-me ser o caminho a seguir no sentido da reforma administrativa necessária. Quer a instituição das Áreas Metropolitanas, quer as Comunidades Intermunicipais quer agora a proposta de reforma administrativa aprovada através da Lei nº 22/2012 não passam de aproximações e de pequenas operações de “cosmética” na reforma da organização administrativa portuguesa. Qualquer tentativa ou projeto neste sentido que não inclua a regionalização é uma mera manta de retalhos e não pode almejar ser uma verdadeira reforma administrativa.

As vantagens da regionalização:

1. Aumenta a participação política das populações; reforça a democracia2. Aumenta a eficiência das decisões públicas3. Permite tirar maior proveito das ajudas e incentivos da UE destinados às regiões4. Reduz a burocracia do aparelho central, permitindo que este esteja mais liberto

para as políticas nacionais5. Permite maior controlo das populações sobre a actividade política6. Como nível intermédio de decisão cria mecanismos de diálogo e concertação

entre municípios7. Processo inevitável como consequência e fator de desenvolvimento8. Fomenta o desenvolvimento: favorece planos de ordenamento e

desenvolvimento regionais

É por isso Camaradas que me congratulo, porque a MOÇÂO “POR UM PS DE VITORIAS”, assumiu com clareza a questão da regionalização. Mas o JLC e a equipa que construiu a MOÇÂO não tiraram a regionalização da cartola, não. Incluíram-na e trouxeram-na para a agenda politica distrital porque os militantes assim o quiseram expressamente. Os militantes do PS quiseram que o seu líder distrital não deixasse cair esta bandeira, os militantes do PS quiseram e querem que seja o Partido Socialista a dar voz a este projeto. Ao líder cabe interpretar a vontade dos militantes, ao líder cabe protagonizar os combates por estas vontades, ao líder cabe dar voz aos que a não têm.

Votar na Moção POR UM PS DE VITÓRIAS é dar força à regionalização.

Viva a Regionalização

Viva o Partido Socialista

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Viva o Porto